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Bons ventos para a energia limpa brasileira GUGGISBERG, Ricardo. “Bons ventos para a energia limpa brasileira”. Agência CanalEnergia. Rio de Janeiro, 30 de maio de 2011. O desenvolvimento do parque eólico brasileiro segue de vento em popa. Trocadilhos à parte, o país vive hoje um período de expansão na geração de energia a partir do vento que tem impressionado os principais players mundiais do setor. Uma combinação de fatores como cenário interno de crescimento, instabilidade internacional e condições naturais favoráveis colocaram o Brasil em uma posição bastante privilegiada. O que atraiu a atenção de investidores e empresas do setor. Só para ter uma idéia do avanço, entre os anos de 2005 e 2010, a capacidade instalada das usinas eólicas brasileiras cresceu 3200%, saltando de 29 MW para 928 MW, um volume de energia suficiente para abastecer as cidades de Recife e Belo Horizonte juntas. Claro que nem sempre foi assim. Apesar de iniciativas isoladas existirem desde os anos 90, foi só na década passada que projetos envolvendo esse tipo de fonte de energia passaram a receber mais atenção e apoio por parte do governo, o que foi determinante para garantir que bons ventos soprassem e impulsionassem o setor. A criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) é um exemplo do impacto que essa mudança de postura por parte das autoridades representou. Segundo números da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), dos 928 MW instalados até 2010, 900 MW são gerados por projetos viabilizados pelo programa. A realização, a partir de 2009, de leilões para compra exclusivamente de energia eólica também foi primordial para a consolidação dessa modalidade energética. Só no primeiro certame foram negociados 71 projetos de parques. Em 2010, em outros dois leilões, foram vendidos 2 mil MW que devem ser entregues até 2013, quando a capacidade instalada das usinas eólicas nacionais deve ultrapassar os 5GW, representando cerca de 4% da matriz elétrica do País. Os percalços do cenário internacional também contribuíram para o desenvolvimento do mercado interno de energia eólica. Com a desaceleração econômica vivida pelos Estados Unidos e pela Europa, os grandes fabricantes de equipamentos se voltaram para o Brasil para escoar pelo menos parte da produção não absorvida pelas nações mais desenvolvidas. Com isso os custos de produção de energia a partir do vento caíram consideravelmente. A isenção de IPI e ICMS para equipamentos eólicos fabricados no Brasil e os mais de R$ 4 bilhões oferecidos pelo BNDES para o financiamento de usinas também contribuíram para o desenvolvimento de uma indústria nacional de fabricação de equipamentos e máquinas ligadas ao setor. O que também empurrou os preços para baixo. Resultado, o valor médio pago pela energia produzida pelas usinas eólicas, cerca de R$130,00 por MWh, é menor do que os praticados por outras fontes até então mais populares, como Pequenas Centrais Hidrelétricas, que cobram cerca de R$ 141,00 por MWh., e as usinas à base de biomassa, cerca de R$ 144,00 por MWh. A reunião desses fatores transformou o Brasil em um dos países com maior potencial de atração para novos empreendimentos na área. A lista de empresas que pretendem iniciar ou ampliar suas operações por aqui é longa e não para de crescer. Desde gigantes, como a recém-criada CPFL Energias Renováveis, a maior companhia do gênero da América Latina, até os menores, que trabalham com mapeamento de ventos, logística, construção civil, consultorias e fabricantes de peças, os olhos dos principais players do setor estão voltados para cá. Os benefícios ambientais da geração de energia a partir do vento são inegáveis. Comercializadores e consumidores estão percebendo agora que, como será discutido na Eco Business, ampliar sua utilização também traz vantagens econômicas. A mudança de cenário tem contribuído não apenas para manter a matriz brasileira como uma das mais limpas do mundo, como também para garantir investimentos volumosos em um setor importante como o de infraestrutura. Isso sem falar na geração de emprego e na criação de mão de obra qualificada. Os três pilares da sustentabilidade são contemplados. Ou seja, o vento que move aerogeradores Brasil à fora sopra a favor de todos. Ricardo Guggisberg é gestor da MES Eventos e idealizador da Eco Business 2011 Feira e Negócio Internacional de Econegócios e Sustentabilidade, que acontece entre os dias 1 e 3 de junho, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo