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Laura Catarine – M4 / Tratado de Neurologia Esclerose Múltipla Introdução A EM é a principal doença inflamatória desmielinizante do SNC Acredita-se que fatores genéticos + fatores ambientais desenvolvam a autoimunidade O processo inflamatório decorre da reposta autoimune que gera lesão na mielina, oligodendrócitos e axônios Os sintomas depende do local acometido no SNC Epidemiologia Maior prevalência em países longe dos trópicos Mais frequente em mulheres do que em homens (2:1) A faixa etária mais acometida é entre 20 e 40 anos o 2 a 5% ocorre na faixa etária pediátrica A EM tem potencial para ser altamente incapacitante e sua ocorrência pode gerar prejuízos sociais, emocionais e econômicos Pessoas que migram de áreas de baixa prevalência de EM para áreas de alta prevalência antes da puberdade adquirem o risco de desenvolvimento Fatores de risco e de proteção Genéticos: o A doença se dá predominantemente em indivíduos geneticamente predispostos que são expostos a determinados fatores ambientais o HLA-DRB1 – fator de risco o Há genes que conferem proteção à EM o Herança genética: Ambos os pais com diagnóstico de EM: 30% de risco de desenvolver a doença, inclusive na faixa etária pediátrica Um dos pais com diagnóstico de EM: 2-5% de desenvolver EM Risco maior em filhas de mães com EM Tabagismo e tabaco oral: o O tabagismo ativo ou passivo aumentam o risco de EM Quanto maior o tempo de fumo, maior o risco A irritação pulmonar causada pelo fumo seria um gatilho para o desenvolvimento de doenças autoimunes, e não a nicotina em si o O consumo oral do tabaco seria fator protetor de EM o Pessoas que permanecem fumando após o diagnóstico de EM teriam curso mais agressivo, pior prognóstico e aumento do risco de desenvolver anticorpos neutralizantes das drogas modificadoras da doença Infecção pelo EBV: o Maior associação quando a infecção ocorre na adolescência ou idade adulta o Acredita-se que o EBV se integraria ao DNA da célula hospedeira de forma aleatória e algumas localizações de integração gerariam risco aumentado para EM o Outra hipótese: indução de autoimunidade por mimetismo molecular Infecção por citomegalovírus: o Considerado fator protetor, porém fraco o A presença de anticorpos contra o CMV preveniria a conversão do primeiro evento inflamatório do SNC em EM Vitamina D: o Os baixos níveis de vitamina D na adolescência seria fator de risco para EM o Manutenção dos níveis de vitamina D normais Exposição aos raios UV: o Fator protetor o A melatonina funcionaria como imunomodulador, melhorando a função das células Treg e inibindo células T pró- inflamatórias Obesidade: o A obesidade principalmente na adolescência está associada ao aumento do risco de EM Laura Catarine – M4 / Tratado de Neurologia IMC > 27 o Possíveis mecanismos: Aumento da atividade pró- inflamatória gerada pelo tecido adiposo, aumento dos níveis de leptina e redução da biodisponibilidade de vitamina D Manutenção de um IMC normal Cafeína: o O alto consumo diário de cafeína demonstraram redução do risco de desenvolver EM o Estudos in vitro demonstraram diminuição da neuroinflamação Fisiopatologia Maior infiltrado inflamatório nas fases ativas e maior gliose e perda axonal nas formas inativas Fatores ambientais + fatores genéticos geram a doença por mecanismos de perda da tolerância imunológica e autorreatividade Perda da autotolerância pode ser central ou periférica o A tolerância imune serve para inibir a presença de células autorreativas que possam causar dano ao organismo ao reconhecerem antígenos próprios o No timo e medula óssea, os linfócitos T e B são expostos a antígenos próprios para induzir a autotolerância, além disso, ocorre a formação de células regulatórias (Tregs) para destruição dessas células autorreativas o Na EM, acredita-se que essas células Tregs diminuam em número e em efetividade o Na EM, ocorreria um predominio da liberação de citocinas pró-inflmatórias em comparação com as anti-inflamatórias, pelas linfócitos B Formação de células autorreativas após apresentação de antígenos próprios pelas APC e liberação de citocinas pró-inflamatórias Ativação de linfócitos T no SNC e periferia, com liberação de citocinas e ativação da micróglia o Os linfócitos TCD4 ativados previamente, ao infiltrarem o SNC são reativados por células apresentadoras de antígenos, o que leva ao recrutamento de monócitos e ativação de mais linfócitos TCD4 Linfócitos Th1 e Th17 – liberam interferon-gama e IL-17 Formas clínicas Divididas em: o Síndrome clínica isolada – ativa ou inativa o EM recorrente-remitente – ativa ou inativa o Formas progressivas: EM secundariamente progressiva EM primariamente progressiva Síndrome clínica isolada – CIS: o É o primeiro episódio clínico sugestivo de um quadro inflamatório desmielinizante Pode ser a primeira manifestação da EM o 85% pacientes com CIS evoluem para EM o Sintomatologia inicial: Normalmente é neurite óptica, lesões do tronco cerebral ou na medula espinhal o É necessário investigar outras causas o A visualizações de lesões desmielinizantes na RM contribui para o diagnóstico o Pacientes com alto risco de desenvolver EM pode iniciar o tratamento nessa fase o Dividida em ativa ou inativa Atividade da doença: Recidivas, episódios agudos ou subagudos de uma nova disfunção neurológica, seguidos de uma recuperação total ou parcial, na ausência de febre ou infecção e/ou RM com gadolíneo positivo ou uma nova lesão ou aumento das lesões prévias Síndrome radiológica isolada - RIS: o O paciente possuem lesões sugestivas de doença desmielinizante na RM encontradas ao realizar o exame por outro motivo, mas não apresenta sinal ou sintoma clínico o Alguns pacientes apresentam sintomas sugestivos de doença desmielinizante depois de alguns meses o A maioria é acompanhada com RM seriada e sem tratamento o Não é considerada uma forma de EM EM recorrente-remitente: o É a forma mais encontrada o Caracterizada por períodos de exacerbação da doença e períodos de relativa estabilidade clínica o Dividida em ativa e inativa: Laura Catarine – M4 / Tratado de Neurologia Se preencher algum critério clinico ou de imagem, é considerada ativa Formas progressivas de EM: o Divididas em secundariamente ou primariamente progressiva o Subdivisão em forma ativa ou inativa, e quanto à piora com ou sem a progressão da doença o EM secundariamente progressiva: Após 10-15 anos, uma parcela dos pacientes com EM recorrente- remitente evolui para essa forma clínica Caracterizada por piora lenta e progressiva da incapacidade neurológica sem a presença de um grande número de surtos O aumento da incapacidade é acompanhada de atrofia cerebral, sem ter necessariamente um aumento das lesões desmielinizantes o EM primariamente progressiva: Menos de 10% dos pacientes com EM evoluem para essa forma Progressão da EM sem surtos Manifestação clínica Os sinais e sintomas estão relacionados com os locais da lesão no SNC Diagnóstico por imagem A RM é o exame de escolha o Mais sensível e específica que a TC, LCR e potenciais evocados Lesões típicas: desmielinização e perda axonal o Placas encontradas nas regiões periventriculares, corticojustacorticais, corpo caloso, centro semioval, substancia branca infratentorial e gânglios da base Medula espinhal: o Distribuição craniocaudal sem ultrapassar mais de dois corpos vertebrais e com distribuição periférica no diâmetro Forma ovoide Hiperintenso em T2, densidade de prótons e FLAIR, e hipointenso em T1 A atrofia cerebral está presente nas fases iniciaisda EM o Sua relevância aumenta com o avançar da doença, pois está associado ao declínio cognitivo e incapacidade física Critérios diagnósticos Diagnósticos diferenciais: o Neuromielite optica o Infecção pelo HIV o Vasculite do SNC o Deficiência de B12 e outros Laura Catarine – M4 / Tratado de Neurologia Tratamento Primeiro ataque: o Uso de imunomodulador para CIS – interferon beta-1A ou 1B, acetato de glatirâmer e teriflunomida Tratamento de episódios agudos: o Surtos: disfunção neurológica aguda que dura pelo menos 24 horas com mais de 30 dias de intervalo do último evento semelhante o Pulsos de corticoides Sem indicação a longo prazo e pode induzir a alterações neuropsiquiátricas graves Surto: o Um surto desmielinizante com incapacidade neurológica se instala ao longo de 24 a 48 horas e tem duração de dias ou semanas o O tratamento do surto é puramente para recuperação funcional rápida o 1g/dia de metilprednisolona intravenosa + 500mL de SF 0,9% Durante 5 dias o Sem necessidade de uso oral de prednisona após o pulso endovenoso o Imunoglobulina endovenosa: Eficácia semelhante aos corticoides e muito mais cara Drogas modificadoras da doença – DMD: o Utilizadas de forma continua para evitar surto, incapacidade e novas lesões na RM Efeitos adversos: o Pancitopenia, IVAS, candidíase vaginal, bronquite, gastroenterite, ITU, cefaleia, urticária Necessário o uso de drogas para sintomas associados, como fadiga e depressão
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