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TRATO GASTRINTESTINAL Além de sua função principal de digestão e absorção de alimentos, o trato gastrointestinal é um dos principais sistemas endócrinos do corpo e tem sua própria rede neuronal integradora, o sistema nervoso entérico É o local de muitas patologias comuns, variando desde uma simples dispepsia até complexas afecções autoimunes, como a doença de Crohn, e os medicamentos para tratar esses distúrbios gastrointestinais compreendem cerca de 8% de todas as prescrições. INERVAÇÃO E HORMÔNIOS DO TRATO GASTRINTESTINAL CONTROLE NEURONAL Há dois plexos intramurais principais no trato: o primeiro é o plexo mioentérico (plexo de Auerbach) entre a camada muscular mais externa, longitudinal, e a camada média, circular. O segundo é o plexo submucoso (plexo de Meissner) no lado luminal da camada muscular circular. Esses plexos são interconectados e suas células ganglionares recebem fibras parassimpáticas pré-ganglionares do vago, que são principalmente colinérgicas e excitatórias, embora algumas sejam inibitórias. As fibras simpáticas que chegam são, em sua maior parte, pós-ganglionares. Além de inervar vasos sanguíneos, músculo liso e algumas células glandulares diretamente, algumas fibras simpáticas terminam nesses plexos, onde inibem a secreção de acetilcolina. Os neurônios no interior dos plexos constituem o sistema nervoso entérico e secretam não somente acetilcolina e norepinefrina (noradrenalina), mas também 5- hidroxitriptamina (5-HT), purinas, óxido nítrico e uma variedade de peptídeos farmacologicamente ativos (Caps. 12- 20). O plexo entérico contém também neurônios sensitivos, que respondem a estímulos mecânicos e químicos. CONTROLE HORMONAL Os hormônios do trato gastrointestinal incluem secreções endócrinas e parácrinas. As secreções endócrinas (i. e., substâncias liberadas na corrente sanguínea) são, principalmente, peptídeos sintetizados por células endócrinas na mucosa. Exemplos importantes incluem a gastrina e a colecistoquinina. As secreções parácrinas incluem muitos peptídeos reguladores liberados de células FARMACOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO Highlight Highlight especiais encontradas em toda a parede do trato. Esses hormônios atuam sobre células próximas e, no estômago, o mais importante desses é a histamina. Outras funções do trato gastrointestinal que são importantes do ponto de vista de intervenção farmacológica são: I: Secreção gástrica; II: Vômitos (êmese) e náuseas; III: Motilidade intestinal e eliminação das fezes; IV: Formação e eliminação da bile SECREÇÃO GÁSTRICA O estômago secreta cerca de 2,5 litros de suco gástrico por dia. Os principais componentes exócrinos são pró-enzimas, como a pró-renina e o pepsinogênio, elaborados pelas células principais ou pépticas, e o ácido clorídrico (HCl) e fator intrínseco, secretados pelas células parietais ou oxínticas. A produção de ácido é importante para promoção da digestão proteolítica dos alimentos, absorção do ferro e eliminação de patógenos. As células secretoras de muco são abundantes na mucosa gástrica. Os íons bicarbonato são secretados e ficam presos no muco, criando uma barreira protetora como um gel que mantém a superfície da mucosa em um pH de 6-7 em face de um ambiente muito mais ácido (pH 1-2) na luz. O álcool e a bile podem romper essa camada protetora. A secreção de muco e bicarbonato é estimulada por prostaglandinas “citoprotetoras” produzidas localmente. Considera-se que desequilíbrios desses mecanismos secretores e protetores estejam envolvidos na patogênese da úlcera péptica, e, de fato, em outros tipos de comprometimento gástrico como a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) 1 e lesões causadas pelos anti- inflamatórios não esteroidais (AINEs). REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE ÁCIDOS PELAS CÉLULAS PARIETAIS Os distúrbios da secreção de ácido são importantes na patogênese da úlcera péptica e constituem um alvo particular para a ação de fármacos. A secreção das células parietais é uma solução isotônica de HCl Os principais mediadores que controlam direta ou indiretamente o ácido gerado pelas células parietais são: I: Histamina Hormônio local estimulador; II: Gastrina Hormônio peptídico estimulador; III: Acetilcolina Neurotransmissor estimulador; IV: Prostaglandinas E2 e I2 Hormônios locais que inibem a secreção de ácido V: Somatostatina Hormônio peptídico inibidor HISTAMINA As células neuroendócrinas são abundantes no estômago, e o tipo dominante são as células ECS Elas proporcionam uma liberação basal constante de histamina, que ainda é aumentada pela Gastrina e a Acetilcolina. A histamina atua de forma parácrina nos receptores H1 das células parietais, aumentando o AMPc intracelular. Essas células respondem a concentrações de histamina que estejam abaixo do limiar necessário para ativação dos receptores H2 vasculares. GASTRINA É sintetizada pelas células G no antro gástrico e é secretada no sangue da porta (i. e., atua de forma endócrina). Sua principal ação é a estimulação da secreção de ácido pelas células ECS através da sua ação nos receptores de gastrina/colecistoquinina (CCK) 2 , 2 que aumentam o Ca 2+ intracelular. Os receptores CCK2 são bloqueados pelo fármaco experimental proglumida, que tem efeito inibitório modesto sobre a ação da gastrina. A gastrina estimula também a síntese de histamina pelas células ECS e aumenta, indiretamente, a secreção de pepsinogênio, estimula o fluxo sanguíneo e aumenta a motilidade gástrica. Aminoácidos e pequenos peptídeos estimulam diretamente as células secretoras de gastrina, assim como o leite e soluções de sais de cálcio, o que explica por que é inadequado usar sais contendo sais de cálcio como antiácidos. ACETILCOLINA A acetilcolina é liberada de neurônios colinérgicos pós-ganglionares, estimula receptores M3 muscarínicos específicos na superfície das células parietais, elevando, em decorrência, o Ca 2+ intracelular e estimulando a liberação de prótons. Também apresenta efeitos complexos em outros tipos celulares; através da inibição da liberação da somatostatina das células D, potencializa sua ação Highlight sobre a secreção de ácido pelas células parietais. PROSTAGLANDINAS A maioria das células do trato gastrointestinal produz prostaglandinas, sendo as mais importantes a PGE2 e a PGEI2. As prostaglandinas exercem efeitos “citoprotetores” em muitos aspectos da função gástrica, incluindo aumento da secreção de bicarbonato, aumento da liberação de mucina protetora, redução da produção de ácido gástrico provavelmente por ação nas células ECS, e prevenindo a vasoconstrição (e, portanto, o dano à mucosa) que ocorre após estímulo agressivo. O misoprostol é uma prostaglandina sintética que provavelmente explora muitas dessas ações para manifestar seus efeitos terapêuticos. SOMATOSTATINA Mediante atuação no receptor 2 de somatostatina (SST) 2, exerce efeitos inibitórios parácrinos sobre a liberação de gastrina pelas células G, sobre a liberação de histamina pelas células ECS, assim como diretamente sobre a produção de ácido pelas células parietais. COORDENAÇÃO DOS FATORES QUE REGULAM A SECREÇÃO ÁCIDA O modelo mais aceito atualmente é que o eixo gastrina-ECS-célula parietal é o mecanismo dominante para o controle da secreção de ácido. A etapa inicial para o controle fisiológico da secreção é a liberação de gastrina pelas células G. Esta atua através do seu receptor CCK2 nas células ECS promovendo liberação de histamina e pode também possuir um efeito secundário sobre as próprias células parietais, embora essa hipótese esteja em discussão. A histamina atua sobre os receptores H2 das células parietais aumentando o AMPc e ativando a secreção de prótons, comodescrito. A estimulação vagal direta também pode provocar secreção de ácido (fato que fundamenta as “úlceras de estresse”) através da liberação de acetilcolina, que estimula diretamente os receptores M3 presentes nas células parietais. A somatostatina provavelmente exerce sua influência inibitória tônica sobre as células G, as ECS e as células parietais. As prostaglandinas locais (ou administradas exogenamente) atuam exercendo efeito inibitório predominantemente sobre a função das células ECS. FÁRMACOS USADOS PARA INIBIR OU NEUTRALIZAR A SECREÇÃO DO ÁCIDO GÁSTRICO As principais indicações clínicas para reduzir a secreção de ácido são a ulceração péptica (duodenal e gástrica), a DRGE (na qual a secreção gástrica causa lesão no esôfago) e a síndrome de Zollinger-Ellison (uma rara afecção hipersecretora causada por um tumor secretor de gastrina). Se não for tratada, a DRGE pode causar displasia no epitélio esofágico que pode progredir para uma afecção pré-cancerosa potencialmente perigosa denominada esôfago de Barrett. As razões pelas quais as úlceras pépticas se desenvolvem ainda não estão completamente esclarecidas, embora a infecção da mucosa do estômago pelo Helicobacter pylori 3 agora seja considerada a principal causa (especialmente da úlcera duodenal) e, conquanto existam alguns problemas com essa concepção (Axon, 2007), é a que dá o fundamento teórico usual para a terapêutica. A terapia da úlcera péptica e da esofagite de refluxo visa diminuir a secreção de ácido gástrico usando antagonistas dos receptores H2 ou inibidores da bomba de prótons, e/ou neutralizar o ácido secretado com antiácidos. Esses tratamentos com frequência são acoplados a medidas para erradicar o H. pylori ANTAGONISTAS DO RECEPTOR H2 DA HISTAMINA: HISTAMINÉRGICOS Os antagonistas do receptor H2 da histamina inibem, competitivamente, as ações da histamina em todos os receptores H2, mas seu principal uso clínico é como inibidores da secreção de ácido gástrico. Podem inibir a secreção de ácido estimulada pela histamina e pela gastrina; a secreção de pepsina também cai com a redução de volume do suco gástrico, além de promoverem o fechamento de úlceras duodenais. Os principais fármacos usados são cimetidina, ranitidina (algumas vezes combinada a bismuto), nizatidina e famotidina ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS E EFEITOS INDESEJÁVEIS Os fármacos são, em geral, administrados por via oral e são bem absorvidos, embora também estejam disponíveis preparações para uso intramuscular e intravenoso Os efeitos adversos são raros. Têm sido relatados casos de diarreia, tonturas, dores musculares, alopecia, rashes transitórios, confusão em idosos e hipergastrinemia. Em homens, a cimetidina ocasionalmente provoca ginecomastia e, raramente, diminuição da função sexual. Isso provavelmente é causado por sua pequena afinidade por receptores de andrógenos. A cimetidina (mas não outros antagonistas do receptor H2) também inibe o citocromo P450 e pode retardar o metabolismo (e, desse modo, potencializar a ação) de vários fármacos, incluindo anticoagulantes orais e antidepressivos tricíclicos INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS O primeiro inibidor da bomba de prótons foi o omeprazol, que inibe irreversivelmente a H+ -K+ -ATPase (a bomba de prótons), ou seja, a etapa terminal na via secretora de ácido. Reduzem-se as secreções de ácido gástrico basal e a estimulada por alimentos. Eles são os mais potentes inibidores da secreção de ácido gástrico, uma vez que possuem o antagonismo direto Como o fármaco é uma base fraca, ele se acumula no ambiente ácido dos canalículos da célula parietal estimulada, onde é convertido em uma forma aquiral e se torna, depois, capaz de reagir com a ATPase e inativá-la. Esse acúmulo preferencial significa que tem um efeito específico sobre essas células. Outros inibidores da bomba de prótons (todos com um modo de ativação e farmacologia semelhantes) incluem o esomeprazol (o isômero [S] do omeprazol), lansoprazol, pantoprazol e rabeprazol. A indicação clínica para esses fármacos é dada no quadro clínico OBS: Diferentemente destes, que bloqueiam diretamente a bomba, o antagonismo H2, inibe apenas uma via, de forma que sobram outras ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS E EFEITOS ADVERSOS Eles são de rápida absorção e são, idealmente, administrados 30min antes da refeição, já que, se ingeridos com alimentos, há redução de 50% na biodisponibilidade. A via de administração mais comum é a oral, embora existam algumas preparações injetáveis. O omeprazol é administrado por via oral, mas como se degrada rapidamente em pH baixo, é administrado em cápsulas contendo grânulos de revestimento entérico. Após a sua absorção no intestino delgado, passa do sangue para dentro das células parietais e depois para os canalículos onde exerce os seus efeitos. Doses aumentadas causam elevação desproporcional da concentração plasmática Embora sua meia-vida seja de cerca de 1 hora, uma dose diária única afeta a secreção de ácido por 2-3 dias, em parte porque se acumula nos canalículos e em parte porque inibe a H+ -K+ -ATPase irreversivelmente Eles sofrem metabolismo de primeira passagem e eliminação renal Os efeitos adversos dessa classe de fármacos são incomuns. Podem incluir náusea, vômito, dor abdominal, constipação, flatulência, diarreia (estes pela alta produção de CO2 devido à redução de HCl), cefaleia e rashes. Foram relatadas tonturas, sonolência, confusão mental, impotência, ginecomastia e dores musculares e articulares. Os inibidores da bomba de prótons devem ser usados com cautela em pacientes com hepatopatia ou em mulheres que estejam grávidas ou amamentando. O uso desses fármacos pode “mascarar” os sintomas de câncer gástrico. ANTIÁCIDOS Os antiácidos são o modo mais simples de tratar os sintomas da secreção excessiva de ácido gástrico e agem por meio da neutralização direta do ácido HCl, por meio de tamponamento, em que as bases se ligam aos ácidos. Eles não interferem na produção e nem na secreção do ácido clorídrico, já que não se ligam a nenhum receptor A ação destes depende do tempo de esvaziamento gástrico e são recomendados quando não é um sintoma recorrente, mas sim quando se ingere algo “pesado” ou algo que não tem o costume de ingerir Administrados em quantidade suficiente, por tempo suficiente, podem produzir fechamento de úlceras duodenais, mas são menos eficazes para úlceras gástricas. A maioria dos antiácidos em uso comum são sais de magnésio e alumínio. Os sais de magnésio causam diarreia, e os sais de alumínio, constipação, de modo que as misturas dos dois, felizmente, podem ser usadas para preservar a função normal do intestino. Os antiácidos podem interferir na absorção de sais (fósforo), vitaminas e medicamentos pela alteração do PH provocada por eles. Porém, possuem uso restrito na atualidade por: I: Ausência de comodidade posológica II Necessidade de tratamento prolongado III: Disponibilidade de drogas com melhor perfil terapêutico (melhor mecanismo de ação) PRINCIPAIS AGENTES I: Bicarbonato e Carbonato de Sódio II: Hidróxido de Alumínio III: Hidróxido de Magnésio IV: Carbonato de Cálcio USO CONTÍNUO DE ANTIÁCIDOS Leva à estimulação de células G, devido à diminuição do PH. Isso eleva a quantidade de gastrina e, consequentemente, aumenta o HCl Além disso, pela reação química estabelecida em sua atuação, tem-se a produção de CO2, responsável por sintomas como eructação, náuseas, distensão abdominal e flatulência FÁRMACOS QUE PROTEGEM A MUCOSA Afirma-se que alguns agentes, denominados sitioprotetores, produzem proteção da mucosa em forma de barreira, e os citoprotetores aumentam os mecanismos endógenos de proteçãoda mucosa (doadores de prostaglandina para a mucosa gástrica) e/ou proporcionam uma barreira física sobre a superfície da úlcera. SITIOPROTETORES QUELATO DE BISMUTO Este fármaco reveste a base da lesão ulcerosa; potencializa a secreção de prostaglandinas e estimula a secreção de bicarbonato Às vezes, o quelato de bismuto (dicitratobismutato tripotássico) é usado em esquemas combinados para tratar H. pylori. Tem efeitos tóxicos sobre o bacilo e também pode impedir sua aderência à mucosa ou inibir suas enzimas proteolíticas bacterianas. Muito pouco é absorvido, mas se a eliminação renal for comprometida, as concentrações plasmáticas elevadas de bismuto poderão resultar em encefalopatia. Os efeitos adversos incluem náuseas e vômitos e escurecimento da língua e das fezes. SUCRALFATO O sucralfato é um complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada que libera alumínio em presença de ácido. Pode formar géis complexos com o muco, ação que se pensa diminuir a degradação do muco pela pepsina e limitar a difusão de íons H+ . O sucralfato pode também inibir a ação da pepsina e estimular a secreção de muco, bicarbonato e prostaglandinas pela mucosa gástrica. Todas essas ações contribuem para o seu efeito protetor da mucosa. O sucralfato é administrado por via oral, e 3 horas após a administração cerca de 30% ainda estão presentes no estômago. Os efeitos adversos são poucos, sendo o mais comum a constipação. Efeitos menos comuns, além da formação de bezoar gástrico, incluem boca seca, náuseas, vômitos, cefaleia, hipofosfatemia e rashes. OBS: Ele melhor a dor, mas não trata a úlcera CITOPROTETORES MISOPROSTOL O misoprostol é um análogo estável da prostaglandina E1 . É administrado por via oral e usado para promover a cicatrização de úlceras ou para prevenir lesão gástrica que pode ocorrer com o uso crônico de AINEs. Exerce ação direta sobre a célula ECS (e possivelmente sobre a célula parietal também), inibindo a secreção basal de ácido gástrico, bem como a estimulação da produção que ocorre em resposta a alimentos, pentagastrina e cafeína. Também aumenta o fluxo sanguíneo na mucosa e aumenta a secreção de muco e de bicarbonato. Ele é de absorção oral rápida, cuja ingestão é do metabólito ativo de meia vida de 30min. Sua eliminação é renal Os efeitos adversos incluem diarreia e cólicas abdominais; também podem ocorrer contrações uterinas, de modo que o fármaco não deve ser usado durante a gravidez (a menos que deliberadamente para induzir abortamento terapêutico) VÔMITO As náuseas e os vômitos são efeitos colaterais indesejáveis de muitos fármacos clinicamente úteis, notadamente os usados para quimioterapia, no câncer, mas também dos opioides, anestésicos gerais e digoxina. Eles também ocorrem na cinetose, durante o início da gravidez e em inúmeras doenças (p. ex., enxaqueca), bem como infecções bacterianas e virais. MECANISMO REFLEXO DO VÔMITO Vomitar é uma resposta defensiva com o objetivo de livrar o organismo de material tóxico ou irritante. Os principais neurotransmissores envolvidos nesse neurocircuito são a acetilcolina, histamina, 5-HT, dopamina e a substância P. Levanta-se a hipótese de que as encefalinas também estejam implicadas na mediação do vômito, atuando, possivelmente, em receptores opioides dos tipos δ (ZGQ) ou µ (centro do vômito). Também podem estar envolvidos a substância P, atuando nos receptores de neurocinina-1 na ZGQ, e os endocanabinoides FÁRMACOS ANTI-EMÉTICOS Existem vários grupos de agentes com ação antemética, não empregados com essa indicação específica, como antihistamínicos, neuroléptcos, antidepressivos, benzodiazepínicos, canabinoides e corticosteroides. Em geral, todos os fármacos devem ser evitados durante os primeiros 3 meses da gravidez, se possível. ONDANSETRONA (VONAU) Atua através de antagonismo dos receptores de serotonina (5-HT3), presentes na zona do gatilho, vias vagais e centros bulbares. Por isso, tem-se um efeito mais central São particularmente valiosas na prevenção e tratamento de vômitos e, em menor proporção, de náuseas, comumente observados no pós- operatório ou naqueles causados por radioterapia ou administração de fármacos citotóxicos como a cisplatina Efeitos Adversos I: Sonolência II: Manifestações Depressivas III: Incoordenação METOCLOPRAMIDA E BROMOPRIDA São drogas empregadas para o controle das náuseas e dos vômitos Exercem ação antidopaminérgica no SNC, inibindo o reflexo do vômito no centro bulbar (zona do gatilho) Efeitos Adversos: Metoclopramida Produz alguns efeitos adversos, inclusive distúrbios do movimento (mais comuns em crianças e adultos jovens), cansaço, inquietação motora, torcicolo espasmódico (torção involuntária do pescoço) e crises oculógiras (movimentos oculares para cima involuntários). Estimula a liberação de prolactina, causando galactorreia e distúrbios menstruais. MOTILIDADE DO TRATO GASTROINTESTINAL INDICAÇÕES I: DRGE II: Gastroparesia III: Dispepsia não ulcerosa IV: Constipação Intestinal/Diarreia V: Intestino Irritável CONTROLE Simpático: Inibe Parassimpático: Estimula FÁRMACOS QUE AUMENTAM A MOTILIDADE INTESTINAL METOCLOPRAMIDA E DOMPERIDONA Estimulam a liberação das reservas pós-ganglionares de acetilcolina e antagoniza os efeitos inibidores de dopamina sobre o TGI, resultando em: I: Aumento da motilidade gástrica II: Relaxamento do piloro III: Incremento do esvaziamento gástrico Indicações Gastroparesias: diabetes, esclerodermia, doença de Chagas e distrofias musculares Efeitos Adversos I: Fadiga II: Sonolência ou Insônia (Dose Dependente) III: Parkinsonismo Em pessoas susceptíveis e idosos IV: Incoordenação motora V: Hiperpolactinemia e Galactorreia Ocorre diminuição da liberação de prolactina TEGASERODE São agonistas dos receptores 5-HT4 de serotonina (receptores centrais e periféricos), que estimulam a motilidade intestinal Indicações Tratamento da doença do intestino irritável, com variante de constipação Efeitos Adversos I: Diarreia II: Cefaleia AGENTES CATÁRTICOS Catártico é uma substância que acelera a defecação Estimulam o peristaltismo intestinal por ação irritativa sobre a mucosa e por estímulo das terminações nervosas locais Indicações Como laxativos, no tratamento da constipação intestinal Efeitos Adversos I: Desequilíbrio hidroeletrolítico II: Diarreia Catárticos Formadores de Massas Formam um gel no intestino e aumentam o peso (volume) das fezes, aumentando assim o estímulo para eliminá-lo. EX: Ágar-Ágar, Goma de caraia, Metilcelulose e Semente de psyllium Catárticos Emolientes Permite que a água penetre nas fezes, fazendo-as amolecer e ter uma passagem melhor pelo reto EX: Dioctilsulfossuccinato de sódio e a Vanelina líquida Catárticos Osmóticos São agentes hiperosmolares que causam secreção hídrica mediada por osmose para o lúmen intestinal, o que estimula o peristaltismo e amolece as fezes EX: Citrato de magnésio, Sulfato de magnésio e Sulfato de sódio Catárticos Estimulantes Atuam alterando o transporte eletrolítico na mucosa intestinal e aumentando a atividade motora intestinal EX: Cáscara Sagrada; Aloé; Sene; Óleo de Rícino; Bisacodil FÁRMACOS QUE DIMINUEM A MOTILIDADE INTESTINAL LOPERAMIDA E DIFENOXILATO São derivados opioides sintéticos, com propriedades anticolinérgicas, que provocam depressão da atividade muscular intestinal Se ligam a receptores opiaceos na parede do intestino Indicações Como antidiarreicos, excepcionalmente Efeitos Adversos I: Distensão abdominal II: Constipação III: Boca seca Devido à ACh IV: Náuseas V: Vômitos OBS: Não atravessam com facilidade a barreira hematoencefálica e são usadossomente por suas ações no intestino OBS: A loperamida é o fármaco de primeira escolha para a diarreia do viajante e é componente de vários antidiarreicos patenteados. Tem uma ação relativamente seletiva sobre o trato gastrointestinal e sofre recirculação êntero-hepática significativa. BROMETO DE PINAVÉRIO, MEBEVERINA E TRIMEBUTINO Bloqueia os canais de cálcio da musculatura intestinal, exercendo efeito antiespasmódico Indicações Tratamento da doença do intestino irritável, variante com diarreia e dor e casos selecionados de disautonomia Efeitos Adversos Constipação intestinal
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