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Atividade antimicrobiana in vivo Introdução aos antivirais • Apesar do grande avanço da medicina e da disponibilidade de vacinas, anualmente milhões de pessoas morrem no mundo devido a infecções virais. A terapia antiviral é considerada relativamente nova, quando comparada à terapia antibacteriana e fúngica. Embora alguns antibióticos já estavam disponibilizados para uso no início da década de 1940, o primeiro agente antiviral foi licenciado apenas na década de 1960. De forma conceitual, é bem mais fácil desenvolver um agente antibacteriano do que um agente antiviral, pois as bactérias se multiplicam de forma independente do hospedeiro, já os vírus são intracelulares obrigatórios, que dependem da célula viva para realizarem a biossíntese das partículas virais (SANTOS, 2015). • No começo da era da terapia antiviral pensou-se que era impossível obter um agente antiviral sem interferir no metabolismo celular do hospedeiro, já que havia na época pouco conhecimento sobre a biologia molecular viral e à toxicidade dos primeiros antivirais. Contudo, com a verificação de que o um dos antivirais, o aciclovir, é praticamente sem toxicidade, somado ao maior conhecimento sobre as diferenças entre o metabolismo celular e o ciclo de replicação viral de muitos vírus, finalmente passou-se a acreditar que a obtenção de um antiviral seletivo seria possível. Devido ao alto custo com o desenvolvimento dos antivirais, na década de 1980 os pesquisadores decidiram concentrar os estudos nas viroses mais importantes, do ponto de vista epidemiológico. Assim, infelizmente existem poucos agentes antivirais disponíveis no mercado (SANTOS, 2015). Aspectos importantes da síntese de ácidos nucleicos • Para melhor entendimento dos mecanismos de ação dos antivirais, é necessária uma revisão sobre os conceitos fundamentais na síntese de ácidos nucleicos. Os dois tipos de materiais genéticos existentes (DNA e RNA) são constituídos de nucleotídeos, que são formados por uma base nitrogenada (adenina, citosina, guanina ou timina no DNA, e uracila substituindo a timina no RNA) mais um açúcar (desoxirribose no DNA e ribose no RNA). O processo em que uma fita-molde do material genético é copiada em uma nova fita é chamado de transcrição, realizada através da ação de enzimas como a DNA ou RNA polimerase, produzindo novas fitas de DNA ou RNA, respectivamente. Quando a fita de um RNAm (RNA mensageiro) precisa ser decodificada na forma de proteínas, isso ocorre em um processo chamado de tradução (SANTOS, 2015). Sítios de atuação de um antiviral Pesquisadores que atuam na área de antivirais realizam estudos com o intuito de encontrar moléculas que possam inibir eventos específicos dos vírus, sem que haja interferência no metabolismo normal da célula hospedeira. Isso não tem sido fácil, mas há etapas no ciclo replicativo viral que podem ser utilizadas como potenciais alvos dos agentes antivirais, como: • Intervenção na adsorção dos vírus, bloqueio de receptores celulares e fusão do envelope viral com as membranas celulares da célula hospedeira • A inibição do processo de desnudamento e impedimento da liberação do ácido nucléico viral no interior da célula do hospedeiro • A inibição da transcrição na fase inicial, com alvo nas enzimas dos vírus, como a transcriptase reversa, as RNA e DNA polimerases • Intervenção no processo de tradução e no processamento de proteínas dos vírus que realizam a regulação do ciclo replicativo • Na síntese de novos ácidos nucleicos virais, no processo de replicação • Na integração do genoma viral ao genoma da célula hospedeira e na inibição da transcrição tardia de ácidos nucleicos • Intervenção no processo de tradução e no processamento de proteínas estruturais virais, atuando no processo de clivagem ou glicosilação • Interferência na montagem e maturação das proteínas dos vírus • Atuando no processo de liberação viral, inibindo o processo de brotamento (SANTOS, 2015). Etapas de desenvolvimento de um antiviral • Antes que um agente antiviral seja liberado para uso em seres humanos, vários anos de estudo e pesquisa são necessários. As pesquisas possuem duas fases, a fase pré-clínica e a fase clínica. Na fase pré-clínica são realizados testes em laboratório com culturas de células para avaliação da atividade antiviral e citotóxica, determinados mecanismos de ação e estudos em animais. A fase clínica possui quatro etapas, a Etapa 1 ocorre com voluntários sadios e são realizados testes para se observar o metabolismo da droga, assim como sua ação farmacológica. Na Etapa II são adicionados poucos pacientes para a confirmação da ação antiviral. Na Etapa III incluem-se centenas a milhares de pacientes, monitorados quanto à segurança da droga quando utilizada por um longo período. Na Etapa IV os resultados são novamente avaliados para decisão sobre a sua liberação para comercialização ou não. Todas essas etapas para que um agente antiviral seja aprovado e chegue às prateleiras leva cerca de 10 a 12 anos de pesquisa, onde em torno de 100.000 substâncias passam pelos testes de triagem para que uma chegue a ser comercializada (SANTOS, 2015). Slide 1: Atividade antimicrobiana in vivo Slide 2 Slide 3: Aspectos importantes da síntese de ácidos nucleicos Slide 4: Sítios de atuação de um antiviral Slide 5: Etapas de desenvolvimento de um antiviral
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