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1 A CÉLULA Fundamentos da Biologia Celular Introdução - Visão geral A unidade fundamental de um ser vivo. Morfologia Básica Envoltório em membrana lipoprotéica com conteúdo aquoso com substâncias químicas variadas e organelas de função específica. As células podem possuir complexidade de funções (nutrição, reprodução, defesa, transporte, etc.) ou serem especializadas (Ex: pluricelulares e colônias.) 2 Morfologia Básica do Hialoplasma O desenvolvimento da Citologia O fundamento celular na biologia tem início com a microscopia A partir de técnicas variadas baseadas em técnicas da óptica, transmissão eletromagnética e corantes próprios, aperfeiçoou-se as conclusões sobre a estrutura e fisiologia celular 3 Exemplos de Tecnologias Microscópicas Mic. De Hook Mic. óptico Mic. Eletrônico Poder de resolução: Tamanho de células e de seus componentes, desenhados em escala logarítmica, indicando a faixa de objetos que podem ser propriamente visualizados a olho nu e através de microscópios óptico e eletrônico. 4 Origem das células e da vida Hipóteses mais aceitas sobre a origem da vida e da estrutura celular no planeta terra As primeiras formas de vida • Foram células procariotas, heterotrófas e anaeróbicas. • Ocorreu entre 4 a 3,5 bilhões de anos atrás 5 A Evolução da vida • Naquela época a atmosfera provavelmente continha vapor de água, amônia, metano, hidrogênio, sulfeto de hidrogênio e gás carbônico 6 • Antes de surgir a primeira célula teriam existido grandes massas líquidas, ricas em substâncias de composição muito simples. • Estas substâncias, sob a ação do calor e radiação ultravioleta vinda do Sol e de descargas elétricas oriundas de tempestades freqüentes, combinaram- se quimicamente para constituírem os primeiros compostos contendo carbono. • Substâncias relativamente complexas teriam aparecido espontaneamente. (Teoria de Oparin) Stanley Miller realizou em 1953 experimentos fundamentais que corroboraram essa possibilidade. 7 • A partir das descargas elétricas foram produzidos 17 aminoácidos (dos 20 que formam as proteínas de um ser vivo) • Foram produzidos açúcares, ácidos graxos e as bases nitrogenadas que formam o DNA e RNA • Esta etapa de evolução química foi provalvelmente precedida de outra na qual se formaram as proteínas pela polimerização dos aminoácidos. Essa etapa posterior provavelmente teve lugar em meios aquosos onde as moléculas orgânicas se concentravam para formar uma espécie de "Sopa Primordial" na qual foram favorecidas as interações e onde se formaram complexos maiores denominados coacervados ou proteinóides, com uma membrana externa envolvendo um fluido no interior (micelas). Posteriormente originou-se o código genético, talvez primeiro como RNA, e em seguida o DNA e as diversas moléculas que participaram na síntese de proteínas e na replicação, produzindo células capazes de se autoperpetuarem. É razoável supor-se que a primeira célula a surgir foi precedida por agregados de micelas que apresentavam apenas algumas das características hoje consideradas peculiares dos seres vivos (metabolismo, crescimento e reprodução). 8 • Isto é a primeira célula era das mais simples, porém mesmo uma célula desse tipo é ainda complexa demais para admitir-se que ela tenha surgido ao acaso, já pronta e funcionando. • É possível que não havendo Oxigênio na atmosfera, os primeiros procariontes foram heterotróficos e anaeróbicos. • Posteriormente surgiram os procariontes autotróficos, tais como as algas azul-esverdeadas que contém pigmentos fotossintéticos. • Através da fotossíntese se produziu o Oxigênio da atmosfera e este permitiu o surgimento de organismos aeróbicos a partir dos quais recém originaram-se os eucariontes • Até aquele momento a vida só estava presente na água, porém , finalmente, as plantas e os animais colonizaram a Terra Há 3 teorias para explicar o fato do aperfeiçoamento das células procariontes autotróficas iniciais. 9 Teoria da Invaginação da Membrana Plasmática: Por mutação genética, alguns procariontes teriam passado a sintetizar novos tipos de proteínas, e isso levaria ao desenvolvimento de um complexo sistema de membranas, que, invaginando-se da membrana plasmática, teria dado origem às diversas organelas delimitadas por membranas. Assim teriam aparecido o retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi, os lisosomas e as mitocôndrias. Pelo mesmo processo surgiria o envoltório nuclear, principal característica das células eucariontes. Embora à primeira vista este teoria pareça sólida, ela não tem apoio em fatos conhecidos. É, ao contrário, de difícil aceitação, pois não existe célula intermediária entre procariontes e eucariontes, nem se encontrou fóssil que indicasse uma possível existência destes tipos intermediários. Teoria da Simbiose de Procariontes. • Segundo este teoria alguns procariontes passaram a viver no interior de outros, criando células mais complexas e mais eficientes. • Vários dados apóiam a suposição de que as mitocôndrias e os cloroplastos surgiram por esse processo. 10 Demonstrou-se, por exemplo, que tais organelas contêm DNA, e que esse DNA contém informação genética que se transmite de uma célula a outra, de um modo comparável à informação contida no DNA dos cromossomos nucleares. Ainda mais, ao menos no que se refere às mitocôndrias, demonstrou-se também que a molécula de DNA é circular, como nas bactérias. Teoria Mista • É possível que as organelas que não contêm DNA, como o retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi. se tenham formado a partir de invaginações da membrana celular, enquanto as organelas com DNA (mitocôndrias, cloroplastos) apareceram por simbiose entre procariontes. Conclusão: As primeiras células vivas provavelmente surgiram na terra por volta de 3,5 bilhões de anos por reações espontâneas entre moléculas 11 Do nosso conhecimento acerca dos organismos existentes nos dias atuais, e das moléculas neles contidas, parece plausível que o desenvolvimento de mecanismos autocatalíticos fundamentais para os sistemas vivos tenha começado com a evolução de uma família de moléculas de RNA, que poderiam catalisar sua própria replicação. Com o tempo, uma das famílias do RNA catalisador desenvolveu a habilidade de dirigir a síntese de polipeptídeos. Finalmente, o acúmulo adicional de proteínas catalisadoras permitiu que células mais complexas evoluíssem, o DNA dupla hélice substituiu o RNA como uma molécula mais estável para a estocagem de uma quantidade crescente de informações genéticas necessárias às células. Organização Celular (Procariotos x Eucariotos) Desenho representando uma célula eucariótica animal típica. 12 • A microscopia eletrônica demonstrou que existem fundamentalmente duas classes de células: as procarióticas , cujo material genético não está separado do citoplasma por uma membrana e as eucarióticas, com um núcleo bem individualizado e delimitado pelo envoltório nuclear. • Embora a complexidade nuclear seja utilizada para dar nome as duas classes de células, há outras diferenças importantes entre procariontes e eucariontes. • Do ponto de vista evolutivo, considera-se que os procariontes são ancestrais dos eucariontes. • Os procariontes surgiram há cerca de 3 bilhões de anos ao passo que os eucariontes há 1 bilhão de anos. • Apesar das diferenças entre as células eucarióticas e procarióticas, existem semelhanças importantes em sua organização molecular e em sua função. – Por exemplo, veremos que todos os organismos vivos utilizam o mesmo código genético e uma maquinaria similar para a síntese de proteínas. • As células procarióticas caracterizam-se pela pobreza de membranas,que nelas quase se reduzem à membrana plasmática. • Os seres vivos que têm células procarióticas compreendem as bactérias e as cianofíceas ou algas azuis. 13 Eletromicrografia de uma Célula Eucariótica (Notar Núcleo, Mitocôndrias, Lisossomos, Complexo de Golgi) Eletromicrografia de uma bactéria (Procarioto) • As células eucarióticas, por definição e em contraste com as células procarióticas, possuem um núcleo (caryon, em Grego) que contém a maioria do DNA celular envolvido por uma dupla camada lipídica. • O DNA é assim mantido num compartimento separado dos outros componentes celulares que se situam num citoplasma, onde a maioria das reações metabólicas ocorrem. • No citoplasma, no entanto, organelas distintas podem ser reconhecidas • Dentre elas, duas são proeminentes, os cloroplastos (nas células vegetais) e as mitocôndrias (animais e vegetais), envoltas numa bicamada de membrana que é distinta da membrana nuclear. 14 Comparação entre Organismos Procariotos e Eucariotos Apesar de possuírem uma estrutura relativamente simples, as células procarióticas são bioquimicamente versáteis e diversas: por exemplo todas as principais vias metabólicas são encontradas em bactérias, incluindo os três processos para obtenção de energia: glicólise, respiração fotossíntese. Procariotos Eucariotos Organismo bactéria e cianofícea protista, fungos, plantas e animais Tamanho da Célula geralmente de 1 a 10 micrometros geralmente de 5 a 100 micrometros Metabolismo aeróbico ou anaeróbico aeróbico Organelas Nenhuma núcleo, mitocôndrias, cloroplasto, reticulo endoplasmático, complexo de Golgi, lisossomo, etc. DNA DNA circular no citoplasma longas moléculas de DNA contendo muitas regiões não codificantes: protegidos por uma membrana nuclear RNA e Proteína Sintetizados no mesmo compartimento RNA sintetizado e processado no núcleo, proteínas sintetizadas no citoplasma. Citoplasma ausência de citoesqueleto: fluxo citoplasmático, ausência de endocitose e exocitose citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo citoplasmático, presença de endocitose e exocitose Divisão celular cromossomos se separa atracado à membrana cromossomos se separam pela ação do fuso do citoesqueleto Organização Celular maioria unicelular maioria multicelular, com diferenciação de muitos tipos celulares. 15 Composição química aproximada de uma bactéria típica e uma célula típica de mamífero. A célula procariótica mais bem estudada é a bactéria Escherichia coli. Dada a sua simplicidade estrutural, rapidez de multiplicação e não patogenicidade. A E. coli revelou-se excelente para os estudos de biologia molecular. Componente Bactéria E. coli Célula de mamífero Água 70 % 70 % Íons Inorgânicos (Na, K, Mg, Ca, Cl, etc.) 1 % 1 % Pequenos Metabólitos 3 % 3 % Proteínas 15 % 18 % RNA 6 % 1,1 % DNA 1 % 0,25 % Fosfolipídios 2 % 3 % Outros Lipídios --- 2 % Polissacarídeos 2 % 2 % Volume total da Célula 2 x 10-12 cm3 4 x 10-9 cm3 Volume Relativo da Célula 1 2000 16 Célula Animal X Vegetal Célula Animal Célula Vegetal As células vegetais se distinguem das animais devidas às seguintes características: parede celular conexões celulares (plasmodesmos) vacúolos, plastos reserva energética. Nós podemos dividir organização da vida na Terra nos seguintes níveis hierárquicos: -Átomos -Moléculas -Organelas -Células -Tecidos -Órgãos -Organismos -Populações -Comunidades -Ecossistemas -Biosfera 17 • O citoplasma das células vegetais contém, além dos plastos e vacúolos, as mesmas organelas da célula animal. • Aparentemente tanto o retículo endoplasmático liso quanto o granular e os ribossomos exercem funções semelhantes nas células animais e vegetais. Logo abaixo da membrana plasmática observam-se sistemas de microtúbulos que correm paralelos à membrana Provavelmente estão relacionados à formação da parede ou à manutenção da forma das células O aparelho de Golgi aparece na célula vegetal sob a forma de corpos dispersos pelo citoplasma, que, de um modo geral, são de tamanho menor do que os da célula animal, embora apresentem morfologia semelhante. A célula vegetal está circundada por uma estrutura semi-rígida denominada parede celular, a qual confere proteção e apoio mecânico à célula, que deforma-se a medida que a célula cresce e se diferencia. Uma característica peculiar às células vegetais é a existência de conexões celulares (pontes citoplasmáticas) interligando células vizinhas. Tais conexões, chamadas de plasmodesmos, estão nos limites de resolução do microscópio óptico e ocorre em grande número (pelo menos de 1.000 a 10.000). 18 Eletromicrofotografia de uma célula animal Eletromicrofotografias de uma célula vegetal. Os vacúolos são importantes estruturas citoplasmáticas características da célula vegetal. Nas plantas, o crescimento celular dá-se em grande parte devido ao crescimento dos vacúolos. O sistema de vacúolos pode atingir até 90% do volume total da célula. Os plastos são organelas ligadas aos processos de fotossíntese. Há diversos tipos de plastos e sua classificação se faz de acordo com o material encontrado no seu interior. Os cloroplastos são os mais comuns e são verdes devido aos pigmentos de clorofila. 19 Membrana Celular Figura esquemática da Membrana Celular • As membranas celulares são essenciais para a vida da célula. • A Membrana Plasmática envolve a célula, define seus limites, e mantêm as diferenças essenciais entre o citosol e o meio extracelular. Dentro da célula, as membranas do retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, mitocôndrias, e outras organelas envoltas por membrana, em células eucarióticas, mantêm as diferenças características entre os conteúdos de cada organela e o citosol. Todas as membranas biológicas têm uma estrutura geral comum: é um filme muito fino de lipídeos e de proteínas mantidas juntas principalmente por interações não covalentes. 20 • Essa bicamada lipídica fornece a estrutura básica da membrana e atua como uma barreira relativamente impermeável à passagem da maioria das molécula hidrossolúveis. Os glicolipídeos são encontrados na metade não citoplasmática da bicamada lipídica. Na membrana plasmática os seus grupos açúcar estão expostos na superfície celular, sugerindo que eles desempenham algum papel nas interações da célula com a sua vizinhança. As membranas plasmáticas de eucariotos (Células Animais) contêm quantidades particularmente grandes de colesterol. As moléculas de colesterol aumentam as propriedades de barreira da bicamada lipídica e devido as seus rígidos anéis planos de esteróide diminui a mobilidade e torna a bicamada lipídica menos fluidas. As membranas celulares são estruturas dinâmicas, fluidas, e a maior parte de suas moléculas são capazes de mover-se no plano da membrana. As moléculas individuais de lipídeos são capazes de difundirem-se rapidamente dentro de sua própria monocamada e raramente saltam de uma monocamada para outra. As moléculas lipídicas são arranjadas como uma dupla camada contínua com cerca de 5nm de espessura. 21 A maioria dos lipídeos que compõem a membrana são fosfolipídeos dos quais predominam: fosfatidilcolina esfingomielina fosfatidilserina fosfatidiletanolamina Eletromicrografia mostrando as membranas Plasmáticas e o espaço intercelular Proteínas da Membrana • Enquanto a bicamada lipídica determina a estrutura básica das membranas biológicas, as proteínas são responsáveis pela maioria das funções da membrana, atuando como receptores específicos, enzimas, proteínas transportadoras, entre outra funções.• Muitas proteínas da membrana estendem-se através da bicamada lipídica. • Em algumas dessas proteínas transmembrana a cadeia polipeptídica cruza a bicamada como uma alfa-hélice única (proteínas unipasso). 22 • Em outras, inclusive naquelas responsáveis pelo transporte transmembrana de íons e pequenas moléculas hidrossolúveis, a camada polipeptídica cruza a bicamada múltiplas vezes, seja como uma série de alfa-hélices, seja como uma folha beta na forma de um barril fechado (proteína multipasso). Outras proteínas associadas a membrana não cruzam a bicamada, mas ao contrário são presas a um ou ao outro lado da membrana. Muitas dessa são ligadas por interações não covalentes a proteína transmembrana, enquanto outras são ligadas através de grupos lipídicos ligados covalentemente. Como as moléculas lipídicas na bicamada, muitas proteínas da membranas são capazes de difundir- se rapidamente no plano da membrana. Por outro lado, as células têm mecanismos para imobilizar proteínas específicas da membrana e para confinar moléculas lipídicas e protéicas a domínios específicos. 23 Glicocálice ou cobertura celular. • O termo cobertura celular ou glicocálice é freqüentemente utilizado para descrever a região rica em carboidratos na superfície celular. • Esses carboidratos ocorrem tanto como cadeias de oligossacarídeos ligadas covalente a proteínas da membrana (glicoproteínas) e lipídeos (glicolipídeos), e na forma de proteoglicanos que consistem de longas cadeias de polissacarídeos ligados covalentemente a um núcleo protéico. As cadeias laterais de oligossacarídeos são extremamente diversificadas no arranjo de seus açúcares. Essa cobertura de carboidratos ajuda a proteger a superfície celular de lesões mecânicas e químicas, Recentemente descobriu-se que oligossacarídeos específicos funcionam como intermediários em diversos processos transitórios de adesão célula- célula, inclusive aqueles que ocorre em interações espermatozóide-óvulo, coagulação sangüínea, e recirculação de linfócitos em respostas inflamatórias. 24 Citoplasma Caracterização do Citoplasma • O citoplasma das células eucarióticas é constituída pelo citosol, também chamado citoplasma fundamental ou matriz citoplasmática, que aparece sem estrutura visível mesmo quando examinada ao microscópio eletrônico. • Contêm enzimas solúveis que participam dos processos de síntese protéica, glicólise, síntese e degradação de glicogênio, síntese de ácidos graxos, etc. • No citosol encontramos também um depósito de reserva (pool) de macromoléculas protéicas como actina e tubulina que, quando polimerizadas, vão originar filamentos e microtúbulos. • O citosol contêm ainda moléculas pequenas absorvidas, produtos da atividade enzimática celular e íons. • Mergulhadas no citosol encontramos as organelas e as inclusões. 25 • As primeiras são sedes de processos metabólicos intensos e têm ocorrência geral, como por exemplo as mitocôndrias, o complexo de Golgi, os lisossomos, os ribossomos e o retículo endoplasmático. • As inclusões são menos freqüentes e em geral representam depósitos de lipídeos, glicídeos ou pigmentos. • O citoplasma geralmente apresenta uma delgada zona periférica em contato com a membrana celular, chamada ectoplasma, contendo abundante quantidade da proteína actina, que desempenha importante função nos processos de movimentação celular. • O ectoplasma é pobre em organelas e inclusões, que tendem a se localizar na parte mais central do citoplasma, denominada endoplasma. • O citosol representa pouco mais da metade do volume celular total e é o sítio de síntese de proteínas, onde ocorre a maior parte do metabolismo intermediário, isto é, as muitas reações pelas quais algumas moléculas pequenas são degradadas e sintetizadas para fornecer os componentes primários para a construção das macromoléculas. • O citosol não é apenas uma solução aquosa diluída; ele é muito complexo em composição e de consistência quase do tipo gel. 26 • A outra classe de solutos do citosol consiste de várias coenzimas, bem como ATP e ADP, além de vários íons minerais como: potássio, cloro, magnésio, cálcio, bicarbonato e fosfato. • Todos os componentes do citosol são mantidos em proporções e concentrações constantes, balanceadas, graças a atividade de vários processos de transporte que operam através da membrana plasmática. Ribossomos Os ribossomos foram observados pela primeira vez por Palad, ao microscópio eletrônico, na forma de partículas ou grânulos densos. Os ribossomos são encontrados em todas as células e representam uma espécie de suporte para interação ordenada das diversas moléculas envolvidas na síntese de proteína. As células realizam um esforço considerado para a produção dessas organelas que são de grande importância. Eletromicrografias de Ribossomos (pontos mais escuros) ligados ao Retículo Endoplasmático 27 • Uma célula de E.coli contêm aproximadamente 15.000 ribossomos representando 25% da massa total dessas células bacterianas. • O ribossomo é uma partícula esferóide medindo 23nm (4,5 milhões de Daltons), composta de uma subunidade maior e outra menor. • Os ribossomos eucarióticos sedimentam em gradientes de sacarose com um coeficiente de sedimentação de 80S. Na ausência de magnésio, esses ribossomos dissociam-se de maneira reversível em subunidades de 40S e 60S. – Observe que os valores dos coeficientes de sedimentação não são aditivos.(Coeficiente de Sedimentação -S-: é a medida da velocidade de sedimentação de uma substância ou partícula (geralmente através de algum tipo de gradiente em centrifugação.) 28 Embora os ribossomos sejam usualmente desenhados com a subunidade 40S representada como um capacete sentado numa esfera de 60S eles não são estruturas simétricas. de fato, as duas subunidades têm formas surpreendentemente irregulares. A figura acima mostra a estrutura tridimensional das subunidades dos ribossomos deduzida a partir de análise de raio X e da microscopia eletrônica. As duas subunidades se encaixam de tal forma que é formada uma fenda por onde passa o RNAm quando o ribossomo se move durante o processo de tradução e por onde emerge a cadeia polipeptídica recém- formada. Os ribossomos são encontrados também nas mitocôndrias e nos cloroplastos de células eucarióticas porém são menores que os ribossomos citoplasmáticos. Durante a síntese protéica, vários ribossomos unem-se a uma molécula de RNA mensageiro, formando um polirribossomo ou polissomo. Assim sendo, uma única molécula de RNAm pode ser traduzida por vários ribossomos ao mesmo tempo. 29 Figura representando os Ribossomos ligados ao RNAm (Polissomos) e a síntese protéica. Os principais constituintes dos ribossomos são o ácido ribonucléico (RNA) e as proteínas, presentes em quantidades aproximadamentes iguais (com pouco ou nenhum lipídeo). As cargas positivas das proteínas não são suficientes para compensar as muitas cargas negativas dos fosfatos do RNA e, por esse motivo, os ribossomos possuem carga fortemente negativa, ligando-se a cátions e a corantes básicos. O RNA ribossômico representa mais de 80% do total de RNA presentes nas células. Os ribossomos dos eucariotos contêm três moléculas de RNA, uma de 18S na subunidae menor e 28S e 5S na maior. Quando o RNA 28S é aquecido ou desnaturado, um pequeno componente ligado a ele de forma não covalente é liberado. Este pequeno RNA é denominado RNA 5,8S e é transcrito no nucléolo juntamente com os RNA 18S e 28S. O RNA 5S é sintetizado fora do nucléolo. 30 Figura mostrando os componentes das sudunidades ribossômicas procarióticas (a esquerda 70 S) e eucarióticas (a direita 80S)Mitocôndria • As mitocôndrias (do grego mito: filamento e chondrion: grânulo) estão presentes no citoplasma das células eucarióticas, sendo caracterizadas por uma série de propriedades morfológicas, bioquímicas e funcionais. • Geralmente, são estruturas cilíndricas com aproximadamente 0,5micrômetros de diâmetro e vários micrômetros de comprimento. • Uma célula hepática normal pode conter de 1.000 a 1.600 mitocôndrias, enquanto alguns ovócitos podem conter até 300.000. 31 • Microfilmagens em intervalos de células vivas mostram que as mitocôndrias são organelas notavelmente móveis e plásticas, mudando constantemente suas formas e mesmo fundindo-se umas com as outras e se separando novamente. • Possuem organização estrutural e composição lipoprotéica características, e contêm um grande número de enzimas e coenzimas que participam das reações de transformação da energia celular. Morfologia da Mitocôndria Matriz: A matriz contêm uma mistura altamente concentrada de centenas de enzimas, incluindo aquelas necessárias à oxidação do piruvato e ácidos graxos e para o ciclo de Krebs. A matriz contêm também várias cópias do DNA mitocondrial, ribossomos mitocondriais essenciais, RNAt, e várias enzimas requeridas para expressão dos genes mitocondriais. 32 Membrana Interna • A membrana interna é desdobrada em numerosas cristas que aumentam grandemente a sua área superficial total. • Ela contêm proteínas com três tipos de funções: – 1. aquelas que conduzem as reações de oxidação da cadeia respiratória – 2. um complexo enzimático chamado ATPsintetase, que produz ATP na matriz – 3.proteínas transportadoras específicas, que regulam a passagem para dentro e fora da matriz. • Uma vez que um gradiente eletroquímico é estabelecido, através dessa membrana pela cadeia respiratória, para direcionar a ATPsintetase, é importante que a membrana seja impermeável a maioria dos pequenos íons. Membrana Externa: Devido ao fato de conter uma grande proteína formadora de canais (chamada de porina), a membrana externa é permeável a todas as moléculas de 5.000 daltons ou menos Outras proteínas existentes nesta membrana incluem as enzimas envolvidas na síntese de lipídeos mitocondriais e enzimas que convertem substratos lipídicos em formas que possam ser subseqüentemente metabolizados na matriz. Espaço Intermembrana Esse espaço contêm várias enzimas que utilizam o ATP proveniente da matriz para fosforilar outros nucleotídeos. 33 •Eletromicrografia de uma mitocôndria de uma célula pancreática mostrando a membrana externa lisa e as numerosas invaginações da membrana interna chamadas de cristas. •Notar também grânulos escuros de alta densidade no seio da matriz com diâmetro de 30 a 50 nm provavelmente constituído por um arcabouço protéico ou lipoprotéico ao qual se prendem íons de metais (cálcio e magnésio). •Além desse componentes distingue-se com certa dificuldade no interior da matriz regiões filamentosas constituídas por filamento de DNA e ribossomos medindo 15nm de diâmetro. Função da mitocôndria: A mitocôndria realiza a maior parte das oxidações celulares e produz a massa de ATP ( energia celular) das células animais. Na mitocôndria o piruvato e os ácidos graxos são convertidos em acetil-CoA que são oxidados em CO2, através do ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico). Grandes quantidades de NADH e FADH2 são produzidas por essas reações de oxidação. A energia disponível, pela combinação do oxigênio com os elétrons reativos levados pelo NADH e pelo FADH2, é regulada por uma cadeia transportadora de elétrons na membrana mitocondrial interna denominada de cadeia respiratória. 34 • A cadeia respiratória bombeia prótons ( H+) para fora da matriz para criar um gradiente eletroquímico de hidrogênio transmembrana. • O gradiente transmembrana, por sua vez, é utilizada para sintetizar ATP e para dirigir o transporte ativo de metabólitos específicos através da membrana mitocondrial interna. • A combinação dessas reações é responsável por uma eficiente troca ATP-ADP entre a mitocôndria e o citosol de tal forma que o ATP pode ser usado para prover muitas das reações celulares dependentes de energia. Lisossomos, Vacúolos e Peroxissomos Lisossomos Os lisossomos são especializados na digestão intracelular. O conceito de lisossomos originou-se a partir da utilização de técnicas de fracionamento celular. Apenas mais tarde fora claramente visualizados no microscópio eletrônico. Eles são extraordinariamente diversos em forma e tamanho. Essas partículas apresentam um conteúdo elevado de fosfatase ácidas e outras enzimas hidrolíticas. 35 • Atualmente são conhecidas em torno de 50 hidrolases lisossômicas, as quais são capazes de digerir a maioria da substâncias biológicas. • Os lisossomos são encontrados tanto em células animais quanto em células vegetais e nos protozoários. • Uma propriedade importante dos lisossomos é sua estabilidade na célula viva. Isto se deve ao fato de que as enzimas estão envolvidas por uma membrana, e todo o processo de digestão ocorre no interior da organela. • A maioria da enzimas lisossômicas age em meio ácido, pH 5, que é mantido por uma bomba de hidrogênio, propelida por ATP, na membrana do lisossomo. Figura ilustrando o formação do Lisossomo a partir do Aparelho de Golgi Atualmente são conhecidas quatro tipos de lisossomos, o primeiro deles é o lisossomo primário; os outros três tipos podem ser agrupados em lisossomos secundários: 36 O Lisossomo Primário ou Grânulo de Reserva É um corpúsculo cujo conteúdo enzimático é sintetizado pelos ribossomos e acumulado no retículo endoplasmático. A partir do retículo dirigem-se para o aparelho de Golgi, considera-se que a região trans no aparelho de Golgi participa na formação do lisossomo primário. Heterofagossomo ou vacúolo da digestão Surge após a ingestão pela célula (por fagocitose ou pinocitose) de material estranho. Este corpúsculo contém material ingerido envolto por uma membrana. Sob condições ideais a digestão resulta em produtos de baixo peso molecular que atravessam a membrana lisossômica e podem ser incorporados à célula. Os Corpos Residuais Formam-se quando a digestão é incompleta podem permanecer por longo tempo na célula e provavelemente desempenham algum papel no processo de envelhecimento. O Vacúolo Autofágico ou Autofagossomo É um lisossomo especializado em digerir partes da célula que o contém (por exemplo uma mitocôndria ou um retículo endoplasmático). 37 Esquema mostrando os aspectos dinâmicos do sistema lisossômico. Observe a relação entre os processos de fagocitose, pinocitose, exocitose e autofagia. •Visualização histoquímica dos lisossomos. •Micrografias eletrônicas de duas secções de uma célula corada para revelar a localização da fosfatase ácida, uma enzima marcadora de lisossomos. •Na figura da direita embaixo do lisossomo podemos observar duas vesículas pequenas que se acredita, estejam carregando hidrolases ácidas a partir do aparelho de Golgi. 38 Vacúolos • Muitas células vegetais e de fungos contém uma ou mais vesículas muito grandes, cheias de líquido, denominadas vacúolos. • Eles tipicamente ocupam mais de 30% do volume da célula, chegando a ocupar 90% em alguns tipos de célula. • Os vacúolos são relacionados aos lisossomos de células animais, contendo uma variedade de enzimas hidrolíticas, mas suas funções são muito diferentes. • Um vacúolo vegetal pode atuar como uma organela de armazenamento para nutrientes ou para dejetos, como compartimento de degradação, como modo econômico de aumentar o tamanho da célula, e como controlador da pressão osmótica. Eletromicrografiade célula vegetal onde podemos notar bem evidenciado o vacúolo, como uma região clara no centro da foto (as regiões escuras em volta do vacúolo são cloroplastos). 39 Vacúolos diferentes com funções distintas estão freqüentemente presentes na mesma célula. O vacúolo é importante como um aparelho homeostático, permitindo à célula vegetal suportar grandes variações no seu ambiente (como pH, e pressão osmótica). Substâncias armazenadas em vacúolos vegetais, em diferentes espécies variam de boracha a ópio. Freqüentemente, os produtos armazenados possuem uma função metabólica. Por exemplo, proteína podem ser preservadas durante anos nos vacúolos de células de armazenamentos de muitas sementes, como ocorrre com a ervilha e o feijão. Peroxissomos Os peroxissomos são encontrados em todas as células eucarióticas e são especializados no processamento das reações oxidativas utilizando oxigênio molecular. Contêm enzimas oxidativas, como catalase e urato oxidase, em concentrações tão elevados em algumas células destacam-se devido a presença de cristais, em sua maioria, compostos de urato oxidase. Como a mitocôndria o peroxissomo é um sítio importante de utilização de oxigênio. 40 • São envolvidos por apenas uma membrana e não contêm DNA e nem ribossomos, todas as suas proteínas devem ser importadas do citosol. • Portanto, os peroxissomos assemelham-se ao retículo endoplasmático por que se auto replicam sem possuirem genomas próprios. • Os peroxissomos usam oxigênio molecular para remover átomos de hidrogênio de substratos orgânicos (R) em reações oxidativas, que produzem peróxido de hidrogênio(H2O2): RH2 + O2 ---> R + H2O2 As catalases utilizam o H2O2 gerado por outras enzimas na organela para oxidar uma variedade de outros substratos. Este tipo de reação oxidativa é particularmente importante em células do fígado e rim, onde os peroxissomos eliminam várias moléculas tóxicas que entram na corrente sangüínea. Além disso, quando o excesso de peróxido de hidrogênio se acumula na célula a catalase o converte em água. A principal função das reações oxidativas nos peroxissomos é a quebra de moléculas de ácidos graxos, em um processo denominado beta oxidação. 41 Micrografia eletrônica de 03 peroxissomos em uma célula de fígado de rato. As inclusões paracristalinas eletrodensas (mais escuras) são enzimas urato oxidase. Aparelho de Golgi • Em 1898, Camilo Golgi utilizando um método de coloração pela prata, descobriu uma estrutura reticular no citoplasma de células nervosas. • Mais 50 anos depois, o microscópio eletrônico permitiu a obtenção de uma imagem definitiva desta organela e sua estrutura pode ser estudada com detalhe. • O aparelho de Golgi é o principal sítio de síntese de carboidratos, bem como uma estação de seleção e despacho dos produtos oriundos do retículo endoplasmático (RE). • O aparelho de golgi se localiza na rota de saída do RE e uma grande proporção dos carboidratos que o aparelho sintetiza são ligadas, na forma de cadeias laterais de oligissacarídeos, a proteínas e lipídeos que o RE sintetiza e envia a ele. 42 O aparelho de Golgi está normalmente localizado próximo ao núcleo da célula e, em células animais, está frequentemente próximo ao centrossomo (centro da célula). Ele consiste de uma coleção de cisternas envoltas por membranas achatadas e lembram uma pilha de pratos. Cada uma dessa pilhas de Golgi geralmente consiste de quatro a seis cisternas. Grande quantidade de vesículas pequenas estão associadas com as pilhas de Golgi, que se agrupam e costeiam o RE e se colocam ao longo das bordas de cada cisterna. Acredita-se que estas vesículas de Golgi transportam proteínas e lipídeos para dentro e para fora do aparelho de Golgi e entre as cisternas de Golgi. 43 Durante sua passagem através do aparelho de Golgi, as moléculas transportadas sofrem uma série de modificações covalentes. Cada unidade da pilha possui duas faces distintas: uma face cis (ou face de entrada) e uma face trans . As duas faces estão estreitamente conectadas a compartimentos especiais, que são compostos por uma rede de estruturas tubulares e em forma de cisternas interconectadas. Proteínas e lipídeos entram na rede de Golgi cis, em vesículas de transporte, a partir do RE e saem na rede de Golgi trans em vesículas de transporte destinadas a superfície celular ou outro compartimento. Cada um desses inúmeros passos no transporte é mediado por vesículas de transporte, que brotam de uma membrana e se fusionam a outra. Dependendo da função da célula o aparelho de Golgi é mais ou menos desenvolvido, sendo especialmente proeminente em células que são especializadas para secreção, como as células globlet do epitélio intestinal, que secretam para o intestino grandes quantidades de muco rico em polissacarídeos. 44 • Outra função importante do aparelho de Golgi é participar da formação de lisossomos, enquanto que a substância ativa, contida nestas vesículas vêm do RE tal como ocorre na secreção. • As vias de processamento de oligossacarídicos ocorrem em uma seqüência organizada na pilha do aparelho de Golgi, com cada cisterna contendo seu próprio conjunto de enzimas de processamento. • As proteínas são modificadas em estágios sucessivos quando se movem de cisterna a cisterna através da pilha, de modo que a pilha forma uma unidade de processamento com estágios múltiplos. • As enzimas que catalisam passos iniciais estão localizadas nas cisternas voltadas para a face cis do aparelho de Golgi, enquanto as enzimas que catalisam os passos finais do processamento estão localizados nas cisternas voltadas para a face trans. • Resumindo, podemos dizer que o aparelho de Golgi está principalmente relacionado com o transporte e síntese de secreção, com a produção de lisossomos, com a complementação do glicocálice (é feita através de vesículas cheias de glicoproteínas, proteoglicanos e glicolipídeos que são expulsas via exocitose enquanto que o glicocálice se espalha pela superfície da membrana celular) e com a manutenção do fluxo de membranas na célula. 45 Micrografia eletrônica do aparelho de Golgi onde podemos observar a face cis e a face trans e as vesículas de transporte de secreção. Retículo Endoplasmático Figura mostrando as membranas do Retículo Endoplasmático Liso e Retículo Endoplasmático Rugoso 46 • Todas as células eucarióticas contêm um retículo endoplasmático (RE). • Tipicamente suas membranas constituem mais do que metade do total de membrana de uma célula animal média e está relacionado com as diversas funções celulares. • Com freqüência ele é escasso e pouco desenvolvido em células embrionária ou indiferenciadas, no entanto, aumenta de tamanho e de complexidade com a diferenciação celular. • Está organizado em uma rede de labirintos de tubos ramificados e sacos achatados que se estendem por todo o citosol. • Acredita-se que todos os tubos e sacos se interconectem, de forma que a membrana do retículo endoplasmático forma uma folha contínua que engloba um espaço interno único. • Esse espaço altamente enrolado é denominado de lúmem do RE ou espaço da cisterna do RE e freqüentemente ocupa mais de 10% do volume total da célula. • A membrana do RE separa o lúmem do RE do citosol, e intermedia a transferência seletiva de moléculas entre esses dois compartimentos. 47 Micrografia de fluorescência de um cultura de células de mamífero corada com anticorpo que se ligam ao uma proteína retirada do RE. O RE estende-se como uma rede através de todo o citosol, assim todas as regiões do citosol estão próximos a alguma parte da membrana do RE O RE desempenha uma função central na biossíntese de lipídeose proteínas. Sua membrana é o sítio de produção de todas as proteínas transmembrana e lipídeos para a maioria das organelas da célula incluindo o próprio RE, os lisossomos, os endossomos, as vesículas secretoras e a membrana plasmática. A membrana do RE também representa uma contribuição importante para as membranas das mitocôndrias e dos peroxissomos, pois produz a maioria de sues lipídeos constituintes. Além disso, quase todas as proteínas que serão secretada para o exterior da célula, assim como aquelas destinadas ao lúmem do RE, aparelho de Golgi ou lisossomos, são inicialmente dirigidas ao lúmem do RE. 48 • O RE captura proteínas selecionadas do citosol assim que são sintetizadas e independente de seu destino subseqüente são dirigidas pela membrana do RE pelo mesmo tipo de peptídeo-sinal e são transportadas através deste pelo mesmo mecanismo. Micrografia eletrônica revelando o RE Liso e o RE Rugoso Em células de mamíferos, a importação das proteínas para o retículo endoplasmático começa antes que a cadeia peptídica esteja completamente sintetizada - ou seja, ocorre co-traducionalmente. Isto distingue este processo da importação de proteínas para as mitocôndrias, cloroplastos, núcleo e peroxissomos que é pós-traducional e necessita diferentes peptídeos-sinal. 49 • Como uma das extremidades da proteína é normalmente transportada para o RE, enquanto o restante da cadeia é sintetizada, a proteína nunca e liberada no citosol e, portanto, nunca corre o risco de assumir sua conformação final antes de atingir a proteína transportadora na membrana. • Isto ocorre porque o ribossomo que está sintetizando a proteína está diretamente ligado à membrana do RE . • Estes ribossomos ligado a membrana cobrem a superfície do RE, criando regiões denominadas retículo endoplasmático rugoso (RER). Figura: Retículo Endoplasmático Rugoso 50 Citoesqueleto Modelo da estrutura do citoesqueleto de uma célula mostrando os diferentes compomentes contidos na matriz citoplasmática. A capacidade que as células eucarióticas possuem de adotar uma variedade de formas e de executar movimentos coordenados e direcionados depende de uma rede complexa de filamentos de proteínas que se estendem por todo citoplasma. Essa rede é chamada de citoesqueleto embora seja, ao contrário, de um esqueleto ósseo, uma estrutura altamente dinâmica que se reorganiza continuamente sempre que a célula altera a forma, se divide ou responde ao seu ambiente. De fato, o citoesqueleto poderia ser denominado de "citomusculatura", pois ele é o responsável direto por movimentos tais como deslocamentos das células sobre um substrato, contração muscular e ele também fornece a maquinaria necessária para movimentos intracelulares tais como o transporte de organelas de um lugar a outro no citoplasma e a segregação dos cromossomos na mitose. O citoesqueleto está ausente nas bactérias. 51 • O citoesqueleto forma um arcabouço interno para o grande volume do citoplasma, sustentando-o da mesma forma que uma estrutura metálica sustenta um prédio. • As diferentes atividades do citoesqueleto dependem de três diferentes tipos de filamentos protéicos: Filamentos de Actina Microtúbulos Filamentos Intermediários Figura mostrando os tipos de filamentos protéicos do citoesqueleto. 52 • Cada tipo é formado a partir de uma subunidade protéica diferentes: – Actina nos filamentos de actina, – Tubulina nos microtúbulos e – Uma família de proteínas fibrosas, como vimentina e lâmina nos filamentos intermediários. Os microtúbulos São estruturas rígidas que normalmente apresenta uma das extremidades ancorada a um único centro organizador de microtúbulos chamado centrossomo (uma estrutura geralmente localizada ao lado do núcleo próximo do centro da célula) e a outra livre no citoplasma. Em muitas células, os microtúbulos são estruturas altamente dinâmicas que podem aumentar ou diminuir em comprimento pela adição ou perda de subunidades de tubulina. Proteínas motoras se movem de uma direção a outra ao longo dos microtúbulos carregando organelas específicas para os locais pré-determinados dentro da célula. A determinação de polaridade intrínseca de certas células está relacionada com a função mecânica dos microtúbulos. Os microtúbulos são polímeros rígidos formados por moléculas de tubulina na forma de filametos longos e ocos, possuindo diâmetro externo de 25nm e são muito mais rígidos do que os filamentos de actina. 53 Os filamentos de actina • Também chamados de microfilamentos. • São polímeros helicoidais de duas cadeias. São estruturas flexíveis, com diâmetro de 5 a 9nm, organizados na forma de feixes lineares, redes bidimensionais e géis tridimensionais. • Embora os filamentos de actina estejam distribuídos por toda a célula, eles estão mais concentrados no córtex logo abaixo da membrana plasmática. • Também são estruturas dinâmicas mas, ao contrário dos microtúbulos que são filamentos isolados, se organiza em feixes ou redes. • O córtex celular, camada situada logo abaixo da membrana plasmática, é formada por filamentos de actina e por uma variedade de proteínas que se ligam à actina. • Esta camada rica em actina controla a forma e os movimentos de superfície da maioria das células animais. Os filamentos intermediários São estruturas que proporcionam estabilidade mecânica às células e tecidos. Os filamentos intermediários são polímeros fortes semelhantes a cabos, constituídos de polipepetídeos fibrosos que resistem ao estiramento e desempenham um papel estrutural na célula, mantendo sua integridade. 54 • Existe uma grande variedade de tipos que diferem de acordo com o tipo de polipeptídeo que os forma. • Os filamentos de queratina das células epiteliais, os neurofilamentos das células nervosas, os filamentos gliais dos astrócitos e das células de schwann, os filamentos de desmina das células musculares, os filamentos de vimentina dos fibroblastos e de muitos tipos celulares. • As lâminas nucleares que formam a lâmina fibrosa que se estende sob o envelope nuclear constituem uma família a parte de proteínas de filamento intermediário. • Os filamentos intermediários são fibras em forma de cordão com diâmetro em torno de 10nm. • São formados por um grupo de proteínas que constituem uma grande família de proteínas heterogêneas • Os três tipos de filamentos são conectados entre si e suas funções são coordenadas. Micrografia eletrônica do citoesqueleto de um fibroblasto de rato mostrando todos os componentes do citoesqueleto: redes de filamentos de actina (mf), microtúbulos (setas), filamentos intermediários (pontas de setas). Barra - 0.5 µm. 55 Cílios e Flagelos célula ciliada • As estruturas responsáveis pela motilidade celular são constituídas por pequenos apêndices, especialmente diferenciados, que variam em número e tamanho. • Se são escassos e longos recebem o nome de flagelos, ao passo que se são numerosos e curtos são denominados cílios. • O batimento ciliar é uma forma exaustivamente estudada de movimento celular. • Os cílios são apêndices finos, semelhantes a cabelos com O,25 micrômetros de diâmetro, contendo no seu interior um feixe de microtúbulos • Estendem-se a partir da superfície de muitos tipos de células e são encontrados na maioria das espécies animais, em muitos protozoários e em algumas plantas inferiores. 56 • A função primária dos cílios consiste em movimentar fluido sobre a superfície celular ou deslocar células isoladas através de um fluido. • Os protozoários, por exemplo, usam os cílios tanto para coletar partículas de alimento como para locomoção. • Nas células epiteliais que revestemo trato respiratório humano, um número gigantesco de cílios (109/cm2 ou mais) limpam as camadas de muco contendo partículas de poeira e células mortas em direcão à boca, onde serão engolidas ou eliminadas. • Os cílios também auxiliam no deslocamento do óvulo pelo oviduto e, uma estrutura relacionada, o flagelo, impulsiona os espermatozóides. Desenho mostrando as diferenças de movimentos entre o cílios e o flagelo. 57 • Áreas ciliadas se curvam em ondas unidirecionais coordenadas. • Cada cilio se move com um movimento de chicote: uma batida para a frente, na qual o cílio se estende totalmente golpeando o líquido circundante, seguida por uma fase de recuperação, na qual ele retorna à sua posição original com um movimento de enrolamento que minimize o arrasto viscoso. • Os ciclos dos cilios adjacentes são quase sincrônicos criando um padrão ondulatório de batimento ciliar que pode ser observado ao microscópio. • Os flagelos dos espermatozóides e de muitos protozoários são muito semelhantes aos cílios na sua estrutura interna, mas normalmente são muito mais longos. • Ao invés de descreverem movimentos de chicote, se movem em ondas quase-sinusoidais. • No entanto, a base molecular para seu movimento é a mesma da dos cíilios. • Deve ser registrado que os flagelos das bactérias são completamente diferentes dos cíilios e flagelos das células eucarióticas • O movimento de um cílio ou de um flagelo é produzido pela curvatura de seu núcleo, chamado axonema. • O axonema é composto por microtúbulos e suas proteínas associadas. 58 • Os microtúbulos estão modificados e dispostos num padrão, cujo aspecto curioso e diferente foi uma das revelações mais extraordinárias no inicio da microscopia eletrônica: – Nove microtúbulos duplos especiais estão dispostos formando um anel ao redor de um par de microtúbulos simples. • Este arranjo de "9 + 2" é característico de quase todas as formas de cílios ou flagelos eucarióticos- desde protozoários até humanos. • Os microtúbulos se estendem de modo contínuo, ao longo do comprimento do axonema que, normalmente possui 10 micromêtros de comprimento, mas, em algumas células, pode alcançar 200 um. • Enquanto cada membro do par de microtúbulos individuals (o par central) é um microtúbulo completo, cada um dos pares externos é composto por um microtúbulo completo e outro parcial, mantidos unidos, compartilhando uma parede tubular comum. • Em secções transversais, cada microtúbulo completo parece formado por um anel de 13 subunidades enquanto o túbulo incompleto parece possuir somente 11. 59 Diagrama das partes constituintes de um cílio ou flagelo Os microtúbulos de um axonema estão associados com numerosas proteínas, que se projetam a distancias regulares ao longo do seu comprimento. Algumas servem para manter os feixes de túbulos unidos através de pontes transversais. Outras geram a força que dirige o movimento de curvatura, enquanto outras formam um sistema de revezamento ativado mecanicamente que controle o movimento de modo a produzir a forma da onde desejada. A mais importante dessas proteínas é a dineina ciliar, cujas cabeças interagem com microtúbulos adjacentes e geram uma força de deslizamento entre eles. 60 • Devido as múltiplas pontes que mantém unidos os pares de microtúbulos adjacentes, o que seria um movimento de deslizamento entre microtúbulos livres, transforma-se em movimento de curvature do cílio . • Tal como a dineína citoplasmática, dineína ciliar possui um domínio motor que hidrolisa ATP e se move ao longo de um microtúbulo na direção de sue extremidade "menos", e uma cauda que transporte a carga que, neste cave, é um microtúbulo adjacente. • A dineína ciliar é consideravelmente maior do que a dineína citoplasmática, tanto no tamanho de suas cadeias pesadas como no número e na complexidade de suas cadeias polipeptídicas. • A dineína do flagelo da alga verde unicelular Chlamydomonas, por exemplo, é formada por 2 ou 3 cadeias pesadas (existem múltiplas formas de dineína no flagelo) e por 10 ou mais polipeptídeos menores .
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