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Homicídio: Aspectos Jurídicos

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Direito Penal IV I
Anna Catharina Garcia 2020.1 @catharinaorganiza
	
Direito Penal 4
Profª Daniela portugal 
BIBLIOGRAFIA
Tratados de Direito Penal – Volume II e III – Cezar Roberto Bitencourt
PROVAS
1ª prova: 02/04
2ª prova: 04/06
HOMICÍDIO
O art. 121 inaugura a parte especial. Nosso código é dividido em parte geral, que
contém todos os dispositivos introdutórios em relação aos princípios gerais, dosimetria
da pena, por exemplo, e em seguida, a parte especial, sendo dividida em diversos
títulos e estes por sua vez, são divididos em diversos capítulos.
Dentro do título, temos crimes contra a pessoa e dentro desse, o homicídio se situa no
primeiro capítulo, ou seja, os crimes contra a vida. A CF no art. 5º, inciso XXXVIII provém a competência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida. Portanto, o art. 121 ao descrever o homicídio é um dos primeiros dispositivos a se conectar com esse mandamento constitucional, mas não apenas ele, a CF prevê que OS CRIMES DOLOSOS serão processados e julgados: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Trabalharemos com o homicídio em sua modalidade dolosa, além do aborto, o
induzimento ao suicídio e o infanticídio. Os bens jurídicos exercem uma função sistemática, ajudando-nos a sistematizar outros elementos de nossa legislação.
Para parte da doutrina, os crimes contra a vida devem ser julgados pelo júri e não
necessariamente os crimes dolosos contra a vida estão ligados ao Código Penal, ou
seja, não se restringindo ao título I, capítulo I. Tudo que envolve matar alguém seria do
Tribunal do Júri. Os tribunais se manifestaram a respeito da matéria e o STF vincula o Tribunal do Júri ao previsto no título I, capítulo I – previsto na súmula 603 e 610 do STF: 
· Súmula 603: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz
singular e não do tribunal do júri. Não há, de fato, espaço para falar-se em aplicação da Lei nº 9.299/96, que afastou a competência da Justiça castrense para julgar os delitos dolosos contra a vida, deslocando-a para a Justiça Comum.
Ex: Consigo levar a bolsa da pessoa, mas ela não morreu. O que pesa nesse caso no
momento de definir o latrocínio é o resultado morte. Aqui, seria uma tentativa de
latrocínio para o STF, porém é incongruente. Se o que pesa mais é a morte no latrocínio, a competência deveria ser do Tribunal do Júri. Como envolve uma morte, seria crime contra a vida.
· Súmula 610: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.
Jurisprudência: Quanto à configuração típica, observo, inicialmente, que, superado o questionamento probatório, não há divergência no que se refere ao cerne dos fatos: em um assalto contra dois motoristas de caminhão, um foi alvejado e faleceu e o outro sofreu ferimentos, mas sobreviveu. O Recorrente, diante da tentativa de fuga dos motoristas, efetuou disparos de arma de fogo em sua direção, vindo a atingi-los. Não foi esclarecido na denúncia ou na sentença e acórdão, se o Recorrente logrou obter a subtração patrimonial. Entretanto, a questão perde relevância diante da morte de uma das vítimas, incidindo na espécie a Súmula 610 desta Suprema Corte: "Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima". [RHC 107.210, voto da min. Rosa Weber]
Homicidio simples 
A descrição é matar alguém.
· CLASSIFICAÇÃO
Doloso: Atua com dolo.
Comum: É um crime que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Plurisubsistente: Os crimes plurisubsistentes são crimes que admitem tentativa. Além
de tentativa, admite arrependimento eficaz e desistência voluntária.
Unisubjetivo: Pode ser praticado por uma só pessoa. Se houver um concurso de
pessoas no homicídio, esse concurso é meramente eventual. Pode haver concurso,
como pode também não haver.
Instantâneo: Existe um instante que define a ocorrência do momento consumativo.
Se o agente ultrapassar esse instante e continua seguindo, há o exaurimento. QUAL
INSTANTE É ESSE? O instante que caracteriza a consumação no homicídio já passou por
diferentes entendimentos ao longo da história. Dessa forma, o instante consumativo do resultado morte é a morte cerebral. A partir da Lei de Transplante se assenta isso,
sendo a Lei 9.434/97. Se a pessoa está morta e continuo atirando, isso caracteriza o
exaurimento.
↓PERTENCEM A CATEGORIA DE CRIMES INSTANTÂNEOS DE EFEITOS PERMANENTES ↓
Não transeunte: Transeunte significa passagem; então crime não transeunte, é
aquele que não simplesmente passa, é aquele que deixa vestígios/marcas. O art. 158
do Código de Processo Penal traduz isso.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
O processo penal moderno tem como um dos seus principais pontos de origem os
processos inquisitórios. Daí, surge o juiz de garantias (o juiz que acompanhará a coleta
de provas não pode ser o mesmo que irá julgar).
O homicídio deixa vestígios, então só posso considerar que alguém morreu se encontro o corpo, de regra. Pode ser que não encontremos o corpo, mas um sistema de TV mostre que a vítima foi vista como morta, por exemplo.
O art. 167 do CPP prevê que a falta do exame de corpo de delito pode ser suprida pela
falta testemunhal.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Ex: Irmãos Naves foram os últimos a serem vistos com uma vítima, confessaram e foram presos. Anos depois, a suposta vítima apareceu e se descobre que ela havia ganhado na loteria, não havendo morte alguma.
· CONDUTA
É necessário analisar a conduta para diferenciar do homicídio de aborto. Da nidação até o momento que antecede o início do parto é o aborto. Se não tive nidação, será uma conduta atípica dos crimes contra a vida.
A PARTIR DO INÍCIO DO PARTO, FALAREMOS DE:
Infanticídio: Se o sujeito ativo for uma mulher e essa mãe está no estado puerperal e,
além disso, o momento do infanticídio é durante o parto ou logo após.
Homicídio: Se não preencho esses dois requisitos acima que são cumulativos, será o
homicídio.
Se iniciou o parto e quem matou foi a mãe em estado puerperal e essa morte aconteceu durante o parto ou após, seria o infanticídio.
Pode ser que seja durante o parto ou logo após, mas não seja uma mãe; seja durante
o parto ou logo após, seja uma mãe, mas ela não esteja em estado puerperal seria
homicídio.
Ex: Fulana durante o parto, obrigada a gestar uma criança, enfia uma faca na barriga
durante o parto, matando o nascituro. A perícia confirma que ela não estava em estado puerperal; aqui, é homicídio.
· GARANTIDORES
No crime de homicídio, devemos nos atentar as figuras dos garantidores. O homicídio é um tipo penal comissivo (fazer), mas quando analisamos a conduta de matar alguém,
essa conduta poderá ser ativa no sentido de uma ação (praticada por qualquer pessoa)
ou de uma omissão. Para que essa omissão seja considerada típica, devo falar de uma omissão imprópria (crimes comissivos por omissão), essa omissão é praticada por um garantidor, ou seja, aquele que deveria ou poderia impedir a morte, prevista no art. 13, parágrafo 2º do CP.
Ex: Vejo uma pessoa se afogando e não faço nada e essa pessoa morre, seria
homicídio? Depende de quem viu e não fez nada. Se estou diante de uma omissão
que levou ao resultado morte não se enquadrará no tipo penal comissivo, a não ser que seja de um garantidor, que atrairá o tipo penal comissivo.
Se for um banhista qualquer que vê um outro banhista qualquer; não responderá pelo
homicídio e sim, omissão de socorro. Resumidamente, em regra, a conduta do homicídio é sempre uma ação. Excepcionalmente, será uma omissão desde que seja um garantidor que podendo agir, descumpriu o dever de agir.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
Nos remete ao art. 121, parágrafo 1º do CP.
Causade diminuição
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Quando analisamos um tipo incriminador, ele se apresentará para nós em forma simples e alguns tipos incriminadores podem ou não prever formas qualificadas e/ou
privilegiadas. Basta que se observe a pena cominada para o tipo simples. Se for maior do que a simples, será qualificadora. Já se for menor que a simples, será privilegiado.
A pena cominada é o intervalo mínimo e máximo de pena;
Ex: Homicídio (6-20 anos).
O que seria um homicídio privilegiado? Se o homicídio simples tem pena de 6-20, o
privilegiado seria, por exemplo, uma pena de 1-4 anos. Mas, a doutrina costuma chamara figura do parágrafo 1º de homicídio privilegiado.
· MOTIVO: RELEVANTE VALOR SOCIAL OU MORAL
Quando falamos em valor social, estamos nos referindo a algo valorado positivamente
por toda a sociedade.
O moral é aquele pessoalmente valorado positivamente pelo próprio sujeito do crime.
Não estou mais diante de algo que é valorado positivamente pela sociedade, e sim pelo sujeito do crime que encontre por parte do intérprete uma minimização do juízo de reprovabilidade.
Ex: Sujeito que mata o assassino de sua família. Ele agiu por motivo de relevante valor
moral.
Sempre que houver vingança é relevante valor moral? Não necessariamente.
Existem vinganças que são torpes e outras que serão valoradas como nobres.
Violenta emoção + em seguida uma injusta provocação da vítima: O domínio da violenta emoção nos códigos criminais passados era causa de exclusão da responsabilidade penal. Por isso, era muito utilizada nos crimes de gênero, como o
feminicídio. No Código de 1940, a exclusão da responsabilidade não permaneceu, mas
continuou a permanecer a mitigação em relação a violenta emoção + logo em seguida,
injusta provocação da vítima. Quando falamos logo em seguida, é uma reação imediata.
Ex: Fui ofendido por alguém e passei meses premeditando como iria me vingar daquela pessoa, aqui não se trabalha com a causa de diminuição de pena. Houve um
comportamento injusto da vítima, mas houve a frieza da premeditação.
A injusta provocação da vítima é uma das origens dogmáticas da nossa legislação
vigente, sendo a culpabilização da vítima. Esta, será provocadora da própria morte. Isso irá variar conforme a interpretação que será dado por cada juiz. A vítima adotou um comportamento agressivo, este sendo criminoso, dando origem a uma hipótese de legítima defesa e em virtude do excesso, gerou o resultado morte. Havendo excesso na legítima defesa, o agente será responsabilizado.
Ex 1: Dani bate em Ju, e a partir desse momento, Ju terá direito a revidar. Se ela revida, Dani pratica crime de lesão corporal e Ju praticou uma conduta lícita, pois agiu em legítima defesa.
Ex2: Dani bate em Ju, mas para revidar, dá dois tiros em Dani e ela morre; Dani iniciou
a lesão, ela que responderia por lesão, mas não irá mais responder. Quando Ju estiver
respondendo por sua morte, terá um abatimento de pena, sendo a pena que a vítima
agressiva teria caso tivesse sobrevivido. 
Se a vítima pratica um CRIME contra o homicida, podemos que esse homicida agiu em domínio de violenta emoção e em seguida, há injusta provocação da vítima.
Não podemos confundir diminuição de pena com pena cominada. Não se diz qual a
pena mínima e qual a pena máxima e sim, a fração mínima e a fração máxima de
aumento ou diminuição.
HOMICIDIO QUALIFICADO 
Está previsto no art. 121, parágrafo 2º.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Todas as modalidades de homicídio qualificado são HEDIONDOS.
· MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO TORPE
É uma qualificadora pelos motivos. O motivo torpe é um motivo cruel, e que tem como
um de seus exemplos uma motivação mercenária, ou seja, financeira. A recompensa
não necessariamente é dinheiro, podendo ser por causa de um emprego ou contrato. A vingança não é necessariamente torpe nem necessariamente nobre;
· POR MOTIVO FÚTIL
O motivo fútil é um motivo desproporcional, sendo insignificante (motivo de “nonada” ou “somenos”). A ausência de motivos não se equipara a motivo fútil; às vezes o motivo não aparece no processo penal.
Ex: Fulano estava passando e um sujeito do nada, sem razão alguma, dá um tiro em
sua cabeça e o mata. Aqui, não se pode dizer que houve motivo fútil. Deve-se
comprovar nos autos essa insignificância e desproporção da motivação.
Ex2: Peço para Dani levantar e ceder lugar à uma idosa, ela diz que não irá levantar e
dou dois tiros em seu braço, sendo um motivo fútil.
· COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM
O veneno é um conceito amplo para o Direito Penal. Abrange desde o veneno
propriamente dito, como chumbinho, até substâncias que aparentemente são
inofensivas, mas para aquela vítima especificamente são letais. Para que se considere a qualificadora do veneno nessas substâncias que são em princípio inofensivas, o
agente precisará conhecer essas circunstâncias, senão estaremos em um erro de tipo.
Ex: Sal pode ser veneno? Para um hipertenso sim.
A asfixia pode ser tanto mecânica, como esganar alguém quanto uma asfixia química.
Ex: Câmara de gás.
Em relação a tortura, temos o homicídio qualificado pela tortura e a tortura qualificada
pela morte. No primeiro caso, a finalidade do sujeito é matar. Já na tortura qualificada
pelo resultado morte, o fim é torturar, mas a morte acaba sendo um resultado final.
Ex: Dani está torturando alguém por asfixia e de repente, errou a mão e a vítima não
resiste – tortura qualificada pelo resultado morte.
Obs: A tortura pode ser tanto física quanto psicológica.
Em relação ao meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum.
Aqui, há uma interpretação extensiva, também chamada de analógica ou outro meio.
Não se diz especificamente qual a situação, mas autoriza ao intérprete que
estenda/amplie o alcance do dispositivo legal.
Insidioso significa escondido/camuflado. Já cruel, é tudo aquilo que envolve um
sofrimento desproporcional, como matar alguém usando ácido ou água quente.
O perigo comum é o perigo para outras pessoas, por exemplo, quero matar alguém e
infecto alguém com corona vírus. Nesse querer matar, acabo fazendo incidir um perigo
para outras pessoas.
· À TRAIÇÃO, EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO
À traição significa quebra de confiança. Já a emboscada, significa a armadilha.
Também, a dissimulação, que ocorre quando o sujeito engana a vítima. O outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido, podem ser vários; por exemplo, uso de corda, entorpecente, etc.
· PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME
É a chamada qualificadora da conexão, estando conectados a crimes que já
aconteceram ou crimes que irão acontecer.
Ex: Mato alguém para que essa pessoa não testemunhe (homicídio qualificado pela
conexão).
Ex2: Mato alguém, pois este descobriu meu plano e a mato para que não me impeça
de executar o meu plano (homicídio qualificado pela conexão).
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:O homicídio contra agentes de segurança foi inserido pela Lei 13.142/2015. A
qualificadora deriva de uma condição especial da vítima. Então, quem será a vítima
do homicídio qualificado? O art. 142 da CF cita os agentes das forças armadas, já o
art. 144 da CF menciona a polícia federal, polícia civil, polícia militar e corpo de bombeiro e as polícias penais. Integram também os integrantes do sistema prisional, integrantes da Força Nacional de Segurança.
Parte da doutrina entende que a doutrina municipal também atrairia o inciso VII. Ele
exige que essa autoridade tenha sido vitimada no exercício da função ou em decorrência dela. 
Ex: Mato um policial em exercício, incidirá a qualificadora //do inciso VII.
Ex2: Pratico assalto em um restaurante e descubro que um sujeito que está lá é policial
e o mato. Não o matei em exercício, mas na condição do mesmo exercer a função de
policial. Se mato o filho de um policial para atingir esse policial, deveria saber que estaria diante de um cônjuge, companheiro, etc, e por essa razão, pratico o homicídio. Portanto, há incidência da qualificadora.
FEMINICÍDIO 
Foi inserido no CP em 2015 pela Lei 13.104/2015.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
Alguns ordenamentos usam femicídio e feminicídio para se reportarem a mesma prática.
A doutrina penal tem usado como elemento de diferenciação que o femicídio é o
assassinato da mulher e o feminicídio assassinato da mulher por ser mulher.
O feminicídio não é o simples matar mulher, apenas. Seria matar a mulher em razão
de sua condição de sexo feminino, ou seja, pelo fato de ela ser mulher. Não existe na
lei penal e na lei de uma maneira geral o que é mulher e o que é homem;
Hoje, se coloca o critério identitário, pois há pessoas que não se identificam como
homem ou mulher. 
Jurisprudencialmente, ainda vamos encontrar na maioria de
nossos tribunais a utilização do conceito biológico de mulher e de homem. Mas, já
temos precedentes de classificações a partir de critérios identitários, que considera a
mulher trans como vítima de feminicídio.
Há alguma decisão do STF e STJ usando o feminicídio em caso de assassinato de
mulher trans? Não. Porém, já há decisões aplicando Lei Maria da Penha e feminicídio para a defesa de mulheres trans. O feminicídio é uma qualificadora do homicídio. Outro ponto é o feminicídio representar a expansão do feminicídio punitivista. 
O argumento colocado em oposição a essa crítica é de que matar uma mulher sempre foi crime, não havendo expansão; matar uma mulher por ser mulher nunca foi um comportamento lícito. A segunda crítica feita é que se antes era crime e já poderia incidir a qualificadora, qual a necessidade de uma nova figura para prever algo que já era? No momento em que destacamos o componente de gênero e o escrevemos na norma, daremos àquela causa maior visibilidade.
Uma expressão importante é a misoginia, sendo um sentimento de ódio para com as
mulheres. Muitos assassinatos são praticados por essa misoginia. No momento que a
mulher contesta o seu papel, há um sentimento de ódio contra ela. Quando trazemos o feminicídio como uma bandeira, daremos maior visibilidade a causa. Pós Lei Maria da Penha há uma diminuição das taxas de feminicídio. Se analisarmos
de uma perspectiva interseccional e além do fator gênero, esses primeiros anos que
demonstram a diminuição do feminicídio, há um aumento do feminicídio de mulheres
negras (cerca de 15%) e diminuição das taxas de feminicídio de mulheres não-negras. Essa “diminuição” global não é uma diminuição de fato.
Por que o Projeto de Lei usou a palavra “gênero” e não “sexo”? Pelo fato de que o
gênero está além do componente biológico. Simone de Beauvouir diz que não se nasce
mulher, torna-se mulher. Então, ser mulher é muito mais do que ter uma vagina;
socialmente falando significa desempenhar determinados papéis. A partir do momento
que a pessoa nasce, será amoldada a uma expectativa social.
· SERÁ QUE O FATO DE OS DEBATES LEGISLATIVOS INCLUÍREM A EXPRESSÃO SEXO EM DETRIMENTO DE GÊNERO AFASTA A POSSIBILIDADE DE APLICAR O FEMINICÍDIO PARA MULHERES TRANS?
· SE APLICO O FEMINICÍDIO EM PROTEÇÃO DAS MULHERES TRANS, SIGNIFICARIA UMA
ANALOGIA IN MALAM PARTEM (PREJUDICIAL AO RÉU)?
Simone de Beauvoir diferencia sexo de gênero, afirmando que o sexo é um dado
biológico e gênero é um componente cultural. Judith Butler diz que não é só o gênero
que é uma construção cultural, o próprio sexo também é uma construção cultural.
Mas, como assim o sexo é uma construção cultural? Vivemos em uma sociedade binária que divide a sua população em dois grupos: homens e mulheres. Quando se resolve dividir a sociedade em dois grupos e definir o homem todos que nascerem com pênis e de mulher todos que nascem com vagina, isso é cultura.
Judith Butler traz a identidade como principal critério de classificação. Quem se
identifica com o sexo masculino é homem e quem se identifica com o sexo feminino é
mulher. Sexo feminino interpretado culturalmente pode ser pensado dentro dessa perspectiva nova/identitária. É possível a Lei Maria da Penha para proteção de mulheres transsexuais na opinião da professora e não há analogia in malam partem, pois a norma está presente. Apenas estarei dando um sentido para a palavra sexo diverso de genitália. Posso interpretar o sexo como genitália, mas também posso interpretar como identidade. 
As pessoas que se opõem a aplicação da LMP não são pessoas que irão defender a
aplicação dessa lei e feminicídio para homens trans. Se fosse por isso, teria que aplicar
a LMP para eles, já que nasceram com vagina.
Já temos precedente de aplicar a Lei Maria da Penha. Pela forma como o STF interpreta essas questões de gênero, no momento que a matéria chega ao STF, será admitida LMP tanto feminicídio para mulheres trans. O STF passou a entender o registro civil independente de cirurgia e de decisão judicial.
Outra decisão importante do STF foi em relação a criminalização da LGBTfobia
(analogia in malam partem), embora socialmente analisando é uma vitória muito
importante, mesmo sabendo que não irá gerar a diminuição dos casos de LGBTfobia.
2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
· VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
Existe uma Lei que conceitua violência doméstica e familiar contra a mulher, que é a
Maria da Penha (Lei 11.340/06). A tentativa de assassinato de Maria da Penha, que a levou a paraplegia foi na década de 80.
O conceito é o mais amplo que puder dar; abarca qualquer relação íntima de afeto. Está no artigo 5º da LMP.
· MENOSPREZO OU DISCRIMINAÇÃO À CONDIÇÃO DE MULHER
Por condição de mulher, entende-se a misoginia.
Existem estudos que dificultam a aplicação da LMP em relações lésbicas, por exemplo.
Quando uma mulher diz que a outra foi agredida por outra, geralmente brincam com a
situação (relações infantilizadas). Além disso, a mulher não se enquadra no estigma
social de agressora, sobretudo quando falamos de relação entre mulheres.
O STJ admite o cúmulo entre a torpeza e o feminicídio.
· QUALIFICADORAS
É possível que o sujeito tenha homicídio qualificado e privilegiado ao mesmo tempo?
Como funciona o processo de qualificação? Os motivos pesam mais.
O motivo torpe e motivo fútil são qualificadoras subjetivas, relacionadas a motivação.
Quando o STJ cumula a qualificadora do feminicídio com motivo torpe, o raciocínio do
STJ é que não há Bis In Idem. O argumento foi que o motivo torpe é um elemento
subjetivo e o feminicídio é um elemento objetivo. Então, para o STJ, o feminicídio é uma qualificadora de natureza OBJETIVA. Então, pode cumular duas qualificadoras nesse caso (feminicídio com torpeza); não poderia se ambas fossem objetivas. Aqui, admite o cúmulo.
PARA DANIELA, a decisão do STJ está equivocada e o feminicídio é subjetivo. O
feminicídio está relacionado uma motivação (a norma diz “por razões de sua condição
feminina”). Qual a motivação? Não basta ser mulher, apenas.
Existem causas de aumento depena vinculadas ao feminicídio, estão no parágrafo 7º
do art. 121.
Discutimos também a questão da posse de armas, presente no art. 22, inciso I LMP. É
muito comum que casais de militares estejam juntos. A agressão muitas vezes,
acontece em serviço; aqui, é complicado. Será justiça militar ou vara de violência
doméstica? Há uma divergência.
HOMICIDIO CULPOSO
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Quando há a detenção, o regime inicial é semi-aberto ou aberto (não cabe regime inicial fechado). Também, todos os crimes culposos, além desse, admitem substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
O homicídio culposo é praticado em virtude da inobservância de um dever de cuidado.
Há uma previsão importante no parágrafo 5º do art. 121 para esse homicídio.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Nessas situações em que o resultado do crime já é visto como maior pena que poderia
sofrer, o juiz pode deixar de aplicar a pena e aplica-se o perdão judicial.
Ex: Cristiane Torloni que atropela seu filho. Mas, a pior consequência é a mãe perder o
filho.
Ex2: Pai esquece a criança dentro do banco de trás do carro e quando volta, a criança
já está morta. O perdão judicial é tratado no CP e também por súmula no STJ.
· Súmula 18: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”
Antes, se defendia que o perdão tinha natureza condenatória. Qual era o resultado
prático disso? Perdoar alguém, aquela pessoa não irá cumprir pena, será possuidora de
maus antecedentes. O STJ consta que o perdão não tem natureza condenatória e sim,
declaratória, não subsistindo qualquer efeito condenatório. É como se o fato nunca
tivesse acontecido para o DP; uma vez aplicado, ele não tem natureza condenatória,
não gerando reincidência/nenhum efeito condenatório. 
AUMENTO DE PENA 
As causas de aumento de pena são também chamadas de majorantes. O aumento de
pena do parágrafo 4º se aplica tanto ao homicídio doloso quanto culposo.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
· INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA
Essa é a mais polêmica. A culpa decorre da inobservância de um dever de cuidado, que
se reflete em uma imprudência, negligência e imperícia. Em relação aos profissionais
essa inobservância do dever de cuidado é a imperícia, sendo o mau emprego da técnica ou até pela inaptidão momentânea pelo desempenho da técnica.
Como pego um elemento para caracterizar o crime culposo e além disso uso esse
elemento como causa de aumento de pena? Seria um Bis In Idem.
Ex: Médico que não tem domínio perfeito de um instrumento cirúrgico, faz uma cirurgia e causa no paciente a morte. Aqui, é culposo. Vai incidir o aumento de pena? O mesmo elemento que deu origem a punir a conduta será usado como componente de aumento de pena.
Para a primeira corrente, estaríamos diante de um Bis In Idem.
Para a segunda corrente, não seria Bis In Idem e defende que imperícia não é a mesma coisa de inobservância de regra técnica. Os doutrinadores que diferenciam essas espécies ao ver da professora se atrapalham; parte deles diz que só poderá aplicar o aumento de pena quando se está diante de uma regra expressamente prevista (ex: protocolo de atendimento) e que deliberadamente o profissional não obedeceu.
· Não prestar socorro nem diminuir as consequências do ato
· Se o agente foge para evitar a prisão em flagrante
A acusação deve provar que a pessoa fugiu para evitar flagrante. Há casos em que o
sujeito foge para não ser linchado, como no caso de crimes culposos.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
O parágrafo acima se aplica a todas as figuras de homicídio e está relacionada a crimes
de grupo de milícia ou grupos de extermínio. Estes, não tem um conceito muito fechado; mas a pretexto de garantir segurança, pratica atos de violência.
HOMICIDIO NO TRANSITO 
O código de trânsito prevê a prática de crime culposo e não prevê o homicídio doloso.
Isso significa que se praticarmos um homicídio culposo na condução do veículo
automotor, seremos julgados pelo art. 302 do Código de Trânsito. Já o doloso, aplicase o Código Penal.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
O Código Penal prevê uma pena menor, já o código de trânsito prevê uma pena maior
e além disso, a suspensão ou proibição de se obter a permissão/habilitação para dirigir
um veículo automotor. Essa proibição deve ser limitada no tempo, já que o Direito Penal não admite sanções perpétuas.
Ainda no art. 302 há causas de aumento de pena aplicáveis a essa situação.
O parágrafo 3º é um dos mais polêmicos do Código de Trânsito.
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer
outra substância psicoativa que determine dependência.
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
É um homicídio culposo qualificado. Esse parágrafo 3º, apesar da redação ser de 2017,
a previsão legal do homicídio culposo é de 2008. Antes, quando não existia a previsão
de 2008, todas as pessoas que na condição de veículo automotor sob influência de
álcool que atropelavam ou matavam alguém respondiam por homicídio culposo, apenas. Mas, depois das propagandas que envolvem álcool e outras substâncias entorpecentes, se o sujeito consome álcool ou outra substância, assume risco de matar. Então, boa parte dos homicídios já estavam sendo caracterizados como dolosos, com dolo eventual.
· SERÁ QUE AGORA O CONSUMO DO ÁLCOOL OU DE QUALQUER SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE OBJETIVAMENTE JÁ TORNA AUTOMATICAMENTE O CRIME DOLOSO POR DOLO EVENTUAL? 
Se for assim e o sujeito toma um copo de cerveja, já assume o risco de matar alguém. Para evitar esse dualismo, temos a causa do aumento de pena no homicídio culposo.
· MAS, NUNCA PODEREI TIPIFICAR COMO DOLOSO QUANDO O SUJEITO ESTIVER SOB INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL? 
Aos poucos se construiu a ideia de quando existe o consumo do álcool ou
outras substâncias análogas pode ser homicídio culposo ou doloso. Quem provoca uma morte com álcool ou substância análoga, poderá ter sua conduta tipificada como doloso ou culposo a depender do caso.
O CP quando traz o homicídio culposo, traz a previsão do perdão judicial. Mas, o
homicídio culposo de trânsito não. 
· O DEBATE COLOCADO É: “É POSSÍVEL POR ANALOGIA
TRAZERMOS O PERDÃO JUDICIAL DO CP DO HOMICÍDIO CULPOSO E APLICAR AO HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO?”
Os tribunais admitem por analogia. Mas, não é em todo o caso
que os tribunais fazem isso. Quando existe uma relação de parentesco ou afinidade entre o condutor responsável pelo acidente e a pessoa vitimada, os nossos tribunais costumam aplicar o perdão judicial. Não admitem, via de regra, quando NÃO existe essa relação de afinidade.
eutanasia 
Com relação a eutanásia, não existe previsão legal em nosso CP. O projeto de reforma
do CP traz a previsão e de alguma de suas modalidades, mas é um projeto ainda não
aprovado.
Quando falamos em eutanásia, estamos falando de uma expressão que tem o prefixo
EU (boa) + TANÁSIA (morte). Então, em termos etimológicos a eutanásia é a boa morte,sendo uma morte por razões nobres. A doutrina traz uma série de subdivisões e
subclassificações de derivações terminológicas da eutanásia.
· EUTANÁSIA ATIVA
Tanto na eutanásia ativa quanto passiva, teremos a antecipação do momento da morte. Na eutanásia ativa, a antecipação do momento da morte é por meio de uma ação.
· EUTANÁSIA PASSIVA
Na eutanásia passiva, a antecipação do momento da morte é por meio de uma omissão.
· ORTOTANÁSIA
A ortotanásia é a morte no tempo certo. Normalmente, essa morte no tempo certo
acaba exigindo dos médicos e familiares uma postura expectante, ou seja, de espera.
Essa postura meramente expectante, se estivéssemos falando de sujeitos não
garantidores não teria problema, mas estamos falando de sujeitos que são garantidores. Se o médico está responsável por um paciente que está em coma e ele teve uma parada cardíaca, esse médico sabe que se reverter o quadro, o paciente voltará a vida e continuará em coma por indefinidos anos. Esse médico, no momento que o paciente tem a parada cardíaca, não faz nada, sendo uma ortotanásia, é uma morte sem que ninguém maneje práticas que levarão a um prolongamento de sofrimento.
O CFM começou a regular a ortotanásia, por meio da resolução 1.805/2006. Deve ser
uma fase terminal, portanto. A resolução 1.995/2012, o paciente com vida, no momento que está consciente poderá redigir um documento dizendo que caso esteja em uma situação incapacitante de manifestação de vontade, deve ser tratado de forma X ou Y. Aqui, antecipa a vontade em relação a algo (diretivas antecipadas de vontade).
· DISTANÁSIA
Prolongar ao máximo a vida do paciente.
· EUTANÁSIA INDIRETA
A eutanásia indireta é também chamada de eutanásia de duplo efeito. Nesses casos, o
mesmo tratamento ou medicamento que orienta a cura ou melhoria de condição do
estado do paciente é um medicamento que pode vir a mata-lo.
· MISTANÁSIA
Mis (alguns dicionários é associado o rato, outros precário). A mistanásia seria a morte
precária, ou seja, a morte em caso de plena miserabilidade, sendo por exemplo, os
pacientes que ficam na fila do SUS e morrem nos corredores.
Induzimento, instigação e auxilio ao SUICIDIO: Art 122 do cp. 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
· AUTOLESÃO 
O suicídio é uma conduta atípica, o direito penal não tutela a auto lesão. Isso se conecta ao principio da alteridade, bilateralidade ou transcendentalidade, ou seja, para que se tutele criminalmente um comportamento é necessário que ele transcenda figura do sujeito e alcance outra pessoa, e no suicídio isso não ocorre.
Isso não quer dizer que o suicídio é um direito subjetivo, pois, se assim fosse, o auxilio a essa pratica não seria criminalizado.
O AUXILIO A UMA LESAO CORPORAL É TIPICA OU ATIPICA? A doutrina sequer enfrenta essa situação, sendo que, essa é uma figura super comum, mas, que não esta criminalizada.
Essa figura da criminalização do auxilio a auto lesão não esta criminalizado em países como a Alemanha, pois, se não se pune o mais, não se pune o menos. Assim como não se pune a auto colocação em perigo, e o auxilio a esse não são figuras puníveis no codigo alemão. 
O sujeito que auxilia é um participe da conduta, o sujeito não executa a ação principal mas ele vai estar ali prestao colaboração moral ou material, colaborando. 
COLABORAÇÃO MORAL = Induzir e instigar. Induzir vai ser fazer nascer a ideia, e o instigar é fomentar a ideia que já existe. 
COLABORAÇÃO MATERIAL = Auxilio, é um sujeito que empresta o instrumento que vai ser usado pelo suicida. 
· PENA
O legislador vincula a pena a depender das consequências: 
2 – 6 anos → MORTE
EXEMPLO: Eu forneço o medicamento para a pessoa de matar, ela tme uma overdose e morre. 
1 – 3 anos → LESÃO GRAVE
EXEMPLO: Eu forneço o medicamento para a pessoa de matar, ela tem uma overdose e não morre, sobrevive com uma lesão leve. 
DOUTRINA: NÃO SE PUNE A TENTATIVA DO AUXILIO AO SUICIDIO, consumando ou não a morte, não vai alterar se houve ou não a consumação do crime de auxilio. E sim, a consumação é do ato de auxiliar moralmente ou materialmente. 
E SE HÁ LESAO LEVE? Ainda nessa situação do exemplo em que eu forneço o medicamento e a pessoa sobrevive apenas com uma lesão leve, seria uma TENTATIVA de auxilio ao suicídio? Ou uma CONDUTA ATIPICA? Perceba que a redação do preceito secundário do artigo vai colocar que literalmente, seria uma figura de uma conduta ATIPICA, e esse é o entendimento majoritário. DANIELA NÃO CONCORDA, cre que a conduta é típica mas não é punível.
Esse crime é plurisubsistente e só admite a modalidade dolosa. 
· CAUSA DE AUMENTO: §3º I 
MOTIVO EGOISTICO: Alem de agir com dolo, teve a motivação egoística, como por exemplo querer a herança da pessoa. 
NELSON HUNGRIA: Para ele, sempre que um familiar optava pela eutanásia configuraria motivos egoísticos, pois, ele cre que esse familiar queria mais se livrar do encargo de ter que cuidar daquele paciente, do que, seria razoes nobres. 
MOTIVO FUTIL E TORPE: Mesmos do homicídio. 
SE A VITIMA É MENOR OU TEM CAPACIDADE DE RESISTENCIA DIMINUIDA: Perceba que o sujeito passivo é qualquer pessoa capaz de discernimento. 
O sujeito passivo do crime do 122 é qualquer pessoa capaz de discernimento. Diante disso, se analisa 2 situações: 
1º: uma pessoa que tem discernimento diminuído. Ex: uma pessoa que seja dependente químico ou um transtorno bipolar, e no momento que a pessoa está em crise, eu induzo a pessoa se matar. Nesse caso, se aplica o inciso II. 
2º: sujeito que não tem discernimento nenhum. Ex: eu induzo uma criança a se matar pulando da janela. Nessa situação, está diante do art. 122 ou algo mais grave?! Para a doutrina penal, se está diante de uma pessoa que não tem qualquer discernimento, a pessoa que induziu, auxiliou ou instigou vai responder por crime de homicídio  é também garantidor quem criou o risco pelo resultado ( art.13, §2º, “C”). RESPONDE POR HOMICÍDIO OMISSIVO IMPRÓPRIO e não pelo art. 122. 
Sujeito com idade menor de 12 anos seria interpretado como sujeitos providos de discernimento- segundo o ECA. Mas, segundo o CP é menor de 14 anos.
SE A CONDUTA É REALIZADA POR MEIO DA REDE DE COMPUTADORES, DE REDE SOCIAL OU TRANSMITIDA EM TEMPO REAL. 
SE O AGENTE É LÍDER OU COORDENADOR DE GRUPO OU DE REDE VIRTUAL
LESÃO GRAVE OU GRAVISSIMA CONTRA MENOR DE 14 ANOS
Contraria o olhar da doutrina, a partir do marco etário. Como também contraria quando remete ao crime de lesãocorporal gravíssima e não ao crime de homicídio. 
O art. 129, §2º se refere a lesão gravíssima e não ao crime de homicídio. 
Como é uma alteração de 2019, não se sabe, ainda, como os tribunais vão se posicionar.
SE O CRIME DE QUE TRATA O § 2º DESTE ARTIGO É COMETIDO CONTRA MENOR DE 14 (QUATORZE) ANOS OU CONTRA QUEM NÃO TEM O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO, OU QUE, POR QUALQUER OUTRA CAUSA, NÃO PODE OFERECER RESISTÊNCIA, RESPONDE O AGENTE PELO CRIME DE HOMICÍDIO, NOS TERMOS DO ART. 121 DESTE CÓDIGO
· QUESTOES ESPECIAIS 
PACTOS DE SUICIDIO: 
SITUAÇÃO 1: O sujeito A liga o gás e o sujeito B abre a válvula do fogão. Diante dessa situação, imagine que A morre e B sobrevive. 
SITUAÇÃO 2: O sujeito A liga o faz e abre a a válvula do fogão, e o sujeito B faz apenas parte do pacto de morte. Então, A morre e B sobrevive. 
A doutrina vai debater, por que crime B vai responder em cada um dos casos? 
De uma maneira geral, quando B não fez nada e sobrevive, ele vai ser enquadrado como AUXILIAR do suicídio (art 122). Quando B executa o verbo, ele vai ser colocado pela maioria da doutrina como um HOMICIDA. 
SITUAÇÃO 3: E, se na situação 2, A sobrevive e B morre, pelo o que responderia? Tambem responderia como 121, homicida.
GRECCO: Traz uma situação em que um casal alemão combina um pacto de morte, ele envenena a garrafa, brindam, e quando vao beber, ele bebe e ela não. Na Alemanha não é criminalizado o auxilio ao suicídio, então, o tribunal constitucional alemão usou a TEORIA DO DOMINIO DO FATO, ela foi punida como homicida. 
Infanticidio 
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
· CARACTERES GERAIS 
INFLUENCIA DO ESTADO PUERPERAL: O ESTADO PUERPERAL É UM CONCEITO EXTRAÍDO DA MEDICINA QUE DIZ RESPEITO A UMA ESPECIE DE DESCOMPENSARÃO/CRISE QUE ENVOLVE FATOS QUÍMICOS E PSICOLÓGICOS QUE LEVAM A UM ESTAGIO PUERPERAL. NÃO É O PUERPERAL DA GESTAÇÃO EM QUE AS GESTANTES TEM MODIFICAÇÕES DE HUMOR/PALADAR. 
TAMBÉM NÃO É UMA DEPRESSÃO POS PARTO. O FATO É QUE, UMA VEZ RECONHECIDO O ESTADO PUERPERAL É QUEM INCIDE O INFANTICÍDIO, UMA VEZ QUE A PARTURIENTE NÃO SE ENCONTRAVA EM ESTADO PUERPERAL E MATA O PRÓPRIO FILHO, É UM CRIME DE HOMICIDIO.
A MEDICINA DIZ QUE O ESTADO PUERPERAL DURA ALGUMAS HORAS OU ATE ALGUNS DIAS, VARIA DEPENDENDO DA PARTURIENTE. 
NÃO É UMA HIPOTESE DE INIMPUTABILIDADE, NÃO HÁ EXCLUSAO DO CRIME, A PENA DO INFANTICIDO É MENOR POIS ELE COMPROMETE O AUTO CONTROLE DA MULHER, ENTÃO, A CONDUTA É APENADA DE UMA MANEIRA MAIS BRANDA. 
O PROPRIO FILHO: ESSE CRIME É PRÓPRIO, SÓ PODE SER PRATICADO PELA MÃE QUE ACABOU DE PARIR AQUELA BEBE. EXIGE DO SUJEITO ATIVO ESSA CARACTERÍSTICA. 
E SE A PARTURIENTE NA INTENÇÃO DE MATAR O SEU FILHO, VAI ATE O BERÇARIO E MATA UMA CRIANÇA ACHANDO QUE É O SEU FILHO? HÁ UM ERRO SOBRE A PESSOA, E A MÃE RESPONDERA POR INFANTICIDIO POIS HOUVE ERRO QUANDO A PESSOA. SE ELA TIVESSE MATADO INTENCIONALMENTE O FILHO DE UMA OUTRA PESSOA, SERÁ UM HOMICIDIO. 
FATOR CRONOLOGICO (DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS): VAI DIFERENCIAR O ABORTO DO INFANTICIDIO: 
Nidação 
Inicio do parto 
Nascimento da criança 
 ABORTO HOMICIDIO OU INFANTICIDIO 
E QUAL SERIA O INICIO DO PARTO? NUMA CESARIA SERIA EXATAMENTE O MOMENTO EM QUE CORTA, MAS EM PARTOS NATURAIS HÁ A DISCUSSÃO JÁ QUE DE MULHER PARA MULHER PERCEBE-SE QUE ESSE MOMENTO É DIFERENTE, HÁ MULHERES QUE NÃO TEM CONTRAÇÃO OU ROMPIMENTO DE BOLSA. ASSIM, O DIREITO PENAL RECORRE A MEDICINA PARA SABER SE TEVE OU NÃO INICIO DO PARTO. 
A PARTIR DO INICIO DO PARTO, PODE ACONTECER O INFANTICIIO (DEPENDENDO DAS CONDIÇOES), QUANDO NÃO, HOMICIDIO. 
· CONCURSO 
É UM CRIME PROPRIO, ENTÃO ADMITE COATORIA E PARTICIPAÇÃO. ISSO SIGNIFICA DIZER QUE SÃO CONSIDERADOS SUJEITOS EM SI MESMS QUE NÃO TEM O ATRIBUTO EXIGIDO PELO TIPO INCRIMINADOR. UM TERCEIRO QUE NÃO TEM NENHUMA DAS CARACTERISTICAS DA MÃE. 
SITUAÇÃO 1: MÃE (AUTORA) + TERCEIRO ( PARTICIPE) → AMBOS RESPONDEM POR INFANTICIDIO (PENA DE 2 A 6 ANOS)
SITUAÇÃO 2: MÃE (AUTORA) + TERCEIRO (AUTOR) → AMBOS TAMBEM RESPONDEM POR INFANTICÍDIO 
SITUAÇÃO 3: TERCEIRO (AUTOR) + MÃE (PARTICIPE) → DISCUSSÃO DOUTRINARIA 
HÁ VARIAS POSSIBILIDADES DE SOLUÇÃO DESSA SITUAÇÃO 3, SÃO ELAS: 
1. A MÃE RESPONDE POR INFANTICIDIO E O TERCEIRO POR HOMICIDIO → FERE A TEORIA MONISTA POIS O ACESSÓRIO (PARTICIPAÇÃO) DEVERIA ACOMPANHAR O PRINCIPAL (AUTORIA)
2. OS DOIS RESPONDEM POR HOMICIDIO → FERE A PROPORCIONALIDADE POIS, NA MELHOR DAS HIPOTESES, A MENOR PENA DO HOMICIDIO SÃO 6 ANOS, QUE É A PENA MAXIMA DO INFANTICIDIO. 
3. OS DOIS RESPONDEM POR INFANTICIDIO → FERE A TEORIA MONISTA POIS O TERCEIRO NÃO ESTA EM ESTADO PUERPERAL. 
LUIZ REGIS PRADO: DEFENDE A OPÇÃO 1, ARGUMENTANDO QUE NÃO HÁ OFENSA A TEORIA MONISTA POIS SERIA UM DESVIO SUBJETIVO DE CONDUTAS, QUE ESTA PREVISTO NO ART 29, §2º. ELE USA ESSE ARTIGO PARA ROMPER A COAUTORIA, MESMO QUE ESSE ARTIGO NÃO FOI PENSADA PARA CABER NESSA SITUAÇÃO, MAS, LUIZ USA PARA FUNDAMENTAR QUE OS SUJEITOS ESTEJAM COM VONTADES DIFERENTES MESMO QUE ESTEJAM REUNINDO ESFORÇOS PARA PRATICAR A CONDUTA, ELES COOPERAM MAS COM DOLOS DIFERENTES. ATENÇÃO COM CONCURSO DE PESSOAS
        Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
        § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.  
        § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.         
Circunstâncias incomunicáveis
        Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime 
        Casos de impunibilidade
        Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
· CONFRONTO COM 134 §2º
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Se uma mãe em estado puerperal mata imprudentemente o próprio filho. Parte da doutrina argumenta que seria uma figura atípica e outra parte diz que seria homicídio culposo (entendimento majoritário). 
ABORTO 
CONCEITO 
A interrupção do curso fisiológico da vida intrauterina. É a morte do feto em consequência da interrupção da gravidez. Ou seja, só há aborto quando há gravidez. 
PREVISÃO LEGAL 
ART 124 A 128:
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:   
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:   
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas      causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:  
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
BEM JURIDICO TUTELADO 
BJ TUTELADO → VIDA INTRAUTERINA
A PARTIR DO ARTIGO 125, O CÓDIGO TAMBÉM ESTA PROTEGENDO A INCOLUMIDADEDA GESTANTE, QUANDO ESTA LIVRE DE PERIGO OU DANO.
QUAL A DIFERENÇA DO ABORTO PARA O HOMICIDIO? O HOMICÍDIO É PARA A VIDA JÁ DESENVOLVIDA, O ABORTO É SOBRE A VIDA INTRAUTERINA. É TAMBÉM O QUE DIFERENCIA DO INFANTICÍDIO, QUE É O ASSASSINATO DE CRIANÇAS. 
LIMITE TEMPORAL: INICIO E FIM DA PROTEÇÃO 
· INICIO
1ª CORRENTE: Nidação 
Momento que o ovulo fecundado se nida na parede intrauterina. 
2ª CORRENTE: Fecundação 
A partir do momento que o ovulo é fecundado. Essa corrente se faz meio sem sentido e é pouco aderida, pois, remédios como a pílula do dia seguinte seriam abortivos.
· FIM 
INICIO DO PARTO: Pode ser o natural (dilatação) ou na cesaria (incisão nas camadas do abdômen). A morte a partir do inicio do parto seria enquadrado como infanticidio ou homicidio. 
Tipos de aborto 
· NATURAL/ESPONTANEO 
Expulsão natural do feto pelo corpo da gestante. Não há ação na modalidade culposa ou dolosa. 
· CULPOSO 
Quando não há a intenção de abortar, como por exemplo quando um sujeito sem querer empurra uma gestante e ela cai, o aborto não admite a modalidade culposa, então, o sujeito não vai responder por aborto (e nem a gestante obviamente), mas, ele vai responder por lesão corporal grave. 
· DOLOSO
O aborto só é doloso, quando a gestante ou outro intencionalmente retiram a vida do feto. 
ELEMENTO SUBJETIVO: DOLO 
É o único elemento desse tipo. O aborto é um crime doloso, admitindo:
· Dolo direto 
· Dolo eventual
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINARIA 
O ABORTO É UM DELITO DE FORMA LIVRE. 
· FORMA LIVRE X VINCULADA 
VINCULADO É O QUE VINCULA O TIPO PENAL AS FORMAS. A LIVRE NÃO HÁ ESSE NEXO, É QUALQUER AÇÃO QUE LEVE A ISSO 
O ABORTO É UM DELITO NÃO TRANSEUNTE
· OU SEJA, É AQUELE QUE DEIXA VESTIGIOS. 
O ABORTO É UM DELITO COMISSIVO OU OMISSIVO IMPROPRIO 
· HÁ UMA CONDUTA ATIVA DO AGENTE OU DE UM GARANTIDOR. EXEMPLO: UM MEDICO.
O ABORTO É UM DELITO MATERIAL 
· EXIGE O ADVENTO DO RESULTADO NATURALÍSTICO: A MORTE DO FETO. 
O ABORTO É UM DELITO INSTANTANEO E DE EFEITO PERMANENTE. 
SUJEITO ATIVO 
· PROVOCADO POR TERCEIRO
É UM CRIME COMUM, QUALQUER UM PODE PRATICAR. 
· AUTO ABORTO 
SOMENTE A PROPRIA GESTANTE PODERA COMETER, SERÁ UM CRIME DE MAO PROPRIA 
SUJEITO PASSIVO 
É o feto, caso haja consentimento da mãe. 	
DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA: Tanto a mãe quanto o feto são sujeitos passivos. 
Consumação 
Se consuma com a morte do feto, e a expulsão do corpo do útero não é necessária para a consumação do delito. 
Se durante a gestação ocorrerem manobras para causar o aborto, e mesmo assim o feto nascer com vida e logo após morrer, ainda assim configurar-se-a o crime de aborto. Por outro lado, se a criança nascer com deformações e após o nascimento for morta por outro meio, será considerado infanticidio ou homicidio. 
Tentativa 
O SUJEITO PODE TENTAR, MAS PODE ACONTECER DO FETO NÃO VIR A OBITO, AINDA ASSIM CONSIDERARÁ O DELITO.
ESPECIES
· ART 124 1ª PARTE → AUTO ABORTO 
· ART 124 2ª PARTE → ABORTO CONSENTIDO 
· ART 125 → PROVOCADO POR TERCEIRO SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
· ART 126 → PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
O CONSENTIMENTO NÃO SERÁ LIVRE DE VÍCIOS SE A GESTANTE 
· NÃO É MAIOR DE 14 ANOS 
· ALIENADA OU DÉBIL
· MEDIANTE FRAUDE, VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. 
O CONHECIMENTO DA GESTANTE PRECISA SER 
· PRÉVIO 
· VALIDO 
· SEM VÍCIOS 
O ABORTO É EXCECAO A TEORIA MONISTA: POIS, NORMALMENTE AS PESSOAS QUE ESTÃO NO MESMO DELITO SERÁ IMPUTADO O MESMO TIPO PENAL. MAS O ABORTO É UMA EXCECAO PORQUE NÃO VAI SER O MESMO TIPO PENAL, A GESTANTE VAI SER ENQUADRADA NO ART 124 E O TERCEIRO (COM CONSENTIMENTO DELA PRA O ABORTO) SERÁ ENQUADRADO NO ART 126. E, SE O ABORTO É PRATICADO SEM O CONSETIMENTO DA GESTANTE, O TERCEIRO SERÁ ENQUADRADO PELO ART 125 E A GESTANTE NÃO SERÁ ENQUADRADA EM NADA. 
ABORTO LEGAL
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:  (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
· NECESSÁRIO\TERAPÊUTICO (ART.128,I)
Não ha outro meio para salvar a vida da gestante, é supressão da vida do feto para resguardar a vida da gestante, configurando uma causa especial de exclusão da ilicitude.
NÃO É NECESSÁRIO O CONSENTIMENTO DELA
· SENTIMENTAL HUMANITÁRIO (ART.128,II)
Trata-se da hipótese que a gravidez se deu de um delito de estupro. Nesse sentindo temos um crime de estupro e em razão desse delito a mulher poderá interromper a gravidez por tanto se a gestação é decorrente do estupro será possível o aborto fazendo necessário o consentimento expresso da gestante ou dos seus representantes.
A doutrina majoritária entende que é uma causa especial de excludente de ilicitude, mas tem doutrina que defende que nao é uma excludente de ilicitude por nao estar no código e sim uma excludente de culpabilidade.
· ADPF N54, STF (EUGENICO OU EUGENESIO): trata-se da hipótese em que interrupção da gravidez em função a má formação do feto, que gera a inviabilidade da vida do feto.
ADPF Nº54: 
ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente
neutro quanto às religiões. Considerações.
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E
REPRODUTIVA – SAÚDE –DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS
– CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a
interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos
124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal.
causas de aumento de pena 
art.127,CP
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas      causas, lhe sobrevém a morte.
· Morte → pena duplicada
· Lesão de natureza grave → pena majorada em 1\3 
POSIÇÃO DO STF EM 11\2016: Inconstitucionalidade da criminalização no 1 trimestre → Ainda em discussão no tribunal. 
QUESTÕES PARA REVISAR PARA A PROVA:
João ao saber que maria esperava um filho seu, planeja sem a ciência da companheira, a realização do procedimento abortivo. Ministra então, substância abortiva, na comida de Maria, que passa mal, e é levada para o hospital. 
A)	Considere que maria e o feto sobrevivem, e a gestação é mantida até o nono mês, quando o feto nasce com deformidades permanentes, decorrentes da substância ingerida meses atrás.
B)	Considere que em virtude da substância Maria vem a óbito por hemorragia, e os médicos conseguem antecipar o parto do prematuro, que nasce com vida.
Obs: em ambos os casos considere que João não desejou nem assumiu a morte de Maria.
LESÃO CORPORAL 
TIPIFICAÇÃO 
Todas as modalidades de lesão são dolosas, com exceção da lesão culposa que esta expressamente colocada, e, a seguida de morte é preterdolosa. 
LESÃO LEVE (129, caput)
SUBSTITUIÇÃO POR RESTRITIVA
A lesão leve tem uma pena que vai ser necessariamente menor ou igual a 4, já que é um delito de menor potencial ofensivo. Porem, por ser lesão, envolve violência ou grave ameaça a pessoa. Assim, se se fosse aplicar literalmente o art 44, não poderia substituir a pena privativa por uma restritiva de direitos, já que não cumpre os requisitos. 
Mas, entre a lei 9099/95 que é a lei dos juizados cíveis e criminais. E, ela vai começar a fazer a doutrina e a jurisprudência discutirem essa restrição da substituição da pena da lesão leve, pois, essa lei é descarcerizadora. Pois, ela traz dois institutos que vão afastar a prisão: 
· Composição civil → dos danos Acordo entre o acusado e a vitima 
· Transação penal → Acordo entre o acusado e o MP 
Em ambas, quando se faz um acordo para que o processo não va adiante, o objeto desse acordo é descarcerizador, pois, a o réu não é preso e indeniza a vitima por exemplo. 
Esse procedimento do juizado, é aplicável em regra a todas as infrações de menor potencial ofensivo. QUE SENTIDO FARIA LEVAR O CRIME PRO JUIZADO, PERMITIR TRANSAÇÃOE COMPOSIÇÃO, E NÃO PERMITIR A SUBSTITUIÇÃO DA PRIVATIVA DE LIBERDADE PELA RESTRITIVA DE DIREITOS? Assim, os tribunais, apesar de envolver violência/grave ameaça, passam a autorizar a restritiva para lesões leves. E o mesmo se aplica a todos os outros tipos que envolvem violência/ameaça mas é de menor potencial ofensivo, ficou permitido a substituição por restritiva de direitos. 
A AÇÃO: 
Essa ação penal é uma ação penal publica condicionada a representação da vitima. No passado eram incondicionadas, mas, a lei dos juizados especiais criminais que passou a prever ação penal publica condicionada a representação para a LESAO LEVE, e o mesmo entendimento se aplica as LESOES CORPORAIS CULPOSAS. Já as demais modalidades de lesão, irão seguir a regra geral? Ação penal publica incondicionada. 
ESPECIES DE AÇÃO PENAL PUBLICA: Todas as ações penais são publicas.
· AÇÃO PENAL PUBLICA INCONDICIONADA: Regra geral. Significa dizer que todos os crimes são processados dessa maneira, a menos que eles digam o contrario. A peça inaugural desse processo é com a oferta de denuncia pelo MP e, pouco vai importar a vontade da vitima para que o MP denuncie ou não, uma vez que ele toma conhecimento do fato, ele é obrigado a oferecer denuncia (principio da obrigatoriedade). 
· AÇÃO PENAL PUBLICA CONDICIONADA: é o legislador quem escolhe a quem ele esta condicionando. Situação que demandam uma analise politica normalmente pedem a requisição do ministro da justiça.
A REPRESENTAÇÃO DA VITIMA: A vitima pode representar no prazo decadencial de 6 meses a contar da ciência da autoria, passado esse prazo, esta extinta a punibilidade. Essa representação não se reveste de rigores formais, o simples comparecimento em delegacia para fazer o BO já vale como representação. 
A REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA: 
Uma vez preenchida essa condição, a peça inaugural vai ser uma denuncia do MP (obviamente depois que a vitima representou ou que o ministro da justiça requisitou). 
· AÇÃO PENAL PUBLICA DE INICIATIVA PRIVADA: Popularmente é chama de ação penal privada MAS NÃO É CONDUZIDA PELOS PARTICULARES!!! E peça inaugural é uma queixa crime oferecida pela vitima. A queixa crime é uma peça PRIVATIVA de advogado, depende de procuração com poderes especiais e tem que ser apresentada no prazo decadencial de 6 meses a contar da ciência da autoria. 
Ação penal publica 
Condicionada
Representação da vitima
A requisição do ministro da justiça
Incondicionada
De iniciativa privada
OBS:Não se pode confundir a lesão leve (crime) com as vias de fato (contravenção penal). Tudo dependera do resultado da pericia que avaliara por laudo se houve ou não lesão a integridade física da vitima. Normalmente, um tapa no rosto que só deixou uma marca, um empurrão, um puxão de cabelo... serão considerados vias de fato (art 21 da LCP – Não fere a integridade nem põe em risco a integridade) 
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem:
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitue crime.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
OBS 2: A auto lesão não é punida, e o auxilio a auto lesão é punido mas em outro tipo penal (art 122).
lesão grave 
Modalidade qualificada da lesão. 
PENA MAIS GRAVOSA → 1 A 5 anos 
QUALIFICAÇÃO 
· Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias → Não é necessariamente trabalho, se por exemplo uma pessoa faz cooper todos os dias e a lesão vai a impedir de fazer isso por mais de 30 dias. Vai precisar de um exame pericial (corpo de delito), e então, a vitima vai ter que provar que aquilo durou mais de 30 dias. 
· Perigo de vida → Essa modalidade é de natureza preterdolosa, pois, o que se diz é que quem causa um risco de morte intencionalmente estaria cometendo uma tentativa de homicídio. Existe dolo na lesão e culpa no risco de morte produzido. 
· Debilidade permanente de membro, sentido ou função → Essa debilidade corresponde ao comprometimento/funcionamento débil de um membro, sentido ou função. Não significa a perda ou inutilização, essa, estará relacionada a lesão gravíssima. // Esse permanente significa duradora, não necessariamente eterno. // Exemplo: a lesão me obriga a fazer uma cirurgia em que minhas pernas ficam de tamanhos diferentes, mas, anos mais tarde surge uma técnica que conserte isso, essa debilidade será de ordem permanente, ate porque não se pode obrigar ninguém a corrigir. // Membro → partes do corpo, pernas, pés... visualizadas externamente // Sentido → visão, olfato... // Função → funcionamento dos aparelhos do corpo, exemplo: função hepática. // A perda ou inutilização de membro, sentido ou função → lesão gravíssima. DEBATE: E OS ORGAOS QUE SÃO DUPLICADOS?
EXEMPLO: Sofro uma lesão que me deixa cega do olho direito. Estaria diante de uma lesão grave ou lesão gravissiva? É uma lesão grave pela debilidade PERMANENTE de sentido. 
EXEMPLO 2: Já nasci com um problema congênito que me causou uma cegueira 100% no olho direito. Em virtude de uma briga, eu sofro uma lesão corporal, pouco importando se a pessoa sabia ou não que eu era cega do olho direito, e a pessoa me causa uma lesão no olho esquerdo. Essa lesão será grave ou gravíssima? É uma lesão gravíssima. Pois, houve a perda da visão, foi qualificado pelo resultado. 
· Aceleração de parto → O mais correto teria sido o legislador falar em antecipação de parto, aqui, não se pensa na aceleração da velocidade em que acontece o parto e sim, a sua antecipação // A doutrina vai colocar essa situação como um modalidade PRETER DOLOSA, há dolo na lesão e culpa na antecipação do parto. Pois, se o sujeito tem dolo para tudo há concurso de crimes para lesão corporal e tentativa de aborto. // Aqui, a intenção do sujeito era lesionar a gestante mas, no momento que ele fez isso, acelera o parto e a criança nasce prematura. 
DISCUSSOES DA DOUTRINA → É lesão grave ou gravíssima? 
OBS: Desconsiderar deformidade para gravíssima. 
· A GOLPEIA B COM INTENÇÃO DE LESIONA-LO, CAUSANDO NESTE A PERDA DE UM DENTE. 
· A GOLPEIA B COM A INTENÇÃO DE LESIONA-LO, CAUSANDO A PERDA DE TODOS OS DENTES. 
· A GOLPEIA B CAUSANDO NESTE A PARALISIA DE TODA A PERNA ESQUERDA.
· A LESIONA B ESTIRPANDO DESTE DUAS FALANGES DA MÃO ESQUERDA. 
lesão gravissima (art 129 §2º)
· Incapacidade permanente para o trabalho → Permanente e especifica para o trabalho. Lembrando que esse permanente é duradouro, não eterno. 
EXEMPLO: Um jogador de futebol sofre uma lesão e não pode mais jogar bola profissionalmente, ele ate pode bater um baba, mas profissionalmente ele não te mais condições de trabalhar. PODE SE FALAR EM INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO? Pelo entendimento majoritário NÃO, pois o legislador não vinculou o trabalho ao TRABALHO QUE ERA REALIZADO PELA VITIMA. O jogador não esta incapaz para trabalhar, ele não esta incapaz para o trabalho que ele realizava. Daniela discorda disso, ela acha que se a vitima se torna incapaz para O SEU TRABALHO, antes de sofrer a lesão, já seria enquadrada aqui. Há ainda uma terceira linha moderada que diz que se a vitima esta incapaz para a atividade que desempenhava e atividades correlatas, como no exemplo do jogador, se ele ainda pusesse ser técnico, por exemplo, não configuraria. 
· Enfermidade incurável → A consequência é uma doença incurável. Como por exemplo a epilepsia.
OBS: Na situação do maníaco da seringa, que contamina as pessoas com HIV, logo, a pessoa é infectada contra a sua vontade, entende a doutrina majoritária entende que é lesão corporal gravíssima qualificada pela enfermidade incurável (STJ HC 160982 do DF/ Maio de 2012.). A doutrina minoritária entende que deve ser imputado como art 130 e 131 (Perigo de contágio venéreo Perigo de contágio de moléstia grave).
· Perda ou inutilização do membro, sentido ou função 
· Deformidade permanente → Deformidade é a cicatriz, sendo que, ela não precisa ficar num local visível ao publico. Ou seja, alguémcausou uma lesão no meu seio, levando a uma deformidade permanente, é uma lesão gravíssima mesmo sendo um local que esta quase sempre coberto. // Permanente → duradouro. 
· Aborto → Figura preterdolosa. Há dolo na lesão e culpa no aborto, sendo esse o aborto consumado e não a tentativa do aborto. 
lesão seguida de morte
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
MODALIDADE PRETER DOLOSA → Há dolo na lesão e culpa no resultado morte. Justamente por essa culpa na morte, não admite a figura da tentativa.
Lesão culposa
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
O agente não quis e nem assumiu o risco de provocar o resultado → É de menor potencial ofensivo
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA → Iguais a do homicídio culposo. 
Admite a figura do perdão judicial (§8º)
lesão domestica 
Violência Doméstica
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Incluída pela lei MARIA DA PENHA → Só se aplica quando a vitima ser mulher, INDEPENDE o sexo do agressor. 
O §9º vai se aplicar se for mulher ou homem, por exemplo: um filho que apanha do pai pode ser enquadrado. Mas, para combinar com a LMP vai precisar ser mulher. 
Essa é a lesão LEVE domestica. 
NÃO se trata de crime de menor potencial ofensivo. 
SUMULA589 DO STJ → É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
SUMULA 588 DO STJ → A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
A lesão leve só admite substituição no CAPUT, o §9º é qualificado, assim, o STJ não permite. Mas, o STF tem uma decisão que permite a substituição mas foi num caso de CONTRAVENÇÃO, apesar de também ser um caso de violência contra a mulher. Mas, o STJ não permite em nenhum dos casos. 
SUMULA 542 DO STJ → A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
Se alinha a decisão anterior do STF (ADI 4424): O condicionamento a representação da vitima nos casos de violência domestica seria inconstitucional, pois desmotivaria a vitima no sentido de levar a situação ao Estado. Assim, seja a lesão dolosa ou culposa (colocado pela doutrina), vai se falar em ação penal publica INCONDICIONADA
AUMENTO DE PENA NA VIOLENCIA DOMESTICA: 
· SE RESULTA EM LESÃO GRAVE, GRAVISSIMA OU SEGUIDA DE MORTE: 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
· VITIMA É PESSOA COM DEFICIENCIA 
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
LESÃO CONTRA AGENTES DE SEGURANÇA PUBLICA 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
Vale as mesmas observações do crime de homicídio já que esse dispositivo também foi adicionado a esse artigo.
lesoes consentidas 
DISCUSSÃO: a integridade é um bem disponível ou indisponível? Haveria uma relativa disponibilidade, analisando a capacidade do sujeito principalmente. Como por exemplo em cirurgias plásticas, tatuagens, cirurgias de mudança de sexo.
OBS: O STF já decidiu que para mudar o nome não precisa mudar o sexo cirurgicamente, é uma questão de identidade e dignidade da pessoa humana. 
lesoes privilegiadas 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Só se aplica a lesão leve e não se aplica a lesão domestica. 
LESOES RECIPROCAS: As duas partes evolvidas são igualmente agressoras, ambas as partes são culpadas, ambas são agressor e agredido. Não há exclusivamente um agressor e uma vitima. 
CRIMES CONTRA A HONRA
BEM JURIDICO TUTELADO: HONRA
SUBJETIVA → AUTO IMAGEM, A IDEIA QUE O SUJEITO TEM DE SI MESMO (INJURIA)
OBJETIVA → REPUTAÇÃO, A FORMA COMO TERCEIROS VEEM O SUJEITO (CALUNIA E DIFAMAÇÃO)
CALÚNIA
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Para se falar de calúnia, tem a imputação de um fato. Se eu digo que fulano é ladrão não é uma calúnia, não é um fato, eu atribui um adjetivo ao sujeito e isso não caracteriza a calúnia. Não quer dizer que eu chamar alguém de ladrão não seja crime, pode ser uma injúria. Eu tenho que falar de um fato, exemplo: fulano ROUBOU.
A imputação deve ser FALSA, sabendo que é falsa. Quando eu acuso, acuso já sabendo que estou acusando um fato falso. Acuso alguém de roubar sabendo que não roubou. 
Se eu acredito que o sujeito fez aquilo, se pessoa não sabe que é uma informação falsa, há um erro de tipo. 
Essa imputação falsa deve ser de um fato criminoso, se é uma infração administrativa ou contravenção, será difamação ou qualquer outro tipo... 
É uma infração de menor potencial de ofensivo. 
BEM JURÍDICO: Honra objetiva = reputação ou imagem dá pessoa diante de terceiro. 
A imputação é de um FATO concreto que a pessoa acha que a outra cometou, diferente de uma qualidade. exemplo: fulano é ladrão, isso caracteriza injúria e não calúnia. 
ANIMUS DIFAMANDI: A vontade de ferir a reputação dá pessoa. Essa vontade têm que existir. 
OBS: Os tribunais entendem que brincadeiras em tons jocosos não seria considerados como ofensas a honra. 
CALUNIA CONTRA MORTOS: 
A vítima do delito são os familiares que prezam pela memória.
SUJEITOS DO CRIME: 
Qualquer pessoa. Seja sujeição ativa ou passiva. 
SUJEIÇÃO PASSIVA DA PJs: Não pode ser sujeito ativo de crime contra a honra, mas o entendimento majoritário é que a PJ pode ser sujeito passivo de calúnia. Exemplo: alguém acusa que a empresa está cometendo crime ambiental (único crime que PJs podem ser sujeito ativos).
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, inclusive a PJ, mas, esse crime têm que ser ambiental e eu tenho que achar que a pessoa realmente praticou esse crime. 
Se a pessoa acha que a outra realmente cometou esse crime, quando na verdade não cometeu, é um erro de tipo de exclui o crime. 
TENTATIVA: 
Há tentativa na calunia? 
SIM, desde que essa calunia tenha sido praticada de forma plurisubsistente. Exemplo: calunia por meio escrito. Uma calunia verbal será unisbsistente ou o sujeito fala ou ele não fala. Mas na forma escrita poderá se deslumbrar a tentativa. 
CONSUMAÇÃO: 
Ocorre no momento em que a calunia chega a terceiros. Independe resultado naturalístico, o crime é formal, esta relacionado ao conhecimento de terceiros, mesmo que só chegue ao conhecimento da vitima depois. 
A apresentação da queixa crime vai depender do momento que chega ao conhecimentoda vitima. 
EXCEÇÃO DA VERDADE: §3º
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Essa exceção têm sentido de DEFESA comumente utilizada no processamento do crime de calúnia. 
É uma linha defensiva para quem ta sendo acusado de caluniar alguém. É a prova da verdade como forma de se defender. 
Se eu provo que o que eu acusei a pessoa é verdade, eu afasto a calúnia. 
EXCEÇÃO:
· Não posso provar a verdade tocando matéria da intimidade de outras pessoas que podem nem querer apresentar queixa crime. Exemplo: A praticou uma injuria contra B, eu (C) não posso caluniar A dizendo que ele praticou injuria, e, depois querer provar que de fato A cometeu a injuria, já que, o ofendido (B) não apresentou queixa. Mas, se B tiver entrado em com queixa eu posso. 
· Se o fato é imputado contra: Art 141, I
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
· Não posso provar a verdade se ao fato criminoso que caluniei a pessoa, ela já foi absolvida. Esbarra aqui na coisa julgada. 
RESUMINDO… A CALÚNIA É UM CRIME COMUM, DOLO, FORMAL, DE FORMA LIVRE, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBJETIVO, UNISSUBSISTENTE OU PLURISSUBSISTENTE (Depende dá forma como foi executado) . 
DIFAMAÇÃO 
SEMELHANCAS E DIFERENÇAS COM A CALUNIA 
SEMELHANÇAS:
	
	DIFAMAÇÃO E CALUNIA
	BEM JURÍDICO TUTELADO
	Ambas falam de honra objetiva (reputação).
	SUJEITOS DO CRIME
	Qualquer pessoa pode realizar e sofrer, inclusive as PJs (como vitima). 
	TENTATIVA
	Excepcionalmente admite tentativa em formas plurisubsistentes (escritas), mas, na forma verbal não admite tentativa.
	CONSUMAÇÃO
	Quando a ofensa chega a conhecimento de terceiros. 
· DIFERENÇAS:
	CALUNIA
	DIFAMAÇÃO
	Há a imputação de um fato falso, que é reconhecido como crime.
	Pouco importa se o fato é verdadeiro ou falso, ou se é crime ou não. Basta que eu impute a alguém um fato que seja ofensivo a sua reputação. 
· Se o fato é verdadeiro mas eu conto com a intenção de manchar a reputação de alguém é difamação. Exemplo: dizer que alguém é alcoólatra e foi internado em clinica de reabilitação. Sendo isso verdadeiro ou não, será difamação. 
· Se eu imputo uma contravenção, não vai poder ser calunia mas pode ser difamação.
· Perceba que aqui também usa fato, não se admite adjetivos...
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
EXCEÇÃO DA VERDADE
Como pouco importa se o fato é falso ou não, pouco importa se eu provar que o fato é verdadeiro. Isso não me livrara de um processo por difamação, e sim por calunia. 
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções
HIPOTESE QUE SE ADMITE: Se o funcionário for publico NO EXERCICIO DE SUAS FUNÇOES. Exemplo: eu digo que um professor da UFBA é um assediador, o Estado vai querer saber se isso é verdade ou não, pois, isso trará outras consequências ao vinculo do funcionário com o Estado.
injuria 
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Como aqui não se cita fato, admite-se adjetivos. O simples fato de ofender, seja verbal, por gestos, imagens… haverá injúria. 
Situações que o autor diz estar “elogiando”, mas a vítima se ofende, poderá ser imputado. Exemplo: um homem que fica chamando uma mulher de gostosa, e a vítima se sente objetificado e demonstra que está se ofendendo, poderá ser classificado como injúria. 
Não precisa que chegue ao conhecimento de terceiro, mas se chega, pode concorrer difamação e injúria. Inclusive, a injúria pode concorrer com calúnia ou com difamação, não dá para concorrer os três pois difamação e calúnia ofende a honra objetiva, então, as duas não poderia imputar a ofensa a esse mesmo BJ, seria bis in idem. 
BEM JURIDICO TUTELADO 
HONRA SUBJETIVA: É uma ofensa que fere a auto imagem, a ideia que a pessoa tem de si mesma. No caso só pessoas físicas têm essa auto imagem. 
SUJEITO ATIVO E PASSIVO 
Pode ser qualquer pessoa no ativo ou no passivo. Mas a PJ NÃO É sujeito de injúria, justamente porque ela não tem auto imagem e nem auto percepção. 
Inimputáveis e pessoais com qualquer tipo de deficiência mental poderão ser sujeitos passivos, mesmo que eles não tenham essa noção mental. Mas há a discussão doutrinária, já que, estes sujeitos teoricamente não têm auto imagem e nem noção de dignidade, mas, Daniela acha que não, que essas pessoas podem ser sujeito passivo. 
ELEMENTO SUBJETIVO 
Têm que se ter a intenção de ofender a pessoa. 
TENTATIVA
Como regra será praticada em forma unisubsistente (verbal), que não admite tentativa. 
Mas, se for praticada de forma escrita poderá haver tentativa, se por exemplo a carta é interceptada.
CONSUMAÇÃO
Como se esta falando de honra subjetiva, a consumaçõ se dará no momento que a VITIMA toma conhecimento da ofensa. 
Independente de se chega ou não a conhecimento de terceiros. 
EXCEÇÃO A VERDADE
NUNCA será admitida. A prova da verdade geraria uma ofensa maior a vitima. 
PERDÃO JUDICIAL 
HIPOTESES:
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
· I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; // Bastante questionável, como considerar uma vitima como provocadora? // Aqui inclui por exemplo se a pessoa constrange a outra a dizer o que pensa.
· II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. // Quando a vitima “devolve” a ofensa. 
Lembrando que extingue a punibilidade, e não causa maus antecedentes. 
FORMAS QUALIFICADAS 
HIPOTESES: 
· § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: 
INJURIA REAL: O caso em que essa agressão física serve para atingir a honra do sujeito. Exemplo: um tapa na cara, que quer ofender a honra da pessoa e não necessariamente a integridade física. 
O preceito secundário afasta o principio da absorção: Vai ser punida pela injuria e pela violência, vai cumular os tipos incriminadores (concurso de infrações) e consequentemente as penas. 
Aqui, há a cumulação necessária das vias de fato (ou dá agressao) e dá injúria. 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
· § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:     
INJURIA RACISTA: É uma figura tratada expressamente no CP, e não há menção especifica a questões de gênero, muito embora recentemente o STF tendo criminalizando as praticas LGBTfobicas mas pela lei de racismo, e não pelo CP. 
Essa figura não se confunde (segundo a doutrina tradicional) com a lei de racismo. O QUE É RACISMO E O QUE É INJURIA RACIAL?: O racismo é uma ofensa a uma coletividade, a injuria racial a uma pessoa certa e determinada. Exemplo: “os nordestinos são isso, os negros são isso” é racismo. Se eu digo “você é assim porque você é negro”, ai será injuria racial. 
Isso traz reflexos, pois o racismo é ação penal publica incondicionada, já a injuria racial é processada por ação penal condicionado a representação da vitima 
PRESCRIÇÃO: O racismo é imprescritível e a injúria também é por força da CF (interpretação dos tribunais superiores). 
O art 20 dá lei dá discriminação racial já falava teoricamente sobre a injúria racial, mas não se consegue aplicar porquê a doutrina e a jurisprudência inevntou que racismo só existe se existe um DOLO DO AGENTE DE ATENTAR CONTRA A COLETIVIDADE daquela minoria.

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