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Complementação Pedagógica Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA FUNDAMENTOS DE BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................... ……………....... 03 1 BIOQUÍMICA COMPOSIÇÃO QUÍMICA CELULAR …...........................…………….... 05 2 O DOGMA CENTRAL DA BIOLOGIA MOLECULAR........……...…………..................... 19 3 ESTRUTURA DOS GENOMAS ...........................................................……………….... 21 4 REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA ....................................…..……………...….. 23 5 ASPECTOS MOLECULARES DO CICLO CELULAR ………....…................................. 28 REFERÊNCIAS CONSULTADAS …………………………………………….……………....… 39 3 INTRODUÇÃO Prezados alunos, Nos esforçamos para oferecer um material condizente procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Apesar de o curso possuir objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois somos conscientes que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, você é livre para estudar do melhor modo que possa. Este arranjo preserva a sua individualidade impondo, uma responsabilidade imperativa. Organize-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam, e que a educação é demasiado importante para nossa formação e para o bem-estar dos pacientes. A presente apostila tem como proposito oferecer um conteúdo abrangente de Biologia molecular e estrutural partindo do conceito de bioquímica detalhando sua composição química e celular, passando pela compreensão do dogma central da biologia, estrutura dos genomas até a regulação da expressão genica e aspectos moleculares do ciclo celular. Neste intuito apresentamos um compendio de conhecimento necessários qualificação e o atualização em assuntos relacionados ao ensino de Biologia, por meio de uma educação continuada. Oferecemos, ainda, ferramentas para o aperfeiçoamento profissional de professores e o desenvolvimento de métodos e materiais didáticos para o ensino. 4 A apostila agrupa de maneira ordenada a síntese do pensamento de vários autores cuja obra que entendemos serem as mais importantes para a disciplina. Sendo fruto de exaustiva pesquisa bibliográfica, cujas fontes são colocadas ao fim da apostila possibilitando ao aluno, conforme sua necessidade e disposição, o amplio de seus conhecimentos. 5 1. BIOQUÍMICA. COMPOSIÇÃO QUÍMICA CELULAR A análise química das células de qualquer ser vivo revela a presença constante de certas substâncias que, nos diversos organismos, desempenham fundamentalmente o mesmo papel biológico. Os componentes químicos da célula podem ser divididos em dois grandes grupos “Inorgânicos e Orgânicos”. Componentes inorgânicos: são moléculas simples, sem carbono na sua constituição. Ex.: água e sais minerais. A Água Considerado o componente químico mais abundante da matéria viva, a água atua como solvente universal. Essa característica da água é de funda- mental importância para os seres vivos, uma vez que as reações químicas de natureza biológica ocorrem em soluções. A maioria dos seres vivos conhecidos não sobrevivem na ausência de água. A quantidade de água no corpo dos se- res vivos varia de espécie para espécie. As células nervosas do cérebro de um ser humano adulto podem conter cerca de 78% de água, enquanto as células ósseas, de menor atividade metabólica, contêm cerca de 40% de água. Um feto humano de três meses, contém cerca de 94% de água, enquanto um recém-nascido apresenta cerca de 70% e um ser humano adulto, aproximadamente 65%. Propriedades da Água Cada molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio (H) e um átomo de (O), e é representada pela fórmula H2O. A disposição dos átomos na molécula faz com que as cargas elétricas não sejam distribuídas de maneira uniforme, criando um polo com cargas negativas e um com cargas positivas. 6 Assim, a água é considerada uma molécula polar. Os polos positivos e negativos de diferentes moléculas se atraem, estabelecendo as ligações de hidro- gênio (ou pontes de hidrogênio), que promovem a coesão entre as moléculas de água. A coesão entre as moléculas de água faz com que a superfície do líquido se comporte como uma película elástica. Essa propriedade, chamada de tensão superficial, permite que pequenos insetos caminhem sobre a água sem afundar. As moléculas de água também atraem outras moléculas e, assim, podem aderir a determinadas superfícies. Essa propriedade é denominada adesão. A coesão e a adesão permitem que a água suba por tubos finos em um fenômeno conhecido como capilaridade. As moléculas de água ligam-se entre si e com as paredes do tubo, possibilitando a ascensão do líquido. Esse fenômeno é parte da explicação de como a água, absorvida pelas raízes das plantas, chega até suas folhas mais altas. Outra propriedade da água relacionada a sua polaridade é a capacidade de dissolução. A água pode dissolver diversas substâncias, sendo chamada de solvente universal. A Água nos Seres Vivos Por causa de suas propriedades químicas, a água desempenha diversas funções nos seres vivos. Algumas delas estão listadas a seguir: Participação em reações químicas: A água atua em diversas reações químicas dos organismos, como reagente ou como produto. Atuação como solvente: A água é capaz de dissolver gases, proteínas, aminoácidos e muitas outras substâncias, facilitando a ocorrência de reações químicas. Meio de transporte: O fluxo de água nas células e no organismo facilita o 7 transporte de substâncias, como hormônios, nutrientes, gases, entre outras. Proteção térmica: A variação da temperatura da água é pequena, mesmo quando ela recebe grande quantidade de calor. Dessa forma, organismos que possuem grande quantidade de água em sua composição estão protegidos de variações de temperatura. Além disso, a evaporação da água presente no suor, por exemplo, contribui para o controle da temperatura corporal em alguns mamíferos. Sais Minerais (Fé, Na, K, Ca, Nacl...) Os sais minerais são substâncias inorgânicas, ou seja, não podem ser produzidos por seres vivos. Sua maior parte está concentrada nos ossos. Entre os mais conhecidos estão o cálcio, o fósforo, o potássio, o enxofre, o sódio, o magnésio, o ferro, o cobre, o zinco, o selênio, o cromo, entre outros. Estas substâncias inorgânicas possuem funções muito importantes no corpo e a falta delas pode gerar desequilíbrios na saúde. Contudo, há alguns minerais como, por exemplo, o alumínio e o boro, que podem estar presentes no corpo sem nenhuma função. Alguns íons minerais, principais fontes e importância. Sais Fontes Importância Sódio Sal de cozinha Necessário para a transmissão nervosa e o equilíbrio hídrico Cloro Sal de cozinha Necessário na formação do suco gástrico. Fósforo Carnes, leite e cereais. Atua na composição dos ossos e dos dentes; Potássio Carnes, leite e frutas. Necessário para a transmissão nervosa e a contração muscular. Cálcio Laticínios e peixes. Fundamental para os ossos e os dentes. Iodo Sal e frutos do mar. Faz parte dos hormônios da tireoide. Ferro Carnes, cereais integrais e ovos. Faz parte da molécula de hemoglobina, necessária parao transporte de gases no sangue. Flúor Na água fluoretada Necessário para a transformação dos ossos e dos dentes. 8 Componentes Orgânicos São moléculas que possuem carbono na sua constituição. Ex.: carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas e ácidos nucleicos. Carboidratos São também conhecidos açucares hidratos de carbono ou glicídios, são compostos orgânicos elaborados pelos organismos autótrofos, como as plantas e as algas, por meio do processo denominado de fotossíntese. Já os organismos heterótrofos, como os animais, devem obter essas moléculas por meio da nutrição. Os carboidratos estão presentes em diversos alimentos, como frutas, legumes, pães, massas e doce. Essas substâncias constituem a principal fonte de energia para as células desempenharem suas funções, como produzir e transportar substâncias, crescer e se dividir. Classificação dos Carboidratos Os carboidratos são classificados, de acordo com a organização e o tamanho de sua molécula, constituídos por átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O), em três grandes grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Monossacarídeos: são carboidratos simples, que não sofrem hidrólise, de fórmula geral Cn (H2O)n, em que n varia, de 3 a 7. As pentoses e hexoses são os monossacarídeos mais importantes e mais comuns nos seres vivos. Monossacarídeos Ocorrência e papel biológico Galactose (C6H12O6 ) É um dos componentes do açúcar do leite (lactose). Tem função energética Frutose e Glicose (C6H12O6) Mel e frutos diversos. Tem função energética Ribose (C5H10O6) Componente estrutural do ácido ribonucleico (RNA) Desoxirribose (C5H10O4) Componente estrutural do ácido desoxirribonucleico (DNA). Não segue a fórmula geral dos monossacarídeos Cn (H2O)n Dissacarídeos ou Oligossacarídeos: do grego oligo “poucos” são carboidratos formados pela junção de duas moléculas de monossacarídeos. 9 Dissacarídeos Ocorrência e papel biológico Sacarose (glicose+frutose) É o açúcar da cana e da beterraba. Tem função energética. Lactose (glicose + galactose) É o açúcar do leite. Tem função energética Maltose (glicose + glicose) É obtido do amido por hidrólise. Tem função energética. Polissacarídeos: São carboidratos constituídos por centenas ou milhares de monossacarídeos. Essas moléculas recebem o nome de polímeros de monossacarídeos. São exemplos à celulose, o amido, o glicogênio e a quitina. Principais Funções dos Carboidratos Os carboidratos desempenham dois papéis principais nos seres vivos: Energético e estrutural. Energético: A glicose é a principal fonte de energia para as células. As plantas podem armazenar glicose na forma de amido para utilizá-la quando necessário, ao passo que os animais armazenam glicose na forma de glicogênio, que fica estocado nas células musculares e no fígado. Estrutural: Alguns polissacarídeos compõem uma parte orgânica dos seres Polissacarídeos Ocorrência e papel biológico Amido (com mais de 1.400 moléculas de glicose. É reserva natural das plantas. Encontra-se armazenado em altas proporções em certos caules (como o da batata), em certas raízes (como a mandioca) e em semente de cereais (como o milho). Celulose É o mais abundante polissacarídeo da natureza. Constitui o principal componente estrutural da parede celular das células vegetais. Glicogênio (pode conter cerca de 30.000 moléculas de glicose) É o polissacarídeo de reserva dos animais em geral. Armazenado principalmente nas células do fígado e dos músculos. Tem papel energético. Quitina É um polissacarídeo nitrogenado que confere rigidez e resistência ao tecido onde ela se encontra. Ela constitui o exoesqueleto dos artrópodes (crustáceos, insetos, aracnídeos), sendo também encontrada na parede celular de certos fungos. 10 vivos: como a celulose, que constitui a parede das células vegetais, e a quitina, que compõe o exoesqueleto os artrópodes. Lipídios Do grego lipos “gordura”, são moléculas insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos (benzina, querosene álcool...). São também chamadas óleos ou gorduras. Classificação dos Lipídios Os lipídeos podem ser classificados em: glicerídeos, fosfolipídios, ceras ou cerídeos, esteróis e carotenoides. Glicerídeos: podem ser de origem animal, como a gordura presente em carnes, manteiga e ovos, ou de origem vegetal, como os óleos vegetais, presentes no azeite de oliva ou no óleo de soja. Os glicerídeos de origem animal são sólidos a temperatura ambiente, enquanto os de origem vegetal são líquidos. Funções: Isolante térmico e Reserva energética. Fosfolipídios: constituem as membranas plasmáticas das células de todos os seres vivos. Cada molécula de fosfolipídios tem uma região hidrofílica (que tem afinidade com a água) e uma região hidrofóbica (sem afinidade com a água). Essa característica permite que esses lipídios separem meios aquosos, como o meio intra e extracelular, pela forma como se posicionam na membrana plasmática. Os lipídios dispõem-se em uma camada dupla, e as regiões hidrofílicas ficam voltadas para os meios intra e extracelular (aquosos). As regiões hidrofóbicas voltam-se para o interior da dupla membrana. 11 Cerídeos ou Ceras: são lipídios produzidos por animais e plantas. Nas plantas, de forma geral, as ceras têm função impermeabilizante. São produzidas e depositadas na superfície das folhas ou dos frutos para diminuir a perda de água. A cera produzida pelas abelhas também é formada por lipídios, assim como o cerume presente nas orelhas de alguns mamíferos. Funções: Contribuem para defesa da planta contra a desidratação Esteroides: formam um conjunto de substâncias muito variadas. Um exemplo é o colesterol, lipídio presente em alimentos de origem animal, como carne, leite e ovos, que faz parte da composição das membranas celulares dos animais. Os hormônios sexuais, como estrógeno (nas fêmeas) e a testosterona (nos machos) também são exemplos de esteroides. Funções: Participam da composição química da membrana das células animais e atuam como precursor de hormônios sexuais (progesterona e testosterona). No corpo humano, o colesterol pode ter duas origens: exógena (se ingerido através de alimentos (leite e derivados, ovos e carne em geral)) e endógena (se fabricado pelo próprio organismo). O fígado não só produz como também degrada o colesterol, atuando como um órgão regulador da taxa dessa substancia no sangue. Carotenoides: são pigmentos avermelhados e alaranjados produzidos por seres autótrofos que participam do processo de fotossíntese. 12 Principais Funções dos Lipídios Entre as principais funções dos lipídios, destacam-se as de reserva energética, isolante térmico, estrutural e reguladora. Reserva Energética: animais e plantas armazenam lipídios em seus corpos. Esses lipídios são utilizados como fonte de energia para as células quando há pouco carboidrato disponível. Nas plantas, os lipídios são armazenados em sementes e frutos; nos animais, no tecido adiposo. Isolante Térmico: nos animais, como os mamíferos, o tecido adiposo está localizado abaixo da pele e funciona como isolante térmico, ajudando a manter a temperatura corporal. Estrutural: os fosfolipídios e o colesterol compõem a membrana plasmática das células. Reguladora: alguns lipídios, como o colesterol, são precursores de substâncias reguladoras das funções do corpo, como certos hormônios. 13 Proteínas São compostos orgânicos complexos, formado por carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Suas unidades básicas são os Aminoácidos, que se ligam em cadeias, os polipeptídios. Os aminoácidos caracterizam quimicamente pela presença de um átomo de carbono, ao qual se ligam um grupo carboxílico (COOH), um grupo amina (NH2), um radical e um átomo de hidrogênio. Os vegetais conseguemproduzir todos os tipos de aminoácidos, enquanto os animais devem obter parte deles por meio da dieta, por não serem capazes de produzi- los. Os aminoácidos produzidos por um organismo são chamados de aminoácidos naturais. Aqueles obtidos por meio da dieta são denominados aminoácidos essenciais. São conhecidos cerca de vinte aminoácidos que rotineiramente participam da estrutura das proteínas. Ex.: glicina, valina, serina, isoleucina, cisteina, leucina, ácido glutâmico. Esquema da estrutura de uma proteína. Cada parte de cor diferente representa um aminoácido distinto. Para formar as proteínas, os aminoácidos combinam-se por meio de ligações químicas denominadas ligações peptídica. Em cada ligação há liberação de uma molécula de água. As proteínas podem diferir quanto ao tipo, à quantidade e à ordem dos aminoácidos que as compõem. 14 Principais Funções das Proteínas As proteínas são essenciais aos seres vivos, participando de diversas funções, como: estrutural, enzimática, transporte e defesa. Estrutural: As proteínas compõem a membrana plasmática e os filamentos que sustentam as células. O colágeno, por exemplo, é uma proteína presente na pele, nos tendões e nos ligamentos. A queratina, outro tipo de proteína, recobre as células da pele e forma pelos, unhas, penas, garras, bicos e placas córneas em diversos animais. Enzimática: as enzimas são proteínas que facilitam as reações químicas. Praticamente todas as reações químicas que ocorrem nos seres vivos dependem da ação das enzimas. Um exemplo é a amilase salivar, enzima presente na saliva e que auxilia no início da digestão dos carboidratos. Transporte: Na membrana plasmática das células há proteínas responsáveis pelo transporte de íons entre os meios intra e extracelulares. No sangue dos mamíferos, a hemoglobina é uma proteína que transporta os gases respiratórios para todas as células do corpo. Defesa: Os anticorpos são proteínas responsáveis pela defesa do organismo contra agentes estranhos, como vírus e bactérias, que podem causar doenças. Ácidos Nucleicos Os ácidos nucleicos são moléculas orgânicas relacionadas ao controle das atividades celulares, ao armazenamento e à transmissão das informações hereditárias ao longo das gerações. Há dois tipos de ácidos nucleicos, o DNA (ácido desoxirribonucleico) e 15 o RNA (ácido ribonucleico). Composição dos Ácidos Nucleicos Os ácidos nucleicos são grandes moléculas constituídas por unidades menores denominadas nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído por três componentes: uma pentose (açúcar com 5 carbonos na molécula), uma base nitrogenada (púrica e pirimídica) e um ácido fosfórico. As bases nitrogenadas podem ser divididas em dois grupos: purinas e pirimidinas. No grupo das purinas estão a adenina (A) e a guanina (G). As pirimidinas são a citosina (C), a timina (T) e a uracila (U). Adenina, guanina e citosina estão presentes tanto no DNA como no RNA. No DNA apresenta timina e no RNA só apresenta a uracila. O DNA No DNA estão codificadas as informações genéticas que controlam praticamente todos os processos celulares. Essas informações são transmitidas de uma geração para a próxima. A molécula de DNA é formada por duas cadeias de nucleotídeos ligadas entre si por meio de ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. O DNA tem a capacidade de duplicar sua molécula em um processo chamado de 16 replicação. O RNA O RNA é formado por apenas uma cadeia de nucleotídeos. As bases nitrogenadas presentes no RNA são a adenina, a uracila, a guanina e a citosina. O RNA, de forma geral, é responsável pela expressão das informações contidas no DNA, atuando na produção de proteínas. As moléculas de RNA são produzidas de moléculas de DNA pelo processo de transcrição. Diferenças entre DNA e RNA 17 Vitaminas São substâncias orgânicas de natureza química heterogênea. Elas atuam como coenzimas, ativando enzimas fundamentais no metabolismo dos seres vivos. Ao contrário dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas, as vitaminas não têm função estrutural nem função energética; além disso, são exigidas pelo organismo em doses mínimas. Cada vitamina tem um papel biológico especifico; portanto, nenhuma vitamina pode substituir outra vitamina diferente. 18 As vitaminas podem ser classificadas de acordo com a solubilidade em lipídios (lipossolúveis: A, D, E e K) ou em água (hidrossolúveis: C e Complexo B). Assim, temos: Vitaminas Principais Fontes Carência no Organismo Vitamina A (Axeroftol ou retinol) Leite e derivados, ovos, fígado, cenoura, laranja (os vegetais produzem o pigmento caroteno, que no corpo animal é transformado em vitamina A). Hemeralopia (cegueira noturna) Xeroftalmina (secamento da córnea, membrana translúcida do olho). Vitamina D (calciferol) Óleo de fígado de bacalhau, leite e seus derivados, gema de ovo, fígado de vaca. Raquitismo: (ossos frágeis, dentição defeituosa, crescimento retardado, má absorção de cálcio e fósforo). Vitamina E (Tocoferol) Verduras em geral, leite e seus derivados, ovos e grãos diversos (aveia, milho, feijão, entre outros.) Esterilidade de machos e aborto em alguns animais. Vitamina K (Antihemorrá gica) Fígado e folhas vegetais (alface, couve, repolho, acelga, entre outros.) Coagulação sanguínea deficiente; hemorragias. Vitamina C (Acido ascórbico) Frutas cítricas (laranja, limão), acerola, banana, manga, caju, rabanete, alface, pimentão, entre outros. Escorbuto (hemorragias generalizadas, anemia, queda de dentes, intensa fraqueza). Vitamina B1 (Tiamina) Levedura de cerveja, fígado, ovos, trigo e arroz integral, frutas em geral, carnes e peixes. Beribéri (fraqueza muscular, crescimento retardado e polineurite, isto é, inflamações generalizadas de nervos periféricos). Vitamina B2 (Riboflavina) Leveduras de cerveja, fígado, ovos, amendoim, leite e deriva- dos, vagem, acelga, entre outros. Quilose (irritação dos lábios) Estomatite (inflamação da boca) Fotofobia (intolerância a luz) Vitamina B12 (Cianoco balamina) Leveduras, leite e derivados, carnes e peixes. Anemia perniciosa (presença de glóbulos vermelhos imaturos no sangue). Vitamina PP (Niacina ) Leveduras, leite e derivados, carnes e fígado. Pelagra (dermatite, diarreia e intenso nervosismo). 19 2. O DOGMA CENTRAL DA BIOLOGIA MOLECULAR O dogma central define o paradigma da biologia molecular, em que a informação é perpetuada através da replicação do DNA e é traduzida através de dois processos: A transcrição que converte a informação do DNA em uma forma mais acessível (uma fita de RNA complementar) e através da tradução que converte a informação contida no RNA em proteínas (Figura). 20 Figura 5. O Dogma Central da Biologia Molecular. A exceção é a replicação retroviral, na qual o RNA viral é molde para síntese do DNA do provírus. Algumas mudanças já foram feitas no modelo proposto originalmente. Isso ocorreu em razão de hoje se saber, por exemplo, que algumas enzimas são capazes de utilizar o RNA para produzir DNA. Observa-se, portanto, que esse dogma demonstra todos os processos pelos quais os ácidos nucleicos podem passar. Temos o DNA, onde está contida a informação genética, que pode ser transcrito em moléculas de RNA. No processo de transcrição, uma molécula de DNA serve como molde para a criação de uma molécula de RNA. É nessa molécula de RNA que é encontrado o código usado para organizar a sequência de aminoácidos e formar as proteínas no processo de tradução. Esse processo consiste na união de aminoácidos, obedecendo à ordem de códons apresentados em um RNA mensageiro. Observa-se também a replicação do DNA, processo pelo qual uma molécula de DNA é capaz de formar outra molécula idêntica à original. Hoje também sesabe que uma molécula de RNA pode produzir DNA. Chamamos esse processo de transcrição reversa e ele acontece principalmente em vírus. Eles possuem uma enzima denominada transcriptase reversa, que transcreve o RNA para o DNA. A replicação do RNA também é um fato observado em alguns vírus. Essa molécula é replicada e atua como um RNA mensageiro. Para realizar esse processo, o vírus utiliza um RNA replicase. Observe também que uma proteína é formada a partir dos ácidos nucleicos, mas um ácido nucleico não pode ser formado a partir de uma proteína. 21 3. ESTRUTURA DOS GENOMAS Na biotecnologia, ou biologia tecnológica, o genoma resume todos os dados transmitidos de uma geração de seres vivos para outra, armazenados em um organismo através de uma linguagem de códigos, mais precisamente no seu DNA, uma espécie de roteiro orgânico molecular que traz em si todas as orientações genéticas que supervisionam a evolução e a atuação de todas as entidades vivas e de determinados vírus – nestes o RNA assume este papel. O genoma engloba tanto os genes, unidades essenciais no mecanismo da hereditariedade -, quanto as sequências não-codificadas, anteriormente consideradas como o monturo da estrutura genética, mas agora resgatadas por novas descobertas científicas, que revelaram sua atuação significante na regulamentação dos genes, entre outras tarefas por elas cumpridas. Enfim, todo o DNA contido nas estruturas celulares de um corpo organizado compõe o genoma, ou seja, ele é a totalidade dos genes presentes em um ser vivo; se comparado a um longo roteiro, entretecido por informações detalhadas que orientam o desenvolvimento do organismo que o contém e são legadas aos seus herdeiros, pode-se imaginar uma vasta obra, com incalculáveis páginas e palavras. O genoma do homem apresenta 46 cromossomos, dispostos em duplas, compondo na composição final 23 pares, dos quais metade é transmitida pela linhagem paterna, através do espermatozóide, e a outra metade é legada pela esfera materna, por meio de seus óvulos. No interior dos cromossomos estão abrigados os genes – calcula-se a existência de aproximadamente 130 mil genes. Neles é elaborado o reservatório de proteínas, essenciais para a estruturação dos organismos vivos. Sempre que os cientistas mencionam que foi realizada a ‘sequência’ de uma espécie que tem o dom de se multiplicar sexualmente, geralmente eles se referem à definição sequencial de um grupo de autossomos cromossomos desvinculados da operação sexual e, portanto, integrantes dos bens genéticos da espécie – e de um representante de cada modalidade de cromossomo ligado à prática sexual, que irão indicar o sexo. Cariótipo 22 A disciplina denominada genômica é responsável pela pesquisa das virtudes completas dos genomas de organismos analógicos entre si. Esta expressão diferencia este campo de estudo do relacionado à anatomia, que vai se concentrar na compreensão de um gene ou de um conjunto deles. A expressão ‘genoma’ é utilizada igualmente para definir um grupo simples de cromossomos pertencentes a uma célula, denominado cariótipo. Ele é constituído por um cromossomo de cada variedade, em cada espécie pesquisada. Há também um plano científico intitulado Projeto Genoma Humano, no qual cada país conveniado a ele tem a incumbência de decodificar o DNA da Humanidade. 23 4. REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA Regulação gênica é o processo de controlar quais genes no DNA da célula são expressos (usados para produzir um produto funcional como uma proteína). Diferentes células em um organismo multicelular podem expressar conjuntos de genes muito diferentes, apesar de possuírem o mesmo DNA. O conjunto de genes expressos em uma célula determina o grupo de proteínas e RNAs funcionais que ela possui, conferindo-lhe suas características únicas. Em eucariontes, como os humanos, a expressão gênica envolve várias etapas e a regulação de genes pode acontecer em qualquer uma delas. Contudo, muitos genes são regulados primariamente no momento da transcrição. O corpo possui centenas de tipos de células diferentes, desde células imunológicas e epiteliais até os neurônios. Quase todas as suas células possuem o mesmo conjunto de instruções do DNA – então, por que elas parecem ser tão diferentes e possuem funções distintas? Resposta: a regulação de genes destas células também é diferente! A regulação gênica faz com que as células sejam diferentes Regulação gênica é como a célula controla quais genes, entre os inúmeros genes presentes em seu genoma, são "ativados" (expressos). Graças à regulação gênica, cada tipo de célula em seu corpo possui um conjunto diferente de genes ativados apesar do fato de que quase todas as células do nosso corpo possuem exatamente o mesmo DNA. Esses diferentes padrões de expressão gênica permitem que seus vários tipos celulares possuam conjuntos diferentes de proteínas, tornando cada célula exclusivamente especializada em fazer seu trabalho. Por exemplo, uma das funções do fígado é remover substâncias tóxicas como o álcool da corrente sanguínea. Para isso, as células hepáticas expressam genes que codificam subunidades (Pedaços) de uma enzima chamada álcool desidrogenase. Essa enzima decompõe o álcool em uma molécula não-tóxica. Os neurônios do cérebro de uma pessoa não removem toxinas do corpo, então eles mantêm esses genes silenciados ou "desligados". Da mesma forma, as células hepáticas não enviam sinais utilizando neurotransmissores, então elas mantêm os genes que codificam neurotransmissores 24 silenciados. Painel esquerdo: célula hepática. A célula hepática contém proteínas álcool desidrogenase. Se olharmos no núcleo, veremos que o gene álcool desidrogenase se expressa para produzir RNA, mas o gene neurotransmissor não. O RNA é processado e traduzido, por isso as proteínas álcool desidrogenase são encontradas na célula. Painel direito: neurônio. O neurônio contém proteínas neurotransmissoras. Se olharmos no núcleo, veremos que o gene álcool desidrogenase não se expressa para produzir RNA, mas o gene neurotransmissor sim. O RNA é processado e traduzido, por isso as proteínas neurotransmissoras são encontradas na célula. Existem muitos outros genes que são expressos de forma diferente entre células hepáticas e neurônios (Ou quaisquer dois tipos celulares em um organismo multicelular como você). Muitos fatores podem afetar quais genes uma célula expressa. Diferentes tipos de células expressam diferentes conjuntos de genes, como vimos acima. Contudo, duas células diferentes de um mesmo tipo também podem ter padrões de expressão gênica distintos, dependendo do seu ambiente e estado interno. De forma geral, pode-se dizer que o padrão de expressão gênica é determinado tanto pelas informações internas quanto externas à célula. Exemplos de informação de dentro da célula: as proteínas que herdou de sua célula mãe, danos no seu DNA e quanto ATP possui. Exemplos de informações de fora da célula: sinais químicos de outras células, sinais mecânicos da matriz extracelular e os níveis de nutrientes. Células não tomam decisões no sentido que você ou eu tomamos. Ao invés disso, elas possuem vias moleculares que convertem informação – como a ligação de um sinal químico ao seu receptor – em uma mudança da expressão gênica. Como exemplo, vamos considerar como células respondem à fatores de crescimento. O fator de crescimento é um sinal químico proveniente de células vizinhas que instrui a célula alvo a crescer e dividir. Poderíamos dizer que a célula nota o fator de crescimento e decide dividir-se, mas como esses processos realmente acontecem? Fatores de crescimento se ligam aos seus receptores na superfície celular e ativam uma via de sinalização dentro da célula. A viade sinalização ativa a transcrição de fatores no núcleo, os quais se ligam ao DNA perto de genes que promovem a divisão e o 25 crescimento, fazendo com que sejam transcritos para RNA. O RNA é processado e exportado do núcleo, sendo então traduzido para formar proteínas que dirigem a divisão e o crescimento. A célula detecta o fator de crescimento por meio de uma ligação física entre o fator de crescimento e o receptor proteico na superfície da célula A ligação do fator de crescimento faz com que o receptor mude de forma, desencadeando uma série de eventos químicos na célula que ativam proteínas denominadas fatores de transcrição. Os fatores de transcrição ligam-se em certas sequências do DNA no núcleo e provocam a transcrição de genes relacionados com a divisão celular Os produtos desses genes são vários tipos de proteínas que fazem a célula se dividir (conduzir o crescimento celular e/ou mover a célula adiante no ciclo celular). Esse é apenas um exemplo de como uma célula pode converter uma fonte de informação em modificações na expressão gênica. Existem muitos outros, e compreender a lógica da regulação gênica é uma área de estudo em andamento na biologia. A sinalização de fatores de crescimento é complexa e envolve a ativação de uma variedade de objetos, incluindo os fatores de transcrição e proteínas dos fatores de não- transcrição. Você pode aprender mais sobre como a sinalização de fatores de crescimento funciona no artigo transdução de sinais intracelulares. A expressão gênica eucariótica pode ser regulada em vários estágios Nos artigos seguintes, vamos examinar diferentes formas de regulação gênica eucariótica. Ou seja, vamos observar como a expressão de genes em eucariontes (como nós) pode ser controlada em vários estágios, desde a disponibilidade do DNA para a produção de RNAms até a tradução e processamento de proteínas. A expressão gênica eucariótica envolve muitas etapas e quase todas elas podem ser reguladas. Diferentes genes são regulados em diferentes pontos e não é incomum que um gene (particularmente se for um gene importante ou poderoso) seja regulado em várias etapas. 26 Acessibilidade da cromatina A estrutura da cromatina (DNA e suas proteínas organizadoras) pode ser regulada. Uma cromatina mais aberta ou "relaxada" faz com que o gene esteja mais disponível para a transcrição. Transcrição. A transcrição é um ponto-chave de regulação para muitos genes. Conjuntos de proteínas de fator de transcrição se ligam a sequências de DNA específicas dentro ou perto de um gene, promovendo ou reprimindo sua transcrição para um RNA. Processamento de RNA. Splicing, capping e adição de uma cauda poli-A a uma molécula de RNA podem ser regulados, de modo que possa sair do núcleo. Diferentes RNAm podem ser feitos a partir do mesmo pré-RNAm através do splicing alternativo. Estágios da expressão gênica eucariótica (qualquer um dos quais pode ser potencialmente regulado). Estrutura da cromatina. A cromatina pode estar altamente compactada ou solta e aberta. Transcrição. Um gene disponível (com cromatina suficientemente aberta) é transcrito para formar um transcrito primário. Processamento e exportação. O transcrito primário é processado (sofre splicing, capping e recebe uma cauda poli-A) e exportado do núcleo. Estabilidade do RNAm. No hialoplasma, o RNAm pode ficar estável por longos períodos de tempo ou pode ser rapidamente degradado (fragmentado). O RNAm pode ser traduzido mais ou menos prontamente/frequentemente por ribossomos para formar um polipeptídeo. Processamento da proteína. O polipeptídeo pode passar por vários tipos de processamento, incluindo clivagem proteolítica (retirada de aminoácidos) e adição de modificações químicas, tais como grupos fosfato. Todas essas etapas (se aplicáveis) precisam ser executadas para um dado 27 gene para que uma proteína ativa esteja presente dentro da célula. Estabilidade do RNA. O tempo de vida de uma molécula de RNAm no hialoplasma afeta a quantidade de proteínas que podem ser feitas a partir dele. Pequenos RNAs reguladores denominados de RNAmis podem se ligar aos RNAm-alvos e gerar quebra dos mesmos. Tradução. A tradução de um RNAm pode ser aumentada ou inibida por reguladores. Por exemplo, RNAmis podem bloquear a tradução dos seus RNAm-alvos (ao invés de gerar quebra dos mesmos). Atividade proteica. Proteínas podem sofrer uma variedade de modificações como serem quebradas ou marcadas com grupos químicos. Essas modificações podem ser reguladas e podem afetar a atividade ou o comportamento da proteína. Embora todos os estágios da expressão gênica possam ser regulados, o principal ponto de controle para muitos genes é a transcrição. Estágios posteriores de regulação comumente refinam os padrões de expressão gênica "rascunhados" durante a transcrição. Regulação gênica e diferenças entre espécies Diferenças na regulação gênica tornam os diferentes tipos de células em um organismo multicelular (como você) únicos em estrutura e função. Se olharmos mais de longe, a regulação gênica também pode nos ajudar a explicar algumas das diferenças na forma e função entre diferentes espécies com sequências genéticas relativamente parecidas. Por exemplo, humanos e chimpanzés têm genomas que são 98.8\%98.8%98, point, 8, percent idênticos quanto ao DNA. As sequências codificadoras de proteínas de alguns genes são diferentes em humanos e chimpanzés, contribuindo para as diferenças entre as espécies. Contudo, pesquisadores também pensam que mudanças na regulação gênica desempenham um grande papel para fazer os humanos e chimpanzés diferentes um do outro. Por exemplo, algumas regiões de DNA que estão presentes no genoma do chimpanzé, mas ausentes no genoma humano contêm sequências conhecidas de regulação gênica que controlam quando, onde ou quão fortemente um gene é expresso. 28 5. ASPECTOS MOLECULARES DO CICLO CELULAR O ciclo celular, ou o ciclo de divisão celular, representa a série de eventos que ocorrem numa célula levando à sua divisão e duplicação (replicação), que produz duas células filhas. Em células sem um núcleo (procariota), o ciclo de célula ocorre através de um processo designado por fissão binária. Nas células com um núcleo (eucariotas), o ciclo celular pode ser dividido em três períodos: interfase – durante a qual a célula cresce, acumulando nutrientes necessários para a mitose prepará-la para a divisão celular e duplicando o seu ADN e a fase mitótica (M), durante o qual a célula divide-se em duas células distintas, muitas vezes chamados de “células-filhas” e a fase final, citocinese, onde a nova célula está completamente dividido. O ciclo de divisão celular é um processo fundamental através do qual uma única célula de ovo fertilizado desenvolve-se num organismo maduro, bem como o processo pelo qual os cabelos, a pele, as células do sangue, e alguns órgãos internos são renovados. As células se reproduzem pela duplicação de seus conteúdos e, então, dividem-se em duas. Este ciclo de divisão celular é a maneira fundamental pela qual todos os seres vivos são reproduzidos. Uma célula em crescimento passa por um ciclo celular que compreende essencialmente em dois períodos: a interfase e a divisão. Por muitos anos, os citologistas preocuparam-se primordialmente com o período de divisão, durante o qual profundas alterações cromossômicas eram vistas ao microscópio óptico, enquanto a interfase era considerada com uma fase de “repouso”. Observou-se, entretanto, que as células passam a maior parte de sua vida em interfase, que é um período de atividade biossintética intensa, durante o qual a célula dobra de tamanho e duplica o seu complemento cromossômico. A divisão celular é somente a fase final e microscopicamente visível de uma alteração básica que ocorreu ao nível molecular durante a interfase.29 Ciclo Celular ESTÁGIOS DA INTERFASE A síntese do DNA ocorre somente em um período estrito da interfase, denominado S ou sintético, que é procedido e seguido por dois intervalos (GAPS) ou períodos de interfase (G1 e G2) onde não ocorre síntese de DNA. Esta observação levou alguns cientistas dividir o ciclo celular em quatro intervalos sucessivos: G1- é o período que transcorre entre o final da mitose e o início da síntese do DNA S – é o período de síntese do DNA G2 – é o intervalo entre o final da síntese do DNA e o início da mitose. Durante o período G2 a célula possui o dobro (4C) da quantidade de DNA presente na célula diplóide original (2C) MITOSE – é a divisão celular, depois da mitose as células filhas entram novamente no período G1 e possui o conteúdo de DNA equivalente a 2C A duração do ciclo celular varia consideravelmente de um tipo celular a outro. Para uma célula de mamífero crescendo em cultura com um tempo de geração de 16 horas, o tempo dos diferentes períodos seria: G1 = 5 horas S = 7 horas G2 = 3 horas MITOSE = 1 horas. A duração do ciclo celular varia consideravelmente de um tipo celular a outro. Para uma célula de mamífero crescendo em cultura com um tempo de geração de 16 horas, o tempo dos diferentes períodos seria: G1 = 5 horas S = 7 horas G2 = 3 horas MITOSE = 1 hora Geralmente, os períodos S, G2 e mitótico são relativamente constante nas diversas células de um mesmo organismo. O período G1 é o mais variável. 30 Dependendo da condição fisiológica das células, pode durar dias, meses e até anos. Os tecidos que normalmente não se dividem (como nervoso ou músculo esquelético), ou que raramente se dividem (como os linfócitos circulantes), possuem a mesma quantidade de DNA presente do período G1. Pode-se saber em que fase do ciclo a célula se encontra pela medida de seu conteúdo de DNA, o qual duplica durante a fase S. Ciclo Celular Em condições que favoreçam o crescimento o conteúdo total de proteína de uma célula típica aumenta mais ou menos continuamente durante o ciclo. Da mesma maneira, a síntese de RNA continua em uma velocidade constante, exceto durante a fase M, quando os cromossomos estão muito condensados para permitir a transcrição. A produção de algumas proteínas-chave é acionada a uma alta velocidade em um estágio específico do ciclo, como por exemplo as histonas que são requeridas para formação de uma nova cromatina e são fabricadas em grande quantidade somente na fase S e o mesmo acontece para algumas das enzimas que participam da produção de desoxirribonucleotídeos e replicação de DNA. O sistema de controle do ciclo celular é um dispositivo bioquímico que opera ciclicamente, construído a partir de uma série de proteínas que interagem entre si e que induzem e coordenam os processos dependentes essenciais responsáveis pela duplicação e divisão dos conteúdos celulares. No coração desse sistema está uma série de complexos de proteínas formados por dois tipos básicos de compomentes: subunidade de proteínoquinase (chamadas proteínas Cdk) e proteínas ativantes (chamadas ciclinas). NO mínimo dois destes complexos protéicos regulam o ciclo celular normal, um no ponto de controle G1, e se situa antes do início da fase S, e o outro em G2 antes do início da fase M. Estes complexos de proteínas exercem seu controle através de sua atividade quinásica, pela ativação e desativação das quinases em pontos estratégicos do ciclo. 31 Ciclo Celular – Célula Toda célula se origina da divisão de uma célula preexistente. Nos eucariontes, o processo de gênese de novas células obedece um padrão cíclico Começa com um crescimento celular devido ao aumento quantitativo das moléculas e organelas que a célula possui O ciclo celular serve tanto para manter a vida (pluricelulares) como para gerar vida (unicelulares) A Mitose ocorre nas células somáticas dos pluricelulares Resulta em duas células geneticamente idênticas com o mesmo número de cromossomos da célula original – Células diplóides ( 2 n) O ciclo celular consiste em duas grandes etapas: INTERFASE: compreendida entre duas divisões sucessivas, na qual a célula cresce e se prepara para nova divisão CARIOCINESE (MITOSE): a divisão propriamente dita. Fases do Ciclo Célula p align=”left”>Fases da Interfase: Período G1: intervalo de tempo que transcorre desde o fim da mitose até o início da fase S; Período S: ocorre a duplicação do DNA (Síntese); Período G2: intervalo entre o 32 término da fase S e a próxima mitose; Período M: MITOSE. Ciclo Celular – Divisão Celular Em organismos unicelulares, a célula cresce ao absorver substâncias do meio e utilizando esses materiais na síntese de compostos celulares. Quando essas células atingem um dado tamanho dividem-se, obtendo-se duas células filhas com metade do tamanho, que crescerão e assim sucessivamente. Em organismos multicelulares, pelo contrário, a divisão celular e o aumento do volume celular são o meio pelo qual o organismo cresce. Em todos os casos as células filhas são geneticamente iguais á célula progenitora. A divisão celular consiste em dois processos sobrepostos ou consecutivos: mitose e citocinese. a mitose origina dois núcleos geneticamente idênticos, enquanto a citocinese separa o citoplasma, colocando os núcleos filhos em células separadas. As células que se dividem ativamente passam por uma sequência definida de acontecimentos, que se designa ciclo celular. Dependendo do tipo de célula, o ciclo requererá tempos diferentes. Fatores externos, como a temperatura ou a disponibilidade de nutrientes também afetam a duração do ciclo e respectivas etapas. O ciclo celular divide-se em interfase e mitose (ocupando geralmente entre 5 e 10% do ciclo). A interfase, ou seja, a fase entre duas divisões mitóticas, já foi considerada a fase de repouso da célula mas tal não é, de todo, verdade. Esta parte do ciclo pode ser subdividida em três partes: Fase G1 – a designação desta etapa deriva de gap = intervalo, e decorre imediatamente após a mitose. É um período de intensa atividade bioquímica, no qual a célula cresce em volume e o número de organitos aumenta. Para que a célula passe para a fase seguinte do ciclo é necessário que atinja um ponto crítico designado ponto de restrição ou start, momento em que se dão mudanças internas; Fase S – esta é a fase de síntese (S) de DNA e, aparentemente, requer um sinal citoplasmático para que se inicie. Cada cromossoma é duplicado longitudinalmente, passando a ser formado por dois cromatídeos. Nesta etapa numerosas proteínas (histonas, por exemplo) são igualmente sintetizadas; Fase G2 – esta fase conduz diretamente a mitose e permite formar estruturas com ela diretamente relacionadas, como as fibras do fuso acromático. Ciclo Celular – Divisão Celular 33 Quando na presença de estímulos adequados as células podem se multiplicar através de repetidos ciclos de proliferação e divisão celular, que em função dessa natureza cíclica, esse ciclo de vida das células proliferantes foi denominado CICLO CELULAR. Ciclo Celular O ciclo celular compreende o conjunto de transformações pelas quais a célula passa desde a sua formação até sua divisão ou morte Interfase Interfase Nesta fase, por microscopia, não visualizamos modificações tanto no citoplasma quanto no núcleo. As células, porém, estão em franca atividade, sintetizando os componentes que irão constituir as células filhas. O tempo de duração desta fase varia de célula para célula. É composta pela sucessão de três fases: G1 = Intervalo de tempo entre o final da mitose e o início da fase S S = Fase de Síntese de DNA 34 G2 = Intervalo de tempo entre o final da fase S e o início da mitose O tempo de duração da fase G1 é o principal fator para determinar o tempo da interfase. “G de gap = intervalo” É um intervalo de tempo entre o final da mitose eo início da fase S. A duração deste intervalo varia de acordo com o tipo celular: – Células embrionárias = G1 é praticamente inexistente – Células diferenciadas = G1 é variável. As células quiescentes, isto é, células que não estão se dividindo, estão num estado especial de G1 que chamamos de G0. Existem três pontos críticos que servem como marcadores desta fase G1, que são denominados de pontos críticos de Competência (C), Entrada (V) e Progressão (R). Fase S (síntese de DNA) Nesta fase ocorre a replicação do DNA. O tempo de duração é de, em média, 8 horas. O núcleo é induzido a entrar na fase S por sinais citoplasmáticos ou seja, o citoplasma induz o núcleo a replicar o seu DNA. Após a fase S, a célula passa por um segundo intervalo de tempo que é considerado a terceira fase da interfase, que chamamos de fase G2 Fases da Interfase Fase G2 “G de gap = intervalo” É o segundo intervalo de tempo da interfase. Um núcleo que completa a fase S e entra na fase G2 condensa seus cromossomos e segue para a mitose. É um período de preparação para produção de fatores cruciais que disparam a Mitose. Ciclo Celular – Mecanismo O ciclo celular, nas células somáticas, é o processo pelo qual uma célula duplica seu material genético e o distribui igualmente para duas células-filhas. Consiste em uma série de eventos preparatórios para a divisão celular, bem como a divisão celular. É um conjunto de mecanismos, que interagem entre si, responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento normais de qualquer organismo. Através de mecanismos de regulação associados, a célula é encaminhada à progressão no ciclo, crescimento e multiplicação; à diferenciação celular ou a uma condição de latência. Ocorrendo falhas nesses mecanismos regulatórios, a célula pode ser direcionada à apoptose (morte celular programada) ou ao desenvolvimento tumoral. 35 O ciclo é um processo contínuo dividido em 2 fases principais: INTÉRFASE e MITOSE. A interfase é sempre a fase mais demorada (90% a 95% do tempo total gasto por uma célula durante o seu ciclo). A interfase é uma fase de atividade biossintetica intensa, e pode ser subdividida em: G1, S e G2. Nas células humanas com divisão típica, as três fases levam um total de 16 a 24 horas, enquanto a mitose dura apenas 1 a 2 horas. Entretanto, há uma grande variação na duração do ciclo celular, que vai desde algumas horas nas células com divisão rápida (como as da derme e mucosa intestinal) até meses em outros tipos de células. De fato, alguns tipos de células, tais como os neurônios e as hemácias, não se dividem, pois são totalmente diferenciadas. Sendo assim, essas células ficam permanentemente paradas durante G1 em uma fase conhecida como G0. Outras, tais como as células hepáticas, podem entrar em G0, mas após um dano ao órgão, eventualmente voltam a G1 e continuam o ciclo celular. Os sinais químicos que controlam o ciclo provem de fora e de dentro da célula. Os sinais externos são os hormônios e os fatores de crescimento. Os sinais internos são proteínas de 2 tipos: as ciclinas e as cinases (CDKs) Fase G1 Este período se caracteriza por uma intensa síntese de RNA e proteínas, ocorrendo um marcante aumento do citoplasma da célula – filha recém-formada. É nesta fase que se refaz o citoplasma, dividido durante a mitose. No período G1 a cromatina esta esticada e não distinguível como cromossomos individualizados ao MO. Este é o estágio mais variável em termos de tempo. Pode durar horas, meses ou anos. Inicia com um estímulo de crescimento e posterior síntese de ciclinas que vão se ligar aos CDKs. Esse complexo vai fosforilar um outro complexo, o pRb/E2F. Inicialmente, a proteína pRb encontra-se ligada ao fator E2F, na forma inativa. Quando é fosforilada pelos complexos ciclina/Cdk, libera o fator E2F. Este vai ativar a transcrição de vários genes cujos produtos são necessários para que a célula progrida para a fase S. A proteína pRb, então, não fosforilada permanece ligada ao E2F, não permitindo a progressão da célula no ciclo celular. Já quando fosforilada, estimula a progressão do ciclo para a fase S. Os inibidores de ciclina/Cdk (CKIs) p21 e p53 podem interferir na fosforilação do 36 pRb, interferindo na progressão do ciclo. Muitos casos de neoplasias malignas estão comprovadamente associados a mutações no gene que codifica a pRb. A proteína pode ficar permanentemente ativa, estimulando a célula a continuar a se dividir. Esquema: Fase S Este é o período de síntese. Inicialmente a célula aumenta a quantidade de DNA polimerase e RNA e duplica seu DNA. Os mecanismos envolvidos na progressão da célula ao longo da fase S e desta para G2 permanecem um tanto obscuros. apesar disso, sabe-se que o complexo ciclinaA/Cdk2 mostra importante função imediatamente antes da síntese de DNA, fosforilando proteínas específicas envolvidas na origem de replicação do DNA. Um outro componente é o complexo mitótico ciclinaB/cdc2 ou Fator Promotor da Mitose (MPF). Ele protege a célula de uma segunda divisão no DNA até que ela entre na mitose. Fase G2 O período G2 representa um tempo adicional para o crescimento celular, de maneira que a célula possa assegurar uma completa replicação do DNA antes da mitose. Neste período ocorre uma discreta síntese de RNA e proteínas essenciais para o início da mitose. É considerado o segundo período de crescimento. Nesta fase, inicia-se a condensação da cromatina para que a célula possa progredir para a mitose. Há também checkpoints nesta fase, exercidos principalmente pelo complexo ciclinaB/cdc2 ou MPF. Ele permanece inativo durante quase toda a fase G2, sofrendo fosforilações e desfosforilações até que uma fosfatase específica remove alguns fosfatos, o complexo é então ativado e a célula é encaminhada à mitose. CONTROLE DO CICLO CELULAR O ciclo celular é regulado pela interação de proteínas. O ciclo celular em organismos multicelulares, é controlado por proteínas altamente específicas, denominadas de fatores de crescimento. Os fatores de crescimento regulam a proliferação celular através de uma rede complexa de cascatas bioquímicas que por sua vez regulam a transcrição gênica e a montagem e desmontagem de um sistema de controle. São conhecidas cerca de 50 37 proteínas que atuam como fatores de crescimento, liberados por vários tipos celulares. Para cada tipo de fator de crescimento, há um receptor específico, os quais algumas células expressam na sua superfície e outras não. Os fatores de crescimento liberados ligam-se a receptores de membrana das células alvo. A formação do complexo receptor – ligante, dispara a produção de moléculas de sinalização intracelular. Essas moléculas são responsáveis pela ativação de uma cascata de fosforilação intracelular, que induz a expressão de genes. O produto da expressão destes genes são os componentes essenciais do Sistema de Controle do Ciclo celular, que é composto principalmente por duas famílias de proteínas: Cdks (cinases dependentes de ciclina): Fosforilam proteínas-alvo. Expressas durante todo o ciclo, inativas. Ativas quando ligadas às ciclinas Ciclinas: Ligam a CdK e controlam a fosforilação de proteínas alvo Sintetizadas em fases específicas destruídas após exercerem sua função. O ciclo de montagem, ativação e desmontagem do complexo ciclina-CdK são os eventos bases que dirigem o ciclo celular. O ciclo é regulado para parar em pontos específicos. Nesses pontos de parada são realizados reparo. São reconhecidos dois pontos de Check point: Em G1 antes da célula entrar na fase S Em G2 antes da célula entrar em mitose. Controladores negativos: CKIs (Inibidores de Cdk): são proteínas que interagem com Cdks ou complexos ciclina-Cdk, bloqueando sua atividade de cinase. Complexo ubiquitina de degredação de proteína: degrada ciclinas e outras proteínas para promover a progressão do ciclo celular. CheckpointG1-S O principal controlador é a proteína p53 (produto do gene Tp53). O p53 atua ativando a transcrição do gene que codifica a CKI p21. A p21, com sua produção aumentada, vai bloquear a atividade de cinase do complexo ciclina/Cdk e este não vai fosforilar pRb, que não vai liberar o fator E2F e o ciclo vai parar. Esta interrupção no ciclo vai permitir que o dano no DNA seja corrigido e a célula continue sua divisão, ou que a célula seja encaminhada à apoptose caso o dano seja deletério não sujeito a correções. P53 Ciclo Celular Transcrição do gene da CKI p21 Ciclo Celular bloqueio do 38 complexo que fosforila pRb Ciclo Celular pára a progressão do ciclo Ciclo Celular reparo do DNA ou morte celular programada A p53 é frequentemente alvo para mutações em um grande número de patologias. A perda de expressão da p53 determina aumento da proliferação celular. Um outro controlador que atua ao término de G1 é a CKI p27, que vai bloquear a atividade de cinase do complexo ciclinaE/Cdk2, causando também uma parada no ciclo celular. Checkpoint G2-M No período G2 as ciclinas mitóticas ligam-se a proteínas CdK formando um complexo denominado de MPF que é ativado por enzimas e desencadeiam eventos que levam a célula a entrar em mitose. O complexo é desfeito pela degradação da ciclina mitótica quando a célula está entre a metáfase e anáfase induzindo a célula a sair da mitose. Todas essas estruturas proteicas envolvidas no Controle do Ciclo Celular são codificadas por genes específicos. Qualquer alteração nesses genes (mutações) pode resultar em proteínas alteradas, causando problemas neste processo de estímulo à célula. Uma das consequências possíveis é o desenvolvimento de algumas neoplasias humanas bem relacionadas a mutações em genes específicos. 39 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ALBERT, B.; BRAY, D.; LEWIS, J. RAFF, M,; ROBERTS, K. e WATSON, J. D. “Biologia Molecular da Célula”. Artes Médicas, Ed. Porto Alegre – RS. 1997 Tradução da 3ª edição. Alcohol dehydrogenase. (2016, January 6). Acesso em 26 de abril, 2016. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Alcohol_dehydrogenase. Benjamin Lewin, Genes VII (2000) – Oxford University Press, Inc., New York Voet and Voet, Biochemistry (1997) – John Wiley & Sons, New York, 2nd Ed. Cooper, G. M. (2000). Regulation of transcription in eukaryotes. In The cell: A molecular approach. Sunderland, MA: Sinauer Associates. Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK9904/. DARNELL, J. E.; LODISH, H e BALTIMORE, D. 2005. 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