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Anemia Ferropriva e Anemia da Doença Crônica

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1 ANEMIA FERROPRIVA E ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
Gizelle Felinto 
ANEMIA FERROPRIVA 
INTRODUÇÃO 
➢ EPIDEMIOLOGIA: 
• É o tipo mais comum, correspondendo a cerca de 75% das 
anemias 
• Prevalência: 
▪ 45% dos casos → ocorrem na primeira infância 
(crianças até os 5 anos de idade) 
▪ 50% dos casos → mulheres em idade fértil 
▪ Também é comum em: 
✓ Idosos 
✓ Gestantes → a anemia ferropriva durante a 
gestação aumenta os riscos no parto e a 
morbidade materna 
➢ SOBRE O FERRO: 
• Reserva → tem-se cerca de 3 a 4g de reserva de Ferro no 
adulto 
▪ Na circulação (70% do total) → presente nas 
Hemácias/Eritrócitos 
✓ Responsável por formar a hemoglobina, para o 
transporte de Oxigênio 
▪ Acumulado (30%) → presente nos hepatócitos e nos 
macrófagos 
• Adquire-se o Ferro pela Dieta: 
▪ Fero Heme: 
✓ Está presente na Hemoglobina e na Mioglobina → 
dessa forma, pode ser adquirido por meio da 
ingesta de Carne Vermelha (em vísceras, como 
o fígado) 
✓ Tem boa disponibilidade 
▪ Ferro não Heme: 
✓ É de origem vegetal, sendo adquirido por meio da 
ingesta de espinafre e couve, por exemplo 
✓ Apresenta baixa disponibilidade 
➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: 
• A anemia por falta de ferro ocorre quando todo o 
estoque/reserva de ferro acaba 
• A ingesta e a perda diária de ferro é muito pequena 
• Deficiência de Ferro → ocorre nas seguintes situações: 
▪ Desequilíbrio entre ingestão e/ou absorção do ferro 
▪ Quando há demanda aumentada (Ex: gestação) 
▪ Quando há perda crônica 
METABOLISMO E CICLO DO FERRO 
➢ ABSORÇÃO DO FERRO: 
• Ocorre no intestino (duodeno e jejuno proximal) 
• Todo o processo de absorção do ferro é regulado pelo 
hormônio Hepcidina 
• Ferro não Heme: 
▪ É necessário reduzir de Fe3+ para Fe2+, para que seja 
internalizado através de um transportador de 
membrana 
▪ Pode ser utilizado dentro da célula com as seguintes 
finalidades: 
✓ Metabolismo intracelular 
✓ Armazenamento → a proteína Ferritina tem uma 
grande capacidade de armazenamento do ferro, 
sendo a principal responsável pelo seu 
armazenamento no organismo 
o A concentração sérica de ferritina é 
diretamente proporcional às reservas de 
ferro no organismo, isto é, quanto maior o 
acúmulo de ferro, maior será o valor da 
ferritina sérica 
▪ Ao sair da célula, o Fe2+ volta a ser Fe3+, para ir para a 
corrente sanguínea através da ferroportina, sendo 
transportado para algum órgão necessitado ou para 
fazer parte das hemácias 
• Ferro Heme: 
▪ É mais fácil de ser absorvido pelas células, pois possui 
receptores específicos, porém a parte intracelular é 
igual a do ferro não heme 
• Fígado: 
▪ Produz muitas das enzimas que participam do processo 
do metabolismo do ferro. Dessa forma, uma lesão 
celular ou hepatocelular danifica o metabolismo do 
ferro. Portanto, um paciente com ferritina aumentada 
nem sempre tem como causa o acúmulo de ferro, mas 
também pode indicar uma lesão hepática 
➢ DISTRIBUIÇÃO DE FERRO PELO CORPO: 
• A maior reserva de ferro é na medula óssea 
• Um adulto tem cerca de 3 a 4g de ferro armazenado (pela 
ferritina e pela hemossiderina) 
• 70% do ferro → faz parte da hemoglobina e está circulando 
com as hemácias 
• 30% do ferro → está no parênquima hepático, reciclado 
nos macrófagos do Sistema Reticuloendotelial (SER), na 
composição da musculatura na mioglobina ou na medula 
óssea para fabricar as hemácias 
➢ TRANSPORTE DO FERRO NO ORGANISMO: 
• Ferritina e Hemossiderina: 
▪ São proteínas responsáveis por estocar o ferro 
• Transferrina: 
▪ Transporta o ferro 
▪ Conduz e entrega o ferro aos tecidos que tem 
receptores para transferrina 
• Hepcidina: 
▪ Hormônio regulador da homeostasia do ferro 
• Ferroportina: 
▪ Transportador de ferro para a membrana basolateral 
do enterócito 
 
2 ANEMIA FERROPRIVA E ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
Gizelle Felinto 
▪ Trata-se de uma proteína que exporta o ferro para a 
corrente sanguínea 
ETIOLOGIA 
➢ PRINCIPAIS CAUSAS DE FERROPENIA: 
• Sangramento do Trato Gastrointestinal 
• Redução da Absorção de Ferro 
• Fluxo Menstrual Aumentado (Ex: Metrorragia, 
hipermenorréia) 
• Dieta inadequada → principalmente na primeira infância e 
nos idosos 
• Gestação 
➢ IMPORTANTE! → FERROPENIA POR SANGRAMENTO 
• Nesses casos, deve-se tratar a causa do sangramento, 
pois apenas repor o ferro melhora a anemia por certo 
tempo, mas se não tratar a causa de que está levando a essa 
perda de ferro a anemia pode voltar 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
➢ SINAIS E SINTOMAS GERAIS: 
• Palidez cutaneomucosa 
• Fadiga 
• Baixa tolerância ao exercício (astenia) 
• Redução do desempenho muscular 
• Rarefação do peso 
• Unhas e cabelos quebradiços 
➢ Perversão Alimentar → Ex: vontade de comer tinta, barro, 
chupar gelo... 
➢ Baqueteamento Digital 
➢ Coiloníquia → unha côncava (em formato de colher), pois ocorre 
depressão da parte central da unha e elevação dos bordos 
➢ Atrofia das Papilas Linguais → causa dificuldade de sentir o 
gosto dos alimentos 
➢ Estomatite 
➢ Queilite Angular → são fissuras nos cantos da boca 
➢ Membranas Esofágicas → dificultam a deglutição 
• Síndrome de Plummer-Vinson (Síndrome de Paterson-Kelly 
ou Disfagia Sideropênica) → caracteriza-se pela tríade 
disfagia cervical, deficiência de ferro e presença de 
membrana esofágica 
➢ ATENÇÃO! → ANEMIA FERROPRIVA EM GESTANTES: 
• Aumenta-se o risco de: 
▪ Prematuridade 
▪ Baixo peso ao nascer 
▪ Morte intrauterina 
• É por isso que se faz a reposição profilática de ferro 
(Sulfato Ferroso) no acompanhamento da gestante no Pré-
Natal, pois a gestação é uma situação de demanda 
aumentada 
DIAGNÓSTICO 
➢ PODE-SE SEGUIR O SEGUINTE PASSO A PASSO AO SE 
ANALISAR O HEMOGRAMA: 
1. Hemoglobina → para analisar se há anemia (índices de 
hemoglobina baixos) 
2. VCM → para observar o tamanho da hemácia 
▪ Microcitose (tamanho reduzido) → fala mais a favor de 
anemia ferropriva 
▪ Macrocitose (tamanho aumentado) → fala mais a favor 
de uma anemia megaloblástica, por exemplo 
3. RDW (Índice de Anisocitose) → avalia se há diferença no 
tamanho das hemácias 
▪ RDW aumentado → indica que existem hemácias de 
tamanhos diferentes entre si. Na anemia ferropriva 
ocorre aumento do RDW 
▪ RDW normal → todas as hemácias apresentam o 
mesmo tamanho, podendo ser com VCM aumentado, 
normal ou diminuído 
➢ QUADRO CLÁSSICO DA ANEMIA FERROPRIVA: 
• Hemoglobina baixa (anemia) 
• RDW aumentado 
▪ O RDW aumentado é uma das principais 
características, principalmente nas fases iniciais 
• VCM e HCM baixos 
➢ EM RELAÇÃO ÀS FASES DA ANEMIA: 
• Fase Inicial → o RDW aumentado é uma das principais 
características 
• Fase Intermediária → o paciente pode ou não ter um desses 
índices alterados (RDW, VCM e HCM) 
• Fase Final → as hemácias estarão mais parecidas e o RDW 
não estará alterado 
➢ HEMOGRAMA: 
• Caracteriza-se por Hipocromia e Microcitose 
• Hemograma Típico: 
▪ Hemoglobina baixa 
▪ RDW alto 
▪ VCM baixo (microcitose) 
▪ HCM baixo (hipocromia) 
▪ Plaquetose → aumento no número de plaquetas (pode 
chegar a mais de 1.000.000) 
✓ Atenção → a plaquetose ocorre principalmente 
em crianças 
o Dessa forma, quando um hemograma de uma 
criança indica plaquetos, pede-se a 
dosagem de Ferritina, pois pode se tratar 
apenas de uma falta de ferro 
• Reticulócito → Tem-se uma Reticulocitopenia 
▪ Pode ocorrer nas anemias carenciais (Ex: por ferro ou 
Vitamina B12) 
▪ Pode indicar que a medula está prejudicada desde o 
início e que já não consegue produzir esses 
precursores 
➢ ESFREGAÇO SANGUÍNEO: 
• Tem-se hemácias em alvo e Eliptócitos (hemácias ovaladas) 
• Poiquilocitose → hemácias de tamanho diminuído, 
coloração mais fraca e formas diferentes de hemácias 
 
3 ANEMIA FERROPRIVA E ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
Gizelle Felinto 
• Aspecto Dimórfico (duas formas diferentes de hemácias) 
→ pode indicar um dos seguintes: 
▪ Tratamentorecente com ferro 
▪ Associação de anemia ferropriva com anemia 
megaloblástica 
▪ Transfusão sanguínea 
• RDW aumentado (índice de anisocitose) → as populações 
de células têm tamanhos diferentes entre si 
EXAMES CONFIRMATÓRIOS 
➢ Tem-se exames confirmatórios invasivos e não invasivos 
➢ MIELOGRAMA (Avaliação de Medula Óssea por Aspirado): 
• É o exame padrão-ouro, pois avalia o ferro medular 
• Utiliza-se um corante específico para ver a quantidade de 
ferro na medula óssea 
• É usado em casos especiais, como: 
▪ Idosos 
▪ Neoplasias 
▪ Dúvida diagnóstica 
• Quando se tem ausência de estoque de ferro significa um 
quadro de ferropenia (sem estoque de ferro = ferropenia) 
• Desvantagens: 
▪ É um exame invasivo 
▪ É caro e doloroso, por isso é pouco usado na prática 
➢ FERRO SÉRICO (Perfil/Cinética do Ferro): 
• Mede a quantidade de ferro presente na circulação 
sanguínea 
• Valor normal = 45 a 50µg/dL 
• Diminuição do valor = Ferropenia 
➢ DOSAGEM DE FERRITINA: 
• É um ótimo exame para ser associado ao Hemograma 
• Valores < 30ng/mL → Estoques de ferro prejudicados 
➢ TRANSFERRINA: 
• Pode ser avaliada por meio de dosagem direta ou por 
avaliação da capacidade total de ligação do ferro 
• Dosagem Direta (Índice de Saturação da Transferrina-IST): 
▪ É realizada para que se saiba exatamente quanto de 
ferro está preenchendo os ligantes de ferro 
▪ Valores Normais = 20 a 45% 
▪ Saturação: 
✓ < 16 = baixa saturação 
✓ > 20 = intermediária a normal 
✓ > 45 = saturação aumentada 
▪ Aumento da Saturação = muito ferro se ligando 
▪ Calcula-se da seguinte forma 
𝑋 =
𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑆é𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑇𝐼𝐵𝐶
 𝑜𝑢 𝑋 =
𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑆é𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟𝑟𝑖𝑛𝑎 𝑥 0,7
 
• Avaliação da Capacidade Total de Ligação do Ferro 
(TIBC): 
▪ A transferrina tem 2 sítios de ligação para o ferro. Se 
todos os sítios estão ocupados, pode-se afirmar que a 
capacidade de ligação do ferro está diminuída 
▪ Falta de ferro = aumento da capacidade da transferrina 
se ligar 
➢ ATENÇÃO! → ÍNDICE DE ANISOCITOSE (RDW) 
• O RDW está aumentado quando se tem populações de 
hemácias de tamanhos diferentes. Ou seja, quando algumas 
estão normais e outras estão alteradas, que é o que ocorre 
na anemia ferropriva e na anemia megaloblástica, por 
exemplo 
• O RDW é visto por meio do 
esfregaço sanguíneo, 
onde, na anemia 
ferropriva, tem-se 
diferentes formas de 
hemácias, com algumas 
de tamanho normal e outras de tamanho reduzido, que são 
as alteradas, como se vê na imagem ao lado 
• RDW aumentado → o RDW encontra-se aumentado nas 
seguintes situações: 
▪ Início da anemia ferropriva → onde se tem hemácias 
normais e doentes juntas 
▪ No início do tratamento da anemia ferropriva → onde 
algumas hemácias estão se recuperando e outras 
ainda se encontram doentes 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
 
4 ANEMIA FERROPRIVA E ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
Gizelle Felinto 
➢ Anemia Ferropriva → VCM diminuído, HCM diminuído e RDW 
aumentado 
➢ Anemia da Doença Crônica: 
• Esse tipo de anemia decorre da utilização inadequada de 
ferro → ou seja, embora, muitas vezes, a quantidade de 
ferro esteja normal, ele não circula de maneira adequada 
• A diferença para a anemia ferropriva é que na Anemia da 
Doença Crônica a Ferritina está aumentada 
➢ Doença Talassêmica ou Traço Talassêmico: 
• Na Talassemia tem-se, geralmente: 
▪ Discreta anemia 
▪ VCM diminuído 
▪ HCM diminuído 
▪ RDW normal → pois praticamente todas as hemácias 
tem um tamanho igual, mesmo que doentes 
➢ Anemia Sideroblástica: 
• Na anemia sideroblástica não há aproveitamento do ferro 
• Tem-se um anel ao redor das células precursoras das 
hemácias 
• Trata-se de uma desordem (hereditária ou adquirida) 
caracterizada por um defeito na síntese do heme. Dessa 
forma, sobra ferro no interior do eritroblasto. Assim, o ferro 
livre deposita-se na mitocôndria, promovendo um estresse 
oxidativo e um dano a mitocrôndria. O depósito do ferro 
mitocondrial dá o aspecto microscópico dos sideroblastos 
em anel, ou seja, eritroblastos com depósito de ferro em 
volta do núcleo 
TRATAMENTO 
➢ PRINCÍPIOS GERAIS → para tratar a anemia por falta de ferro 
deve-se seguir: 
1. Identificar a forma de ferro 
2. Ver a causa da falta de ferro → Sempre se deve tratar 
também a causa da falta de ferro! 
3. Tratar a anemia por tempo adequado 
➢ O tratamento consiste em: 
• Tratar a causa base da anemia ferropriva 
• Realizar a reposição de ferro por via oral ou parenteral → 
essa reposição deve ser suficiente para tirar o paciente do 
quadro de anemia e para repor os estoques de ferro 
➢ ORIENTAÇÕES ALIMENTARES → deve-se orientar o paciente a 
ingerir: 
• Carne vermelha → pelo menos 2 a 4 vezes por semana 
• Vegetais verde-escuros 
➢ REPOSIÇÃO ORAL DE FERRO: 
• Atenção! → Recomenda-se manter doses terapêuticas por 
até cerca de 4 meses após a resolução da anemia 
 SULFATO FERROSO: 
 
▪ Recomendações sobre a ingestão do Sulfato Ferroso: 
✓ Deve ser ingerido 1 a 2 horas antes de se alimentar 
✓ Preferencialmente ingerido com líquidos ácidos 
(Ex: suco de laranja) → pois permitem a melhor 
redução do ferro 
✓ Não tomar junto ao leite! → pois o leite não é um 
líquido ácido e, dessa forma, não garante uma boa 
absorção do ferro 
▪ Dose ideal de Ferro elementar por dia: 
✓ Adulto → 180 a 200 mg/dia de Fe elementar 
o O sulfato ferroso deve ser tomado 1 a 2 horas 
antes do almoço e 1 a 2 horas antes do jantar 
(2 comprimidos por tomada), 
preferencialmente ingerido com líquidos 
ácidos 
✓ Criança → 1,5 a 2 mg/kg/dia de Fe elementar 
o O sulfato ferroso deve ser dividido em doses 
e 3 vezes/dia e separado do horário das 
mamadas, pois o leite prejudica a absorção 
do ferro 
▪ Efeitos Colaterais: 
✓ Efeitos do TGI (em 30% dos casos): 
o Pirose 
o Dor epigástrica 
o Náuseas e vômitos 
o Empachamento 
o Dor abdominal em cólica 
o Diarreia 
o Obstipação 
• Outros Sais disponíveis: 
▪ Hidróxido de Ferro III polimaltosado 
▪ Ferro quelato glicinato 
▪ Ferrocarbonila 
• Causas da má resposta ao tratamento com ferro oral: 
▪ Má adesão ao tratamento 
▪ Hemorragia Persistente: 
✓ Paciente com um quadro que leva a hemorragias 
e tem como consequência uma anemia (Ex: 
Ancilostomíase, Giardíase, Diabético com 
ferimento crônico, úlcera no estômago...) 
▪ Diagnóstico Errado (Ex: Traço Talassêmico, Anemia 
Sideroblástica) 
▪ Doença Mista (associação com outro tipo de anemia) 
→ Ex: + deficiência de folato ou de vitamina B12 
▪ Outra causa principal que levou à anemia → Ex: 
processo maligno (tumorações), inflamação... 
▪ Doença do TGI que leva à má absorção: 
✓ Doença Celíaca 
✓ Gastrite Atrófica 
✓ Infecção por Helicobacter pylori: 
o Com o tempo, o H. pylori acaba destruindo as 
células parietais do estômago (produtoras 
 
5 ANEMIA FERROPRIVA E ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
Gizelle Felinto 
de ácido), diminuindo a quantidade de ácido 
no estômago, levando o paciente a um quadro 
de hipo ou acloridria, tornando, basicamente, 
o meio mais básico, o que dificulta a 
absorção de ferro 
o Dessa forma, como o meio está menos ácido 
ocorre uma falha na absorção do ferro, 
mesmo com o paciente fazendo a reposição 
o Diante disso, deve-se ter cuidado com 
pacientes com gastrites de repetição, pois 
mesmo com a reposição de ferro a anemia 
não será curada 
o Assim, deve-se tratar primeiro a infecção 
pelo H. pylori e depois fazer a reposição de 
ferro 
➢ REPOSIÇÃO PARENTERAL DE FERRO: 
• É feita em situações especiais 
• Vias de Administração → em ambiente intra-hospitalar 
▪ Intramuscula → é praticamente proscrita 
✓ Não é tão segura quanto a absorção do ferro 
✓ Pode causar o aparecimento de hematomas e 
linfonodomegalias no local da aplicação 
▪ Endovenosa → é a mais usada 
 SACARATO DE HIDRÓXIDO FÉRRICO III (Noripurum® 
endovenoso) 
✓ A aplicação deve ser lenta! 
o Adulto→ 1h e 30min a 3h 
o Criança → 2h e 30min a 3h e 30min 
✓ Se a aplicação for rápida, aumenta-se o risco de: 
o Anafilaxia 
o Alterações cardíacas 
o Gosto metálico na boca 
o Hipotensão 
o Dor e queimação no local da punção 
o Aumento da pressão arterial 
o Mal-estar súbito 
• Indicações do tratamento parenteral: 
▪ Intolerância, má adesão ou ausência de resposta ao 
ferro oral, apesar da modificação do sal, da posologia 
ou da ingestão com alimentos 
▪ Anemia por deficiência de ferro a partir do 2º trimestre 
de gestação 
▪ Má absorção intestinal (Ex: Doença Inflamatória 
Intestinal) 
▪ Sangramento que excede a capacidade de absorção 
▪ Necessidade de elevação muito rápida dos estoques de 
ferro: 
✓ Ex: paciente inicialmente já sintomática com 
diminuição da hemoglobina → necessita de 
rápida elevação dos estoques de ferro 
▪ Pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) recebendo 
eritropoietina → pois depleta mais rapidamente as 
hemácias 
▪ Pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) 
e deficiência de ferro 
▪ Paciente que apresentou muito efeito colateral com a 
reposição oral 
• Reposição de ferro → deve-se calcular de acordo com o 
peso do paciente e o nível da hemoglobina 
➢ RESPOSTA AO TRATAMENTO: 
• Sinais mais precoces: 
▪ Pico reticulocitário entre o 5º e o 10º dia de terapia 
▪ Hemoglobina aumenta em média 1g/dL/semana 
• Em 1 a 2 semanas de tratamento: 
▪ Melhora da perversão alimentar (PICA) 
▪ A descamação da pele começa a melhorar 
• Em 3 meses: 
▪ Melhora do despapilamento (alteração da língua) 
• Em 3 a 6 meses: 
▪ A coloníquia (alteração do leito ungueal) começa a 
melhorar ou não melhora nunca 
• Gastrite não responde à terapia! 
➢ USO PROFILÁTICO DE FERRO: 
• Em alguns países, tem-se a suplementação universal de 
ferro na farinha de trigo 
• Indicações: 
▪ Gestação e lactação → 100mg de Ferro elementar por 
dia 
✓ Gestação: 
o Uma das causas de anemia ferropriva na 
mulher são gestações repetidas, em que 
não foi feita a profilaxia. Além de a gestação 
ser uma situação de alta demanda, no parto 
também ocorre perda de sangue (parto 
normal = 0,5 L e cesárea = 1 L de sangue, 
geralmente) 
▪ Crianças até 5 anos de idade: 
✓ Pois, geralmente, essas crianças têm uma 
alimentação pobre em ferro 
✓ Pré-escolares → 30mg de Fe elementar/dia 
✓ Escolares → 30 a 60mg de Fe elementar/dia 
• Deve-se ter atenção redobrada nos seguintes casos, 
podendo ser necessária a profilaxia: 
▪ Mulheres → deve-se ter cuidado com a menstruação 
(em casos de fluxo excessivo) e em gestações 
repetidas 
▪ Homem (> 50 anos) ou mulher menopausada: 
✓ Deve-se pensar nas perdas do trato 
gastrointestinal, pois sangramentos intestinais 
são muito frequentes (realizar endoscopia e 
colonoscopia em busca de possíveis alterações) 
 
 
 
6 ANEMIA FERROPRIVA E ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
Gizelle Felinto 
ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA 
INTRODUÇÃO 
➢ DEFINIÇÃO: 
• Trata-se de uma anemia leve a moderada que acompanha 
doenças infecciosas, inflamatórias, traumáticas ou 
neoplásicas na ausência de sangramento, hemólise ou 
infiltração medular por células tumorais 
• O organismo possui ferro, mas não consegue utilizá-lo 
• Há uma aparente falta de ferro, mas quando se faz a 
contagem vê-se que há um excesso de ferro 
• Atenção → não engloba doenças Renais, Hepáticas e 
Endócrinas 
➢ EPIDEMIOLOGIA: 
• É o tipo de anemia mais comum em pacientes hospitalizados 
• Pode mimetizar ou coexistir com outros tipos de anemias 
➢ ETIOLOGIA → doenças associadas: 
• Infecções Pulmonares (Ex: Pneumonias, Abscesso 
pulmonar...) 
• Leucemias 
• Linfomas 
FISIOPATOLOGIA 
➢ Acredita-se que a Anemia da Doença Crônica seja Imunoinduzida, 
ocorrendo em situações inflamatórias 
➢ Sistema Reticuloendotelial (SRE) → as células do SRE 
aumentam a captura e a retenção de ferro, causando uma 
dificuldade em liberar o ferro desses estoques. Dessa forma, 
tem-se um distúrbio no metabolismo do ferro 
➢ Citocinas → as citocinas tem uma ação inibitória, causando o 
bloqueio da proliferação dos precursores eritróides 
• Situações inflamatórias, traumáticas e imunomediadas 
aumentam as citocinas 
• A medula óssea passa a ter uma resposta prejudicada e 
diminui a produção das células vermelhas 
• Além disso, tem-se uma secreção inapropriadamente baixa 
de eritropoetina 
➢ Resumindo → tem-se um excesso de Ferro sendo estocado, mas 
que não é liberado para ser transportado para os locais em que 
há necessidade 
➢ Dessa forma, o sangue precisa de ferro, mas não tem disponível, 
o que aparenta ser uma Ferropenia. Porém, tem-se a Ferritina 
aumentada 
➢ Há uma grande relação com a Hepcidina (hormônio regulador 
da hemostasia do ferro) → em uma situação inflamatória ocorre 
um aumento da hepcidina, fazendo com que a ferroportina (que 
leva o ferro para a corrente sanguínea) não exerça sua função, 
levando ao acúmulo de ferro 
QUADRO CLÍNICO E LABORATORIAL 
➢ QUADRO CLÍNICO: 
• Decorre da doença de base que está causando a anemia 
➢ ALTERAÇÕES LABORATORIAIS: 
• Anemia leve (Hematócrito = 30 a 40%) 
• Hemácias Normocíticas ou Microcíticas e Normocrômicas 
• VCM geralmente > 72 fL 
• Ferro Sérico e Transferrina (IST e TIBC) diminuídos 
• Ferritina aumentada 
DOENÇAS MAIS ASSOCIADAS 
 
DIAGNÓSTICO 
➢ Normalmente, a única manifestação é a anemia 
➢ Deve-se realizar a análise do metabolismo do ferro, onde vê-se, 
principalmente, que a Ferritina está aumentada 
TRATAMENTO 
➢ Não há um tratamento específico, devendo-se tratar 
principalmente a doença de base 
➢ TIPOS DE TRATAMENTO: 
• Transfusão Sanguínea → é pouco indicada e, 
normalmente, a anemia é oligossintomática 
• Ferroterapia → a reposição de ferro é feita apenas nos 
casos em que se tem deficiência de ferro associada 
• Eritropoetina Recombinante Humana → tem benefício 
nas doenças autoimunes e no câncer

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