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AVALIAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO DE LEITE E REPRODUÇÃO DE VACAS LEITEIRAS - MEU TCC CORRIGIDO POS BANCA WORD

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16
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACVEST
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MARIANA BARBOSA DA SILVA
AVALIAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO DE LEITE E REPRODUÇÃO DAS VACAS LEITEIRAS
LAGES
2022
MARIANA BARBOSA DA SILVA
AVALIAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO DE LEITE E REPRODUÇÃO DAS VACAS LEITEIRAS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário UNIFACVEST como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em Medicina Veterinária.
 Prof. Deisy Andrade Padilha Arruda
LAGES
2022
MARIANA BARBOSA DA SILVA
AVALIAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO DE LEITE E REPRODUÇÃO DE VACAS LEITEIRAS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário UNIFACVEST como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em Medicina Veterinária.
 Prof. Deisy Andrade Padilha Arruda
Lages, SC ___/___/2022. Nota ______ _______________________
 (data de aprovação) (assinatura do orientador do trabalho)
________________________________________
(coordenador do curso de graduação, nome e assinatura)
LAGES
2022
AVALIAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO DE LEITE E REPRODUÇÃO DAS VACAS LEITEIRAS
Mariana Barbosa da Silva[footnoteRef:1] [1: Mariana Barbosa da Silva, Acadêmica da 10ª fase do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Facvest/Unifacvest.] 
Deisy Andrade Padilha Arruda [footnoteRef:2] [2: Deisy Andrade Padilha Arruda, Médica Veterinária, Professora do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Facvest/Unifacvest.] 
RESUMO
A maior parte do território brasileiro conta com temperaturas acima do ideal para vacas de alta produtividade, ocasionando o estresse térmico. Este, por sua vez, afeta a quantidade e qualidade do leite produzido, e também causa desordens hormonais que impactam na reprodução dos animais. Objetivou-se com este trabalho, realizar uma revisão de literatura sobre a termorregulação dos bovinos, mecanismos desencadeados frente ao desconforto térmico das vacas, produção de leite, reprodução, relevância racial no conforto térmico e alternativas que podem ser adotadas para melhorar o ambiente destinado aos bovinos na propriedade. A adoção de medidas de sombreamento e aspersão do ambiente pré-ordenha são um investimento com retorno financeiro rápido, bem como a realização de cruzamentos e seleção de animais adaptados. 
Palavras-chave: Calor; termorregulação; bovinos; reprodução; raças; climatização. 
ABSTRACT
Most of the Brazilian territory has temperatures above the ideal for high productivity cows, causing thermal stress. This, in turn, affects the quantity and quality of the milk produced, and also causes hormonal disorders that impact the reproduction of animals. The objective of this work was to carry out a literature review on the thermoregulation of cattle, mechanisms triggered by the thermal discomfort of cows, milk production, reproduction, racial relevance in thermal comfort and alternatives that can be adopted to improve the environment for cattle on the propert The adoption of pre-milking environment shading and sprinkling measures are an investment with a quick financial return, as well as the performance of crossings and selection of adapted animals.
Keywords: Heat; thermoregulation; cattle; reproduction; races; air conditioningg.
1. INTRODUÇÃO
A maior parte do território brasileiro está localizado na faixa tropical do planeta. A radiação solar da região produz altas temperaturas que, associadas a umidade do ar, ultrapassam a zona de conforto térmico e trazem alterações diminuem a produtividade, pois prejudicam três processos vitais nos bovinos: termorregulação, reprodução e produção de leite. Ademais, as raças bovinas mais produtivas como a holandesa, comumente tem origem em regiões de clima temperado, sendo assim não conseguem expressar plenamente seu potencial produtivo em regiões tropicais (PINHEIRO et al., 2015).
A criação de vacas de leite no Brasil conta com intensa tecnificação, afim de atender as crescentes demandas os produtores buscam animais de alto potencial genético e metabolismo elevado. Em contrapartida, muitas propriedades não dispõem de instalações adequadas para o clima da região que se encontram. Dessa forma, o estresse térmico produz efeitos adversos sobre a produção de carne, leite, saúde do úbere, mortalidade de bezerros e fisiologia da produção, caracterizando uma importante fonte de perda econômica na pecuária naciona (ALVES; AZEVEDO 2009).
Na última década, o constante aprimoramento genético dos rebanhos possibilitou o acréscimo da produção de litros de leite por vaca, sem a necessidade de expandir o número de animais na propriedade, porém vacas mais produtivas também produzem maior quantidade de calor endógeno. Além disso, as altas temperaturas, a umidade relativa do ar e a radiação solar que caracterizam grande parte do território nacional, são fatores determinantes para a ocorrência do estresse térmico. (FERRO; MYIAGI, 2011). O calor influencia de forma negativa na saúde e produtividade dos animais pelas alterações fisiológicas que ocorrem para tentar manter a homeostase corporal (BATISTA et al., 2015).
Segundo Rocha et al. (2012), a diminuição da taxa esteroidogênica está entre as desordens reprodutivas relacionadas ao estresse térmico nas fêmeas bovinas, pois afeta o crescimento folicular e traz prejuízos as células, que perdem a capacidade de produzir hormônios em quantidades suficientes para o desenvolvimento adequado dos embriões.
	O presente trabalho busca compreender os prejuízos desencadeados pelo estresse térmico na saúde reprodutiva e produtividade das vacas leiteiras, além de apontar os principais fatores ambientais que promovem o estresse térmico e os mecanismos de termorregulação.
1.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar como o desconforto térmico afeta a produção, qualidade do leite e reprodução das vacas leiteiras
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Descrever os mecanismos de termorregulação dos bovinos;
b) Levantar dados sobre alterações na reprodução de vacas submetidas ao estresse térmico;
c) Entender os efeitos do desconforto térmico na composição do leite;
d) Compreender a relevância racial para a adaptação térmica;
e) Abordar alternativas que podem auxiliar no conforto térmico, e consequentemente no bem estar das vacas leiteiras.
2. AVALIAÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO DE LEITE E REPRODUÇÃO DAS VACAS LEITEIRAS
2.1. MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO
Define-se por termorregulação o conjunto de mecanismos empregados pelos seres vivos para manter sua temperatura corporal estável, sendo um processo fundamental para a adaptação dos animais em diferentes habitats. A regulação da temperatura é feita por dois sistemas que atuam em conjunto: sistema nervoso e sistema endócrino. Esses sistemas enviam mensagens para o hipotálamo que processa as informações e produz os efeitos necessários para a manutenção da homeostase (SOUZA; BATISTA, 2012). 
O hipotálamo ativa o sistema nervoso autônomo para preservar a homeostasia. Os órgãos dos bovinos produzem quantidades variáveis de calor, desta forma os pré-estomagos alcançam até 2°C acima que o restante do corpo durante a digestão das forragens. No fígado das vacas leiteiras também ocorre grande produção de calor, pela síntese de lipoproteínas e neoglicogênese ligadas a produção de leite. Esses aspectos da lactação tornam as vacas leiteiras mais sensíveis a temperaturas acima da zona de termoneutralidade, reduzindo a secreção de tiroxina afim de amenizar a temperatura, mas prejudicando a síntese do leite, visto que a tiroxina é vai comum para os dois processos (ABREU, 2011). 
Os bovinos perdem calor de duas maneiras: sensível e insensível. A forma sensível de dissipação de calor ocorre por meio da radiação, condução e convecção, que dispersam o calor para o ambiente. Quando a temperatura do ambiente está alta e dificulta os mecanismos sensíveis, osanimais ativam os mecanismos insensíveis como a sudorese, e o aumento da frequência respiratória (SOUZA; BATISTA, 2012).
2.2. ZONA DE TERMONEUTRALIDADE (ZTN)
A zona de termoneutralidade (ZTN) é uma faixa de temperatura considerada ideal para os bovinos, nela o animal não sofre estresse pelo calor ou frio, e consequentemente não precisa acionar mecanismos de termorregulação. Dentro dessa faixa de temperatura, o gasto de energia basal é mínimo, o aproveitamento de energia da dieta é máximo, a temperatura corporal e a produção são ideais. A ZTN é delimitada de um lado por uma temperatura crítica inferior (TCI) abaixo de 10°C, e no lado oposto pela temperatura crítica superior (TCS) acima dos 26 °C, nessa faixa as vacas apresentam conforto térmico e a composição do leite não sofre alterações no percentual de gorduras, proteínas e sólidos não gordurosos (AZEVEDO; ALVES, 2009). 
Fora da ZTN, além do desempenho produtivo, a reprodução também é afetada. Para vacas em lactação a faixa de 4 a 24 ° C é confortável, entretanto pode delimitar-se a limites de 7 a 21 °C, por influencia da umidade relativa do ar e radiação solar (TOSETTO, 2014).
De acordo com Ricci et al. (2013), não existe consenso entre os autores sobre a TCI e a TCS. Entretanto, segundo Tosetto (2014) a idade, raça, estado produtivo e outros fatores influenciam a zona de conforto térmico.
O índice de temperatura e umidade do ar (ITU) destaca-se entre os índices utilizados para avaliar o bem-estar das vacas em lactação, esse número é obtido através de uma equação. Lima et al. (2019) reitera que ITU inferior a 70 é o ideal para o desempenho produtivo dos animais; ITU igual ou superior a 72 requer atenção, pois a partir daí o desempenho começa a ser afetado; Quando o ITU está entre 78 e 84 todas as funções orgânicas da vaca são prejudicadas; ITU superior a 84 requer providências imediatas. 
Um estudo de Azevedo et al. (2005) teve duração de 2 anos e apontou que a frequência respiratória é um indicador mais fidedigno de estresse térmico em comparação com a temperatura retal. Este dado foi obtido a partir da analise da temperatura retal (TR), freqüência respiratória (FR) e temperatura da superfície corporal (TS) de 15 vacas pertencentes aos perfis genéticos 1/ 2, 3/ 4 e 7/ 8 Holandês-Zebu (HZ). Considerando-se a FR, os valores críticos superiores de ITU estimados para os referidos grupos genéticos foram 79, 77 e 76, respectivamente. Ainda com base neste experimento, vacas ½ Holandês-zebu demonstraram ser mais termotolerantes que as vacas 7/ 8 Holandês-zebu.
2.2. REPRODUÇÃO SOB ESTRESSE TÉRMICO
Os efeitos do estresse térmico afetam de maneira direta a reprodução das vacas, e resultam em redução da fertilidade nos períodos mais quentes. A resposta dos animais aos agentes estressores depende do tempo de exposição e do potencial de equilíbrio entre produção e perda de calor corporal (AZEVEDO; ALVES, 2009).
	De acordo com Rocha et al. (2012) o estresse é deletério para o eixo Hipotalâmico-hipofisário-gonadal (HHG), pois inibe a produção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e, ocasiona, diminuição na síntese de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante). O decréscimo na produção de LH e FSH afeta a produção de estrógenos e traz prejuízos como: falha na percepção de estro, falha na qualidade e no desenvolvimento do oócito, formação de corpo lúteo com baixa qualidade e que diminui a fertilização. A produção de folículos sofre prejuízos consideráveis pelo estresse térmico, pois as alterações na dinâmica folicular ovariana, decorrentes da queda na taxa esteroidogênica dos folículos resulta na produção de folículos com menor diâmetro.
	Em pesquisa realizada por Oliveira et al. (2013) na região sudeste tendo por objetivo a analise de índices de temperatura e umidade do ar para vacas leiteiras, foi constatada a redução na taxa de concepção sob uma faixa de temperatura de 26,8 °C, essa temperatura foi considerada desconfortável para as vacas.
	Em um estudo realizado em uma fazenda pertencente a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), um lote com 90 vacas leiteiras mestiças de Bos taurus taurus x Bos taurus indicus foi avaliado para entender a relação do ambiente térmico com a taxa de concepção e perda gestacional. Os animais foram avaliados durante períodos de inverno e verão. A taxa de concepção no inverno, após a IATF, foi de 43,72% e no verão foi de 26,90%. Entretanto, a taxa de perda gestacional de 28 até 45 dias de gestação não teve diferenças de acordo com a estação. Segundo o autor, o fato pode ser justificado pela resposta do embrião ao estresse térmico, pois a fase crítica vai apenas até o sétimo dia (AYRES, 2012).
	A sensibilidade nos primeiros 7 dias de gestação se deve a redistribuição do fluxo sanguíneo que ocorre quando a vaca tenta dissipar o calor, o sangue migra para as partes periféricas do corpo para fazer as trocas de calor, diminuindo o aporte sanguíneo das vísceras e orgãos reprodutivos, dificultando o desenvolvimento embrionário (SILVA, 2018). 
	Ferro et al. (2010) relata que temperaturas acima dos 40 °C já é suficiente para cessar o desenvolvimento embrionário. O fluxo sanguíneo baixo prejudica a função do oviduto e do endométrio, resultando em um local inadequado para a fecundação, caso ocorra a concepção, os níveis baixos de progesterona circulante e o decréscimo dos nutrientes que chegam até o embrião tornam o ambiente uterino impróprio para a gestação. Ademais, quando a vaca encontra-se em estresse térmico, o embrião, na fase de blastocisto, não consegue sintetizar de maneira a adequada a proteína de choque térmico (HSP) e a interferon tau –responsável pelo reconhecimento materno- resultando na morte do embrião.
	Foi realizado um estudo na cidade de Alpinópolis-MG com 348 vacas Holandesas. As matrizes foram submetidas a IATF e diagnóstico gestacional aos 30 e 60 dias. 154 vacas (44%) tiveram a prenhez confirmada após 30 dias de IATF, porém aos 60 dias 123 vacas (35%) permaneceram gestando. Portanto houve uma perda gestacional de 20% (31 vacas) dos 30 aos 60 dias. Também foi constatado que a temperatura estava elevado no mesmo período do estudo, o que justifica a alta perda gestacional (MANSKE, 2016).
Um estudo avaliou a influência do estresse térmico em oócitos utilizados na produção in vitro de embriões (PIV) bovinos da raça Holandesa de alta produtividade. A partir da temperatura média no dia 0 e aos 30, 60 e 90 dias anteriores a aspiração folicular (OPU), foram classificados nos grupos conforto térmico (até 15°C) e estresse por calor (acima de 15°C). A submissão ao estresse térmico nos períodos de 30 e 60 dias anteriores à OPU resultou em menor produção de oócitos viáveis (P=0,0028; P=0,0092, respectivamente). Sob estresse, no dia da OPU as vacas não apresentaram redução na quantidade de oócitos viáveis e não houve influência da temperatura para o grupo estressado 90 dias antes da OPU. O experimento concluiu que o estresse por calor teve impacto negativo quando ocorreu 30 ou 60 dias antes da aspiração folicular. Além disso, 30 dias parece ser o período de maior suscetibilidade e que causa os maiores efeitos deletérios na viabilidade oocitária e na PIV (BERLING; CASTRO; OLIVEIRA, 2022).
	Segundo Silva (2019) períodos quentes do ano, e também a criopreservação de embriões, reduzem o percentual de concepção de vacas leiteiras de alta produção. Informação obtida a partir da análise de dados sob transferências de embriões no período de 2014 a 2018 em 3 propriedades produtoras de leite que reúnem cerca de 900 vacas mestiças em lactação, com produção média de 26 kg de leite, submetidas a um protocolo de IATF. A taxa de concepção no período frio foi maior quando comparado ao período quente (41,3 % vs. 24,2 %).
2.3. PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE
A influência do desconforto térmico na produção de leite ocorre majoritariamente pela diminuição na ingestão de alimentos, diminuição da função da tireoide e gasto de energia para dissipar o excesso de calor corporal. A redução do apetite se deve à inibição docentro do apetite localizado no hipotálamo (AZEVEDO; ALVES 2009).
	A constante exposição solar contribui para o aumento da permeabilidade dos capilares, dessa forma ocorre aumento na taxa de enzimas proteolíticas no leite e, consequentemente, queda na concentração de proteínas no leite. A permeabilidade capilar exacerbada induz o aumento de enzimas lipolíticas, que prejudicam a síntese de lipídios. Somado a isso, a diminuição da oferta de forragens nos meses quentes aliada ao menor aporte de energia e nitrogênio, corrobora para o decréscimo da qualidade e quantidade de leite produzido. O estresse térmico e a menor qualidade da forragem diminuem o consumo e a formação de ácido acético no rúmen, principal precursor da gordura láctea, e o leite fica com menor percentual de gordura (GONZÁLES, 2021). 
	Um estudo de Ludovico et al. (2015) avaliou a influência do estresse térmico e da contagem de células somáticas (CCS) na composição e quantidade de leite produzido em um rebanho leiteiro de uma região com clima temperado. A produção média do rebanho por dia foi de 31,78 kg/vaca. Quando o escore de contagem de células somáticas foi 9 a quantidade de leite produzido caiu 29,31%, neste estudo a influência negativa do calor também foi apontada, quando o ITE foi 32 ou mais as vacas apresentaram declínio de 11% na produtividade.
	A concentração de glicose no leite pode ser alterada indiretamente pelo seu uso como fonte de energia para a vaca, diminuindo o aporte à glândula mamária e posterior síntese dessa substância. De maneira direta, a diminuição do consumo também reduz a glicose circulante. Já os níveis de lactose normalmente não são alterados (GONZÁLES, 2021).
	Ludovico et al. (2015) relata que o Índice de Temperatura Equivalente (ITE) superior a 32 provoca diminuição de até 3,42% na concentração de todos os componentes sólidos do leite, menos das proteínas.
	Um trabalho de Valadão (2017) realizado no oeste de Goiás buscou relacionar a qualidade do leite com a estação do ano. Foram coletadas amostras de leite de 9 propriedades durante a primavera, verão, inverno e outono. Ao término do estudo, a autora concluiu que a as amostras com menor quantidade bacteriana total foram as produzidas no inverno, e as amostras com maior contagem bacteriana total foram as amostras coletadas nos períodos mais quentes do ano. 
2.4. RELEVÂNCIA RACIAL NA TERMOTOLERÂNCIA
	Ludovico et al. (2019) realizou um estudo comparativo entre as raças Girolando, Jersey e Holandesa para avaliar a adaptação racial das raças para produção de leite sob estresse térmico. Foram utilizados dados de 14.181 registros, obtidos durante 7 anos, do controle leiteiro mensal realizado pela Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). O estudo realizado no Paraná constatou que o aumento do ITU até valores acima de 82 (nível 4), diminui a concentração de componentes do leite em todas a raças, mas as maiores diminuições ocorreram no leite de vacas das raças Holandesa, seguido pela raça Girolando e Jersey. A diminuição do teor de gordura totalizou 12,4% e de sólidos totais 5,5% na raça Holandesa. Nos diferentes genótipos que compõe a raça Girolando, o aumento do ITU resultou em alterações semelhantes. A indústria também pode ter prejuízos com os efeitos do estresse térmico, devido diminuição da concentração de componentes do leite.
	Um estudo realizado por Carvalho et al. (2018) aponta que as vacas ½ Holandês × ½ Girolando são mais adaptadas ao calor que vacas Holandês × ¼ Gir. O experimento foi desenvolvido em Rôndonia para avaliar a relação entre os índices de conforto térmico com a temperatura interna de vacas em período de lactação. Foram avaliadas as temperaturas de 8 vacas, sendo 4 vacas ½ Holandês × ½ Girolando e 4 Holandês × ¼ Gir. A tempertura interna dos animais foi verificada a cada 10 minutos durante 2 dias, com o auxílio de termômetros eletrônicos intravaginais. Simultâneamente, dados climáticos foram coletados para obtenção do ITU, ITE e PFR (índice de frequência respiratória predita). A temperatura interna foi consideravelmente maior nas nas vacas ¾ Holandês × ¼ Gir em relação às ½ Holandês × ½ Gir (39,54 °C vs 39,06 °C, respectivamente).
2.5. ALTERNATIVAS PARA AUMENTAR O CONFORTO TÉRMICO
	Para maximizar a produção das vacas leiteiras, as instalações devem contar com condicionamento térmico, resfriamento do ambiente adição de sombra e ventilação. A incidência de raios solares combinada ao calor produzido pelas vacas, responsáveis por superaquecer as instalações, devem ser controlado com 	isolamento térmico e ventilação respectivamente (MOURA et al., 2010).
	Oliveira (2021) destaca que no Brasil existem dois tipos de confinamento comumente utilizados para vacas leiteiras, que possibilitam administrar melhor condições adversas. O sistema de confinamento Freestall fornece abrigo para os animais contra a radiação solar e ajuda na manutenção da homeotermia. Trata-se de um galpão com baias individuais, com material orgânico ou areia que garante mais conforto para as vacas e melhora o consumo dos animais e, consequentemente, sua produtividade. O sistema Freestall possui variações para atender as necessidades de cada propriedade. O sistema convencional possui janelas laterais para possibilitar a entrada de are, e ventiladores podem incrementar a circulação de ar. Em outros casos, as laterais do galpão são fechadas, nesse caso são necessários ventiladores associados a exaustores, defletores e resfriamento evaporativo (aspersão ou nebulização). Diferente do Freestall, o Compost barn (CB) não conta com a presença de baias individuais. Os animais transitam livremente pelo galpão o que melhora o conforto e bem-estar geral 
	Um estudo de Cerutti et al. (2013) realizado com o objetivo avaliar a influência de recursos de climatização na produção e composição do leite e nas variáveis fisiológicas, freqüência respiratória, freqüência cardíaca, temperatura retal. Foram utilizadas 14 vacas da raça Holandesa, em um experimento com dois tratamentos: sala de espera com sombreamento acrescido de aspersão (climatizado) e sala de espera sem estrutura de climatização (não climatizado), sendo sete vacas por tratamento. Os dados climáticos de cada tratamento foram registrados para calcular o Índice de Temperatura e Umidade. A produção de leite diária foi significativamente superior no tratamento climatizado frente ao não climatizado, 13,97 contra 11,24kg de leite, respectivamente. Não houve diferença entre os tratamentos para os componentes do leite (proteína, extrato seco desengordurado, densidade e gordura). O índice de temperatura e umidade permaneceu dentro da zona de conforto térmico para vacas em lactação (72 a 78) no tratamento climatizado, porém o inverso ocorreu no tratamento não climatizado, 71,34 e 79,76, respectivamente. Os animais que não desfrutaram da climatização apresentaram aumento da temperatura retal, da frequência respiratória e cardíaca, quando comparados aos animais do tratamento climatizado.
Um estudo de Almeida et al. (2013) apontou para ganhos de produtividade em vacas alojadas em ambiente climatizado pré-ordenha. O experimento foi realizado no verão e teve duração de 56 dias. O objetivo foi avaliar o tempo de exposição dos animais ao sistema de resfriamento evaporativo no curral, para isso foram analisadas 16 vacas Girolando com produção média de 18 kg/leite/dia. As vacas foram divididas em 4 grupos: controle (sem exposição a climatização), 10, 20, e 30 minutos de exposição ao sistema de climatização. As vacas que ficaram mais tempo expostas ao ambiente climatizado obtiveram o maior aumento de produtividade, com acréscimo de 0,640 kg de leite em média. No tratamento de 30 minutos as vacas também passaram mais tempo ingerindo alimentos e ruminando (17,31 e 30,19%), comparativamente ao controle (15,50 e 27,37%), respectivamente. Neste estudo, os grupos de animais não apresentaram diferenças quanto a composição do leite.
Um trabalho de Silva (2015) realizado em uma propriedade leiteira do interior de Goiás durantea primavera, correlacionou aspectos produtivos dos animais com índices de avaliação de conforto térmico e ganhos financeiros. Foram utilizadas 16 vacas Girolando em fase de lactação, os animais foram divididos em 4 grupos para avaliar 4 condições ambientais distintas: exposição direta ao sol (grupo controle); ambiente sombreado com o uso de sombrite 80% (grupo 1), sombreamento com sombrite 80% combinado a aspersão de água (grupo 2) e sombreamento associado a aspersão de água e ventilação (grupo 3). Os animais foram expostos ao tratamento durante 30 minutos, sempre antes da ordenha da tarde. Após os 30 minutos sob ambiente climatizados, foram averiguadas frequência respiratória (FR) e temperaturas superficiais em 5 pontos do corpo dos animais. O grupo 3, exposto a climatização com sombreamento, asperção e ventilação, obteve o maior acréscimo em produtividade, 9,31% a mais na quantidade de leite produzido. O autor afirma que a climatização gerou um incremento de R$ 3.364,02 na receita da propriedade, e assim o retorno do capital investido ocorreu em 44 dias.
Um experimento realizado no município de Rio Verde-GO teve por objetivo avaliar a eficiência do sombreamento natural e artificial na produção e qualidade do leite. Para isso, foram coletadas variáveis como contagem de células somáticas (CCS), temperatura retal dos animais, temperatura superficial da pele e do úbere, hemograma e pH do sangue. O período de obtenção dos dados se estendeu por 90 dias. Foram observadas 9 vacas Girolando, divididas em dois grupos: recinto com sombreamento artificial e recinto sem sombreamento. Ao término do estudo, o autor concluiu que as vacas com maior porcentagem de sangue Gir em detrimento da raça Holandesa se adaptaram bem aos dois tratamentos disponibilizados, portanto, não foi constatado efeito do sombreamento artificial sobre a produção e qualidade do leite, e nem nos parâmetros fisiológicos dos animais (BORGES; DIAS; LEÃO, 2017).
Um estudo realizado no Pará reafirma os benefícios do sombreamento na produtividade dos animais. Foram observadas 54 vacas leiteiras mestiças período de lactação divididas em 2 grupos: com sombra (CS), e sem sombra (SS). Durante o estudo, as variáveis climáticas e fisiológicas foram avaliadas, bem como coleta de amostras sanguíneas. Foi verificado que os animais do grupo SS apresentavam alterações dos parâmetros TR, FR e TSC, indicando esforços do organismo para recuperar a homeostase corporal. No grupo CS as variáveis fisiológicas não apresentaram alterações. A análise das amostras sanguíneas apontou para maior quantidade de cortisol no grupo SS este grupo também apresentou taxa de concepção menor, fato que, de acordo com o a autora, está relacionado aos níveis mais altos de cortisol. Ao término do estudo, as fêmeas com sombreamento disponível obtiveram taxa de prenhez 18% maior que as fêmeas sem sombreamento (COUTO, 2013).
3. CONCLUSÃO
O estresse térmico na bovinocultura atrapalha a homeostase corporal das vacas e é um dos fatores de maior relevância econômica na eficácia do rebanho. A necessidade de ativação dos mecanismos de termorregulação dos animais traz efeitos negativos na produção e qualidade do leite, e assim afeta os teores de sólidos que são importantes para a indústria de lácteos para obtenção de produtos derivados do leite.
	A reprodução dos bovinos também sofre perdas ocasionadas pelo estresse térmico, pois o calor afeta a síntese de hormônios essenciais a reprodução e, dessa forma, prejudica a concepção e produção de embriões.
 	Diante disso, cruzamentos de raças de alta produção como a Holandesa, com raças bem adaptadas ao clima quente do Brasil como o Gir, são uma boa alternativa para melhorar o conforto térmico dos animais. Além disso, medidas de sombreamento, aspersão e ventilação devem sem adotadas nas propriedades para melhor o desempenho produtivo dos bovinos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, G. et al. Comportamento, produção e qualidade do leite de vacas Holandês-Gir com climatização no curral. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 17, p. 892-899, 2013.
AYRES, G.F. Efeito da estação do ano sobre a taxa de concepção e perda gestacional em vacas leiteiras mestiças. Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Medicina Veterinária. 2012
AZEVEDO, D.; ALVES, A. Bioclimatologia Aplicada à Produção de Bovinos Leiteiros nos Trópicos Documentos 188. Teresina-PI: Embrapa, 
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