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Crimes contra a Administração Pública

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – TÍTULO XI DO CÓDIGO PENAL
CAPÍTULO I – DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
- Arts. 312 a 327 do Código Penal
- O sujeito ativo é o FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA EFEITOS PENAIS, conceituado no artigo 327 do Código Penal.
*
CONCEITOS DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
a) Funcionário público típico ou propriamente dito – Previsto no caput. É todo aquele que exerce CARGO (é o funcionário estatutário), EMPREGO (regime celetista) ou FUNÇÃO (é o exercício de um dever para com a Administração Pública. Exs: jurado e mesário).
OBS: O ESTAGIÁRIO também é considerado funcionário público para fins penais, desde que exerça sua atividade em órgão público.
*
b) Funcionário Público ATÍPICO ou POR EQUIPARAÇÃO, previsto no artigo 327 §1º do CP. 
São aqueles que exercem cargo, emprego ou função em entidade paraestatal (assim consideradas as entidades da Administração Púbica INDIRETA, ou seja, as autarquias, fundações instituídas pelo Poder Público, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas).
*
Também são aqueles que trabalham em empresas privadas, mas contratada ou conveniada para a execução de ATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ou seja, não é o funcionário de qualquer empresa contratada pela Administração Pública. Exs: Concessionárias das rodovias, concessionárias dos serviços de água e energia elétrica, linha amarela do Metrô. 
OBS: O STF decidiu, por 6 a 5, que Presidente, Governador e Prefeitos, bem como os detentores de mandato eletivo no Poder Legislativo (Vereadores, Deputados Estaduais e Federais e Senadores) devem ser considerados funcionários públicos para fins penais.
Também são aqueles que trabalham em empresas privadas, mas contratada ou conveniada para a execução de ATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ou seja, não é o funcionário de qualquer empresa contratada pela Administração Pública. Exs: Concessionárias das rodovias, concessionárias dos serviços de água e energia elétrica, linha amarela do Metrô. 
OBS: O STF decidiu, por 6 a 5, que Presidente, Governador e Prefeitos, bem como os detentores de mandato eletivo no Poder Legislativo (Vereadores, Deputados Estaduais e Federais e Senadores) devem ser considerados funcionários públicos para fins penais.
	ESPÉCIES DE CRIMES FUNCIONAIS:
1) Crime funcional PRÓPRIO: Se faltar a qualidade de funcionário público ao autor, o fato passa a ser um indiferente penal. Ex: Prevaricação. 
2) Crime funcional IMPRÓPRIO: Se faltar a qualidade de funcionário público, o fato deixa apenas de ser um crime funcional e passa a ser um crime comum. Ex: Peculato, que passa a ser apropriação indébita ou furto, conforme o caso. 
*
PECULATO – ARTIGO 312 DO CÓDIGO PENAL
	Peculato próprio ou propriamente dito – Previsto no caput do artigo 312 do CP e divide-se em duas espécies, peculato-apropriação, previsto na 1a. parte e peculato-desvio, previsto na 2a. parte.
	Sujeito ativo – É o funcionário público. Admite coautoria e/ou participação, desde que o particular tenha conhecimento da condição de funcionário público do autor. Caso contrário, responderá por furto ou apropriação indébita conforme o caso.
	Sujeito passivo – Primeiramente é a Administração Pública, subsidiariamente e se houver o particular lesado com a conduta. 
*
	Peculato-apropriação (previsto na 1a. Parte do caput do artigo 312 do CP).
Elementos: a) Apropriar-se, ou seja, inverter a posse, agindo como se dono fosse. 
b) O objeto da conduta deve ser qualquer coisa MÓVEL, que não é o móvel do Direito Civil. Para o Direito Penal, móvel é qualquer coisa que pode ser transportada de um local para outro sem perder a identidade. 
c) A coisa deve ser pública ou PARTICULAR. Neste último caso, este particular será vítima secundária. 
d) O agente deve ter a POSSE, que abrange a mera detenção.
e) Imprescindível que se verifique o NEXO FUNCIONAL entre a posse da coisa e o cargo, ou seja, a posse deve estar entre as atribuições do agente. 
*
- Consumação e tentativa: Consuma-se quando o agente passa a exteriorizar poderes de proprietário, ou seja, aliena, aluga, destrói. A tentativa sempre é possível.
PECULATO-DESVIO (2a. parte do art. 312) 
- Os elementos são os mesmos do peculato-apropriação. A única diferença é que neste, o funcionário público desvia dinheiro, valor ou qualquer bem móvel, dando destinação diversa da que prevista em lei.
- Consumação: Quando se dá à coisa destinação diversa da prevista em lei. 
*
OBS: Nas duas modalidade de peculato é imprescindível a intenção do funcionário público de apoderamento definitivo da coisa.
Logo, se ele se apropria ou desvia a coisa apenas para uso e posterior devolução, há duas posições:
1) Se a coisa for consumível, ou seja, acaba com o uso, será crime.
2) Se a coisa não for consumível, não há crime.
Importante: Mão de obra NÃO é considerado coisa, é serviço, portanto sempre será crime.
*
PECULATO IMPRÓPRIO OU PECULATO-FURTO (ART. 312 §1º)
- Ao contrário dos peculatos apropriação e desvio, no qual o funcionário público tem a posse da coisa, neste, ele NÃO tem e tem de subtrair ou facilitar a subtração por alguém, sendo que o CP exige que o funcionário público utilize “a facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário público”, ou seja, se o funcionário público subtrai coisa da Administração com a mesma dificuldade que qualquer particular teria, será furto comum.
*
PECULATO CULPOSO (ART. 312 §2º)
- Configura-se quando o funcionário público, com a sua negligência, concorre para crime de outrem. Neste caso, o funcionário público é o garante da Administração, sendo que para configuração do delito, ele deve ter a obrigação legal de proteger o patrimônio da Administração.
*
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM OU PECULATO-ESTELIONATO (ART. 313)
- Difere do peculato-apropriação pois neste o funcionário público tem a posse da coisa em virtude de erro de alguém, que lhe entrega a coisa pensando que fosse o funcionário responsável, mas não é. 
- Consuma-se quando o agente percebe o erro, mas não o desfaz, passando a agir como dono da coisa e NÃO com a mera entrega da coisa por erro. 
- A doutrina majoritária entende que pouco importa se o funcionário concorreu para o erro ou se ele foi espontâneo. Responderá por este crime de qualquer forma. 
*
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313-A)
- Também chamado de peculato eletrônico
- Sujeito ativo: Somente o funcionário público autorizado a manejar o sistema de informática. Qualquer outro funcionário público equiparar-se-á ao particular e responderá por falsidade ideológica (art. 299).
- Objeto material: São os dados do sistema, pois este é preservado. 
*
- Elemento subjetivo: Dolo, mais a finalidade específica “com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”
- Consumação e tentativa: O crime é formal, consumando-se com a alteração dos dados, sendo o resultado naturalístico mero exaurimento do crime.
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART. 313-B)
- Também é chamado de peculato eletrônico
- Sujeito ativo: Ao contrário do art. 313-A, qualquer funcionário público pode cometer o delito
- Objeto material: Neste é o próprio sistema que é violado, não somente os dados
- Elemento subjetivo: Dolo, não requerendo qualquer finalidade específica, ao contrário do previsto no art. 313-A
- Consumação e tentativa: Crime formal, exige apenas a violação do sistema, admitindo a tentativa. Entretanto, caso haja prejuízo à Administração ou ao particular, ficará caracterizada a causa de aumento de pena do § único
*
ART. 316 - CONCUSSÃO
- Parte da doutrina afirma que este crime nada mais é que uma extorsão qualificada pela qualidade de servidor público do agente. 
- Sujeito ativo: Exceção. Único crime em que o particular pode ser autor sozinho, sem estar em concurso com um servidor público. Em que momento? Quando está na iminência de assumir cargo público, que é quando faltam somenteprocedimentos burocráticos, como a nomeação ou o exame médico admissional, e desde que o autor faça a exigência em razão do cargo. 
*
- Sujeito passivo: O sujeito passivo primário será sempre a Administração Pública. Secundariamente é o particular constrangido pelo funcionário público. Doutrina entende ser perfeitamente possível concussão de funcionário público contra funcionário público. 
- Conduta punida: É o verbo EXIGIR. Não se deve confundir a exigência com a solicitação, que é pedir e configura corrupção. O “exigir” tem implícita uma grave ameaça, um constrangimento ao particular. 
A vantagem pode ser “para outrem”, que inclui até mesmo vantagem para a própria Administração. Ex: Funcionário público que exige de particular vantagem indevida para reformar e equipar a repartição pública. 
*
- A exigência pode ser DIRETA, quando realizada pela própria pessoa, ou INDIRETA, quando realizada por terceiro (que é co-autor), a mando do funcionário público ou feita de forma velada, camuflada. 
- A vantagem exigida pode ser de qualquer natureza (patrimonial, econômica, moral, sexual). 
- É imprescindível que o sujeito ativo tenha poder, competência ou atribuição para concretizar o mal prometido, pois caso contrário cometerá o crime de extorsão, previsto no art. 158 do CP. 
*
- Consumação e tentativa:
Trata-se de crime formal, ou seja, consuma-se com a exigência da vantagem indevida, sendo o auferimento desta mero exaurimento do crime. 
Também não se exige que o particular realmente sinta-se atemorizado com o mal prometido
Admite-se a tentativa, como, por exemplo, em uma concussão realizada por carta ou mensagem, que é interceptada antes de chegar ao destinatário.
*
- EXCESSO DE EXAÇÃO: §1º do art. 316. 
Configura quando a vantagem é o pagamento de TRIBUTO ou CONTRIBUIÇÃO SOCIAL e que o agente deve ou deveria saber ser indevida ou ainda que devida, emprega meio gravoso ou vexatório na cobrança.
Se for qualquer outro pagamento que não as duas espécies acima, fica caracterizado o abuso de autoridade.
Como na concussão, deve o agente ter a competência de cobrar as duas espécies de verbas acima, caso contrário configurar-se-á o crime de extorsão.
*
CORRUPÇÃO PASSIVA – ART. 317 E CORRUPÇÃO ATIVA – ART. 333
- Exceção pluralista à teoria monista do concurso de agentes, já que o corrupto é punido nos termos do art. 317 e o corruptor nos termos do art. 333.
- Doutrina afirma que falta proporcionalidade nas penas dos dois crimes, pois a conduta menos grave (solicitar, que é o mesmo que pedir) é punida de forma mais pesada que a conduta mais grave (exigir). 
*
- Sujeito ativo:
Do art. 317 é, em regra, o funcionário público, mas como na concussão, excepcionalmente pode ser o particular na iminência de assumir cargo público.
Já do art. 333 é qualquer pessoa, inclusive outro funcionário público. 
*
CONDUTA PUNIDA:
- Na passiva (art. 317) são punidas as condutas de solicitar, receber ou aceitar promessa.
- Já na ativa (art. 333) são punidas as condutas de oferecer ou prometer vantagem indevida, ou seja, a passiva não precisa da ativa e vice-versa (são, portanto, crimes unilaterais), pois se o particular oferece e o funcionário não aceita, está caracterizada só a ativa. Se o funcionário pede e o particular não dá, também está configurada somente a passiva. Agora, se o funcionário pede e o particular dá, também configura-se somente a passiva, pois os verbos dar ou pagar não são núcleos do tipo. Entretanto, se você faz uma contra-proposta à pedida do funcionário público, você pratica o crime, pois realiza o verno núcleo do tipo oferecer.
*
CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA E IMPRÓPRIA
- Própria ou propriamente dita: Tem por finalidade a realização de ato ilegal, contrário à lei por parte do funcionário.
- Imprópria ou impropriamente dita: Tem por finalidade a realização de ato legítimo, legal, por parte do funcionário público. 
*
OBS: Ambas as modalidades são crimes, logo o funcionário que solicita vantagem apenas para tornar mais célere processo legítimo também pratica o crime, já que o retardo ou a não realização de ato administrativo, bem como a realização de ato ilegal configuram a causa de aumento de pena prevista no §1º, chamada pela doutrina de corrupção exaurida. Há hipóteses, porém, em que a prática do ato configura outro crime, sendo que neste caso haverá concurso material entre o caput do art. 317 e o ato praticado. Ex: Pago para o funcionário público competente apagar os pontos da minha CNH no sistema do Detran. Neste caso teremos a prática do art. 317 caput em concurso material com o crime previsto no art. 313-A. 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
- Ambos os crimes são formais, exceto o verbo RECEBER da passiva, que exige o efetivo recebimento da vantagem e também é bilateral, pois exige a corrupção ativa, já que alguém tem de estar oferecendo.
- Em ambos os crimes admite-se a tentativa na modalidade da carta interceptada, solicitando ou oferecendo a vantagem.
*
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA – ART. 317 §2º
- A doutrina costuma chamar de favores administrativos.
- Este tipo penal é material, pois exige-se para a consumação que o funcionário público deixe de praticar ou retarde ato de ofício, com infração de dever funcional, ou seja, admite-se neste tipo penal apenas a corrupção passiva própria. Neste caso não há vantagem, e sim mero pedido ou influência de outrem. 
- NÃO há corrupção ativa privilegiada, pois quem PEDE não pratica crime algum por ausência de previsão legal. Mas caso a pessoa que peça seja funcionário público e esteja usando a influência de seu cargo, ficará caracterizado o crime de “advocacia administrativa”
*
PREVARICAÇÃO – ART. 319
- Objeto material: É o ato de ofício (ato que deve ser realizado, segundo seus deveres funcionais, que o funcionário público deixar de realizar, retarda ou o faz infringindo dever legal
- Elemento subjetivo específico:
Se exige que o autor tenha como finalidade específica de SATISFAZER INTERESSE (entendido como qualquer proveito, ganho ou vantagem auferido pelo agente, não necessariamente de natureza econômica) ou SENTIMENTO PESSOAL (É a disposição afetiva do agente em relação a algum bem ou valor).
*
- Paulo José da Costa Junior também chama o crime de autocorrupção própria, pois neste caso, ao contrário da corrupção, o funcionário age sozinho, sem a participação do particular, logo não há a oferta nem a solicitação da vantagem. 
- Consumação: Com a prática de qualquer das condutas previstas, INDEPENDENTEMENTE de efetivo prejuízo para a Administração, logo é crime formal. 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – ART. 321
- Elementos objetivos do tipo:
O núcleo do tipo penal é o PATROCINAR, que significa proteger, beneficiar ou defender. 
O objeto do tipo é o INTERESSE PRIVADO, devendo ser entendido como qualquer vantagem, ganho ou meta a ser atingida pelo particular. Não há necessidade de que o interesse seja ilegal, ilegítimo, caracterizando o crime o patrocínio a interesse legal.
*
Deve ainda o agente (que só pode ser funcionário público) VALER-SE DE TAL QUALIDADE, ou seja, deve ficar comprovado que o agente usou seu prestígio junto aos colegas ou facilidade de acesso a informações da Administração indo de encontro à imparcialidade e isenção que devem nortear a atuação pública.
Não há necessidade que o agente obtenha qualquer vantagem, econômica ou não.
MOMENTO CONSUMATIVO:
- No momento em que há o efetivo patrocínio do interesse particular junto à Administração, independente de haver prejuízo a esta. 
*
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – ART. 325
- Sujeito ativo: O funcionário público, mas desta vez abrangerá o funcionário aposentado ou em disponibilidade, ou seja, não requer esteja no exercício da função, mas é exigido que o funcionário tenha tido acesso à informação em razão do cargo.
- Elementos objetivos do tipo:
Exige-se que a informação propagada pelo funcionário público deva permanecer em segredo.
Caso funcionário revele o segredo a alguém que já sabia da informação por outrosmeios, NÃO se configurará o delito. 
*
Na figura prevista no §1º inciso I, a pessoa estranha que tem acesso pode ser outro funcionário público não autorizado ou um particular. Já o inciso II prevê um crime próprio, pois só pode ser cometido por aquele que tem o acesso como qualidade inerente ao cargo público exercido. 
- Consumação: No momento da prática de qualquer dos verbos núcleos do tipo penal, sendo dispensável a verificação de prejuízo à Administração que, caso haja, qualificará o crime nos termos do §2º. 
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA – ART. 328
- Sujeito ativo: Como todos os crimes deste capítulo, pode ser praticado por qualquer pessoa. Contudo, também pode ser praticado por funcionário público, desde que atue completamente fora de suas atribuições funcionais. 
- O núcleo verbo do tipo é USURPAR, que significa alcançar sem direito ou com fraude. É aquele que exerce função pública sem sem legalmente investido para tanto. 
*
- Momento consumativo: Quando o agente efetivamente usurpar a função pública, não sendo exigida a verificação de dano efetivo para a Administração. 
- Figura qualificada pelo resultado: Muito embora lei não fale em vantagem INDEVIDA, é evidente que toda vantagem recebida por aquele que usurpou função pública é indevida, pois está exercendo atividade de forma ilegal. 
RESISTÊNCIA – ART. 329 
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público, pois pode se opor a ato de outro funcionário público mediante violência e/ou ameaça. 
- Sujeito passivo: Como todos os crimes contra a Administração, está será a vítima principal. Secundariamente, o funcionário público que está executando a ordem e também o particular que por ventura esteja acompanhando o funcionário na execução. 
- Elementos objetivos do tipo: O ato deve ser LÍCITO, o que não se confunde com ato justo. Se o ato for injusto pode caracterizar legítima defesa ou exercício regular de um direito, conforme o caso. 
- Consumação: Com a resistência, mediante violência e/ou ameaça, não sendo requerido qualquer prejuízo à Administração. 
*
- Particularidades:
a) Não se exige que a ameaça seja séria, mas deve prever um mal INJUSTO. Prometer representar o funcionário administrativamente não é mal injusto, pois é direito de todo o cidadão. Ofensas verbais também não caracterizam o crime, podendo tipificar o desacato. Entretanto, requer seja a ameaça/violência empregada CONTRA O FUNCIONÁRIO ou a pessoa que o acompanha, nunca contra coisas ou terceiros. 
b) A resistência deve ser ativa, ou seja, é um agir contra o funcionário. A resistência passiva, que pode se dar de várias maneiras, sendo um não obedecer ou um resistir até fisicamente mas sem investir contra o funcionário NÃO caracteriza o delito.
c) O crime requer ainda que o funcionário vítima seja o COMPETENTE para realizar o ato. 
 
*
OBS: É crime SUBSIDIÁRIO, ou seja, o agente só responderá por resistência quando da violência não resultar crime mais grave, como lesão corporal ou até mesmo homicídio.
*
DESOBEDIÊNCIA – ART. 330
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público, desde que este não esteja no exercício da função e a ordem guarde relação com o cargo (pois aí será infração administrativa)
- Elementos objetivos do tipo: Exige-se CONHECIMENTO DIRETO da ordem pelo agente (não necessariamente pessoalmente, admitindo-se carta, notificação, etc), não se considerando desobediência o não atendimento de ordem repassada através de terceiro, afim de se evitar a punição por erro de comunicação, que ensejaria responsabilidade penal objetiva. 
- Elemento subjetivo específico: Além do dolo, requer-se tenha o agente especial vontade de desobedecer/contraria a ordem. O erro quanto ao cumprimento da ordem exclui o crime, já que não é previsto o tipo culposo. 
*
- Consumação: Quando houver a desobediência, independentemente de haver efetivo prejuízo à Administração.
- Particularidades: 
a) Trata-se de crime SUBSIDIÁRIO, pois para sua caracterização é necessário que não haja previsão de qualquer outro tipo de punição, seja ela administrativa ou civil. Só se admitirá o crime de desobediência em conjunto com um sanção não penal quando a lei EXPRESSAMENTE assim prever, geralmente através da expressão: “Sem prejuízo da responsabilização penal pelo crime de desobediência.
*
b) Como no Brasil vigora o princípio do nemo tenetur se detegere, ou seja, que ninguém pode produzir prova contra si próprio, o suspeito/acusado/investigado/averiguado/réu que não atende intimação policial ou judicial não estará incurso no crime, pois não é obrigado a comparecer. Contudo, a pessoa tem a obrigação de se identificar perante a autoridade quando instado a fazê-lo, ainda que queira reservar seu direito de permanecer calado. 
OBS: Não há crime de desobediência quando alguma das partes descumpre acordo judicial de qualquer natureza, já que a sentença é HOMOLOGATÓRIA e portanto não é considerada ordem judicial. Exemplo clássico é o descumprimento de acordo de visitas dos filhos. 
*
ART. 331 - DESACATO
- Sujeito Passivo: É QUALQUER funcionário público, não importa a graduação ou posto de chefia. NÃO existe a figura do “desacato à autoridade”. Não é preciso ser autoridade pública para ser sujeito passivo deste crime.
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa, INCLUSIVE outro funcionário público, não importando se há hierarquia entre as partes. O advogado também comete crime de desacato, ainda que no exercício de suas funções (ADIN declarou inconstitucional a expressão “ou desacato” do art. 7o. §2º do Estatuto da Advocacia). 
- Núcleo do tipo penal: É o verbo DESACATAR, ou seja, qualquer conduta com o intuito de menosprezar a função pública exercida. Ofende-se o funcionário público com a finalidade de humilhar a dignidade e o prestígio da atividade administrativa. 
*
- Pode ser praticado em dois momentos, sendo que em ambos se exige a presença do funcionário ofendido (mas não precisa ser face a face e nem diretamente. Pode estar o ofendido na sala ao lado, p.ex), pois na ausência dele será crime de injúria qualificada
a) No exercício da função (desacato in officio): O agente público está desempenhando sua função, ainda que fora da repartição. Assim, qualquer ofensa a ele dirigida, ainda que sem ligação com a função pública, será crime de desacato.
b) Em razão da função pública (desacato propter officium): O agente pública está fora de sua função e também fora da repartição (ex. Funcionário público de férias). Neste caso a ofensa deverá ser em razão do cargo. 
*
- NÃO há desacato na conduta de criticar o comportamento funcional do agente público, uma vez que é assegurado a todo cidadão o direito de fiscalizar a prestação dos serviços públicos, desde que feito de maneira moderada e proporcional. Da mesma forma NÃO se verifica o crime quando o ultraje parte do funcionário público, sendo a conduta do particular mera repulsa à ofensa anteriormente perpetrada. 
- A embriaguez ou o momento de nervosismo NÃO excluem o crime. 
- Consumação e tentativa: Consuma-se no momento do desacato, pouco importando se o funcionário público sentiu-se ofendido ou não. Também não se exige que terceiros presenciem a ofensa. Por exigir a presença do ofendido, a doutrina majoritária entende NÃO ser possível a tentativa. 
*
OBS: O STJ, ao julgar o Recurso Especial 1.640.084/SP- Rel. Min. Ribeiro Dantas, em 15 de dezembro de 2016, entendeu que há “inconformidade do art. 331 do Código Penal, que prevê a figura típica do desacato, com o art. 13 do Pacto de São José da Costa Rica, que estipula mecanismos de proteção à liberdade de pensamento e de expressão (…) A criminalização do desacato está na contramão do humanismo, porque ressalta a preponderância do Estado - personificado em seus agentes - sobre o indivíduo. A existência de tal normativo em nosso ordenamento jurídico é anacrônica, pois traduz desigualdade entre funcionários e particulares, o que é inaceitável noEstado Democrático de Direito (…) O afastamento da tipificação criminal do desacato não impede a responsabilidade ulterior, civil ou até mesmo de outra figura típica penal (calúnia, injúria, difamação etc.), pela ocorrência de abuso na expressão verbal ou gestual utilizada perante o funcionário público. 
*
ART. 332 – TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público. Cuidado, o “comprador da vantagem”, ainda que esteja agindo de má-fé e/ou com torpeza, será VÍTIMA deste crime.
- Objeto material: É a vantagem ou a promessa de vantagem (de qualquer natureza – econômica, moral, sexual, etc.)
- Núcleo do tipo penal: É crime subsidiário ao crime de corrupção ativa, pois neste o agente LUDIBRIA o “comprador”, fazendo este acreditar que realmente tem a influência necessária sobre o funcionário público. Não se exige que o agente conheça o funcionário público ou até mesmo que ele exista. Entretanto, para configuração do crime, necessário se faz a individualização do mesmo, ainda que fictício. Caso o agente realmente conheça e influa no ato de ofício do funcionário público, caracterizar-se-á o crime de corrupção ativa (até mesmo a figura privilegiada). 
*
 - Consumação e tentativa: Nos verbos “solicitar”, “exigir” e “cobrar”, o crime é formal, logo consuma-se com a conduta, pouco importando o resultado material. Já em relação ao verbo “obter”, o crime é material, consumando-se no momento da obtenção da vantagem desejada pelo agente. A tentativa é admissível nas condutas executadas por carta ou correspondente. 
- Causa de aumento de pena: Prevista no § único. Não é necessária afirmação explícita de que a vantagem também será destinada ao funcionário, já que a lei prevê a mera insinuação, que pode se dar de forma indireta, ou seja, nas entrelinhas. Caso o funcionário público realmente receba a vantagem, responderá por corrupção passiva e o “comprador” e o “traficante de influência” responderão por corrupção ativa. 
*
DESCAMINHO – ART. 334
- Sujeito ativo: Crime comum. Qualquer pessoa pode praticar.
- Sujeito passivo: O Estado. 
- Elementos objetivos do tipo: 
É o verbo ILUDIR, que significa enganar, frustrar, no todo ou em parte, o pagamento de imposto (cuidado, somente esta espécie de tributo) pela entrada ou saída da mercadoria do território nacional ou direito (outros pagamentos necessários para a importação ou exportação, como a tarifa de armazenagem ou a taxa para liberação da guia de importação), bem como imposto devido pelo consumo da mercadoria (ex. Clássico, o ICMS).
*
- Momento consumativo:
O crime é formal, consuma-se no momento em que o pagamento do imposto ou do direito é iludido, ou seja, no momento em que deveria ser feito o pagamento e não. 
A tentativa é possível. 
- Figuras equiparadas:
1) Pratica navegação de cabotagem, fora dos casos previstos em lei: É a navegação realizada entre portos ou pontos do território nacional, utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores, (ou seja, sempre, ao menos um trecho deve ser via mar).
*
2) Pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho. 
3) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem – esta última conduta exige dolo direto, verbo “sabe”, não se caracterizando com a culpa – geralmente verbo “deveria saber”.
 
*
4) Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos – mais uma vez exige-se o dolo direto. 
- §2º: Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. Ou seja, qualquer pessoa que vende produtos importados cujos impostos não foram devidamente recolhidos pratica o crime de descaminho, inclusive sacoleiras do Paraguai e Miami.
*
CONTRABANDO – ART. 334-A
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
- Sujeito passivo: O Estado. 
- Elementos objetivos do tipo: Os núcleos-verbos do tipo penal são IMPORTAR (trazer algo de fora do país para dentro de suas fronteiras) ou EXPORTAR (levar algo para fora do país). Exige-se ainda que a mercadoria seja PROIBIDA (Trata-se de norma penal em branco, pois outras normas dirão o que é proibido).
- Momento consumativo: O crime é formal, consumando-se no momento em que a mercadoria proibida entra ou sai do país, pouco importando se chega em seu destino final.
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- FIGURAS EQUIPARADAS:
1) A prática de fato assimilado, em lei especial, a contrabando.
2) Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente (p. ex., quaisquer alimentos, medicamentos, bebidas alcoólicas, cigarros)
3) REINSERE no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação – Neste caso a mercadoria não precisa ser proibida, basta que tenha sido produzida para o mercado exterior e volte ao mercado nacional. 
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4) Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
5) Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
OBS: Assim como no descaminho, equiparar-se-á à atividade comercial qualquer atividade informal e até mesmo clandestina, inclusive em residência. 
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- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: Nunca se admite a aplicação do princípio no crime de contrabando, pois trata-se de mercadoria proibida, que, inclusive, pode ser lesiva à saúde pública. 
Entretanto, por seu caráter tributário, e segundo jurisprudência do STF, aplica-se o princípio ao crime de descaminho, desde que o valor do imposto cujo pagamento foi iludido não ultrapasse os R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo que débitos tributários até este valor também não são executados pela Fazenda Pública e as execuções em andamento devem ser arquivadas (Artigo 20 da Lei 10.522/2002, com redação dada pela Lei 11.033/2004 e Portarias 75/2012 e 130/2012 do Ministério da Fazenda). 
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OBS: Muito embora o descaminho não esteja inserido nos crimes contra a ordem tributária (Lei 8137/1990), o STJ (HC 137628/RJ) e o STF (85842/SP) já decidiram que o crime de descaminho é crime de natureza tributária e, portanto, aplicaram o art. 34 da Lei 9.249/1995 que prevê: “Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na lei 4.729, de 14 de junho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia”.
Ao julgar o mencionado HC, o STF ainda entendeu ser aplicável ao descaminho a Súmula Vinculante 24 daquele Tribunal que prevê: “Não tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, inciso I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo”, o que, em tese, alteraria o momento consumativo do crime de descaminho. 
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OBS: Em 20/11/2017, o STJ aprovou a seguinte súmula: 
“O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública”. 
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – ART. 339
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: O Estado. Secundariamente a pessoa falsamente acusada. 
- Objeto material: inquérito policial (não caracteriza quando se trata de meros atos investigatórios isolados, como diligências preliminares), processo judicial (incluindo as ações penais e as ações civis públicas), investigação administrativa(devendo ser entendida como sindicâncias e processos administrativos), inquérito civil (procedimento presidido pelo MP visando apurar elementos para a propositura da ação civil pública) e ação de improbidade administrativa.
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- Elemento subjetivo: Somente o dolo, tendo como elemento subjetivo específico a vontade de induzir em erro a autoridade processante. 
- Momento consumativo: Quando é instaurada o inquérito e/ou processo, não sendo necessária a verificação de prejuízo para o Estado ou para o particular prejudicado. A tentativa é admissível. 
- Causa de aumento de pena: Anonimato (alguém que transmite uma mensagem sem se identificar) ou nome suposto (a pessoa adota um nome fictício).
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- OBS 1: A autoridade que determina a instauração do procedimento de ofício, sabendo que a imputação a ser apurada é falsa também pratica o crime.
- OBS 2: É imprescindível que o procedimento cuja instauração materializa o crime seja julgado, com a consequente absolvição do falsamente imputado. 
- OBS 3: Existe o elemento do tipo “alguém”, ou seja, exige-se a indicação de pessoa certa, não caracterizando o crime a indicação tão somente de uma materialidade delitiva falsa e uma lista de suspeitos.
- OBS 4: Questão da autodefesa. O acusado que, para se defender, acusa outrem da prática do crime NÃO comete o crime. Entretanto, se o fizer não exercendo sua autodefesa, mas por vingança, p.ex, ficará configurado o crime. 
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COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO – ART. 340
- Objeto material do tipo: É a AÇÃO da autoridade, ou seja, não há a necessidade de instauração de procedimento formal como no crime de denunciação caluniosa. Neste, basta uma mera ação da autoridade, como p.ex., o Delegado determinar a lavratura de um boletim de ocorrência ou o Juiz ou Promotor requisitarem a instauração de um inquérito policial. 
- Momento consumativo: Quando a autoridade toma alguma ação diante da falsa comunicação, não se requerendo instauração de qualquer procedimento. A tentativa é admissível, quando, p.ex, a pessoa comunica falso crime, mas a Autoridade ignora e não toma nenhuma atitude. 
OBS: Quando a autoridade toma alguma ação em razão da falsa comunicação, mas nesta diligência acaba encontrando subsídios da prática de outro crime, ficará configurado o crime impossível em relação à falsa comunicação, uma vez que a atitude da autoridade pública não foi em vão. 
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ART. 342 – FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA
- Sujeito ativo: É o chamado CRIME DE MÃO PRÓPRIA (Não confundir com crime próprio), pois só pode ser praticado por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete.
Atenção!!! A vítima NÃO pratica o crime, podendo praticar o crime de denunciação caluniosa. 
OBS: Segundo a corrente majoritária, a testemunha informante (aquela que não presta o compromisso de dizer a verdade) NÃO pratica o crime. 
- Elementos objetivos do tipo: Pode ser praticado de 3 formas.
1) Fazer afirmação falsa: Mentir ou narrar fato não correspondente à verdade).
2) Negar a verdade (Não reconhecer a existência de algo verdadeiro ou recusar-se a admitir a realidade)
3) Calar a verdade (Silenciar ou não contar a realidade dos fatos).
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- Consumação e tentativa: Consuma-se no momento da prática de qualquer das três condutas já vistas, não se exigindo efetivo prejuízo material para o Estado. 
A tentativa NÃO é admitida. 
OBS: A conduta é punível a título de DOLO, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar um dos três elementos objetivos do tipo penal. Caso haja DEFEITO NA PERCEPÇÃO, ou seja, a testemunha entendeu o acontecido de maneira errada e narrou aquilo que entendeu, sendo tal narrativa diferente da verdade, esta testemunha NÃO pratica o crime, pois não mentiu, e sim incorreu em erro, contando sua verdade, que é desconectada com o realmente ocorrido. 
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- § 2o – Causa de extinção da punibilidade: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
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ART. 343 – CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA OU PERITO (Nome dado pela doutrina)
- Outra exceção à teoria monista (igual aos crimes de corrupção ativa e passiva), já que o particular que paga pratica este crime, enquanto quem recebe pratica o crime do art. 342
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa
- Sujeito passivo: Crime de mão própria, pois só pode ser praticado por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, sendo que à exceção da testemunha, só podem ser PARTICULARES, pois se forem OFICIAIS, ficará caracterizado o crime de corrupção ativa, por se tratarem os corrompidos de funcionários públicos. 
- Consumação e tentativa: Crime formal, ou seja, configura-se com a prática de qualquer dos elementos objetivos, independente da recusa ou recebimento da vantagem por parte do corrompido. A tentativa, regra geral, é possível, exceto na conduta praticada oralmente. 
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- A vantagem oferecida ou dada pode ser de QUALQUER NATUREZA.
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ART. 344 – COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO
- Sujeito ativo: Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa.
- Sujeito passivo: É o Estado e secundariamente a pessoa que sofreu a violência ou grave ameaça. Não necessariamente é a autoridade que conduz o processo, nem tampouco a parte nele envolvida, mas pode ser qualquer pessoa envolvida no processo como os funcionários que promovem o andamento processual, testemunhas, jurados, peritos, intérpretes.
- Em caso de emprego de violência, haverá CONCURSO MATERIAL deste crime com o crime advindo da conduta violenta. 
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- Consumação e tentativa: Consuma-se com a prática da violência ou grave ameaça, ainda que não consiga efetivamente coagir a pessoa atingida. A tentativa é admissível. 
- OBS: Não se exige que a ameaça seja um mal INJUSTO, podendo ser uma intimidação envolvendo conduta ilícita por parte do agente, como p.ex, ameaçar revelar provas de o magistrado que vai julgar seu caso envolveu-se em episódios de corrupção em outros julgamentos ou ameaçar um advogado de contar que sabe que ele comprava testemunhas em outros casos se ele não perder propositalmente o prazo para defesa no caso em que o ameaçador é a parte contrária. 
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ART. 345 – EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES
- Elementos objetivos do tipo:
“Fazer justiça pelas próprias mãos”: É obter, pelo próprio esforço, algo que considere justo ou correto. 
“Para satisfazer pretensão”: Há de ser um interesse QUE PODE SER SATISFEITO EM JUÍZO.
Como a parte final do artigo diz, se a lei permitir alcançar o resultado pelo próprio esforço, o fato será atípico. 
- Consumação e tentativa: Consuma-se na prática de qualquer conduta apta a “fazer justiça com as próprias mãos”, ainda que não ocorra a efetiva satisfação da pretensão. A tentativa é admissível. 
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- Ação penal (parágrafo único):
Regra geral é crime de ação penal privada, exceto quando é empregada violência pelo agente, quando a ação será pública e o agente responderá, cumulativamente, pela violência empregada. 
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ART. 347 – FRAUDE PROCESSUAL
- Elementos objetivos do tipo e objeto material:
“Inovar” - Significa introduzir uma novidade capaz de gerar engano).
“Artificiosamente” - É usar um recurso engenhoso, malícia ou ardil.
“Na pendência de processo civil ou administrativo” - Não estão abrigadas as investigações de natureza civil e as sindicâncias. Em relação ao processo penal, a pena será em dobro e não se exige que o processo tenha iniciado.
A inovação artificiosa recai sobre o estado de lugar, coisa ou de pessoa. 
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- Elemento subjetivo específico:
O elemento subjetivo é o dolo, mas o tipo penal ainda exige um elemento subjetivo específico que é LEVAR JUIZ OU PERITO A ERRO. (São somente estes dois atores do processo, nenhum mais). 
- Momento consumativo:
No momento da INOVAÇÃO, sendo admissível a tentativa. 
OBS: Doutrina afirma que é parte da autodefesa do réu a inovação. Desta forma, o autor do crime será aquele que não é réu, podendo ser até mesmo alguém contratado por ele. 
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ART. 348 – FAVORECIMENTO PESSOAL
 - Elementosobjetivos do tipo:
“Auxiliar-se a subtrair” - Significa fornecer ajuda a alguém para fugir, esconder-se ou evitar a ação da autoridade que o busca).
“Ação de autoridade pública” - Pode ser o juiz, promotor, delegado ou qualquer outra que tenha legitimidade para buscar o procurado. 
- Momento consumativo: Quando houver a efetiva ocultação do procurado da autoridade pública. 
- Imunidade absoluta ou escusa absolutória (art. 348 §2º): Quando a conduta é praticada pelo ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, a conduta será atípica. 
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OBS: Não confundir o crime estudado e a participação no crime anterior. Para configurar o crime, é indispensável que o favorecimento seja feito após o primeiro crime, pois se a ajuda é oferecida antes da prática do primeiro crime, quem ajuda será partícipe e não autor do crime de favorecimento pessoal. Da mesma forma um comparsa que esconde o outro, não se falando em crime, mas sim em autofavorecimento, pois quem ajuda os comparsas ainda que indiretamente está ajudando a si próprio. 
OBS 2: Também se faz necessário aguardar o término do julgamento do crime anterior, pois se o favorecido for absolvido, o crime de favorecimento não subsistirá, pois o art. 348 exige que se ajude “autor de crime”.
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OBS 3: Também não configura o crime quando o morador impede a entrada de autoridade em sua casa à noite, ainda que para proteger procurado. Neste caso trata-se de exercício regular de um direito previsto no art. 5o., XI da CF, que fala sobre a inviolabilidade do domicílio. 
OBS 4: Também não se configura o crime quando o favorecido é menor de idade ou inimputável por doença mental, uma vez que a lei fala em “autor de crime” e tais pessoas não praticam crimes. Cuidado, pois o procurado pode ser maior mas ter praticado o ato infracional como menor. Neste caso também não ficará configurado o delito. 
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ART. 349 – FAVORECIMENTO REAL
- Elementos objetivos do tipo: “Prestar auxílio” (Ajudar ou dar assistência) “a criminoso” (há de ser a pessoa que comete o crime, não se incluindo os inimputáveis, conforme estudado no artigo anterior), “fora dos casos de coautoria” (e também a participação) “ou receptação” (que é punida autonomamente no art .180) “destinado a tornar seguro o proveito do crime” (que é o ganho, o lucro ou a vantagem auferida pela prática do delito. Este proveito pode ser móvel ou imóvel, material ou moral).
- Momento consumativo: Quando houver a prestação do auxílio, sendo a tentativa admissível. 
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