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A DIDÁTICA E A SUA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA UMA ABORDAGEM SOBRE O ONTEM E O HOJE NA ARTE DE ENSINAR

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7 
 
3 A DIDÁTICA E A SUA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: UMA 
ABORDAGEM SOBRE O ONTEM E O HOJE NA ARTE DE ENSINAR 
3.1 A trajetória histórica da didática: pressupostos teóricos, filosóficos e 
sociais 
Não é incomum ouvirmos, quando o assunto é escola ou educação, falas 
como “esse professor sabe muito, mas não sabe ensinar”, ou “essa professora não 
tem didática”, ou ainda “a didática desse professor é muito ruim”. São inúmeras as 
expressões relacionadas às práticas da sala de aula e que reafirmam a sua 
importância e necessidade para o processo de construção do conhecimento. É 
nesse cenário que emerge a didática como o caminho para o saber, ou seja, a 
consumação da teorização. 
Vale ressaltar que a palavra didática surge do grego “didaktiké”, com o 
abrangente significado de “a arte de ensinar tudo a todos”. O termo foi empregado 
pela primeira vez por Ratke, em 1629, e por Comenius, em 1657. Foi a partir de 
Comenius que a didática ganhou força e notoriedade. 
Também foi o grande pensador Comenius quem escreveu, entre diversas 
outras obras, a Didática Magna, uma das mais importantes escritas do cenário 
educacional mundial. Portanto, ele trouxe a prática do ensinar-aprender como pauta 
fundamental para esse contexto. Assim, imaginou ter descoberto um método eficaz 
para se chegar à aprendizagem, de modo ágil e prazeroso. Comenius (2001, p. 13) 
ressalta que: 
Nós ousamos prometer uma didática magna, ou seja, uma arte universal de 
ensinar tudo a todos: de ensinar de modo certo para obter resultados; de 
ensinar de modo fácil, portanto sem que docentes e discentes se molestem 
ou enfadem, mas ao contrário, tenham grande alegria; de ensinar de modo 
sólido, não superficialmente, de qualquer maneira, mas para conduzir à 
verdadeira cultura, aos bons costumes, a piedade mais profunda. 
No século XVIII, surgiu outro importante expoente que trouxe conhecimentos 
revolucionários para a didática: Rousseau. Ele não pode ser considerado um 
sistematizador da educação, mas a sua obra apresenta algo que se tornaria 
fundamental para compreender melhor os processos de ensino-aprendizagem: um 
novo e inovador conceito de infância. Rousseau surgiu como um continuador das 
 
8 
 
ideias dos didatas; porém, com os seus estudos e pesquisas, certamente deu um 
passo muito mais além, colocando em evidência a condição do ser criança. Assim, 
transformou o que era método em um processo natural, que aconteceria de maneira 
tranquila, sem excessos, sem livros e sem nenhuma pressa. 
Na tentativa de percorrer o conceito e o histórico da didática, é imprescindível 
considerar os aspectos políticos, sociais e culturais, bem como as percepções e 
construções de alguns pensadores e pensadoras a respeito desse conceito em 
diferentes momentos da história. Inicialmente, Pestalozzi (1826), em seus escritos e 
na sua atuação, deu dimensões sociais à problemática educacional. O aspecto 
metodológico da didática encontra-se sobretudo em princípios, e não em regras, 
transportando-se o foco de atenção às condições para o desenvolvimento harmônico 
do aluno. 
Para Candau (1986, p. 12), “[...] didática deve ser compreendida como 
reflexão sistemática em busca de alternativas para os problemas da prática 
pedagógica”. Nessa perspectiva, pode-se dizer que ela compõe a pedagogia. Outro 
importante autor que traduz, no decorrer da história, a sua percepção sobre a 
didática é Libâneo (1992, p. 26): 
A didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Investiga os 
fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. 
Segundo essa ideia, a ela cabe converter objetivos sociopolíticos e 
pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em 
função desses objetivos, estabelecendo os vínculos entre o ensino e a 
aprendizagem. 
De acordo com Masetto (1997), vemos em ensinar, instruir, fazer aprender 
uma reflexão sistemática sobre o processo de ensino-aprendizagem que acontece 
na escola (na aula), buscando alternativas para os problemas da prática pedagógica, 
portanto, tentativas de aproximação ao sentido da didática. Nesse cenário, é 
possível perceber que o processo de reflexão sistemática visa ao estudo das teorias 
de ensino e de aprendizagem associadas ao processo educativo realizado no 
contexto escolar (escola e sala de aula), bem como aos resultados obtidos, em 
busca de alternativas da teoria e da prática. Como processo de ensino-
aprendizagem, atua em três dimensões: a humana, a político-social e a técnica. 
 
9 
 
Para Anastasiou e Pimenta (2002), a didática é vista como uma ação de 
ensinar que está inteiramente ligada às relações entre os mais velhos e os mais 
jovens, entre crianças e adultos, na família e nos demais espaços sociais e públicos. 
Já para Martins (2008), a didática é a disciplina que busca compreender o processo 
de ensino em suas múltiplas determinações, para intervir nele e reorientá-lo na 
direção política almejada. Portanto, a didática recebe influências dos 
direcionamentos políticos, mas tem o poder de atuar sobre eles. 
Fonte de: www.construindohistoriahoje.com 
 
Por fim, Morandi (2008), apoiado em Chavellard, afirma que a didática 
descreve as modalidades do trabalho pedagógico sobre e com o saber. Esse 
trabalho transforma um objeto-saber a ser ensinado em um objeto de ensino. 
Considerando as diferentes concepções defendidas por esses e diversos 
outros autores e autoras, encontramos na história da educação períodos históricos 
nos quais emergiram novas tendências educacionais, que foram se sustentando e 
se materializando como importantes correntes didático-pedagógicas. Entre elas, 
destacam-se a pedagogia tradicional, a pedagogia renovada, a pedagogia tecnicista 
e a pedagogia crítica. 
Nessa perspectiva, para pensarmos as novas práticas educativas e para 
vislumbrarmos as novas possibilidades didático-pedagógicas, é fundamental que 
façamos um paralelo da didática com essas teorias. Dessa forma, trazer as 
diferentes concepções e os períodos históricos nos ajuda a perceber os processos 
 
10 
 
de mudanças e transformações, bem como todos os atravessadores que 
influenciaram, e influenciam a educação e a didática. 
É fundamental, também, problematizar todas essas teorias de modo a refletir 
sobre a necessidade de diálogo entre elas. Ainda, é importante termos a 
possibilidade de visualizar as tantas oportunidades de apoio e intervenção ao sujeito 
no processo de ensino-aprendizagem, inclusive às crianças. 
3.2 O processo histórico da didática no Brasil 
Uma breve retomada histórica da Didática nos ajuda a entender as 
circunstâncias que cercam esse ocultamento a que se refere André (2008). 
Tomando por base alguns estudos (CANDAU, 1983, 1988; MARTINS, 2008; 
OLIVEIRA, 1998, 1992; PIMENTA, 1997; VEIGA, 1989), pode-se afirmar que a 
Didática passou a ser fortemente contestada a partir dos anos de 1970, com a crítica 
às perspectivas escolanovista e tecnicista, denunciando a pseudoneutralidade do 
técnico e enfatizando a necessidade de se pensar a prática pedagógica como 
prática social. 
O campo da Didática que, até então, se forjava pela via de uma produção de 
natureza eminentemente técnica e prescritiva, experimentou uma fase de críticas 
contundentes, apontando, inclusive para a sua negação. Com a emergência de um 
novo pensamento pedagógico, a Didática instrumental é posta em questão. 
Compreende-se que, a partir da década de 1980 e mais enfaticamente nos 
anos 1990, foi iniciada uma nova fase na educação, com a perspectiva de uma 
ruptura que favorecesse a urgência em interpretar e compreender a dinâmica de 
ensino-aprendizagem em sua vasta dimensão, integrando ainda os seguintes 
aspectos: técnico, humano e político. Vale ressaltar que esse movimento teve 
estreita relação com a modificação da perspectiva nos estudos sobre o currículo 
(especialmente nos Estados Unidos e na Europa). 
O currículo, nessa perspectiva, constituium dispositivo em que se concentram 
as relações entre a sociedade e a escola, assim como entre os saberes, as práticas 
socialmente construídas e os conhecimentos escolares. Podemos dizer que os 
primeiros constituem as origens dos segundos. Em outras palavras, os 
 
11 
 
conhecimentos escolares provêm de saberes e de conhecimentos socialmente 
produzidos nos diversos espaços de referência do currículo. 
De acordo com Moreira e Silva (2001, p. 7), “[...] o currículo é considerado um 
artefato social e cultural. O currículo transmite visões sociais particulares e 
interessadas, o currículo produz identidades individuais e sociais particula-res”. Por 
artefato social e cultural, podemos entender algo construído pelas pessoas a partir 
de suas relações e da interação com os seus grupos sociais e culturais. A escola, 
nesse aspecto, exerce forte contribuição para a construção da identidade, o que 
demonstra como as discussões em torno do currículo escolar são pertinentes. 
Desse modo, é de máxima importância que você compreenda o processo 
ocorrido na segunda metade do século XX, que reflete na prática de ensino dos 
docentes até os dias atuais. Entre 1960 e 1970, eram sinônimos de qualidade na 
prática de ensino: 
 abordagem tecnicista; 
 construção de planejamentos rígidos; 
 domínio de sala de aula; 
 enorme valorização das técnicas; 
 valorização enfática nos recursos didáticos, etc. 
 
Em 1980, ocorreu o grande marco no desenvolvimento da didática: 
 ocasião do Encontro de Didática e Prática de Ensino – ENDIPE; 
 enorme produção acadêmica; 
 professores discutindo a sua própria prática; 
 o aluno é visto como um ser historicamente concebido, etc. 
 
De 1990 até os dias atuais, o processo didático e a prática de ensino-
aprendizagem se fortalecem: 
 a didática passa a ser tema de interesse de grandes pesquisas; 
 busca-se a compreensão do cotidiano e do fazer pedagógico; 
 o professor é visto como agente reflexivo, pesquisador e transformador; 
 a didática é assumida como disciplina prática, etc. 
 
 
12 
 
Enfim, a didática e tudo o mais que a atravessa, busca a compreensão, a 
análise e o entendimento dos fatos associados ao campo dos conhecimentos 
pedagógicos. Assim, no decorrer da história, vai-se ampliando e transformando, 
dadas as inúmeras pesquisas e os mais diversos pensadores, que se debruçam a 
discutir, problematizar e levantar novas formas de ensinar e aprender. 
 
 
3.3 Principais marcos históricos que foram fundamentais na constituição da 
didática 
A didática se manifesta nas práticas sociais de várias maneiras: enquanto 
disciplina, enquanto campo do conhecimento, enquanto ação humana, enquanto 
organização institucional, etc. 
De acordo com Araújo (2008), como disciplina, a didática é desenvolvida em 
cursos de graduação, licenciaturas e cursos de formação de professores, de modo a 
oferecer as ferramentas teórico-práticas necessárias para que o futuro docente 
possa lecionar em sala de aula. Enquanto área do conhecimento, aponta os grupos 
que pesquisam a didática e constroem saberes específicos nessa área. Como ação 
humana, expressa a preocupação dos seres humanos em preparar o ensino, 
organizar as aulas, escolher as metodologias próprias para ensinar determinado 
conteúdo. Como organização institucional, busca técnicas e metodologias que 
organizem os processos institucionais de ensino-aprendizagem, para que estes 
favoreçam o processo de construção do conhecimento. 
 
13 
 
Para compreender os principais marcos históricos que foram fundamentais na 
constituição da didática, é necessário compreender que, embora muitos filósofos 
tenham se debruçado sobre a educação de modo geral, foi a partir do século XII que 
surgiram os primeiros tratados sistemáticos sobre os processos de ensinar e 
aprender. São exemplos marcantes, apontados por Araújo (2008): 
 Eruditio didascalia, de Hugo de San Victor, no século XII; 
 De disciplinis, de Juan Luis Vives, no século XVI; 
 Aporiam didactici principio, de Wolfgang Ratke, no século XVII. 
 
Certamente, todas essas obras foram fundamentais para as compreensões, 
mudanças e evoluções em suas respectivas épocas. Contudo, é preciso reafirmar 
que nenhuma delas apresenta tanta notoriedade e grandiosidade como a Didáctica 
Magna, de Jan Amós Comenius, publicada em 1657. Tanta repercussão 
possivelmente se deve pela complexidade e pela audácia da proposta, apresentada 
ali como o tratado que propunha ensinar tudo a todos. 
Em seus estudos, Comenius traça reflexões sobre a divisão social do trabalho, que 
vai se tornando forte característica de seu tempo. Para ele, foram quatro as 
modalidades de escolas: a escola do regaço materno, a escola da língua nacional, a 
escola latina e a academia ou universidade. 
 
 
Jan Amos Comenius 
Fonte de: www.infoescola.com 
 
14 
 
Outro aspecto que, sem dúvida, precisa estar listado como um marco histórico 
na constituição da didática refere-se às teorizações de Rousseau. O pensador 
ajudou a desenhar o caminho da didática de modo marcante, apresentando algo que 
influenciaria todos os estudos subsequentes. A valorização da infância por ele 
defendida está carregada de consequências para a pesquisa e a ação pedagógica, 
mas estas vão ainda aguardar mais de um século para se concretizarem. 
Enquanto Comenius, ao seguir as "pegadas da natureza", pensava em 
"domar as paixões das crianças", Rousseau partiu da premissa da bondade natural 
do homem, corrompido pela sociedade. É em sua obra O Contrato Social que ele 
discute a reforma da sociedade, tão necessária quanto a reforma da educação. Foi 
por essa vertente de seu pensamento que participou da renovação ideológica que 
precedeu à Revolução Francesa. Para Damis (1988, 1988, p. 13): 
Há uma evolução da Didática em paralelo com a história da educação, visto 
que, desde os jesuítas, passando por Comênio, Rousseau, Herbart, Dewey, 
Snyders, Paulo Freire, Saviani, dentre outros, a educação escolar percorreu 
um longo caminho do ponto de vista de sua teoria e prática. Vivenciada 
através de uma prática social específica, a pedagogia, esta educação 
organizou o processo de ensinar-aprender através da relação professor 
aluno e sistematizou um conteúdo e uma forma de ensinar (transmitir-
assimilar) o saber erudito produzido pela humanidade. 
Observa-se que, desse modo, a educação foi ganhando forças, e a pedagogia 
foi se sustentando como ciência particular, desvinculando-se aos poucos da filosofia 
e da teologia e se reafirmando no cenário educacional. As histórias da pedagogia e 
da didática se misturam no tempo. Em alguns momentos, ao resgatarmos os 
estudos que compõem a história da pedagogia, muitas vezes nos referimos a 
teólogos e filósofos, entre outros. Algo similar acontece quando contamos a história 
da didática. 
Foram muitos os marcos históricos que contribuíram para que a didática 
evoluísse e chegasse onde chegou. Destacam-se os seguintes nomes: 
 Jean Jacques Rousseau (1712–1778) foi um pensador que procurou 
interpretar essas aspirações, propondo uma concepção nova do ensino, com base 
nas necessidades e nos interesses imediatos da criança. 
 Henrique Pestalozzi (1746–1827) deu grande importância ao ensino como 
meio de educação e desenvolvimento das capacidades humanas. 
 
15 
 
 Johann Friedrich Herbart (1766–1841) foi um pedagogo alemão com 
grande influência e relevância na didática e na prática docente. Para ele, o fim da 
educação é a moralidade; a instrução é introduzir ideias corretas na mente do 
homem. 
 Diesterweg (1790–1866), um didata alemão, estudou e pesquisou sobre o 
desenvolvimento do professor. 
 John Dewey (1859–1952) foi um destacado representante de uma das 
tendências do pragmatismo didático. Na didática, a sua maior contribuição está no 
ensino laboral e na relação do ensino com a vida. 
 Paulo Freire (1921–1997) é sem dúvida um dosmaiores pedagogos do 
século XX. Como aconteceu em outras épocas, grandes pedagogos se converterem 
também em grades didatas, ou ainda, grandes didatas se tornaram grandes 
pedagogos. 
 
Enfim, é preciso ressaltar que a didática, desde a sua origem, como qualquer 
outra ciência particular, estuda e pesquisa o seu próprio objeto e, dentro dele, o 
campo de ação. No decorrer da história, muitos foram os estudos e as pesquisas 
que se instituíram como marcos evolutivos e contribuíram para a ampliação, 
renovação e o alcance dos processos didáticos, bem como das transformações da 
educação. 
 
 
 
16 
 
3.4 Mudanças e avanços da didática na atualidade 
Para falarmos das transformações e dos avanços da didática na 
contemporaneidade, é fundamental considerarmos o fato de que, com a 
redemocratização do Brasil, passou a ser necessária uma formação diferenciada do 
corpo docente. Portanto, passou-se a buscar a formação política do professor, 
percebendo a educação como ato político e social. Nesse novo cenário da educação 
e da didática, o professor passou a ser visto como agente intelectual transformador, 
cujo trabalho deveria ser orientado por determinada ética valorativa e cuja a prática 
precisaria ser abrangente e eficaz. 
Pensar na didática para a atualidade requer pensar nos diferentes 
movimentos que a sociedade produz e nas diversas demandas que emergem a todo 
tempo. Requer também compreender as muitas dimensões que atravessam os 
sujeitos e, ainda, os múltiplos contextos nos quais eles estão inseridos. São 
características dos novos tempos o ensino-aprendizagem e a prática educativa 
vistos como prática social; nesses aspectos, a didática precisa se reinventar e 
propor novos alcances, novas propostas e novos vieses. 
Em um novo cenário, a didática é convocada a debater a formação dos 
professores, com questões que giram em torno da discussão sobre como se ensina 
a ensinar, ou mesmo sobre quais são os saberes necessários ao exercício da 
docência. Nessa perspectiva, é importante considerar o que diz Marin, Penna e 
Rodrigues (2012): 
A Didática não é um receituário que deve informar a prática de ensino, mas 
uma área de conhecimento para a compreensão dessa prática, valendo-se 
da teoria como hipóteses de análise e compreensão. Trata-se de 
compreender as situações de ensino, não para prescrever a prática, mas 
para ampliar o domínio sobre ela, e assim contribuir nos processos de 
formação dos professores em todos os âmbitos. 
Hoje, no processo educacional, o professor não é mais o eixo da ação 
educativa, como se pensava anos atrás. Concebe-se o educando na 
contemporaneidade como ser ativo, procedente das experiências vivenciadas em 
seus múltiplos aspectos de conhecimento, tornando-se assim o centro da prática 
pedagógica. Ao professor cabe o papel de mediar a cultura elaborada. 
 
17 
 
Em suma, o ensino-aprendizagem é uma atividade dinâmica e criativa, um 
acontecimento eminente, interpessoal e social, que ocorre na mobilização mental da 
subjetividade e da experiência sociocultural concreta, como sugere Libâneo (1992). 
Na perspectiva de pensar os processos inovadores da didática na atualidade, 
emerge uma proposta que tem se firmado cada vez mais como transformadora e 
eficaz junto à prática docente e à construção do conhecimento: são as metodologias 
ativas. 
As metodologias ativas se configuram como uma inovadora prática docente, a 
qual consiste em um processo amplo que possui como principal característica a 
inserção do estudante como agente principal e responsável pela sua aprendizagem. 
É necessário ressaltar que o processo de construção do conhecimento, devido a 
diversos fatores (como a agilidade na produção de conhecimento, a provisoriedade 
das verdades construídas no saber científico e, principalmente, a facilidade de 
acesso à vasta gama de informação), deixou de ser baseado na mera transmissão 
de conhecimentos. 
Nesse contexto, as metodologias ativas surgem como proposta para focar o 
processo de ensino-aprendizagem na busca da participação ativa de todos os 
envolvidos, centrados na realidade em que estão inseridos. O estudante torna-se 
protagonista no processo de construção de seu conhecimento, sendo responsável 
por sua trajetória e pelo alcance de seus objetivos. Assim, ele deve ser capaz de 
autogerenciar e autogovernar o seu processo de formação. 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Os avanços na área da didática têm contribuído muito para a transformação 
do currículo escolar. Este, por sua vez, para ser eficaz e ter qualidade, deve 
possibilitar a formação continuada dos professores, perceber o aluno como principal 
agente no processo de aprendizagem e fazer uso inteligente das novas tecnologias. 
Além disso, deve estimular a utilização de metodologias que sejam significativas e 
que alcancem os diferentes tipos de alunos, de modo a proporcionar a participação 
destes como sujeitos do processo educativo. 
De acordo com Vygotsky (1998), o aprendizado acontece a partir de duas 
variáveis: o processo e o produto. O processo se trata daquilo que o aluno já 
conhece, e o produto é o que o aluno já possui mais os conteúdos ensinados pelo 
professor que se transformam em novos conceitos. 
Não basta incluir algumas aulas de informática e vídeo, é preciso criar 
situações de aprendizagem em que o aluno construa autonomia e motivação na sua 
utilização. Finalmente, para que isso seja possível, é necessário um planejamento 
de ensino que una os profissionais da educação nesse processo (professores, 
coordenadores, agentes educacionais, diretores), ou seja, um trabalho em equipe. 
Assim se compreendem as novas propostas didáticas e se constrói uma educação 
para os novos tempos.

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