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Estereoquímica em Química Orgânica IC 370 // Química Orgânica I DQO // Inst. Química Conteúdo deste tópico: • Thalidomida • Sedativo/antiemético (1957) • “Sem efeitos colaterais”, conforme a propaganda • Utilizado no enjoo matinal em grávidas • Retirada de comercialização (1961) pelos efeitos teratogênicos, levando ao nascimento de crianças com malformações severas • Comercializada como mistura racêmica, sendo o estereoisômero (S) o provável responsável pelos efeitos teratogênicos (distômero) A tragédia levou a sérias modificações na legislação sanitária para novos medicamentos ao redor do globo. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-59702017000300004 Estereoquímica • Grego “estereo” (espaço) • Disciplina da química (não só orgânica, mas inorgânica também) focada no estudo do arranjo dos átomos de uma molécula no espaço Isômeros (mesma fórmula molecular) Isômeros constitucionais (conectividade distinta) Estereoisômeros (mesma conectividade; arranjo dos átomos no espaço é distinto) Diastereômeros (não são imagens especulares um do outro) Enantiômeros (são imagens especulares um do outro) • Isômeros constitucionais • (muito antigamente: “isômeros geométricos”) • Mesma fórmula molecular • A conectividade dos átomos é distinta • A função orgânica pode ser diferente O que é conectividade? • Estereoisômeros • Mesma fórmula molecular • Mesma conectividade (e, por consequência, mesma função orgânica) • Diferem entre si pelo arranjo dos átomos no espaço • Dividimos em dois grupos: • Enantiômeros: quando o par de moléculas é imagem especular um do outro • Diastereômeros: quando o par de moléculas não é imagem especular um do outro • Enantiômeros • Moléculas que são imagens especulares uma da outra, sendo não sobreponíveis no espaço • i.e.: Enantiômeros são moléculas quirais Uma molécula e sua imagem no espelho (linha tracejada) As duas não são sobreponíveis (apenas A, C e Y se encaixam) Molécula quiral e centro de quiralidade • Quiralidade é uma propriedade de moléculas • Imagem no espelho não sobreponível • É errado falar em átomo de carbono quiral • Moléculas quirais tem (na grande maioria dos casos) pelo menos um centro de quiralidade • Existem casos onde a molécula é quiral sem apresentar um centro de quiralidade (não abordaremos esse tópico na disciplina) • Em Química Orgânica, o centro de quiralidade mais comum é um átomo de carbono tetraédrico fazendo ligações com quatro ligantes distintos • Outros são possíveis: S, P, N Plano de simetria • Moléculas aquirais apresentam plano de simetria • É possível propor pelo menos um plano de corte onde as duas metades da molécula serão idênticas • Pode haver mais de um mas a molécula já é considerada aquiral com um • Moléculas quirais não apresentam plano de simetria • É impossível propor um plano de simetria (ou plano de corte onde as duas metades sejam idênticas) Configuração absoluta (R) e (S) • Exemplo: 2-butanol • Regras de Cahn-Ingold-Prelog • 1) Atribui-se a prioridade a cada átomo ligado em torno do centro de quiralidade. O critério para a prioridade é o número atômico (maior Z, maior prioridade) Neste caso, os dois carbonos empatam, pois são átomos com mesmo número atômico. Como resolver estes empates? • 2) Quando não é possível a atribuição de prioridades, a prioridade é definida pelo primeiro ponto de divergência • i.e.: “seguir adiante” na molécula e examinar quem está ligado nos grupos que estão “empatados” • Em geral, grupos mais ramificados tem maior prioridade C ligado a três Hidrogênios (H, H, H) C ligado a um Carbono e dois Hidrogênios (C, H, H) Prioridade porque o Carbono tem prioridade sobre o Hidrogênio • 2.a) No contexto destas regras, ligações duplas ou triplas são interpretadas como múltiplas ligações simples Neste segundo exemplo, a ligação dupla C=C é contada, para definição de prioridades, como duas ligações C-C • 3) Após se definirem as prioridades • Com o grupo de menor prioridade para trás do plano • Observamos a molécula e definimos o sentido do “giro” (R)-2-butanol ou (2R)-2-butanol • Outro exemplo: • Aplicando as regras (1) e (2) para o outro estereoisômero (S)-2-butanol • Outro jeito de se olhar o exemplo anterior • “girar” a molécula no papel • (ainda) mais um jeito de se resolver o problema: • Usar o método das duas trocas • Cada troca de dois grupos em torno de um centro de quiralidade converte uma molécula em seu enantiômero • Fazer duas trocas em um enantiômero gera uma nova representação da molécula (i.e.: inverte e retorna) • Após as duas trocas, aplicar (3) • Enantiômeros apresentam configuração absoluta oposta um ao outro • Se uma molécula tem um centro de quiralidade (R), seu enantiômero obrigatoriamente apresentará centro de quiralidade (S) • Se uma molécula tem mais de um centro de quiralidade, todos os centros de quiralidade devem ter configuração absoluta oposta em seu enantiômero • (ex: uma molécula (2R, 3S) tem seu enantiômero com configuração absoluta (2S, 3R)) • Enantiômeros apresentam as mesmas propriedades físicas (ponto de fusão/ebulição, índice de refração) • Diferem entre si por sua atividade ótica Atividade ótica e polarímetro Esquema de um polarímetro Fonte de luz (não polarizada) Polarizador (filtro) Luz polarizada Câmara onde fica a amostra da molécula quiral. Desvio da luz polarizada causada pela molécula Observação e detecção do desvio • Atividade ótica de enantiômeros • Enantiômeros apresentam o mesmo valor de desvio do plano da luz polarizada, mas com sinais opostos Uma mistura com quantidades iguais dos dois enantiômeros não apresenta atividade ótica. Essa mistura é chamada de mistura racêmica. • Rotação específica [α] • Cálculo da atividade ótica levando-se em conta a concentração da amostra [𝑎]𝜆 𝜃= 𝛼 𝛾 × 𝑙 θ = temperatura (Celsius) da medida λ = comprimento de onda utilizado (o símbolo D é utilizado para a linha D da lâmpada de Sódio: 589 nm) α = desvio medido (graus) do plano da luz polarizada γ = concentração (g/mL) l = comprimento do caminho ótico dentro do polarímetro (dm) • Excesso enantiomérico (ee) • Conhecendo-se a rotação específica, é possível determinar o excesso enantiomérico de uma amostra: • Exemplo: uma amostra de (R)-2-butanol tem rotação observada de -9.47 𝑒𝑒(%) = [𝛼]𝑜𝑏𝑠 × 100 [𝛼]𝜆 [α]obs = rotação observada da amostra [α]λ = rotação específica conhecida da molécula 𝑒𝑒 % = 9,47 ×100 13,52 = 70% 70% de excesso enantiomérico do enantiômero (R), ou : 70% da amostra é (R)-2-butanol, 30% é mistura racêmica Moléculas com mais de um centro de quiralidade • Cada centro de quiralidade presente na molécula tem sua própria configuração absoluta que é determinada de modo não ambíguo e independente dos outros centros de quiralidade Aplicando as regras de Cahn-Ingold-Prelog para os dois carbonos isoladamente: Fazendo o mesmo para os outros três estereoisômeros: Importante notar: Enantiômeros tem a configuração absoluta de todos os centros de quiralidade oposta! Compostos meso são moléculas que apresentam centro de quiralidade com estereoquímica definida e não são quirais. Apresentam plano de simetria Não apresentam atividade ótica Projeções de Fisher Projeção proposta por Emil Fisher Utilizada amplamente na química de carboidratos. Uso de linhas cruzadas, sendo linhas verticais projetadas para trás e as horizontais projetadas para a frente do plano de leitura. Estereoisomerismo em moléculas cíclicas
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