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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA CENTRO MULTIDISCIPLINAR CAMPUS DE BARRA AMANDA TRINDADE MOURA DANILO COIMBRA DE OLIVEIRA ISABELA PEREIRA DE OLIVEIRA SOUZA MARCOS HENRIQUE SANTOS DA SILVA RANAIJ TEIXEIRA OLIVEIRA GÊNERO MYCOPLASMA BARRA 2021 AMANDA TRINDADE MOURA DANILO COIMBRA DE OLIVEIRA ISABELA PEREIRA DE OLIVEIRA SOUZA MARCOS HENRIQUE SANTOS DA SILVA RANAIJ TEIXEIRA OLIVEIRA GÊNERO MYCOPLASMA BARRA 2021 Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação do componente curricular Microbiologia Veterinária - BAR 1011, da Universidade Federal do Oeste da Bahia, Semestre Letivo Especial III, 2021. Docente: Prof. Dra. Layze Cilmara Alves da Silva Vieira. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................3 2. CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA .......................................................................... 4 3. CARACTERÍSTICAS GERAIS .............................................................................4 4. CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO ......................................................... 5 5. ECOLOGIA............................................................................................................6 5.1 Reservatório...................................................................................................... 6 5.2 Transmissão e epidemiologia............................................................................ 7 6. MICOPLASMAS HEMOTRÓFICOS .....................................................................8 7. PATOGÊNESE .....................................................................................................9 7.1 Fatores de virulência......................................................................................... 9 7.2 Resistência ..................................................................................................... 10 7.3 Patogenia ....................................................................................................... 10 8. INFECÇÕES CLÍNICAS.................................................................................... 12 8.1 Padrões de doença ........................................................................................ 13 9. MICOPLASMOSES ........................................................................................... 13 10. AVES ................................................................................................................. 15 11. BOVINOS ............................................................................................................17 11.1 Pleuropneumonia contagiosa bovina ........................................................... 17 11.2 Infecções por Mycoplasma Bovis ................................................................. 19 12. CÃES.................................................................................................................. 20 12.1 Micoplasmose canina .................................................................................. 20 13. CAPRINOS ........................................................................................................ 21 13.1 Pleuropneumonia contagiosa caprina .......................................................... 21 14. EQUINOS ........................................................................................................... 22 15. FELINOS............................................................................................................ 23 16. OVINOS ............................................................................................................. 23 16.1 Agalactia contagiosa de ovinos e caprinos................................................... 23 17. SUÍNOS.............................................................................................................. 24 17.1 Pneumonia enzoótica de suínos ................................................................. 24 17.2 Outras doenças causadas por micoplasmas em suínos .............................. 24 18. HUMANOS ......................................................................................................... 25 19. DIAGNÓSTICO................................................................................................... 26 20. TRATAMENTO................................................................................................... 29 21. CONTROLE E PROFILAXIA ............................................................................. 30 22. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 32 3 1. INTRODUÇÃO Micoplasmas é o nome dado às bactérias do gênero Mycoplasma, com tamanho menor (cerca de 0,3 mm) do outras bactérias. Segundo Razin (2006) as bactérias do gênero Mycoplasma estão entre os mais simples e menores organismos com capacidade de autorreplicação. Pertencem à classe Mollicutes (do Latim: mollis, mole; cutis, pele), onde a ausência de parede celular e o tamanho pequeno são características que os diferenciam fenotipicamente dos demais procariotos, bem como podem ser patogênicos ou compor a microbiota natural do hospedeiro. Os micoplasmas estão disseminados pela natureza como parasitos de mamíferos, aves, répteis, seres humanos, peixes, artrópodes e plantas (PITCHER & NICHOLAS, 2005). Geralmente, são parasitas extracelulares que aderem à superfície de células e tecidos do hospedeiro, embora algumas espécies ocupem o interior das células (LO et al., 1993). Possivelmente, a economia de informação genética foi a responsável pela perda de vias enzimáticas nos micoplasmas características da maior parte das bactérias, evitando a presença de múltiplas atividades metabólicas (RAZIN & HAYFLIK, 2010). Em consequência, esses patógenos possuem complexas necessidades nutricionais, como a subordinação a fontes externas biossintéticas, englobando aminoácidos, nucleotídeos, ácidos graxos e esteróis (BASEMAN & TULLY, 1997). Desse modo, é essencial um contato íntimo entre as bactérias e as células do hospedeiro in vivo para que a mesma seja capaz de suprir as suas necessidades nutricionais vitais (CLARK, 2005). O primeiro isolamento deste ocorreu em 1898, na França, onde Edward Nocard e Emile Roux identificaram a primeira espécie a partir de bovinos acometidos por pleuropneumonia contagiosa bovina - PPCB (NOCARD; ROUX, 1898). A partir disso, os microrganismos com características semelhantes, foram denominados de Pleuro Pneumoniae-Like Organisms - PPLO (DAVIS et al., 1973). De acoro com Rosenbuch (1994), a palavra micoplasma é originária do grego: mykes, que significa fungos, e plasma, que se refere à forma das células. Pertencem à divisão Tenericutes, à classe Mollicutes, ordem Mycoplasmatales, e se divergem das outras bactérias por não possuírem parede celular, contendo o citoplasma envolvido por uma membrana trilaminar. 4 Nesse sentido, as micoplasmoses são enfermidades infecciosas causadas pelos micoplasmas acometendo humanos e diversas espécies de animais domésticos e de laboratório (COTTEW, 1979), sendo considerada uma doença de distribuição cosmopolita. 2. CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA - Reino: Monera; - Divisão: Firmicutes; - Classe: Mollicutes; - Ordem: Mycoplasmataceae; - Gênero: Mycoplasma; - Espécies: M. genitalium, M. hominis, M. pneumoniae, etc. 3. CARACTERÍSTICAS GERAIS Os mycoplasmas apresentam como características serem as menores células procariotas com a capacidade de se auto replicarem, essas bactérias apresentam pleomorfismo, a capacidade de variar sua forma de acordo com o período do ciclo de vida, reprodutivo ou das condições ambientais, apresentamformato variando de esféricos com 0,3 a 0,9 μm de diâmetro, a filamentosos com até 1 μm de comprimento. Não apresentam parede celular rígida, entretanto, apresentam triplas camadas de membrana externa e flexível, composta de proteínas, glicoproteínas, lipoproteínas, fosfolipídios e esteróis. Por causa de seu tamanho e formato, esses microrganismos são capazes de passar por filtros de membrana de 0,22 µm e 0,45 µm, comumente utilizados para filtrar meio líquido estéril. (RAZIN; YOGEN; NAOT, 1998). Os micoplasmas apresentam um genoma relativamente pequeno com aproximadamente 800 genes. Tem sua composição pobre em guanina e citosina, o 5 seu conteúdo guanina com citosina em mol% de DNA pode variar de 24 a 40%. Essas bactérias se coram fracamente pelo corante de Gram, pois não apresentam parede celular, os corantes mais indicados são giemsa, castañeda, dienes, cresil violeta, orceína e laranja acridina. Os micoplasmas anaeróbios não patogênicos podem ser encontrados no rúmen de ruminantes, tais como bovinos e ovinos. Segundo Razin (1978), essas bactérias se reproduzem através de divisão binária, entretanto não apresentam sincronia entre a replicação do genoma e divisão do citoplasma, ocasionando em uma replicação do DNA mais rápida do que a divisão citoplasmática, o que resulta na formação de filamentos multinucleados. Necessitam de meios enriquecidos para crescimento, formando microcolônias características, de forma arredondada convexa quando iluminadas obliquamente, e micro colônias com aparência de “ovo frito” sob luz transmitida. A maioria dos micoplasmas é anaeróbia facultativa, sendo que alguns crescem otimamente em uma atmosfera de 5 a 10% de CO2. 4. CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO Cada gênero e espécie de bactéria possuem singularidades quanto aos requisitos em relação aos meios de cultivo, morfologia, características bioquímicas, período de incubação, coloração e temperatura que favorece o seu crescimento, esses fatores são observados para se alcançar êxito no seu isolamento e identificação, principalmente quando se trata de material suspeito causador de alguma enfermidade. Os micoplasmas são uma cultura bacteriológica de multiplicação lenta, sendo assim carecem de um período de incubação de três a dez dias (ou mais), até que surjam as colônias no ágar. São anaeróbios facultativos, e as condições ótimas para seu isolamento primário são em atmosfera com alto teor de CO2, temperatura de 36- 37º C e ph de 6 a 6,5 dependendo do ambiente hospedeiro no qual se encontram (CARDOSO et al., 2000). Essas bactérias são carentes de vias de biossíntese, sendo incapazes de sintetizar aminoácidos e ácidos graxos. Portanto, precisam de esteróides exógenos que são adquiridos por meio do soro. Os meios para multiplicação de micoplasmas trivialmente são altamente complexos e enriquecidos. Em razão da alta demanda por 6 nutrientes, este gênero tem especificidades, com a necessidade de introdução de proteína animal, uma fonte de DNA e esterol no meio de cultura como suplemento. Os meios de ágar e caldos disponíveis são suplementados com soro equino e extrato de levedura para de suprir aminoácidos e vitaminas requeridos. Ademais, possuem antibióticos como penicilina e antifúngicos para inibir o crescimento de fungos e bactérias gram-positivas (GERLACH et al., 1994). A maioria dos meios se baseia na infusão de coração, peptona, extrato de levedura e soro, juntamente com outros suplementos, porém segundo Walker (2003) devido à ausência de parede celular, os micoplasmas não se coram bem pelo método de Gram, portanto, para uma identificação efetiva se utiliza as colorações de Giemsa, Castaneda, Dienes e novo azul de metileno. A coloração de Dienes facilita o reconhecimento de microcolônias ao tingir de azul-escuro a zona central e de azul- claro a zona periférica. As colônias de micoplasmas são tipicamente pequenas variam de 0,01 a 1 mm de diâmetro, algumas espécies produzem colônias de até 1,5 mm de diâmetro, exibem morfologia com aparência de um “ovo frito”, o que consiste em uma zona granular e opaca centralmente e outra periférica, que é translúcida e plana, o que depende das condições de crescimento. Esse aspecto arredondado ocorre devido à porção central da colônia incrustada no ágar, com uma zona periférica de crescimento na superfície. 5. ECOLOGIA 5.1 Reservatório Os micoplasmas são hospedeiro-específicos e só podem viver por períodos breves no ambiente, são considerados os menores seres vivos de vida livre, grande parte da sua multiplicação ocorre em meios de culturas sem células. São microrganismos revestidos através de uma membrana simples e o citoplasma tem sua composição por grânulos que podem ser visualizados organelas e vacúolos. O microrganismo pode ser visto com microscopia eletrônica e se nota parcialmente inserido na superfície eritrocitária, aderindo-se a membrana da hemácia em pontos intermitentes de contato (HARVEY, 2006; TASKER, 2006b). 7 Encontrados em zonas como superfícies mucosas da conjuntiva, orofaringe, cavidade nasal e tratos genital e intestinal dos animais e humanos. Determinadas espécies particulares exibem tropismo por sítios anatômicos particulares. A grande maioria dos micoplasmas é parasita de mamíferos, répteis, artrópodes, aves, plantas e peixes, dos quais muitos são patogênicos. Faz-se existente devida especificidade do que se refere ao hospedeiro e ao local de inficionação, embora ocorram algumas coisas ressalvas. (Nicholas te al.1998;Razin,1992). Os micoplasmas são denominados como contaminadores usuais e culturas de células. Embora alguns micoplasmas, como M. gallisepticum, tenham facilidade de infectar diversas espécies de hospedeiros, em sua maioria é espécie-específica, sendo assim, se tem infecção restrita a uma espécie de hospedeiro. 5.2 Transmissão e epidemiologia A transmissão acontece dominantemente através da propagação do microrganismo entre os animais, ocorre por contato direto, sendo causado por aerossóis de secreção respiratória ou por transmissão venérea. O meio frequente de disseminação da infecção seria ao incluir um animal infectado junto a uma população não infectada. Em condições padrão para os microrganismos a disseminação distante do micoplasma é possível, como é o caso da mastite em vacas e cabras, o leite contaminado consegue ser fonte da infecção para bezerros e cabritos. O contato entre animais, por meio das vias respiratórias, canal dos tetos, trato genital, feito até por inseminação artificial com sêmen contaminado, se tornam vias de transmissão (PFUTZNER, 1990). Segundo pesquisas há afirmação que estas enfermidades em cativeiro têm mostrado a presença de animais portadores (PACHECO; BIER, 1931). Infecções inaparentes geradas pelas bactérias dificultam o controle das enfermidades principalmente devido à disseminação e permanência dessa bactéria em cativeiros. 8 6. MICOPLASMAS HEMOTRÓFICOS Segundo Messick (2004), os micoplasmas hemotróficos são bactérias que se relacionam a hemácias de diversas espécies de mamíferos. Estes microrganismos são capazes de causar anemia hemolítica, inapetência, desidratação, perda de peso, letargia e inclusive a morte de alguns animais, de qualquer idade, mas regularmente acomete os mais estressados ou com imunossupressão (WILLI et al., 2007). Permanecem ocultos por grandes ciclos, mesmo depois do uso de antimicrobianos. São bactérias improdutivas, minúsculas, desprovidas de parede celular e cercadas exclusivamente por membrana plasmática. Medem cerca de 0,3 a 0,8 µm de diâmetro e seu genoma é um dos menores, são também designadas como hemoplasmas. Diversas espécies de hemoplasmas usam a designação provisória Candidatus (NEIMARK et al., 2002b). No que se diz a sua cadeia de transmissão, ainda não está definida. Algumas pesquisas indicam que a transmissãopossa acontecer através de vetores hematófagos (WILLI et al., 2007), como piolhos (Polyp/ax spinulosa), pulgas (Ctenocephalides felis e Xenosylla cheopis) e também carrapatos (ixodes ricinus, lxodes ovatus e Rhipicephalus sp.). Algumas espécies de mosquitos também podem encontrar-se envolvidas na propagação, como o Aedes aegypti. Algumas circunstâncias demonstram que a hipótese de transmissão via artrópodes, como a maior preponderância de infecções por hemoplasmas são em espaços onde a assolação por artrópodes é maior, ou onde as temperaturas médias anuais são mais elevadas (WILLI et al., 2007). Outros meios de transmissão são a transmissão direta, através do contato entre os animais, parental e oral através do sangue infectado. Também há informações que mostram casos de contágio por transfusão sanguínea e transmissão vertical durante a gestação, parto ou por amamentação (WILLI et al., 2007). No Brasil, um pequeno número de espécies de hemoplasmas foram descobertas em animais domésticos e de produção. Certos relatos também indicam uma grande chance de hemoplasmose ser uma infecção zoonótica, podendo também ser assintomática ou provocar febres fortes e anemia nos humanos. A 9 hemoplasmose é mais comum nos animais domésticos, como os gatos. (HU et al., 2009; TASKER et al., 2010). 7. PATOGÊNESE 7.1 Fatores de virulência A virulência dos microrganismos do gênero Mycoplasma está relacionada a muitos fatores, incluindo interações com o sistema linforreticular, alterações na reação imune celular e humoral, bem como produção de substâncias citotóxicas como amônia e peroxidase. A adesão às células do hospedeiro, com preferência pelas células mesenquimatosas que revestem as cavidades serosas, articulações e membranas dos sistemas respiratório, digestivo e urogenital é considerada o principal mecanismo de virulência dos micoplasmas (ROSENGARTEN et al., 2000) e condição essencial para o estabelecimento da infecção, evitando que sejam expulsos através do fluxo urinário e de secreções mucosas. Exibem morfologia filamentosa ou em forma de clava, que é composta de adesinas e por proteínas acessórias, que colaboram para a sua mobilização e aumento. Durante o desenvolvimento, a ausência de parede celular propicia a fusão da membrana do patógeno com a do hospedeiro, o que proporciona o aumento na concentração de produtos tóxicos excretados pelo parasita, tais como peróxido de hidrogênio (H2O2), radicais superóxidos (O2-) e amônia que danificam os tecidos do hospedeiro e induzem à inibição irreversível da catalase endógena. Este metabolismo induz gradativos danos oxidativos aos componentes vitais da célula hospedeira. Assim como, foi identificada a tiol peroxidase, que protege o microrganismo contra os peróxidos produzidos por si mesmo e pelo hospedeiro, e duas nucleases secretadas. Outro mecanismo de patogenicidade de micoplasmas é o alto grau de especificidade e quando presentes na tuba uterina induzem a diminuição ou o cessamento da atividade ciliar, intervindo na concepção e no desenvolvimento do embrião. Ademais, influem a produção de citocinas e quimiocinas, que durante a infecção promovem a hematopoiese, possibilitando o aumento do número de células que implicam nos mecanismos de defesa. 10 De acordo com Baseman (1995), embora os micoplasmas sejam parasitas de superfícies extracelulares, algumas espécies podem ocupar espaços intracelulares. Apesar destes microrganismos não possuírem parede, possuem um grande número de lipoproteínas, denominadas proteínas de membrana, associadas a lipídios, chamadas LAMPs. A variação de antígenos de superfície é um meio de virulência importante para organismos que possuem membrana celular exposta ao hospedeiro, sendo assim desenvolveram mecanismos para rápida adaptação, como a alteração de lipoproteínas na superfície, o mimetismo molecular, a capacidade de formação de biofilmes e a supressão de linfócitos. Embora não possuam lipopolissacarideos (LPS), são capazes de produzir polissacarídeos extracelulares que estão relacionados com a patogenicidade. Ademais, produzem a toxina CARDS que causa vacuolização e morte celular em células de mamíferos e a produção de sulfeto de hidrogênio responsável por causar hemólise. A sialidase é outro componente que causa degradação da matriz extracelular e apoptose dos fibroblastos pulmonares (PILO et al., 2007). 7.2 Resistência As bactérias dos gêneros Mycoplasma não apresentam parede celular, o que as torna resistentes às penicilinas, cefalosporinas, vancomicina e outros antibióticos que interferem na síntese da parede celular. Os micoplasmas são suscetíveis às condições adversas do meio, a sua lise ocorre por choque osmótico, contato com detergentes, álcool e anticorpos específicos ligados ao complemento, São elas também sensíveis às variações bruscas de pH e temperatura. Sendo anaeróbios facultativos, são os menores e mais simples procariontes que conseguem ter vida livre na natureza (BEY, 2006). 7.3 Patogenia A etapa inicial no estabelecimento da infecção refere-se à fixação da bactéria às células do hospedeiro em potencial, é proporcionada pela camada aniônica existente na superfície, que se encontra presente na maioria dos micoplasmas. Os receptores de fixação do hospedeiro são proteínas de superfície, especialmente 11 glicoconjugados, que iram possibilitar a colonização de superfícies mucosas. Algumas espécies patogênicas possuem estruturas compostas de uma única proteína de adesão que promove ligação a células de mamíferos (Krause e Stevens, 1995). Algumas espécies, como M. gallisepticum, esse ato de fixar é interposta por uma estrutura apical especializada, apresentando uma bolha polar que também contribui na fixação da bactéria à superfície da célula hospedeira. Os micoplasmas também podem aderir a neutrófilos e a macrófagos, ou também podem prejudicar a função fagocitaria, protegendo-as do sistema imune e facilitando sua disseminação no hospedeiro. Determinados micoplasmas que acarretam pneumonia são capazes de apresentar essa característica, o que compromete e evita a efetividade da barreira mucociliar do hospedeiro, auxiliando na colonização das bactérias. A resposta imunológica do hospedeiro pode ser crítica na patogênese das doenças causadas por micoplasma. Determinados micoplasmas patogênicos, incluindo aqueles que ocasionam doenças pulmonares, são mitogênicos, podendo induzir mitose em linfócitos ao ligar-se a glicoproteínas da membrana destas células, para linfócitos T e B (Muhlradt e Schade, 1991). Ao serem ativados macrófagos e monócitos levam à liberação de citocinas, que se destaca como fator de necrose tumoral e de interleucinas, resultando no início da inflamação. A estimulação prolongada do receptor pelo ligante induzindo a endocitose dos receptores pela célula e o seu sequestro em vesículas endocíticas do sistema imune inato, como inibição da atividade fagocítica dos macrófagos, foi associada à ocorrência de algumas infecções causadas por Mycoplasma. Entretanto, a abundância de lipoproteínas na membrana da bactéria ativa o sistema imune inato por meio dos receptores Toll-like 2 e 6, o que estimula uma resposta e ocasiona a inflamação mediada por citocinas e diversos fatores. Os micoplasmas responsáveis pela pneumonia, que aderem ao epitélio respiratório ciliado, podem induzir ciliostase, detrimento dos cílios e alterações citopáticas. Além disso, inflamações também podem ser induzidas na glândula mamária bovina por uma toxina do M. bovis associada à membrana (Geary et al., 1981). A semelhança antigênica aos tecidos do hospedeiro permite aos micoplasmas a proliferação persistente da infecção, pois a semelhança evita o reconhecimento pelo sistema imunológico do hospedeiro. Entretanto, os micoplasmas ativam a via clássica da cascata do sistema, colaborando na resposta inflamatória.A resposta 12 inflamatória resulta em danos às células hospedeiras, sendo assim, beneficiando os micoplasmas em decorrência da liberação de nutrientes das células hospedeiras, necessários para a multiplicação desses microrganismos parasitas, ao mesmo tempo em que assegura que a resposta imune não os destrua efetivamente. Podendo ainda ocasionar ou desenvolver uma doença autoimune, quando uma resposta imunológica aos antígenos micoplasmais desenvolve-se e reage cruzadamente com antígenos das células do hospedeiro (QUINN et al, 2005). As lesões acometidas ao tecido hospedeiro podem ser ocasionadas por mecanismos como os radicais peróxidos de hidrogênio e superóxido, resultam em lesão local da célula hospedeira, a persistência do antígeno em locais selecionados, como nas articulações, ocasiona dano adicional como resultado de uma resposta inflamatória mediada por um complexo imune. Ao serem produzidas interleucinas e fatores de necrose tumoral por macrófagos ativados, acaba por ocasionar ativação de linfócitos T citotóxicos, o que resulta em um efeito semelhante ao das endotoxinas, no hospedeiro. Em casos de septicêmicas agudas da doença podem ocasionar coagulopatia e trombose vascular disseminada, semelhante à septicemia ocasionada por bactérias gram-negativas e, apenas em parte, por ser mediada por citocinas. O sistema imune celular e o sistema imune humoral podem respondem à infecção por bactérias desse gênero, é possível observar que ambos influenciam no controle da quantidade de micoplasmas presentes no hospedeiro. Entretanto, as micoplasmas são capazes de desorganizar esses mecanismos de resposta do hospedeiro. 8. INFECÇÕES CLÍNICAS Os micoplasmas constantemente estão incluídos em processos de enfermidades que afetam superfícies mucosas. Aspectos como velhice, estresse e infecções acidentais podem propiciar a invasão tecidual. Inclusive, os micoplasmas podem acentuar as doenças iniciadas por outros patógenos, em especial no trato respiratório. As infecções por micoplasma ocasionam doenças respiratórias de grande importância econômica em animais de criação, principalmente em ruminantes, suínos e aves domésticas. 13 8.1 Padrões de doença As infecções podem se manifestar de vários modos, como septicemia, infecção dispersa em múltiplos locais ou localizada. As lesões provocadas pelas infecções por Mycoplasma variam de agudas a crônicas, o que depende do patógeno envolvido e do local acometido. Nas infecções agudas, acontece resposta inflamatória com infiltração de neutrófilos, macrófagos e linfócitos, e acúmulo de fibrina. Constantemente, vê-se infiltração de linfócitos e plasmócitos nas infecções, ao redor de vasos, nas vias respiratórias e na submucosa. Nas infecções do trato respiratório são comuns manguitos linfoplasmocítico peribrônquico, peribronquiolar e perivascular. Bem como, hiperplasia linfóide peribronquiolar e perivascular que ocorre devido a efeitos mitogênicos inespecíficos, bem como à resposta imune. As infecções que ocorrem de forma localizada ocasiona destruição tecidual, e em bezerros ocorre a formação de abscesso em regiões submetidas à pressão, caracterizado por necrose de coagulação com fibrosamento periférico. Infecções generalizadas acarretam a formação de exsudato fibrinopurulento nas superfícies serosas e nas membranas sinoviais, bem como fibrosamento da glândula infectada. Na fase aguda da infecção articular, a articulação aumenta devido a um fluido contendo fibrina. À medida que a infecção avança para a crônica, ocorre hipertrofia de vilosidades da sinóvia e se insere a artrite erosiva proliferativa. 9. MICOPLASMOSES A doença micoplasmose é causada por bactérias que se tem forma de cocos, anel ou haste, apresentando-se unidas ou isoladas na superfície dos eritrócitos, tipicamente na periferia. As micoplasmoses são enfermidades infecciosas geradas por microrganismos da Classe Mollicutes, sendo o gênero Mycoplasma um dos mais importantes por acometerem o homem e diversas espécies de animais domésticos e de laboratório (COTTEW, 1979; SUBCOMMITTEE ON TAXONOMY OF MOLLICUTES, 1979). Nos animais a micoplasmose foi considerada, por vários pesquisadores, como uma doença de distribuição cosmopolita (PENHA& D'APICE, 1942; COTTEW, 1979; NASCIMENTO et al., 1986; GOMES et al., 1994). 14 Nos animais de produção as infecções por micoplasmas são de grande importância, e impactam muito na produtividade pecuária. Estes microrganismos estão associados a muitas doenças, cujos sinais clínicos muita das vezes serão na forma aguda, porém, normalmente são de caráter crônico. Os micoplasmas são potenciais causadores de patologias no sistema respiratório, urogenital, glândula mamária, articulações, sistema nervoso e conjuntivo ocular (BUZINHANI et al., 2007). No momento em que um animal portador da micoplasmose e clinicamente inaperente é introduzido no rebanho, a doença se estabelece em um diversa variedade de animais e espécies e se torna difícil ser erradicada. Animais que são infectados por alguns meses ou anos se comportam como reservatórios. O contato com secreções respiratórias, vias genitais ou inseminação com sêmen contaminado se torna a forma principal para a disseminação do agente (NICHOLAS & AYLING, 2003). Há algumas considerações importantes sobre a presença de micoplasmas em embriões produzidos in vitro, representando até 100% de ocorrência destes aderidos à zona pelúcida. Sendo assim considera-se que o agente tem sido transmitido em alto grau através de métodos de transferência de embriões, por conta disso o preceito de reprodução está sendo mais aplicado e frequente. (THIBIER, 2001; NASCIMENTO et al., 2005) As micoplasmoses são compostas por um complexo de enfermidades com sintomatologia polimorfa, nos países em desenvolvimento são poucos estudadas. (Olander et al., 1989), a qual se manifesta nos caprinos e ovinos comumente, como pleuropneumonia (Mycoplasma mycoides), poliartrite e mastite (M. agalactiae). Por conta das micoplasmoses há muitas perdas econômicas relevantes e que ocorrem por queda da produção láctea, falta de apetite, desenvolvimento corporal reduzido e consequentemente condenação de carcaças e dos custos com medicamentos e mão de obra. Decorrente do contato entre animais portadores ocorre através de secreções naturais como o leite e o colostro, assim como, contágio através das vias aéreas e reprodutivas que geram lesões articulares, mamárias, oculares, além de pleuropneumonias e problemas reprodutivos. Há diversos fatores que dificultam o diagnóstico das micoplasmoses, a condição de isolamento, identificação do agente, indisponibilidade de antissoro e antígeno nacional para a realização de testes sorológicos e obtenção de dados 15 epidemiológicos existentes que possam distingui-la de outras enfermidades similares, além da multiplicidade dos micoplasmas. Os testes utilizados que se destacam são: fixação de complemento, imunofluorescência direta, hemaglutinação passiva, aglutinação e o ELISA, que vêm demonstrando alta sensibilidade. Todos os testes precisam de componentes como o anti-soro e o antígeno para a sorotipagem, alguns outros métodos de diagnóstico têm sido usados, como a utilização de sonda de DNA em tecido animal e a técnica da Reação de Polimerase em Cadeia (PCR), demonstrando alta sensibilidade e rapidez, entretanto, são alto custo e necessitam de equipamento laboratorial sofisticado. 10. AVES O Mycoplasma gallisepticum é responsável por doença respiratória crônica em frangos e sinusite infecciosa em perus, o microrganismo é transmitido através da infecção do embrião no ovo ou por aerossóis. Os sinais clínicos são rígidos, com envolvimento do trato respiratório superior em frangos, já nos perus, ocorre elevação de volume dos seios paranasais, havendo redução evidente na produção de ovos. O diagnósticotem início no isolamento, na identificação do patógeno e na análise de lote usando-se teste de soro aglutinação em placa. Testes de inibição da hemaglutinação e ELISA também são usados em lotes para confirmar a infecção. Apesar de ser feito uso de medicamento antimicrobiano durante surtos, o estabelecimento de lotes livres do patógeno é o método preferido para controle da doença. Ovos usados para incubação devem ser mergulhados em uma solução de tilosina para eliminar o patógeno. A disponibilidade de vacinas vivas modificadas e bacterinas. A Mycoplasma meleagridis pode ser transmitida pelo ovo e estar presente no sêmen de perus, a transmissão por aerossol é menos importante com esse patógeno do que com M. gallisepticum. As particularidades clínicas da infecção incluem reduzida eclosão de ovos, aerossaculite em perus jovens e deformidade nas articulações e nos ossos de animais em crescimento. Há testes de soroaglutinação em placa que é adquirido para o exame dos lotes, tilosina, administrada na água nos primeiros 10 dias de vida, é de valor 16 terapêutico. Os ovos utilizados para incubação devem ser mergulhados em soluções de tilosina. O sêmen deve ser obtido de machos livres de M. meleagridis. Mycoplasma synoviae, agete etiológico da sinovite infecciosa em frangos e perus, é propagado essencialmente por aerossóis, a transmissão pelos ovos é muito menos significativa do que em infecções por M. gallisepticum e por M. meleagridis. As micoplasmoses por Mycoplasma synoviae podem causar artrite, havendo aumento articular, inchaço, hiperemia, exsudato leitoso sinovial, claudicação e imobilidade articular, a infecção alcança também o sistema respiratório, e os efeitos clínicos irão variar de acordo com as coinfecções. A doença respiratória grave em frango de corte, foi descrita para a estirpe vacinal, com ganho de virulência após múltiplas passagens em aves, foi caracterizada para a estirpe F vacinal. Micoplasmoses virais ou bacterianas A confirmação requer isolamento e identificação do patógeno ou testes sorológicos positivos. Medicamento com tetraciclina nos alimentos é usado para tratamento e controle. A erradicação é possível pelo desenvolvimento de lotes livres do patógeno. Os micoplasmas são importantes patógenos de aves e em algumas espécies de micoplasmas, como M. gallisepticum e M. meleagridis, a transmissão pelo ovo é uma importante forma de disseminação. A transmissão por aerossóis também ocorre e é a principal forma de disseminação de M. synoviae. Em aves domésticas, a micoplasmose tem importante consequência econômica. M. gallisepticum provoca doença respiratória crônica, em galinhas, e sinusite infecciosa, em perus; além disso, infecta várias outras espécies de aves domésticas. Os sinais clínicos incluem tosse, secreção nasal e estertores traqueais. Os perus podem desenvolver sinusite, com produção de um espesso exsudato mucoide que resulta em intensa tumefação dos seios infraorbitários. Ocasionalmente, observam-se sinais clínicos relacionados com o envolvimento do cérebro e das articulações, redução na produção de ovos pode ocorrer. Mycoplasma synoviae também infecta ampla variedade de espécies aviárias e ocasiona sinovite, resultando em claudicação, tumefação de articulações e de bainhas de tendão, e retardo no crescimento são manifestações comuns. Com frequência, também se verifica bursite esternal em perus. Inflamação de sacos aéreos, geralmente subclínica, é outro sinal clínico. As infecções causadas por Mycoplasma meleagridis e Mycoplasma iowae são limitadas, principalmente, aos perus. A espécie M. meleagridis causa doença 17 respiratória, com predominância de inflamação dos sacos aéreos, frequentemente com quadro clínico discreto ou subclínico. Ocasionalmente, notam-se deformidades esqueléticas, inclusive arqueamento ou torção do osso tarsometatarsiano e vértebras cervicais. A redução da taxa de ovos chocos é uma séria consequência da infecção por M. meleagridis. Na infecção causada por M. iowae constatou-se inflamação de saco aéreo, deformidade de pernas e retardo do crescimento dos filhotes. 11. BOVINOS 11.1 Pleuropneumonia contagiosa bovina M. mycoides ssp. mycoides variante SC é considerado o micoplasma mais virulento aos bovinos, apresenta colônia pequena, é um membro do grupo mycoides composto por 6 membros relacionados, que incluem subespécies de M. mycoides e de M. capricolum de ovinos e de caprinos. Esse agente etiológico causa uma doença contagiosa respiratória severa em bovinos, a pleuropneumonia bovina contagiosa (CBPP), cuja manifestação varia de infecção subclínica persistente a infecção aguda, podendo ser uma enfermidade fatal. Segundo Laak (1992) é uma doença grave dos bovinos, zebu e búfalo doméstico, sendo o búfalo selvagem resistente. Os rebanhos expostos pela primeira vez podem apresentar perdas de até 80% e os animais que sobrevivem, entretanto permanecem cronicamente infectados. Embora já tenha sido disseminada por todo o mundo, foi erradicada na maioria dos continentes, incluindo Brasil e América do Norte, porém ainda permanece em uma situação preocupante na África. O patógeno pode ser transmitido de um animal para o outro por aerossóis, também estar presente na saliva, urina, membranas fetais e descargas uterinas ou transmissão transplacentária, entretanto acredita-se que múltiplos contatos próximos são necessários para a transmissão. Sinais clínicos e patologia Na forma aguda da PPCB a sintomatologia inclui início súbito de febre alta, anorexia, depressão, declínio na produção de leite, respiração acelerada, angústia respiratória e tosse. Nos casos mais graves, o animal adota posição característica, 18 com pescoço estendido e boca aberta, de modo a facilitar a respiração. Bem como, grunhido expiratório e corrimento nasal mucopurulento podem estar presentes. A maioria das infecções se restringe ao trato respiratório, embora artrite, sinovite e endocardite podem acontecer em bezerros afetados. Os bovinos com infecção subclínica atuam como fonte de manutenção e disseminação da doença no rebanho. O óbito pode ocorrer de uma a três semanas após o início dos sinais clínicos. Ao exame post-mortem, o tecido pulmonar possui aspecto marmorizado, onde lóbulos enfisematosos róseos estão desarmoniosamente alternados com lóbulos cinza e vermelhos, o septo interlobular aparece distendido e com edemas e podendo apresentar exsudato serofibrinoso na cavidade pleural. Em casos crônicos, é comum encontrar uma encapsulação fibrosa dos focos necróticos. Essas estruturas contêm micoplasmas viáveis em lesões pulmonares encapsuladas por até mais de dois anos. Estes animais cronicamente infectados são capazes de disseminar o agente, principalmente quando submetidos a fatores estressantes. Diagnóstico • Sinais clínicos e achados característicos post-mortem permitem o diagnóstico presumível. • Isolamento e identificação de lavado broncoalveolar, fluido pleural, tecido pulmonar ou linfonodos broncopulmonares são confirmatórios. • Teste de anticorpos fluorescentes pode ser usado no fluido pleural para confirmar a presença do patógeno. • Testes sorológicos: — Soroaglutinação rápida a campo; — Triagem de hemaglutinação; — Teste de fixação do complemento para determinação do status da doença de animais que cruzam as fronteiras nacionais. Tratamento e controle Apesar do tratamento com antimicrobianos ser utilizado em países onde a doença é endêmica, geralmente é insatisfatório, principalmente para animais afetados de forma crônica. Nos países onde a enfermidade (PPCB) é exótica, ou seja, não é comum como no Brasil, é obrigatória a notificação imediata em qualquer 19 caso suspeito ou diagnóstico laboratorial, o abate dos animais afetados e dos que tiveram contato. Não há relato da sua ocorrência registrado na Organização Mundial da Saúde Animal(OIE), o país é considerado livre da enfermidade desde 2017. Nas regiões endêmicas, as medidas de controle são a proibição do movimento de animais suspeitos, a quarentena obrigatória e a eliminação de animais portadores por meio de testes sorológicos e de abate. Ademais, a vacinação anual é realizada para estimular a imunidade efetiva em bovinos, onde a virulência das vacinas varia de acordo com a linhagem de micoplasma. 11.2 Infecções por Mycoplasma Bovis Segundo Doherty (1994) a espécie Mycoplasma bovis têm distribuição mundial, podem causar grave pneumonia em bezerros e também tem sido associada a casos de mastite e poliartrite. A mastite por micoplasma pode ser causada por várias espécies, como Mycoplasma californicum e Mycoplasma canadense, entretanto, M. bovis é a causa mais comum e que resulta em doença mais grave. Em geral, há dramática diminuição na produção leiteira e o leite torna-se espesso e misturado com secreção aquosa e pode se transformar em exsudato purulento ou seroso com alta contagem de leucócitos. Com frequência, o úbere apresenta-se edemaciado, porém indolor. A mastite é destrutiva e frequentemente resistente ao tratamento. A maioria das infecções se limita à glândula mamária, contudo, ocorre artrite posterior à bacteremia. Em alguns casos, a infecção disseminada resulta em fascite e envolvimento periarticular. A mastite por micoplasma deve ser considerada quando outro agente bacteriano comum for excluído. A transmissão da doença entre as vacas está diretamente relacionada com as práticas higiênicas e de manejo inadequadas. A antibioticoterapia frequentemente é empregada como tratamento dos animais com mastite por M. Bovis, podendo se utilizar por via parenteral tilosina (10 mg/kg) e oxitetraciclina (10 mg/kg) enrofloxacina (2,5 mg/kg). Somente duas espécies do gênero, M. bovis e M. Bovigenitalium são consideradas patógenas potenciais para o trato reprodutivo dos bovinos (METTIFOGO, 2000). Segundo Hayman (2003) o Mycoplasma bovis é hospedeiro- específico e reconhece-se que a maioria dos rebanhos bovinos está infectada. É considerado o patógeno de maior patogenicidade provocando casos graves de mastite em gado leiteiro, pneumonia e poliartrite em bezerros, além de estar 20 relacionado com infertilidade e aborto. Em novilhas inoculadas com este agente atuando diretamente no útero observam-se graus de endometrite, salpingite e salpingoperitonite. Sendo que pode permanecer viável por até 18 meses no sêmen congelado, mantendo sua capacidade em lesionar o sistema reprodutor das fêmeas. Já o Mycoplasma bovigenitalium tem ocasionado casos de vulvite granular, endometrite necrosante, infertilidade, abortamento e mastite em fêmeas, assim como em vesiculite seminal e epididimite em machos. 12. CÃES 12.1 Micoplasmose canina A micoplasmose canina possui distribuição mundial, e os cães são acometidos principalmente pela espécie Mycoplasma haemocanis, porém várias outras já foram isoladas em caninos. Ocorrem infecções oportunistas nos tecidos com processo inflamatório, causando doenças no trato urogenital, inclusive prostatite, cistite, endometrite, orquite e epididimite, além de anemia. A ocorrência de infertilidade pode ser associada a infecção por micoplasma, especialmente em canis com manejo higiênico inadequado (NELSON; COUTO, 2010). Ademais, a doença respiratória infecciosa canina (CIRD) é uma infecção respiratória comum, principalmente, em animais criados em canis onde Mycoplasma cynos é o agente etiológico mais relacionado à ocorrência da doença. Bem como, há relatos de artrite causada por M. spumans. A transmissão do hemoparasita pode ocorrer transmitido através da picada de vetores hematófagos, como pulgas e carrapatos, via transplacentária, transfusão sanguínea, material hospitalar contaminado, ou conflitos por fêmeas, alimento e território entre os animais que pode expô-los a sangue infectado. É necessária uma imunossupressão para evidência dos sinais clínicos, fatores como administração de medicação imunossupressora, animais com esplenopatias, além de infecções virais, bacterianas ou por outros hemoparasitas concomitantemente podem ocasioná-la (COSTA, 2011). O período de incubação é de 1 a 2 semanas, há o aparecimento de sinais como febre, perda de peso, anorexia, letargia, palidez de membranas mucosas, 21 além de anemia grave, que em caso severos pode ser fatal, leucocitose, trombocitopenia. Os achados laboratoriais de animais com micoplasmose podem apresentar reticulocitose, policromasia e auto aglutinação. O diagnóstico pode ser realizado a partir de estiraços sanguíneos de amostras coletadas perifericamente no animal, além do PCR. Ademais, o diagnóstico terapêutico pode ser realizado avaliando a resposta clínica do animal ao tratamento medicamentoso. O tratamento é realizado através da administração de tetraciclinas, como doxiciclina, que apresenta bons resultados em pacientes imunocompetentes e fluoroquinolonas. Em casos mais graves ou com resistência às tetraciclinas, pode-se utilizar enrofloxacina ou azitromicina para o tratamento dos animais. 13. CAPRINOS 13.1 Pleuropneumonia contagiosa caprina Nos caprinos, as enfermidades acometidas por Mycoplasma tem grande importância econômica e podem resultar em ocorrência epizoótica da doença. Infecções por M. mycoides ssp. Mycoides, podem se manifestar como mastite, pneumonia, bursite ou artrite, em animais adultos, em alguns indivíduos pode desenvolver uma doença tóxica generalizada que pode levar à morte. Em filhotes, pode ocasionar septicemia rapidamente fatal. Aos indivíduos que sobrevivem podem desenvolver artrite destrutiva crônica e bursite. A pleuropneumonia contagiosa caprina (PPCC), causada por M. capricolum subsp. capripneumoniae, está presente no norte e no leste da África e na Turquia. M. mycoides ssp. capri causa pleuropneumonia semelhante à ocasionada por cepa caprina de M. mycoides ssp. mycoides. Foi proposto que M. mycoides ssp. mycoides (variante de colônia grande), é pertencente, juntamente com M. mycoides ssp. capri, uma única subespécie capri, com base na alta homologia do DNA. Na infecção causada por Mycoplasma capricolum ssp. capricolum, ocorrem septicemia, artrite e mastite. Na infecção por M. capricolum ssp. capripneumoniae (anteriormente chamada de Mycoplasma sp. F-38), causa pleuropneumonia contagiosa caprina (CCPP), pleurisia fibrinosa, exsudato pleural profuso e aparência marmorizada na superfície de corte dos pulmões afetados. Semelhante à CBPP de 22 bovinos, áreas necróticas bem-desenvolvidas nos pulmões com PPCC crônica são raras. A doença é altamente contagiosa e é transmitida por aerossóis. Os rebanhos nômades das regiões podem levar a infecção para áreas livres da doença. A pleuropneumonia em caprinos ocasionalmente pode ser causada por M. mycoides subsp. capri ou M. mycoides subsp. mycoides (tipo colônias grandes). Todavia, anticorpos monoclonais para M. capricolum subsp. capripneumoniae são específicos para esse microrganismo em teste de inibição do crescimento usando-se discos (Belton et al., 1994). As vacinas inativadas dão proteção satisfatória aos produtores. 14. EQUINOS Os equinos dificilmente são contaminados. M. avium ssp. hominissuis é a mais comum, normalmente mais frequente que por M. bovis. No geral, o acesso mais rápido da entrada da infecção no organismo é pela alimentação. Nota-se lesões secundárias no fígado, pulmão e no baço. Os danos macroscópicos são parecidos com um tumor, não apresentando uma matéria caseosa e calcificação macroscópica e contêm pequenos linfócitos. Percebe-se proliferação de fibroblastos, mas geralmente não tem encapsulação segura. Normalmente, em todas as espécies de animais, com frequência os indivíduos mais novos manifestam mais lesões graves que os mais velhos. Em alguns casos os equinos são infectadospor M. felis, que causa a pleuropneumonia. Essa doença continua sendo uma das grandes causas de mortalidade em cavalos. O tratamento inclui a aplicação antimicrobiana sistêmica e a toracocentese ou a drenagem do tubo residencial de derrames complementares (SMITH, 2009). Os índices de sobrevivência apresentados são de 30-66% e os cavalos de corrida sobreviventes têm uma grande chance de retorno de 61% em um estudo. (RACKLYEFT; LOVE, 2000). 23 15. FELINOS A anemia infecciosa felina, causada por M. haemofelis, ocorre mundialmente, sendo considerada uma das doenças mais significativas causada por micoplasmas hemotrópicos. A doença é comum em machos com acesso à rua entre 1 e 3 anos de idade e a transmissão por meio de mordidas e picadas de artrópodes tem sido sugerida e gatos que se recuperam podem permanecer carreadores assintomáticos. Os sintomas que ocorrem na forma aguda da doença são febre, anemia, apatia, fraqueza e, ocasionalmente, icterícia. Mycoplasma haemofelis pode ser demonstra- do na superfície de eritrócitos em esfregaços sanguíneos corados pela técnica de Giemsa, porém a análise de PCR é atualmente o método de eleição para o diagnóstico de infecções por micoplasmas hemotróficos. A terapia com doxiciclina iniciada de forma precoce e mantida por até 21 dias é efetiva para o tratamento de sinais clínicos; porém, pode não eliminar a infecção. Diversos micoplasmas parasitas foram separados de zonas mucosas de gatos. Uma quantidade um tanto baixa de micoplasmas está ligada à ocorrência de doença. Mycoplasma gatae foi afastado de gatos com artrite. M. felis foi relacionado à conjutivite serosa a mucoide. Na maior parte, a conjutiva se mostra edemaciada. Porém, não se tem uma relação da córnea. Um micróbio parecido a Mycoplasma foi conectado à criação de abscessos subcutâneos, todavia nem a doença, nem o microrganismo ficaram bem-caracterizados. Mycoplasma spp foi destacado como parte da população polimicrobiana de exsudato de piotórax. 16. OVINOS 16.1 Agalactia contagiosa de ovinos e caprinos Essa grave doença febril de ovinos e caprinos, causada por M. agalactiae, é predominante em partes da Europa e da Ásia e no norte da África. Geralmente, fica perceptível logo após o parto, sendo descrita por mastite, artrite e conjuntivite. Animais prenhes podem abortar, e a doença pode ser letal em animais jovens devido a complicações pulmonares. O microrganismo é eliminado no leite e pode permanecer localizado nos linfonodos supramamários entre as lactações. Doenças 24 devido a M. agalactiae devem ser diferenciadas de mastite e artrite associadas a M. capricolum subsp. capricolum, a M. mycoides subsp. mycoides (colônias tipo grandes) e a M. mycoides subsp. capri (Gil et al., 2003). A contaminação por Mycoplasma agalactiae atinge pequenos ruminantes, ocasionando a Agalaxia Contagiosa (AC), doença raramente diagnosticada, apesar das perdas econômicas acarretadas à pecuária, já que no Brasil, em alguns estados do Nordeste se mostra de forma endêmica. 17. SUÍNOS 17.1 Pneumonia enzoótica de suínos A pneumonia enzoótica de suínos é uma doença altamente contagiosa e de suma importância econômica, causada por Mycoplasma hyopneumoniae, ocorre em todo o mundo, em suínos de produção (Oboegbulen, 1981). O superpovoamento e variações na temperatura podem colaborar para um grande número de contágios. Suínos de todas as idades são expostos a contraírem essa doença, que é caracterizada por baixa taxa de crescimento, tosse e dificuldade para respirar. A transmissão ocorre pelo contato direto das secreções nasais do suíno portador ou por aerossóis (Stevenson, 1998). A enfermidade pode ser determinada por isolamento e reconhecimento do patógeno, por imunofluorescência utilizando tecido pulmonar e, em um rebanho- base, pelo exame da fixação do complemento ou por ELISA. Alguns antimicrobianos como tartarato de tilosina, tiamulina ou lincomicina, se agregados na alimentação, são apropriados para controlar que a infecção afete todo o rebanho. 17.2 Outras doenças causadas por micoplasmas em suínos Mycoplasma hyorhinis causa polisserosite crônica evolutiva nos suínos com até 10 semanas de idade. É descrita por febre, respiração forçada, claudicação e aumento de volume das articulações. Ao exame post-mortem, pleurisia serofibrinosa, pericardite e peritonite estão presentes. A doença pode ser determinada por 25 isolamento e reconhecimento do patógeno e por sorologia. Tilosina e lincomicina, administradas no início da doença, podem ser de valor medicinal. Já o Mycoplasma hyosynoviae é um dos agentes causadores de artrite em suínos na recria e terminação, sendo que esta afecção pode se manter até o momento do abate. No Brasil ainda não existe nenhum relato do isolamento do M. hyosynoviae e muito menos relatos de tentativas de isolamento deste agente (Alberton et al., 2000). 18. HUMANOS Três bactérias do gênero Mycoplasma são patogênicas para humanos, M. pneumoniae, M. genitalium e M. hominis. A espécie M. pneumoniae ocasiona infecções respiratórias em crianças e adultos, e é um dos principais agentes causadores da pneumonia comunitária na infância. Geralmente, é endêmica, entretanto ocorrem epidemias esporádicas da enfermidade com intensidade leve. Sendo que em pessoas com comorbidades ou imunodeprimidos podem ocorrer formas graves, bem como assintomáticas e há possibilidade de reinfecção. A transmissão se dá por gotículas respiratórias eliminadas pela tosse, sendo necessário contato próximo e o período de incubação é de 2 a 4 semanas. As formas clínicas mais comuns são quadros de traqueobronquites, infecções das vias aéreas superiores, faringite, dor de garganta, rouquidão, cefaleia, mal-estar, febre, adinamia, mialgia e tosse. O M. pneumoniae é suscetível aos antimicrobianos como os macrolídeos, as tetraciclinas e as quinolonas. Como acontece com outras infecções respiratórias, a prevenção inclui cobrir a boca ao tossir ou espirrar e lavar as mãos frequentemente com água e sabão. A bactéria Mycoplasma genitalium pode ser transmitida por via sexual e é responsável por uma pequena parte dos casos de uretrites em homens e infecções ginecológicas em mulheres, provoca dor ou ardência ao urinar, durante a relação sexual, secreção na uretra, corrimento, bem como, pode ser assintomática. Em casos graves e nos mais raros, pode ocasionar aborto e infertilidade feminina, caso não seja diagnosticada e tratada adequadamente. 26 19. DIAGNÓSTICO Para se obter uma amostra apropriada para a tentativa de isolamento é necessário ter conhecimento sobre quadro clínico, suabe de locais acometidos, tecidos acometidos e leite. Não há necessidade de isolamento de micoplasmas a partir de amostras clinicas para confirmar o envolvimento etiológico das bactérias, visto que muitos micoplasmas de significado clínico questionável podem estar amplamente distribuídos no cotidiano. Algumas regiões em que as doenças ocasionadas por micoplasmas são endêmicas, achados clínicos terão mais significado, podendo indicar o envolvimento de determinado micoplasma patogênico. As amostras contendo espécimes para exame laboratorial devem ser coletadas o mais breve possível, em razão da natureza fastidiosa das bactérias, no início do curso da doença, e serem mantidos sob-refrigeração e entregues ao laboratório o mais breve possível. Durante o transporte, as amostras devem ser mantidas refrigeradas e úmidas. Pode-se citar como meios comercialmente disponíveis: meios de Stuart e de Amie, sem carvão como apropriados para o transporte de suabes. Em casos de transporte prolongado, indica-se que as amostras devem ser enviadas congeladas e, preferivelmente, mantidas em gelo seco ou nitrogênio líquido. Podem-se citar como amostras adequadas as raspados de mucosa, exsudato traqueal, aspirados, tecido pulmonar,leite de mastite e fluidos das articulações e das cavidades corporais. Existe uma variabilidade na morfologia microscópica e uma fraca coloração pelo método de Gram, tornam o exame direto para a maioria das bactérias micoplasma pouco viável. Atualmente utiliza-se uma pesquisa direta de anticorpos fluorescentes e a coloração do DNA por fluorocromo, para o diagnóstico de conjuntivite e mastite. Entretanto, esses testes não são amplamente empregados. Outrora, pode-se ver êxito ao empregar as técnicas de coloração imunoperoxidase, imunofluorescente e imuno-histoquímica em cortes histológicos para a identificação de algumas espécies de bactérias nos tecidos, inclusive M. bovis em tecidos de bovinos, M. hyopneumoniae em pulmão de suínos e alguns micoplasmas em aves domésticas. Não existe nenhum meio de cultura formulado que se adequa a multiplicação de todas as bactérias micoplasma. Leva-se em consideração a escolha do meio as especificidades da espécie ou do grupo de espécies de interesse. No todo, se faz 27 necessário um meio enriquecido e razoavelmente complexo. Tem-se o soro como a fonte usual de esteroides e se faz necessário para a maioria das espécies. Entretanto, espécies diferentes se multiplicam, ou crescem, melhor quando se utilizam diferentes fontes de soro. Alguns micoplasmas de caprinos se multiplicam em ágar-sangue de ovino, como pequenas colônias que ocasionam hemólise do tipo α (“greening“). Já a multiplicação de algumas espécies requer a inclusão de substâncias específicas, como muco vaginal. Alguns soros imunes específicos contra micoplasmas comensais podem ser incluídos ao meio de cultura para possibilitar o isolamento seletivo de espécies patogênicas. Para se obter o isolamento ideal, as amostras são inoculadas tanto em meio líquido quanto em meio sólido e incubadas em temperatura de 36°C a 38°C, em ambiente com 5 a 10% de CO2 durante no mínimo 7 dias. Observar-se a presença de espécies de Mycoplasma ou antígenos de micoplasma em amostras através de demonstrações imunológicas ou pelos métodos de ácidos nucléicos, tais como: Técnicas de anticorpos fluorescentes; Métodos de peroxidase-antiperoxidase em tecidos embebidos em parafina; Técnicas da reação em cadeia da polimerase. Nos meios para micoplasma inoculado é incubado aerobiamente ou em 10% de CO2 sob atmosfera úmida a 37°C por até 14 dias. Nas amostras de fluidos podem ser inoculadas diretamente em meios com ágar ou caldos. Os espécimes teciduais tais como pulmões, devem ser colhidos frescos, e uma superfície de corte deve ser removida para a superfície de um meio sólido. O tecido pode ser homogeneizado em caldo, e amostras da suspensão podem ser utilizadas para inoculação de meios sólidos ou líquidos. Nos testes bioquímicos utilizados para caracterização dos isolados das bactérias inclui determinação da atividade de fosfatase, fermentação da glicose e hidrólise de arginina ou ureia. Testes de inibição do crescimento, em discos impregnados com antissoro ou coloca-se antissoro em poços, em meio de cultura, pode-se observar uma zona de inibição nos testes de inibição metabólica utilizam a inibição de crescimento em meio líquido, bem como a alteração da cor com base no pH, como um sistema indicador. Outros testes utilizados são imunofluorescência direta ou indireta em imprints de colônia, epifluorescência de colônia e coloração por imunoperoxidase das colônias em placas com ágar. 28 Atualmente foram desenvolvidos uma variedade de testes imunodiagnósticos para diversas doenças importantes causadas por Mycoplasma, mesmo ainda comum problemas com a sensibilidade, principalmente com relação aos portadores assintomáticos, que podem dificultar a interpretação dos resultados. Encontra-se outra problemática, a perda de especificidade em decorrência da presença de anticorpos com reação cruzada. Imunoensaios enzimáticos, aglutinação em placas e inibição da hemaglutinação estão frequentemente são sendo utilizados para detectar as infecções ocasionadas por M. gallisepticum, M. meleagridis e M. synoviae em aves domésticas. Hoje em dia os testes moleculares, principalmente aqueles que se baseiam na reação em cadeia da polimerase (PCR) estão substituindo os testes citados anteriormente. A ampliação de sequências de DNA específicas por meio da PCR, ou menos frequentemente pela análise de endonuclease de restrição de produtos da PCR, é utilizada para identificação e caracterização dos isolados de bactérias. Muitas técnicas PCR têm sido descritas para a identificação de espécies patogênicas diretamente de amostra clínica, as quais não necessitam cultura. Para a identificação dos isolados podemos citar como critérios: — Microcolônias com aspecto de “ovo frito”; — Tamanho das microcolônias; — Requerimentos de colesterol para crescimento (teste de sensibilidade à digitonina); — Perfil bioquímico, incluindo produção de urease; — Técnicas de anticorpos fluorescentes nas microcolônias; — Teste da inibição do crescimento com anti-soro específico. Os testes sorológicos indicados para identificação são: — Testes de fixação do complemento para as principais doenças causadas por micoplasmas de ruminantes são usados para certificação quando os animais são comercializados internacionalmente; — Testes com base em ELISA estão sendo desenvolvidos para o diagnóstico de doenças causadas por micoplasmas de importância econômica; — testes de aglutinação rápida em placa são usados para triagem de lotes de aves domésticas e para o diagnóstico a campo de pleuropneumonia contagiosa bovina; 29 — Testes de inibição da hemaglutinação podem ser usados para determinar as taxas de anticorpos nas doenças aviárias causadas por micoplasmas. As amostras que contenham a presença Mycoplasma, podem ser avaliadas imunologicamente ou também por métodos de ácidos nucléicos. A detecção de anticorpos fluorescentes, peroxidase-antiperoxidase presentes em tecidos embebidos em parafina e técnicas de reação em cadeia da polimerase. Os testes sorológicos, tais com fixação do complemento, ELISA, testes de aglutinação rápida e inibição da hemaglutinação são usados frequentemente para o diagnóstico de micoplasmas (QUINN et al, 2005). 20. TRATAMENTO Antes de começar o tratamento desse hemoparasita, é importante procurar a causa inicial que levou à imunossupressão do paciente, uma vez que o Mycoplasma sp. é um agente oportunista. Também deve ser levado em conta que só o uso de antibióticos não é suficiente na destruição deste agente. Após inicializar o protocolo de medicação, o animal precisa ser vigiado, avaliando-se o retorno e eficácia dos medicamentos usados (TASKER et al., 2009; DOWERS et al., 2002). Quanto aos antibióticos, podem ser usados os da classe da tetraciclina e fluoroquinolonas. Juntamente, pode ser administrado dipropionato de imidocarb, corticosteróides e tratamento de manutenção. A utilização das tetraciclinas como a oxitetraciclina e a doxiciclina é o tratamento de eleição porque esse tipo de fármaco impulsiona a inibição da síntese proteica no Mycoplasma sp. e demonstra boa sensibilidade do agente ao fármaco. O tratamento mínimo tem que ser de 21 dias, auxiliando apenas na anemia e não abstraindo inteiramente o agente, sendo indispensável um tratamento mais longo para conseguir completa exclusão (SYKES et al, 2005; KEMMING et al., 2004; BRADDOCK et al., 2004). Para Tasker (2009), a utilização das fluoroquinolonas, como a enrofloxacina e a marbofloxacina, também é eficaz para o tratamento, no entanto, são capazes de não atingir totalmente a eliminação do hemoparasita e apenas auxiliar na melhora clínica. 30 Nos casos de micoplasmoses crônicas e refratárias ao tratamento com tetraciclinas e fluoroquinolonas, pode-se usar o dipropionato de imidocarb. Mas, não tem estudos demonstrando o efeito positivo que ele tem nos sinais clínicose modificações laboratoriais. Ele é capaz de ser trocado pelo diminazeno de diaceturato (TASKER, 2010; LAPPIN et al, 2002). O tratamento de manutenção constitui na utilização de modos para corrigir as manifestações clínicas, como fluidoterapia endovenosa para desidratação, alimentação umedecida em casos de inapetência e transfusão sanguínea no momento em que houver anemia grave. Afastamento da exposição dos animais aos transmissores hematófagos ou uso de anti-pulgas e anti-carrapaticida, e a execução de exames em animais doadores de sangue podem ser meios que ajudem no cuidado e prevenção da micoplasmose (TASKER, 2010). 21. CONTROLE E PROFILAXIA A compreensão sobre a imunologia das infecções causadas por micoplasmas é mínima e os elementos necessários para que haja resposta imune protetora contra os micro-organismos não estão de total definidos, os tipos de vacinas, tanto mortas quanto aquelas atenuadas têm induzido uma parcial resposta protetora contra a doença causada por Mycoplasma, mas não oferecem imunidade completa. Os animais vacinados desenvolvem menor quantidade de lesões e apresentam menor quantidade de microrganismos, em comparação com animais não vacinados. Ocorreu de algumas preparações vacinais resultar em mais doença após infecção subsequente, o que influenciou a ocorrência disso não é conhecida. Uma vacina moderada é aplicada para proteção de bovinos criados em áreas onde a CBPP é enzoótica, a defesa é válida por 18 meses, sendo feita usos de vacinas vivas e atenuadas, com adjuvantes, com sucesso variável, para o controle de infecções em caprinos, especificamente as causadas por M. agalactiae, M. mycoides ssp. capri e M. capricolum ssp. capripneumoniae. Em suínos, as vacinas mortas, contra M. hyopneumoniae reduzem a gravidade da pneumonia causada por micoplasma, mas não podem parar a doença ou a colonização. Em aves domésticas, são empregadas vacina viva (cepa atenuada) e vacina inativada 31 para controlar a perda de produção de ovos e a doença respiratória associada à infecção por M. gallisepticum. Antibióticos são usados no tratamento das infecções causadas por Mycoplasma, a carência de parede celular torna as bactérias resistentes à ação de medicamentos antimicrobianos que atuam na parede celular ou em sua síntese, os micoplasmas são sensíveis aos seguintes antibióticos: tetraciclinas, macrolídios, lincosamidas, cetolídios, aminoglicosídios, cefalosporinas, pleuromutilinas e fluoroquinolonas. O sucesso do tratamento irá depender das espécies envolvidas, do local e do tempo de progressão da doença. A ocorrência de resistência aos antibióticos não está bem-documentada em razão das dificuldades em se fazer a cultura desses microrganismos, a qual é um procedimento necessário para a realização da maioria dos testes de sensibilidade antimicrobiana; sendo o teste realizado somente em laboratórios especializados. A vacinação, o descarte de animais infectados, e mudanças no manejo para impedir a disseminação são procedimentos empregados em países onde a doença é enzoótica. Por conta da baixa eficácia do tratamento dos animais infectados, o descarte de animais clinicamente doentes é constantemente feito como atividade de controle nas populações infectadas, nas quais a aplicação de teste e abate não são praticáveis. São muitos esforços para erradicar as infecções, particularmente em rebanhos reprodutores, com a realização de testes sorológicos, eliminação de animais positivos e tratamento da infecção com antibiótico. Práticas rigorosas de biosseguranças devem ser feitas para prevenções das infecções, impedindo assim a introdução de animais infectados em rebanho livres de Mycoplasma. Novos animais, necessitarão ser mantidos em quarentena e ser submetidos a exames para que depois possam ser introduzidos no rebanho; poderá haver dificuldades identificar os animais com infecção subclínica. O procedimento de levar animais para exposições e feiras e trazê-los de volta ao rebanho também pode ser um modo de introdução da infecção no rebanho, portanto, boas práticas de higiene e manejo são importantes para que não haja a disseminação da bactéria entre os animais. Como o leite pode ser uma fonte de infecção, especialmente em caprinos e bovinos, deve ser pasteurizado para evitar a infecção de animais jovens do rebanho. 32 22. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alberton G.C., Pereira M.A., Yamamoto M.T., Bandarra E.P. & Salvo L.S. 2000. Osteocondrose – Principal causa de artrite em suínos de abatedouro no Brasil. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR. 3: 55-60. BASEMAN, J. B. & TULLY, J. G. Mycoplasmas: sophisticated, reemerging, and burdened by their notoriety. Emerg. Infect. Dis. 3(1): 21-32, 1997. BASEMAN, J.B.; LANGE, M.; CRISCIMAGNA, N.L.; GIRON, J.A.; THOMAS, C.A. Interplay between mycoplasmas and host target cells. 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