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INTRODUÇÃO O tecido nervoso é distribuído pelo organismo, interligando-se e formando uma rede de comunicações, que constitui o sistema nervoso. Anatomicamente, este sistema é dividido em: I: Sistema nervoso central (SNC): Encéfalo, constituintes neurais do Sistema Fotorreceptor e Medula Espinhal; II; Sistema nervoso periférico (SNP): Nervos e Gânglios Nervosos. ANATOMIA TELENCÉFALO CIRCULAÇÃO ARTERIAL MENINGES CÉLULAS DO SNC NEURÔNIOS Responsáveis pela recepção, transmissão e processamento de estímulos. Neurotransmissores 3 partes: Dendritos; Corpo celular (pericário) e Axônio. No SNC, os corpos celulares dos neurônios localizam-se somente na substância cinzenta. A substância branca apresenta apenas os prolongamentos (axônio). SISTEMA NERVOSO CENTRAL I Highlight Highlight Highlight Highlight CÉLULAS DA GLIA Apresentam importantes relações estruturais e metabólicas com os neurônios, além de funções individualizadas. ASTRÓCITOS Responsáveis pelo reparo e cicatrização; OLIGODENDRÓCITOS Produzem as bainhas de mielina; CÉLULAS EPÉNDIMÁRIAS Revestem os ventrículos do cérebro (barreira entre o encéfalo e o líquor) MICRÓGLIA Quando ativadas, assumem a forma dos macrófagos e tornam-se fagocitárias e apresentadoras de antígenos CASO CLÍNICO 1 Uma mulher de 68 anos de idade, na companhia de 2 filhos, subitamente perdeu a consciência e caiu no chão. Quando recobrou a consciência, não conseguia movimentar a parte superior do hemicorpo esquerdo e tinha dificuldades para falar. Ao exame físico, sua temperatura era de 37 °C, sua FC era de 81 bpm, sua FR era de 17 irpm e sua PA era de 135x85mmHg. Após alguns meses, a mulher não readquiriu a função motora do lado esquerdo do corpo. Passados mais alguns meses, adquiriu pneumonia grave, não resistindo à infecção e acabou falecendo. A figura a seguir exibe o aspecto macroscópico do cérebro na necropsia: Esse aspecto tem maior probabilidade de representar qual das seguintes lesões? A) Hematoma subdural B) Infarto cerebral recente C) Contusão pelo trauma D) Infarto cerebral antigo E) Hemorragia subaracnoide DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS DO SNC Uma das principais causas de morbimortalidade no mundo; Aproximadamente 10% de todos os óbitos anuais no Brasil; 2ª causa de morte no Brasil Aumento da incidência com o avançar da idade; Não produz colágeno; faz gliose Impede propagação de inflamação Afetou artéria cerebral média direita Highlight ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL OU ENCEFÁLICO Termo clínico para déficits neurológicos de início agudo, resultantes de lesões vasculares obstrutivas ou hemorrágicas; DOENÇA CEREBROVASCULAR Qualquer anormalidade do encéfalo causada por alterações vasculares DOENÇAS CEREBROVASCULARES Conceito: lesões encefálicas em consequência de fluxo sanguíneo alterado (isquemia ou hemorragia); FATORES DE RISCO HAS, tabagismo, DM, dieta “inadequada”, hipercolesterolemia, obesidade, sedentarismo, uso abusivo de álcool, estresse crônico. Predomínio em homens, negros, acima de 60 anos; DIVISÃO DA FISIOPATOLOGIA I: Hipóxia, isquemia e infarto → menor fluxo sanguíneo e O2 → lesão Embolia / trombose II: Hemorragia → ruptura de vasos do SNC → lesão Hipertensão e anomalias vasculares (MAV e aneurismas) HIPÓXIA, ISQUEMIA E INFARTO Mecanismos para privação do oxigênio: Hipóxia Funcional Baixa pressão parcial do oxigênio (pO2); Comprometimento da capacidade de carreamento do oxigênio pelo sangue; Inibição do uso de oxigênio pelo tecido. Isquemia Interrupção do fluxo sanguíneo normal: I: Transitória → redução na pressão de perfusão (ex: hipotensão); II: Permanente → obstrução vascular. Variáveis na sobrevivência do tecido nervoso frente à isquemia: I: Disponibilidade de circulação colateral; II: Tempo de isquemia; III: Grau da isquemia; IV: Tempo de instalação do evento (agudo x crônico); V: Idade do paciente. VI: Tamanho da lesão VII: Localização anatômica VIII: Déficit clínico Lesão isquêmica pode ser: I: Global → Isquemia cerebral global (Encefalopatia hipóxico-isquêmica): Há redução generalizada da perfusão cerebral; EX: Parada cardíaca, choque... → hipotensão severa. II: Regional → Isquemia cerebral focal (Infarto cerebral) Redução ou interrupção do fluxo para uma determinada área; EX: Trombose, embolia, aterosclerose, vasculites... ISQUEMIA CEREBRAL GLOBAL Sinônimo: Encefalopatia Hipóxico- Isquêmica (EHI) Resultante de redução generalizada do fluxo sanguíneo cerebral, com repercussão clínica variável: Casos Leves Estado confusional pós-isquêmico transitório; recuperação completa e sem lesão irreversível. Casos Graves Morte neuronal generalizada; Se sobrevive → deficiência neurológica severa Estado vegetativo persistente (coma profundo) Morte cerebral Morfologia Cérebro tumefeito, com giros alargados e sulcos estreitos; Superfície de corte (inicial): pobre distinção entre as substâncias branca e cinzenta; Superfície de corte (após algumas semanas): necrose pseudolaminar. Alterações Histológicas: Precoces (12-24h): “neurônios vermelhos” (necrose neuronal seletiva) e chegada de neutrófilos Subagudas (24h-2 sem): Necrose tecidual, influxo de macrófagos, proliferação vascular e gliose (início) Reparo: (> 2 semanas): remoção da necrose, gliose ISQUEMIA CEREBRAL FOCAL Sinônimo: Infarto cerebral Resultante da redução/interrupção acentuada do fluxo sanguíneo cerebral para área localizada do encéfalo; Causa: oclusão vascular por trombose: arterial ou venosa ou embolia arterial Consequência → necrose (infarto). Seu tamanho e forma são influenciados pela duração da isquemia Linha marrom: perda de neurônio e adequação do fluxo colateral (polígono de Willis) Causas Principais I: Tromboembolia Descolamento de trombos murais cardíacos (IAM, FA, valvopatias, etc); Aterosclerose de carótidas; Local mais frequentemente comprometido é o território da artéria cerebral média OBS: Outras embolias: gasosa, gordurosa e neoplásica; séptico → “aneurisma micótico” II: Aterosclerose: Doença vascular mais frequente no SNC; Fatores de risco: HAS, DM, Dislipidemia, Tabagismo Locais preferenciais: Bifurcação da Carótida, a. Cerebral Média, a. Basilar e aa. Vertebrais Morfologia Hemorrágico (vermelho), presente em casos de embolia arterial ou trombose venosa, é decorrente de: I: Lesão de reperfusão em área de isquemia prévia; II: Irrigação por colaterais; III: Após dissolução ou fragmentação do êmbolo; Não-Hemorrágico (pálido, anêmico ou branco), presente em casos de trombose arterial, é I: Geralmente associados à trombose arterial; II: Vasoespamo; III: Hipotensão arterial Infarto Cerebral Branco Microscopia 12hs: alteração neuronal isquêmica (neurônios vermelhos), edema; 48hs: neutrófilos, macrófagos (células granulogordurosas); 2 a 3 semanas: astrócitos reacionais → iniciam a gliose Após meses: cavidade delimitada por gliose. Macroscopia 48hs: Pálido, macio e edemaciado (borramento dos limites entre substância cinzenta e branca); 2 a 10 dias: gelatinoso e friável, com borda bem definida; 10 dias a 3 semanas: liquefaz com cavitação; Infarto Branco Recente Sangue entra, mas não consegue sair > extravaza > hemorragia Vasculite por êmbolo séptico bacteriano Infarto Cerebral Hemorrágico 12 horas 48 horas 2 a 3 semanas Infarto Cerebral Clínica Déficit produzido é determinado pelo território de irrigação do vaso comprometido Sintomas surgem rapidamente (poucos minutos) e podem piorar ou melhorar com o tempo, a depender da evolução: I: Deslocamento / dissolução espontânea do tromboêmbolo; II:Tratamento: Em qual usaremos fibrinolíticos e anticoagulantes? Isquêmico Qual o risco que esta terapêutica pode acarretar? Causar um infarto cerebral hemorrágico OBS: “Zona de penumbra” CASO CLÍNICO 2 Um homem de 55 anos de idade subitamente perde a consciência enquanto dirigia seu caminhão, mas estava em baixa velocidade e o veículo para sem colidir com qualquer superfície. O SAMU chega ao local, mas o homem está inconsciente e não conseguem acordá-lo. Ao exame físico, há papiledema bilateral. Não há movimentos espontâneos. O paciente não sobreviveu e a figura a seguir exibe o aspecto macroscópico do cérebro no exame de necropsia: Highlight Highlight Highlight Dificuldade na drenagem do olho por hipertensão intracraniana Highlight Entorno do Infarto Esquerda: Isquêmico Direita: Hemorrágico Qual é a afecção subjacente que mais provavelmente resultou na lesão do paciente? A) Trombose em artéria cerebral B) Traumatismo cranioencefálico C) Hipertensão arterial sistêmica D) Alcoolismo crônico HEMORRAGIA INTRACRANIANA Hemorragias podem ocorrer em qualquer localização do SNC: (Clínicamente: AVC Hemorrágico) Dentro do encéfalo: Hemorragia Intraparenquimatosa Externamente ao encéfalo → TCE: Hemorragia subaracnoide HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA Ruptura de pequenos vasos intraparenquimatosos; Alta morbimortalidade; Indivíduos de meia idade ou idosos (50 a 70 anos), negros A HAS é a principal causa: Responsável por mais de 50% das hemorragias intraparenquimatosas; 15% dos pacientes com HAS morrerão com AVE Hemorrágico; Arteriolosclerose (pequenas artérias): Paredes mais fracas → sujeitas a rupturas. Microaneurismas de Charcot- Bouchard: Pequenos aneurismas decorrentes da HAS crônica; que podem ser alvos de sangramento em picos hipertensivos MORFOLOGIA Extravasamento de sangue com compressão do parênquima adjacente CLÍNICA Clínica, Evolução e Prognóstico Dependem do local e da extensão/volume do sangramento; Sangramento pequeno / mínimo Silencioso ou sinais/sintomas neurológicos transitórios; Sangramento Importante Cefaleia, crises convulsivas, alterações visuais e da fala, queda do nível de consciência, coma... Hemorragia maciça → efeito de massa → HIC → hérnias cerebrais → compressão do tronco encefálico → coma → óbito CASO CLÍNICO 3 Mulher, 79 anos, estava dirigindo seu automóvel quando teve uma cefaleia súbita muito intensa. Ela conseguiu dirigir até um posto de combustíveis, parou o veículo e tombou sobre o volante. O SAMU foi acionado, chegou em 20 minutos, e após estabilização da paciente, a levaram para o setor de emergência de um hospital próximo, no qual a paciente permaneceu em coma e faleceu 6 horas depois. O aspecto macroscópico do cérebro, na necropsia, é exibido na figura a seguir: Qual das seguintes alternativas contém o diagnóstico mais provável? A) Hemorragia intraparenquimatosa B) Tromboembolia cursando com infarto cerebral C) Laceração das veias subdurais de ligação D) Ruptura de um aneurisma sacular HEMORRAGIA SUBARACNOIDE Hemorragia entre as camadas meníngeas aracnoide e pia-máter; Principal causa → ruptura de aneurismas saculares de aa. cerebrais 80% dos casos de hemorragia subaracnoide; Aneurisma sacular é o tipo mais comum de aneurisma intracraniano; Mulheres (3:2); raro em crianças Maioria assintomático → 5ª década (ruptura) O “congênito” é o mais comum; O adquirido tem o tabagismo e a HAS como fatores predisponentes. Outras causas: Malformação arteriovenosa (MAV); Secundária a hemorragia intraparenquimatosa e Distúrbios hematológicos, etc ANEURISMAS SACULARES MORFOLOGIA Evaginação da parede arterial pelo seu enfraquecimento com dilatação da luz; Poucos mm a 2 ou 3 cm de diâmetro; Superfície avermelhada e parede fina; Highlight PATOGÊNESE A maioria permanece assintomática ao longo da vida → ruptura é súbita (relacionada ao tamanho do aneurisma, estados hipertensivos ou pico agudo da PIC) → hemorragia subaracnoide CLÍNICA Cefaleia súbita e excruciante: “pior dor de cabeça da vida” Perda de consciência; Náuseas, vômitos e sinais de irritação meníngea; 25-50% morre na primeira ruptura; Quem sobrevive, melhora e recupera a consciência, mas pode haver recorrência ou déficits neurológicos; Tratamento cirúrgico (aberto ou endovascular); CONSEQUÊNCIAS Aguda → Lesão isquêmica → vasoespasmo em decorrência do sangue extravasado Fase tardia → fibrose (cicatrização) meníngea → obstrução ao fluxo do LCR (hidrocefalia) EDEMA CEREBRAL Acúmulo anormal de líquido no parênquima cerebral, de forma localizada ou difusa, resultando em aumento do volume encefálico; Mecanismos de formação: VASOGÊNICO É o mais comum; Barreira hematoencefélica comprometida → aumento da permeabilidade vascular I: Líquido intravascular → espaço intercelular cerebral; II: Pobreza em vasos linfáticos para drenar o excesso; CAUSAS Hemorragia cerebral; infarto cerebral, encefalopatia hipertensiva, neoplasias, TCE, convulsões . LOCALIZADO EX: Adjacente ao local de inflamação, hemorragia e neoplasias GENERALIZADO EX: Isquemia global (EHI), encefalopatia hipertensiva.. CITOTÓXICO OU CELULAR Aumento de fluido intracelular em consequência de agressão à membrana celular de neurônios, células da glia ou endotelial; Highlight Highlight Highlight Highlight Ocorre após fenômenos hipóxico- isquêmicos ou intoxicações; LOCALIZADO EX: Isquemia regional (obstrução vascular) GENERALIZADO EX: Isquemia global (encefalopatia hipóxico-isquêmica) EX: Encefalopatia hepática, metabólitos tóxicos PATOGÊNESE MORFOLOGIA Giros aplainados, sulcos estreitos e encéfalo mais volumoso e pesado; As câmaras ventriculares podem estar: Estreitadas → edema do parênquima Alargadas → edema hidrocefálico HIDROCEFALIA O LCR normal é produzido pelo plexo coroide no interior dos ventrículos laterais e quarto ventrículo; A hidrocefalia consiste no acúmulo excessivo de LCR no sistema ventricular e consequente aumento pressórico; Geralmente decorrente de comprometimento do fluxo (obstrução) ou da reabsorção. Quando congênita ou na infância (antes do fechamento das suturas cranianas) → expansão ventricular → expansão do espaço subaracnóide → afastamento dos ossos do crânio → alargamento das fontanelas → aumento da cabeça (aumento do PC) → HIC Quando surge após o fechamento das suturas → expansão ventricular → sem aumento do perímetro cefálico → HIC CLASSIFICAÇÃO HIDROCEFALIA COMUNICANTE O sistema ventricular se comunica com o espaço subaracnóide e há aumento de todo o sistema ventricular; EX: Por redução da reabsorção liquórica na fibrose das leptomeninges HIDROCEFALIA NÃO COMUNICANTE (OU OBSTRUTIVA) Ocorre quando o sistema ventricular está obstruído, não havendo comunicação com o espaço subaracnoide; EX: Neoplasias, cisticercose, hemorragia ventricular... HIDROCEFALIA EX-VÁCUO Dilatação ventricular e alargamento do espaço subaracnoide secundários a atrofia cerebral de qualquer natureza; EX: Infarto cerebral, doenças neurodegenerativas MORFOLOGIA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA CONSEQUÊNCIAS HÉRNIA DO GIRO DO CÍNGULO (SUBFALCINA OU SUPRACALOSA) Deslocamento do giro do cíngulo sob a borda livre da foice do cérebro para o lado contralateral; Pode comprimir artéria cerebral anterior e seus ramos: Déficit motor e sensitivo dos MMII. HÉRNIA DO GIRO PARA- HIPOCAMPAL OU TRANSTENTORIAL Deslocamento do uncus ou de todo o giro para-hipocampal (face medial do lobo temporal) para o compartimento infratentorial; Consequências I: Se afetar o III nervo craniano (oculomotor) → Midríase e oftalmoplegia ipsilaterais; II: Secomprimir a artéria cerebral posterior → isquemia do córtex visual; III: Se comprimir o mesencéfalo → deterioração do nível de consciência IV: Se comprimir o pedúnculo cerebral contralateral (entalhe de Kernohan) → hemiparesia/hemiplegia ipsilateral (“sinal de falsa localização”) A progressão pode cursar com lesões hemorrágicas em mesencéfalo e ponte → hemorragias de Duret Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight HÉRNIA DAS TONSILAS CEREBELARES (HÉRNIA TONSILAR) Deslocamento das tonsilas cerebelares através do forame magno; Compressão do tronco encefálico → compressão de centros respiratório e cardíaco do bulbo → risco de morte CLÍNICA Manifestações clínicas das hérnias; Manifestações neurológicas gerais causadas pela lesão expansiva: Cefaleia, vômito e papiledema; DIAGNÓSTICO I: Exame clínico neurológico; II: Exames de imagem; III: Exame de fundo de olho
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