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Corrupção Passiva

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Corrupção Passiva 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
24-08-2022 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
O termo corrupção é a comercialização da 
função pública, a prostituição da função 
pública, de modo que o funcionário público 
se vende ao particular. 
As penas desse crime foram majoradas em 
2003. 
Existe um projeto de lei com o objetivo de 
transformar o crime de corrupção como 
crime hediondo. 
O Brasil tem o decreto legislativo 345 de 2015. 
Trata-se da convenção americana contra a 
corrupção. 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
A corrupção é um dos crimes mais antigos do 
mundo, inclusive, previsto na bíblia. 
Na Grécia, foi feita uma revolução política 
em que houve a criminalização da 
corrupção. 
Em Roma, a lei das doze tábuas prevê a 
corrupção. Tinha também um juiz corrupto 
que vendia sentenças. 
Na idade média, a palavra corrupção era 
empregada como “baracta”, e que o 
corrupto praticava “baracteria”. 
Já no Brasil, desde as ordenações Filipinas, há 
previsão de corrução, mas era utilizada com 
outra nomenclatura – “suborno”. Em Portugal 
usava-se a expressão “peita” (as pessoas mais 
pobres não tinham dinheiro para pagar 
impostos, davam qualquer coisa que tinham 
aos cobradores de impostos, isso era 
chamado de peita). 
Somente em 1940, houve a divisão da 
corrupção: passiva e ativa. 
 
BASE NORMATIVA 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar 
promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, 
e multa. (Redação dada pela Lei nº 
10.763, de 12.11.2003) 
 § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, 
em consequência da vantagem ou 
promessa, o funcionário retarda ou deixa de 
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica 
infringindo dever funcional. 
 § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de 
praticar ou retarda ato de ofício, com 
infração de dever funcional, cedendo a 
pedido ou influência de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou 
multa. 
 
CONCEITO DO CRIME 
Consiste em solicitar ou receber vantagem 
indevida ou aceitar tal promessa de 
vantagem, para si ou para outrem, em razão 
de função pública exercida pelo agente, 
bem como em razão de função pública que 
ainda irá exercer. 
 
OBJETIVIDADE JURÍDICA 
É um crime contra a administração pública, 
de modo que busca-se preservação o bom 
funcionamento da administração pública. 
Protege-se também a moralidade, 
idoneidade do funcionário público. 
 
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO 
O sujeito ativo é o funcionário público, sendo 
a função pública uma elementar do tipo. 
A corrupção passiva pode ser praticada por 
aquele que está no exercício da função e 
também aquele que está fora da função, 
como por exemplo, antes de assumir o cargo 
ou afastado. 
Corrupção Passiva 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
Conforme figura abaixo, temos o “intraneus” 
– funcionário publico e o “extraneus” – 
cidadão. 
Aquele que pratica o crime e o funcionário 
público, o qual pode ser auxiliado por um 
terceiro quanto a prática. 
Como núcleo do tipo, temos: solicitar, 
receber, aceitar promessa ou vantagem. 
O crime pode se dar da seguinte forma: 
O agente solicita vantagem indevida. Essa e 
a corrupção passiva – “solicitar” ou 
“receber” 
Antigamente, entendiam alguns 
doutrinadores que se o particular aderiu ao 
pedido, teria que ser partícipe da corrupção, 
até porque recebe uma vantagem. 
O crime de corrupção passiva é formal e se 
consuma no momento em que funcionário 
público solicita, quando o cidadão paga, ele 
colabora pós a consumação do crime. Não 
existe participação após consumação do 
crime. 
Por isso que, atualmente, entende-se que o 
cidadão não é partícipe do crime. Portanto, 
quando o cidadão paga a propina não é 
partícipe do crime, porque não há previsão 
legal, conforme entendimento doutrinário 
atual. 
 
Já no segundo caso, em que o agente 
oferece ou promete vantagem indevida, 
abaixo disposto: temos a corrupção ativa 
 
 
Nesse crime, cidadão oferece ou promete 
vantagem indevida, de modo que pratica o 
crime de corrupção ativa. Se o agente 
público aceitar, cometerá o crime de 
corrupção passiva na modalidade “receber”. 
Na essência é o mesmo crime – ativa e 
passiva, mas isso é uma exceção pluralística 
a teoria monística unitária da ação. Portanto, 
haverão dois crimes distintos. 
Quanto ao sujeito passivo, temos a 
administração pública (vítima primária). 
Discute-se muito se haveria uma vítima 
secundária, mas não é cabível, pois aquele 
que paga a propina recebeu vantagem. 
Já outros autores entendem que o cidadão 
pode não aceitar o pagamento da propina, 
então é uma vítima indireta, nesse caso. 
 
BILATERALIDADE NA CORRUPÇÃO PASSIVA 
Alguns crimes são incompossíveis, ou seja, são 
bilaterais (somente existe um, se houver o 
outro). A corrupção ativa e passiva não são 
crimes bilaterais, apenas aparenta ser. 
Pode haver somente corrupção ativa e o 
indivíduo não paga a propina. 
Mas, se a oferta for feita pelo cidadão haverá 
a corrupção ativa. Se o funcionário público 
aceitar, haverá também a corrupção 
passiva. 
Portanto, são crimes autônomos. 
 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO 
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Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
As condutas principais são: 
1. Solicitar: é pedir, rogar, manifestação 
do desejo de receber; 
2. Receber: tomar posse de algo, obter; 
3. Aceitar promessa de vantagem: 
concordar com a proposta; 
 
Importante esclarecer que: 
✓ Na corrupção passiva, não tem 
coação e ameaça. 
 
✓ A vantagem indevida (contrária ao 
direito) é a famosa “propina”. Pode ser 
patrimonial (ex. dinheiro ou bem) e de 
cunho não material (como, moral). A 
vantagem indevida é um elemento 
normativo do tipo. 
 
✓ Se o funcionário publico se vendeu por 
valor irrisório, não poderá ser alegado 
o princípio da insignificância, já que 
não é um crime patrimonial. O valor da 
propina é insignificante, de modo que 
não afasta a tipificação do crime. 
Mas, isso influenciará na pena. 
 
25-08-2022 
✓ Ademais, a corrupção envolve uma 
espécie de negociação (acordo 
ilegal) entre o funcionário público e o 
particular. 
 
TIPICIDADE OBJETIVA: NEXO CAUSAL COM O 
CARGO 
O funcionário coloca à disposição o seu 
cargo, de modo que irá beneficiar o 
particular em razão de sua ação ou omissão. 
Os italianos chamam isso de “ratione office”, 
ou seja, o funcionário público vende a sua 
função. Portanto, ele deve ter atribuição 
funcional diante daquilo que irá fazer. 
Portanto, deve haver nexo de causalidade 
em relação ao objeto da negociação 
corrupta e o cargo e atribuições do 
funcionário público. 
Por exemplo, funcionário do DETRAN que 
solicita propina para aprovar particular no 
exame de habilitação. Tem competência 
para aprovar este em razão de seu cargo. 
O funcionário público sempre realizará uma 
atitude funcional devido a vantagem 
indevida recebida. Nesse sentido, ele poderá 
praticar um ato (ação), deixar de praticar um 
ato (omissão) ou retardar a prática de um ato 
(procrastinação). 
Para a configuração do crime, não é 
necessário que o agente cumpra a promessa. 
Mas, se o funcionário público corrupto não 
tem atribuição funcional para fazer o ato, 
deixar de fazer ou retardar sua prática, nesse 
caso, deve-se analisar se haverá corrupção 
passiva. Assim, é importante analisarmos 
algumas situações: 
 
Situação 1: TRÁFICO DE INFLUÊNCIA ou 
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO 
 
Por exemplo, um funcionário da secretária de 
uma universidade pública recebia dinheiro 
dos alunos, prometia que conversaria com os 
professores para alterar a nota. Mas, ele 
pegava o dinheiro e nada fazia. 
Nesse caso, o funcionário público comete o 
crime de tráfico de influência (pega o 
dinheiroe promete que irá influenciar o 
funcionário publico que detém atribuição 
para o ato). 
Mas, se o funcionário público pretende 
influenciar um funcionário público ligado a 
justiça (ex. juiz, promotor, testemunha, 
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jurados) haverá o crime de exploração de 
prestígio. 
Os particulares também podem cometer tais 
crimes. 
 
Situação 2: CORRUPÇÃO ATIVA 
 
 
Nessa situação, o funcionário publico não 
competente poderá se aliar ao particular e 
oferecer uma quantia em dinheiro para o 
funcionário público competente 
O funcionário incompetente e particular 
cometem corrupção ativa. Se o funcionário 
público competente aceitar o dinheiro, 
cometerá corrupção passiva, sendo que se 
realmente cumprir a promessa haverá a 
incidência da causa de aumento de pena. 
 
Situação 3: CORRUPÇÃO PASSIVA 
 
 
Nesse caso, o funcionário público 
competente se alia ao funcionário público 
incompetente. Temos a corrupção passiva. 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
(ART. 317 § 1º DO CP) 
Aumento de 1/3 da pena, se o funcionário 
público realmente pratica o ato funcional, 
deixa de praticar ou retarda a prática do ato, 
ou seja, cumpre a promessa que realizou 
(vende a função pública de fato). 
Mas, o crime consuma-se mesmo que não 
seja cumprida a promessa, haja vista que o 
crime é formal. 
 
ESPÉCIES DE CORRUPÇÃO PASSIVA 
a) Própria e Imprópria 
A corrupção própria ocorre quando o ato 
prometido é ilegal em essência (ex. 
funcionário público recebe propina para 
queimar documento de processo). 
Já na corrupção própria, o ato vendido é 
legal (x. oficial de justiça que solicita dinheiro 
para apreender veículo). 
b) Antecedente e Subsequente 
A corrupção antecedente ocorre quando a 
vantagem é recebida antes da prática do 
ato. 
Na corrupção subsequente, a vantagem é 
recebida após a prática do ato. 
c) Direta ou Indireta 
Na corrupção direta, o próprio funcionário faz 
o pedido de propina. 
Já na corrupção indireta, é quando o 
funcionário público utiliza um terceiro para 
pedir propina ou faz de forma implícita. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO 
Trata-se do dolo específico, em que solicita-se 
a vantagem para si ou para outrem. 
 
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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Trata-se de crime de natureza formal, em que 
consuma-se no momento da solicitação, 
recebimento ou aceitação da promessa. 
Cabe tentativa, quando ocorre o 
fracionamento da solicitação. 
 
DISTINÇÕES NORMATIVAS 
Se o funcionário público for fiscal de rendas, 
cometerá crime contra a ordem tributária - 
art. art. 3º, II da Lei nº 8137/90. 
Se for testemunha, Perito, Tradutor e 
Intérprete: (art. 342 § 1º do CP); 
Corrupção militar: art. 308 do CPM. 
Corrupção eleitoral art. 299 do Código 
Eleitoral. 
Corrupção Desportiva: art. 41-C e 41-D – 
Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03 e 
12.299/10) 
Difere-se da prevaricação, porque não tem 
propina, faz movido por sentimento ou 
interesse pessoal, sendo que não há um 
pedido externo. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA 
(ART. 317 § 2º DO CP) 
Não há vantagem indevida 
O funcionário público pratica, deixa de 
praticar ou retarda a prática de um ato 
cedendo um “pedido” ou a “influência” de 
alguém; 
Pena: detenção de 03 meses a 01 ano.

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