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Direito Penal Especial - Aula 1

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Parte Geral: art. 1° ao 120 do CP (regras básicas do direito penal)
Parte Especial: art. 121 ao 361 do CP (crimes em espécie, exceto nos últimos 2 artigos, que tratam
das disposições finais e da entrada em vigor do Código Penal.
A Parte Especial tipifica crimes e comina penas, constitui-se em corolário do princípio da reserva legal
ou da estrita legalidade, consagrado pelo art. 5º, inciso XXXIX da CRFB/88, e pelo art. 1º do CP “Não
há crime sem lei anterior que o defina. não há pena sem prévia cominação legal”.
Atualmente, a Parte Especial do CP está ordenada em conformidade com a natureza e importância do
objeto jurídico protegido pelos tipos penais.
Divisão da Parte Especial do Código Penal:
A Parte Especial do CP está dividida em 12 títulos:
I - Dos crimes contra a pessoa;
II - Dos crimes contra o patrimônio;
III - Dos crimes contra a propriedade material;
IV - Dos crimes contra a organização do trabalho;
V - Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos;
VI - Dos crimes contra a dignidade sexual;
VII - Dos crimes contra a família;
VIII - Dos crimes contra a incolumidade pública;
IX - Dos crimes contra a paz pública;
X - Dos crimes contra a fé pública;
XI - Dos crimes contra a administração pública;
XII - Dos crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Título I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
O direito à vida está consagrado no art. 5º, caput, da CRFB/88 como direito fundamental do ser
humano. Trata-se de direito supra estatal, inerente a todos os homens e aceito por todas as nações,
imprescindível para a manutenção e para o desenvolvimento da pessoa humana.
O Título I da Parte Especial do CP cuida somente dos crimes contra a pessoa e está dividido em 6
capítulos: “Dos Crimes contra a Vida”; “Das lesões corporais”; “Da periclitação da vida e da saúde”;
“Da rixa”; “ Dos crimes contra a honra”; e “Dos crimes contra a liberdade individual”.
Capítulo I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
O CP tipifica os seguintes crimes contra a vida:
-homicídio (art. 121);
-induzimento,instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122);
-infanticídio (art. 123);
-aborto (arts. 124 à 128).
ART. 121 - HOMICÍDIO
Simples - caput;
Doloso Privilegiado (§ 1º)
Homicídio qualificado (§ 2º)
Circunstanciado (§ 4º)
Simples (§ 3º)
Culposo circunstanciado ( § 4º, 1º parte)
Perdão Judicial (§ 5º)
CONCEITO DE HOMICÍDIO
Morte de um ser humano provocada por outro ser humano. É a eliminação da vida de uma pessoa
praticada por outra. O homicídio é o crime por excelência.
“ Como dizia Impallomeni: [..]O homicídio tem a primazia entre os crimes mais graves, pois é o
atentado contra a fonte mesma da ordem e segurança geral, sabendo-se que todos os bens públicos e
privados, todas as instituições se fundam sobre o respeito à existência dos indivíduos que compõem o
agregado social”.
OBJETO JURÍDICO
O objeto jurídico do crime é o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. Neste caso,
a Parte Especial do CP é inaugurada com o delito de homicídio, que tem por objeto jurídico a vida
humana extrauterina. O ataque à vida é incriminado pelos tipos de aborto (arts. 124 à 126).
OBJETO MATERIAL
Objeto material de um crime é a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. É o objeto da ação.
Não se deve confundi-lo com o objeto jurídico, que é o interesse protegido pela lei penal. Assim, o
objeto material do homicídio é a pessoa sobre quem recai a ação ou omissão. O objeto jurídico é o
direito à vida.
ELEMENTOS DO TIPO
Conceito
O tipo incriminador, ou seja, aquele que prevê uma infração penal, consiste na descrição abstrata da
conduta humana feita pela lei penal e correspondente a um fato criminoso. O tipo é, portanto, um
molde criado pela lei, no qual está escrito o crime com todos os seus elementos, de modo que as
pessoas saibam que só cometeram algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica à constante
do modelo legal. A generalidade da descrição típica elimina sua própria razão de existir, criando
insegurança no meio social e violando o princípio da legalidade, pois a garantia política do cidadão
está em que somente haverá atuação invasiva do Estado em sua esfera de liberdade se ele realizar
um comportamento que corresponda taxativamente a todos os elementos da definição legal. O tipo é
composto dos seguintes elementos:
Objetivos: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só
precisam ser descritos pela norma. são elementos objetivos: o objeto do crime, o lugar, o tempo, os
meios empregados, o núcleo do tipo (o verbo) etc.
Normativos: ao contrário dos descritivos, se o significado não se extrai de mera observação, sendo
imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural, histórica, política, religiosa, bem como de
qualquer outro campo do conhecimento humano. Por exemplo: "mulher honesta", constante do
revogado art. 219 do CP, e "documento". No primeiro caso, temos o elemento normativo extrajurídico
ou moral, uma vez que o significado depende de um juízo de valoração que refoge ao âmbito do
direito; na segunda hipótese, o elemento é jurídico, pois o conceito de documento é extraído a partir do
conhecimento jurídico.
Subjetivos: é a finalidade especial do agente exigida pelo tipo para que este se configure. Por
exemplo, o revogado art. 219 do CP: "raptar mulher honesta (...) com fim libidinoso ". Nesse caso, não
bastava o dolo de raptar; era também necessário o fim especial de manter relações lascivas com a
vítima. Sim, quando um tipo tiver elemento subjetivo, só haverá fato típico se presentes o dolo de
realizar o verbo do tipo+ a finalidade especial. O elemento subjetivo do tipo, portanto, não se confunde
com o dolo de praticar o verbo; é algo mais, ou seja, finalidade especial exigida expressamente pelo
tipo. A doutrina tradicional denomina isto como dolo específico. Quando a infração for dolosa, mas o
tipo não exigir qualquer finalidade especial, será suficiente o dolo genérico. Em contrapartida, quando,
além do dolo, o modelo incriminador fizer expressa referência a um fim especial, será imprescindível
que esteja presente o dolo específico.
Assim , se, por exemplo, “A” esquarteja a vítima em pedacinhos,certamente existe a consciência e a
vontade de produzir-lhe o resultado morte, configurando-se o homicídio doloso. Esse tipo não exige
qualquer finalidade especial; logo, para o aperfeiçoamento integral da figura típica é irrelevante se o
crime se deu com este ou aquele fim. Para o homicídio, basta a vontade de praticar o verbo, de
realizar o resultado, sem qualquer finalidade especial.
Ação nuclear
A ação nuclear da figura típica refere-se a um dos elementos objetivos do tipo penal. É expressa pelo
verbo que exprime uma conduta (ação ou omissão) que a distingue dos demais delitos. O Delito de
homicídio tem por ação nuclear o verbo matar, que significa destruir ou eliminar, no caso, a vida
humana, utilizando-se de qualquer meio capaz de execução.
Ação física
O Delito de homicídio é crime de ação livre, pois o tipo não descreve nenhuma forma específica de
atuação que deva ser observada pelo agente. Desse modo, o agente pode lançar mão de todos os
meios, que não só materiais, para realizar o núcleo da figura típica. Pode-se matar:
a) Por meios físicos (mecânicos, químicos ou patogênicos): dentre os meios mecânicos
incluem-se os instrumentos contundentes, perfurantes, cortantes; dentre os meios químicos
incluem-se as substâncias corrosivas (como por exemplo, ou ácido sulfúrico), que são geralmente
utilizadas para causar o envenenamento do indivíduo; finalmente entre os patogênicos incluem-se os
vírus letais (como o vírus Marburg, que mata 90% das pessoas). Exemplo: o agente portador do vírus
Marburg e consciente de sua natureza letal o transmite intencionalmente. A morte da vítima fará com
que o agente responda pelo delito de homicídio doloso consumado.
b) Por meios morais ou psíquicos: O agente se serve do medo ou da emoção súbita para alcançar
seu objetivo. E “podem os meios materiais associar-se aos morais, como no caso de o marido
desalmadoque, à custa de sevícias, maus-tratos etc., vai debilitando o organismo da esposa,
tornando-a fraca e enferma, e acabando por lhe dar o golpe de misericórdia com a falsa comunicação
da morte do filho.
c) Por meio de palavras: outros casos existem em que não há, como escreve Soler, descarga
emotiva, mas o emprego da palavra, que, não sendo vulnerante, atua, contudo, tão eficazmente como
o punhal, tal caso de quem diz a um cego avançar em direção a um despenhadeiro.
d) Por meio direto: age-se contra o corpo da vítima, como por exemplo, desferindo-lhe e facadas.
e) Por meio indireto: quando se lança mão de meio que propicia a morte por fator relativamente
independente do criminoso ou de seu contato direto com a vítima, como, por exemplo, atraí-la para
lugar onde uma fera ataque ou fique exposta a descarga de forte corrente elétrica.
f) Por ação ou omissão:
Ação: Comportamento positivo, movimentação corpórea, facere. Ex: Empurrar a vítima para um
precipício; desferir tiros com arma de fogo; desferir facadas etc.
Omissão: Comportamento negativo, a abstenção de movimento, o non facere. A omissão é um nada;
logo não pode causar coisa alguma. Quem se omite nada faz, portanto, nada causa. Assim, o
omitente não deve responder pelo resultado, pois não o provocou. A omissão penalmente relevante é
a constituída de dois elementos: o non facere (não fazer) e o quod debeatur ( aquilo que tinha o dever
jurídico de fazer).Não basta, portanto, o “não fazer”; é preciso que, no caso concreto, haja uma norma
determinando o que devia ser feito. É a chamada teoria normativa, a adotada pelo CP. O art. 13 § 2º,
do CP prevê 3 hipóteses em que está presente o dever jurídico de agir.

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