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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA 
 EM 
ADMISTRACAO PÚBLICA 
 
3º Ano 
Disciplina: ADMINISTRAÇÃO AUTARQUICA 
Código: 
Total Horas/1o Semestre: 
Créditos (SNATCA): 
Número de Temas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPER 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
i 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), 
e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior 
de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23 323501 
Cel: +258 82 3055839 
Fax: 23323501 
E-mail:isced@isced.ac.mz 
 
Website:www.isced.ac.mz 
 
 
 
mailto:isced@isced.ac.mz
http://www.isced.ac.mz/
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
ii 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos 
seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
Autor Bernardo João Ferro 
Coordenação 
Design 
Financiamento e Logística 
Revisão Científica 
Revisão Linguística 
Ano de Publicação 
Local de Publicação 
 
Direcção Académica do ISCED 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia 
(IAPED) 
XXXXX 
XXXXX 
ISCED – BEIRA 
XXXXX 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
iii 
 
Índice 
Tema pag 
Visão geral-------------------------------------------------------------------------------------------------1 
Objectivos do Módulo------------------------------------------------------------------------------------1 
Objectivos específicos------------------------------------------------------------------------------------1 
Quem deveria estudar este modulo----------------------------------------------------------------------1 
Como está estruturado este módulo---------------------------------------------------------------------2 
Conteúdo desta disciplina/módulo----------------------------------------------------------------------2 
Outros recursos---------------------------------------------------------------------------------------------3 
Autoavaliado e tarefas de avaliação---------------------------------------------------------------------3 
Comentários e sugestões----------------------------------------------------------------------------------4 
Icones de actividade---------------------------------------------------------------------------------------4 
Habilidades de estudo-------------------------------------------------------------------------------------4 
Precisa de apoio? ------------------------------------------------------------------------------------------6 
Tarefas(avaliação e autoavaliação)----------------------------------------------------------------------7 
Avaliação---------------------------------------------------------------------------------------------------7 
Tema Evolução Histórica-----------------------------------------------------------------------------11 
Considerações Gerais------------------------------------------------------------------------------------11 
Introdução-------------------------------------------------------------------------------------------------11 
Objectivos gerais-----------------------------------------------------------------------------------------11 
Objectivos específicos----------------------------------------------------------------------------------12 
Introdução-------------------------------------------------------------------------------------------------13 
Objectivos específicos-----------------------------------------------------------------------------------13 
1.0.A História da Administração ----------------------------------------------------------------------14 
1.1.Administração Local no Período Colonial-------------------------------------------------------15 
1.2.Administração Local Pós Independência------------------------------------------- -------------18 
1.3.Administração Local Moçambicana--------------------------------------------------------------24 
1.4.As autoridades Tradicionais------------------------------------------------------------------------31 
1.5.Legitimidade do Poder Local em Moçambique-------------------------------------------------36 
1.6.Pluralidade politica----------------------------------------------------------------------------------37 
Sumario----------------------------------------------------------------------------------------------43 
1.7.Exercícios de Auto Avaliação---------------------------------------------------------------------43 
1.8.Resolução de exercício de auto avaliação--------------------------------------------------------44 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
iv 
 
 
Tema II---O Controlo----------------------------------------------------------------------------------48 
Introdução-------------------------------------------------------------------------------------------------49 
2.0. Objectivos Específicos-----------------------------------------------------------------------------49 
2.1.1. A Velha e Nova Administração Local--------------------------------------------------------50 
2.1.2. As empresas Municipais-------------------------------------------------------------------------50 
2.2. Concessão da Exploração de Serviços Públicos------------------------------------------------50 
2.3. Regulamentação Fiscalização e Tarefas---------------------------------------------------------51 
2.4. A relação entre o Poder Central e o Poder Local-----------------------------------------------51 
2.5. A razão do Controlo--------------------------------------------------------------------------------55 
2.6. A Cidadania e o Controlo--------------------------------------------------------------------------56 
2.7. 0. Organização da Tutela Administrativa--------------------------------------------------------57 
2.7.1. Órgãos de Tutela---------------------------------------------------------------------------------57 
2.7.2. Órgãos Centrais-----------------------------------------------------------------------------------57 
2.7.3. O Ministério da Administração Estatal e Função Pública como Órgão central da Tutela 
Administrativa--------------------------------------------------------------------------------------------58 
2.7.4. A inspecção Administrativa do Estado--------------------------------------------------------59 
2.7.5. Acção Pedagógica da Inspecção Administrativa---------------------------------------------61 
2.7.6. Acções correctivas--------------------------------------------------------------------------------62 
2.7.7. Ministério da Economia Plano e Orçamento--------------------------------------------------64 
2.7.8. A inspecção Geral das Finanças----------------------------------------------------------------64 
2.7.9. A Direcção Nacional do Plano e Orçamento--------------------------------------------------66 
2.8.0. Meios dos Órgãos de Tutela---------------------------------------------------------------------652.8.1. A inspecção----------------------------------------------------------------------------------------67 
2.8.2. O Inquérito-----------------------------------------------------------------------------------------68 
2.8.3. Sindicância----------------------------------------------------------------------------------------68 
2.8.4. Ratificação----------------------------------------------------------------------------------------69 
Sumario---------------------------------------------------------------------------------------------------71 
2.8.5. Exercícios de Auto avaliação-------------------------------------------------------------------71 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
v 
 
2.8.6. Resolução do exercício de auto avaliação-----------------------------------------------------71 
 
Tema III- Geminações--------------------------------------------------------------------------------77 
Introdução------------------------------------------------------------------------------------------------79 
3.0. Objectivos específicos------------------------------------------------------------------------------79 
3.1.0. Novos Instrumentos de Gestão------------------------------------------------------------------79 
3.1.1. Operacionalização do Conceito de Descentralização----------------------------------------79 
3.2. Enquadramento Histórico--------------------------------------------------------------------------81 
3.3. O Conceito de Descentralização------------------------------------------------------------------83 
3.4. Formas de Descentralização----------------------------------------------------------------------85 
3.5. 0. Enquadramento legislativo da Lei 3/94 das eleições autárquicas de Janeiro de 1998--85 
3.6.0. Reformas Administrativas-----------------------------------------------------------------------86 
3.6.1. Opção da Descentralização para Moçambique-----------------------------------------------89 
3.6.2. Uma Primeira Análise Crítica do Processo de Descentralização e Desconcentração---89 
3.7.0. As Autarquias Locais----------------------------------------------------------------------------92 
3.7.1. O Concelho----------------------------------------------------------------------------------------96 
3.7.2. Classificação dos Municípios-------------------------------------------------------------------97 
3.7.3. Atribuições Municipais--------------------------------------------------------------------------99 
3.7.4. Órgão da Administração Municipal----------------------------------------------------------102 
3.8.0. Serviços especiais-------------------------------------------------------------------------------105 
3.8.1. Os Serviços Municipalizados------------------------------------------------------------------106 
3.8.2. Regime Financeiro das Autarquias Locais--------------------------------------------------107 
3.9.0. As Agências Doadoras Multilaterais e Bilaterais-------------------------------------------111 
3.9.1. A Participação; A Autarquia Parceira--------------------------------------------------------115 
3.9.2. Áreas de Cooperação---------------------------------------------------------------------------115 
 Formação de quadros----------------------------------------------------------------------------------115 
3.9.3. Cultura e Património Histórico----------------------------------------------------------------115 
3.9.4. Infra-Estrutura, Saneamento Básico, urbanismo e Ambiente-----------------------------116 
3.10.0. Protocolos entre ICP e AMP-----------------------------------------------------------------116 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
vi 
 
3.10.1. Na área de Educação e Formação de Quadros---------------------------------------------119 
3.10.2. Na área de Infra-estruturas, Saneamento Básico, Urbanismo e Ambiente-------------120 
3.10.3. Na área de Apoio em Matérias e Equipamentos------------------------------------------120 
3.11. 0. Outras Instituições ---------------------------------------------------------------------------122 
3.11.1. Análise da CIM com Moçambique----------------------------------------------------------122 
3.11.2. Operacionalização da CIM-------------------------------------------------------------------127 
3.11.3. Conteúdos da CIM----------------------------------------------------------------------------129 
3.11.4. Formas da CIM-------------------------------------------------------------------------------130 
3.11.5. A CIM nas Relações Internacionais--------------------------------------------------------132 
3.11.6. Potencialidades e Limitações da CIM------------------------------------------------------134 
3. 11.7. O Desenvolvimento Local, as Novas Autoridades---------------------------------------137 
Sumario-------------------------------------------------------------------------------------------------138 
3.11.8. Exercícios de autoavaliação------------------------------------------------------------------138 
3.11.9. Resolução de Exercícios de autoavaliação------------------------------------------------140 
4. Bibliografia-------------------------------------------------------------------------------------------145 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
1 
 
Visão geral 
Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Administração 
Autárquica 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Contabilidade Geral deverá 
ser capaz de: Apresentar a estrutura básica da Administração 
Autárquica, destacando seus objectivos, sua sistematização, seus 
procedimentos concebidos para captar, registar, acumular, resumir 
e interpretar os fenómenos que afectam as situações das Autarquias 
Locais 
 
 
Objectivos 
Específicos 
 
 Fazer um breve percurso histórico da disciplina. 
 Conhecer as diferentes formas de descentralização; 
 Conhecer os processos de orientarão a implementação das 
autarquias Locais em Moçambique 
 Saber Interpretar o fenómeno da cooperação intermunicipal. 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de 
licenciatura em Administração Pública do ISCED. Poderá ocorrer, 
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar 
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não 
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o 
manual. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
2 
 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Administração Autárquica, para estudantes do 3º 
ano do curso de licenciatura em Administração Pública, à 
semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se 
segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice complete. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades, Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e 
actividades práticas algunas incluido estudo de caso. 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/AdministraçãoAutárquica 
3 
 
Outros recursos 
A equipa dos académica e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para 
você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu 
centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu 
curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para 
além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, 
pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda 
as possibilidades dos seus estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo 
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e 
subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do 
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de 
avaliação é uma grande vantagem. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
4 
 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes 
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela 
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança 
de actividade, etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. 
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro 
estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, 
procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
5 
 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo 
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo 
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à 
noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo 
melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? 
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto 
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar 
que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos 
de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o 
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das 
actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
6 
 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume 
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando 
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim 
ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, 
depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de 
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que 
está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem 
o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar 
a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está 
a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, 
definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para 
colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a 
melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à 
compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
7 
 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou 
invertidas ,etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e 
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, 
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando 
a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – 
CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do 
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativo.O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do 
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em 
que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com 
relação aos outros colegas. Desta maneira ficar a saber se precisa 
de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de 
debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, 
constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
8 
 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, 
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autorias devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de 
avaliação. 
 
1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
9 
 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
11 
 
TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS. 
UNIDADE Temática I Objectivos específicos; 
Unidade Tematica 1.0.Evolução histórica; 
Unidade tematica1.1.Adminstracao Local no período colonial; 
Unidade tematica 1.2. Administração Local pós-independência; 
Unidade Tematica 1.3Adminstracao Local moçambicana; 
Unidade Tematica1.4Autoridades tradicionais; 
Unidade Tematica 1.5Legitimidade do poder local em Moçambique; 
Unidade Tematica1.6 Pluralidade politica do poder local; 
Unidade Tematica1.7 Exercícios de Auto avaliação; 
Unidade tematica1.8 Resolução dos Exercícios de autoavaliação. 
Introdução 
A Administração Autárquica é uma área nova no contexto moçambicano. 
Só com a aprovação da revisão constitucional de 1990 é que a lei permite uma 
abertura para a sua implantação. Hoje Moçambique está enfrentando 
os desafios da implantação das autarquias locais por ser ainda Uma realidade 
nova. Ao longo deste modo ira ser debruçado no I Capitulo o processo da 
evolução Histórica passando pela chegada 
dos portugueses em Moçambique e 
 a implantação da maquina administrativa colonial. No segundo capitulo, está 
patente o controlo, tutela, já criadas as autarquias locais há necessidade de se 
Estabelecer algum nível de controlo das suas actividades 
assim com para Cumprir com o princípio 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
12 
 
Constitucional de unicidade do Estado moçambicano. 
No terceiro capítulo, dentre outros aspectos versa sobre a descentralização no 
Geral, o surgimento das autarquias locais, sua classificação. Há também um 
Olhar sobre as geminações que na verdade são formas de cooperação (CIM). 
 
Objectivos Gerais 
 
Objectivos 
específicos 
 
 Apoiar os leitores a fazer uma comparação da etimologia da Descentralização 
 e as suas consequências; 
 
 
 
 Perceber o processo que levou ao surgimento das autarquias 
em Moçambique; 
 Fazer uma abordagem da administração 
autárquica moçambicana 
;um sistema de controle adequado à empresa; 
 
No final desta unidade temática, o estudante deve ser capaz de: 
1. Explicar a estrutura prismática da administração moçambicana; 
2. Perceber o processo de criação dos concelhos em Moçambique; 
3. Explicar o processo de surgimento das companhias em Moçambique; 
4. O papel do partido Frelimo na implementação da nova administração; 
5. Diferenciar a lei 3/94 e a lei 2/97, sobre o poder local; 
6. Indicar as primeiras regiões onde foram instalados os primeiros 
 Municípios; 
7. Explicar o papel dos Grupos dinamizadores. 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
13 
 
Unidade Temática I 
Introdução 
IA Administração Pública em moçambicana nem esteve no nível que se 
encontra hoje, pois passou pelo processo de administração colonial, 
esta que teve de ser abandonada após 1975, ano da proclamação da 
independência nacional. Sem recursos humanos formados, o Governo 
moçambicano teve que ir implementando a sua administração 
aprendendo 
Objectivos específicos 
 
 Mostrar o processo da evolução da administração; 
 Apresentar a importância da autoridade tradicional. 
 
No final desta unidade temática, o estudante deve ser capaz de: 
8. Explicar a estrutura prismática da administração moçambicana; 
9. Perceber o processo de criação dos concelhos em Moçambique; 
10. Explicar o processo de surgimento das companhias em Moçambique; 
11. O papel do partido Frelimo na implementação da nova administração; 
12. Diferenciar a lei 3/94 e a lei 2/97, sobre o poder local; 
13. Indicar as primeiras regiões onde foram instalados os primeiros 
 Municípios; 
14. Explicar o papel dos Grupos dinamizadores. 
 
 
 
 
 
 
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14 
 
1.0. A Historia da Administração 
Durante bastante tempo, entendeu-se que a modernização da 
administração dos Países em desenvolvimento se fazia pela adopção 
dos modelos e valores ocidentais.Uma vez adoptados, estes 
funcionariam tal como nos Países de origem. Riggs (1964) veio 
demonstrar que a modernização não equivale a um processo automático 
de transferência de modelos de organização administrativa e outros. As 
estruturas ocidentais em contacto com as sociedades tradicionais são 
retratadas, como a luz ao atravessar um prisma. 
A situação prismática não é nem tradicional, nem moderna, antes 
contém novos elementos que resultam da justaposição das antigas e 
novas estruturas sociais. A maior parte das sociedades mantém muitas 
das antigas tradições e normas culturais, enquanto importa e aceita 
práticas e padrões das sociedades modernas. O resultado é uma 
sociedade prismática, em que os valores e procedimentos ocidentais 
constituem uma fachada, mas, na prática, não funcionam. 
Será que a administração local em Moçambique é constituída por 
estruturas prismáticas? Ou deve procurar-se a explicação do seu 
funcionamento noutros mecanismos ou teorias? A literatura não é 
muito optimista sobre a situação actual da administração local nos 
países africanos. Segundo Jreisat (2010), embora os Estados africanos 
tenham sido governados segundo a lógica dual, com separação das 
áreas urbanas (europeias) e as áreas rurais, denominadas territoriais, os 
líderes africanos tenderam a reproduzir os tiques dos colonizadores, 
ocupando as suas posições no aparelho administrativo. Daí que, a partir 
dos anos oitenta, se tenha assistido a uma pressão das entidades 
doadoras no sentido de os Países africanos adoptarem modelos de 
gestão identificados com a Nova Gestão Pública. 
Reportando-se à administração local no Senegal, Touré (2012) insiste 
em que o movimento de autonomia local e de descentralização 
impulsionado pelas entidades doadoras 
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15 
 
não passa de retórica, já que tem levado ao enfraquecimento das 
autoridades locais e ao aumento da intervenção estatal. O mesmo tem 
sido apontado para outros países africanos, designadamente o Uganda e 
o Gana (Awortwi, 2011). Vamos procurar desenvolver este tema da 
autonomia e da democracia local em Moçambique, usando vários 
contributos e a análise comparada. 
 
1.1.Administração Local no Período Colonial 
Os portugueses chegaram a Moçambique nos finais do século XV, a 
caminho da Índia. Ao longo da costa fundaram as feitorias de comércio 
em Sofala (1505) e na Ilha de Moçambique (1507), que constituíram as 
primeiras formas de controlar o comércio entre o interior africano e 
diversos portos do Oceano Índico. A colonização ocorreu, primeiro, 
como consequência da procura de metais preciosos (ouro, prata e 
bronze), a que se juntou a demanda do marfim e, já no século XVIII, o 
comércio de escravos (Newitt, 1997; UEM, 1988). 
Durante os primeiros séculos de colonização, o território de 
Moçambique integrou o Estado da Índia, com sede em Goa. No 
contexto das reformas iluministas do império português, o Marquês de 
Pombal separou a administração de Moçambique do governo da Índia, 
concedeu-lhe autonomia administrativa (1752) e financeira (1755) e 
ordenou, em 1761, a instalação de câmaras municipais nas principais 
povoações da colónia, elevadas a vilas na mesma altura. Desse modo, 
em 1763, foram criados municípios na Ilha de Moçambique e em 
Quelimane; no ano seguinte, no Ibo, Sena, Tete e Zumbo; e em data 
desconhecida, entre o final de 1763 e Maio de 1764, em Sofala e 
Inhambane (Rodrigues, 1998; Teixeira, 1990). 
A criação de concelhos em Moçambique, assim como a urbanização, 
foi um processo lento, que esteve associado a uma ocupação colonial 
gradual e que só se tornou efectiva no século XX. A Ilha de 
Moçambique, cidade em 1818, 
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16 
 
manteve-se como capital até 1898, quando esta foi transferida para 
Lourenço Marques, actual Maputo, cujo crescimento esteve ligado à 
importância do Transval. A Beira, fundada no final do século XIX, só 
ganhou estatuto administrativo de cidade em 1907, depois de iniciada, 
em 1899, a construção do caminho-de-ferro que ligava o seu porto à 
Rodésia (actual Zimbabwe). Porto Amélia, hoje Pemba, só em 1934 foi 
elevada a categoria de vila e em 1958 de cidade. 
Em finais do século XIX, depois da Conferência de Berlim (1884-
1885), a administração colonial organizou campanhas de ocupação 
efectiva do território e reorganizou a administração da colónia. O sul e 
o distrito de Moçambique foram administrados de forma directa pelo 
governo colonial. No centro e no norte, o território foi arrendado a 
grandes companhias capitalistas, algumas das quais, a Companhia de 
Moçambique e a Companhia do Niassa, tinham poderes majestáticos. 
Estas companhias majestáticas não exploraram apenas economicamente 
o território, como asseguraram o exercício da autoridade administrativa 
nas áreas concessionadas (Newitt, 1997, pp. 321-343). 
As companhias sucederam aos chamados prazos, criados nos finais do 
século XVI e que perduraram até ao século XX. Tratava-se de 
estruturas feudais importadas da Europa e que constituíam o modo de 
exploração na bacia do Zambeze. Segundo Papagno (1980), os prazos 
foram um modelo de administração que acabou por ser integrado nas 
grandes companhias, nomeadamente a Companhia de Moçambique e a 
Companhia da Zambézia. Este processo acelerou-se depois 
do Ultimatum (1890), como consequência de investimentos ingleses. 
Neste formato de concessão, as companhias tinham poderes sobre os 
habitantes africanos das áreas concessionadas. 
Na sequência da ocupação efectiva imposta pela conferência de Berlim, 
o Estado português optou por uma administração indirecta, que 
assentava na diferenciação entre europeus e nativos. Os primeiros 
estavam sujeitos ao direito e às instituições europeias, nomeadamente 
as municipais; os segundos, aos direitos costumeiros e às autoridades 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
17 
 
tradicionais, legitimadas por poder colonial. Alguns moçambicanos, 
uma pequena minoria, tinham emprego na economia capitalista e 
sabiam ler e escrever português, pelo que tinham o estatuto de 
“assimilados”, mas tinham uma posição inferior à dos europeus 
(Newitt, 1997, pp. 384-385). 
O Código do Trabalho dos Indígenas da África Portuguesa, de 1928, e 
o Estatuto Político, Civil e Criminal dos Indígenas, de 1929, na 
sequência da lei de trabalho de 1899 e de outros diplomas, articulavam 
a relação entre colonos e colonizados. Estes últimos eram forçados pela 
administração colonial a diversos tipos de trabalho. O recrutamento de 
trabalhadores era feito pelos sipaios, isto é, soldados locais, que 
actuavam sobretudo nas zonas rurais, mandatados pelos colonizadores. 
As autoridades tradicionais serviam de intermediários entre o poder 
colonial e as populações indígenas (Newitt, 1997, pp. 407-410). 
Entretanto, no começo dos anos de 1960, a política colonial do Estado 
português mudou, tendo sido abolido o regime do indigenato (decreto-
lei nº 43893, de 6 de Setembro de 1961). Todos, num instante, 
passaram a cidadãos portugueses. Na prática, porém, o dualismo 
manteve-se, continuando os africanos a serem considerados cidadãos de 
segunda, ou cidadãos sem cidadania (Araújo, 2008). 
No auge da colonização, durante o Estado Novo, acentuou-se a criação 
de estruturas administrativas fortemente centralizadoras em que as 
estruturas municipais eram uma extensão do poder central, tal como, 
acontecia na metrópole colonial. Na sequência da reforma 
administrativa ultramarina de 1933, a colónia era dirigida por um 
governador-geral, compondo-se de três províncias, por sua vez 
divididas em distritos com um administrador. A nível local, a malha 
administrativa, na sequência da estabelecidajá em 1914, distinguia-se 
em concelhos municipais, nos principais centros urbanos, e em 
circunscrições, nas zonas rurais, em ambos os casos, administrados por 
autoridades nomeadas. 
 Os concelhos municipais eram dirigidos por autoridades civis, sendo 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
18 
 
os mais importantes presididos por um presidente de câmara, e 
dividiam-se em freguesias. As circunscrições eram governadas por 
administradores e decompunham-se em postos administrativos, que 
podiam existir igualmente nas áreas rurais dos concelhos, a cargo de 
chefes de posto. 
Os postos administrativos, por sua vez, agrupavam as regedorias, 
chefiadas por régulos, sob fiscalização dos administradores. A figura do 
régulo foi sendo promovida pelas autoridades coloniais, e entre as suas 
funções estava o recrutamento de trabalhadores. Mesmo depois da 
abolição do Estatuto dos Indígenas, em 1961, tal manteve-se ou 
reforçou-se mesmo, tendo os régulos passado a ser formalmente 
considerados parte da administração local. 
No início da década de 1960, existiam em Moçambique 61 concelhos – 
centros urbanos com 500 ou mais eleitores – e 31 circunscrições. Pela 
nova Lei Orgânica do Ultramar, de 1972, Moçambique passou a ser 
designado “Estado”, mas a estrutura administrativa manteve-se 
semelhante à existente (Meneses, 2009; Newitt, 1997, p. 410). 
 
1.2. Administração Local Pós-Independencia 
Declarada a independência, em 1975, sob a denominação de República 
Popular de Moçambique, a administração do País foi marcada pela 
necessidade de reforçar a unidade nacional, a liderança do partido único 
e o planeamento central. A estrutura sociopolítica e administrativa 
obedecia ao centralismo democrático, que orientou os primeiros anos 
do País. 
Uma das primeiras medidas do novo governo foi abolir a dualidade 
administrativa entre zonas predominantemente rurais (circunscrições 
administrativas) e urbanas (concelhos), na sequência da orientação 
política saída do Conselho de Ministros, de 9 de Junho do 1975. Como 
argumenta Trindade (2003), a orientação política perfilhada aquando da 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
19 
 
independência era contrária às estruturas legadas pelo colonialismo, 
pelo que havia a necessidade de “revolucionar o aparelho do Estado”. 
Esta ideia constituiu uma das principais tarefas levadas a cabo pelo 
Governo da Frelimo, para o qual a dualidade administrativa do modelo 
colonial deveria ser abandonada, enquanto se instituía um novo 
conceito, as aldeias comunais, como estratégia política de 
desenvolvimento rural. A estratégia era apoiada pelas populações que a 
entendiam como um meio para assegurar a melhoria das suas condições 
de vida. 
Conforme o autor, aquele modelo de organização iria facilitar ao 
Governo o fornecimento dos meios materiais, técnicos e científicos aos 
sectores considerados prioritários no processo de reconstrução nacional, 
ou seja, na “educação, saúde, agricultura e defesa” (idem). Esta 
abordagem defendia o desenvolvimento das zonas rurais em todos os 
sectores de actividade do Estado, o “que implicava necessariamente, a 
extinção das regedorias, que eram consideradas estruturas de natureza 
feudal, colaboracionistas com o colonialismo e incompatíveis com o 
poder popular” (idem). Assim, após a independência, o território de 
Moçambique foi dividido em províncias, distritos e localidades, não se 
reconhecendo o papel das autoridades tradicionais, já que se entendia 
que essas autoridades haviam colaborado com a administração colonial. 
Importa considerar, também, que existia o desiderato político de 
construir um País homogéneo do Rovuma ao Maputo, pelo que os 
localismos tinham de ser eliminados. 
A lei de 5/78, de 22 de Abril, substituiu as estruturas coloniais 
orgânicas em quatro níveis: central, provincial, distrital e local. Note-se 
que as estruturas locais eram meros receptoras e executores das 
decisões a nível central. A grande novidade foi a criação de assembleias 
do povo a nível local, distrital e provincial (lei de 7/78, de 22 de Abril). 
Os Conselhos Executivos eram fortemente dependentes do poder 
central. Como refere Otayek (2007), “logo após a independência, a hora 
é de exaltação da nação, erguida em verdadeira religião civil, e da 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
20 
 
omnipotência do partido-estado que pretende ser a sua encarnação e o 
instrumento da sua criação” (p. 6). 
A Constituição de 1990 introduziu profundas mudanças políticas, como 
o pluralismo político e a existência de autonomias locais, e também 
económicas, nomeadamente pelo abandono do sistema de economia 
planificada e pela consagração da economia de mercado. O novo texto 
constitucional estabeleceu a separação dos órgãos do poder local, que 
passaram a ser dotados de personalidade jurídica própria face ao 
aparelho administrativo central. 
Na sequência das mudanças constitucionais, em Maio de 1992, o 
Governo aprovou o Programa de Reforma dos Órgãos Locais (PROL), 
que tinha por objectivo a reformulação do sistema de administração 
local do Estado e a sua transformação em órgãos locais com 
personalidade jurídica própria e dotados de autonomia administrativa e 
financeira. Em consequência, foi aprovada a lei 3/94, de 13 de 
Setembro, que estabeleceu a “institucionalização dos distritos 
municipais e representando o primeiro instrumento normativo de 
descentralização” (Trindade, 2003). 
O processo da descentralização política e administrativa não foi 
encarado de forma igual pelo partido único da Frelimo e pelos partidos 
políticos emergentes neste período, incluindo a Renamo. Estes últimos 
partidos entendiam que o projecto se tratava de uma ideia saída do 
partido único no poder e, entretanto, não viam com agrado o 
lançamento do Programa de Reformas dos Órgãos Locais. 
A lei 3/94, de 13 de Setembro, cuja regulamentação se fazia já depois 
de eleições multipartidárias de 1994, acabou por se tornar um 
documento da discórdia em torno da sua constitucionalidade, pelo que 
se optou por fazer uma revisão da Constituição (lei 9/96 de 22 de 
Novembro). A emenda constitucional introduziu o título “Poder Local”, 
que previa a existência de Autarquias Locais, visando a participação 
dos cidadãos na solução dos problemas da sua comunidade, a promoção 
do desenvolvimento local e o 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
21 
 
aprofundamento da democracia, no quadro da unidade do Estado 
moçambicano (Trindade, 2003, p. 120). 
Assim, em 1997, foi publicada nova lei (2/97, de 18 de Fevereiro), que 
serviu de quadro normativo às primeiras eleições municipais em 1998, 
feitas em 33 Municípios. Embora a lei fosse igualmente matéria de 
discórdia e de debate político-partidário, à semelhança da lei 3/94, foi, 
finalmente, aprovada pela Frelimo e pela União Democrática (UD). A 
Renamo e quase todos os restantes partidos de oposição recusaram-se a 
participar nas primeiras eleições autárquicas de 1998, por discordarem 
da forma como o processo de descentralização estava a ser conduzido 
pelo governo. Essa rejeição deu origem a uma elevada taxa de 
abstenção de 85,42%. Na maioria dos municípios em disputa, o partido 
no poder concorreu sozinho às eleições. Ainda assim, nas duas maiores 
cidades do país, Maputo e Beira, as associações de cidadãos – Juntos 
pela Cidade e Grupo de Reflexão e Mudança – obtiveram resultados 
relevantes, atingindo, respectivamente, 25,58% e 39,85% dos votos e 
elegendo, no primeiro caso, 15 e, no segundo, 17 membros para as 
Assembleias Municipais (Trindade, 2003, pp. 118-125). 
A nova legislação introduziu a uma mudança significativana filosofia 
subjacente à mencionada lei 3/94, conforme o Quadro 1. Para muitos 
autores, houve uma clara regressão sob o ponto de vista do 
aprofundamento do processo democrático. As maiores críticas dirigem-
se, por um lado, ao facto de a lei 2/97 se aplicar a um número restrito 
de cidades e vilas, e, por outro lado, não contemplar as comunidades e 
não promover o envolvimento das autoridades tradicionais (Trindade, 
2003, p. 120). O Quadro 1 mostra claramente as diferenças entre as 
duas concepções de poder local, já que na primeira lei, a 3/94, é 
manifesta a importância concedida às Autoridades Tradicionais, 
consideradas um poder de facto. Existiriam, assim, poderes legitimados 
pelo voto popular e poderes tradicionais, que não são eleitos. 
Esta dualidade levantava um problema constitucional que a lei 2/97, de 
18 de Fevereiro, tentou resolver, introduzindo o conceito de 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
22 
 
legitimação das Autoridades Tradicionais (AT), por parte do poder 
central. Todavia, este procedimento não retira às AT o seu papel de 
mediadores entre o poder central, herdeiro do poder colonial, e a 
população. Na verdade, esta absorve a lei, conforme ela é lida pelos 
líderes locais. 
Quadro 1: Principais Diferenças entre a Lei 3/94 e a Lei 
2/97 sobre o Poder Local 
Lei nº 3/94 Lei nº 2/97 
Divisão administrativa em 
128 distritos municipais 
rurais (= distritos) e 23 
distritos municipais 
urbanos. 
Criação de autarquias, subdivididas 
em municípios (urbanos), e povoações 
(rurais). Cidades, vilas, aldeias, 
povoações (544) são à partida 
elegíveis para o estatuto de autarquia. 
Ficam de fora do poder local os 128 
distritos geridos pelos órgãos 
administrativos locais e, por 
conseguinte, sob administração 
central. 
Eleição directa e secreta dos 
três órgãos municipais: 
Presidente (Administrador 
nas zonas rurais), 
Assembleia e Conselhos 
Municipais. 
Eleição directa e secreta do Presidente 
e da Assembleia Municipal (AM). 
Metade dos membros do Conselho 
Municipal são designados pelo 
Presidente e metade são membros da 
AM. 
Enumeração clara das 
funções e serviços dos 
governos locais (inclui 
segurança pública, uso da 
terra, abastecimento de 
água, entre outros). 
As funções dos governos locais são 
reduzidas em questões essenciais 
(como o uso da terra) e condicionadas 
à existência de recursos financeiros 
locais. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
23 
 
Definição clara das 
prerrogativas e 
competências da 
administração central e do 
município. 
Representação dos órgãos de 
administração central na jurisdição 
territorial das autarquias. Possibilidade 
de controlo e participação destes no 
governo local (dupla administração). 
Autonomia orçamental, 
fiscal, patrimonial, de 
planeamento e organização. 
Autonomia administrativa, fiscal, 
patrimonial e de organização. 
Subordinação administrativa das 
autarquias ao princípio da “unidade do 
poder político”. 
Apoio orçamental previsto 
no OGE. 
Apoio orçamental previsto no OGE. 
Integração das autoridades 
tradicionais no processo de 
consulta e tomada de 
decisões locais 
(nomeadamente no arbítrio 
de conflitos e em questões 
relacionadas com o uso da 
terra). 
A participação das autoridades 
tradicionais é substancialmente 
limitada e sujeita a regulamentação 
ministerial. 
Direito à criação de uma 
associação de municípios. 
Não há referência ao direito de 
associação dos municípios. 
Princípio do gradualismo: 
estabelecimento gradual dos 
municípios com base em 
condições socioeconómicas, 
administrativas e de infra-
estruturas mínimas. 
Princípio do gradualismo. A lei da 
criação das autarquias (elaborada, 
discutida e aprovada posteriormente) 
limita o número de autarquias na 
primeira fase a 33. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
24 
 
Tutela legal e financeira dos 
municípios por parte do 
Ministério do Plano e 
Finanças (MAE), 
respectivamente. 
Tutela legal e financeira dos 
municípios por parte do MAE e do 
MPF, respectivamente. A lei da tutela 
administrativa do Estado sobre as 
autarquias locais (elaborada, discutida 
e aprovada posteriormente) determina 
que a tutela pode ser delegada aos 
governos provinciais. 
Fonte: Faria & Chichava (1999, p. 8) 
 
1.3.Administração Local Moçambicana 
Em 2003, foram aprovados vários textos legislativos destinados a 
acelerar o processo de consolidação dos municípios e, em 2007-2008, 
foram introduzidas alterações significativas à lei 2/1997, as quais 
procuram designar as autarquias como poder local, em oposição ao 
poder central desconcentrado. 
Como foi argumentado em Zavale (2011), a designação do “Poder 
Local” pelo legislador resulta da reimportação de leis eurocêntricas que 
continuam a marcar o mapa da administração pública do País. Na 
verdade, a Lei 1/2008 introduziu algumas alterações, mas manteve o 
princípio do gradualismo, que só permitia avançar para o 
estabelecimento de novos municípios se as povoações obedecessem a 
determinados critérios. O princípio do gradualismo consiste num 
processo lento de criação das autarquias locais em Moçambique, o que 
explica que, na sua primeira fase, tenham sido implementados apenas 
33 municípios, 23 nas cidades e 10 nas 68 vilas existentes no país, 
conforme apresentado no Quadro 2. 
De acordo com Hanlon (1997), o princípio do gradualismo em 
Moçambique é essencialmente explicado pela inexistência ou 
insuficiência de condições económicas e sociais necessárias e 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
25 
 
indiscutíveis para a reimplantação e funcionamento da administração 
autárquica nas vilas em geral (p. 13). E, portanto, é necessário fazer 
previamente a consolidação e a capacitação de agentes locais e fazer 
acompanhar o processo de recursos técnicos e infra-estruturas, que 
permitam o funcionamento da máquina da organização municipal. Daí 
que o processo de instituição do poder local nas primeiras vilas tivesse 
sido visto como uma acção piloto. O autor considera que a etapa 
subsequente passará pela transformação de mais vilas em municípios e 
a realização de eleições de harmonia com o mesmo princípio. 
Assim, o poder local foi inicialmente estendido a 10% do território, 
sendo que apenas 25% dos moçambicanos obtiveram o direito de eleger 
os seus representantes. Em Abril de 2008, foram implementados mais 
10 municípios, e, finalmente, em 15 de Maio de 2013, o Conselho de 
Ministros propôs ao parlamento a introdução de mais dez novos 
municípios: Boane (província de Maputo), Praia do Bilene (província 
de Gaza), Quissico (Zavala) (província de Inhambane), Nhamatanda 
(província de Sofala), Sussundenga (província de Manica), 
Nhamayábué (província de Tete), Maganja da Costa (província de 
Zambézia), Malema (província de Nampula), Chiure (província de 
Cabo Delgado) e Mandimba (província de Niassa) (EA, 2013). Esta 
última proposta continua assente num dos grandes princípios 
orientadores da política de progressiva descentralização político-
administrativa de Moçambique, o gradualismo. Assim, Moçambique 
tem um total de 53 conselhos municipais, conforme o Quadro 2. 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
26 
 
Quadro 2: Primeiros Municípios de Moçambique 
(Cidades e Vilas) 
Província 
Capital 
Província 
Municípios Total: 
Municípios 
(Cidades e 
Vilas) 
Cidades1 Vilas 
Cabo 
Delgado 
Pemba 
Pemba (Iº)2 - 
C e 
Montepuez 
(Iº) - D 
Mocímboa da 
Praia (Iº), 
Mueda 
(IIº)3 e 
Chiúre (IIIº)4 
5 
Niassa Lichinga 
Lichinga (Iº)- 
C e Cuamba 
(Iº)- D 
Metangula 
(Iº), Marrupa 
(IIº) e 
Mandimba 
(IIIº) 
5 
Nampula Nampula 
Nampula 
(Iº),- B 
Angoche (Iº)- 
C, Ilha de 
Moçambique 
(Iº) - C e 
Nacala 
(Porto) - (Iº)- 
C 
Monapo (Iº), 
Ribáuè (IIº) e 
Malema (IIIº) 
7 
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27 
 
Zambézia Quelimane 
Quelimane 
(Iº)- C, Gúrué 
(Iº)- D e 
Mocuba (Iº)- 
D 
Milange (Iº), 
Alto 
Molócuè 
(IIº), 
Maganja da 
Costa (IIIº) 
6 
Manica Chimoio 
Chimoio (Iº)- 
C e Manica 
(Iº)- D 
Catandica 
(Iº), Gondola 
(IIº) e 
Sassundenga 
(IIIº) 
5 
Sofala Beira 
Beira (Iº)- B e 
Dondo (Iº)- D 
Marromeu 
(Iº), 
Gorongosa 
(IIº) e 
Nhamatanda 
(IIIº) 
5 
Tete Tete Tete (Iº)- C 
Moatize (Iº), 
Ulógué (IIº) e 
Nhamayábuè 
(IIIº) 
4 
Inhambane Inhambane 
Inhambane 
(Iº)- C e 
Maxixe (Iº)- 
D 
Vilankulo 
(Iº), 
Massinga 
(IIº) e 
Quissico 
(Zavala). 
(IIIº) 
5 
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28 
 
Gaza Xai-Xai 
Xai-Xai (Iº)- 
C, Chibuto 
(Iº)- D e 
Chókwè (Iº)- 
D 
Mandlakazi 
(Iº), Macia 
(IIº) e Praia 
do Bilene 
(IIIº) 
6 
Maputo Maputo Matola (Iº)- B 
Manhiça (Iº), 
Namaacha 
(IIº) e Boane 
(IIIº) 
4 
Cidade de 
Maputo 
Cidade de 
Maputo 
Maputo (Iº)- 
A 
 1 
Total 
Municípios 
 53 
Fonte: Organização dos autores 
1 “Cidades são classificadas em quatro categorias de acordo com o 
decreto-lei n.º 14/76, reflectindo o seu tamanho, desenvolvimento e 
importância. A cidade de Maputo é a única cidade do nível A; Beira e 
Nampula são as únicas do nível B. Nível C é utilizado para as outras 
capitais e cidades de importância regional. Nível D implica só 
importância local” (Hanlon, 1997, p. 45). 
2 Iº - A referência Iº significa primeiro mandato, segundo a lei 10/97, de 
31 de Maio. 
3IIº - A referência IIº significa segundo mandato, segundo a Lei 3/2008, 
de 02 de Maio. 
4 IIIº - A referência IIIº significa terceiro mandato, segundo a Lei 
11/2013, de 03 de Junho. 
Segundo o Banco Mundial (2009), esse processo de implantação 
gradual dos municípios subdivide-se em duas áreas, territorial e 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
29 
 
funcional. A primeira, o gradualismo territorial, refere-se ao 
alargamento progressivo da governação municipal a um número 
crescente de cidades em todo o território nacional. A segunda área 
considerada é o gradualismo funcional, que reflecte o incremento na 
transferência de competências do Estado para as municipalidades, 
conforme lavrado na lei 2/97 e no decreto 33/06. 
As autarquias locais são providas de um órgão executivo (Presidente do 
Conselho Municipal) e por um órgão representativo e deliberativo 
(Assembleia Municipal). O Conselho Municipal é um órgão executivo, 
composto por vereadores designados pelo Presidente para dirigir os 
vários pelouros da Câmara. O Presidente do Conselho Municipal e a 
Assembleia Municipal são eleitos simultaneamente por sufrágio 
universal, directo e secreto, ambos cumprindo mandatos de cinco anos. 
Em termos de competências, embora estas formalmente sejam 
alargadas, as autarquias têm de actuar como se fossem órgãos locais do 
Estado, porque estão sujeitas à sua tutela administrativa e dependem 
financeiramente dele, já que as suas receitas são constituídas quase 
globalmente por transferências do poder central. 
Ao mesmo tempo que prossegue o processo de descentralização, tem 
lugar o processo de desconcentração das funções administrativas do 
Estado, em grande medida decalcado da estrutura administrativa 
colonial (ver Quadro 3). De facto, a nível da Província, todos os oficiais 
são apontados pelo governo central: o governador pelo governo central; 
o secretário pelo primeiro-ministro; e os directores provinciais pelo 
ministro responsável pela respectiva pasta. 
 
Quadro 3: Evolução da dimensão administrativa de 
Moçambique 
Consti
tuição 
de 
Revisã
o 
Constit
Revisão 
Constitu
cional 
Constitu
ição de 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
30 
 
1975 ucional 
de 1978 
de 1986 2004 
Provín
cias 
Provínc
ias 
Provínci
as 
Provínci
as 
Distrit
os 
Distrito
s 
Distritos Distritos 
 Cidade
s 
Postos 
Adminis
trativos 
Postos 
Adminis
trativos 
Locali
dades 
Localid
ades 
Localida
des 
Localida
des 
 Povoaçõ
es 
 Zonas 
Urbanas
: cidades 
e vilas 
Zonas 
urbanas: 
cidades 
e vilas 
Fonte: Organização dos autores 
No dizer dos responsáveis moçambicanos, o distrito é a base do 
desenvolvimento económico, nacional e cultural. A nível distrital, a 
estrutura é composta pelo administrador distrital, o secretário 
permanente distrital e os serviços distritais. 
O enquadramento de outros níveis administrativos inferiores ao distrito 
está descrito na Figura. 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
31 
 
Figura 1: Estrutura dos Órgãos Locais-Distrito, Posto 
Administrativo, Localidade 
 
Fonte: Organização dos autores 
A lei 5/2007, de 7 de Fevereiro, veio dar competências às assembleias 
municipais para aprovar propostas de plano e orçamento municipal a 
submeter ao Conselho de Ministros e fiscalizar a sua execução. 
Em síntese, podemos resumir o sistema administrativo local dizendo 
que existem actividades centrais directas, actividades desconcentradas, 
desenvolvidas pelas Províncias ou níveis inferiores destas, e actividades 
desenvolvidas pelo poder local, conforme a Figura 2. Importa, ainda, 
analisar as autoridades tradicionais, cujo papel foi muito tumultuoso ao 
longo do período colonial e depois da independência. 
 
 
https://cea.revues.org/docannexe/image/1879/img-1.jpg
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
32 
 
1.4.Autoridades Tradicionais 
Como notou Santos (2003), o tema das Autoridades Tradicionais (AT) 
tem provocado um grande debate no continente africano, merecendo, 
por si só, uma reflexão sociológica: 
os temas da discussão são muitos e entre eles são de salientar os 
seguintes: as autoridades tradicionais enquanto poder e administração 
local; a regulação do acesso à terra; o direito costumeiro e a justiça 
tradicional; as mulheres e o poder tradicional; a feitiçaria; a medicina 
tradicional; a compatibilidade entre os direitos costumeiros e o direito 
oficial e, em especial, a constituição (p. 74). 
Figura 2: Administrações Locais 
Fonte: Organização dos 
autores 
Após a independência política de Moçambique, a Frelimo encarou os 
régulos e, com eles, as AT como instrumentos de opressão e exploração 
do povo ao serviço do colonialismo. Por isso, os régulos bem como as 
AT, não só foram desprezados como ainda foram odiados, perseguidos 
e presos (Mutaquinha, 1998). Em seu lugar, foram criados os 
secretários das Aldeias Comunais e 
https://cea.revues.org/docannexe/image/1879/img-2.jpg
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
33 
 
dos Grupos Dinamizadores. Estas autoridades viriam a desempenhar 
múltiplas funções, tomando conta de muitos dos encargos 
anteriormente realizados pelas autoridades tradicionais, como a “gestão 
de questões sociais, mediação de conflitos, policiamento, administração 
e regulação” (Meneses, 2009, p. 26). Além da introdução de uma nova 
tipologia de funções e de uma nova nomenclatura na administração, 
Mutaquinha (1998) considera que a Frelimo ignorou, igualmente, a 
tradição em matéria de origem e de legitimidade do poder (p. 15). 
Mutaquinha reitera essa ideia, afirmando que os secretários das aldeias 
eram todos indivíduosfiéis da linha ideológica da Frelimo, uma opinião 
também seguida por outros autores. 
Lourenço (2007), por exemplo, destaca que as autoridades tradicionais 
eram tidas como contrárias à construção do “Homem Novo”. A 
liderança da Frelimo retratou os chefes tradicionais como oportunistas e 
corruptos, já que haviam lucrado com o papel de cobradores de 
impostos, recrutadores de mão-de-obra e agentes de polícia local na 
estrutura colonial portuguesa, além de terem colaborado com as Forças 
Armadas Portuguesas. 
 Conforme Meneses (2009), as autoridades tradicionais foram acusadas 
de serem instituições obscurantistas e vestígios do passado feudal. 
“Subalternizadas no tempo colonial e depreciadas pela Frelimo após a 
independência, as autoridades tradicionais mantinham uma forte 
presença no tecido político pelo peso que gozavam junto das 
populações que administravam” (p. 30). De facto, com a criação do 
“Homem Novo”, as ideias voltadas para o tradicional e tudo o que fosse 
considerado vestígio do passado colonial constituíam matérias a 
destruir para dar lugar aos princípios revolucionários de um País novo 
fundado na ideologia da Frelimo. 
Esta rejeição da parte da Frelimo dos chefes tradicionais e régulos fê-
los cair na dependência da Renamo, de quem constituíram uma base 
social de apoio. Como argumenta Meneses (2009), gradualmente, e 
apoiando-se fortemente nas antigas instituições de poder local, a 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
34 
 
Renamo foi reintroduzindo os régulos como agentes do poder local nas 
áreas sob o seu controlo. O papel destas autoridades foi fundamental na 
mobilização de jovens para integrar as fileiras do exército guerrilheiro 
da Renamo (p. 31). 
Como consequência dos Acordos de Paz (1992) e do processo eleitoral 
de 1994, a Frelimo fez uma aproximação às Autoridades Tradicionais. 
De facto, embora a Constituição de 1990 fosse já portadora de um 
clima de abertura às lideranças tradicionais, a legislação específica só 
apareceu mais tarde com a Constituição de 2004. Em consequência, a 
lei 11/2005, de 10 de Junho, definiu o distrito como sendo o órgão 
territorial da organização (política, económica e social) e do 
funcionamento da administração local do Estado, dando ênfase aos 
princípios de descentralização, bem como de desburocratização e de 
articulação entre as várias estruturas do poder presentes no território, 
nomeadamente as populações locais ou comunidades e as respectivas 
lideranças, incluindo também as autarquias locais compreendidas no 
respectivo território. 
Meneses (2009) clarifica a questão da diversidade das autoridades 
locais intervenientes no cenário da administração distrital: tal 
diversidade levou o poder governamental a reelaborar o plano de 
cooperação com as autoridades comunitárias. Para a autora, esse 
processo alargou o debate sobre as lideranças de vários atores que se 
entrecruzam, como os “chefes tradicionais, os secretários de bairro ou 
aldeia e outros líderes legitimados pelas respectivas comunidades” (p. 
32). No entanto, ela critica a posição do governo ao equiparar as AT 
tradicionalmente reconhecidas aos líderes religiosos, os secretários de 
grupos dinamizadores e outras personalidades locais, conforme 
definido pelo diploma ministerial 80/2004. Nesta sessão ficaram 
estabelecidas duas categorias dicotómicas, os chefes tradicionais e os 
secretários de bairro ou aldeia, aos quais se juntam outros líderes 
legitimados, que desempenham algum papel de carácter económico, 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
35 
 
social, religioso ou cultural aceite pelo grupo social (Meneses, 2009). 
A divisão entre chefes tradicionais e secretários de bairro/aldeia retoma 
a ideia matriz das AT de que fala Mutaquinha (1998). Para este autor, 
com a independência, a Frelimo ignorou a tradição em matéria de 
origem e de legitimidade das AT substituindo-as pelos secretários de 
aldeia da sua criação e, após 16 anos de guerra, recuou no sentido de 
corrigir o erro cometido em relação às AT. Todavia, Meneses (2009) 
considera antes que o “Governo Central, pretendeu de forma 
encapotada e engenhosa, integrar a riqueza de instituição do poder local 
no sistema de administração local, ao mesmo tempo que a Frelimo 
procura capitalizar espaço político com esta manobra” (p. 33). Como 
salienta a autora, esse diploma estipulou que a selecção dos líderes 
tradicionais se baseava nas regras das respectivas comunidades, 
enquanto os secretários de bairro seriam escolhidos de acordo com 
critérios da comunidade local ou grupo social. A aplicação do diploma 
nas zonas rurais resultou no reconhecimento dos antigos régulos, bem 
como dos respectivos adjuntos, e nalguns casos dos secretários, 
enquanto outros líderes apenas recentemente têm sido reconhecidos 
pelo Estado, apesar do seu papel como mediadores na resolução de 
conflitos sobre problemas da terra, disputas familiares, casos de 
feitiçaria e no desempenho de outras competências, entretanto lavradas 
no decreto-lei 11/2005 (artigo 62º) (Meneses, 2009, p. 33). 
Na verdade, as dificuldades do Estado moçambicano no relacionamento 
com as autoridades tradicionais têm semelhanças com outros processos 
ocorridos nas antigas colónias africanas. Numa primeira fase, os chefes 
tradicionais (régulos) administravam, em nome do colonizador, as 
zonas rurais. Numa segunda fase, a seguir à independência, foram 
perseguidos porque tinham colaborado com o colonizador e tornava-se 
necessário construir um Estado, necessariamente centralizado. A 
terceira fase corresponde à crise dos Estados africanos, o que abriu 
caminho para o recurso às autoridades tradicionais como forma de 
redução das despesas. Na última fase, que começa nos anos noventa, o 
reconhecimento das autoridades 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
36 
 
tradicionais tem estado associado à liberalização política, 
descentralização e processo de democratização (Forquilha, 2008). 
Em Moçambique, a Renamo tinha conseguido o apoio das autoridades 
tradicionais, pelo que a Frelimo procurou apropriar-se deste poder de 
facto, estabelecendo uma relação clientelar com os líderes locais. Estes 
passaram a ser intermediários entre o Estado central e os cidadãos. Mas 
nem sempre foi uma prática pacífica, porque muitos viam nesta 
colaboração um perigo para a unidade do Estado (Orre, 2008), além de 
que não se entendia como é que a democratização com base em 
eleições podia harmonizar-se com a aceitação de autoridades não 
eleitas e legitimadas pela tradição. 
 
 
1.5. Legitimidade do Poder Local em Moçambique 
O Quadro 5 abaixo foi elaborado com base na seguinte pergunta: “diga 
qual a sua opção em relação as afirmações apresentadas”. 
Quadro 4: Poder tradicional e poder municipal 
Poder Frequência (%) 
As AT devem conservar um poder equivalente ao 
do Presidente da Câmara Municipal 
26 4,8 
As AT devem conservar algum poder, mas o 
Presidente da Câmara Municipal deve ter maior 
autoridade 
464 86,1 
As AT devem apenas aparecer em cerimónias e não 
devem ter outro poder 
39 7,2 
O sistema de AT deve ser completamente abolido 10 1,9 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
37 
 
Total 539 100 
Fonte: Organização dos autores 
Dos 539 indivíduos que responderam ao questionário, 86,1% 
escolheram a afirmação: Autoridades Tradicionais (ou Régulos) devem 
conservar algum poder, mas o Presidente da Câmara Municipal deve ter 
maior autoridade. Porém, no mesmo Quadro 5, pode ver-se que existe 
outro grupo, 1,9% dos inquiridos, que considera que o sistema de AT 
deve ser completamente abolido. Desse modo, pode concluir-se que a 
generalidadede cidadãos inquiridos considera as AT como parte 
integrante do poder local. 
 
 
1.6.Pluralidade Politica do Poder Local 
Partindo da questão do pluralismo jurídico-administrativo observado 
em Moçambique pediu-se aos inquiridos que escolhessem só uma das 
cinco afirmações a seguir indicadas em resposta à seguinte questão: 
“até que ponto concorda ou discorda das seguintes afirmações abaixo?” 
Os Grupos Dinamizadores (GD) e Autoridades Tradicionais (ou 
Régulos) (AT) devem trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal, 
bem como com autoridades distritais; 
Os GD devem trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal 
(incluindo autoridades distritais); 
As AT devem trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal 
(incluindo autoridades distritais); 
Os GD devem ser abolidos definitivamente; 
As AT devem ser abolidas definitivamente. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
38 
 
Na análise dos resultados obtidos no Quadro 6, pode ver-se que existe 
um total de 85,7% de pessoas inquiridas que concorda ou concorda 
muito com a articulação entre AT, Grupos Dinamizadores (GD) e 
Câmara Municipal, bem como com as autoridades distritais. Este 
resultado reforça as bases que deram origem à publicação do decreto-lei 
n.º 80/2004, que estabelece critérios de legitimação, no caso dos líderes 
tradicionais, através de seleção validada mediante as regras da 
respectiva comunidade (art. 8º), enquanto os secretários de bairro ou 
aldeia deverão ser escolhidos segundo mecanismos da respectiva 
comunidade local ou grupo social (art. 9º) (Meneses, 2009). 
 
Quadro 5: Pluralismo Jurídico-administrativo em 
Moçambique: Articulação entre AT,GD CM 
Articulação entre AT, Grupos Dinamizadores e 
Conselho Municipal, bem como com autoridades 
distritais 
Frequência (%) 
Concordo muito 125 26,7 
Concordo 276 59 
Nem discordo nem concordo 43 9,2 
Discordo totalmente 21 4,5 
Nem quero ouvir 3 0,6 
Total 468 100 
Fonte: Organização dos autores 
O grupo de participantes que discorda ou nem quer ouvir falar dessa 
articulação é apenas de 5,1%. A resposta sugere, portanto, que o 
número de cidadãos que rejeita o papel das AT é diminuto, o que pode 
ser traduzido no interesse crescente 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
39 
 
pelas autoridades tradicionais e a sua relação com o Estado, enquanto 
tema central ao debate político no mapa do continente africano. 
Em relação à articulação entre o Conselho Municipal (incluindo 
autoridades distritais) e os Chefes Tradicionais, o Quadro 7 mostra que 
50,8% de pessoas discorda totalmente ou nem quer ouvir da questão, 
enquanto 23% concorda ou concorda muito com essa articulação. Estas 
respostas parecem mostrar que é percebido pela população um 
antagonismo entre as Autoridades Tradicionais e o Conselho 
Municipal, considerando o papel histórico das AT quer no regime 
colonial, quer a sua experiência no regime socialista do pós-
independência. 
 
Quadro 6: Pluralismo Jurídico-administrativo em 
Moçambique articulação entre CM e chefes tradicionais 
Articulação entre CM (incluindo autoridades 
distritais) e Chefes Tradicionais 
Frequência (%) 
Concordo muito 18 3,9 
Concordo 89 19,1 
Nem discordo nem concordo 123 26,3 
Discordo totalmente 233 49,9 
Nem quero ouvir 4 0,9 
Total 467 100 
Fonte: Organização dos autores 
Considerando o Quadro 8, verifica-se que 39,2% dos respondentes 
discorda totalmente ou não quer ouvir falar da articulação entre o 
Conselho Municipal e Grupos Dinamizadores, enquanto 39% concorda 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
40 
 
ou concorda muito com essa articulação. Esses resultados sugerem uma 
clara divisão de opiniões entre o grupo de inquiridos. 
 
Quadro 7: Pluralismo Jurídico-administrativo em 
Moçambique articulação entre CM e GD 
Articulação entre CM (incluindo autoridades 
distritais) e Grupos Dinamizadores 
Frequência (%) 
Concordo muito 24 5,2 
Concordo 156 33,8 
Nem discordo nem concordo 101 21,9 
Discordo totalmente 176 38,1 
Nem quero ouvir 5 1,1 
Total 462 100 
Fonte: Organização dos autores 
O Quadro 9 mostra a posição dos respondentes face à questão da 
abolição das Autoridades Tradicionais: 92,6% discorda totalmente ou 
nem quer ouvir falar da extinção das AT, enquanto 2,2% se manifesta a 
favor. Este resultado dá a ideia de que as populações atribuem às AT 
um papel central na Administração Pública. Como dissemos antes, as 
Autoridades Tradicionais são mediadoras e contraponto do poder 
central e municipal, mesmo que este tome a forma do poder municipal 
na sua forma originária na Europa. 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
41 
 
Quadro 8: Pluralismo Jurídico Administrativo em 
Moçambique abolição dos Chefes Tradicionais 
Abolição dos Chefes Tradicionais Frequência (%) 
Concordo muito 4 0,8 
Concordo 7 1,4 
Nem discordo nem concordo 25 5,2 
Discordo totalmente 349 72,1 
Nem quero ouvir 99 20,5 
Total 484 100 
Fonte: Organização dos autores 
No que diz respeito aos Grupos Dinamizadores, conforme o quadro 10, 
11,88,3% das pessoas discorda totalmente ou nem quer ouvir falar da 
sua abolição contra apenas 4,4% que se manifestam a favor da 
extinção, pese embora o seu papel histórico. De facto, durante a luta 
armada de independência de Moçambique e, sobretudo, no pós-
independência, os Grupos Dinamizadores passaram a desempenhar o 
papel das AT (Autoridades Tradicionais ou Régulos), identificando-se 
com estas por indicação da Frelimo, sem, no entanto, terem adquirido o 
mesmo peso das Autoridades Tradicionais. 
 
Quadro 9: Pluralismo Jurídico Administrativo em 
Moçambique abolição dos GD 
Abolição dos Grupos Dinamizadores Frequência (%) 
Concordo muito 10 2,1 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
42 
 
Concordo 11 2,3 
Nem discordo nem concordo 34 7,2 
Discordo totalmente 327 69,7 
Nem quero ouvir 87 18,6 
Total 469 100 
Fonte: Organização dos autores 
Do confronto da teoria prismática com a análise do desenvolvimento 
administrativo em Moçambique e com a análise dos dados empíricos, 
verifica-se que a cultura e a estrutura política tradicionais têm uma 
importância central. Desse modo, a administração local não se esgota 
nas leis que traduzem modelos importados, mas tem que ser lida nas 
práticas administrativas e no comportamento dos habitantes. 
A observação destas distorções ou refrações obriga, necessariamente, a 
um outro tipo de estudo mais em profundidade, de confronto entre o 
papel das autoridades administrativas formais e das autoridades 
tradicionais. 
Na nossa opinião, as práticas e as rotinas administrativas não são uma 
fotocópia das intenções do legislador, nem pura e simplesmente a 
tradução do pensamento tradicional. A análise empírica não explica 
completamente a teoria prismática, mas confirma que tal teoria 
constitui uma aproximação explicativa da formação do poder local em 
Moçambique. 
A figura do régulo representava o elo articulador entre a administração 
colonial e a população na localidade ou posto administrativo. Neste 
sentido, a figura do régulo foi, fundamentalmente, um instrumento ao 
serviço da administração colonial. O mesmo já não acontecia com a 
figura de chefe tradicional, salvo nos casos em que este assumia, 
coincidentemente, também as funções de régulo (Mutaquinha, 1998, p. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
43 
 
9). 
Em Moçambique, chamaram-se Grupos Dinamizadores às organizações 
de base da sociedade, durante a luta pela independência de 
Moçambique. Trata-se de células criadas pelo partidode base da 
Frelimo, organização que assumiu o poder político após a 
independência. 
Sumário 
Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos fundamentalmente 
três itens em termos de considerações gerais á disciplina de 
Contabilidade Geral: 
1. Evolução da Administração Pública Moçambicana; 
2. Administração Local de Moçambicana e; 
1.7. Exercícios de auto avaliação 
1. Os portugueses chegaram a Moçambique nos finais do Sec. XV, 
a caminho da Índia. 
a) Explique as razões que ditaram a colonização em África no 
geral e em Moçambique em particular. 
b) Diga como foi implemento o processo de administração nos 
primeiro séculos de colonização sob o comando do Marques 
de pombal? 
2. A criação de concelhos em Moçambique foi um processo lento. 
a) Explique como este processo foi realizado em Moçambique? 
b) Indique os anos de fundação das seguintes cidade e a razão da 
sua fundação 
 Ilha de Moçambique; 
 Cidade da Beira; 
 Cidade de Maputo. 
3. Quando é que a capital Moçambicana foi transferida da Ilha de 
Moçambique para a cidade de Maputo e quais foram as razoes 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
44 
 
que ditaram esta mudança? 
 
4. Na sequência da conferência de Berlim, o Estado Português 
optou por uma Administração indirecta que assentava na 
diferenciação entre Europeus e Africanos. 
a) Segundo a afirmação acima indicada, onde e quando foi 
realizada a conferencia de Berlim? 
b) Quais as principais medidas tomadas na conferencia de 
Berlim e quais forma as consequências para África? 
c) Quais eram os direitos e deveres dos Africanos e Europeus 
diante da Administração colonial. 
 
5. A Lei 5/78, de 22 de Abril, vem dar um ar novo a 
Administração em Moçambique pós independência. Qual foi o 
dado novo introduzido pela referida Lei? 
 
6. Faça uma diferenciação evolutiva entre a Constituição da 
República de Moçambique de 1975 e a CRM de 1990? 
 
7. Quando forma instituídas as primeiras autarquias em 
Moçambique. 
 
1.8.Resolução dos Exercícios de Autoavaliação 
1 a) As razões que ditaram a colonização em África no geral e em 
Moçambique em particular são: 
 A procura dos metais preciosos (ouro, prata e bronze); 
 Marfim; 
 Mais tarde no século XVIII o comércio de escravos. 
b. Durante os primeiros séculos de colonização, o território de 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
45 
 
Moçambique integrou o Estado da Índia, com sede em Goa. No 
contexto das reformas iluministas do império português, o Marquês de 
Pombal separou a administração de Moçambique do governo da Índia, 
concedeu-lhe autonomia administrativa (1752) e financeira (1755) e 
ordenou, em 1761, a instalação de câmaras municipais nas principais 
povoações da colónia, elevadas a vilas na mesma altura. Desse modo, 
em 1763, foram criados municípios na Ilha de Moçambique e em 
Quelimane; no ano seguinte, no Ibo, Sena, Tete e Zumbo; e em data 
desconhecida, entre o final de 1763 e Maio de 1764, em Sofala e 
Inhambane (Rodrigues, 1998; Teixeira, 1990). 
2. a) A Ilha de Moçambique, cidade em 1818, ; 
Cidade da Beira 1907 
Maputo 1898 
3. A capital moçambicana foi transferida da Ilha de Moçambique para 
Maputo no ano de 1898,devido ao, crescimento ligado à importância do 
Transval. 
4. a) A conferência de Berlim foi realizada em 1884-1885, em Berlim 
na Alemenha. 
b) A administração colonial organizou campanhas de ocupação 
efectivas do território e reorganizou a administração da colónia. No 
centro e norte, o território foi arrendado a grandes companhias 
capitalistas, algumas das quais, a companhia de Moçambique e a 
companhia do Niassa, tinham poderes majestáticos não exploravam 
apenas economicamente o território, como asseguraram o exercício da 
autoridade administrativa nas áreas concessionadas. 
c) O Estado português optou por uma administração indirecta, que 
assentava na diferenciação entre europeus e nativos. Os primeiros 
estavam sujeitos ao direito e às instituições europeias, nomeadamente 
as municipais; os segundos, aos direitos costumeiros e às autoridades 
tradicionais, legitimadas por poder colonial. Alguns moçambicanos, 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
46 
 
uma pequena minoria, tinham emprego na economia capitalista e 
sabiam ler e escrever português, pelo que tinham o estatuto de 
“assimilados”, mas tinham uma posição inferior à dos europeus. No 
auge da colonização, durante o Estado Novo, acentuou-se a criação de 
estruturas administrativas fortemente centralizadoras em que as 
estruturas municipais eram uma extensão do poder central, tal como, 
acontecia na metrópole colonial. Na sequência da reforma 
administrativa ultramarina de 1933, a colónia era dirigida por um 
governador-geral, compondo-se de três províncias, por sua vez 
divididas em distritos com um administrador. A nível local, a malha 
administrativa, na sequência da estabelecida já em 1914, distinguia-se 
em concelhos municipais, nos principais centros urbanos, e em 
circunscrições, nas zonas rurais, em ambos os casos, administrados por 
autoridades nomeadas. 
5. A nova legislação introduziu a uma mudança significativa na 
filosofia subjacente à mencionada lei 3/94, conforme o Quadro 1. Para 
muitos autores, houve uma clara regressão sob o ponto de vista do 
aprofundamento do processo democrático. As maiores críticas dirigem-
se, por um lado, ao facto de a lei 2/97 se aplicar a um número restrito 
de cidades e vilas, e, por outro lado, não contemplar as comunidades e 
não promover o envolvimento das autoridades tradicionais. O Quadro 1 
mostra claramente as diferenças entre as duas concepções de poder 
local, já que na primeira lei, a 3/94, é manifesta a importância 
concedida às Autoridades Tradicionais, consideradas um poder de 
facto. Existiriam, assim, poderes legitimados pelo voto popular e 
poderes tradicionais, que não são eleitos. 
6. A Constituição de 1990 introduziu profundas mudanças políticas, 
como o pluralismo político e a existência de autonomias locais, e 
também económicas, nomeadamente pelo abandono do sistema de 
economia planificada e pela consagração da economia de mercado. O 
novo texto constitucional estabeleceu a separação dos órgãos do poder 
local, que passaram a ser dotados de personalidade jurídica própria face 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
47 
 
ao aparelho administrativo central 
Na sequência das mudanças constitucionais, em Maio de 1992, o 
Governo aprovou o Programa de Reforma dos Órgãos Locais (PROL), 
que tinha por objectivo a reformulação do sistema de administração 
local do Estado e a sua transformação em órgãos locais com 
personalidade jurídica própria e dotados de autonomia administrativa e 
financeira. Em consequência, foi aprovada a lei 3/94, de 13 de 
Setembro, que estabeleceu a “institucionalização dos distritos 
municipais e representando o primeiro instrumento normativo de 
descentralização” (Trindade, 2003). 
7.1998 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
48 
 
UNIDADE Temática II 
: 2.0. Objectivos específicos 
2.1. A velha e nova Administração Local; 
 2.2. As Empresas Municipais e Intermunicipais; 
2.3 Concessão da Exploração de Serviços Públicos; 
2.4 Regulamentação, Fiscalização e Tarifas; 
2.5 Relação entre o Poder Central e o Poder Local; 
 2.6 A Razão do Controlo; 
2.7 Cidadania e o Controlo; 
2.8.0. Organização da Tutela Administrativa; 
 2.8.1. Órgãos de Tutela; 
2.8.2.Órgãos centrais; 
 2.9.0.O MAEFP como órgão central da tutela Administrativa; 
 2.9.1. A Inspecção Administrativa do Estado; 
 2.9.2Acção Pedagógica da Inspecção Administrativa;2.9.3. Acções Correctivas; 
 2.9.4 O Ministério da Economia e Finanças; 
2.9.5 A inspecção Geral das Finanças; 
 2.9.6. A Direcção Nacional do Plano e Orçamento; 
2.9.7 Os Meios dos órgãos de Tutela; 2.9.8 A inspecção; 
 2.9.9 O inquérito; 
 2.9.10.Sindicancia; 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
49 
 
2.9.11 Ratificação; 
 2.9.12 Exercícios de Autoavaliação; 
2.9.13. Resolução dos exercícios de autoavaliação 
Introdução 
Logo após a implementação da administração pública pelo Governo moçambicano, surge a 
necessidade de descentralização, devendo esta ser de forma gradual devido a escassez 
dos recursos. Sedo assim no âmbito da descentralização surge as Autarquias Locais e 
consequentemente a necessidade de haver algum tipo de controlo. A Lei 1/2008, de 16 de 
Janeiro permite ao Município criar empresas ao nível municipal. 
2.0. Objectivos específicos 
 Fazer uma retrospectiva da Administração numa perspectiva 
local; 
 Explicar a natureza e a importância do controlo numa autarquia 
local. 
No final desta unidade temática o estudante deverá ser 
capaz de: 
1. Segundo a lei 1/2008, de 16 de Janeiro, explicar o processo de 
instituição das empresas municipais; 
2. Explicar como ocorre a relação entre o poder central e o poder 
local numa autarquia; 
3. Definir o controlo numa autarquia local 
4. Indicar o papel do cidadão no controlo de uma autarquia local; 
5. Falar da tutela Administrativa e os órgãos de tutela; 
6. Indicar o papel do Ministério da Administração Estatal e 
Função Publica como órgão central de Tutela Administrativa; 
7. Indicar e explicar os meios dos órgãos de tutela. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
50 
 
2.1. A Velha e a Nova Administração Local 
2.1.1 As empresas municipais e intermunicipais 
Segundo a Lei 1/2008, de 16 de Janeiro, que reformula o sistema 
tributário autárquico e harmoniza com a Lei base do sistema tributário, 
Lei n15/2002, de 26 de Julho, bem como introduzir alterações com 
vista à observância da Lei n 9/2002, de 12 de Fevereiro, Lei que aprova 
o sistema de Administração Financeira do Estado, no seu artigo 38 
determina: 
As autarquias Locais podem criar serviços autónomos ou empresas 
publicas autárquicas para satisfação de necessidades colectivas das 
respectivas populações, quando tais necessidades sejam de interesse 
relevante para a colectividade e/ou a gestão autónoma se mostre a 
solução mais eficiente. 
A sua aprovação é da competência é da Assembleia Municipal ou de 
Povoação e a criação de empresas públicas autárquicas nos termos do 
número anterior, mediante proposta fundamentada do competente órgão 
executivo, devendo tal proposta ser acompanhada das necessárias 
demonstrações de viabilidade nos aspectos económicos, técnico e 
financeiro, e instruída com poderes que a lei tornar obrigatórios. 
Os serviços autónomos a que a lei acima indicada é gerida em termos 
empresarias, por conta e risco das autarquias gozando de autonomia 
administrativa e financeira. 
 
 
2.2. Concessão da Exploração de Serviços Públicos 
Segundo os números 1,2,3, do artigo 39 da Lei 1/2008, de 16 de 
Janeiro, a Assembleia Municipal ou de povoação pode autorizar a 
concessão de serviços públicos pelos 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
51 
 
órgãos executivos das autarquias locais, desde que o interesse público 
se mostre devidamente assegurado 
A escolha do concessionário tem lugar mediante concurso público a 
realizar com observância da legislação em vigor. 
Segundo a lei, são nulas e de nenhum efeito as concessões ou qualquer 
outra forma de autorização para a exploração de serviços públicos. 
 
2.3.Regulamentação, Fiscalização e Tarifa 
No artigo 40 da mesma lei, no número um e dois, os serviços cuja 
exploração seja de concessão estão sujeitos à regulamentação e à 
fiscalização da administração autárquica, cabendo igualmente aos 
órgãos executivos autárquicos aprovar a respectiva política tarifária. 
O Presidente do conselho municipal ou de povoação pode rescindir os 
contratos de concessão ou de exploração, sempre que se verifique 
actuação em desconformidade com as cláusulas contratuais, lesiva do 
interesse público, ou quando os serviços venham funcionando em 
condições manifestamente insatisfatórias de atendimento das 
necessidades dos utentes. 
 
 
2.5.A Relação entre o Poder Central e o Poder Local 
A autarquia local como pessoa colectiva descentralizada é autónoma 
quanto a hierarquia do Estado. Significa isto que não há subordinação 
hierárquica da autarquia local em relação ao Estado- Administração. 
Contudo, a não subordinação hierárquica não leva as Autarquias Locais 
a tornarem-se independentes do poder central. Por outras palavras, 
como escreve (Jaime Gerente), a criação dos municípios não liberta o 
Estado da sua responsabilidade global 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
52 
 
sobre o País e o funcionamento dos diversos órgãos legal e 
constitucionalmente existentes. 
Moçambique é um Estado unitário, as Autarquias Locais desenvolvem 
as suas actividades no quadro da unidade do Estado e organizam-se 
com pleno respeito da unidade e do ordenamento Jurídico nacional. 
Assim o número 1 do artigo 188 da Constituição refere que: o poder 
local tem como objectivos organizar a participação dos cidadãos na 
solução dos problemas próprios da sua comunidade, promover o 
desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da 
democracia, no quadro da unidade do Estado Moçambicano. Do mesmo 
modo o número 2 do artigo19 da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro, e pelo 
número 1 do artigo 3 da Lei 7/97, de 31 de Maio, que estabelece o 
regime jurídico da tutela Administrativa do Estado a que estão sujeitas 
as autarquias locais. 
Esta questão do controlo constitui um dos problemas centrais do 
processo de mudança de gestão autárquica, razão por que desperta 
posições, se não contraditórias, pelo menos díspar quanto ao âmbito, 
profundidade e implicações do processo de controlo que deve incidir 
sobre as autarquias locais e se entende deve ser de natureza análoga 
definido para Administração Pública no Geral. Como escreve Joaquim 
dos Santos Carvalho, não deveria haver qualquer tipo de controlo sobre 
os actos praticados, excepto que decorresse da acção dos particulares 
dos eleitores, Admitido o controlo a posteriori exercido pelo tribunal de 
contas em processos de fiscalização sucessivas as contas da autarquia. 
De outro lado, os que entendem que a reforma constitucional e a 
legislação entretanto produzida ao manter apenas acautela e nem 
garante o bom uso dos dinheiros Públicos. 
O princípio de autonomia das autarquias locais, num estado como 
Moçambique deve conciliar-se com exigências inversas que resultam 
de um outro princípio constitucional: o da indivisibilidade do território 
da República. 
A Lei organiza a fiscalização da actividade dos órgãos das autarquias 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
53 
 
locais pelos agentes do Estado. Ela implanta uma tutela Administrativa. 
O conceito designa o conjunto de meios de controlo que o poder central 
dispõe sobre as autarquias locais, ou por outras palavras, consiste no 
conjunto de poderes de intervenção de uma pessoa colectiva pública na 
gestão de outra pessoa colectiva, a fim de assegurar a legalidade ou 
mérito da sua actuação. 
 A tutela Administrativa apresenta-se sob a forma de um conjunto de 
poderes limitados atribuídos pela Lei ou em virtude dela, a uma 
autoridade superior, com fim de garantir o respeito do direito e de 
salvaguardar o interesse geral contra a inércia, o excessoe a invasão 
dos agentes descentralizados. Assim a tutela Administrativa tem por 
fim assegurar em nome da entidade tutelar, que a entidade tutelada 
cumpra as leis em vigor e garantir que sejam adoptadas soluções 
convenientes e oportunas para a prossecução do interesse Público. Por 
outras palavras a tutela tem por fim o respeito da legalidade e a 
protecção do interesse geral ou de uma forma, é deste modo que através 
da tutela administrativa o Estado garante que os órgãos do município 
realizem as suas actividades em obediência aos comandos da 
Constituição da Republica e demais legislação vigente no País. “e um 
controlo que tem uma natureza administrativa porque ela é 
implementada e realizada pela Administração do Estado. 
O controlo Administrativo de tutela incide sobre a legalidade dos actos 
praticados pelas autarquias locais e exerce-se, em principio ex post 
facto, isto é depois do facto, ou por outras palavras depois que o acto 
praticado ganhe força executória. 
Do ponto de vista teórico e prático, a figura da tutela administrativa, 
não pode confundir-se com a noção de controlo hierárquico. Com 
efeito, deve-se distingui-la do poder hierárquico pelo facto de que este 
tipo de poder é na sua essência o que um chefe exerce sobre os seus 
subordinados ( o superior Hierárquico tem a faculdade de apreciar o 
acto do seu subordinado segundo critérios tanto de oportunidade como 
de legalidade. Ele dispõe do poder de reformar ou substituir por um 
novo praticado pelo seu subordinado). 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
54 
 
O poder de tutela, pelo contrário é muito diferente. Ele não estabelece 
um relacionamento entre um superior hierárquico e seus subordinados, 
mas entre o fiscal (a autoridade de controlo e os fiscalizados (os órgãos 
da pessoa publica sob controlo). Disto resulta que seja um poder 
condicionado: o controlo não se presume ele só se exerce nos caso e 
nas formas previstas pela Lei. O que quer dizer que a tutela 
Administrativa do Estado só pode limitar a autonomia das autarquias 
locais, nos termos estabelecidos pela Lei e não como uma competência 
geral, tal como a que se relaciona com o poder hierárquico. 
A tutela Administrativa não comporta a possibilidade de dar ordens. 
Por outras palavras na área de competência própria das Autarquias 
Locais as instruções, as injunções, as ordens dos órgãos dos Estados 
Administração são proibidas. Em teoria, enquanto o poder central deve 
deixar a iniciativa e a responsabilidade aos agentes descentralizados e 
censurar só os seus eventuais excessos de poder, no regime de controlo 
hierárquico, pelo contrário, a qualidade de superior hierárquico induz 
implicação direito de apreciar o acto do seu subordinado em função das 
exigências que estão tão ligadas tanto a oportunidade quanto a 
legalidade das decisões. 
Do mesmo modo, a tutela Administrativa não se confunde com os 
poderes dos órgãos de poder jurisdicional da Administração da 
Administração pública e com certos controlos internos da 
Administração tais como a sujeição, a autorização ou aprovação por 
órgão da mesma pessoa colectiva pública. 
A tutela administrativa implica prerrogativas reduzidas da parte da 
Administração central. A autonomia dos órgãos descentralizados é a 
regra, a tutela é a excepção. As disposições que estabelecem o regime 
jurídico dos poderes de tutela são de interpretação estrita. 
Os órgãos das autarquias Locais sob controlo tem a responsabilidade 
dos interesses deste e só são obrigados em direito pelas leis, 
regulamentos e princípios gerais de direito. A autoridade de controlo 
pode fazer respeitar estes últimos, mas não pode acrescentar, por sua 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
55 
 
própria iniciativa prescrições complementares ou substituir-se aos 
órgãos da autarquia Local para suprir ou substituir-se aos órgãos da 
autarquia local para suprir uma omissão município fazendo o que este 
não fez. 
 
2.5. A Razão do Controlo 
O controlo exercido pelo estado, é necessário pelo menos por três 
razoes: em primeiro lugar a salvaguarda da unidade política e o respeito 
da legalidade necessita de um controlo de Estado é a tutela que garante 
o respeito das Autarquias locais pelo interesse geral e que assegura a 
coordenação eficiente entre os diversos interesses parcelares de cada 
uma das comunidades com supremo interesse colectivo. 
De uma outra forma a figura da descentralização como solução de 
liberdade, favorecendo a educação política dos cidadãos, seria inútil se 
o poder central pudesse intrometer-se na gestão de serviços públicos 
descentralizados e substituir as decisões da nova colectividade, 
regularmente adoptadas pelos dos seus agentes. Em contrapartida se 
necessário for a descentralização não deve e não pode privar o Estado 
do direito de controlar os serviços públicos criados pelas autarquias 
locais. Caso contrário, pode assistir-se à diluição de toda a autoridade 
numa feudalidade de organismos independentes. O Estado deve manter 
a coerência do sistema unitário: 
A segunda razão baseia-se no facto de que a autarquia local poder ser 
vítima da má gestão dos seus representantes. O estado deve, então 
intervir para estabelecer uma gestão sã. Parafraseando Geoges Vedel e 
Pierre Delvolvé , Neusa liberdade se exerce sem riscos e o risco de 
uma Administração imperfeita é o preço da liberdade dos interessados 
em gerir eles próprios os seus assuntos. 
Finalmente, o controlo é do próprio interesse dos indivíduos que 
possam ter necessidade de protecção contra a autoridade 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
56 
 
descentralizada. 
Não é o princípio de uma tutela do Estado sobre as autarquias locais 
que é credível; é só o seu eventual carácter discriminatório as suas 
diversificações de toda a natureza. O princípio da tutela Administrativa 
em si próprio, é perfeitamente admissível. O Controlo do Estado sobre 
as autarquias locais é necessário pois é o único meio de que ele dispõe 
para garantir o respeito do interesse geral ou de protecção dos 
interesses nacionais. Por outras palavras a descentralização não existe 
sem tutelas em descentralização. Estamos em face de duas noções 
indissoluvelmente ligadas porque a tutela é a tradição Jurídica da 
descentralização: ela aí encontra ao mesmo tempo a sua origem e seu 
fim. 
O Estudo do controlo do Estado sobre as autarquias locais necessita, em 
primeiro lugar de apresentar a sua organização. Antes de analisar em 
segundo lugar, as modalidades segundo as quais ele está implementado. 
 
 2.6.A Cidadania e o Controlo 
.O controlo pode ser de natureza política através daquilo que Maurice 
Hauriou, chamava Poder de sufrágio. Depois do fim do mandato dos 
titulares e membros dos órgãos das autarquias locais, o cidadão será o 
Juiz aquando da nova eleição da gestão dos responsáveis dos seus 
órgãos e poderá sancionar, politicamente, se tiver lugar, os eleitos que 
segundo a sua livre opinião não responderam às suas esperanças. 
Acontece que, durante o seu mandato, a maioria dos eleitos locais, e 
isto é o caso na maioria dos países democráticos, não perderam de vista 
que eles devem evitar frontalmente conhecer mal as suas promessas 
eleitorais, comprometer a autarquia local em aventuras financeiras ou 
por outras palavras, a presença do eleitor, o boletim de voto que ele 
detêm são de natureza a travar, e mesmo impedir certas iniciativas dos 
eleitores locais que seriam mal entendidas pela opinião que as acharia 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
57 
 
pouco justificáveis ou onerosas em comparação com as vantagens que 
elas são susceptíveis deapresentar para o interesse geral. 
A segunda forma de controlo que o cidadão municipal pode 
desempenhar é o de natureza jurisdicional. As Decisões e as 
deliberações dos órgãos da Autarquia local constituem, na maior parte 
dos casos, actos administrativos unilaterais. Com efeito, todos os 
administrados podem impugnar contenciosamente, por meio de recurso 
contencioso de anulação dos actos que lhes prejudicam artigo 81. 82 da 
CRM. 
A demais, a alínea f) do número 1 do artigo106 da lei n˚ 2/97, de 18 de 
Fevereiro, precisa que são nulas, independentemente da declaração dos 
tribunais, as decisões dos órgãos autárquicos (….) que violem direitos 
fundamentais dos cidadãos. 
Além disso, quando uma pessoa, singular ou colectiva, sofre um 
prejuízo por causa de uma decisão legal da administração municipal, no 
exercício de actividades de gestão privada ou de gestão pública, ela tem 
o direito de indemnizar a autarquia local com vista à reparação do 
prejuízo sofrido. 
2.7.0. Organização da Tutela Administrativa 
A tutela administrativa pertence ao Estado que a exerce através de 
órgãos de tutela, dispondo de meios específicos de intervenção e de 
controlo. 
2.7.1. Órgão de Tutela 
Operar-se a uma distinção entre os órgãos centrais da tutela 
administrativa e as suas componentes desconcentradas. 
2.7.2. Órgãos Centrais 
A tutela Administrativa do Estado cabe ao Governo. Ela é exercida, 
segundo os termos do número 1 do 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
58 
 
artigo8 da Lei n7/97, de 31 de Maio, pelo ministro que superintende a 
função Pública e a Administração Local do Estado e pelo ministro que 
superintende a área das finanças, no domínio das respectivas áreas de 
competência. 
Assim, se a Lei atribui aos Ministros da Administração Estatal (A), por 
um lado, e ao do Plano e Finanças (B) por outro, a competências 
exercício de poderes de tutela, é preciso analisar essas atribuições em 
relação às administrações centrais chefiadas pelos respectivos ministros 
que vão fornecer os recursos humano se os meios materiais necessários 
ao exercício do controlo de tutela. Fica bem claro que esses 
departamentos ou serviços dos ministérios referidos actuam ou decidem 
em nome dos ministros componentes, visto que só elas tem 
competência, por força de lei para decidir nesta matéria da tutela 
administrativa. 
 
2.7.3.O Ministério da Administração Estatal e Função 
Pública como Órgão Central da Tutela Administrativa 
Dentro das estruturas internas do Ministério da Administração 
Estatal(a) a Inspecção Administrativa do Estado desenvolve um papel 
relevante em matéria de controlo administrativo. 
As estruturas internas relevantes no ministério da Administração Estatal 
em matéria de organização territorial. 
O Ministério da Administração Estatal e Função Pública é o órgão 
central da tutela Administrativa. Como titular, entre outras atribuições 
da coordenação do processo da descentralização da administração local, 
da implementação das normas sobre a organização territorial, da 
promoção de diligências que concorram para o exercício da tutela 
administrativa, do Estado sobre as Autarquias Locais da inspecção da 
Administração Pública e de prosseguir e desenvolver o processo de 
descentralização, o Ministério da Administração Estatal e a estrutura 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
59 
 
Governamental mais indicada para exercer a tutela Administrativa 
sobre as autarquias locais. 
Beneficiando, por um lado, de estruturas centrais especializadas 
directamente ligadas às áreas da organização territorial e de gestão de 
recursos humanos do Estado (Direcção Nacional da Administração 
Local, Direcção Nacional da Função Pública, Inspecção Administrativa 
do Estado, tendo na maioria contribuído nos estudos preparatórios do 
conjunto da regulamentação sobre o processo de descentralização e por 
outro, de representações provinciais através das Direcções Provinciais 
de Apoio e Controlo (SP), este Ministério era o mais indicado para 
garantir, a título principal o controlo do Estado sobre as Autarquias 
Locais. 
Dentro do conjunto das estruturas internas do Ministério da 
Administração Estatal, interessadas nas actividades de controlo, a 
Inspecção Administrativa do Estado desempenha um papel 
especialmente importante. 
 
2.7.4. Inspecção Administrativa do Estado 
A inspecção Administrativa do Estado, faz parte integrante da Estrutura 
do Ministério da Administração Estatal. Ela é dirigida por um 
inspector-geral, nomeado pelo Ministério da Administração Estatal. 
Estrutura Orgânica da Inspecção Administrativa do Estado é constituída 
por um corpo de inspectores Administrativos nomeados pelo Ministro 
da Administração Estatal, sob proposta do Inspector-geral, e de uma 
Secretária. 
De uma maneira geral, a inspecção administrativa do Estado tem por 
funções: 
 Verificar o cumprimento e aplicação das normas procedimentos 
administrativos nas instituições centrais e locais do Estado ou 
sub tutela do Ministério da Administração Estatal; 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
60 
 
 Fiscalizar a aplicação das normas sobre a estrutura, organização, 
recursos humanos e documentação do aparelho do Estado; 
 Verificar o funcionamento dos serviços Administrativos; 
 Exercer acções inspectivas específicas por determinação 
superior; 
 Denunciar junto do Ministério Público as ilegalidades 
detectadas no exercício da sua actividade. 
 
Especialmente como um órgão de apoio no âmbito do exercício da 
tutela Administrativa, a inspecção Administrativa é encarregue de: 
 Fiscalização dos procedimentos Administrativos em 
municípios; 
 Realizar inquéritos e sindicâncias nos órgãos, Municipais; 
 Prestar orientações aos órgãos municipais uniformizando a 
interpretação e aplicação da Lei; 
 Prestar informação ao Governo sobre a Administração Local; 
 Proceder à instrução de Processos de inquéritos e sindicância 
nos órgãos do aparelho municipal; 
 Controlar o funcionamento legal das instituições dos 
Municípios. 
Assim, a actividade da inspecção Administrativa do Estado tem 
principalmente por objectivos aspectos jurídicos administrativos e 
disciplinares da acção da administração das Autarquias Locais. Não se 
deve ter uma aproximação ou uma abordagem apenas repressiva da 
actuação da inspecção Administrativa do Estado como escreve o 
inspector-geral da Administração do Estado, a relação que deve existir 
entre os órgãos (das autarquias locais) e a inspecção Administrativa do 
Estado deve ser de complementaridade de tal modo que haja 
transparência na governação o que reforçará a unidade nacional, o 
aprofundamento da democracia, a reconciliação da família 
Moçambicana e a estabilização política economia do País. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
61 
 
Assim, é mais na direcção de uma frutuosa colaboração entre os órgãos 
das Autarquias Locais e os agentes da inspecção Administrativa do 
Estado que devem caminhar as suas futuras relações, sobretudo no 
inicio da implementação do processo de autacização. Neste sentido a 
alínea e) do artigo 6 do Diploma ministerial no 141/94, de 30 de 
Novembro, tem um conteúdo que permite instaurar este tipo de 
relações. Com efeito, conforme esta disposição regulamentar, uma das 
funções da inspecção administrativa é a de emitir recomendações e 
propor aos níveis de decisão competente as acções correctivas. 
Estas disposições poderiam permitir à inspecção Administrativa 
implementar pelo menos, dois tipos de acções. A primeira situa-se num 
plano geral e pode apresentar-se antes da acção de inspeccionar 
propriamente dita; a segunda é concomitantecom acção de inspecção. 
 
2.7.5. Acção Pedagógica da Inspecção Administrativa 
Podem distinguir-se dois domínios nos quais a Inspecção 
Administrativa do estado pode desenvolver a sua função pedagógica. 
Em primeiro lugar, a pedagogia da inspecção administrativa do Estado 
poderia consistir num trabalho de explicação o e de informação do 
direito vigente. Sabemos todos que o pacote legislativo relacionado 
com as Autarquias Locais é um corpus Luris complexo que necessita 
de comentários e interpretações que muitas vezes algumas 
irregularidades cometidas tem as suas raízes não na má-fé do agente 
que praticou o acto suspeito de irregularidades, mas em razão do não ou 
mau conhecimento da legislação vigente. A Inspecção Administrativa 
poderia, sob a forma de recomendações não vinculativas, ou outras 
formas de documentos informativos, trazer ao conhecimento dos órgãos 
das autarquias locais uma determinada informação sobre a aplicação ou 
a interpretação das disposições legislativas ou regulamentares que 
podem suscitar dúvidas ou interrogações do lado dos órgãos das 
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62 
 
Autarquias Locais. 
Neste sentido, devemos acrescentar que este verdadeiro dever de 
informação deve estender-se à divulgação das decisões jurisdicionais 
dos tribunais em relação aos assuntos locais. A Divulgação dos 
acórdãos do tribunal Administrativo de Moçambique relativos á 
interpretação das disposições legislativas ou regulamentares vigentes, 
por exemplo, poderiam ser muito úteis às partes interessadas, seja para 
a Administração pública do Estado ou seja para Administração das 
Autarquias Locais. 
A segunda acção pedagógica da parte da inspecção Administrativa do 
Estado , que poderia ser implementada soba forma de recomendações 
não vinculativas ou outras formas de documentos informativos , 
consistiria em aproveitar a sua própria experiencia no seu trabalho 
concreto de inspecção, junto das autarquias locais , para informar os 
órgãos das Autarquias Locais de situações ilegais que foram 
observados e dos meios mais adequados para as corrigir . 
Assim a inspecção poderia jogar um papel de prevenção de situações 
potencial ou virtualmente ilegais. 
 
2.7.6. Acções Correctivas 
O resultado de uma acção de inspecção pode revelar situações não 
conforme ao direito vigente. As irregularidades detectadas, de uma 
forma geral, não serão todas da gravidade que necessita de uma 
denúncia junto do Ministério Público, dos elementos constitutivos de 
ilícito criminal, nos termos da alínea h) do artigo 6 do diploma 
ministerial n14/94, de 30 de Novembro alínea b) do Artigo 3 do 
Decreto n 51/95, de 14 de Novembro. Na maior parte dos casos, as 
irregularidades praticadas serão susceptíveis de ser corrigidas e 
sanadas. Nestes casos, a pedagogia que se exprime através dos erros 
cometidos e dos meios a empregar para restabelecer uma situação 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
63 
 
conforme à legalidade, encontra-se nas acções correctivas que visam 
concretamente, tornar o acto praticado conforme ao direito vigente. 
Como estabelece a alínea e) do Artigo 6 do diploma ministerial no 
14/94, de 30 de Novembro são funções da inspecção Administrativa. 
Emitir recomendações e propor aos níveis de decisão competente as 
acções correctivas. 
 De modo geral, como escreve Carlos Lwanga Sabonete, a Inspecção 
Administrativa do Estado caso detecte algo anormal no processo de 
inspecção, inquérito ou sindicância informará aos agentes responsáveis 
por centros de decisão superiores sobre irregularidades e inobservância 
de normas administrativas a fim de proporcionar a revisão correctiva 
dos actos administrativos ilegais sem prejuízo de exercer as 
competências que lhe são próprias. 
A resultante deste conjunto de acções é a Inspecção Administrativa 
deveria assumir, no futuro, um papel importante na elaboração e 
reformulação da legislação no domínio do desenvolvimento da 
Administração Pública Municipal. 
No que concerne às relações com outras inspecções e mais 
particularmente, a inspecção-geral de finanças, o princípio é de que os 
inspectores Administrativos do Estado estabelecerão uma cooperação, 
sempre que isso se mostre conveniente a prossecução dos objectivos 
comuns. Os corpos de inspecção em geral e a inspecção Administrativa 
do Estado em particular, deveriam constituir um dos melhores reflexos 
da evolução das relações do Estado com as autarquias locais e um 
agente essencial da sua modernização. Além do controlo exercido, a 
inspecção Administrativa do Estado poderia actuar como assessor 
estratégico do Ministro da Administração Estatal nesta matéria, avaliar 
as políticas sectoriais implementadas e propor medidas de 
racionalização, de cooperação, de eficácia e o seu melhoramento. 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
64 
 
2.7.7. Ministério da Economia Plano e Finanças 
O controlo dos actos relativos à gestão financeira das Autarquias Locais 
é atribuído ao Ministro da Economia Plano e Finanças como, garante da 
correcta utilização dos fundos pelas entidades públicas, da execução, 
controlo e contabilização dos meios financeiros do orçamento do 
Estado e da inspecção e controlo da utilização dos fundos do Estado. 
Ele exerce este controlo financeiro externo, mas particularmente 
através da inspecção-geral de finanças. Trata-se de uma fiscalização 
realizada por um organismo externo independentemente da entidade 
fiscalizada. O exercício da tutela Administrativa não abrange 
unicamente acções de fiscalização. Ela compreende também 
ratificações. A direcção Nacional do Plano e Orçamento está 
encarregue da instrução dos processos das ratificações no que diz 
respeito aos actos financeiros da Autarquias Locais sujeitos à 
ratificação. 
Além dessas estruturas, é preciso realçar as atribuições das Direcções 
Provinciais da Economia e Finanças, nomeadamente a função de 
acompanhar o surgimento e funcionamento das autarquias em função 
de regulamentação própria e instrução superior, quer em apoio 
metodológico quer em interacção profunda incluindo a alocação de 
bens materiais e recursos humanos indispensáveis ao fortalecimento do 
processo de autarcisação. 
 
 
2.7.8. A Inspecção Geral das Finanças 
A inspecção-geral das finanças foi criada em 1990 pelo diploma 
ministerial n 29/90, de 21 de Março como um serviço no Ministério das 
Finanças e confere ao Inspector-Geral de Finanças a autoridade para 
proceder à auditoria e inspeccionar os Ministérios do Governo de 
Moçambique, empresas estatais, 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
65 
 
serviços Públicos, Governos Locais, empresas privadas em que o 
Governo de Moçambique possui a participação em 20% ou mais, 
empresas privadas que tenham recebido empréstimo do Governo 
Moçambicano e embaixadas Moçambicanas no estrangeiro. 
A alínea h) do diploma Ministerial n2/97, de 1de Janeiro, consagra a 
Inspecção-geral de finanças como órgão central do Ministério do Plano 
e finanças e funciona na directa dependência do respectivo Ministro. O 
seu estatuto orgânico foi aprovado pelo Decreto n 40/99, de 29 de 
Junho. A inspecção-geral das finanças é dirigida por um inspector-geral 
e um inspector-geral Adjunto são nomeados pelo despacho do ministro 
das finanças. A nível regional funcionam as delações regionais da 
inspecção das finanças, cujo objectivo, funções e forma de organização 
são definidos no diploma ministerial n 57/2000, de 21 de Junho. 
A inspecção-geral das finanças é estruturada a nível central, em 
departamentos e repartições. Dentro do conjunto dessas estruturas é 
preciso realçar a existência do departamentode inspecção às autarquias 
(DIA). 
O diploma ministerial n 2/97, de 1 de Janeiro revoga o diploma 
Ministerial n 2/90, de 21 de Março e Precisa as funções da inspecção-
geral de finanças. 
Mas particularmente, no que concerne ao controlo financeiro externo 
das Autarquias Locais, a inspecção-geral de finanças poderá: 
 Realizar inspecções e exames às escritas) Autarquias Locais; 
 Proceder a inquéritos que por virtude do decurso das inspecções 
se mostrem necessários; 
 Proceder a inquéritos e sindicâncias. 
 Levantar e instruir autos de transgressão, quando no decurso ou 
em resultado em resultado de inspecções inquéritos, 
sindicâncias detectem infracções às leis fiscais. 
Pertencer-lhe-á o controlo da gestão financeira e patrimonial através de 
inspecções ou de auditorias financeiras e desempenho não só dos 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
66 
 
cofres, das contas e dos serviços financeiros das Autarquias Locais, 
mas também das suas unidades dependentes. Nesta perspectiva, pode-se 
pensar especialmente no controlo financeiro dos serviços 
autonomizados ou das empresas municipais. 
No que concerne à planificação do controlo, o numero 2 do artigo 80 da 
lei n 11/97, de 31, de 31 de Maio, prevê que as Autarquias com 
categoria de município devem ser inspeccionadas ordinariamente pelo 
menos duas vezes no período de cada mandato dos respectivos órgãos. 
 
2.7.9. A Direcção Nacional do Plano e Orçamento 
A Direcção Nacional do Plano e Orçamento do Ministério do Plano e 
Finanças constitui um órgão central. As suas funções constam do artigo 
13 do diplomam Ministerial n 2/97, de 31 de Janeiro. Todavia, o artigo 
referido não estabelece nenhuma função específica em relação ao 
processo de ratificação dos actos autárquicos sujeitos à ratificação. Na 
altura da aprovação do Estatuto Orgânico do Ministério do Plano e 
Fianças ( 1 de Janeiro de 1997, Lei n 2/97, de 18 de Fevereiro não 
estava, por definição aprovado o referido diploma ministerial não podia 
consagrar funções ou relação a colectividades que ainda não existiam 
formalmente. 
De facto, esta função foi atribuída repartição do Orçamento Provincial 
do Departamento do Orçamento desta direcção cujo serviço é o 
encarregado da instrução do processo dos actos sujeitos a esta 
modalidade de controlo. 
 
2.8.0. Meios dos Órgãos de Tutela 
O exercício da tutela Administrativa carece da criação de meios 
destinados a garantir a efectividade do controlo da legalidade dos actos 
das Autarquias Locais. Estes meios 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
67 
 
estão expressamente definidos pelo número 1 do Artigo 4 da lei n0 
7/97, de 31 de Maio. Trata-se da Inspecção, do Inquérito, da 
Sindicância e da Ratificação. O conjunto destas Técnicas estão 
especificadas nos artigos 5,6 e 7 da Lei n0 7/97, de 31 Maio. Estes 
meios representam um conjunto de técnicas e procedimentos com vista 
a concretizar dois fins ou a realizar dois objectivos: a verificação da 
legalidade dos actos Administrativos das Autarquias Locais e a 
verificação do mérito dos actos administrativos nos casos e nos termos 
expressamente previstos na Lei. 
 Nesta perspectiva, só trataremos, nos desenvolvimentos a seguir das 
estruturas das modalidades de controlo. A Inspecção, o inquérito, a 
sindicância e a ratificação . o fundo e o conteúdo da versificação da 
legalidade serão abordados desenvolvimentos ulteriores. 
 
2.8.1. A Inspecção 
O número 2 do artigo 5 da Lei n 4 /97, de 31 de Maio define a 
inspecção como o conjunto de operações que consistem na verificação 
da conformidade, com a Lei dos actos administrativos praticados e dos 
contratos celebrados pelos órgãos e serviços das Autarquias Locais. O 
conteúdo deste dispositivo legislativo permite distinguir estritamente 
esta noção daquela que consta dos artigos 8 e 9 do Decreto n 42:082/58, 
de Dezembro, que consagram um conceito muito mais abrangente de 
acções inspectivas. 
De forma geral, no processo de trabalho de inspecção, os inspectores 
devem verificar, analisar e tecer observações no que diz respeito, ao 
cumprimento e aplicação das normas e procedimentos Administrativo, 
à observância de normas sobre prestação de serviços públicos. As 
acções inspectivas enquadram-se num plano anual de actividades ou de 
trabalho (Inspecção Ordinária) ou mandatada superiormente para casos 
ou objectivos especificamente determinados (inspecção extraordinária). 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
68 
 
2.8.2. O Inquérito 
O número 3 do Artigo 5 da Lei 7/97, de 31 de Maio no que concerne à 
definição do inquérito precisa: o Inquérito consiste na averiguação da 
legalidade dos actos administrativos dos órgãos e serviços das 
Autarquias Locais em virtude de denúncia fundada ou ainda, quando 
resulte de informações e recomendações de uma inspecção anterior. 
O objectivo do controlo no inquérito permanece idêntico ao da 
inspecção. Nos dois casos trata-se de verificar a conformidade de actos 
e contratos administrativos em relação de um modo geral, à Lei. O que 
distingue o inquérito da inspecção é o sujeito da iniciativa do processo 
de controlo. A inspecção pressupõe já uma planificação prévia das 
acções inspectivas, o que quer dizer que a iniciativa pertence 
exclusivamente à Administração Pública. No caso do inquérito a 
iniciativa é mista. Por um lado, a iniciativa do controlo tem as suas 
raízes nas informações e recomendações de uma inspecção anterior, o 
que deixa oportunidade da iniciativa do controlo à Administração 
Pública, mas por outro, o controlo pode ter os seus fundamentos numa 
denúncia fundada o que quer dizer que é uma entidade (outros órgãos 
da Administração ou particulares) que se situa fora da inspecção que 
está na origem do desencadeamento do processo de controlo. 
A Lei não prevê expressamente os pormenores da tramitação 
processual do inquérito. Todavia, como o fim é idêntico ao da 
inspecção, não há motivo para ter uma abordagem diferente desta. 
 
2.8.3. Sindicância 
A sindicância consiste, segundo as disposições do número 4 do artigo 5 
da Lei7/97, de 31 de Maio na indagação profunda e global da 
actividade dos órgãos e serviços da Autarquia Local, quando existam 
indícios de ilegalidade que pelo seu volume ou gravidade, não passam 
ser averiguados no âmbito de mero 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
69 
 
inquérito. Por outras palavras, trata-se de averiguação geral acerca do 
funcionamento dos serviços. O processo de sindicância pode regular-se, 
em primeiro lugar, pelas orientações gerais relacionadas com as acções 
inspectivas e, em segundo lugar, pelo dispositivo do Artigo215 do 
EGFAE, como direito subsidiário com as necessárias adaptações. 
Diogo Freitas do Amaral, citado pelo Giles Cistac, resumiu 
perfeitamente conteúdo próprio a cada um destes métodos de controlo: 
Inspeccionar significa examinar as contas e documentos de um 
organismo, a fim de verificar-se tudo se encontra de acordo com as leis 
aplicáveis. Se suspeita da existência de uma situação geral de 
ilegalidades numerosas e imputáveis a várias pessoas, procede-se uma 
sindicância; pelo contrário, se pretende fazer apenas uma inspecção de 
rotina, ou verificar da legalidade de certo acto ou de comportamento de 
um dado individuo, procede-se a um inquérito. 
Assim a diferença destes dois reside por lado, e na pessoa titular da 
iniciativa do desencadeamento do processo de controlo, por outro 
diferente na sua concepção é a ratificação. 
 
2.8.4. Ratificação 
Do Latim medieval ratificação, composto de ratum (confirmado) e 
facere (fazer), entende-se a aprovação ou confirmação de acto jurídicopraticado por outrem. A ratificação consiste na aprovação, pelos órgãos 
de tutela, a que ficam sujeitos certos actos administrativos dos órgãos 
de tutela, a que ficam sujeitos certos actos administrativos dos órgãos 
das Autarquias Locais, para se tornarem exequíveis. Assim, a 
ratificação entende-se por acto jurídico já praticado, isto é existente. 
Nos termos do número 2 do artigo 6 da Lei n 7/97, de 31 de Maio, 
carecem de ratificação do órgão tutelar os actos administrativos dos 
órgãos autárquicos expressamente indicados na Lei, bem como os que 
tenham por objectivo: 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
70 
 
 Aprovar o plano de desenvolvimento da Autarquia Local; 
 Aprovar o orçamento; 
 Aprovar o plano de ordenamento do território; 
 Aprovar o quadro de pessoal; 
 Aprovar a contracção de empréstimos de amortização 
plurianual. 
 
Independentemente destas técnicas de controlo, os órgãos de tutela 
administrativa do Estado podem solicitar informações e 
esclarecimentos sobre decisões administrativas dos órgãos e serviços 
das Autarquias Locais. 
 O artigo 13 da lei n 7/97, de 31 de Maio prevê uma sanção radical 
contra os órgãos colegiais da Autarquia Local que se obstem à 
realização de inspecção, inquérito ou sindicância, quando se recusem a 
prestar informações e esclarecimentos aos agentes da inspecção ou 
facultar-lhes o exame aos serviços e a consulta de documentos. É a 
dissolução do órgão recalcitrante. Por detrás da qualidade das técnicas 
de controlo implementadas é preciso ter em vista que o objectivo a 
atingir é o bom funcionamento do processo de controlo da legalidade, 
para realizar este fim. Como escreve Ancha Elisa Carneiro, é 
importante o estabelecimento de um sistema de recolha e análise de 
informações e esclarecimentos, com vista à verificação atempada da 
legalidade dos actos autárquicos. O que só será possível com base num 
clima de confiança mútua entre as partes envolvidas, capacitação e 
fortalecimento institucional das mesmas. 
Já insistimos atrás, nos desenvolvimentos relativos a apresentação da 
Inspecção Administrativa do Estado sobre necessidade de instaurar 
um bom relacionamento entre as entidades controladas e a autoridade 
de controlo. O sucesso deste processo encotra-se na criação de um 
ambiente de confiança mútua entre os interessados. Em estrita 
colaboração, como parceiros que partilham um objectivo comum que é 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
71 
 
o cumprimento da legalidade. 
Sumário 
Nesta Unidade temática 2 estudamos e discutimos fundamentalmente 
três itens em termos de considerações gerais á disciplina de 
Contabilidade Geral: 
1. Empresas Municipais e intermunicipais 
2. Autarquia Local 
3. Tutela Administrativa, Controlo 
 
2.8.5. Exercícios de autoavaliação 
1. Por tuas próprias palavras, defina os seguintes conceitos: 
a) Tutela Administrativa; 
b) Hierarquia. 
 
2. A não subordinação hierárquica da autarquia Local em relação 
ao Estado não leva as autarquias a tornarem-se independentes 
do poder central. 
a) Como é efectuado o controlo das autarquias locais pelo 
poder central? 
 
3. Quais são os problemas despoletados pela questão de controlo 
na autarquia local ? 
 
4. Quais as reais razões da realização do controlo a uma autarquia 
loca pelo Governo central? 
5. A quem cabe realizar a tutela Administrativa a uma autarquia 
local? 
 
6. Dentro da estrutura interna do MAEFP (Ministério da 
Administração Estatal e Função Pública), a inspecção 
administrativa do Estado desenvolve 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
72 
 
um papel relevante em matéria de controlo administrativo. 
a) Explique qual é o papel da inspecção Administrativa na 
realização do controlo? 
b) Explique em que consiste a acção pedagógica da inspecção 
Administrativa. 
c) Qual é o papel da DNPO (Direcção Nacional do Plano e 
Orçamento? 
 
2.8.6 Resolução dos Exercícios de autoavaliação 
1c) o termo hierarquia significa a existência de escalões de 
responsabilidade, saindo do mais novo ao mais velho. 
1. A Lei organiza a fiscalização da actividade dos órgãos das autarquias 
locais pelos agentes do Estado. Ela implanta uma tutela Administrativa. 
O conceito designa o conjunto de meios de controlo que o poder central 
dispõe sobre as autarquias locais, ou por outras palavras, consiste no 
conjunto de poderes de intervenção de uma pessoa colectiva pública na 
gestão de outra pessoa colectiva, a fim de assegurar a legalidade ou 
mérito da sua actuação. A tutela Administrativa apresenta-se sob a 
forma de um conjunto de poderes limitados atribuídos pela Lei ou em 
virtude dela, a uma autoridade superior, com fim de garantir o respeito 
do direito e de salvaguardar o interesse geral contra a inércia, o excesso 
e a invasão dos agentes descentralizados. Assim a tutela Administrativa 
tem por fim assegurar em nome da entidade tutelar, que a entidade 
tutelada cumpra as leis em vigor e garantir que sejam adoptadas 
soluções convenientes e oportunas para a prossecução do interesse 
Público. Por outras palavras a tutela tem por fim o respeito da 
legalidade e a protecção do interesse geral ou de uma forma, é deste 
modo que através da tutela administrativa o Estado garante que os 
órgãos do município realizem as suas actividades em obediência aos 
comandos da Constituição da Republica e demais legislação vigente no 
País. “e um controlo que tem uma natureza administrativa porque ela é 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
73 
 
implementada e realizada pela Administração do Estado. O controlo 
Administrativo de tutela incide sobre a legalidade dos actos praticados 
pelas autarquias locais e exerce-se, em principio ex post facto, isto é 
depois do facto, ou por outras palavras depois que o acto praticado 
ganhe força executória. 
2 a) Moçambique é um Estado unitário, as Autarquias Locais 
desenvolvem as suas actividades no quadro da unidade do Estado e 
organizam-se com pleno respeito da unidade e do ordenamento Jurídico 
nacional. Assim o número 1 do artigo 188 da Constituição refere que: o 
poder local tem como objectivos organizar a participação dos cidadãos 
na solução dos problemas próprios da sua comunidade, promover o 
desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da 
democracia, no quadro da unidade do Estado Moçambicano. Do mesmo 
modo o número 2 do artigo19 da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro, e pelo 
número 1 do artigo 3 da Lei 7/97, de 31 de Maio, que estabelece o 
regime jurídico da tutela Administrativa do Estado a que estão sujeitas 
as autarquias locais. 
3. Esta questão do controlo constitui um dos problemas centrais do 
processo de mudança de gestão autárquica, razão por que desperta 
posições, se não contraditórias, pelo menos díspar quanto ao âmbito, 
profundidade e implicações do processo de controlo que deve incidir 
sobre as autarquias locais e se entende deve ser de natureza análoga 
definido para Administração Pública no Geral. Como escreve Joaquim 
dos Santos Carvalho, não deveria haver qualquer tipo de controlo sobre 
os actos praticados, excepto que decorresse da acção dos particulares 
dos eleitores, Admitido o controlo a posteriori exercido pelo tribunal de 
contas em processos de fiscalização sucessivas as contas da autarquia. 
De outro lado, os que entendem que a reforma constitucional e a 
legislação entretanto produzida ao manter apenas acautela e nem 
garante o bom uso dos dinheiros Públicos. 
O princípio de autonomia das autarquias locais, num estado como 
Moçambique deve conciliar-se com exigências inversas que resultam 
de um outro princípio constitucional: o 
 ISCEDCURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
74 
 
da indivisibilidade do território da República 
4. O controlo exercido pelo estado, é necessário pelo menos por três 
razoes: em primeiro lugar a salvaguarda da unidade política e o respeito 
da legalidade necessita de um controlo de Estado é a tutela que garante 
o respeito das Autarquias locais pelo interesse geral e que assegura a 
coordenação eficiente entre os diversos interesses parcelares de cada 
uma das comunidades com supremo interesse colectivo. O princípio da 
tutela Administrativa em si próprio, é perfeitamente admissível. O 
Controlo do Estado sobre as autarquias locais é necessário pois é o 
único meio de que ele dispõe para garantir o respeito do interesse geral 
ou de protecção dos interesses nacionais. Por outras palavras a 
descentralização não existe sem tutelas em descentralização. Estamos 
em face de duas noções indissoluvelmente ligadas porque a tutela é a 
tradição Jurídica da descentralização: ela aí encontra ao mesmo tempo a 
sua origem e seu fim. 
 
5. A tutela administrativa a uma Autarquia local cabe ao Ministério da 
Administração Estatal e Função Pública. 
6 a) A inspecção Administrativa do Estado, faz parte integrante da 
Estrutura do Ministério da Administração Estatal. Ela é dirigida por um 
inspector-geral, nomeado pelo Ministério da Administração Estatal. 
Estrutura Orgânica da Inspecção Administrativa do Estado é constituída 
por um corpo de inspectores Administrativos nomeados pelo Ministro 
da Administração Estatal, sob proposta do Inspector-geral, e de uma 
Secretária. 
De uma maneira geral, a inspecção administrativa do Estado tem por 
funções: 
 Verificar o cumprimento e aplicação das normas procedimentos 
administrativos nas instituições centrais e locais do Estado ou 
sub tutela do Ministério da Administração Estatal; 
 Fiscalizar a aplicação das normas sobre a estrutura, organização, 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
75 
 
recursos humanos e documentação do aparelho do Estado; 
 Verificar o funcionamento dos serviços Administrativos; 
 Exercer acções inspectivas específicas por determinação 
superior; 
 Denunciar junto do Ministério Público as ilegalidades 
detectadas no exercício da sua actividade. 
b) Podem distinguir-se dois domínios nos quais a Inspecção 
Administrativa do estado pode desenvolver a sua função 
pedagógica. 
Em primeiro lugar, a pedagogia da inspecção administrativa 
do Estado poderia consistir num trabalho de explicação o e 
de informação do direito vigente. Sabemos todos que o 
pacote legislativo relacionado com as Autarquias Locais é 
um corpus Luris complexo que necessita de comentários e 
interpretações que muitas vezes algumas irregularidades 
cometidas tem as suas raízes não na má-fé do agente que 
praticou o acto suspeito de irregularidades, mas em razão do 
não ou mau conhecimento da legislação vigente. A 
Inspecção Administrativa poderia, sob a forma de 
recomendações não vinculativas, ou outras formas de 
documentos informativos, trazer ao conhecimento dos 
órgãos das autarquias locais uma determinada informação 
sobre a aplicação ou a interpretação das disposições 
legislativas ou regulamentares que podem suscitar dúvidas 
ou interrogações do lado dos órgãos das Autarquias Locais. 
c) A Direcção Nacional do Plano e Orçamento do Ministério do Plano e 
Finanças constitui um órgão central. As suas funções constam do artigo 
13 do diplomam Ministerial n 2/97, de 31 de Janeiro. Todavia, o artigo 
referido não estabelece nenhuma função específica em relação ao 
processo de ratificação dos actos autárquicos sujeitos à ratificação. Na 
altura da aprovação do Estatuto Orgânico do Ministério do Plano e 
Fianças ( 1 de Janeiro de 1997, Lei n 2/97, de 18 de Fevereiro não 
estava, por definição aprovado o referido diploma ministerial não podia 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
76 
 
consagrar funções ou relação a colectividades que ainda não existiam 
formalmente. 
De facto, esta função foi atribuída repartição do Orçamento Provincial 
do Departamento do Orçamento desta direcção cujo serviço é o 
encarregado da instrução do processo dos actos sujeitos a esta 
modalidade de controlo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
77 
 
UNIDADE Temática III; 
 Introdução; 
 3.0.Objectivos específicos; 
3.1.Novos Instrumentos de gestão; 
3.2 Operacionalização do conceito de descentralização; 
3.3 Enquadramento Histórico politico; 
 3.4 O Conceito de Descentralização; 
 3.5Formas de Descentralização; 
3.6.0 Enquadramento legislativo da lei 3/94 das Eleições Autárquicas de 
Junho de 1998; 
 3.6.1. Reformas Administrativas; 
3.6.2. Opções de descentralização para Moçambique; 
3.6.3. uma primeira análise crítica do processo de descentralização e 
desconcentração; 
 3.7.0. As Autarquias Locais; 
3.7.1. O Concelho; 
 3.7.2. Classificação dos Municípios; 
 3.7.3. Atribuições Municipais; 
3.7.4. “órgão da Administração municipal; 
3.8.0 Serviços Especiais; 
3.8.1.os Serviços Municipalizados; 
 3.8.2 Regime financeiro das Autarquias locais; 
 3.9.0. As agências doadoras multilaterais e bilaterais; 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
78 
 
3.9.1. Participação: Autarquia Parceira (Cooperação lusófona); 
3.9.2 áreas de cooperação; 
 3.9.3. Formação de quadros; 
 3.9.4 Cultura e património histórico; 
3.9.5 Infra-estrutura, saneamento básico, urbanismo e ambiente; Geminações 
Portugal Moçambique; 
3.10.0 Protocolos entre ICP e a ANMP; 
3.10.1 Na área de educação e formação de quadros; 
 3.10.2. Na área de infra-estruturas, saneamento básico, urbanismo e 
ambiente; 
 3.11.0. Outras instituições; 
 3.11.1. Análise da CIM com Moçambique; 
 3.11.2. Operacionalização da CIM; 
 3.11.3. Conteúdo da CIM; 
 3.11.4. Formas da CIM; 
 3.11.5. CIM nas Relações Internacionais; 
3.11.6. Potencialidades e limitações da CIM; 
3.11.7 O Desenvolvimento Local- As novas autoridades; 
3.11.8 Exercícios de Autoavaliação; 
3.11.9 Resolução dos Exercícios de Autoavaliação 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
79 
 
Introdução 
Devido as semelhanças climáticas, culturais entre outros, as Autarquias Locais abrem um novo 
campo de acção denominado cooperação intermunicipal. O surgimento das autarquias 
locais, suas características e funcionamento. 
3.0. Objectivos específicos 
 
 Explicar o processo da descentralização; 
 Analisar o surgimento das primeiras autarquias locais; 
 Analisar a cooperação intermunicipal (Geminações). 
 
No final desta unidade temática cada estudante deverá 
ser capaz de 
1. Diferenciar a descentralização da desconcentração; 
2. Explicar os processos que levaram Moçambique a adoptar o 
modelo de descentralização; 
3. Explicar o processo das reformas Administrativas; 
4. Explicar o âmbito do surgimento das Autarquias Locais; 
5. Analisar a Cooperação Intermunicipal (CIM); 
 
3.1.0. Novos Instrumentos de Gestão 
3.1.1. Operacionalização do conceito de descentralização 
O termo descentralização tem sido aplicado a vários tipos de 
iniciativas. Por vezes o conceito refere-se à privatização, ou seja à 
transferência de tarefas antes desempenhadas formalmente pelo Estado 
para o sector privado. Na medida em que se agrega tanto a 
descentralização (o poder passa do Governo central para as empresas 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
80 
 
privadas) e a democratização (alarga) a escolha dosclientes), muitos 
autores defendem este tipo de descentralização. Todavia, há que 
considerar que muitas vezes as empresas, dada a sua grandeza, mais 
não fazem do que assumir esse poder não ocorrendo assim qualquer 
tipo de descentralização. Actualmente, este fenómeno é muito comum 
dada a mundialização das empresas que se substituem, muitas vezes 
nos Países em desenvolvimento, ao próprio Estado. 
Em segundo lugar, o termo descentralização é muitas vezes relacionado 
com descentralização, no sentido em que há uma dispersão dos agentes 
do Governo central pelos níveis mais baixos. Se na verdade, a 
desconcentração é feita pelas autoridades máximas democraticamente 
eleitas, tal facto ganha relevância na discussão de uma governação 
democrática. Mas, normalmente, este processo é conduzido por 
Governos que não são eleitos democraticamente, pelo que esta pratica 
muitas vezes é utilizada como forma de permitir uma maior penetração 
e controlo nos níveis mais baixos e na sociedade civil. 
Em terceiro lugar, a descentralização por vezes refere-se a 
transferências fiscais, em que o nível mais elevado num sistema cede o 
controlo orçamental e o poder de decidir financeiramente aos níveis 
hierarquicamente mais baixos. 
Por último, a descentralização está ligada ao conceito de delegação, ou 
seja, a transferência de recursos, tarefas, poder de decisão para as 
autoridades hierarquicamente inferiores, que são ou independentes do 
Governo central, ou democraticamente eleitas. Deste modo, a 
“delegação”, encarada como uma descentralização democrática será o 
conceito que irá ser utilizado neste estudo, pelo que sem recorrer a 
conceitos do direito civil e administrativo, a descentralização pode ser 
definida como a Organização das actividades da administração 
central fora do Governo central, podendo ser através de: 
 Medidas administrativas (e fiscais) que permitam a 
transferência de responsabilidades e recursos para agentes 
criados pelos órgãos da administração central; ou 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
81 
 
 Medidas políticas que permitam a atribuição, pelo Governo 
central, de poderes e responsabilidades e recursos específicos 
para autoridades locais. 
Alguns autores consideram que a descentralização ideal é um misto de 
descentralização administrativa, fiscal e política. 
 
3.2. Enquadramento Histórico Politico 
Desde os anos de 1980 que Moçambique está a conhecer rápidas e 
significativas mudanças económicas, politicas e administrativas. As 
origens dos actuais problemas políticos e administrativos remontam ao 
período colonial e do pos- independência, em 1975. Moçambique 
herdou um conjunto de práticas administrativas colónias que não eram 
as adequadas para um País africano recém- independente. A partida 
funcionários civis e técnicos de origem portuguesa, pos a 
independência, dificultou a necessária transformação da administração 
colonial, que não procurou responder às necessidades de educação e 
formação da população local para actividades administrativas e 
técnicas. 
Sob a liderança do antigo movimento de libertação de Moçambique, 
FRELIMO, Moçambique independente tornou-se num Estado 
Socialista de partido único, baseado nos princípios do centralismo 
democrático. Num sistema político e administrativo muito 
hierarquizado, as regiões careciam de autonomia de recurso e quadros 
para administrar as suas respectivas áreas. O terceiro congresso da 
FRELIMO em 1977, declarou a sua intenção de avançar com a 
descentralização administrativa do Estado e com a criação de postos 
provinciais, distritais e administrativos baseados no poder popular. 
Apesar destas declarações, o poder de decisão cabia em ultima 
instancia ao partido e as funções dos seus órgãos regionais, distritais, 
locais nunca foram claramente definidas. Mesmo o mais modesto 
desempenho de alguns destes órgãos 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
82 
 
não pode ser melhorado devido ao crescente conflito político, que 
culminou com a guerra e o seu opositor político, a Resistência Nacional 
Moçambicana (RENAMO). 
A deterioração da Economia, a destruição das estruturas sócio 
económicas e da Administração Pública devido a guerra e a falta de 
capacidade económica, administrativa e técnica, tiveram efeitos 
devastadores na situação política económica de Moçambique. O 
aumento da pobreza, a importante migração e deslocação da população 
em finais dos anos de 1980 obrigou a que em 1987 fosse lançado um 
programa de reabilitação económica. Em 1990, foi aprovada uma 
reforma constitucional que introduziu a democracia pluralista e 
multipartidária. Finalmente em 1992, com o apoio da comunidade 
internacional, foi assinado em Roma um acordo geral de Paz que pôs 
fim ao conflito armado entre a FRELIMO e a RENAMO constituindo 
um ponto de viragem na situação do País confirmando e consolidando 
mudanças económicas e politicas fundamentais em curso desde finais 
dos anos 80, nomeadamente: o Programa de reabilitação económica 
iniciado em 1987. 
A nova constituição que introduziu o pluralismo e a democracia 
multipartidária, o acordo de Paz ao redefinirem a relação entre o 
Parlamento e o Executivo, permitiram a RENAMO o acesso parcial ao 
poder, ainda que esse poder se circunscreve-se ao Parlamento e se 
limita-se essencialmente a questões internas. Em 1994, foram 
realizadas as primeiras eleições gerais multipartidárias que deram 
vitória ao partido Frelimo que formou o governo sozinho e nomeou 
governadores provinciais. 
 A Lei sobre o quadro institucional ( lei 3/94, Primeira lei sobre a 
descentralização estabeleceu legalmente a autonomia dos Distritos 
Municipais. o Processo sofreu porém profundas mudanças nos 
últimos anos, por razões que serão desenvolvidas mais à frente. Como 
resultado, um novo quadro institucional para a reforma do Governo 
local, a lei 2/97. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
83 
 
Esta lei , juntamente com outros instrumentos legais , permitiu a 
realização das primeiras eleições autárquicas em Junho de 1998. A 
oposição recusou-se a participar nas eleições locais devido à falta de 
consensos sobre o quadro legal e institucional. 
 Este boicote afectou o âmbito e o ritmo do programa de 
descentralização em geral. As eleições foram realizadas em 33 cidades 
e vilas. 
 
3.3.O Conceito de Descentralização 
A descentralização é um conceito que tem vindo a receber definições 
diferentes na literatura, com pontos diferentes de ênfase no tempo e no 
espaço. As razoes de tais mudanças são diferentes pelo facto de o 
conceito não ser uma constante. É importante perceber que a 
descentralização não é um fim. Rondineli citado pela Irae B. Lundim 
define a descentralização como a transferência ou delegação da 
autoridade judicial, planeamento, tomada de decisões e gestão de 
actividades de nível central as suas agências, organização no terreno de 
unidades subordinadas ao governo, empresas publicas semi-autonomas 
ou órgãos governamentais. 
Muitos governantes têm adoptado um sistema de descentralização por 
razões de naturezas diferentes. Na esfera política existem os que 
aceitam o sistema como parte do processo de democratização. Em tal 
quadro estrutural, o Governo central vê a necessidade de delegar alguns 
poderes à instituições eleitas localmente. Isto permite uma resposta 
rápida e eficaz às necessidades das populações. 
Não obstante, em certos casos a descentralização foi adoptada como 
uma opção para eliminar conflitos tribais e outros males no sei dos 
Estados. 
Na frente do Desenvolvimento, a descentralização tem sido apoiada 
porque se diz que ela acelera e expande os benefícios do crescimento e 
 ISCEDCURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
84 
 
garante a distribuição equitativa dos escassos recursos nacionais. 
Uma vez que os beneficiários do desenvolvimento ficam envolvidos em 
todo o cíclo de planificação, a descentralização permite uma melhor 
planificação da meta, dos recursos, e a mobilização dos recursos locais 
para aumentar os recursos nacionais. 
Os críticos têm contudo sido rápidos, ao afirmar que a descentralização 
caso não seja adequadamente concebida pode levar a desequilíbrios 
regionais, trazendo daí conflitos e desintegração nacional. 
A descentralização se não for bem concebida pode ajudar a aumentar o 
peso de tomada de decisões entre os diferentes níveis do Governo, 
permitindo assim ao Governo central coordenar e delinear as políticas a 
nível central. 
A descentralização permite a rápida realização de projectos, uma vez 
que aos gestores locais é dada a possibilidade de tomar decisões, 
evitando a fita vermelha e procedimentos burocráticos associados à 
centralização. Isto poupa igualmente à economia alguns fundos, através 
da redução dos custos desnecessários de sobre funcionamento devido a 
demora da decisão de implementação. 
Como tem sido dito com frequência, um gestor próximo do problema 
está melhor qualificado e posicionado para resolvê-lo 
(Rondineli,1981ª)Lundim. 
 A Administração central não pode conhecer duma forma mais 
abrangente a complexa variedade de factores que afectam a 
implementação de um bem sucedida dos projectos nas 
comunidades locais ao longo do País. Na sua tentativa de 
enfrentar esta incerteza, criam procedimentos grandemente 
centralizados. 
 Da mesma maneira, pelo medo de cometer erros nada fazem 
sobre a tomada de decisões urgentes que são essenciais para a 
implementação de projectos e programas locais. Como resultado 
as comunidades pobres sofrem. As autoridades e funcionários 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
85 
 
locais, por outro lado, vão tentar o melhor possível para debelar 
a crise, mas quase inutilmente (B.Maphaugela, no relatório dos 
trabalhos do 16 seminário anual da CPO/DOD, 23-26 de Maio 
de 1994). 
 
3.4. Formas de Descentralização 
A literatura diferencia duas formas de descentralização 
Desconcentração e a Devolução 
A desconcentração envolve uma transferência limitada de poderes na 
tomada de decisões a funcionários a nível local sem nenhum 
instrumento de suporte. Contudo, devolução envolve plena autoridade 
na tomada de decisões e envolvimento da comunidade a nível local, 
com termos estatutários para uma acção autónoma daqueles sectores 
mandatados por eles. ( Irae Baptista Lundim, Francisco Jamisse 
Machava, Friendrich Eben) 
3.5.0. Enquadramento Legislativo da Lei 3/94, das 
Eleições Autárquicas de Junho de 1998 
O problema de excessiva centralização do poder de decisão foi 
oficialmente reconhecido como problema nacional em 1983. O IV 
congresso da FRELIMO, caracterizou o Governo moçambicano de 
então uma estrutura do topo muito pesada, com uma estrutura muito 
fraca ao nível da províncias e dos distritos. Para ultrapassar este 
problema, foi desenhado um complexo e multifacetado processo 
político e legislativo. Em termos administrativos, identificam-se duas 
linhas de acções: Desconcentração do Governo central e autarcização, 
isto é, a criação de um número limitado de municípios. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
86 
 
3.6.0. Reformas Administrativas 
O processo de descentralização teve o seu início em 1991, com a 
elaboração pelo Governo do programa da reforma dos órgãos locais 
(PROL), que tinha como objectivo a reformulação do sistema de 
administração local do Estado vigente. A sua transformação em órgãos 
locais com personalidade jurídica própria, distinta do Estado, dotados 
de autonomia Administrativa, financeira e patrimonial. Este programa 
consistia na elaboração de um diagnóstico e estudos aprofundados na 
área jurídica, administrativa, financeira, de infra-estruturas e meio 
ambiente da qual resultou a lei 3/94, aprovada por unanimidade pela 
Assembleia monopartidaria em Setembro de 1994. Elaborada após uma 
longa e intensas fases de consultas. 
De referir que a Lei 3/94 é orientada por seis princípios fundamentais 
que constituem a filosofia do programa de reforma dos Governos 
locais , nomeadamente: 
 Autonomia - é garantida a autonomia aos municípios autonomia 
administrativa, financeira e patrimonial; 
 Economia e simplicidade - devido à relativa escassez de 
recursos humanos e financeiros de base apenas foram 
contemplados, no curto prazo, um único nível de poder local; 
 Pluralismo e participação é encorajada a participação dos 
cidadãos nos assuntos municipais; 
 Legitimidade as autarquias obtêm a sua legitimidade a partir de 
um sufrágio directo e universal; 
 Respeito pelas autoridades tradicionais – as autarquias estão 
orientadas no sentido de respeitar e procurar criar relações 
cooperativas com as autoridades locais; 
 Gradualismo- na medida em que os municípios possuem fracos 
recursos humanos, materiais e financeiros , podem requerer 
uma extensão do período de desenvolvimento de modo a 
conseguirem uma total operacionalidade. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
87 
 
Com as primeiras eleições multipartidárias (para a presidência e 
Parlamento) de Outubro de 1994 a marcarem uma etapa importante no 
processo de pacificação e democratização do País, concluiu-se que já 
estavam criadas as condições para se avançar, embora gradualmente, 
com a descentralização pelo menos administrativa do País. Mas por 
falta de clareza institucional ou por interesses ou divergências políticas, 
interpretou-se como descentralização (ou prioridade na 
descentralização) o processo que iria conduzir às eleições locais e a 
consequente criação dos municípios urbanos e rurais a luz da Lei 3/94. 
Contudo, a legislação elaborada posteriormente na tentativa de 
complementar e aplicar essa lei suscitou forte oposição da RENAMO, 
da UD, e de alguns elementos dentro da própria FRELIMO e duvidas 
quanto à sua conformidade com a Constituição. Daí a emenda da 
constituição da República através da Lei 9/96, que introduz no capítulo 
algo sobre órgãos Locais do Estado os artigos 188-198 sobre o poder 
local com objectivo de organizar a participação dos cidadãos na solução 
dos problemas próprios da sua comunidade, estas alterações à 
Constituição determinaram mudanças significativas ao previsto na Lei 
3/94, substituída posteriormente e a luz da nova constituição pela lei 
2/97. 
A aprovação da lei 2/97 e da subsequente legislação e regulamentação 
complementou a referida Lei, elaborada praticamente sem consultar ou 
debater com outras forças activas ou representantes da sociedade civil, 
foi objecto de grande controvérsia e divisão entre as principais forças 
políticas. A Lei foi aprovada apenas com votos da FRELIMO e da UD, 
tendo a RENAMO boicotado a votação e finalmente também as 
próprias eleições autárquicas, devido a discordâncias várias, 
nomeadamente quanto à supervisão e procedimentos do processo 
eleitoral, quanto ao número limitado de municipalidades criadas locais 
e centrais no mesmo espaço geográfico incluindo em termos de 
finanças locais. 
Não obstante a falta de consensos as principais forças políticas e o 
boicote de todos os partidos da 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
88 
 
oposição, as eleições autárquicas acabaram por se realizar. Considerada 
a primeira etapa de facto do processo de descentralização. O conflito 
politico que se instalou evidenciado na falta de acordo e confiança 
mutua entreo Governo e principal força da oposição, a RENAMO, é 
uma importante limitação para a reforma administrativa. Parecem 
existir diferentes escolas de pensamento sobre a natureza da reforma 
administrativa, sobre os seus motivos e princípios de base. Estas 
diferentes visões não correspondem necessariamente a uma divisão 
entre o Governo e a oposição. 
Wigmer, considera que existem algumas indicações que apontam no 
sentido de uma dupla clivagem no seio do partido FRELIMO: entre 
centralizadores e descentralizadores e entre a direcção do partido e as 
bases. 
Brocaathem, por seu lado fez uma analise da política de 
descentralização identificando três lógicas de acção contraditórias 
tecnocratas patrimonial e a democrática. Conclui que o processo de 
descentralização em Moçambique. 
Um País em desenvolvimento, não conduz a uma verdadeira 
democracia participativa. Pelo contrário Braathen, considera que há 
actores que seguem uma estratégia tecnocrata e patrimonial, baseada 
em práticas centralistas e numa ideologia de estudo. Defende que o 
principal interesse desse grupo de actores é apoiar uma estratégia 
clientista de cedência de poderem troca de valores matérias ou 
económicos. 
Por outro lado, também existem activistas e membros do partido com 
um misto de preocupações tecnocráticas e democráticas, orientados por 
interesses de valor e razão, que estão mais receptivos à ideia de 
descentralização e desejosos de envolver a sociedade civil no processo 
de tomada de decisões politicas. No entanto, ambas as tendências estão 
nos centros do poder Estatal e controlam as elites locais do partido, que 
personificam as estruturas administrativas locais. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
89 
 
3.6.1. Opções de Descentralização para Moçambique 
As aulas desta cadeira, não são sobre a política de descentralização, isto 
é sobre as forças motivadoras é alógica de base da política de 
descentralização. É, porém necessário perceber as principais 
motivações dos actores e os principais conflitos entre ele, para 
compreender a forma como a descentralização avança ou não, na 
prática. Seguidamente são apresentadas as várias formas de 
descentralização que estão a ser promovidas por diferentes centros de 
poder, recorrendo para tal aos conceitos geralmente usados na literatura 
sobre a descentralização: desconcentração administrativa e /ou fiscal 
vesus delegação politica (muitas vezes como descentralização 
democrática. 
Há autores que consideram que a descentralização da excessivamente 
centralizada administração estatal é necessária para ajudar Moçambique 
as realidades do pos- guerra fria. 
 
3.6.2. Uma Primeira Analise Crítica do Processo de 
Descentralização e Desconcentração 
Depois deste quadro geral é possível, desde já, fazer algumas 
observações sobre o desenvolvimento do processo de descentralização 
e desconcentração. Em primeiro lugar, o programa inicial (PROL) teve 
por objectivo a divisão administrativa segundo um prisma de 
descentralização. Porém, as primeiras eleições multipartidárias em 
1994 mostraram que a Renamo conseguiu ganhar as eleições nos meios 
rurais de algumas regiões do centro e norte do país. Em segundo lugar, 
os diversos pacotes legislativos foram quase integralmente informados 
pela legislação e pela doutrina portuguesa. Isso é patente, sobretudo, no 
caso das autarquias locais. Em terceiro lugar, numa primeira fase, os 
responsáveis moçambicanos ignoraram as autoridades tradicionais, mas 
a evolução dos acontecimentos obrigou-os as integrar esta 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
90 
 
administração. Só que a forma de integração das autoridades 
tradicionais consistiu, em grande medida, na “reactualização do modelo 
de administração de indirect rule que presidiu à Reforma 
Administrativa Ultramarina, e que vigorou no País durante 
praticamente todo o tempo colonial” (Fernandes, 2007, p. 158), mesmo 
no que concerne ao reconhecimento da legitimidade dos líderes locais. 
 
Figura 3: Pluralismo Jurídico do Poder Local em 
Moçambique 
 
 
Fonte: Zavale (2011) 
Em conclusão, temos no mesmo território três tipos de administração, 
em muitos casos sobrepondo-se e, 
https://cea.revues.org/docannexe/image/1879/img-3.jpg
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
91 
 
noutros, complementando-se: administração local do Estado 
(desconcentrada); administração local autárquica (descentralizada); e 
administração comunitária, onde podemos encontrar chefes 
tradicionais, secretários de bairro, grupos dinamizadores, grupos 
religiosos e não religiosos, organizações não-governamentais e outros 
líderes, sendo certo que a administração comunitária não tem 
autonomia, reportando ora ao município, ora à província ou ao distrito, 
conforme a Figura 3. 
Na prática, porém, o processo administrativo local é o resultado do 
embate dos modelos administrativos importados com a cultura e 
lideranças locais. As populações sempre aprendem os procedimentos 
administrativos pelo entendimento das Autoridades Tradicionais 
(Régulos) ao longo de séculos. 
A Figura 3 reproduz o reconhecimento e a regulamentação por parte do 
Estado das formas de legitimação e reconhecimento das autoridades 
comunitárias, e dos modos de articulação dos órgãos locais 
desconcentrados e descentralizados com as demais autoridades 
(internas/externas e nacionais/não nacionais) intervenientes no espaço 
local. Temos, assim, um Estado heterogéneo, potencialmente gerador 
dum processo de fragmentação, sobretudo em municípios controlados 
por partidos opostos ao poder central, se enraizados em culturas locais 
dotadas de autonomia. 
Finalmente, importa sublinhar que os modelos administrativos 
convencionais foram importados da Europa, tendo havido uma forte 
pressão dos doadores internacionais que impuseram a descentralização 
como condição das doações. Estas formas administrativas importadas 
da metrópole colonial estavam imbuídas da nova gestão pública que 
impregnava toda a administração, incluindo a administração local. 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
92 
 
3.7.0. As Autarquias Locais 
Podemos analisar o conceito de autarquias locais nos seus vários 
elementos: a circunscrição territorial, o agregado de pessoas, os 
interesses comuns, os órgãos próprios. Antes de expor o regime de cada 
uma das autarquias locais, vejamos alguns elementos comuns. 
Circunscrição territorial o substrato da autarquia local é um agregado 
de pessoas definido pela residência em certa circunscrição do território 
do Estado. 
Daqui se deduz a grande importância que tem na autarquia o seu 
território: trata-se de uma pessoa colectiva territorial ou da população e 
território. Mas este território é talhado dentro do território do Estado, 
por uma lei dimanada dos respectivos órgãos de soberania, que o 
delimita ou circunscreve segundo as tradições e as conveniências da 
administração. 
Essa função do território do Estado pode simultaneamente ser a 
circunscrição base de uma autarquia local (por exemplo, da freguesia) e 
parte integrante das circunscrições de outras autarquias (concelhos, 
Distrito). Em rigor a circunscrição paroquial é a base, pois o concelho 
forma-se de freguesias e os distritos compõem-se de concelhos. 
Como a circunscrição é uma parcela do território do Estado, mas 
fundamentalmente é território do Estado, nela vigoram as leis gerais, e 
a autoridade autárquica tem de ser exercida na medida prescrita por 
essas leis. 
O território de uma autarquia local tem um duplo pape: primeiro, o de 
permitir a definição do agregado de pessoas cujos interesses serão os 
fins específicos da autarquia vistoesse agregado resultar da residência 
dentro do espaço da circunscrição; 
Segundo o de limitar a jurisdição da autarquia e a competência dos seus 
órgãos em razão do lugar, visto que estes só têm autoridade no âmbito 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
93 
 
da circunscrição. 
É em função deste duplo papel que tem de ser considerados os 
problemas tocantes ao território das autarquias. 
Como o território do Estado abrange o espaço aéreo e o mar territorial, 
a circunscrição de uma autarquia abrangerá esses espaços na mesma 
extensão? A resposta terá de ser dada tendo em conta o que nesses 
espaços corresponde a unicamente ao exercício da soberania do Estado 
e que, por conseguinte, não pode entrar nos interesses vicinais. Num 
conselho marítimo fazem parte da sua população as pessoas que 
porventura viviam permanentemente a bordo de barcos fundeados junto 
aos cais, mas isso não significa que o território da autarquia abranja 
toda a porção correspondente ao mar territorial. Só que traduzir 
vizinhança se integra na autarquia. O mesmo se diga do espaço aéreo, 
onde a jurisdição na autarquia se estende até onde os vizinhos exerçam 
o seu direito de propriedade privada, mas não mais além. 
Sendo a circunscrição uma fracção do território do Estado que vai 
servir de base a certa pessoa colectiva de direito público, só a lei pode 
dispor do território criando o substrato da autarquia. 
Na circunscrição de cada autarquia há uma povoação designada para 
sede da freguesia ou do concelho ou para capital do Distrito: a tal 
designação é da competência do Governo. 
Agregado populacional- outro elemento da autarquia local é o 
agregado de pessoas formado pela população residente na circunscrição 
ou território que lhe serve de base. 
Em rigor essa população constitui o primeiro elemento da autarquia na 
medida em que possui interesses comuns cuja realização exige uma 
comunidade de esforços e de acção. Mas tem de se falar previamente 
no território visto que é pela fixação neste que se individualiza a 
população. 
Outrora, quando cada conselho possuía o seu direito próprio, com 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
94 
 
regime jurídico e fiscal privativo dos seus munícipes em que tantas 
vezes existiam apreciáveis privilégios, era no foral ou no direito 
consuetudinário de cada terra que tinha de ser procurada a definição 
dos respectivos vizinhos. 
Todos os que residam ou se encontrem na circunscrição onde a 
autarquia exerça jurisdição estão sujeitos aos seus regulamentos e 
posturas. 
A submissão aos impostos e taxas locais depende, não de qualidade 
pessoal, mas de verificação do território da respectiva circunscrição de 
qualquer dos factos tributários previstos na Lei. 
O mais importante direito ligado à qualidade de membro da autarquia é 
o direito de sufrágio. Mas no código Administrativo esse direito foi 
apenas reconhecido para eleição das juntas de freguesia. 
O código Administrativo quando concede direitos ou impõe deveres ora 
faz referencia ao munícipe, ora ao leitor recenseado pela circunscrição, 
ora ao contribuinte de contribuições directas do Estado, devendo notar-
se a tendência para equiparar em direitos ( salvo quanto ao sufrágio) o 
eleitor ou contribuinte. 
Interesses comuns- A existência de umas tantas pessoas a residir em 
certa fracção do território do Estado não justificaria que fossem 
consideradas como um agregado a que a lei reconhecesse personalidade 
jurídica se da proximidade de residência ou vizinhança não resultasse 
para essas pessoas a comunidade de certos interesses que lhes conviesse 
realizar pelos seus próprios meios. 
Os primeiros municípios coincidiam com povoações. Era a povoação 
que formava o núcleo unificado na vida jurídica, ainda que numa 
civilização eminentemente rural, a povoação não pudesse subsistir sem 
um aro, mais ou menos extenso, de terras cultivadas pelos respectivos 
habitantes ou ao dispor de todos para usos comunais (pasto, lenhas,etc.) 
O alargamento de dimensão dos concelhos urbanos e o povoamento do 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
95 
 
aro dos rurais levou em muitos deles a formar freguesias em cada um. 
O facto de a organização local corresponder a núcleos realmente 
vicinais tornava imediata a consciência dos interesses comuns. Os 
vizinhos de cada lugar juntavam-se na mesma preocupação de garantir 
a sua segurança regular a utilização das águas e terras comuns, manter 
em bom estado os caminhos, etc. 
Nos nossos dias a densidade da população e a facilidade das 
comunicações esbateram o localismo de tal modo que dificilmente se 
poderá dizer determinados interesses são exclusivos dos moradores de 
umas localidades indiferentes aos restantes cidadãos do País. 
Mas em todo caso podem discriminar-se os interesses mais próximos 
dos habitantes de cada localidade ou de um grupo de localidades 
situadas em certa circunscrição, em relação a outros interesses de 
carácter mais geral. 
Por outro lado, há que atender à facilidade de realização dos interesses. 
Aos agregados locais deve ser deixada a satisfação daquelas 
necessidades que eles possam conseguir pelos seus próprios meios mais 
rápida e ajustadamente, mesmo quando não sejam apenas locais e se 
justifique a comparticipação do Estado nas despesas a que esta 
satisfação dê lugar. 
Estes dois critérios proximidade dos interesses, eficiência da realização 
– levam a admitir certa diferenciação entre as autarquias , pois não só 
os interesses comuns são de diferentes carácter consoante se trata de 
freguesia, de conselho ou de distrito como dentro de cada uma destas 
categorias não deverão ser medidas pela mesma bitola as autarquias 
dos agregados urbanos ou rurais e sobretudo, os interesses das grandes 
cidades e das modestas povoações . 
Os problemas principais acerca da definição dos interesses autárquicos 
–as atribuições da autarquia local –levantam-se sobretudo em relação 
ao concelho. Aí os examinaremos a propósito das atribuições 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
96 
 
municipais. 
Órgãos das autarquias locais – os corpos administrativos Na medida 
em que a lei reconhece como dignos de protecção jurídica os interesses 
comuns dos agregados populacionais definidos pela residência em certa 
circunscrição do território Estado, erige estes agregados em pessoas 
colectivas, o que implica a formação de órgãos próprios. 
Por definição, esses órgãos devem exprimir a vontade que convém á 
pessoa colectiva, pois lhe é normalmente imputável, isto é, devem 
querer o que importa à realização dos interesses dela e não doutros. 
Não tem que ver a propriedade dos órgãos da autarquia- órgãos dos 
seus interesses, capazes de tomar decisões e deliberações definitivas e 
executórias – com o modo de escolha dos seus titulares. O auto- 
Governo dos agregados, isto é, a escolha dos titulares dos órgãos da 
autarquia por sufrágio dos próprios membros desses agregados, pode 
ser uma garantia de que órgãos se mantenham fies aos interesses da 
autarquia mas não é essencial à natureza dela. 
Cada categoria de autarquias locais pode ter vários tipos de órgãos. Mas 
é comum a todos o tipo denominado corpo administrativo. 
Esta expressão pertence ao vocabulário importado da França nos 
primórdios da experiencia do sistema administrativo. Na verdade, é na 
Constituição Francesa do ano III, ou do Directório que, a par do corpo 
legislativo composto pelos dois conselhos, dos quinhentos e dos 
anciãos, aparecem no título VIII os corpos administrativos. 
De entre os órgãos colegiais das autarquias, é a eles que está confiada a 
gestão permanente dos respectivos interesses ao contráriodos 
conselhos municipais ou de distrito que reúnem uma ou duas vezes no 
ano, em sessões. 
Por isso a definição que convém aos corpos administrativos é a de 
órgãos colegiais de gestão permanente dos interesses das autarquias 
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97 
 
locais. 
3.7.1. O Concelho 
O Município, expressão tradicional da Administração local 
autárquica. Historia- A forma típica tradicional da administração 
local autárquica é o município. 
Nalguns países pode dizer-se que os termos concelho e município têm 
sido considerados sinónimos: o concelho é a autarquia local que tem 
por base territorial a circunscrição municipal. 
Mas em rigor, trata-se de noções distintas, pois que há instituições 
municipais sempre que os próprios vizinhos gerem directamente, ou por 
órgãos que os representem, em regra eleitos, os interesses locais. 
Podem, pois admitir-se dois conceitos de município: o conceito lato, 
que identifica o município com qualquer núcleo populacional em que 
os órgãos autárquicos sejam constituídos por pessoas que façam parte 
do respectivo agregado; e o conceito restrito, que limita a designação de 
município ao concelho, isto é, à autarquia local cujo território é a 
circunscrição municipal. 
É duvidoso porém que o actual concelho possa ser considerado directo 
sucessor do município medieval. 
 
3.7.2. Classificação dos Municípios 
Vamos agora entrar no estudo da organização administrativa dos 
municípios. Começaremos pela classificação que com maior ou menor 
amplitude e extensão de efeitos, as nossas leis desde os primórdios da 
municipalização mandam fazer. 
Três critérios podem ser adoptados: o da Índole social dos municípios, 
o da população e o fiscal. 
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98 
 
O critério da índole social dos municípios leva à classificação 
fundamental em duas grandes ordens: a dos municípios urbanos e dos 
municípios rurais. 
São municípios urbanos aqueles em que a parte principal da 
população está aglomerada num mesmo centro residencial e aí exerce 
toda a espécie de profissões numa ampla divisão e especialização do 
trabalho. Desta complexa actividade e da aglomeração populacional 
nascem os problemas característicos das cidades os de arruamento, 
habitação, higiene, cultura física e intelectual, expansão, segurança, 
comunicações, abastecimento, iluminação, assistência etc. Os 
concelhos urbanos subdividem-se conforme a sua actividade 
predominante em industriai, comerciais, mineiros, marítimos, 
suburbanos e grandes cidades. 
São municípios rurais – aqueles cuja população se dedica, pela maior 
parte, à cultura da terra, quase sempre em povoamento disperso, de 
modo que a sede desempenha apenas o papel de centro administrativo e 
económico, sem o predomínio residencial e a preponderância social que 
lhe cabe nos municípios urbanos. 
Entre duas das ordens poderia admitir-se uma outra, a dos municípios 
mistos, ou seja aqueles em que interesses agrários e interesses se 
misturam. 
Segundo o critério da população, os concelhos dividem-se em classes 
conforme o número de habitantes critério só por si deficiente, pois este 
elemento quantitativo não basta para dar carácter e individualizar um 
município. 
Segundo o critério fiscal, graduam-se as classes conforme as receitas 
ordinárias dos municípios, índice das suas possibilidades económicas e 
administrativas. 
A classificação dos concelhos pode revestir maior ou menor 
importância, consoante dispuser o direito positivo. Umas vezes a classe 
do concelho só influi na composição 
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99 
 
dos órgãos municipais; outras vezes a lei vai até ao ponto de estabelecer 
regimes jurídicos diferentes, quanto à organização, atribuições e 
competência para cada classe. Em algumas legislações, como em 
Espanha e nos Estados Unido, permite-se que cada concelho elabore o 
seu próprio foral, a sua carta, conforme entender mais 
convenientemente para estabelecer o sistema adequado às suas 
condições peculiares. 
A ordem dos municípios rurais depende, sobretudo, das indicações de 
dois factores a população e as possibilidades fiscais. Excepcionalmente 
se atende na primeira ordem a categoria administrativa da sede (capitais 
dos distritos). 
O legislador não surgiu pois, um critério puramente doutrinário e vê-se 
que não levou os princípios às suas últimas consequências, por ter de 
atender as outras considerações administrativas. Não figura na 
classificação legal a classe dos concelhos mistos, mas admite-se um 
regime administrativo que pode considerar-se misto quanto aos 
concelhos rurais com zonas de urbanização ou de turismo (praias 
estancias hidrológicas ou climatéricas de altitude, de repouso ou de 
recreio, monumentos ou lugares de nomeada). 
 
3.7.3. Atribuições Municipais 
O problema das atribuições municipais é dos mais delicados a resolver. 
Em princípio pertencem ao município todos os negócios (mas só esses) 
que digam respeito à comunidade de interesses determinada pela 
vizinhança. Assim, por exemplo, a administração dos bens comuns, a 
segurança de pessoas e bens, a assistência, a limpeza pública, a 
iluminação, o abastecimento de águas. 
Mas, em primeiro lugar, nos grandes núcleos populacionais já se torna 
muito difícil ir buscar a vizinhança como critério da comunidade de 
interesses. Há antes uma continuidade de espaço habitado que, porém 
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100 
 
exorbita com frequência dos limites convencionais do município ou 
cria interesses que as soluções de continuidade não quebram (caso dos 
núcleos suburbanos, dos dormitórios, citadinos, etc). 
Depois algumas dessas matérias podem, por via da evolução dos meios 
técnicos da sua resolução, transformar-se em objecto de interesses 
gerais; outras não cabem nas responsabilidades financeiras dos 
municípios; e há outras que não sendo por natureza municipais, o 
Estado entrega ao cuidado dos concelhos para maior eficiência dos 
serviços e comodidade do público. 
Torna-se pois extremamente delicado traçar a esfera de atribuições do 
município por via de uma definição ou (clausula geral). 
O princípio fundamental do direito municipal, neste ponto, é o de que 
os corpos administrativos só podem deliberar no exercício da sua 
competência e para realização das atribuições que expressamente lhes 
forem cometidas por leis. 
Quer dizer: não há negócios que por natureza, pertençam ao município; 
este só pode prosseguir os fins e interesses expressa e taxativamente 
enunciados na lei. Qualquer acto praticado por um corpo administrativo 
fora das atribuições municipais é juridicamente inexistente. 
Temos assim três sistemas de determinação das atribuições municipais: 
o chamado sistema da clausula geral que é o brasileiro, o sistema da 
enumeração taxativa que a lei portuguesa segue, e o sistema misto que 
consiste numa clausula geral segunda da enumeração exemplificativa, 
ou numa enumeração rematada por uma remissão “ em geral” para 
certo critério pelo qual em caso de duvida se decidirá. 
O inconveniente da cláusula geral é a incerteza na interpretação, que 
pode originar frequentes conflitos entre o município e outras entidades 
públicas. Para obviar a esse defeito, o IV Congresso Hispano-Luso –
Americano de municípios, realizado em Barcelona em 1967, 
preconizou que em caso de duvida relativamente a um interesse 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
101 
 
peculiar do município, prevalecesse a competência deste. 
Julgamos, porém mais conveniente o sistema da enumeração taxativa 
seguidopelo direito português, embora com o risco de dificultar o 
progresso da vida municipal quando o legislador não ponha 
oportunamente a cargo dos concelhos alguma atribuição 
correspondente a novas necessidades colectivas. Todavia esse risco é 
bem compensado pela certeza das esferas de acção das várias entidades 
públicas. 
O código Administrativo de 1936-40 introduziu a distinção entre 
atribuições (interesses a realizar pela pessoa colectiva) e competências 
(poderes jurídicos conferidos aos órgãos para desempenho das 
atribuições). 
Há duas classificações legais de maior importância a ter em conta: uma 
atende ao objecto das atribuições, outra ao seu exercício. 
Quanto a objectivos o código distingue seis grupos de atribuições 
sendo: 
a) Administração de bens comuns e próprios do conselho; 
b) De fomento; 
c) De abastecimento público; 
d) De cultura e assistência; 
e) De salubridade pública; 
f) De polícia. 
Mas a classificação de maior interesse é a que se faz quanto ao 
exercício, em atribuições 
a) De exercício facultativo; 
b) De exercício obrigatório. 
As atribuições de exercício obrigatório constituem um encargo legal, de 
que os órgãos municipais têm de desonerar-se antes de quaisquer 
outras, pois o legislador considerou matérias que formam o seu objecto 
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102 
 
como mínimo necessário de funções a desempenhar pela administração 
do município. 
E como é natural que tal mínimo de funções varie, conforme a riqueza 
do concelho e as exigências do seu tipo social, resulta daí que o número 
e a natureza dessas obrigações variam com a classe e a ordem do 
concelho, e até dentro do mesmo concelho, consoante as zonas em que 
a competência da câmara tem que se exercer sejam urbanas ou rurais 
(caso das zonas de turismo). 
Esta obrigatoriedade é jurídica ou meramente programática? Se uma 
câmara abandonasse totalmente a realização de uma atribuição de 
exercício obrigatório poderiam ser arguidas de ilegais as deliberações 
que contemplassem atribuições de exercício facultativo. Mas esse 
abandono teria de ser total não bastando para haver ilegalidade alegar a 
insuficiente dotação , ou a incompleta realização, pois a extensão do 
cumprimento da atribuição é matéria discriminatória. 
A justificação da obrigatoriedade de certas atribuições é fácil: não faria 
sentido permitir aos municípios que preterissem as necessidades 
fundamentais (higiene, caminhos, abastecimento de águas, escolas, 
segurança etc) para darem preferência a iniciativas menus úteis ou até 
de simples carácter sumptuário, embora mais propicias a lisonjear a 
vaidade dos administradores e os olhos dos munícipes. 
 
3.7.4. Órgãos da Administração Municipal 
3.7.4. ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL 
OS órgãos da administração são segundo o código de 1940 
A- Comuns: 
a) O concelho municipal; 
b) A câmara municipal; 
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103 
 
c) O Presidente da câmara municipal. 
B- Especiais 
d) Juntas de turismo e comissões municipais de turismo; 
e) Comissões municipais de assistência; 
f) Órgãos municipais consultivos. 
 
a) Conselho Municipal-é uma Assembleia composta do 
presidente da câmara e de representantes. Esta assembleia tem 
carácter representativo, e da sua composição se depreende o 
conceito orgânico que o legislador forma de município, 
considerando, não como simples conjunto de indivíduos – 
cidadãos, mas como expressão orgânica da convivência de 
famílias agregadas. 
As funções do concelho municipal podem classificar-se em: 
- Função eleitoral, quando elege os vereadores; 
- Função moderadora, quando como fiscal da actuação do 
presidente da câmara municipal e dos vereadores, podendo requerer 
ao Governo inquérito aos actos daquele e revogar o mandato destes, 
de modo a manter o equilíbrio dos dois elementos (de nomeação e 
electivo) que compõem a câmara: 
Função orientadora e fiscalizadora ao estabelecer as regras gerais da 
acção administrativa e financeira da câmara, e ao pronunciar-se 
sobre as deliberações desta que careçam da sua aprovação para se 
tornarem executórias. 
O conselho municipal reúne ordinariamente duas vezes por ano e 
extraordinariamente sempre que for necessário. Tem mesa própria, 
mas é seu presidente o da câmara. Podem assistir às suas 
reuniões, por direito próprio, os vereadores; e os funcionários 
públicos ou municipais e os munícipes com reconhecida 
competência que sejam convocados pelo Presidente, mas só para 
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104 
 
fins de informação e consulta nas matérias em que forem peritos ou 
de que tenham conhecimento especial (Marcelo de Sousa in Código 
Administrativo art 24). 
b) Câmara municipal, é o órgão colegial de gestão permanente dos 
negócios municipais: é o corpo Administrativo do concelho. 
Compõem-se de um presidente nomeado pelo Governo, e de 
vendedores eleitos conselho municipal e cujo número varia com a 
classe e ordem dos conselhos. 
As funções camarárias são principalmente deliberativas. A 
execução das deliberações compete ao presidente da câmara, mas 
salvo nas grandes cidades, os negócios municipais podem ser 
distribuídos por pelouros, cada um dos quais é gerido por um dos 
Membros da Câmara (Presidente e vereadores), cabendo aos 
vereadores a preparação da execução das deliberações relativas aos 
pelouros, sem prejuízo dos poderes de direcção e coordenação do 
presidente (cod, art 58). 
c) Presidente da Câmara Municipal - O Presidente da Câmara é 
livremente nomeado pelo Governo, devendo ser escolhido, 
salvo circunstancias excepcionais , de entre os Munícipes do 
respectivo concelho-e, de preferência , vogais do conselho 
Municipal, antigos vereadores ou Membros das comissões 
Administrativos municiais ou diplomadas com um curso 
superior. 
Tem uma dupla função, a de chefiar a administração municipal, 
como órgão, embora nomeado, do conselho; e a de representar o 
Governo, como magistrado administrativo. O Presidente da câmara 
é simultaneamente órgão do Município e órgão do Estado. 
Serviços Municipais a preparação das deliberações e decisões dos 
órgãos municipais e respectiva execução correm por serviços 
burocráticos e técnicos: são os serviços municipais, que o Código 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
105 
 
distingue em secretaria, tesouraria e serviços especiais. 
Secretaria- A secretaria é o serviço por onde corre o expediente das 
câmaras, e o relativo à execução das deliberações camarárias e dos 
despachos e ordens do Presidente. 
Pode dividir-se em serviços ou Secções. 
O funcionário que a dirige é o chefe da Secretaria, mas os 
respectivos serviços são sempre do pelouro do presidente da 
câmara. 
Tesouraria compete-lhe a arrecadação das receitas a guarda de 
fundos e valores, o pagamento das despesas e quaisquer 
movimentos dos dinheiros do município. Está a cargo de um 
tesoureiro, que nos concelhos de pequena receita é o tesoureiro da 
fazenda Pública e nos outros um funcionário. 
 
3.8.0. Serviços Especiais 
Cabe esta designação aos partidos, médicos, médicos veterinários e 
outros existentes no concelho, as repartições instituídas para 
assegurar o exercício de determinado ramo das atribuições 
municipais que exija conhecimentos especializados de qualquer 
ciência ou arte e não se traduza em actividade económica, bem 
como os serviços de extinção de incêndios. 
A expressão partido é tradicional e designa hoje a função exercida 
em beneficio dos habitantes do concelho, por conta deste, mas sob 
a forma de profissão liberal. Quer dizer: o funcionário não deixa de 
exercer livremente a sua profissão, masrecebe um vencimento para 
o fazer dentro de certa área e aí atender gratuitamente os munícipes 
pobres. 
Quanto às repartições técnicas podem ser diversas (saúde e higiene, 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
106 
 
engenharia, arquitectura e contencioso. 
Os serviços de incêndios é um serviço de segurança pública, a cargo 
das autoridades policiais ou de corpos de bombeiros e para cujo 
desempenho podem ser requisitados os serviços e bens necessários, 
e ordenados até os indispensáveis sacrifícios de coisas e direitos. 
 
3.8.1. Os Serviços Municipalizados 
Além dos serviços municipais, podem as câmaras instituir com a 
aprovação dos respectivos conselhos municipais e do Governo, 
serviços municipalizados, isto é serviços públicos de interesse local 
explorados sob forma industrial por conta e risco dos municípios. 
Trata-se de empresas públicas cujo empresário é o município, 
embora essas empresas não tenham personalidade jurídica: são 
autónomas, mas estão integradas no concelho. As condições 
fundamentais prescritas para a municipalização resumem-se em que 
os serviços a instruir tenham: 
1. Por fim, satisfazer necessidades colectivas da população do 
concelho em relação as quais se verifique que: 
a) A iniciativa privada as não provê satisfatoriamente; 
b) Sejam de primacial importância para a colectividade; 
2. Organização autónoma, dentro da administração municipal e 
sob forma industrial (salvo autorização do Governo); 
3. Funcionamento económico, em benefício do público. 
As actividades que podem ser municipalizadas o código enumera as 
principais, relativas ao abastecimento de água, de energia eléctrica e de 
gás de iluminação; ao aproveitamento, depuração e transformação 
águas de esgoto, lixos, detritos e imundícies; à construção e exploração 
de mercados frigoríficos, balneários, lavadouros públicos e 
estabelecimentos hidroterapeuticos; comercialização de carnes verdes, 
higienização de produtos alimentares, 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
107 
 
nomeadamente o leite, e ao transporte colectivo de pessoas e 
mercadorias. 
Além destas, porém podem ser municipalizadas outras actividades 
quando circunstâncias especiais aconselhem o Governo a autoriza-lo. 
O processo de musicalização – para que uma actividade se converta em 
serviço municipalizado, o processo a seguir é: 
a) Elaboração prévia de um estudo económico, técnico e 
financeiro da empresa com o respectivo projecto; 
b) Deliberação da Câmara sobre este projecto favorável a 
municipalização; 
c) Sujeição da deliberação da câmara à aprovação do conselho 
municipal. 
 
 
3.8.2. Regime Financeiro das Autarquias 
A aprovação deste novo regime financeiro local prevêem-se um 
conjunto de princípios fundamentais que pretendem assegurar uma 
efectiva coordenação entre administração central e local no 
plano financeiro e contribuir para o controlo orçamental e para a 
prevenção de situações de instabilidade e desequilíbrio financeiro. 
 
Princípio da legalidade - A actividade financeira das Autarquias 
Locais exerce-se no quadro da constituição, da lei, das regras de direito 
da União Europeia e das restantes obrigações internacionais assumidas 
pelo Estado Moçambicano. São nulas as deliberações de qualquer órgão 
das autarquias locais que envolvam o exercício de poderes tributários, 
determinem o lançamento de taxas não previstas na lei ou que 
determinem ou autorizem a realização de despesas não permitidas por 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
108 
 
lei. 
 
Princípio da estabilidade orçamental - O princípio da estabilidade 
orçamental pressupõe, na aprovação e execução dos orçamentos, a 
sustentabilidade financeira das autarquias locais, bem como uma gestão 
orçamental equilibrada, incluindo as responsabilidades contingentes por 
si assumidas. As autarquias locais não podem assumir compromissos 
que coloquem em causa a respectiva estabilidade orçamental. 
 
Princípios da autonomia financeira - As autarquias locais têm 
património e finanças próprios, cuja gestão compete aos respectivos 
órgãos. A autonomia financeira das autarquias locais assenta, 
nomeadamente, nos seguintes poderes dos seus órgãos: a) Elaborar, 
aprovar e modificar as opções do plano, orçamentos e outros 
documentos previsionais, bem como elaborar e aprovar os 
correspondentes documentos de prestação de contas; b) Gerir o seu 
património, bem como aquele que lhes seja afecto; c) Exercer os 
poderes tributários que legalmente lhes estejam atribuídos; d) Liquidar, 
arrecadar, cobrar e dispor das receitas que por lei lhes sejam destinadas; 
e) Ordenar e processar as despesas legalmente autorizadas; f) Aceder ao 
crédito, nas situações previstas na lei. 
 
Princípio da transparência - A actividade financeira das autarquias 
locais está sujeita ao princípio da transparência, que se traduz num 
dever de informação mútuo entre estas e o Estado, bem como no dever 
de divulgar aos cidadãos, de forma acessível e rigorosa, a informação 
sobre a sua situação financeira. O princípio da transparência aplica-se 
igualmente à informação financeira respeitante às entidades 
participadas por autarquias locais e entidades intermunicipais que não 
integrem o sector local, bem como às concessões municipais e parcerias 
público-privadas. 
 
 
Princípio da solidariedade nacional recíproca - O Estado e as 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
109 
 
autarquias locais estão vinculados a um dever de solidariedade nacional 
recíproca que obriga à contribuição proporcional do sector local para o 
equilíbrio das contas públicas nacionais. Tendo em vista assegurar a 
consolidação orçamental das contas públicas, em situações 
excepcionais e transitórias, podem ser estabelecidos, através da Lei do 
Orçamento do Estado, limites adicionais à dívida total autárquica, bem 
como à prática de actos que determinem a assunção de encargos 
financeiros com impacto nas contas públicas pelas autarquias locais. A 
Lei do Orçamento do Estado pode determinar transferências do 
Orçamento do Estado de montante inferior àquele que resultaria das leis 
financeiras especialmente aplicáveis a cada submeter, sem prejuízo dos 
compromissos assumidos pelo Estado nas áreas da solidariedade e da 
segurança social. A possibilidade de redução depende sempre da 
verificação de circunstâncias excepcionais imperiosamente exigidas 
pela rigorosa observância das obrigações decorrentes do Programa de 
Estabilidade e Crescimento e dos princípios da proporcionalidade, do 
não arbítrio e da solidariedade recíproca, e carece de audição prévia dos 
órgãos constitucional e legalmente competentes dos subsectores 
envolvidos. 
 
Princípio da equidade intergeracional - A actividade financeira das 
autarquias locais está subordinada ao princípio da equidade na 
distribuição de benefícios e custos entre gerações, salvaguardando as 
suas legítimas expectativas através de uma distribuição equilibrada dos 
custos pelos vários orçamentos num quadro plurianual. O princípio 
implica a apreciação no plano da incidência orçamental, a apreciação, 
nomeadamente, dos investimentos aprovados, dos encargos com 
passivos financeiros, das necessidades de financiamento das entidades 
participadas pela autarquia, dos compromissos orçamentais e das 
responsabilidades contingentes, dos encargos explícitos e implícitos em 
parcerias público-privadas, concessões e demais compromissos 
financeiros de carácter plurianual, bem como da despesa fiscal, 
nomeadamente compromissos futuros decorrentes de isenções fiscais 
concedidas, pelos municípios. 
 ISCED CURSO: Administração Publica30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
110 
 
 
Princípio da justa repartição dos recursos públicos entre o Estado e 
as autarquias locais - A actividade financeira das autarquias locais 
desenvolve-se no respeito pelo princípio da estabilidade das relações 
financeiras entre o Estado e as autarquias locais, devendo ser garantidos 
os meios adequados e necessários à prossecução do quadro de 
atribuições e competências que lhes é cometido. A participação de cada 
autarquia local nos recursos públicos é determinada nos termos e de 
acordo com os critérios previstos no RFALEI (Regime Financeiro das 
Autarquias Locais e das Entidades Intermunicipais), visando o 
equilíbrio financeiro vertical (adequação dos recursos de cada nível de 
administração às respectivas atribuições e competências) e horizontal 
(correcção de desigualdades entre autarquias do mesmo grau 
resultantes, designadamente, de diferentes capacidades na arrecadação 
de receitas ou de diferentes necessidades de despesa). 
 
Princípio da coordenação entre finanças locais e finanças do 
Estado - A coordenação entre finanças locais e finanças do Estado tem 
especialmente em conta o desenvolvimento equilibrado de todo o País e 
a necessidade de atingir os objectivos e metas orçamentais traçados no 
âmbito. A coordenação referida no número anterior efectua-se através 
do Conselho de Coordenação Financeira, sendo as Autarquias Locais 
ouvidas antes da preparação do Programa de Estabilidade e 
Crescimento e da Lei do Orçamento do Estado, nomeadamente quanto 
à sua participação nos recursos públicos e à evolução do montante 
global da dívida total autárquica. Para efeitos do disposto no presente 
artigo, podem igualmente ser estabelecidos deveres de informação e 
reporte adicionais tendo em vista habilitar as autoridades nacionais com 
a informação agregada relativa à organização e gestão de órgãos e 
serviços das Autarquias Locais. 
 
Princípio da tutela inspectiva - O Estado exerce tutela inspectiva 
sobre as Autarquias Locais e as restantes entidades do sector local, a 
qual abrange a respectiva gestão patrimonial e financeira e só pode ser 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
111 
 
exercida segundo as formas e nos casos previstos na lei, 
salvaguardando sempre a democraticidade e a autonomia do poder 
local. Os orçamentos das entidades do sector local prevêem as receitas 
necessárias para cobrir todas as despesas, respeitando assim o equilíbrio 
orçamental, sendo apresentados anualmente e enquadrados num plano 
plurianual de programação orçamental (anualidade e plurianualidade). 
Os orçamentos das autarquias locais e das entidades intermunicipais 
compreendem todas as receitas e despesas de todos os seus órgãos e 
serviços sem autonomia financeira (unidade e universalidade). 
 
São admitidas pela RFALEI como excepções ao princípio da não 
consignação, as receitas provenientes de: 
 
a) Fundos comunitários; 
b) Fundo social municipal; 
c) Cooperação técnica e financeira; 
d) Empréstimos a médio e longo prazos para aplicação em 
investimentos ou contraídos no âmbito de mecanismos de recuperação 
financeira; 
Pode, excepcionalmente, ser inscrita no Orçamento do Estado uma 
dotação para financiamento de projectos de interesse nacional a 
desenvolver pelas autarquias locais, de grande relevância para o 
desenvolvimento regional e local, correspondentes a políticas 
identificadas como prioritárias, de acordo com os princípios da 
igualdade, imparcialidade e justiça. A RFALEI prevê ainda a 
possibilidade da concessão de auxílios financeiros em situações 
excepcionais, como as de calamidade pública (www. Portal 
autárquico). 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
112 
 
3.9.0. As Agências Doadoras Multilaterais e Bilaterais 
Um dos actuais debates no seio das organizações internacionais diz 
respeito à promoção da cooperação descentralizada. A criação dos laços 
directos entre um município e outra entidade local ( ou uma rede) com 
a atribuição directa de fundos a essa ligação, é a forma base utilizada 
por essas organizações para colaborar na cooperação intermunicipal. 
Nalguns casos, as associações nacionais de municípios funcionam 
como intermediárias, responsáveis pela selecção de projectos e 
distribuição de fundos. Podem também incluir uma ONG( Organização 
não Governamental), em parceria com uma entidade. 
Em termos de intervenção das agências doadoras multilaterais, 
destacam-se pela sua actuação, as seguintes: 
Organização das Nações Unidas 
No sistema das NU( Nações Unidas), existe vários Organismos 
e instituições que, directa ou indirectamente promovem a 
CIM(Cooperação intermunicipal), embora não exista uma 
política específica nesta matéria. 
O Secretariado não sendo um organismo financiador, exerce 
pressão política para a expansão de cooperação intermunicipal e 
organiza actividades nos Países em desenvolvimento para 
ajudar melhorar as suas capacidades de administração e gestão 
pública. 
 
O Banco Mundial 
Desenvolve programas de apoio a descentralização e às 
instituições e actores locais nos Países em desenvolvimento. 
Embora os municípios não possam solicitar financiamento 
directo para um projecto podem participar nestes programas 
associando-se aos organismos que são 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
113 
 
directamente abrangidos: ONG, associações de municípios, 
redes de cidades. 
 
 
 O Pnud 
Realiza estudos relativos a aspectos relacionados a 
descentralização e delegação de poderes ao nível local. 
 
A Unicef 
Funciona actualmente como um fundo para o desenvolvimento 
local, através da concessão de empréstimos em condições muito 
favoráveis a ONG e outras organizações da sociedade civil, 
municípios e empresários. Também recorre a CIM para atingir 
os seus objectivos relativamente as mulheres e à crianças. 
 
 
Organização Para Cooperação e Desenvolvimento 
Económico(OCDE) 
O comité de ajuda ao desenvolvimento (CAD) tem como função 
a coordenação e a promoção da eficiência da ajuda ao 
desenvolvimento, tendo criado recentemente um grupo ad-hoc 
dirigido ao desenvolvimento participado , que poderá ser um 
impulso à expansão da CIM. 
 
 
 
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114 
 
Banco Europeu da Reconstrução e 
Desenvolvimento(BERD) 
A sua actividade está mais dirigida para o desenvolvimento do sector 
privado na Europa central e oriental, estimulando o crescente 
envolvimento dos municípios nos projectos que financia. 
 
O Concelho da Europa 
Encoraja o envolvimento das Autarquias na cooperação N/S. 
Um dos últimos programas do Centro Norte –Sul, o “ Programa 
dialogo descentralizado “ tem como o objectivo prioritário o 
reforço do papel dos poderes locais e regionais, a promoção 
da cooperação descentralizada e a democracia local nas 
relações Norte-sul. 
 
União Europeia 
 A cooperação descentralizada e as actividades da CIM 
surgiram inicialmente nas Direcções Gerais da Comissão 
Europeia. Na Direcção Geral do Desenvolvimento (DGVIII) 
através da convenção de Lomé , a partir de 1990, incluída 
pela primeira vez a CIM e os Governos nacionais dos Países 
da ACP são adicionalmente encorajados a incluir cooperação 
descentralizada nos seus programas indicativos 
Nacionais(PIN) 
Frequentemente também, as agências bilaterais delegam os seus 
programas de CIM em Organizações intermédias como as 
Associações nacionais de municípios. Estas desempenham uma 
serie de funções adicionais na cooperação intermunicipal. Tendo 
em consideração a realidade das relações norte e sul em termos de 
CIM, as geminaçõescujo foco central 
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115 
 
são as actividades culturais e sociais surgem como inúteis. No seu 
lugar, os municípios aumentem cada vez mais a cooperação em 
aspectos específicos de cariz técnico e institucional. 
 
 
3.9.1. Participação : A Autarquia Parceira 
Cooperação Lusófona 
As Geminações com outros países são uma realidade. A independência, 
a história do poder local e o passado comum podem ajudar a definir os 
modos de cooperação. 
No âmbito das associações nacionais de municípios o papel da 
associação dos municípios tem se destacado na promoção das 
geminações na medida em que proporciona oportunidades de 
cooperação, colaboração entre os municípios. 
 
3.9.2. Áreas de Cooperação 
Formação de Quadros 
Neste domínio estão incluídas acções que visam, nomeadamente, o 
apoio por parte do Governo na realização de cursos de formação, 
seminários e sessões de formação técnica levados a cabo por 
municípios, Associações de municípios ou outras entidades com 
competência para o efeito, no sentido de promover a formação e o 
aperfeiçoamento profissional de quadros da Administração Local dos 
Países beneficiários, incluem-se também iniciativas que tenham como 
objectivo apoiar ao nível do material e equipamento, programa de 
alfabetização no âmbito do ensino Básico. 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
116 
 
3.9.3. Cultura e Património Histórico 
Nesta área inserem-se acções que visem essencialmente apoiar a 
recuperação do património arquitectónico na comunidade, 
nomeadamente a elaboração de estudos e projectos, obras de 
recuperação de imóveis de valor arquitectónico na comunidade e a 
Edição de meios que visem a promoção deste património. 
3.9.4. Infra-Estrutura, Saneamento Básico, Urbanismo e 
Ambiente 
Inserem-se neste domínio o apoia à elaboração de projectos e à 
execução de infra-estruturas, cujo objectivo seja a melhoria da 
qualidade de vida e bem-estar das populações, bem como o apoio à 
formação de técnicos destes países, a realizar melhor os serviços. 
Quadro 10: Geminações entre Moçambique e Portugal 
Moçambique Portugal Data do acordo 
Angoche Figueira da foz 31.07.97 
Beira Porto 
Seixal 
Coimbra 
Arganil 
18.11.98 
06.11.97 
23.06.97 
07.09.99 
Ilha de 
Moçambique 
Évora 15.09.97 
Inhambane Aveiro 
Oeiras 
10.02.93 
N.D 
 
3.10.0. Protocolos entre o ICP e a ANMP 
A partir deste protocolos o ICP (Instituto de Cooperação Portuguesa) e 
a ANMP (Associação Nacional dos Municípios Portugueses) 
acordaram um conjunto de 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
117 
 
procedimentos de modo a tornar mais eficaz todo o processo de 
planeamento e execução das acções de cooperação tendo sido 
acordadas as seguintes orientações de princípio. 
 Ser apoiado o transporte de material, preferencialmente ligado a 
projectos já em curso ou em vias de execução; 
 Serem apoiados os projectos e acções enquadradas nas 
prioridades estabelecidas no protocolo de cooperação 
MNE/ANMP( educação e formação de quadros, cultura, 
Património histórico, infra-estrutura s, saneamento básico, 
urbanismo e ambiente apoio em matérias e equipamento; 
 Estabelecer que o único interlocutor do ICP, no diálogo com as 
câmaras municipais portuguesas, fosse a ANMP, que deveria 
assumir sempre que possível o papel de coordenador. 
Assim em 1998, o encargo total do ICP com apoio à cooperação 
intermunicipal, contabilizou-se 3.240 contos, em que 10% coube as 
autarquias moçambicanas, consubstanciado no envio de diverso 
material para PALOP(bibliografia, material escolar , medicamentos e 
material cirúrgico, roupas , contentores de lixo, uma pá 
retroescavadora e uma betoneira) inseridos em projectos já em 
execução e enquadrados no âmbito entre o protocolo MNE e a ANMP. 
 
Quadro 11: Cooperação Intermunicipal com 
Moçambique 
Câmara 
Municipa
l 
Projecto/Acção Município 
Beneficiário 
Participação 
ICP(contos)
m C 
Câmara 
municipa
l (em 
contos) 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
118 
 
CM 
Coimbra 
Oferta de 500 
livros à 
Biblioteca 
municipal 
C.M Beira 140 N.d 
CM 
Figueira 
da foz 
Projecto de 
desenvolviment
o comunitário; 
formação de 
recursos 
humanos, 
análise técnico 
Administrativa 
das obras 
municipais 
concurso das, 
formação na 
área de dos 
planos 
municipais; 
formação de 
agentes de 
desenvolviment
o comunitário 
CM de 
Angoche 
N.d 3150 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
119 
 
CM . 
S.Comba 
Dao 
Projecto de 
recuperação de 
sistema de 
captação de 
bombagem de 
água para 
abastecimento; 
apoio á escola 
primária, 
recuperação de 
casa do 
concelho de 
santa Comba 
dao 
Administraçã
o Distrital de 
Namaacha 
N.D 53000 
CM Maia Envio do 
material Básico 
CM Nampula 190 0 
Fonte: Direcção de serviços sócio culturais do, ICP,2000 
 
Dando sequência ao processo de melhoramento de toda a coordenação, 
o ICP, em 1999, mesmo sem verbas inscritas no seu orçamento para a 
cooperação intermunicipal, passou a analisar os projectos dos 
municípios com maior rigor e a sensibilizar tanto a ANMP como as 
câmaras para um melhor planeamento dos projectos 
O plano integrado de cooperação portuguesa aprovado conjuntamente 
com o orçamento de estado para o ano de 1999, veio criar condições, 
face às novas orientações estratégicas definidas para a cooperação, para 
o reforço da cooperação intermunicipal indo ao encontro da proposta do 
ministério dos negócios estrangeiros e da cooperação com Moçambique 
no sentido de dar apoio. 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
120 
 
3.10.1. Na Área de Educação e Formação de Quadros 
 Bolsas para acções de formação no âmbito da administração 
local e da Administração autárquica; 
 Formação e aperfeiçoamento profissional de quadros da 
Administração local, fundamentalmente através da frequência 
de cursos, seminários, sessões de informação técnica e 
realização de estágios; 
 Apoio na realização de estudos e projectos sobre assuntos 
relevantes no poder local a empreender em Moçambique, 
organização e reorganização das estruturas do poder local e a 
troca de experiência e informação de natureza Técnico 
Administrativa; 
 Acções de formação de formadores nas matérias concernentes a 
administração local. 
 
3.10.2. Na Área de Infra-Estrutura, Saneamento Básico, 
Urbanismo e Ambiente 
 Apoio ao estudo e execução de infra-estruturas, cujo objectivo 
seja a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar das 
populações; 
 Apoio à formação de técnicos, a realizar em Moçambique em 
áreas a definir. 
 
3.10.3. Na Área de Apoio em Materiais e Equipamentos 
 Acções que visem o envio de materiais e ou equipamentos 
directamente relacionados com áreas referidas. 
Assim em 1999,refeletindo a crescente importância da cooperação 
intermunicipal indo ao encontro dos 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
121 
 
desejos manifestados pelas autoridades moçambicanas, o apoio a 
este tipo de projectos aumentou aproximadamente cinco vezes 
mais, atingindo os 33 mil contos distribuídos por 16 acções e 
projectos. Pode-se assim constatar houve de 1998 para 1999 uma 
evolução extremamente positiva tanto ao nível dos montantes 
desembolsados quanto ao nível da qualidade de cooperação 
portuguesa, a ANMP passou a levar em conta algumas das 
recomendações do ICP e as câmaras começaram a trabalhar no 
domínio dasprioridades da cooperação para o desenvolvimento e 
papel do coordenador do MNE através do ICP. 
 
Quadro 12: Cooperação Intermunicipal com 
Moçambique -1999 
Câmara 
Municip
al 
Projecto/Acçã
o 
Município 
Beneficiário 
Participaçã
o ICP(em 
contos) 
Câmara 
Municip
al (em 
Contos) 
C.M 
Loures 
Envio de 
equipamento 
de 
saneamento 
básico 
C.M da 
Matola 
7750 36000 
ANMP Seminário 
Cooperação 
Descentraliza
da Portugal -
Moçambique 
Municípios 
Moçambican
os 
5500 5500 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
122 
 
CM de 
Cascais 
Envio de de 
material e 
equipamento 
administrativo 
diverso 
CM de Xai-
Xai 
295 N.d 
CM 
Santa 
Comba 
dao 
Envio de duas 
viaturas 
(ambulância e 
pronto 
socorro) 
Administraçã
o Distrital de 
Namamacha 
875 
CM 
Sintra 
Festa da 
língua 
portuguesa 
Sintra 
CPLP 2500 
 
 
3.11.0. Outras Instituições 
Não se deve deixar de mencionar algumas outras instituições que 
actuam na área de cooperação descentralizada, para além das 
autarquias locais. 
Deste modo, a união das cidades capitais luso Africanas – América-
Asia.(UCCLAA, assume-se como uma das grandes organizações de 
cooperação no espaço lusófono. Tendo sido criada em 1985, a 
UCCLA desenvolve actividades de cooperação intermunicipal nas 
áreas de formação, cultura, saúde , equipamento e infra-estrutura e 
relações institucionais internacionais através do estabelecimento 
das geminações e acordos de cooperação entre as 15 capitais 
membros. 
 Também a direcção a Direcção-geral da Administração Autárquica 
(DGAA), tem desenvolvido acções de cooperação directamente 
ligadas com o poder local nos PALOPs 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
123 
 
concretizadas através da formação profissional, assistência técnica 
intercambio de formação, documentação e acções de consultoria. 
 
3.11. 1. Análise da CIM com Moçambique 
O grau de institucionalização das actividades de cooperação num 
município depende do modo como é tratado pela administração 
municipal. Na verdade, como excepção de alguns municípios 
(normalmente com centros urbanos importantes), a tendência para a 
profissionalização é ainda muito baixa, não existindo nem linhas 
orçamentais próprias nem gabinetes de relações internacionais, nem 
envolvimento com sociedade civil. 
As acções de cooperação intermunicipal com maior incidência são os 
serviços e as infra-estruturas sociais (educação, saúde abastecimento de 
agua e saneamento, etc). Também a oferta de material (desportivo, 
escolar, de Secretaria, medicamentos e material medico, contentores 
entre outros e atribuição de bolsas de estudo em instituições de ensino 
principalmente superior) são acções muito frequentes, bem como apoio 
na área de urbanismo e infra-estruturas económicas (pontes, estradas, 
portos, caminhos de ferro, iluminação publica e ajuda alimentar e de 
emergência. 
De acordo com os quatro pilares estabelecidos pela OCDE, já aqui 
identificados verifica-se que grande parte das autarquias que cooperam 
com Moçambique canaliza as suas actividades para assistência directa à 
redução da pobreza e no desenvolvimento participativo, em detrimento 
das questões ambientais e da paridade homens/mulheres. 
Também a cooperação económica começa a surgir não só através do 
envolvimento dos empresários na contribuição para ajuda ao município 
geminado, mas também na sua inclusão nas comitivas para analisar no 
local eventuais investimentos. Esta tendência é muito evidente nas 
geminações com as autoridades locais de Moçambique, devido às 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
124 
 
potencialidades de investimento neste país. 
Também o envolvimento das ONG na CIM pode ser analisado através 
dos apoios que os municípios prestam a estas organizações, quer 
através do co-financiamento de projectos e/ ou acções de cooperação, 
nomeadamente a realização de estudos sobre a cooperação 
descentralizada e o papel dos municípios na ajuda ao desenvolvimento. 
Por outro lado, os municípios podem apoiar e/ ou envolver-se em 
eventos e acções promovidos pelas ONG e que o cruzem, directa ou 
indirectamente, com a CIM. 
Da análise da maioria das acções e projectos de desenvolvimento os 
municípios portugueses e moçambicanos, no âmbito dos respectivos 
protocolos de geminações é possível identificar áreas de intervenção, 
cujo objectivo é não só aumentar o nível do bem-estar das populações 
envolvidas, mas também a qualidade de vida das mesmas mas, 
contribuído assim para a redução dos níveis de pobreza e para uma 
maior proximidade entre Portugal e Moçambique. Assim, as áreas de 
maior intervenção são as seguintes: 
 Agricultura e pescas; 
-Formação agrária e de pessoal ligado às pescas; 
-Formação em matéria de gestão do meio ambiente. 
 
 Cultura, Juventude e desportos; 
-Investigação cultural; 
-Cooperação a nível da Biblioteca; 
-Recuperação do património histórico. 
 
 Industria, comércio e turismo; 
-Formação em gestão empresarial para os agentes económicos; 
-Desenvolvimento do turismo. 
 
 Obras Públicas e Habitação 
- Construção; 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
125 
 
- Saneamento e gestão ambiental; 
Cooperação a nível de estradas. 
 
 Saúde 
- Construção e reabilitação de estruturas; 
- Saneamento básico e salubridade; 
Programas de estudo e combate ao sida. 
 
 Administração 
- Formação de quadros da administração; 
-Gestão de serviços urbanos; 
-Planeamento físico; 
Gestão financeira e patrimonial. 
 
De referir, ainda que todos estes projectos implicam intercâmbios, 
estágios, concessão de bolsa de estudo e formação em Portugal e em 
Moçambique, assumindo no conjunto a maior representatividade no 
contexto da cooperação intermunicipal. Embora estes sejam subjacentes 
ao estabelecimento de geminações e /ou protocolos objectivos como a 
troca de experiências para a resolução de problemas idênticos e a 
promoção de trocas económicas, analise das actividades empreendidas 
mostra um predomínio de acções unilaterais de ajuda ao 
desenvolvimento e/ ou ajuda humanitária e emergência. 
Até ao inicio do ano 2000, existiam como se pode constatar, muitas 
acções isoladas realizadas no âmbito dos protocolos de geminações. 
Como o acordado em sede Grupo de Missão para a gestão do programa 
de cooperação intermunicipal tipo de acções de cooperação deve-se 
inserir, como uma das suas componentes num projecto integrado de 
cooperação. Toda via, já em 2000 foram detectadas mais acções 
isoladas, mas que dado o cariz iminentemente humanitário dos seus 
objectivos e a título excepcional, as mesmas foram consideradas. 
Pode-se concluir que a CIM para o Desenvolvimento com Moçambique 
neste aspecto muito recente no poder 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
126 
 
local português, encontrando-se, toda via, numa fase de incremento 
com uma significativa heterogeneidade de situações. Há quem tem com 
Moçambique um grande dinamismo e capacidade organizacional, ainda 
se registam acções de cooperação de forma improvisada. 
Nesta analise também podem ser salientadas as complicações 
financeiras e burocráticas, tanto da parte Moçambicana como 
portuguesa, bem como ainda fraco empenho politico que restringe as 
potencialidades deste tipo de cooperação e de relacionamento entre as 
populações, ao qual não é alheia a distância dos dois países. 
Ainda neste âmbito, os municípios enfrentam um dilema que se 
caracteriza por uma realização de esforços para a sua afirmação e 
legitimidade, portanto, o reforço institucional (criação de recursoshumanos, matérias e financeiros e a exigência para a realização de 
empreendimentos que resolvam de imediato os problemas das 
comunidades locais. 
 Outro aspecto que merece menção no balanço é o relacionamento entre 
os municípios e o governo provincial e central. A legislação autárquica 
preconiza a tutela administrativa, patrimonial e financeira do estado 
sobre as autarquias locais moçambicanas. A nível central são órgãos 
tutelares os Ministérios de Administração Estatal e do Plano e fianças. 
Deste modo, a escassez da regulamentação específica sobre os 
mecanismos práticos de relacionamento e a delegação de competências 
aos Governadores provinciais na matéria tutelar cria disparidade na 
base de varias iniciativas locais. 
Já no que diz respeito ao relacionamento com a sociedade civil, os 
municípios moçambicanos têm a registar o mérito de estarem a alcançar 
níveis desejados de bom relacionamento com as associações de 
cidadãos, instituições religiosas, associações económicas e culturais 
que prometem contribuições e participações nos programas para o 
desenvolvimento dos municípios. Afigura-se na possibilidade de 
criação de uma estrutura junto do governo que se assegure de 
assistência técnicos financeira e administrativas dos municípios a vários 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
127 
 
níveis. Neste âmbito, a concretização da associação nacional dos 
municípios de Moçambique, contribuirá para a cooperação , 
promoção da defesa , dignificação e representação do poder local de 
Moçambique. 
Quanto ao impacto directo da cooperação intermunicipal Portugal-
Moçamabique no combate à pobreza são necessários melhoramentos 
na adopção de estratégias de desenvolvimento económico , social , 
cultural dos municípios que deve contemplar a capacitação 
institucional dos órgãos eleitos. Todavia, tem contribuído para 
aumentar os níveis de bem-estar e melhoria de condições de vida das 
populações locais. 
Se a primeira vista pode e deve existir uma complementaridade entre os 
vários níveis de poder, a competição entre eles é enorme. As tensões 
são constantes dado que descentralizar significa também ceder poder e, 
muitas vezes, a transferência de competências não é acompanhada 
pelos necessários recursos inviabilizando, na prática a assunção dessas 
competências. Também por esta via a CIM tem um importante papel a 
desempenhar. 
 
3.11.1.Opercionalização da CIM 
O fracasso das estratégias de desenvolvimento tradicionais teve a ver, 
entre outros com o facto da ajuda ao desenvolvimento passar 
frequentes vezes ao lado das origens, e como tal das soluções , das 
desigualdades estruturais, e por o próprio impacto global da ajuda ter 
sido negligenciado. Por outro lado, muitas das relações N/S 
caracterizam-se pelo paternalismo. A mudança de atitude é, por isso 
necessária e a cooperação descentralizada procura ser uma das vias. 
Porém , a debilidade dos parceiros do sul e a falta de auto-refelexação 
no norte, entre outros factores , tem impedido mudanças significativas 
nas práticas . 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
128 
 
A CIM é muitas vezes designadas por Cooperação descentralizada . No 
entanto, e embora esta seja a posição do Banco Mundial, que define 
cooperação internacional descentralizada como sendo uma parceria 
formal entre autoridades locais em diferentes Países que se 
comprometem num programa de intercâmbio e colaboração com 
objectivo de melhorar as circunstâncias sociais e económicas das suas 
respectivas comunidades e potenciando as habilitações e competências 
dos parceiros envolvidos, esta definição poderá ser excessivamente 
redutora e discriminatória em relação a outros actores. E isto porque se 
a letra cooperação descentralizada significa cooperação não 
centralizada, então está-se perante uma cooperação exercida também 
por outros actores que não as autoridades centrais. 
Esta é aliais, a visão da União Europeia que aquando da 
institucionalização da cooperação descentralizada no âmbito da IV 
convenção de Lomé, elegeu como actores da cooperação 
descentralizada “ os poderes públicos descentralizados, os 
agrupamentos rurais ou citadinos , as cooperativas , os sindicatos, os 
estabelecimentos de ensino e de investigação , as organizações não 
governamentais e outras associações , agrupamentos e entidades 
capazes e desejosos de contribuir , pela sua própria iniciativa , para o 
desenvolvimento dos Estados. 
Assim neste contexto a cooperação intermunicipal é uma forma de 
cooperação descentralizada na qual os municípios assumem eles 
próprios a tarefa de participação activa nos processos de 
desenvolvimento. 
Deste modo entende-se por cooperação intermunicipal ou cooperação 
autárquica o estabelecimento de relações entre duas ou mais 
comunidades e onde os principais actores são os municípios ou seus 
equivalentes de acordo com a organização administrativa dos diferentes 
Países. Nestas relações entre parceiros podem envolver-se outros 
actores, tais como ONG, outras organizações da sociedade civil, 
associações empresariais/Industriais. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
129 
 
Entre as partes envolvidas são definidas, numa relação de igualdade, a 
natureza e o carácter do seu relacionamento. A natureza dos contratos 
celebrados é variada as geminações, os protocolos / acordos de 
colaboração / cooperação e as redes são um exemplo. Todos eles 
podem ser classificados como cooperação descentralizada, embora este 
seja um conceito mais amplo e ainda não haja um consenso no sentido 
operacional do termo. De facto, esta-se numa fase de identificação de 
um conceito que está na moda e no qual cabe tudo o que o 
programatismo de quem o utiliza dita. 
Apesar das limitações , a cooperação descentralizada começa a surgir 
como uma área importante na agenda da comunidade doadora 
internacional a qual está (pelo menos ao nível do discurso) disposta 
aumentar o volume de recursos para esse efeito 
Do que acaba de ser exposto, decorre que a CIM pode e deve ser 
considerada como uma forma de cooperação descentralizada. A sua 
concretização é feita através de variados programas , projectos e 
actividades, por diferentes actores que operam ao nível local nacional 
ou internacional usando várias estruturas Organizacionais. 
 
3.11.3. Conteúdo da CIM 
O envolvimento inicial entre os municípios de vários países tinha 
subjacente uma filosofia diferente da actual que a evolução recente veio 
enriquecer. Um dos aspectos que actualmente marca a agenda 
internacional é a questão do ambiente, a par do incremento das 
incapacidades institucionais (capacity building). Esta necessidade tem 
conduzido ao desenvolvimento de programas técnicos e de 
administração especificamente destinados a aumentar as capacidades 
dos poderes locais e a qualidade dos serviços municipais. Ela tem 
merecido atenção não só das agências oficiais de ajuda ao 
desenvolvimento mas também dos municípios envolvidos em 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
130 
 
actividades de cooperação internacional. 
Os intercâmbios tradicionais privilegiavam três áreas: Educação, 
Desporto e cultura. Actualmente para além destas outros domínios 
integram a CIM, nomeadamente, a saúde, o ambiente, a gestão e a 
administração municipal, o urbanismo e as infra-estruturas, numa 
tentativa de encontrar melhores soluções para os problemas idênticos. 
Também na lista das actividades desenvolvidas pelos municípios em 
matéria de cooperação há que referir o combate a pobreza, os 
intercâmbios profissionais e culturais do desenvolvimento social, a 
assistência técnica a formação profissional,a promoção da mulher e 
num menor número de casos ajuda humanitária. 
No que diz ao financiamento para a concretização destas actividades, os 
municípios recorrem não só ao aos fundos próprios, mas também as 
campanhas públicas de angariação a donativos privados e a 
contribuições das agências oficias de cooperação. 
 
3.11. 4. Formas da CIM 
As Geminações são uma via privilegiada de implantação da CIM e 
como tal da cooperação descentralizada. Neste trabalho são entendidas 
como parcerias permanentes, formalizadas mediante acordos entre as 
partes reconhecidas oficialmente entre dois ou mais municípios e que 
promovem a troca de conhecimento e de experiências podendo 
envolver diferentes sectores da sociedade civil. (Associações, ONG, 
outras organizações). 
A relação de geminação consiste em promover relações de amizade, 
intercâmbio e apoio mútuo. Embora muitas não passem de acto formal, 
as potencialidades quanto à sua utilização enquanto canais de 
cooperação são grandes. Através delas podem-se desenvolver acções 
conjuntas, apoiar os parceiros do sul em questões que são rotineiras 
para os municípios de Países desenvolvidos mas que exigem um 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
131 
 
considerável esforço no do sul ( infra-Estruturas básicas, abastecimento 
de agua, recolha e tratamento de resíduos etc). Podem constituir 
plataforma de intercâmbio cultural entre as associações e/ou escolas, 
possibilitar o envio de voluntários e o estabelecimento de convénios 
com ONG, através delas pode-se promover a educação para 
desenvolvimento aumentando a consciência pública sobre a 
interdependência. 
As geminações tem sabido adaptar-se aos ventos das mudanças 
internacionais e evoluir de actividades culturais e de solidariedade para 
actividades mais complexas que podem ser combinadas com interesses 
comerciais e políticos e de ajuda ao desenvolvimento. Recentemente 
por exemplo e intimamente ligada à relações internacionais e do papel 
do poder local em muitos Países, as geminações tendem a evoluir para 
o estabelecimento de trocas económicas entre municípios. 
A origem das parcerias pode ter fontes diversas, pois tanto pode ser o 
resultado de um acordo formal como pode ser o culminar de um longo 
percurso conjunto assinado apenas para oficializar as relações. 
Não se pode dizer que haja o predomínio de motivos que conduzem ao 
estabelecimento deste tipo de relações, variando desde tipo de situações 
acidentais a uma programação cuidadosa, sendo esta a forma mais 
comum. A primeira vaga de geminações N/S esteve ligada a acção de 
ONG, das associações locais ou a indivíduos transformando os laços 
existentes numa relação oficial de modo a assegurar a sua continuidade, 
melhorar o acesso aos financiamentos e ou desenvolver novas atitudes. 
Apresenta-se de seguida algumas das motivações para a formalização 
das relações entre os municípios: 
1. Politicas - muitos municípios participam na CIM por razões de 
ordem política ou compromisso com aspectos globais; 
 
2. Humanitária - reflexo da reacção perante situações de miséria e 
de dificuldades; 
3. Económicas – a procura do lucro, através do alargamento das 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
132 
 
relações comerciais; 
4. Técnicas - muitas vezes, os Países procuram este tipo de 
geminações para ultrapassar o fosso tecnológico e para aceder a 
financiamento exteriores, assistência técnica e know-how; 
5. Interesses humanos, -na Base desta motivação esta muitas vezes 
o interesse por outras culturas e estilos de vida; 
6. Razões étnicas presença de minorias étnicas numa dada 
comunidade pode motivar o envolvimento de um município na 
CIM; 
7. Proximidade geográfica língua, problemas ambientais idênticos. 
De um modo geral, a vontade de envolvimento dos municípios em 
actividades de cooperação e em geminações passa pela escolha dos 
parceiros nomeadamente, as semelhanças, demográficas geográficas, 
laços históricos e/ ou culturais. 
Outro dado importante é que a cooperação intermunicipal pode também 
ser concretizada através de protocolos de colaboração. Estes dada a sua 
natureza mais especifica, dão normalmente lugar à transferências de 
conhecimento, realizada ao nível de cooperação técnica, tirando partido 
do desenvolvimento das capacidades e põe um forte envolvimento do 
município e dos seus serviços técnicos especializados. Diz respeito a 
formação dos Recursos Humanos em áreas específicas como sejam o 
saneamento (recolha e tratamento de resíduos, luta contra a poluição), 
os transportes urbanos, a qualidade de vida, a reabilitação do 
património imobiliário, a gestão municipal, etc. As intervenções dos 
técnicos fazem-se ao nível dos estudos preliminares, da elaboração dos 
projectos da formação do pessoal e da transferência de tecnologias. 
Um outro tipo de protocolo tem a ver com as transferências de 
conhecimento em domínios mais teóricos, ligados à elaboração de 
políticas locais. 
Pela sua natureza é frequente a assinatura simultânea de protocolos de 
colaboração /cooperação aquando do acto da geminação, o inverso já é 
menos frequente ou seja podem existir protocolos de colaboração que 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
133 
 
ainda não deram lugar a acordos de geminação. 
 
3.11.5. A CIM nas Relações Internacionais 
A rápida evolução das relações internacionais na última década com o 
crescente fosso N/S, entre outros factores fez emergir movimentos na 
sociedade civil, nomeadamente, com a criação de muitas ONG, 
associações locais e mesmo departamentos internacionais dentro dos 
municípios, nos anos 70, 80, com o objectivo de influenciar 
directamente as relações N/S, através de acções de sensibilização e de 
educação para o desenvolvimento. 
Ao mesmo tempo, foram tendo lugar conferencias para debate do papel 
dos municípios e das ONGs na cooperação para o desenvolvimento 
sendo exemplo disso a federação mundial das cidades unidades e vilas 
geminadas (MMCU-VG) e a união internacional das autoridades locais. 
Ambas foram importantes para a emergência do movimento das 
geminações. 
A primeira conferencia internacional cidades na cooperação para o 
desenvolvimento, em Florença (1983), ONDE SE DISCUTIU a 
participação dos municípios nas actividades de cooperação. Em 
consequência deste debate, constitui-se um consórcio internacional de 
cooperação de Associações municipais e ONG. 
Em 1985 realizou-se em colónia a primeira conferência europeia sobre 
as cidades o desenvolvimento que deu mais tarde à declaração de 
colónia, a qual dirigida ao municípios e as ONG, incita a 
desenvolverem acções conjuntas e a participarem de uma forma mais 
activa na ajuda ao desenvolvimento e à cooperação, tirando partido de 
toda a sua variedade de recursos e capacidades contribuindo por essa 
via a para a mudança de relacionamento entre o norte e o sul. 
Centrada nas cidades e no desenvolvimento, a declaração de Colónia 
marca uma nova abordagem no quadro da descentralização da 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
134 
 
cooperação N/S, pois coloca a ênfase na cooperação das ONGD e das 
cidades e atribui um importante papel as comunidades rurais. 
 Todavia, dado o estado embrionário da cooperação municipal, as 
intenções da declaração não surtiam os efeitos desejados. 
Em 1988, o Conselho da Europa promoveu a conferência sobre a 
interdependência e solidariedade, em Madrid, recomendando a 
cooperação descentralizada. 
Em 1990, no Zimbabwe, é dado novo alento cooperação intermunicipal 
N/S, com a realização da conferência internacional Norte-Sul de 
trabalho conjunto para o desenvolvimento, da qual resultou a 
declaraçãode Bulawayo entusiasticamente recebida em África. 
Em Marco de 1992, teve lugar na Índia uma conferência semelhante à 
de Colónia de onde surgiu a declaração de SEVAGRAM , que chama 
atenção para a necessidade de uma maior justiça na índia através da 
actuação local. 
Em Outubro de 1992, teve lugar em Berlim, uma conferência sobre as 
iniciativas locais para o desenvolvimento sustentável, da qual saiu a 
carta de Berlim – Juntos para o desenvolvimento sustentável e um 
relatório analítico sobre aspectos significativos para as organizações 
locais. 
Em 1995, realizou-se em Haia a conferência relativa ao tema um 
mundo municípios: A forma local de inovar na cooperação 
internacional. a promoção da compreensão deste fenómeno a melhoria 
da qualidade de cooperação internacional entre os municípios, o 
reconhecimento da CIM como uma importante contribuição para a 
cooperação descentralizada e incentivar outros municípios a envolver 
se em neste tipo de relacionamento foram alguns dos objectivos da 
reunião. 
Uma também importante forma de cooperação do desenvolvimento 
direccionado para os poderes e populações locais é a cooperação sul/sul 
através da disseminação de 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
135 
 
experiências entre municípios do sul, ainda que existam ainda poucos 
exemplos deste tipo de colaboração. O seu sucesso e incremento inicial 
parece ser facilitado pela intervenção de uma terceira parte, sejam eles 
os doadores bilaterais ou multilaterais, as ONG ou outros municípios. 
Paralelamente à realização destas conferências foram surgindo outras 
formas de promoção do envolvimento dos municípios em aspectos mais 
globais, que passaram a acompanhar temas como a Paz, direitos 
humanos e ambiente. 
 
3.11. 6. Potencialidades e Limitações da CIM 
Entre as potencialidades que a CIM apresenta, destaca-se desde logo , a 
função de educação para o desenvolvimento , ao potenciar a 
consciência pública sobre a interdependência Norte/Sul e a sua 
compreensão em relação a outras sociedades e culturas. Do mesmo 
modo, pode servir de mecanismo de pressão institucional, ao focalizar-
se na desigualdade das relações entre as diversas partes do mundo e 
para a necessidade urgente de uma maior equidade e solidariedades 
internacionais. 
Ao criar ligações entre poderes locais e ao proporcionar o envolvimento 
das sociedades, pode contribuir para aumento das trocas da amizade da 
valorização cultural e, ao mesmo tempo estimular a emergência da 
sociedade Civil do Sul. Ao ter um melhor conhecimento das carências 
económicas e sociais de uma sociedade menos desenvolvida, as 
geminações poderão atenuar e contrariar os efeitos dos programas de 
ajustamento estrutural do fundo monetário internacional por vezes 
verdadeiras terapias de choque. 
Dados os problemas que se colocam ao poder local em África, 
nomeadamente em termos de eficiência administrativa, escassez de 
recursos humanos capacitados e ausência de instituições efectivas, a 
politica de ajuda ao desenvolvimento tornou-se um instrumento 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
136 
 
importante em termos de formação e de desenvolvimento dos recursos 
humanos locais e de capacitação administrativa no fortalecimento das 
instituições locais. 
Se bem que o poder local é apenas um dos aspectos a equacionar no 
desenvolvimento de um País, há, todavia, todo o interesse na 
descentralização e liberalização em curso nos Países em 
desenvolvimento, bem como no fortalecimento do poder local e 
regional. Como consequência da globalização e directamente 
relacionada com a reavaliação do papel do estado no processo de 
desenvolvimento, há em muitos Países Africanos um reconhecimento 
de que as questões do desenvolvimento local não podem ser 
equacionadas apenas através de iniciativas do Governo central. Trata-se 
aqui da aplicação prática do princípio da subsidiariedade. 
As geminações poderão também ser um importante veículo de partilha 
de conhecimento s, experiencias e assistência técnica, com o intuito de 
aumentar a capacidade de gestão, diminuir os custos de realização e 
aumentar o rendimento. As relações profissionais entre organismos que 
exercem actividades semelhantes têm a vantagem de serem 
complementares e poderem evoluir ao longo do tempo. Ao mesmo 
tempo, a longa duração da geminação permite o aprofundamento das 
relações interpessoais, característica que os outros tipos de cooperação 
não permitem. Por outro lado permite a criação de comunidades 
participativas e também um dos aspectos fundamentais da CIM, ao 
assegurar a manutenção de uma dimensão humana nas relações de 
cooperação. 
Contudo, se as potencialidades são enormes, existem inúmeros 
obstáculos que se deparam aos municípios no desenvolvimento das 
suas actividades de cooperação. Os constrangimentos à expansão da 
CIM são mais internos do que externos, resultam de factores endógenos 
e exógenos. Sem dúvida alguma que a maior limitação está relacionada 
com os recursos financeiros e humanos e com a pouca autonomia local. 
Muitas vezes para contornar este problema recorre-se a um terceiro 
parceiro, que muitas agências doadoras 
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137 
 
já finariam a alguns programas de cooperação intermunicipal, 
aumentando, deste modo, tanta capacidade financeira como os recursos 
humanos. 
Todavia, este é ainda um processo embrionário, onde os mecanismos de 
incentivo e apoio à concretização de acções são incipientes, contribuído 
para uma sobrecarga dos orçamentos municipais. 
Outro grande obstáculo relaciona-se com a inexistência de capacidades 
por parte do poder local e regional e pelo fraco envolvimento da 
sociedade civil. De facto, no Sul, existe uma tensão permanente entre 
os planos nacional e local, traduzida numa grande competição. Por 
outro lado, a legitimidade destes poderes decorrentes do poder central, 
tratando-se mais de uma desconcentração do que de uma 
descentralização político-administrativa, agravada pela ausência de 
quadros e de parceiros capazes de empreender acções de cooperação 
inseridas em estratégias de desenvolvimento mais vastas. 
Contudo décadas de desenvolvimento planeado e assistência 
conduziram à inevitável conclusão de que o desenvolvimento 
económico por si só, não trará um desenvolvimento equilibrado e 
sustentável. Durante muito tempo, o enfoque no aspecto económico 
significou a exclusão de factores políticos, sociais e ambientais e 
culturais contribuindo para que perante o aumento dos níveis de 
pobreza e a rápida degradação ambiental, se consolidasse cada vez mais 
a ideia que o desenvolvimento deve ser centrado nas pessoas, a riqueza 
equitativamente distribuída e ambiente cada vez mais saudável. 
 
3.11.7. O Desenvolvimento Local – As Novas 
Autoridades 
A incidência dos factores anteriormente descritos é naturalmente 
diferente na Europa e ou em África, mas o que é inegável é que aqueles 
factores encontram-se em todos os recantos desta aldeia global. Este 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
138 
 
enquadramento permite obter uma multiplicação, em todos os 
continentes em vários Países com contornos e resultados diferenciados, 
de incitativas, processos e experiências comunitárias designados 
normalmente por desenvolvimento local. 
São iniciativas e projectos que procuram responder a necessidades 
locais, e tem encontrado respostas globais nomeadamente através 
de: 
 Fórmulas locais de regulação social, económica, politica, 
etc. 
 Mobilização das capacidades e recursos locais de forma 
integrada; 
 Utilização de rede de solidariedade e identidades locais.Sumário 
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos fundamentalmente 
três itens em termos de considerações gerais á disciplina de 
Contabilidade Geral: 
1. Administração Municipal; 
2. Analise critica da descentralização e; 
3. Cooperação intermunicipal 
 
3.11.8 Exercícios de Autoavaliação 
1. De entre vários conceitos abordados neste capítulo defina os 
seguintes: 
a) Descentralização; 
b) Desconcentração; 
c) Devolução; 
d) Circunscrição territorial. 
2. Quais são os elementos que definem uma autarquia local? 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
139 
 
3. Durante o processo de sua introdução, os Municípios passaram 
por várias fases e critérios. Indique critério usado para 
classificar os municípios? 
4. Refira-se aos órgãos de Administração Municipal qual a função 
de um deles? 
5. O regime financeiro das autarquias locais implica a existência 
de vários princípios. 
a) Em poucas palavras, em que consiste o princípio de estabilidade 
orçamental e o de equidade interageracional? 
6. As geminações com municípios de outros países são uma 
realidade. A independência, a história do poder local e o 
passado comum pode ajudar a definir os modos de cooperação. 
a) Indique 2 municípios moçambicanos que foram abrangidos 
por uma cooperação intermunicipal. 
7. É verdade que a cooperação intermunicipal realiza-se por áreas. 
Explique em que consiste a cooperação na área de infra-
estrutura. Saneamento básico, urbanismo e ambiente. 
8. No âmbito dos respectivos protocolos de geminações é possível 
identificar áreas de intervenção cujo objectivo é não só 
aumentar o nível do bem-estar das populações envolvidas, mas 
também a qualidade de vida das mesmas. Quais são as áreas de 
maior intervenção nas geminações entre municípios 
moçambicanos e portugueses? 
9. Formas da CIM, apresente algumas das motivações para a 
formalização das relações entre os Municípios. 
 
 
 
 
 
 
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140 
 
3.11.9. Resolução de Exercícios de Autoavaliação 
1 a) A descentralização está ligada ao conceito de delegação, ou seja, a 
transferência de recursos, tarefas, poder de decisão para as autoridades 
hierarquicamente inferiores, que são ou independentes do Governo 
central, ou democraticamente eleitas. Deste modo, a “delegação”, 
encarada como uma descentralização democrática será o conceito que 
irá ser utilizado neste estudo, pelo que sem recorrer a conceitos do 
direito civil e administrativo, a descentralização pode ser definida como 
a Organização das actividades da administração central fora do 
Governo central. A descentralização é a transferência ou delegação da 
autoridade judicial, planeamento, tomada de decisões e gestão de 
actividades de nível central as suas agências, organização no terreno de 
unidades subordinadas ao governo, empresas publicas semi-autonomas 
ou órgãos governamentais. 
b) A desconcentração envolve uma transferência limitada de 
poderes na tomada de decisões a funcionários a nível local 
sem nenhum instrumento de suporte. 
c) Contudo, devolução envolve plena autoridade na tomada de 
decisões e envolvimento da comunidade a nível local, com 
termos estatutários para uma acção autónoma daqueles 
sectores mandatados por eles. 
 
d) Circunscrição territorial o substrato da autarquia local é um 
agregado de pessoas definido pela residência em certa 
circunscrição do território do Estado. 
 
e) Trata-se de uma pessoa colectiva territorial ou da população 
e território. Mas este território é talhado dentro do território 
do Estado, por uma lei dimanada dos respectivos órgãos de 
soberania, que o delimita ou circunscreve segundo as 
tradições e as conveniências da administração. 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
141 
 
 
f) A relação de geminação consiste em promover relações de 
amizade, intercâmbio e apoio mútuo. Embora muitas não 
passem de acto formal, as potencialidades quanto à sua 
utilização enquanto canais de cooperação são grandes. 
Através delas podem-se desenvolver acções conjuntas, 
apoiar os parceiros do sul em questões que são rotineiras 
para os municípios de Países desenvolvidos mas que exigem 
um considerável esforço no do sul ( infra-Estruturas básicas, 
abastecimento de agua, recolha e tratamento de resíduos 
etc). 
1. A circunscrição territorial, o agregado de pessoas, os interesses 
comuns, os órgãos próprios. 
2. Três critérios podem ser adoptados: o da Índole social dos 
municípios, o da população e o fiscal. 
O critério da índole social dos municípios leva à classificação 
fundamental em duas grandes ordens: a dos municípios urbanos 
e dos municípios rurais. 
São municípios urbanos aqueles em que a parte principal da 
população está aglomerada num mesmo centro residencial e aí 
exerce toda a espécie de profissões numa ampla divisão e 
especialização do trabalho. Desta complexa actividade e da 
aglomeração populacional nascem os problemas característicos 
das cidades os de arruamento, habitação, higiene, cultura física 
e intelectual, expansão, segurança, comunicações, 
abastecimento, iluminação, assistência etc. Os concelhos 
urbanos subdividem-se conforme a sua actividade predominante 
em industriai, comerciais, mineiros, marítimos, suburbanos e 
grandes cidades. 
São municípios rurais – aqueles cuja população se dedica, pela 
maior parte, à cultura da terra, quase sempre em povoamento 
disperso, de modo que a sede desempenha apenas o papel de 
centro administrativo e económico, sem o predomínio 
residencial e a preponderância social que lhe cabe nos 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
142 
 
municípios urbanos. 
 
3. O concelho municipal; 
A câmara municipal; 
a) O Presidente da câmara municipal. Conselho Municipal-é 
uma Assembleia composta do presidente da câmara e de 
representantes. Esta assembleia tem carácter representativo, e da 
sua composição se depreende o conceito orgânico que o 
legislador forma de município, considerando, não como simples 
conjunto de indivíduos – cidadãos, mas como expressão 
orgânica da convivência de famílias agregadas. 
As funções do concelho municipal podem classificar-se em: 
- Função eleitoral, quando elege os vereadores; 
- Função moderadora, quando como fiscal da actuação do 
presidente da câmara municipal e dos vereadores, podendo requerer 
ao Governo inquérito aos actos daquele e revogar o mandato destes, 
de modo a manter o equilíbrio dos dois elementos (de nomeação e 
electivo) que compõem a câmara 
6 a) O princípio da estabilidade orçamental pressupõe, na aprovação 
e execução dos orçamentos, a sustentabilidade financeira das 
autarquias locais, bem como uma gestão orçamental equilibrada, 
incluindo as responsabilidades contingentes por si assumidas. As 
autarquias locais não podem assumir compromissos que coloquem 
em causa a respectiva estabilidade orçamental. 
Princípio da equidade intergeracional -A actividade financeira das 
autarquias locais está subordinada ao princípio da equidade na 
distribuição de benefícios e custos entre gerações, salvaguardando as 
suas legítimas expectativas através de uma distribuição equilibrada dos 
custos pelos vários orçamentos num quadro plurianual. O princípio 
implica a apreciação no plano da incidência orçamental, a apreciação, 
nomeadamente, dos investimentos aprovados, dos encargos com 
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143 
 
passivos financeiros, das necessidades de financiamento das entidades 
participadas pela autarquia, dos compromissos orçamentais e das 
responsabilidades contingentes, dos encargos explícitose implícitos em 
parcerias público-privadas, concessões e demais compromissos 
financeiros de carácter plurianual, bem como da despesa fiscal, 
nomeadamente compromissos futuros decorrentes de isenções fiscais 
concedidas, pelos municípios. 
7 CM Coimbra vs Cidade da Beira, oferta de 500 livros a 
biblioteca municipal; 
CM Loures vs CM Matola, envio de equipamento de 
saneamento básico 
8 . Área de infra-estruturas, saneamento Básico, urbanismo e ambiente 
 Apoio ao estudo e execução de infra-estruturas, cujo objectivo 
seja a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar das 
populações; 
 Apoio à formação de técnicos, a realizar em Moçambique em 
áreas a definir. 
 9 Agricultura e pescas; 
-Formação agrária e de pessoal ligado às pescas; 
-Formação em matéria de gestão do meio ambiente. 
 
 Cultura, Juventude e desportos; 
-Investigação cultural’ 
-Cooperação a nível da Biblioteca; 
-Recuperação do património histórico. 
 
 Indústria, comércio e turismo; 
-Formação em gestão empresarial para os agentes económicos; 
-Desenvolvimento do turismo. 
 
 Obras Públicas e Habitação 
- Construção; 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
144 
 
- Saneamento e gestão ambiental; 
Cooperação a nível de estradas. 
 
 Saúde 
- Construção e reabilitação de estruturas; 
- Saneamento básico e salubridade; 
Programas de estudo e combate ao sida. 
 Administração 
- Formação de quadros da administração; 
-Gestão de serviços urbanos; 
-Planeamento físico; 
Gestão financeira e patrimonial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
145 
 
4.0. Bibliografia 
Referência do documento impresso 
José António Oliveira Rocha e Gonçalves Jonas Bernardo Zavale, « O 
Desenvolvimento do Poder Local em África: O caso dos municípios em 
Moçambique », Cadernos de Estudos Africanos, 30 | -1, 105-133. 
Referência electrónica 
José António Oliveira Rocha e Gonçalves Jonas Bernardo Zavale, « O 
Desenvolvimento do Poder Local em África: O caso dos municípios em 
Moçambique », Cadernos de Estudos Africanos [Online], 30 | 2015, 
posto online no dia 14 Dezembro 2015, consultado o 10 Agosto 2016. 
URL : http://cea.revues.org/1879 ; DOI : 10.4000/cea.187 
José António Oliveira Rocha 
Escola de Economia e Gestão, Universidade do Minho, Campus de 
Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal 
jaoliveirarocha@gmail.com 
Gonçalves Jonas Bernardo Zavale 
Escola de Economia e Gestão, Universidade do Minho, Campus de 
Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal 
dambuzaz@yahoo.com.br 
 
Os DOI (Digital Object Identifier) são agora acrescentados 
automaticamente às referências bibliográficas por Bilbo, a ferramenta 
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Santos, B. S., & Trindade, J. C. (Org.), Conflito e transformação social: 
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Trindade, C. (2003). Rupturas e continuidades nos processos políticos e 
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 ISCED CURSO: Administração Publica 30 Ano Disciplina/Administração Autárquica 
150 
 
Moçambique. Maputo: Imprensa da UEM. 
Xavier, A. C. (1888). A Zambézia. Nova Goa: Imprensa Nacional. 
Zavale, G. J. B. (2011). Municipalismo e poder local em 
Moçambique. Maputo: Escolar. 
Irae Baptista Lundim, Francisco Jamisse Machava, Friendrich Eben 
STFTUNG, Bona , Alemanha Descentralização e Administração 
Municipal Descrição e desenvolvimento de ideias sobre alguns modelos 
Africanos 
 
 
	Visão geral
	Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Administração Autárquica
	Objectivos do Módulo
	Quem deveria estudar este módulo
	Como está estruturado este módulo
	Ícones de actividade
	Habilidades de estudo
	Precisa de apoio?
	Tarefas (avaliação e auto-avaliação)
	Avaliação
	TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS.
	UNIDADE Temática I Objectivos específicos;
	Unidade Tematica 1.0.Evolução histórica;
	Unidade tematica1.1.Adminstracao Local no período colonial;
	Unidade tematica 1.2. Administração Local pós-independência;
	Unidade Tematica 1.3Adminstracao Local moçambicana;
	Unidade Tematica1.4Autoridades tradicionais;
	Unidade Tematica 1.5Legitimidade do poder local em Moçambique;
	Unidade Tematica1.6 Pluralidade politica do poder local;
	Unidade Tematica1.7 Exercícios de Auto avaliação;
	Unidade tematica1.8 Resolução dos Exercícios de autoavaliação.
	Introdução
	A Administração Autárquica é uma área nova no contexto moçambicano.
	Só com a aprovação da revisão constitucional de 1990 é que a lei permite uma
	abertura para a sua implantação. Hoje Moçambique está enfrentando
	os desafios da implantação das autarquias locais por ser ainda Uma realidade
	nova. Ao longo deste modo ira ser debruçado no I Capitulo o processo da
	evolução Histórica passando pela chegada
	dos portugueses em Moçambique e
	a implantação da maquina administrativa colonial. No segundo capitulo, está
	patente o controlo, tutela, já criadas as autarquias locais há necessidade de se
	Estabelecer algum nível de controlo das suas actividades
	assim com para Cumprir com o princípio
	Constitucional de unicidade do Estado moçambicano.
	No terceiro capítulo, dentre outros aspectos versa sobre a descentralização no
	Geral, o surgimento das autarquias locais, sua classificação. Há também um
	Olhar sobre as geminações que na verdade são formas de cooperação (CIM).
	Objectivos Gerais
	No final desta unidade temática, o estudante deve ser capaz de:
	1. Explicar a estrutura prismática da administração moçambicana;
	2. Perceber o processo de criação dos concelhos em Moçambique;
	3. Explicar o processo de surgimento das companhias em Moçambique;
	4. O papel do partido Frelimo na implementação da nova administração;
	5. Diferenciar a lei 3/94 e a lei 2/97, sobre o poder local;
	6. Indicar as primeiras regiões onde foram instalados os primeiros
	Municípios;
	7. Explicar o papel dos Grupos dinamizadores.
	Unidade Temática I
	Introdução
	Objectivos específicos
	 Mostrar o processo da evolução da administração;
	 Apresentar a importância da autoridade tradicional.
	No final desta unidade temática, o estudante deve ser capaz de: (1)
	8. Explicar a estrutura prismática da administração moçambicana;
	9. Perceber o processo de criação dos concelhos em Moçambique;
	10. Explicar o processo de surgimento das companhias em Moçambique;
	11. O papel do partido Frelimo na implementação da nova administração;
	12. Diferenciar a lei 3/94 e a lei 2/97, sobre o poder local;
	13. Indicar as primeiras regiões onde foram instalados os primeiros
	Municípios; (1)
	14. Explicar o papel dos Grupos dinamizadores.
	1.0. A Historia da Administração
	1.1.Administração Local no Período Colonial
	1.2. Administração Local Pós-Independencia
	Quadro 1: Principais Diferenças entre a Lei 3/94 e a Lei 2/97 sobre o Poder Local
	1.3.Administração Local Moçambicana
	Quadro 2: Primeiros Municípios de Moçambique (Cidades e Vilas)
	Quadro 3: Evolução da dimensão administrativa de Moçambique
	Figura 1: Estrutura dos Órgãos Locais-Distrito, Posto Administrativo, Localidade
	1.4.Autoridades Tradicionais
	Figura 2: Administrações Locais
	1.5. Legitimidade do Poder Local em Moçambique
	1.6.Pluralidade Politica do Poder Local
	Quadro 5: Pluralismo Jurídico-administrativo em Moçambique: Articulação entre AT,GD CM
	Quadro 6: Pluralismo Jurídico-administrativo em Moçambique articulação entre CM e chefes tradicionais
	Quadro 7: Pluralismo Jurídico-administrativo em Moçambique articulação entre CM e GD
	Quadro 8: Pluralismo Jurídico Administrativo em Moçambique abolição dos Chefes Tradicionais
	Quadro 9: Pluralismo Jurídico Administrativo em Moçambique abolição dos GD
	Sumário
	1.7. Exercícios de auto avaliação
	1.8.Resolução dos Exercícios de Autoavaliação
	UNIDADE Temática II
	: 2.0. Objectivos específicos
	2.1. A velha e nova Administração Local;
	2.2. As Empresas Municipais e Intermunicipais;
	2.3 Concessão da Exploração de Serviços Públicos;
	2.4 Regulamentação, Fiscalização e Tarifas;
	2.5 Relação entre o Poder Central e o Poder Local;
	2.6 A Razão do Controlo;
	2.7 Cidadania e o Controlo;
	2.8.0. Organização da Tutela Administrativa;
	2.8.1. Órgãos de Tutela;
	2.8.2.Órgãos centrais;
	2.9.0.O MAEFP como órgão central da tutela Administrativa;
	2.9.1. A Inspecção Administrativa do Estado;
	2.9.2Acção Pedagógica da Inspecção Administrativa;
	2.9.3. Acções Correctivas;
	2.9.4 O Ministério da Economia e Finanças;
	2.9.5 A inspecção Geral das Finanças;
	2.9.6. A Direcção Nacional do Plano e Orçamento;
	2.9.7 Os Meios dos órgãos de Tutela; 2.9.8 A inspecção;
	2.9.9 O inquérito;
	2.9.10.Sindicancia;
	2.9.11 Ratificação;
	2.9.12 Exercícios deAutoavaliação;
	2.9.13. Resolução dos exercícios de autoavaliação
	Introdução (1)
	Logo após a implementação da administração pública pelo Governo moçambicano, surge a necessidade de descentralização, devendo esta ser de forma gradual devido a escassez dos recursos. Sedo assim no âmbito da descentralização surge as Autarquias Locais...
	2.0. Objectivos específicos
	No final desta unidade temática o estudante deverá ser capaz de:
	2.1. A Velha e a Nova Administração Local
	2.2. Concessão da Exploração de Serviços Públicos
	2.3.Regulamentação, Fiscalização e Tarifa
	2.5.A Relação entre o Poder Central e o Poder Local
	2.5. A Razão do Controlo
	2.6.A Cidadania e o Controlo
	2.7.0. Organização da Tutela Administrativa
	2.7.1. Órgão de Tutela
	2.7.2. Órgãos Centrais
	2.7.3.O Ministério da Administração Estatal e Função Pública como Órgão Central da Tutela Administrativa
	2.7.4. Inspecção Administrativa do Estado
	2.7.5. Acção Pedagógica da Inspecção Administrativa
	2.7.6. Acções Correctivas
	2.7.7. Ministério da Economia Plano e Finanças
	2.7.8. A Inspecção Geral das Finanças
	2.7.9. A Direcção Nacional do Plano e Orçamento
	2.8.0. Meios dos Órgãos de Tutela
	2.8.1. A Inspecção
	2.8.2. O Inquérito
	2.8.3. Sindicância
	2.8.4. Ratificação
	Sumário (1)
	2.8.5. Exercícios de autoavaliação
	2.8.6 Resolução dos Exercícios de autoavaliação
	UNIDADE Temática III;
	Introdução;
	3.0.Objectivos específicos;
	3.1.Novos Instrumentos de gestão;
	3.2 Operacionalização do conceito de descentralização;
	3.3 Enquadramento Histórico politico;
	3.4 O Conceito de Descentralização;
	3.5Formas de Descentralização;
	3.6.0 Enquadramento legislativo da lei 3/94 das Eleições Autárquicas de Junho de 1998;
	3.6.1. Reformas Administrativas;
	3.6.2. Opções de descentralização para Moçambique;
	3.6.3. uma primeira análise crítica do processo de descentralização e desconcentração;
	3.7.0. As Autarquias Locais;
	3.7.1. O Concelho;
	3.7.2. Classificação dos Municípios;
	3.7.3. Atribuições Municipais;
	3.7.4. “órgão da Administração municipal;
	3.8.0 Serviços Especiais;
	3.8.1.os Serviços Municipalizados;
	3.8.2 Regime financeiro das Autarquias locais;
	3.9.0. As agências doadoras multilaterais e bilaterais;
	3.9.1. Participação: Autarquia Parceira (Cooperação lusófona);
	3.9.2 áreas de cooperação;
	3.9.3. Formação de quadros;
	3.9.4 Cultura e património histórico;
	3.9.5 Infra-estrutura, saneamento básico, urbanismo e ambiente; Geminações Portugal Moçambique;
	3.10.0 Protocolos entre ICP e a ANMP;
	3.10.1 Na área de educação e formação de quadros;
	3.10.2. Na área de infra-estruturas, saneamento básico, urbanismo e ambiente;
	3.11.0. Outras instituições;
	3.11.1. Análise da CIM com Moçambique;
	3.11.2. Operacionalização da CIM;
	3.11.3. Conteúdo da CIM;
	3.11.4. Formas da CIM;
	3.11.5. CIM nas Relações Internacionais;
	3.11.6. Potencialidades e limitações da CIM;
	3.11.7 O Desenvolvimento Local- As novas autoridades;
	3.11.8 Exercícios de Autoavaliação;
	3.11.9 Resolução dos Exercícios de Autoavaliação
	Introdução (2)
	Devido as semelhanças climáticas, culturais entre outros, as Autarquias Locais abrem um novo campo de acção denominado cooperação intermunicipal. O surgimento das autarquias locais, suas características e funcionamento.
	3.0. Objectivos específicos
	No final desta unidade temática cada estudante deverá ser capaz de
	3.1.0. Novos Instrumentos de Gestão
	3.2. Enquadramento Histórico Politico
	3.3.O Conceito de Descentralização
	3.4. Formas de Descentralização
	3.5.0. Enquadramento Legislativo da Lei 3/94, das Eleições Autárquicas de Junho de 1998
	3.6.0. Reformas Administrativas
	3.6.1. Opções de Descentralização para Moçambique
	3.6.2. Uma Primeira Analise Crítica do Processo de Descentralização e Desconcentração
	Figura 3: Pluralismo Jurídico do Poder Local em Moçambique
	3.7.0. As Autarquias Locais
	3.7.1. O Concelho
	3.7.2. Classificação dos Municípios
	3.7.3. Atribuições Municipais
	3.7.4. Órgãos da Administração Municipal
	3.8.0. Serviços Especiais
	3.8.1. Os Serviços Municipalizados
	3.8.2. Regime Financeiro das Autarquias
	A aprovação deste novo regime financeiro local prevêem-se um conjunto de princípios fundamentais que pretendem assegurar uma efectiva coordenação entre administração central e local no plano financeiro e contribuir para o controlo orçamental e para a ...
	Pode, excepcionalmente, ser inscrita no Orçamento do Estado uma dotação para financiamento de projectos de interesse nacional a desenvolver pelas autarquias locais, de grande relevância para o desenvolvimento regional e local, correspondentes a políti...
	3.9.0. As Agências Doadoras Multilaterais e Bilaterais
	Organização das Nações Unidas
	O Banco Mundial
	O Pnud
	A Unicef
	Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Económico(OCDE)
	Banco Europeu da Reconstrução e Desenvolvimento(BERD)
	O Concelho da Europa
	União Europeia
	3.9.1. Participação : A Autarquia Parceira
	3.9.2. Áreas de Cooperação
	3.9.3. Cultura e Património Histórico
	3.9.4. Infra-Estrutura, Saneamento Básico, Urbanismo e Ambiente
	Quadro 10: Geminações entre Moçambique e Portugal
	3.10.0. Protocolos entre o ICP e a ANMP
	Quadro 11: Cooperação Intermunicipal com Moçambique
	3.10.1. Na Área de Educação e Formação de Quadros
	3.10.2. Na Área de Infra-Estrutura, Saneamento Básico, Urbanismo e Ambiente
	3.10.3. Na Área de Apoio em Materiais e Equipamentos
	Quadro 12: Cooperação Intermunicipal com Moçambique -1999
	3.11.0. Outras Instituições
	3.11. 1. Análise da CIM com Moçambique
	3.11.1.Opercionalização da CIM
	3.11.3. Conteúdo da CIM
	3.11. 4. Formas da CIM
	3.11.5. A CIM nas Relações Internacionais
	3.11. 6. Potencialidades e Limitações da CIM
	3.11.7. O Desenvolvimento Local – As Novas Autoridades
	Sumário (2)
	3.11.8 Exercícios de Autoavaliação
	3.11.9. Resolução de Exercícios de Autoavaliação
	4.0. Bibliografia
	Referência electrónica
	José António Oliveira Rocha
	Gonçalves Jonas Bernardo Zavale

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