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Julia-Araujo-2016-Mapeamento-da-Paleolaguna-e-Sitios-Arqueologicos-do-Campo-de-Dunas-do-Pero-Cabo-Frio-RJ-Monografia-Geoquater-MN-UFRJ

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
MAPEAMENTO DA PALEOLAGUNA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS 
DO CAMPO DE DUNAS DO PERÓ, CABO FRIO - RJ 
 
 
 
Julia Caon Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
 
 
MUSEU NACIONAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
MAPEAMENTO DA PALEOLAGUNA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS 
DO CAMPO DE DUNAS DO PERÓ, CABO FRIO - RJ 
 
Julia Caon Araujo 
 
 
Monografia apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Geologia do Quaternário, Museu 
Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
como parte dos requisitos necessários à obtenção do 
título de Especialista em Geologia do Quaternário. 
 
 
Orientador (es): Prof. Dr. Renato Rodriguez Cabral 
Ramos e Prof. Dra. Kátia Leite Mansur. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio 2016
 
I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Araujo, Julia Caon. 
 Mapeamento da paleolaguna e sítios arqueológicos do Campo de 
Dunas do Peró – Cabo Frio, RJ – Rio de Janeiro: UFRJ/Museu Nacional, 
2016. 
 Xi, 260f.: il.; 31 cm. 
 Orientador: Renato Rodrigues Cabral Ramos 
 Monografia – UFRJ/Museu Nacional/Especialização em Geologia do 
Quaternário, 2016. 
 Referências Bibliográficas: f. 58-62. 
 1. Geoconservação. 2. Patrimõnio Geológico. I. Ramos, Renato 
Rodrigues. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de 
Geologia de Paleontologia. III. Mapeamento da paleolaguna e sítios 
arqueológicos do Campo de Dunas do Peró – Cabo Frio, RJ – Rio de Janeiro 
 
 
II 
 
RESUMO 
MAPEAMENTO DA PALEOLAGUNA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DO CAMPO DE 
DUNAS DO PERÓ, CABO FRIO - RJ 
Julia Caon Araujo 
Orientador (es): Prof. Dr. Renato Rodriguez Cabral Ramos e Prof. Dra. Kátia Leite Mansur 
 Resumo da Monografia submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia do 
Quaternário, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Geologia do Quaternário. 
 
A planície costeira do Peró formou-se a partir das variações do nível relativo do mar durante o 
Holoceno. Os primeiros relatos de sítios arqueológicos em Cabo Frio datam da década de 1920. 
A partir dos anos 1970, as pesquisas em evolução costeira contribuíram para os estudos sobre 
os sambaquis e para um maior entendimento da relação homem X meio em ambientes costeiros. 
No ano 2000 surgiram as primeiras datações radiocarbônicas em sambaquis da região, seguidas 
por datações em depósitos de ambientes lagunares, indicando ocupação pré-histórica desde 
5.500 anos AP e nível do mar acima do atual. Os pontos de interesse foram mapeados através 
do reconhecimento da área e coleta de amostras. Posteriormente, foram relacionados com a 
paleolaguna a partir da bibliografia, datações já realizadas e modelo digital de terreno. A 
reconstrução paleoambiental retrata o antigo sistema lagunar com sítios no seu entorno, 
caracterizando o ambiente pré-histórico de ocupação dos sambaquieiros. A localização dos 
sítios forneceu uma estimativa para época de origem, pois estão em diferentes setores do campo 
de dunas. Sendo assim estima-se que os sítios foram construídos durante o final da última 
transgressão e início da regressão marinha, entre aproximadamente 5.570 anos cal. AP e 3.370 
anos cal. AP. Entretanto, os resultados apontaram para a necessidade de estudos mais 
detalhados utilizando o método de datação por carbono 14. O trabalho destinou-se a fornecer 
mais um aspecto importante para o conhecimento e geoconservação do Campo de Dunas do 
 
III 
 
Peró, para fortalecer a preservação da área através do maior conhecimento do patrimônio 
geológico da região. 
Palavras-chave: Geoconservação, Patrimônio Geológico, Reconstrução Paleoambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio 2016 
 
 
IV 
 
ABSTRACT 
THE PALEOLAGOON AND ARCHAEOLOGICAL SITES MAPPING IN THE PERÓ 
DUNE FIELD, CABO FRIO – RJ. 
 
Julia Caon Araujo 
Orientador(es): Prof. Dr. Renato Rodriguez Cabral Ramos e Prof. Dra. Kátia Leite Mansur 
 Abstract da Monografia submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia do 
Quaternário, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Geologia do Quaternário. 
 
The coastal plain of Peró was formed from changes in relative sea level during the Holocene. 
The first reports of archaeological sites in Cabo Frio dates to the 1920s. From the year 1970, 
the research on coastal evolution contributed to the development of studies about the shell 
middens and a greater understanding of the relationship between man X environment in coastal 
environments. Also in 2000 came the first radiocarbon dating in shell mounds of the region, 
followed by datings of deposits lagoon environment, indicating the prehistoric occupation from 
5500 years BP and the sea level above the current. The points of interest were maped by 
recognizing the area and sample collection. Later, they were related paleolagoon from literature, 
datings already done and digital terrain model. The paleoenvironmetal reconstruction, portrays 
the old lagoon system with sites in its surroundings, featuring the prehistoric environment 
occupation of shell mounds. The location of the sites provide an estimate for the time of origin, 
cause they are in different sectors of the dune field. Thus it is estimated that the sites were built 
during the end of the last transgression and at the beginning of the marine regression, from 
about 5570 years cal. BP and 3370 years cal. BP. However, the results pointed to the need for 
more detailed studies using the method of dating by carbon 14. The work was intended to 
provide another important aspect for knowledge and geoconservation Peró Dunes Course to 
strengthen the conservation area through greater knowledge of the geoheritage of the region. 
 
V 
 
Key-words: Geoconservation, geoheritage, paleoenvironmental reconstruction 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio 2016 
 
VI 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 13 
2.1. Geral ........................................................................................................................... 13 
2.2. Específicos ................................................................................................................. 13 
3. ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 14 
3.1. Clima .......................................................................................................................... 16 
3.2. Hidrografia ................................................................................................................. 18 
3.2.1. Recursos Hídricos Superficiais ........................................................................... 18 
3.2.2. Recursos Hídricos Subterrâneos ......................................................................... 18 
3.3. Geomorfologia e Solos .............................................................................................. 19 
3.4. Geologia ..................................................................................................................... 20 
4. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 23 
4.1. Variação do Nível do Mar.......................................................................................... 23 
4.2. Contexto Arqueológico.............................................................................................. 26 
4.3. Depósitos Eólicos e Processos Sedimentares Associados ......................................... 28 
4.4. Geodiversidade .......................................................................................................... 30 
5. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 31 
5.1. Etapa de Escritório I .................................................................................................. 31 
5.2. Etapa de Campo ......................................................................................................... 31 
5.3. Etapa de Escritório II ................................................................................................. 31 
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 33 
6.1. Revisão bibliográfica sobre os estudos relacionados a sítios arqueológicos. .......... 33 
6.1.1. Histórico da pesquisa em sambaqui no estado do Rio de Janeiro, 
contemporaneamente aos estudos de evolução costeira do litoral brasileiro. .................. 35 
6.2. Mapeamento dos sítios arqueológicos com vestígios de possíveis sambaquis. ....... 38 
6.2.1. Pontos 1 e 2 ............................................................................................................ 40 
6.2.2. Ponto 3 - Paleolaguna ............................................................................................. 41 
6.2.3. Ponto 4 .................................................................................................................... 42 
6.2.4. Ponto 5 .................................................................................................................... 45 
6.2.5. Ponto 6 .................................................................................................................... 46 
6.2.6. Ponto 7 .................................................................................................................... 47 
6.3. Relação dos possíveis sítios arqueológicos já estudados com a paleolaguna, antes 
da instalação das dunas, à época da ocupação sambaquieira. ....................................... 47 
6.3.1. Pontos 1 e 2 ............................................................................................................ 49 
6.3.2. Ponto 3 .................................................................................................................... 49 
6.3.3. Ponto 4 .................................................................................................................... 51 
 
VII 
 
6.3.4. Ponto 5 .................................................................................................................... 53 
6.3.5. Ponto 6 .................................................................................................................... 53 
6.3.6. Ponto 7 .................................................................................................................... 53 
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 57 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 1 - Mapa da área de estudo – Campo de Dunas Peró...................................................15 
Figura 2: Destaque para região de Cabo Frio com menores índices de pluviosidade.............16 
Figura 3: Mapa de Isoietas Totais Anuais para o Estado do Rio de Janeiro...............................17 
Figura 4: Mapa Geológico da Planície do Peró (modificado de Schimitt et al., 2012)..............21 
Figura 5: Curvas de variação do nível do mar durante o Holoceno para os setores do Estado de 
São Paulo e sul do Estado do Rio de Janeiro (Suguio et al., 1985).............................................24 
Figura 6: Curva de variação do nível do mar proposta por Ângulo & Lessa (1997)..................25 
Figura 7: Curva de variação do nível relativo do mar para a costa do Estado do Rio de Janeiro, 
sudeste do Brasil (Dias, 2009)...................................................................................................26 
Figura 8: Datações realizadas por Scheel – Ybert (1999) para sambaquis da Região dos Lagos, 
nos sítios localizados próximos ao Peró.....................................................................................37 
Figura 9: Localização dos pontos selecionados a partir da bibliografia e dos levantamentos de 
campo prévios dos orientadores.................................................................................................39 
Figura 10: Área onde foi encontrado um possível novo sítio – Ponto 1 (Mansur, 2015)...........40 
Figura 11: Material encontrado no ponto 1 (Mansur, 2015).....................................................41 
Figura 12: Localização do ponto 3 próximo à estrada de acesso à praia do Peró.......................41 
Figura 13: Material encontrado composto por areias eólicas e camada areno – argilosa. 
Apresenta alguns seixos de material lítico diverso e conchas....................................................42 
Figura 14: Camada acinzentada composta por areia quartzosa, conchas e matéria orgânica....43 
Figura 15: Camada superior apresentando conchas, bioturbação e matéria orgânica...............44 
Figura 16: Material de litologia diversa encontrado no entorno, composto por seixos............44 
Figura 17: Duna vegetada composta por areia fina com textura maciça, bioturbação e matéria 
orgânica.....................................................................................................................................45 
Figura 18: Destaque para as estruturas formadas pela bioturbação e textura maciça................46 
 
IX 
 
Figura 19: Modelo Digital da Planície do Peró com a localização dos possíveis sítios 
arqueológicos e paleolaguna......................................................................................................48 
Figura 20: Reconstrução paleoambiental correspondente ao ponto 3 para o período de 6.447 a 
5.124 anos AP (Dias, 2009).......................................................................................................50 
Figura 21: Reconstrução paleoambiental correspondente ao ponto 3 para o 5.124 cal anos AP 
e 4.615 cal anos AP (Dias, 2009)...............................................................................................51 
Figura 22: Representação dos sítios com a altitude...................................................................52 
Figura 23: Perfil topográfico do ponto 4...................................................................................52 
Figura 24: Cenário da ocupação sambaquieira e possíveis sítios arqueológicos.......................54 
Figura 25: Cenário atual e possíveis sítios arqueológicos.........................................................55 
Figura 26: Possíveis sítios arqueológicos, sítios confirmados na bibliografia e paleolaguna....56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
X 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Localização dos Possíveis Sítios..............................................................................38 
Tabela 2 - Amostras – Ponto 4..................................................................................................42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 O Campo de Dunas do Peró, situado no município de Cabo Frio (RJ), é composto por 
depósitos eólicos com diferentes morfologias, que ocupam uma área total de 7km². Seus limites 
são a praia do Peró a leste; o brejo do Matadouro e a estrada do Guriri, aoeste; a Ponta do Cruz, 
ao sul e a Praia das Caravelas ao norte (Rangel, 2005). Antes da ocupação urbana o campo de 
dunas se prolongava em direção à Praia das Conchas, porém hoje é ocupada por loteamentos 
dos bairros do Peró, Conchas, Ogiva e Cajueiro (Ramos et al., 2003). 
 Ao longo dos anos, o Campo de Dunas do Peró, um dos maiores campos de dunas do Sudeste, 
vem sendo ameaçado pela crescente urbanização do seu entorno e pela recorrente pressão 
imobiliária (Ramos et al., 2003). Em 2006 um grande empreendimento foi licenciado pelo 
órgão responsável, o Complexo Turístico Resort Peró, que ameaça a biodiversidade e 
geodiversidade local. 
 O Campo de Dunas do Peró está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Pau do 
Brasil e funciona como refúgio para espécies de animais e plantas endêmicas, algumas 
ameaçadas de extinção. Além de possuir grande beleza cênica, resguarda sítios arqueológicos 
e é uma importante área para os estudos de evolução quaternária e de variação do nível do mar 
(Mansur & Carvalho, 2011). 
 A evolução geológica da planície costeira de Cabo Frio é resultado das flutuações do nível 
relativo do mar durante o Quaternário, que podem ser comprovadas a partir dos depósitos 
encontrados na área, representativos de paleolagunas e manguezais (Dias, 2009). 
 Além do trabalho realizado por Dias (2009), Mansur & Carvalho (2011) e Venturini & 
Gaspar (2007) identificaram sítios arqueológicos no Peró, onde foram encontradas lascas de 
quartzo, artefatos líticos, conchas e ossos. 
 Os sítios arqueológicos descritos na bibliografia juntamente com a paleolaguna e os possíveis 
sítios, apontam para existência de um grande complexo de sítios de uso e ocupação do homem 
 
12 
 
pré-histórico, aproximadamente entre o fim da última transgressão (5.570 anos cal. AP.) e início 
da regressão marinha (entre 4.590 e 3.373 anos cal. AP.) de acordo com as reconstruções de 
Dias (2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2. OBJETIVOS 
2.1. Geral 
Mapear e identificar a possível área de ocupação pré-histórica associada à paleolaguna. 
2.2. Específicos 
 Realizar um levantamento bibliográfico sobre estudos relacionados a sítios 
arqueológicos no estado do Rio de Janeiro; 
 Mapear as áreas com possíveis vestígios de sambaquis; 
 Relacionar os possíveis sítios arqueológicos já estudados com a paleolaguna, antes da 
instalação das dunas, à época da ocupação sambaquieira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3. ÁREA DE ESTUDO 
 O Campo de Dunas do Peró situa-se no município de Cabo Frio na Região dos Lagos no 
Estado do Rio de Janeiro. Pertence a APA do Pau Brasil, localizado entre as coordenadas 
22°50'48.07"S / 41°59'58.75"O; 22°49'3.93"S / 41°58'53.61"O; 22°49'31.14"S / 41°58'23.48"O 
e 22°51'30.68"S / 41°59'14.30"O. 
 
15 
 
 
Figura 1: Mapa da área de estudo – Campo de Dunas Peró. 
 
16 
 
3.1. Clima 
 O clima da região sudeste possui circulação atmosférica durante considerável parte do ano 
sob o domínio da Massa Tropical Atlântica, gerada pelo Anticiclone Tropical Atlântico. Apesar 
de manter a estabilidade do tempo, sofre interferências de Frentes Polares e Linhas de 
Instabilidade Tropical (Davis & Naghettini 2001). 
 Essas características determinam os índices pluviométricos anuais. De acordo com estudos 
realizados pelo CPRM (2000) a região de Cabo Frio apresenta menor pluviosidade (Figura 2), 
em comparação ao resto do Estado do Rio de Janeiro, como visto no “Mapa de isoietas totais 
anuais” (Figura 3). 
 
Figura 2: Destaque para região de Cabo Frio com menores índices de pluviosidade (CPRM, 
2000). 
 
17 
 
 
Figura 3: Mapa de Isoietas Totais Anuais para o Estado do Rio de Janeiro, CPRM (2000) com 
destaque para região de Cabo Frio. 
 Com a proximidade do verão as precipitações mensais aumentam, permanecendo com 
índices elevados até fevereiro/março. A partir destes meses, a precipitação média mensal 
apresenta uma diminuição, caracterizando invernos menos chuvosos (Cunha, 1995). 
 Segundo Barbiére (1984) o trecho entre Arraial do Cabo e Armação de Búzios apresenta 
média pluviométrica de 800 mm/ano, classificando seu clima de acordo com a classificação de 
Koppen, como semiárido quente (BSh), caracterizada por inversos secos, com ventos 
predominantes do quadrante NE. 
 Dois fatores são responsáveis pelos baixos índices de precipitação na região. O primeiro 
refere-se à maior distância da Serra do Mar em relação à linha de costa. A localização da Serra 
do Mar, orientada paralelamente ao Oceano Atlântico é determinante no controle e distribuição 
das chuvas em todo o Estado do Rio de Janeiro e também na região de Cabo Frio (Cunha, 1995) 
 O segundo fator está associado ao fenômeno da ressurgência, processo de afloramento de 
massas de água profundas carregada com grandes quantidade de nutrientes, na região da Ilha 
 
18 
 
do Cabo Frio, caracterizada pelo aporte de águas frias (18º) oriundos da Corrente das Malvinas 
(Água Central do Atlântico Sul – ACAS). Este fenômeno apresenta uma sazonalidade, sendo 
mais comum durante a primavera e verão (Turcq et al., 1999). 
 Tais características associadas compõem o enclave climático da região de Cabo Frio, 
diferente de todo estado. Sendo assim o clima é determinante para a geodiversidade local, 
principalmente solos, relevos e depósitos holocênicos (Mansur, 2010). 
3.2. Hidrografia 
3.2.1. Recursos Hídricos Superficiais 
 A área da APA do Pau Brasil é caracterizada por baixa densidade de drenagem. A baixa 
declividade do terreno faz com que a rede de drenagem seja formada por poucos canais naturais 
e grandes áreas alagadiças que receptam as águas pluviais em épocas de chuvas. As águas 
pluviais são infiltradas para solo ou evaporadas devido aos ventos constantes e insolação 
(CILSJ 2015). 
 As bacias de drenagem que compõem a APA são: Vertente Leste da Serra da Emerenças; 
Bacia do Pântano da Malhada; Bacia da Praia do José Gonçalves; Bacia da Praia da Caravela; 
Bacia NE da Praia do Peró; Bacia das Dunas do Peró e Bacia do Canal Itajuru. No entorno da 
APA existem três bacias, Bacia do Rio Uma, uma em direção à Lagoa de Araruama / Canal de 
Itajuru e uma terceira drenando para os canais Marina Porto Búzios (CILSJ 2015). 
 Com objetivo de minimizar os efeitos da baixa declividade, diversos canais artificias foram 
construídos para melhorar a drenagem da região, a fim de aumentar a capacidade de escoamento 
das águas. 
3.2.2. Recursos Hídricos Subterrâneos 
 O abastecimento de algumas áreas é basicamente através de águas subterrâneas, a partir de 
poços domésticos ou carros-pipas (Silva Jr. 2003). 
 
19 
 
 De acordo com o projeto ReSub – Lagos, executado entre os anos de 1999 e 2000, 60% da 
área de Cabo Frio possuem água salobra e salina. Na região do Campo de Dunas do Peró 
predominam aquíferos do tipo granular, devido a origem sedimentar eólica (Mansur 2010). 
 De acordo com Silva Jr. (2003), nos depósitos sedimentares, compostos predominantemente 
por areias quartzosas e por depósitos siltosos e argilosos, o nível freático é raso, possuindo 
menos de 2 metros de profundidade nas áreas mais baixas e por vezes aflorando. 
3.3. Geomorfologia e Solos 
 A área da APA do Pau Brasil apresenta unidades geomorfológicas resultantes de processos 
deposicionais fluviais, coluviais, fluvio-lacustres, marinhos e eólicos e relevos resultantes da 
dissecação de ortognaissesfélsicos Região dos Lagos e paragnaisses da Sucessão Palmital 
(Mansur et al. 2012). 
 O relevo do entorno é caracterizado por colinas rebaixadas que apóiam a planície costeira 
quaternária, onde estão localizadas evidências das flutuações marinhas durante os eventos 
transgressivos e regressivos ocorridos no Pleistoceno e no Holoceno, responsáveis por 
sucessivas mudanças paleoambientais ao longo do tempo (Turcqet al., 1999). 
 O Campo de Dunas do Peró representa formas de acumulação resultantes de processos 
deposicionais quaternários. As formas encontradas no Peró são caracterizadas por dunas 
escalonares “climbing dunes”, feições eólicas acumuladas sobre superfícies de rampa a 
sotavento de uma frente montanhosa, sendo sua enseada limitada por promontórios rochosos, 
como o Morro da Piaçava ao sul, e o Campo de Dunas ainda apresenta uma extensa área brejosa 
(Ramos et al., 2003 e Pereira et al., 2007). 
 De acordo com Mansur (2010) as planícies costeiras são representadas por terrenos arenosos 
de terraços marinhos, cordões arenosos e campo de dunas. São superfícies rebaixadas com 
relevo ondulado de amplitudes topográficas inferiores a 20 m, geradas por processos de 
sedimentação marinha e/ou eólica. Terrenos bem drenados com padrão de drenagem paralelo, 
 
20 
 
intercalado por depressões. A unidade de mapeamento de solos neste ambiente é composta por 
uma associação Podzol Hidromórfico (Espodossolo) e Areias Quartzosas Marinhas (Neossolos 
Quartzarênico), Lumbreras et al. (2001). 
3.4. Geologia 
 A região do Peró é caracterizada geologicamente por Depósitos Quaternários: eólicos 
litorâneos, praiais marinhos e/ou lagunares, fluvio-marinhos (depósitos indiscriminados de 
pântanos e mangues, fluvio-lagunares e litorâneos indiscriminados), colúvio-aluvionar 
(depósitos aluvionares recentes: areias com intercalações de argila, cascalho e restos de matéria 
orgânica), Rochas do Complexo Região dos Lagos: hornblenda-biotita ortognaisses, 
granulação média a grossa, composição granodiorítica a tonalítica, migmatíticos, com enclaves 
dioríticos e tonalíticos elípticos e xenólitos de anfibolitos e hornblenda-biotita metagranitos 
com megacristais de feldspato potássico, composição desde sienogranítica a granodiorítica, 
com enclaves metadioríticos)e Rochas do Grupo Búzios Palmital: gnaisses máficos e 
ultramáficos, textura média a grossa, formados por granada-anfibolitos homogêneos, cpx-
granada-hornblenda gnaisses bandados e opx-cpx-espinélio gnaisses subordinados (Figura 4) 
 
21 
 
 
Figura 4: Mapa Geológico da Planície do Peró (modificado de Schimitt et al., 2001). 
 No contexto geológico regional o Domínio Tectônico Cabo Frio possui padrão estrutural em 
direção NW – SE. A região está inserida na Província Mantiqueira, sistema orogênico 
Neoproterozóico, desenvolvido a partir da orogenia Brasiliano-Pan Africana, que resultou na 
amalgamação do Gondwana (Almeida, 1981). Sendo assim a geologia regional é resultado de 
intensa deformação, ocorrida em diversas fases e com conjuntos litológicos diferentes (Mansur 
et al. 2012) 
 Segundo Schmitt (2001) o Domínio Tectônico Cabo Frio foi o último acrescido na formação 
do Gondwana, há 530 Milhões de Anos, representando a Orogenia Búzios. Desta forma, este 
domínio tectônico é constituído por um embasamento granito-gnaissico de idade 
paleoproterozoica, intercalado com anfibolitos e metassedimentos mais jovens, todos 
metamorfizados em alto grau e deformados por tectônica de baixo ângulo. As principais 
características que o diferencia como domínio individualizado na Faixa Ribeira são as estruturas 
 
22 
 
deformacionais em direção NW – SE, ausência de corpos graníticos e o metamorfismo de alto 
grau. 
 Por fim a geologia do Campo de Dunas do Peró é representada, de acordo com o mapa, por 
depósitos quaternários fluvio-marinhos, eólicos litorâneos e marinhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
4. REVISÃO DA LITERATURA 
4.1. Variação do Nível do Mar 
 Os ambientes costeiros são construídos, entre outros fatores, pelas oscilações do nível 
relativo do mar, que podem ocorrer em diferentes escalas de tempo: horária, diária, sazonal e 
de longo período. De acordo com Suguio et al., (2005), as variações do nível relativo do mar 
de longo período configuram as paleolinhas de costa e são controladas por diferentes fatores, 
tais como: 
a) Tectonoeustasia: Flutuações nos volumes das bacias oceânicas, causadas pelo 
movimento da tectônica de placas; 
b) Glacioeustasia: Variação no volume das águas contidas nas bacias oceânicas, 
ocasionada pelos fenômenos de glaciação e deglaciação; 
c) Geoidoeustasia: Deformações na superfície oceânica, de cunhos gravitacionais. 
 Alguns processos continentais também são capazes de alterar a linha de costa a partir de: 
a) Movimentos tectônicos; 
b) Movimentos isostáticos; 
c) Deformações nas superfícies continentais por forças gravitacionais. 
 Já as variações sazonais consistem na média das médias diárias do nível do mar registradas 
no período de um mês, durante todos os meses do ano. São controladas a partir das variáveis 
meteorológicas, como pressão atmosférica, radiação solar, força e direção dos ventos, 
precipitação, temperatura do ar e do mar (Suguio et al., 2005). 
 Variações do nível do mar em curto espaço de tempo podem ocorrer principalmente por 
fatores associados a marés, que são causadas pela atração gravitacional incidente nos oceanos 
exercida pelo Sol e principalmente pela Lua. Com os movimentos rotacionais diários da Terra 
as águas dos oceanos sobem e descem produzindo assim as marés semidiurnas. As marés 
astronômicas de sizígia são produzidas através das variações de alinhamento entre o Sol e a 
 
24 
 
Lua, que geram marés 20% mais altas (maré alta) e mais baixas (maré baixa) que as marés de 
quadratura (Suguio et al., 2005). 
 Essas oscilações do nível do mar ficam, muitas vezes, registradas no subsolo e nos costões 
rochosos, que são evidências fundamentais para estudos de reconstrução paleoambiental (Dias, 
2009). Para o estabelecimento das antigas posições do nível relativo do mar, é preciso de um 
indicativo da variação no tempo e no espaço (Suguio et al., 1985). Todavia, só é possível 
estabelecer curvas de variação do nível do mar para setores específicos do litoral, cuja oferta de 
evidências de antigas posições seja abundante. 
 Devido à grande variedade de movimentos eustáticos torna-se impossível o estabelecimento 
de curvas de variação do nível do mar em escala global (Suguio et al., 1985). Antes da década 
de 70 as curvas atribuídas ao Brasil eram tectonicamente estáveis, a partir de 1970 novos 
estudos foram realizados a fim de estabelecer curvas de variação do nível do mar para diferentes 
pontos do Brasil, durante o Quaternário Recente, como as determinadas por Suguio et al. (1985) 
(Figura 5) para o setor que compreende o Estado de São Paulo e o sul do Estado do Rio de 
Janeiro. 
 
Figura 5: Curvas de variação do nível do mar durante o Holoceno para os setores do Estado de 
São Paulo e sul do Estado do Rio de Janeiro (Suguio et al., 1985). 
 
25 
 
 Diferentemente das curvas propostas por Suguio et al. (1985), Ângulo & Lessa (1997) 
estabeleceram um curva alternativa, caracterizada por uma descida continua a partir do clímax 
holocênico até o nível do mar atual (Figura 6). 
 
 
Figura 6: Curva de variação do nível do mar proposta por Ângulo & Lessa (1997). 
 A relação praia – paleopraia e antigos ambientes costeiros é fortemente influenciada pelas 
variações do nível do mar e pelo aporte sedimentar através de complexas relações (Dias, 2009), 
ou seja, a configuração da paisagem costeira atual foi determinada pelas oscilações do nível do 
mar e pelos processos sedimentares. Para a região da planície costeira de Cabo Frio, Dias (2009) 
estabeleceram uma curva específica baseada em indicadores biológicos e geológicos locais. 
 De acordo com o autor uma subida do nível do mar ocorreu logo após a transição do 
Pleistoceno para o Holoceno. O nível marinho encontrava-se a -0.5 metros abaixo do atual há 
8.500 anos cal A.P. A cerca de 7.500 anos cal. A.P. ocorreu uma transgressão, onde o “zero” 
(nível médio atual) foi ultrapassado pela primeira vez durante o Holoceno. Em seguida o níveldo mar atingiu o primeiro máximo holocênico, entre 5.500 – 4.500 anos cal. A.P., atingindo a 
altura máxima de +2.50 metros acima do atual (Figura 7). 
 
 
26 
 
 
Figura 7: Curva de variação do nível relativo do mar para a costa do Estado do Rio de Janeiro, 
sudeste do Brasil (Dias, 2009). 
 Ainda de acordo com Dias (2009), a descida do nível do mar causou gradual transformação 
de lagunas em lagoas e estas em pântanos salobros e, finalmente, doces. Diversas lagoas do 
litoral do sudeste brasileiro representam vestígios de antigas lagunas de dimensões bem 
maiores. Nos últimos 1.000 anos A.P. com o nível relativo do mar na posição de - 1.0 m acima 
do nível atual, estabeleceu-se campos de dunas do tipo climbing dunes, ainda hoje, ativos. As 
taxas de variação do nível relativo do mar durante o Holoceno no litoral do Estado do Rio de 
Janeiro foi de 1.2 mm/ano entre 11.500 a 7.500 anos cal A.P., de 0,87 mm/ano entre 7.500 a 
4.770 anos cal A.P., e de 0.53 mm/ano entre 4.770 anos cal A.P ao atual. 
4.2. Contexto Arqueológico 
 Ainda hoje a comunidade de arqueólogos e outros pesquisadores discutem sobre o tempo de 
ocupação do Brasil, alguns estimam que há mais de 40 mil anos o Brasil já estaria ocupado, 
porém apenas datas recentes são aceitas, sendo assim a referência cronológica para o início da 
ocupação do território brasileiro é de 12 mil anos (Gaspar, 2000). 
 Diversos grupos foram identificados por todo território nacional, do interior ao litoral, 
caracterizados por pinturas, gravuras em pedras, pontas de flechas, esculturas e outros 
indicadores. Em relação a ocupação do litoral, estudos sistemáticos indicam que a ocupação da 
costa por grupos de caçadores, coletores e pescadores ocorreu por volta de 6.500 anos AP, esses 
 
27 
 
grupos se disseminaram desde o Rio Grande do Sul, passando pela Bahia, Maranhão até o Pará 
(Gaspar, 2000; Lima, 2000). 
 Os sambaquis foram construídos por sambaquieiros, grupo responsável pela maior e mais 
diversa herança arqueológica de sua permanência no território brasileiro. Diferente de outros 
grupos nômades, os sambaquieiros mantinham suas ocupações durante muito tempo, algumas 
datações indicam sambaquis ativos por mais de mil anos, outro exemplo são os estudos 
realizados nos sambaquis Ilha da Boa Vista I, II, III e IV em Cabo Frio, indicando que seus 
moradores permaneceram por lá por mais de 350 anos (Gaspar, 2000). 
 Os sambaquieiros tinham como hábito amontoar restos de alimentos, acumulando conchas 
de moluscos, ossos de animais, em sua maioria peixes, mas ocasionalmente mamíferos, aves, 
répteis e de outros organismos como ouriços, caranguejos, sementes e frutos, sendo que 
determinadas áreas são destinadas aos rituais funerários, como sepultamentos de homens, 
mulheres e crianças (Lima, 2000; Gaspar, 2000). 
 Sendo assim, esse grupo é caracterizado pelo tipo de sítio denominado sambaqui, palavra da 
etimologia Tupi, onde Tamba significa conchas e ki amontoado. São caracterizados por serem 
uma elevação de forma arredondada, podendo chegar a ter mais de 30 metros de altura em 
algumas regiões do Brasil (Gaspar, 2000). 
 Nos sambaquis também são encontrados artefatos de pedra e osso, marcas de estacas, 
manchas de fogueiras e de habitação. Alguns tipos de vestígios estão dispostos em locais 
específicos, caracterizando a importância de determinadas áreas dos sítios e dos estudos 
estratigráficos (Gaspar, 2000). 
 Os sambaquis não podem ser caracterizados apenas como um acúmulo de restos, devem ser 
interpretados como janelas para o entendimento de atividades culturais complexas de 
determinado grupo pré-histórico. Deve ser considerado como resultado de ordenado trabalho 
social que tinha como objetivo, entre outras coisas, construir um imponente marco paisagístico 
 
28 
 
(Gaspar, 2000). 
 Estudos baseados em reconstrução da paisagem revelam que a implantação dos sítios eram 
direcionada a partir da interseção ambiental, próximos do mar, da lagoa, do canal, do 
manguezal, da restinga e da floresta, ou seja, locais caracterizados por pequenas elevações, 
como cordões litorâneos, topo de dunas ou meia encosta de morros, protegidos do vento e 
próximos a fontes de água potável (Gaspar, 2000). 
 Apesar dos diversos estudos sobre os sambaquis, muito ainda se discute sobre o processo de 
ocupação do território brasileiro, principalmente porque ainda não é possível afirmar que os 
sítios mais antigos são representativos do início da ocupação do litoral. As oscilações relativas 
do nível do mar podem ter sido responsáveis pela destruição e submersão de vestígios que 
poderiam contribuir para a reconstrução da sequência cronológica (Gaspar, 2000). 
 Os estudos dos arqueólogos relacionados com pesquisas sobre evolução costeira, 
especialmente correlacionada aos efeitos das variações relativas do nível do mar em diversos 
pontos do litoral, apresentam um grande potencial para preencher as lacunas sobre os sambaquis 
(Gaspar, 2000). Além disso, contribuem para a preservação de sítios arqueológicos, que 
constituem um importante exemplo do patrimônio histórico e geológico nacional. 
4.3. Depósitos Eólicos e Processos Sedimentares Associados 
 Depósitos eólicos cobrem cerca de 6% da superfície terrestre, sendo 97% em zonas de clima 
árido ou semiárido. São necessários três condicionantes básicos para a formação de um campo 
de dunas: (a) disponibilidade de sedimentos; (b) regime de ventos suficientes para mobilizar e 
retrabalhar os sedimentos; e (c) condições topográficas e climáticas necessárias a acumulação 
de areia (Pye & Tsoar, 2009). No Brasil existem campos de dunas interiores estabilizados nos 
estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul e Bahia, porém o tipo mais comum são os campos 
de dunas transgressivos ativos que migram da praia em direção ao interior, observados em 
diversas porções do litoral brasileiro (Souza et al., 2005). 
 
29 
 
 A planície costeira do Peró está inserida no compartimento Cabo Frio – Cabo Búzios (Muehe 
& Valentini, 1998) e apresenta todas características necessárias para a formação de dunas 
oblíquas. De acordo com Castro (2001) o litoral do Estado do Rio de Janeiro possui dois 
alinhamentos distintos, sendo o Cabo Frio a inflexão entre eles, seguindo uma direção nordeste 
– sudoeste. A partir dessa orientação estrutural o litoral passou a reter grande quantidade de 
sedimentos oriundos da plataforma continental adjacente. 
 Além disso, a região apresenta clima semiárido quente (Barbieri, 1984), diferentemente do 
resto do estado caracterizado pelo clima tropical. O clima semiárido é caracterizado por baixos 
índices pluviométricos que são causados pela distância da Serra do Mar que diminui os efeitos 
das chuvas orográficas e pelo fenômeno da ressurgência na região da Ilha do Cabo Frio (CPRM 
2012). Tais fatores juntamente com o regime de ventos predominantes do quadrante nordeste 
corroboram para a formação de dunas (Barbieri, 1984). 
 De acordo com Castro et al., (2011), a evolução geológica dos sistemas eólicos costeiros está 
relacionada com as variações do clima, regime de ventos, pluviometria e quantidade de 
sedimento disponível na faixa de praia. Sendo assim, trata-se de um sistema dinâmico, onde 
existe uma inter-relação de diferentes condicionantes ambientais, dos quais os mais importantes 
são os processos sedimentares, climáticos e litorâneos (Ramos et al., 2003). 
 Baseado no trabalho de Castro (2001) Ramos et al. (2003) desenvolveu um modelo evolutivo 
para o Campo de Dunas do Peró, estabelecendo uma zona de alimentação (praia e cordões 
externo e interno); zona de entrada (planície de deflação com dunas longitudinais e 
parabólicas); zona de retenção (campo de dunas barcanóides) e zona de saída (área de deposição 
atual e futura). 
 Para se entender os processos sedimentares atuantes em depósitos eólicos é necessário 
compreender o comportamentodas partículas, como explica Ramos et al. (2003), os sedimentos 
 
30 
 
(areia de granulometria fina) são transportados na direção do vento, que devem ter velocidade 
maior ou igual a 5m/s, com um movimento de flutuação junto à superfície de areia. 
 De acordo com Pye & Tsoar (2009) o vento exerce dois tipos de forças sobre um grão de 
areia em repouso numa superfície horizontal, são elas: (a) força de arraste, atua horizontalmente 
na direção do vento e (b) força de sustentação, age verticalmente para cima. Porém a força do 
peso do grão atua diretamente oposta à força de sustentação, além disso, outros vetores também 
devem ser considerados no transporte de sedimentos finos, como as forças de coesão, atração 
entre grãos vizinhos e as forças adesivas (Pye & Tsoar, 2009). Sendo assim, depois da partícula 
em movimento os grãos são transportados por movimentos de arrasto, saltação ou suspensão 
(Ramos et al., 2003). 
4.4. Geodiversidade 
 Geodiversidade é o equivalente abiótico da biodiversidade (Gray, 2008), ou seja, segundo 
Stanley (2001) é a variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos geradores 
de paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que constituem a 
base para a vida na Terra. 
 A Geodiversidade é um suporte fundamental para a biodiversidade, pois é através da mesma 
que os organismos encontram subsistência em uma série de condições abióticas indispensáveis, 
além disso também condicionou o desenvolvimento humano a partir da disponibilidade de 
alimentos, condições climáticas, locais de abrigo etc (Brilha, 2005). 
 Desta forma, a geodiversidade é um importante condicionante das relações ambientais e 
relações homem e meio ambiente. Além disso, de acordo com Brilha (2015), elementos da 
geodiversidade com valor científico podem ser caracterizados como patrimônio geológico, 
como os geossítios (elementos in situ) e as coleções em museus, universidades (elementos ex 
situ). 
 
 
31 
 
5. MATERIAL E MÉTODOS 
5.1. Etapa de Escritório I 
 Revisão bibliográfica sobre os estudos relacionados a sítios arqueológicos em 
paleolagunas: 
Material: Artigos publicados em periódicos, livros, sites especializados, anais de congresso. 
Método: A revisão bibliográfica organizou-se cronologicamente a partir das pesquisas em 
sambaquis no estado do Rio de Janeiro e os estudos de evolução costeira para o litoral brasileiro. 
 Preparação de mapas necessários para a etapa de campo: 
Material: Imagens de satélite, isolinhas e pontos cotados do Plano de Manejo da APA do Pau 
– Brasil/ RJ. 
Método: Foi utilizado os software Arcgis 10.2 no laboratório do Departamento de Análise 
Ambiental da Universidade Federal Fluminense. 
5.2. Etapa de Campo 
Material: Mapas produzidos em escritório, câmera digital pessoal e amostras dos pontos 
escolhidos. 
Método: 
 Reconhecimento da área: Toda extensão do Campo de Dunas foi percorrida para 
reconhecimento e verificação das localizações dos sítios já encontrados. 
 Mapeamento dos sítios arqueológicos com vestígios de possíveis sambaquis: Esta 
etapa foi realizada através da construção de um acervo fotográfico dos vestígios, 
juntamente com suas coordenadas UTM. 
5.3. Etapa de Escritório II 
 Relação dos sítios arqueológicos com a paleolaguna, antes da instalação das dunas, 
à época da ocupação sambaquieira. 
 
32 
 
Material: Imagens de satélite, isolinhas e pontos cotados do Plano de Manejo da APA do Pau 
– Brasil/ RJ. 
Método: Foi utilizado os software Arcgis 10.2 e o subprograma ArcScene no laboratório do 
Departamento de Análise Ambiental da Universidade Federal Fluminense, para construir o 
MDT (modelo digital de terreno) utilizando ferramenta Topotoraster do ArcMap 10 
Os sítios arqueológicos foram mapeados de acordo com sua localização e relacionados com a 
delimitação da paleolaguna proposta por Muehe et al., 2010. A relação foi estabelecida a partir 
do MDT (Modelo Digital de Terreno) com a respectiva laguna, sítios descritos por Mansur & 
Carvalho (2011), Venturini & Gaspar(2007) e Mansur (2015) e datações realizadas para região 
por Scheel – Ybert (1999), Dias et al.(2007), Dias (2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
6.1. Revisão bibliográfica sobre os estudos relacionados a sítios arqueológicos. 
 O período Quaternário é caracterizado principalmente por variações climáticas que 
resultaram em oscilações do nível relativo do mar e pelo surgimento do gênero Homo (Souza 
et al. 2005; Martínez, 2007). Essas oscilações influenciaram diretamente na formação dos 
diferentes ambientes geológicos costeiros, entre eles, planícies costeiras, ambientes lagunares, 
cordões arenosos e dunas (Souza et al., 2005). 
 Pesquisas realizadas sobre a evolução do litoral brasileiro informam que por volta de 7 mil 
anos AP o mar estava recuado, possibilitando que esse ambiente, hoje submerso, tenha sido o 
local de moradia dos primeiros sambaquieiros. As oscilações do nível do mar têm 
especificidades regionais, sendo necessário investigar áreas onde possa haver sítios mais 
antigos, locais elevados que não foram cobertos pelo mar ou águas tranquilas que possam 
guardar sítios submersos (Gaspar, 2000). 
 Sendo assim, para entender o processo de ocupação dos grupos de pescadores, coletores e 
caçadores pré-históricos, é necessária a compreensão do comportamento do nível do mar, e de 
que forma as oscilações produzidas pelos movimentos de transgressão e regressão construíram 
ambientes favoráveis para a manutenção dos sambaquis. 
 Gaspar (2000) expõe a história da pesquisa em sambaqui, iniciou-se entre 1870 – 1930 com 
estudos concentrados nos achados de Lagoa Santa, os sambaquis do sul do Brasil e as culturas 
do baixo Amazonas. Nesta época o debate se concentrava na origem dos sítios e existiam duas 
correntes. A primeira “naturalista”, sendo os sambaquis resultado do recuo do mar e da ação do 
vento sobre as conchas. E a segunda “artificialista”, que acreditavam que os sítios foram 
produzidos por ação humana. 
 A partir da década de 1940 a corrente “naturalista” perde força com os recentes achados que 
misturavam elementos naturais e humanos. Porém, ainda no início das pesquisas esta corrente 
 
34 
 
caracterizava os sítios como marcas de processos naturais, ou seja, um indicador para 
estabelecer a variação do nível do mar nos últimos 10 mil anos. Já a corrente “artificialista” era 
dividida em duas vertentes. A primeira acreditava que os sambaquis eram resultado da 
acumulação casual de restos de cozinha. A segunda, que eram monumentos funerários (Gaspar, 
2000). 
 De acordo com Gaspar (2000), até os anos de 1950, a pesquisa em sambaquis era definida 
por trabalhos pontuais, deixando lacunas na compreensão da ocupação do litoral brasileiro. 
Somente a partir da década de 1950, com as primeiras datações, análises sistemáticas de sítios 
e intercâmbio de informações entre pesquisadores internacionais e nacionais, foi possível 
desenvolver a arqueologia moderna e aprofundar os estudos em sambaquis. 
 Ainda durante a década de 1950, os pesquisadores Castro Faria, J. Loureiro Fernandes e 
Paulo Duarte (Museu Nacional e Instituto de Pré-História de São Paulo) dão início ao 
movimento com objetivo de proteger os sambaquis, explorados desde o século XVI para 
fabricação de cal (Gaspar, 2000). 
 É possível dizer que esse movimento foi um dos primeiros a acontecer no sentido de 
valorização e preservação do patrimônio geológico no Brasil, ainda que não se apropriasse 
destes conceitos. Entende-se como patrimônio geológico o conjunto de aspectos e exemplos 
concretos de geodiversidade, que devem ser preservados e conservados por meio de medidas 
legais. Sendo assim os sambaquis podem ser considerados patrimônio geológico, pois são 
indicadores das variações do nível relativo do mar e da ocupação do litoral brasileiro.A partir da década de 1970 as pesquisas sobre a evolução costeira se tornaram um 
instrumento indispensável para a construção paleoambiental, possibilitando o mais completo 
entendimento sobre os locais para a construção dos sambaquis. O cenário de antigos ambientes 
juntamente com as recentes datações radiocarbônicas de amostras dos sambaquis, forneceram 
 
35 
 
e continuam contribuindo como um referencial sobre o período de construção dos sítios (Gaspar 
2000). 
6.1.1. Histórico da pesquisa em sambaqui no estado do Rio de Janeiro, 
contemporaneamente aos estudos de evolução costeira do litoral brasileiro. 
 Um dos primeiros autores a descrever os sambaquis do estado do Rio de Janeiro foi Everardo 
Backheuser em 1918 em “Os Sambaquis do Distrito Federal”, transcrito no Boletim Geográfico 
em 1945 (Backheuser, 1945). O texto trata sobre os sambaquis de Guaratiba e Itacuruçá, 
encontrados durante pesquisas para documentar o recuo eustático do mar na costa brasileira a 
partir de dois indicadores, as perfurações de animais marinhos, especialmente ouriços, acima 
da linha d’água, e os sambaquis. 
 Os primeiros relatos sobre sambaquis no litoral de Cabo Frio foram realizados por Abreu 
(1928), onde através de pesquisas no sambaqui do Forte, o autor disserta sobre a origem 
artificial dos sambaquis, amontoado de conchas de marisco, produto de restos alimentares da 
população sambaquieira. 
 Durante a década de 1930 e 1940 os trabalhos de Backheuser e Abreu continuaram no intuito 
de decifrar a pré-história brasileira através dos sambaquis (Abreu, 1932) ou contribuindo com 
os estudos da geologia da cidade do Rio de Janeiro e seus sambaquis (Backheuser, 1946). 
 Através do trabalho de Antônio Teixeira Guerra, durante década de 1950 e início dos anos 
de 1960, as pesquisas em sambaquis se desenvolveram a partir dos estudos geomorfológicos. 
O autor trabalha na diferenciação entre terraços (origem natural) e sambaquis (origem 
artificial), afirmando que os sambaquis não podem ser confundidos com os casqueiros/terraços 
(acumulação natural de conchas) e que apenas os terraços podem ser um indicador de variação 
do nível do mar (Guerra, 1950). 
 O autor descreveu diversos sambaquis no estado, entre eles o depósito conchífero de São 
Lourenço em Niterói – RJ, caracterizando-o como sambaqui pelo seu conteúdo de restos de 
 
36 
 
carvão, ossos humanos, cerâmicas e conchas (Guerra, 1955) e o sambaqui de Sernambetiba, 
próximo à cidade de Magé. Posteriormente, admite que os sambaquis podem auxiliar nos 
estudos de variação do nível do mar se estiverem localizados próximo à linha de costa, e disserta 
sobre a importância da datação através do método do “carbono 14” (Guerra, 1962). 
 Na década de 1960, Ondermar Ferreira Dias Junior deu início a pesquisa científica enfocando 
aspectos arqueológicos nos sambaquis do estado do Rio de Janeiro, especificamente para a 
região de Cabo Frio (1963, 1967). Em paralelo Ernesto de Mello Salles Cunha descreveu os 
sambaquis do litoral carioca (1965). 
 A década de 1970 foi extremamente efervescente para os estudos de evolução costeira e para 
as pesquisas em sambaquis. Em relação à pesquisa em sambaquis é possível destacar as 
realizadas por Maria da Conceição Beltrão e Lina Maria Kneip no Estado do Rio de Janeiro 
(Beltrão, 1978) e mais especificamente na Região dos Lagos, Saquarema e Cabo Frio (Beltrão 
& Kneip, 1970; Kneip 1977). 
 Pesquisas sobre evolução costeira e a relação homem e meio também foram desenvolvidas. 
Lamego (1945) descreve o litoral do estado do Rio de Janeiro a partir da sua origem e 
características geomorfológicas relacionando-as com o homem. Para o litoral brasileiro, surgem 
os primeiros trabalhos sobre variação do nível do mar durante o Holoceno, Suguio & Martin 
(1976); Suguio et al. (1985); Ângulo & Lessa (1997); Turq et al. (1999). 
 De acordo com Gaspar & Barbosa (1998) durante a década de 1980 as pesquisas se 
concentraram nas regiões de Niterói (Dias Junior, 1980; Dias Junior & Carvalho 1987; Cunha 
& Francisco 1981; Pallestrini 1984), no litoral sul do estado (Beltrão et al., 1982; Heredita et 
al. 1984; Ferreira & Oliveira 1987; Côrrea & Brum 1987) e na planície de Cabo Frio (Machado 
& Silva 1989; Scaramella et al., 1989). Além das pesquisas em sítios isolados, na década de 
1990 muitos estudos foram desenvolvidos a fim de compreender o processo de ocupação no 
estado do Rio de Janeiro, como o desenvolvido por Gaspar (1996) e Scheel – Ybert (1999). 
 
37 
 
 De acordo com Lima (2000), no mesmo período surgiram as primeiras datações 
radiocarbônicas em sambaquis na região de Cabo Frio. Foram datados os sambaquis do Forte 
(Kneip, 1980), Geribá I, II e III (Gaspar 1996), Salinas Peroanas e Boca da Barra (Gaspar, 1996) 
e Malhada (Dias Jr., 1992 apud Lima, (2000). Tais datações foram compiladas e juntamente 
com outras datações recentes no trabalho de Scheel – Ybert (1999) para o litoral sudeste do 
estado do Rio de Janeiro. 
 Em Scheel – Ybert (1999) os sambaquis foram datados a partir de amostra de conchas e 
carvão. Os sítios da Boca da Barra, Meio e Salinas Peroanas estão localizados próximo ao Peró, 
sendo assim, seus dados fornecem importantes informações sobre o processo de ocupação na 
região. As datações (Figura 8) indicam que os sambaquieiros de Cabo Frio ocupavam áreas de 
Mata Atlântica, restinga e manguezal desde 5500 anos AP (máximo transgressivo). 
 
Figura 8: Datações realizadas por Scheel – Ybert (1999) para sambaquis da Região dos Lagos, 
nos sítios localizados próximos ao Peró. 
 Já em relação aos estudos de reconstrução do nível do mar para as datações foram fornecidas 
por Martin et al. (1997), Barbosa (1997), Dias et al. (2007) e Dias (2009). 
 A partir da bibliografia foi possível concluir que os estudos em sambaquis seguem por duas 
vertentes: A primeira se concentra no estudo de sítios isolados, e a segunda busca contextualizá-
los em relação à ocupação do estado do Rio de Janeiro. Além disso, os estudos de evolução 
costeira e reconstrução do nível do mar são extremamente importantes para temporalizar e 
localizar os sambaquis no paleoambiente. 
 
38 
 
6.2. Mapeamento dos sítios arqueológicos com vestígios de possíveis sambaquis. 
 O trabalho de campo foi realizado no dia 28 de janeiro de 2015, com o objetivo de colher 
amostras dos pontos de interesse (Figura 9), identificando e descrevendo os sedimentos a partir 
da sua litologia, textura, estruturas sedimentares, cor e conteúdo de bioclastos. Os pontos de 
interesse são apresentados na Tabela 1: 
Tabela 1: Localização dos Possíveis Sítios Arqueológicos 
Ponto 
Localização (24K 
UTM) 
Descrição 
1 
192782.77 m E / 
7470118.60 m S 
Próximo ao Condomínio Aquadunas – Localizado no 
ambiente interdunas 
2 
192525.95 m E / 
7470246.94 m S 
 
Próximo ao Condomínio Aquadunas – Perto de um 
núcleo de vegetação. 
3 
193141.53 m E / 
7471068.31 m S 
Seguindo pela Estrada do Guriri até a praia do Peró, 
próximo as placas “área particular” (Dias, 2009). 
4 
194578.49 m E / 
7472466.24 m S 
Ponta do Peró – início do campo de dunas (Mansur & 
Carvalho, 2011). 
5 
193889.56 m E / 
7467718.42 m S 
Praia das Conchas – atrás das barracas, descendo em 
direção à praia (Mansur e Carvalho, 2011) 
6 
193445.88 m E / 
7470152.47 m S 
Descrito na literatura (Venturini & Gaspar, 2007) 
7 
194150.68 m E / 
7472064.14 m S 
Descrito na literatura (Venturini & Gaspar, 2007) 
 
 
39 
 
 
Figura 9: Localização dos pontos selecionados a partir da bibliografia e dos levantamentos de 
campo prévios dos orientadores. 
 
40 
 
 Não foi possível coletar amostras referentes aos pontos 1 e 2 devido à falta de segurança no 
local. Os pontos 6 e 7 também não tiveram amostras coletadas pois já são descrito na literatura 
por Venturini & Gaspar (2007). Sendo assim, os pontos com amostras coletadas foram3, 4 e 5. 
6.2.1. Pontos 1 e 2 – Possíveis Sítios Arqueológicos 
 O possível sítio está localizado no interdunas próximo ao condomínio Aquadunas (Figura 
10), foi encontrado durante um trabalho de campo na turma de Geologia Geral 2015 e descrito 
por Mansur (2015). Apresenta lascas de quartzo, fragmentos de rochas (ortognaisses), conchas 
e ossos (Figura 11). 
 
Figura 10: Área onde foi encontrado um possível novo sítio – Ponto 1 (Mansur, 2015). 
 
 
 
41 
 
 
Figura 11: Material encontrado no ponto 1 (Mansur, 2015). 
 
6.2.2. Ponto 3 - Paleolaguna 
 O ponto 3 (Figuras 12 e 13) é caracterizado por areia de origem eólica sobre material 
areno-argiloso com matéria orgânica e conchas, representando a paleolaguna. 
 
Figura 12: Localização do ponto 3 próximo à estrada de acesso à praia do Peró. 
 
 
42 
 
 
Figura 13: Material encontrado composto por areias eólicas e camada areno – argilosa. 
Apresenta alguns seixos de material lítico diverso e conchas. 
 
6.2.3. Ponto 4 – Dunas Frontais 
 O ponto 4 está localizado no início do Campo de Dunas do Peró. Apresenta fortes indícios 
para existência de um sítio arqueológico, que deve ter material coletado para análise dos 
sedimentos e futuras datações. No ponto 4 foram coletadas 5 amostras (Tabela 2). As lascas de 
quartzos podem indicar a existência de um sítio arqueológico na região, pois o sedimento 
contradiz com o entorno de granulometria fina e origem eólica (Figura 14, 15 e 16). 
Tabela 2: Amostras – Ponto 4 
Amostra Descrição 
1 Cota: 1,20 m / Amostra: 0,18 m - Localização: 194578.49m E /7472466.24m S 
2 Cota: 1,05 m / Amostra: 0,53 m 
3 Cota: 1,05 m / Amostra: 0,10 m 
4 Cota: 1,04 m / Amostra: 0,40 m 
5 Cota: 1,53 / Amostra: 0,68 m - Localização: 194717.95m E / 7472623.01m S 
 
 
43 
 
 As amostras foram coletadas no campo de dunas, com sedimentos compostos 
predominantemente de quartzo e com granulometria fina a muito fina. A amostra apresenta 
estrutura maciça com vegetação e forte presença de raízes. Possui cor acinzentada e material 
que pode ser associado a um possível sítio arqueológico (ossos, lascas de quartzo e conchas). 
 
Figura 14: Camada acinzentada composta por areia quartzosa, conchas e matéria orgânica 
(Ponto 4). 
 
44 
 
 
Figura 15: Camada superior apresentando conchas, bioturbação e matéria orgânica (Ponto 4). 
 
 
Figura 16: Material de litologia diversa encontrado no entorno, composto por seixos (Ponto 
4). 
 
 
 
 
45 
 
6.2.4. Ponto 5 – Praia das Conchas 
 Localizado na Praia das Conchas, atrás das barracas. O afloramento analisado de material 
arenoso com tamanho de areia média a fina superior de cor acinzentada, possui composição de 
quartzo e mica. Apresenta bioturbações com furos em tubos (Figuras 17 e 18). Além disso, 
apresenta conchas. O ponto possui cota de 1,55 metros e a amostra foi coletada a 0,87 metros. 
Neste ponto foi utilizado o trado com amostra coletada a 0,82 metros de profundidade 
(localização: 193841.35 m E / 7467986.63 m S). 
 
Figura 17: Duna vegetada composta por areia fina com textura maciça, bioturbação e matéria 
orgânica (Ponto 5). 
 
46 
 
 
Figura 18: Destaque para as estruturas formadas pela bioturbação e textura maciça (Ponto 5). 
6.2.5. Ponto 6 
 Este ponto foi descrito por Venturini & Gaspar (2007), localizado em uma área interdunar 
sob uma pequena elevação. Apresenta 30 metros de diâmetro e espessura de 0,25 metros de 
camada arqueológica, caracterizada por areia com material lítico lascado (quartzo). 
 
 
 
 
47 
 
6.2.6. Ponto 7 
 O ponto 7 foi descrito por Mendonça de Souza (1981) apud (Venturini & Gaspar (2007). 
Apresenta quartzo lascado na superfície do terreno em profusão, fragmentos de cerâmica, 
possivelmente de tradição Tupiguarani, seixos picoteados (batedores e bigorna). O sítio possui 
200 metros de comprimento e 90 metros de largura e está localizado sob dunas parabólicas ao 
norte do campo de dunas. 
6.3. Relação dos possíveis sítios arqueológicos já estudados com a paleolaguna, antes da 
instalação das dunas, à época da ocupação sambaquieira. 
 A representação da altimetria auxilia na visualização dos pontos de interesse em relação à 
geomorfologia local. A planície do Peró é distribuída entre colinas e maciços cristalinos e 
apresenta dunas ativas ou móveis, dunas vegetadas, ampla área de planície de deflação e uma 
extensa área rebaixada, composta de brejos e alagadiços (Fernandez et al. 2009). 
 Os pontos 1 e 2 estão localizados sobre dunas móveis. O ponto 3 está localizado em uma área 
rebaixada e brejosa. O ponto 4 em uma área de dunas vegetadas, assim como o ponto 5 na Praia 
das Conchas. Por fim, o ponto 6 está em uma área rebaixada e o ponto 7 sob dunas parabólicas 
(Figura 19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
Figura 19: Modelo Digital da Planície do Peró com a localização dos possíveis sítios 
arqueológicos e paleolaguna. 
 Através da revisão bibliográfica e do trabalho de campo foi possível estimar a relação dos 
sítios arqueológicos com a paleolaguna. A localização dos sítios analisada em conjunto com os 
estudos sobre variação do nível do mar na planície do Peró nos ajudou a compreender a 
organização dos sítios antes da paisagem atual, ou seja, antes da instalação das dunas e com a 
existência de uma laguna. 
 A paleolaguna era fonte de alimento para os sambaquieiros da época, sendo assim, estima-se 
que os sítios tenham idades entre o final da transgressão marinha (5.570 anos cal. AP) e início 
da regressão marinha (entre 4.590 e 3.373 anos cal. AP.). Além disso, espera-se que os sítios 
 
49 
 
mais próximos da linha de costa sejam mais jovens, devido às variações do nível relativo do 
mar que proporcionaram uma diversidade de paleoambientes. 
6.3.1. Pontos 1 e 2 
 São referentes ao possível sítio encontrado no interdunas, próximo ao condomínio 
Interdunas. A localização dos sítios indica que sua formação foi anterior à instalação do campo 
de dunas e o início da regressão marinha, ou seja, entre 5.570 a 3.373 anos cal. AP. A descida 
do nível do mar, juntamente com o aporte sedimentar, proporcionou a progradação da linha de 
costa e a formação de cordões regressivos. 
6.3.2. Ponto 3 
 Para as proximidades do ponto 3 existem datações realizadas por Dias et al. 2007 e Dias, 
2009. Foram datadas amostradas com carvão carbonizado e conchas de moluscos. O 
testemunho de sondagem corresponde ao tronco de madeira da espécie Laguncularia racemosa 
representativa de ambiente de manguezal, datado entre 6.497 e 6.794 anos AP, sobreposto por 
uma camada fina de areia em contato com nível de conchas de moluscos predominantemente 
da espécie Anomalocardia brasiliana, datada entre 3.000 e 3.373 anos AP. 
 De acordo com Souza (2010) que realizou a análise da matéria orgânica de sedimentos 
quaternários da planície do Peró com base no testemunho de Dias (2007, 2009), foram 
encontrados componentes marinhos (dinoflagelados e palinoforaminíferos) na palinofácie 
correspondente o tronco carbonizado, caracterizando um ambiente marinho entre 6.243 cal. 
anos AP e 6.447 cal. anos AP (Figura 20). 
 
50 
 
 
Figura 20: Reconstrução paleoambiental correspondente ao ponto 3 para o período de 6.447 a 
5.124 anos AP (Dias, 2009). 
 Tais amostras indicam primeiramente um paleoambiente do tipo estuário/laguna com 
presença de vegetação de mangue entre 6.794 a 6.497 anos AP. Com a subida do nível do mar 
a paleolaguna é isolada por um cordão litorâneo entre 6.335 a 5.574 anos cal. AP. O nível do 
mar volta a descer, entre 5.574 a 2.533 anos cal. AP, formando uma planície de deflação. O 
trabalho de Souza (2010) também corrobora para esta interpretação. A palinofácie seguinte, 
correspondente ao intervalo de 6.243 a 5.124 anos AP, apresentou um aumento na quantidade 
de matéria orgânica de origem fitoclástica, representando um paleoambiente típicode laguna 
associada a mangues. 
 Ainda segundo Souza (2010), o período posterior, entre 5.124 cal anos AP e 4.615 cal anos 
AP, corresponde ao fechamento da laguna durante o início da regressão marinha, caracterizada 
pelo aumento de fitoclastos e presença pontual de dinoflagelados (marinhos), provavelmente 
oriundos de ondas do tipo swell que transpassavam a laguna (Figura 21). 
 
51 
 
 
Figura 21: Reconstrução paleoambiental correspondente ao ponto 3 para o 5.124 cal anos AP 
e 4.615 cal anos AP (Dias, 2009). 
 Esta configuração da paisagem é especialmente favorável à construção e manutenção dos 
hábitos da população pré-histórica. 
6.3.3. Ponto 4 
 O possível sítio foi descrito por Mansur & Carvalho (2011) com presença de lascas de 
quartzo e tubos e raízes (Figura 20). 
 
52 
 
 
Figura 22: Representação dos sítios com a altitude e representação do perfil topográfico do 
ponto 4. 
 O perfil topográfico do ponto 4 foi retirado a partir da ferramenta Profile Graph no Arcgis e 
auxilia na visualização da localização do sítio e compreensão no contexto geral da ocupação 
sambaquieira (Figura 21). 
 
Figura 23: Perfil topográfico do ponto 4 com a localização do sítio no reverso das dunas 
frontais. 
 
53 
 
 A localização do sítio no reverso do cordão litorâneo depois das dunas frontais (Figuras 20 e 
21) indica que o sítio tenha idade entre 4.590 a 3.375 anos cal. AP, durante o rebaixamento do 
nível do mar, que promoveu a progradação da linha de costa e a formação de cordões 
regressivos. O sítio foi protegido ao longo do tempo pela formação das dunas frontais oriundas 
da remobilização dos sedimentos da praia. 
6.3.4. Ponto 5 
 O campo de Dunas se estende até a Praia das Conchas, o sítio arqueológico foi descrito por 
Mansur & Carvalho (2011), que também foi influenciado pelas oscilações do nível do mar 
ocorridas do Peró. Está localizado embaixo das dunas, indicando assim que sua formação 
ocorreu anteriormente a formação das mesmas, durante o rebaixamento do nível do mar entre 
4.590 e 3.375 anos cal. AP. 
6.3.5. Ponto 6 
 Citado por Venturini & Gaspar (2007) e Mansur & Carvalho (2011). Localizado em uma 
suave elevação na área rebaixada. Desta forma, espera-se que o sítio seja mais recente, 
possivelmente datado a partir do começo da regressão e início da formação de cordões arenosos 
entre 4.590 e 3.375 anos cal. AP. 
6.3.6. Ponto 7 
 Este sítio arqueológico também é descrito por Venturini & Gaspar (2007) e Mansur & 
Carvalho (2011). Assim como os demais sítios, sua localização forneceu importantes 
informações sobre seu período de formação. Sendo assim, sua idade pode estar relacionada ao 
período citado acima. 
 Por fim, o cenário esperado para época da ocupação sambaquieira com a paleolaguna como 
fonte de alimento é apresentado no MDT abaixo em comparação ao cenário atual (Figuras 22 e 
23) e no mapa final com a localização dos possíveis sítios, paleolaguna e sítios confirmados na 
bibliografia (Figura 24). 
 
54 
 
 
Figura 24: Cenário da ocupação sambaquieira e possíveis sítios arqueológicos. 
 
55 
 
 
Figura 25: Cenário atual e possíveis sítios arqueológicos. 
 
56 
 
 
Figura 26: Possíveis sítios arqueológicos, sítios confirmados na bibliografia e paleolaguna 
(delimitação por Muehe et al. 2010). 
 
57 
 
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 
 A atual paisagem da planície costeira do Peró é resultado das variações do nível relativo do 
mar durante o Quaternário, que ao longo do tempo geológico construíram diferentes ambientes 
costeiros na região. Tais ambientes foram cenário para a ocupação da população pré-histórica, 
que através de sua dieta, hábitos alimentares e costumes construíram os sambaquis, que são um 
importante testemunho da ocupação do litoral brasileiro. 
 Através dos resultados obtidos com a leitura da bibliografia, trabalho de campo, análise das 
amostras recolhidas, acervo fotográfico, verificação das datações já realizadas e do 
mapeamento dos sítios, foi possível estimar que a região do Peró foi palco de ocupação pré-
histórica antes do estabelecimento das dunas. A região era caracterizada como um ambiente de 
baixa energia (estuário/laguna, manguezal e laguna isolada), com grande oferta de alimento 
para essa população. 
 Sendo assim, estima-se que sítios tenham idades entre o final da transgressão marinha (5.570 
anos cal. AP) e início da regressão marinha (entre 4.590 e 3.373 anos cal. AP.). Além disso, é 
possível que os sítios mais próximos da linha de costa sejam mais recentes, formados durante 
o rebaixamento do nível do mar e formação dos cordões arenosos. 
 Desta forma, a revisão bibliográfica do tema reforça a necessidade de estudos aprofundados, 
incluindo datações radiocarbônicas para um maior conhecimento sobre os sítios encontrados no 
Campo de Dunas do Peró, visando contribuir para o conhecimento da região a fim fortalecer os 
meios para a conservação e preservação do patrimônio geológico local. 
 
 
 
 
 
 
58 
 
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