Prévia do material em texto
Carbúnculo Hemático Discentes: Ana Lívia Azevedo Tavares Laís Dantas Ferreira Priscila Sales Braga Amanda da Rocha INTRODUÇÃO Afeta todas as espécies de mamíferos, incluindo os humanos; 2 Caracterizado por seu caráter septicêmico, hemorrágico, letal e zoonótico; Ocasionado pelo Bacillus anthracis; INTRODUÇÃO O nome deriva da palavra grega anthrakis, que significa carvão, devido a característica da lesão cutânea ocasionada por este que possui um aspecto enegrecido como um carvão. 3 (FONTE: Portal de Periódicos da Marinha do Brasil ) INTRODUÇÃO Ocorre no mundo inteiro, sendo endêmica em alguns países e em algumas regiões específicas; 4 De acordo com o CDC, encontra-se naturalmente no solo e, raramente nos EUA, também pode entrar em contato com animais ou produtos de origem animal; Desenvolve a forma grave da doença. INTRODUÇÃO 5 Ruminantes (mais suscetíveis); ANIMAIS SUSCETÍVEIS Suínos e equinos (moderadamente suscetíveis); Carnívoros (mais resistentes); Aves (quase totalmente resistentes). (QUINN, 2005) INTRODUÇÃO 6 Virgílio relatou a doença afetando bovinos, ovinos, cavalos, cães e outros animais domésticos e selvagens, e a transmissão para homens Epidemia de carbúnculo hemático: matou cerca de 60.000 pessoas no sul da Europa e dizimou metade de seus rebanhos ovinos Suspeita de zoonose “Doença da lã” 70 a.C. — 19 a.C. SÉC. XVI SÉC. XVIII 1870 Robert Koch e Louis Pasteur: ciclo biológico completo 1881 Pasteur: testou em bovinos a 1ª vacina obtendo eficácia Max Sterne: desenvolveu uma vacina para uso em animais, ↓ o número de casos nos homens 1930 INTRODUÇÃO 7 Alta virulência e estabilidade de seus esporos no ambiente por anos; Uso como arma biológica em práticas de bioterrorismo. Em 2001, o antraz foi utilizado como arma biológica nos EUA, sendo enviado através dos correios. AGENTE ETIOLÓGICO Bacillus anthracis ● Anaeróbica; ● Imóvel; ● Encapsulada; ● Gram-positiva; ● Extremidades cortadas em ângulo reto; ● Isolados ou dispostos em cadeia; ● Esporula na presença de ar; ● Produz exotoxinas, das quais se destacam um “fator edema” e um “fator letal”. 8 (SANTOS et al., 2008; PILE, 1998). Bactéria AGENTE ETIOLÓGICO Habitat: solo ● Condições favoráveis: - Pouca depressão e erosão no solo, - Profundezas rica em aluviais, - pH entre 6 e 8, - nutrição adequada (presença de nitrogênio e material orgânico); - alta umidade relativa do ar (maior do que 20%), - temperatura variando entre 10 a 45 ºC - presença de alguns cátions, como cálcio; - Ação do Homem; 9 (CHERKASSKIY, 1999) AGENTE ETIOLÓGICO Ciclo biótico-abiótico 10 (CHERKASSKIY, 1999) Animal solo germinação multiplicação reesporulação. Forma bacilar - pouco resistente Forma de esporo - muito resistente AGENTE ETIOLÓGICO Cepas 11 (VIVONE & GAVIAO, 2018) Sterne - Usada por Max Sterne na década de 1930 para a produção de vacinas. - Não possui capsula; Vollum - Isolada de gado em 1935 no Reino Unido. - Arma biológica; Anthrax 836 - Altamente virulenta - Isolada em Kirov - Programa de armas biológicas da antiga União Soviética; Ames - isolada de gado em 1981, no Texas. - testes de eficácia de vacinas. AGENTE ETIOLÓGICO Colônia 12 (QUINN, 2005) - Até 5 mm de diâmetro - Achatadas, secas, acinzentadas e com aparência de “vidro quebrado” após incubação por 48 horas; - Crescimento em ondulações na borda das colônias concede uma aparência característica em forma de “cabeça de medusa”; EPIDEMIOLOGIA Conhecido como Antraz; 13 Principais hospedeiros: ruminantes domésticos e selvagens; Caráter septicêmico, hemorrágico, letal e zoonótico; FORMAS: ● Animais: superaguda, aguda, subaguda e crônica; ● Homem: cutânea, gastrointestinal, inalatória e por injeção. EPIDEMIOLOGIA 14 ● Oriente Médio, Ásia, África, América do Sul e Central, Caribe e Sudeste da Europa; ÁREAS DE MAIOR PREVALÊNCIA: ● Considerada esporádica no Brasil; EPIDEMIOLOGIA 15 Fator que resulta na sua persistência e disseminação: formação de esporos Surtos podem ter sua origem relacionada com pastagens contaminadas com esporos decorrentes de carcaças enterradas ESPORULAÇÃO EPIDEMIOLOGIA 16 SURTOS ESPORÁDICOS PODEM ESTAR RELACIONADOS COM: PATOGENIA 17 B. anthracis entra por suas vias de infecção Prolifera e se acumula em lesões A resistência à infecção pelos esporos depende do sistema imune do hospedeiro Fatores de virulência Cápsula protetora Toxina complexa: 1) Antígeno protetor (PA ou fator II) 2) Fator de edema (EF ou fator I) 3) Toxina letal (LF ou fator III) (J Clin Invest., 2003) FATORES DE VIRULÊNCIA 18 ANTÍGENO PROTETOR ● É uma molécula de ligação para EF e LF, responsável por liberá-las no citosol dos macrófagos; FATOR LETAL ● No interior dos macrófagos, estimula a liberação de citocinas, especificamente o TNF-alfa e a beta-interleucina-1; FATOR DE EDEMA ● Quando se liga ao PA, leva a um ↑ no AMP cíclico, causando um distúrbio na homeostase da água que leva ao edema; CÁPSULA PROTETORA ● Atua inibindo a fagocitose leucocítica, o que permite a infecção. PATOGENIA 19 O sítio da infecção apresenta-se com um elevado número de leucócitos infiltrados ANIMAL RESISTENTE ANIMAL NÃO RESISTENTE O animal consegue debelar a infecção O organismo não consegue debelar a infecção A bactéria chega no sistema linfático e começa a se multiplicar O LF age nos macrófagos, levando à lise celular, liberando suas toxinas tóxicas na CS ↑ rápido da bacilemia e de toxinas na circulação levando à febre Animal entra em coma e morre em poucas horas SINAIS CLÍNICOS 20 FATORES Espécie acometida; Dose inoculada; Rota de infecção; CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS: Septicêmica; Fatal; SINAIS CLÍNICOS 21 PRINCIPAIS PIREXIA (sup 42°C) DEPRESSÃO MUCOSAS CONGESTAS PETÉQUIAS TARDIOS ABORTO EDEMA SUBCUTÂNEO DISENTERIA SINAIS CLÍNICOS 22 ACHADOS POST-MORTEM INCHAÇO RÁPIDO R M INCOMPLETO HEMORRAGIAS EQUIMÓTICAS SANGUE ESCURO E NÃO COAGULADO FLUIDOS TINGIDOS SINAIS CLÍNICOS 23 ACHADOS NAS NECRÓPSIAS: EDEMAS GELATINOSOS CONGESTÃO GENERALIZADA BAÇO Tamanho Coloração Polpa SINAIS CLÍNICOS ESPECIFICIDADES EM CADA ANIMAL: 24 SINAIS CLÍNICOS 25 Inferior a 72 horas; Sintomas típicos; Inferior a duas horas; Aguda e super aguda Assintomática; ESPECIFICIDADES EM CADA ANIMAL: SINAIS CLÍNICOS ESPECIFICIDADES EM CADA ANIMAL: 26 Inferior a 72 horas; Sintomas típicos; Andamento mais lento que a aguda Aguda, Subaguda Curso se estende por mais de 3 dias Crônica, Subaguda Forma mais longa DIAGNÓSTICO 27 IMPORTANTE Necrópsia contraindicada Sangue escuro e não- coagulado Facilitando a contaminação ambiental, de animais e seres humanos DIAGNÓSTICO 28 COLETA Veia caudal Fluido peritoneal Esfregaços DIAGNÓSTICO 29 INOCULAÇÃO Ágar-sangue e ágar MacConkey Aerobicamente a 37°C 24 a 48 horas Morfologia colonial Aparência microscópica Não cresce em AM CRITÉRIOS Testes de patogenicidade Perfil de testes bioquímicos DIAGNÓSTICO 30 TESTE DE ASCOLI Detecção de antígenos de B. anthracis em materiais biológicos Material homogeneizado é fervido e clarificado Usado como fonte de antígenos para os testes de precipitação em anel ou de gel-difusão com anti-soros de B. anthracis *carente de especificidade DIAGNÓSTICO 31 OUTROS TESTES Testes de imunodifusão em gel de ágar, fixação do complemento, ELISA e imunofluorescência Métodos de PCR *carente de especificidade Amplificação de marcadores de plasmídeos específicos de virulência TRATAMENTO Profilaxia: ● Vacina com soro anticarbunculoso; Doença progressiva: ● Penicilina e outros antibióticos; Ou ● Vacina + Antibióticos 32 Regiões endêmicas Vacinação anual para bovinos com reforço em um mês; (BEER, 1988; SOUZA et al., 2009). PROFILAXIA E CONTROLE É aconselhável uma vacina anual 33 REGIÕES ENDÊMICAS Quimioprofilaxia Vacina morta parahumanos PROFILAXIA E CONTROLE ● Proibir a movimentação de animais de locais afetados para locais adjacentes; ● Desinfecção de funcionários antes da saída da propriedade afetada; ● Colocar pedilúvio na entrada das propriedades afetadas; ● Construções contaminadas devem ser lacradas e fumigadas com formaldeídos; 34 REGIÕES NÃO ENDÊMICAS PROFILAXIA E CONTROLE ● Descarte imediato de carcaças, "camas", esterco, forragens e outros materiais contaminados; ● Não deve-se permitir aos animais que reviram lixo o acesso às carcaças suspeitas; ● Isolamento de animais que tiveram contato com doentes. 35 REGIÕES NÃO ENDÊMICAS CONSIDERAÇÕES FINAIS ● O carbúnculo hemático é classificado como uma zoonose que afeta principalmente bovinos, ovinos e equinos causando uma septicemia rapidamente mortal; ● Em alguns casos, não é possível o tratamento, por um de seus primeiros sintomas ser a morte do animal; ● É de difícil controle, pois os esporos formados pelos bacilos do carbúnculo na presença de oxigênio, são muito resistentes; ● O controle da moléstia baseia-se na vacinação dos animais sensíveis à doença, a qual é a melhor opção preventiva. 36 OBRIGADA! 37 DÚVIDAS? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ● BEER, J. Doenças infecciosas em animais domésticos. São Paulo: Roca, 1988. ● BIER, O. Bacteriologia e imunologia em suas aplicações à medicina e à higiene. 14º ed. Edições e melhoramentos, 1970; p. 564 – 571. ● CARVALHO, L. Conferência “A segurança e o desenvolvimento sustentável” 2006. Disponível em: <www.premivalor.com/apresent/08_Apresentacao_TenenteGeneralCarvalho.pdf> ● CHERKASSKIY, B. L. A national register of historic and contemporary anthrax foci. Journal of applied microbiology, v. 87, n. 2, p. 192-195, 1999. ● Duesbery NS, Vande Woude GF. Anthrax toxins.Cell Mol Life Sci. 1999;55(12):1599-609. ● Gordon, SM. The threat of bioterrorism: a reason to learn more about anthrax and smallpox. Cleve Clin J Med. 1999;66(10):592-5, 599-600. ● Helvio, T. S. Carbúnculo hemático (antraz): uma zoonose importante no rio grande do sul anthrax: a important zoonosis in rio grande do sul. Disponível em : http://www.webrural.com.br/webrural/artigos/pecuariacorte/sanidade/carbunculoh.htm; acessado em 20 de Dezembro de 2020; ● JONES, T.C., HUNT, R.D., KING N.W. Patologia Veterinária. Barueri - SP: Manoele, 2000. ● National Center for Emerging and Zoonotic Infectious Diseases (NCEZID). Centers for Disease Control and Prevention. Guide to Understanding Anthrax. Available at: https://www.cdc.gov/anthrax/pdf/evergreen-pdfs/anthrax-evergreen-content-english.pdf. Acesso em: 18 dez. 2020. ● PILE, J. C., MALONE, J. D., EITZEN, E. M., & FRIEDLANDER, A. M. Anthrax as a potential biological warfare agent. Archives of internal medicine, v. 158, n. 5, p. 429-434, 1998. ● Quinn J.P. 2005. Microbiologia Veterinária e Doenças infecciosas. Artmed, Porto Alegre, p.67-70. ● SALGADO, Jacqueline Roberta Soares; RABINOVITCH, Leon. Antraz - Uma zoonose silenciada. 2018. Disponível em: http://cienciasfarmaceuticas.org.br/wp-content/uploads/2018/10/UPPHARMA-SETEMBRO-OUTUBRO-2018-N.175-MATERIA.pdf. Acesso em: 18 dez. 2020. ● SANTOS, L. M., ROCHA, J. R., RODIGUES, C. F., CANESIM, R., PINHEIRO, J. D. S., & PINHEIRO JÚNIOR, O. Á. Carbúnculo Hemático. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, ano. VI, n. 10, 200 ● Shafazand S, Doyle R, Ruoss S, Weinacker A, Raffin TA. Inhalational anthrax: epidemiology, diagnosis, and management. Chest. 1999;116(5):1369-76 38