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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 5 
2 A CRIANÇA NO CONTEXTO SOCIAL ..................................................... 6 
2.1 Definições de criança, primeira infância e adolescência .................... 7 
2.2 Determinantes de morbimortalidade infantil e juvenil no Brasil .......... 8 
3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO Á SAÚDE DA CRIANÇA ........... 12 
4 PNAISC – POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO Á SAÚDE DA CRIANÇA
 14 
4.1 Eixos da PNAISC ............................................................................. 15 
5 SAÚDE DA CRIANÇA NA ATENÇÃO BÁSICA – PROGRAMAS DE 
ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA. ...................................................................... 25 
5.1 Programa Nacional de Imunização – PNI ......................................... 27 
5.2 Programa Saúde na Escola – PSE .................................................. 28 
5.3 Atenção à Saúde Bucal .................................................................... 29 
5.4 Saúde da Criança nas Redes Temáticas ......................................... 30 
5.5 Saúde da Criança na Rede de Atenção Materna, Neonatal e Infantil – 
Rede Cegonha ..................................................................................................... 33 
5.6 Saúde da Criança na Rede de Atenção às Urgências ..................... 35 
5.7 A Organização dos Pontos de Atenção da RUE para o Cuidado com 
a Criança 36 
5.8 Saúde da Criança na Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência 
– RCPD 37 
5.9 Saúde da Criança na Rede de Atenção Psicossocial – Raps .......... 39 
5.10 Saúde da Criança na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com 
Doenças Crônicas ............................................................................................... 40 
5.11 A Organização dos Pontos de Atenção para o Cuidado de Crianças 
na Rede 42 
6 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............................ 43 
 
3 
 
6.1 Fatores Intrínsecos e Extrínsecos .................................................... 44 
6.2 O Crescimento Pós-neonatal ........................................................... 45 
6.3 Instrumentos de Avaliação do Crescimento Infantil .......................... 45 
6.4 O Desenvolvimento Infantil ............................................................... 47 
6.5 Avaliação do Desenvolvimento Infantil ............................................. 48 
6.6 Alimentação da criança .................................................................... 52 
6.7 Aleitamento Materno ........................................................................ 53 
6.8 Alimentação Complementar ............................................................. 55 
6.9 Desnutrição infantil ........................................................................... 56 
6.10 AIDPI – Atenção Integrada a Doenças Prevalente na Infância ..... 59 
6.11 PNI – Programa Nacional de Imunização ..................................... 60 
7 A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES – 
SAÚDE MENTAL .................................................................................................... 64 
7.1 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) ......................................... 66 
8 SAÚDE DO ADOLESCENTE .................................................................. 67 
8.1 Definições de adolescência e juventude .......................................... 68 
8.2 Estratégia Iman – Integração de Manejo dos adolescentes e suas 
necessidades. ...................................................................................................... 69 
8.3 Caderneta de Saúde de Adolescentes ............................................. 71 
8.4 Famílias com adolescentes .............................................................. 71 
8.5 Atenção Integral à Saúde de Adolescentes no Contexto da 
Socioeducação .................................................................................................... 74 
8.6 Crescimento e desenvolvimento do adolescente ............................. 76 
8.7 Desenvolvimento físico..................................................................... 77 
8.8 Crescimento ..................................................................................... 77 
8.9 Problemas no Desenvolvimento Puberal.......................................... 81 
8.10 Alimentação e Nutrição ................................................................. 88 
8.11 Aspectos comuns e frequentes na alimentação e nutrição ........... 88 
 
4 
 
8.12 Avaliação nutricional de adolescentes .......................................... 89 
9 ATENÇÃO INTEGRAL SAÚDE DO ADOLESCENTE ............................ 91 
9.1 Consulta ........................................................................................... 91 
9.2 Saúde mental ................................................................................... 95 
9.3 Planejamento Reprodutivo ............................................................... 95 
9.4 Cuidado Integrado na Atenção Básica frente às IST/HIV/aids e 
Hepatites Virais .................................................................................................... 97 
9.5 Gravidez na adolescência ................................................................ 99 
9.6 Acompanhamento pré-natal da adolescente .................................. 102 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 105 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 108 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado (a) aluno (a)! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro quase improvável, um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão 
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 A CRIANÇA NO CONTEXTO SOCIAL 
 
Fonte: revistacrescer.globo.com 
A criança, ao longo dos anos, evidenciou inúmeras transformações e ocupou 
diferentes posições na sociedade. Essas transformações a levou a enfrentar 
diversas situações de vida e de saúde para, finalmente, depois de muitos anos, ser 
considerada sujeito social com características particulares. (ARIÉS, 2011 apud 
ARAÚJO et al., 2014). 
No século XI, a criança era mundialmente percebida apenas como um adulto 
em miniatura, sem características ou particularidades individuais, principalmente 
pelo fato de não possuir a linguagem bem desenvolvida. 
Sua imagem, por volta do século XV, começou a ser retratada por pintores da 
época, não por fazer parte de um grupo que necessitasse de atenção específica da 
sociedade, mas por sua beleza e graciosidade. (SILVA; CHRISTOFFEL e SOUZA, 
2005; ARIÉS, 2011 apud ARAÚJO et al., 2014). 
De acordo com Marcílio (1998) e Ribeiro (2006): 
No Brasil, essa realidade não se mostrou diferente. O período colonial, por 
exemplo, foi marcadopor muitas barbáries que contribuíram efetivamente 
para os altos índices de Mortalidade Infantil (MI), os quais se mantinham 
próximos a 70%. As crianças eram vistas como um instrumento para as 
famílias, agentes passivos, amedrontadas pelos cruéis castigos físicos, 
permanecendo constantemente submetidas ao serviço e ao poder paternos, 
 
7 
 
quando não abandonadas em casas de caridade ou hospitais. (apud 
ARAÚJO et al., 2014) 
 
Para Silva, Christoffel e Souza (2005 apud SILVA, 2013), as crianças eram 
submetidas à indiferença e crueldades e como se não bastasse, as condições 
sanitárias e sociais eram precárias, colaborando com o processo de adoecimento. 
Muitas dessas crianças viviam em um único cômodo, sem arejamento ou sol e, como 
consequência, o quadro da morbimortalidade infantil tornava-se ainda mais crítico. 
As precárias condições nutricionais e de vestimenta a que as crianças eram 
submetidas, era outro agravante. A alimentação e o vestuário adulto eram prioritários 
entre as comunidades da época. E isso colaborava para agravar o processo de 
adoecimento infantil e, quando isso acontecia, as crianças eram levadas tardiamente 
aos médicos. (ARAÚJO et al., 2014). 
Somente no século XVII que a criança começou a ocupar espaço no âmbito 
social, pois é neste período que as famílias demonstraram sentimentos de carinho e 
amor ao infante. A sociedade passou a perceber que a criança representava o centro 
para as famílias, inclusive plausível de mudanças físicas e mentais. Nessa mesma 
época foram encontrados os primeiros registros da linguagem infantil. (ARIÉS, 2011 
apud ARAÚJO et al., 2014). 
2.1 Definições de criança, primeira infância e adolescência 
Atenção à Saúde da Criança representa uma área prioritária no âmbito dos 
cuidados à saúde das populações. Para que se desenvolva de forma adequada, 
além do conhecimento sobre as características relacionadas aos indicadores de 
morbimortalidade, é necessário compreender os aspectos biológicos, demográficos 
e socioeconômicos, bem como os demais determinantes sociais no processo de 
saúde-doença. 
Os direitos da criança estão consagrados na Constituição Federal de 1988 e 
reafirmados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), através da Lei nº 8.069, 
de 13 de julho de 1990, que considera a criança, a pessoa até 12 anos incompletos, 
e o adolescente, a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. (BRASIL, 2018). 
A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) de 1989 considera a criança 
todo ser humano com menos de 18 anos de idade. 
 
8 
 
Para efeitos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança 
(PNAISC), o Ministério da Saúde considera criança, a pessoa na faixa etária de 0 a 
9 anos, ou seja, até completar os 10 anos, sendo que a Primeira Infância, é 
considerada aquela de 0 a 5 anos, também, até completar 6 anos. (BRASIL, 2015b, 
art. 3º). 
De acordo com Brasil (2016), a definição de primeira infância está alinhada 
com o Marco Legal da Primeira Infância, Lei n. º 13.257, de 8 de março de 2016. 
Para atendimento em serviços de Pediatria no SUS, a Política abrange 
“crianças e adolescentes de zero a 15 anos, ou seja, até completarem 16 anos ou 
192 meses, sendo este limite etário passível de alteração de acordo com as normas 
e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento. ” (BRASIL, 
2015b apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). 
A divisão em ciclos de vida, adotada pelo Ministério da Saúde (MS), visa a 
atender às especificidades nas fases de crescimento e desenvolvimento da criança 
e o início da puberdade (UNA-SUS/UFSC, 2013 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2018). 
Trata-se de uma conquista para os adolescentes nos serviços de Pediatria da 
rede de saúde do País, pela possibilidade de eles continuarem a usufruir do vínculo 
já construído com estes serviços e seus profissionais, especialmente quando se trata 
de adolescentes com doenças crônicas. 
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) define como campo de atuação do 
pediatra o ser humano entre zero e 20 anos. No entanto, considerando que não 
existiam parâmetros definidos pelo MS anteriormente, entendeu-se que, no atual 
momento, diante do perfil de formação dos pediatras e da estrutura dos serviços 
pediátricos do país, não seria viável responsabilizá-los por faixa etária a partir de 16 
anos. (BRASIL, 2016a apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,2018). 
2.2 Determinantes de morbimortalidade infantil e juvenil no Brasil 
A taxa de mortalidade infantil é considerada como um dos melhores 
indicadores não só do estado de saúde infantil como também do nível 
socioeconômico de uma população. Quanto mais baixa for a taxa de mortalidade 
infantil de uma população, melhor é a condição social e econômica dessa. 
 
9 
 
Pesquisas realizadas durante o período 1970 – 2000 por diversos órgãos, 
como IBGE e Ministério da Saúde, apontam questões sobre os determinantes da 
redução da mortalidade infantil no Brasil. Há diferentes fatores socioeconômicos 
determinantes na diminuição da taxa de mortalidade infantil que varia de acordo com 
a região geográfica e o tempo. 
Entre os anos de 1980 e 2000, a mortalidade de crianças com menos de um 
ano de idade reduziu-se em um ritmo bastante acelerado. Alguns programas e ações 
adotados neste período como: Programas de Atenção Integral à Saúde da Mulher, 
Terapia de Reidratação Oral, Programa Nacional de Imunização e atenção ao pré-
natal, contribuíram para o declínio acentuado dos óbitos infantis. (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2004 apud PAIXÃO e FERREIRA, 2012). 
As ações no sentido de diminuir significativamente a mortalidade infantil estão 
muito ligadas à atuação de políticas públicas como saneamento básico, educação, 
acesso aos recursos da saúde e outros componentes de condições de vida. 
De acordo com Oliveira et al. (2004), a taxa de mortalidade infantil tem a 
seguinte definição: 
A taxa de mortalidade infantil é definida como o número de óbitos de 
menores de um ano de idade (por mil nascidos vivos), em determinada área 
geográfica e período, e interpreta-se como a estimativa do risco de um 
nascido vivo morrer durante o seu primeiro ano de vida. 
Altas taxas de mortalidade infantil refletem, de maneira geral, baixos níveis de 
saúde, de condições de vida e de desenvolvimento socioeconômico. As taxas de 
mortalidade infantil são geralmente classificadas em altas (50 ou mais), médias (20 
- 49) e baixas (menos de 20), em função da proximidade ou distância dos valores já 
alcançados pelas sociedades mais desenvolvidas ao longo do tempo. No entanto, 
mesmo quando as taxas de mortalidade infantil são baixas no conjunto, podem ser 
verificadas pronunciadas variações entre distintos segmentos da população. 
Vários estudos foram feitos para se concluir quais seriam os fatores que 
influenciam na mortalidade infantil. Os autores Sousa e Maia (2004) exploraram os 
fatores determinantes das taxas de mortalidade infantil no Nordeste durante o 
período de 1990 a 2001. 
Dos resultados obtidos, concluíram que o acesso à água tratada tem efeitos 
positivos para redução da mortalidade infantil, também foram significativos os 
indicadores como a taxa de fecundidade e a taxa de alfabetização, bem como a 
 
10 
 
renda per capita, gastos com saúde e saneamento. Para os autores, a inclusão social 
a partir do acesso à educação, saneamento, saúde e programas de planejamento 
familiar confirmam a necessidade de uma ação governamental para diminuir as taxas 
de mortalidade infantil para a região. (PAIXÃO e FERREIRA, 2012 apud SOUSA e 
MAIA, 2014) 
Um estudo realizado em 2008, por Irffi et al, para identificar os fatores que 
determinam a diminuição da mortalidade infantil, na região do Nordeste, identificou 
que os fatores determinantes foram: a educação e em seguida o nível de renda. 
Como ponto de grande importância, os autores do estudo focaram as políticas de 
melhoria que visem o aumento do nível de educação e no aumento darenda para o 
combate à taxa de mortalidade infantil na região. (PAIXÃO e FERREIRA, 2012). 
Com o intuito de diminuir a taxa de mortalidade infantil, o Brasil assumiu, na 
Constituição Federal de 1988, a garantia do direito universal à saúde, com a criação 
do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 1990, a proteção integral da criança, com 
o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
Além disso, ratificou os mais importantes pactos, tratados e convenções 
internacionais sobre os direitos humanos da criança. Desde então, a saúde da 
criança vem apresentando melhora significativa. 
O País conquistou grande diminuição nas taxas de mortalidade infantil 
(menores de 1 ano) e de mortalidade na infância (menores de 5 anos), tendo com 
isso cumprido o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) número quatro para 
2015, com três anos de antecedência e com redução de 77%, uma das maiores do 
mundo. Também se observa admirável controle da morbimortalidade por doenças 
imunopreveníveis e diarreia, grande diminuição dos índices de desnutrição e 
melhora crescente nos indicadores de aleitamento materno. 
 
11 
 
 
Fonte: estudopratico.com.br 
Por outro lado, o Brasil vem enfrentando novos desafios. A identificação de 
novos agentes infecciosos e o ressurgimento de doenças, até então consideradas 
sob controle, ao lado dos efeitos do envelhecimento populacional e da violência 
urbana, estão hoje como centro das atenções de profissionais da saúde, 
acadêmicos, gestores, agentes e atores de políticas públicas, das instituições 
governamentais e não governamentais. 
Os mesmos determinantes que, acreditava-se, reduziriam as doenças 
infecciosas também podem atuar na direção inversa, propiciando o surgimento e a 
disseminação de novas e antigas doenças infectoparasitárias. 
 As altas taxas de parto cesáreo e da prematuridade, ao mesmo tempo em 
que crescem a prevalência da obesidade na infância e os óbitos evitáveis por causas 
externas (acidentes e violências), além das doenças em razão das más condições 
sanitárias, apontam a complexidade sociocultural e de fenômenos da sociedade 
contemporânea que afetam a vida das crianças. 
Segundo a Organização das Nações Unidas (2015), conforme citado por 
Ministério da Saúde (2018): 
Apesar dos avanços nos indicadores de saúde infantil e dos investimentos 
nas políticas públicas federais voltadas à saúde da criança, como a Rede 
de Atenção à Saúde Materna, Neonatal e Infantil (Rede Cegonha), o 
Programa Intersetorial Brasil Carinhoso e o Programa Criança Feliz, fica 
evidente a necessidade de ampliar o enfrentamento das iniquidades 
relacionadas às condições de saúde e, ao mesmo tempo, universalizar 
todos os avanços para grupos de maior vulnerabilidade, tais como as 
 
12 
 
crianças indígenas, quilombolas, ribeirinhas, com deficiências e as com 
doenças raras, além de garantir não só a sobrevivência, mas o 
desenvolvimento integral de todas as crianças, condição essencial para o 
exercício da cidadania e a garantia do desenvolvimento nacional, bem como 
para o cumprimento dos compromissos do País diante das metas dos 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030 (ODS). 
3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO Á SAÚDE DA CRIANÇA 
 
Fonte: primeirainfancia.org.br 
A Atenção Primária à Saúde (APS) na concepção mais abrangente e 
contemporânea pode ser compreendida como estratégia de reorganização do 
sistema de atenção à saúde. A partir deste entendimento a APS desempenha papel 
singular com potencial de reordenar recursos do sistema de saúde para satisfazer 
as demandas da população, condição que implica em considerá-la como parte 
coordenadora de uma Rede de Atenção à Saúde (RAS). (MENDES, 2015 apud 
DAMASCENO, 2016) 
Nesse contexto, destacam-se importantes instrumentos legislativos, a 
exemplo da portaria n° 2.488 de 2011, que aprova a Política Nacional de Atenção 
Básica, definindo a organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS), como 
estratégia para um cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da 
população, em cada fase da vida. 
 
13 
 
 
Fonte: pscriancaeadolescente.blogspot.com 
No tocante à saúde da criança, em 2015, o Ministério da Saúde instituiu a 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) com a Portaria 
n° 1.130, a qual sintetiza de maneira clara e objetiva os eixos de ações que compõem 
a atenção integral à saúde da criança. (BRASIL, 2015 apud DAMASCENO, 2016) 
O documento aponta estratégias e dispositivos para a articulação das ações 
e dos serviços de saúde, a fim de facilitar sua implementação pelas gestões estadual 
e municipal e pelos profissionais de saúde. 
A elaboração da PNAISC foi fruto de amplo e participativo processo de 
construção coletiva, com início no ano de 2012, liderado pela Coordenação Geral de 
Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM), do Ministério da Saúde, e com 
apoio conceitual e metodológico da Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos 
Saudáveis (EBBS), do Instituto Fernandes Figueira (IFF) e da Fundação Oswaldo 
Cruz (Fiocruz). (ALMEIDA, 2013 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). 
Nessa perspectiva, a PNAISC se organiza a partir das redes de atenção à 
saúde e de seus eixos estratégicos, na qual a APS configura-se como coordenadora 
do cuidado à criança e ponto central desse processo. 
 
14 
 
4 PNAISC – POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO Á SAÚDE DA CRIANÇA 
A PNAISC passou por discussão e aprovação no Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e no Conselho Nacional de Saúde 
(CNS), possibilitando que fosse publicada a Portaria GM/MS n. º 1.130, de 5 de 
agosto de 2015, instituindo a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da 
Criança (PNAISC). 
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do 
Adolescente Fernandes Figueira (IFF): 
A Pnaisc está estruturada em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. Tem 
como objetivo promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento 
materno, mediante atenção e cuidados integrais e integrados, da gestação 
aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às 
populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da 
morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de 
existência e pleno desenvolvimento. 
 
Fonte: slideshare.net 
Dentre os eixos estratégicos destacam-se: aleitamento materno e alimentação 
complementar saudável; promoção e acompanhamento do crescimento e 
desenvolvimento integral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e 
com doenças crônicas; atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações 
específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e 
materno. (BRASIL,2015 apud DAMASCENO, 2016). 
 
15 
 
4.1 Eixos da PNAISC 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A PNAISC se estrutura em 7 (sete) eixos estratégicos, com a finalidade de 
orientar e qualificar as ações e serviços de saúde da criança no território nacional, 
considerando os determinantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida 
e à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam o nascimento e o pleno 
desenvolvimento na infância, de forma saudável e harmoniosa, bem como a redução 
das vulnerabilidades e riscos para o adoecimento e outros agravos, a prevenção das 
doenças crônicas na vida adulta e da morte prematura de crianças.(BRASIL, 2015) 
 
1) Eixo Estratégico I – Atenção Humanizada e Qualificada à Gestação, ao Parto, 
ao Nascimento e ao Recém-Nascido 
 
A atenção integral à gestação, ao parto e ao nascimento inicia-se com a visão 
abrangente de saúde integral da mulher (Paism) e promoção da saúde sexual e 
reprodutiva, desde a adolescência. Enfoca a fisiologia, o protagonismo e autonomia 
 
16 
 
da mulher neste processo, contrapondo-se à abordagem predominante de 
medicalização com intervenções excessivas e, muitas vezes, prejudiciais para a 
saúde da mulher e dobebê. Deve incluir situações especiais como atenção às 
mulheres em situação de violência, a prevenção e abordagem da gravidez não 
planejada e a de alto risco, a assistência à infertilidade e atenção diferenciada a 
situações de risco, as doenças ou problemas com identificação e os tratamentos 
oportunos para prevenção de complicações. (BRASIL, 1984 apud BRASIL, 2018). 
De acordo com Ministério da Saúde (2015, art. 7º) da PNAISC, são ações 
estratégicas do eixo de atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao 
nascimento e ao recém-nascido: 
 
 
 
 A prevenção da transmissão vertical do HIV e da sífilis. 
 A atenção humanizada e qualificada ao parto e ao recém-nascido no 
momento do nascimento, com capacitação dos profissionais de enfermagem 
e médicos para prevenção da asfixia neonatal e das parteiras tradicionais. 
 A atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso, com a utilização do 
“Método Canguru”. 
 A qualificação da atenção neonatal na rede de saúde materna, neonatal e 
infantil, com especial atenção aos recém-nascidos graves ou potencialmente 
graves, internados em Unidade Neonatal, com cuidado progressivo entre a 
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), a Unidade de Cuidado 
Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) e a Unidade de Cuidado 
Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa). 
 A alta qualificada do recém-nascido da maternidade, com vinculação da 
dupla mãe-bebê à Atenção Básica, de forma precoce, para continuidade do 
cuidado, a exemplo da estratégia do “5º Dia de Saúde Integral”, que se traduz 
em um conjunto de ações de saúde essenciais a serem ofertadas para a mãe 
e bebê pela Atenção Básica à Saúde no primeiro contato após a alta da 
maternidade. 
 O seguimento do recém-nascido de risco, após a alta da maternidade, de 
forma compartilhada entre a Atenção Especializada e a Atenção Básica. 
 As triagens neonatais universais. 
 
17 
 
2) Eixo Estratégico II – Aleitamento Materno e Alimentação Complementar 
Saudável 
 
Estratégia ancorada na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, 
iniciando na gestação, considerando-se as vantagens da amamentação para a 
criança, a mãe, a família e a sociedade, bem como a importância de estabelecimento 
de hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2015b, art. 6º, item II). 
O aleitamento materno tem se constituído em tema fundamental para a saúde 
e a qualidade de vida da criança. Evidências científicas comprovam que a 
amamentação, quando praticada de forma exclusiva até os 6 meses e 
complementada com alimentos apropriados até os 2 anos de idade ou mais, 
demonstra grande potencial transformador no crescimento, no desenvolvimento e na 
prevenção de doenças na infância e idade adulta e promoção não apenas da 
sobrevivência infantil, mas do pleno desenvolvimento do ser humano. 
As políticas públicas de aleitamento materno do Brasil, historicamente, têm 
trabalhado sob a ótica da promoção, da proteção e do apoio à mulher, começando 
no início da gestação, considerando as vantagens da amamentação para a criança, 
a mãe, a família e a sociedade, constituindo-se em prioridade para o País (ESPIRITO 
SANTO; MONTEIRO; ALMEIDA, 2017 apud BRASIL, 2018). 
As ações, iniciativas e estratégicas do eixo de aleitamento materno e 
alimentação complementar saudável são: (BRASIL, 2015b, art. 8º apud BRASIL, 
2018) 
 A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac). 
 Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação 
Complementar Saudável no SUS – Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil 
(EAAB). 
 A ação de apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA). 
 A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH). 
 A implementação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para 
Lactentes, para Crianças de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras 
(Nbcal). 
 A mobilização social em aleitamento materno. 
 
18 
 
3) Eixo Estratégico III – Promoção e Acompanhamento do Crescimento e do 
Desenvolvimento Integral 
Consiste na vigilância e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da 
criança, em especial do “Desenvolvimento na Primeira Infância (DPI) ”, pela Atenção 
Básica à saúde, conforme as orientações da Caderneta de Saúde da Criança, 
incluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares 
(BRASIL, 2015b, art. 6º, item III apud BRASIL, 2018). 
Este eixo estratégico da Pnaisc constitui uma das preocupações mais 
tradicionais da saúde pública nacional quando se trata da saúde da criança. 
Segundo Brasil (2018): 
A primeira infância (período de vida entre zero a 5 anos ou até completar 6 
anos, equivalente a 72 meses), é decisiva para o desenvolvimento saudável 
do ser humano. É um ciclo de grande promessa e, ao mesmo tempo, de 
ameaças consideráveis. As evidências mostram que as suas experiências 
familiares e sociais, quanto mais precoces, ficam incorporadas 
biologicamente, podendo ter influências nas etapas ao longo da vida, tanto 
positivas quanto negativas, pois afetam as bases da aprendizagem, do 
comportamento e da saúde. 
A seguir, destacam-se as ações estratégicas do eixo de promoção e 
acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral: (BRASIL, 2015b, 
art. 9º apud BRASIL, 2018) 
 
 A disponibilização da Caderneta de Saúde da Criança, com atualização 
periódica de seu conteúdo. 
 A qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento 
da primeira infância pela Atenção Básica à Saúde. 
 O Comitê de Especialistas e de Mobilização Social para o 
Desenvolvimento Integral da Primeira Infância, no âmbito do Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
 O apoio à implementação do Plano Nacional pela Primeira Infância. 
 
 
 
4) Eixo Estratégico IV – Atenção Integral a Crianças com Agravos Prevalentes 
na Infância e com Doenças Crônicas 
 
19 
 
 
Consiste em estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do manejo 
de doenças prevalentes na infância e ações de prevenção de doenças crônicas e de 
cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da atenção e internação domiciliar 
sempre que possível (BRASIL, 2015b, art. 6º, item IV apud BRASIL, 2018). 
Nas últimas décadas, tem-se observado importante mudança no perfil de 
morbimortalidade da população brasileira, denominada de “transição 
epidemiológica”, caracterizada pela redução das doenças infectocontagiosas, 
aumento das doenças crônicas não transmissíveis e, mais recentemente, o aumento 
de casos de anomalias congênitas. A transição epidemiológica ocorre devido a 
fatores como a urbanização, o acesso aos serviços de saúde, os meios de 
diagnóstico e as mudanças culturais expressivas. 
No Brasil, porém, esta transição apresenta características particulares, 
decorrentes das diferenças sociais, econômicas e regionais, e o envelhecimento da 
população, apresentando assim um modelo de transição onde ainda temos 
significativa ocorrência de agravos causados por doenças infectocontagiosas e, ao 
mesmo tempo, o crescimento da morbimortalidade por doenças crônicas não 
transmissíveis. 
Tais mudanças criaram novas demandas para o sistema de saúde, que 
precisa assistir as crianças que apresentam condições crônicas de saúde com uma 
gama variada de etiologias e prevalências distintas, que vão desde doenças como 
problemas alérgicos, obesidade, diabetes, hipertensão, distúrbios neurológicos, 
câncer e problemas de saúde mental até doenças raras como síndromes genéticas 
e metabólicas, lembrando ainda, que as condições crônicas de saúde apresentam 
um largo espectro de gravidade (MOREIRA; GOMES; SÁ, 2014). 
São ações estratégicas do eixo de atenção integral a crianças com doenças 
crônicas: (BRASIL, 2015b, art. 10 apud BRASIL, 2018) 
 
 A Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (Aidpi). 
 A construção de diretrizes de atenção e linhas de cuidado. 
 O fomento da atenção e internação domiciliar. 
 
 
 
20 
 
 Atenção Integradaàs Doenças Prevalentes na Infância – Aidpi 
 A estratégia “Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância” (Aidpi) 
tem por objetivo diminuir a morbidade e mortalidade de crianças entre zero a 5 anos 
de idade, por meio da melhoria da qualidade da atenção prestada à criança por 
profissionais de saúde, em especial na Atenção Básica à Saúde, promovendo ações 
de promoção e prevenção em saúde infantil, diminuindo a mortalidade por estas 
doenças, não apenas investindo na sobrevivência das crianças, mas também no seu 
pleno desenvolvimento infantil (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 
2005 apud BRASIL, 2018). 
Trata-se de uma abordagem da Atenção Integral à Saúde da Criança, 
desenvolvida originalmente pela Organização Pan-Americana da 
Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) e pelo Fundo das Nações 
Unidas para a Infância (Unicef), que teve início no Brasil no ano 1996. 
Caracteriza-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de 
doenças de maior prevalência na infância, em vez do enfoque tradicional que busca 
abordar cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais 
doenças que atingem a criança e do contexto em que ela está inserida. 
Segundo o Ministério da Saúde (2018), o Aidpi: 
Propõe-se melhor organização dos serviços de saúde, ações de prevenção 
de agravos e promoção da saúde, além da melhora do acompanhamento 
do crescimento e do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Estes são 
primordiais para criarmos condições que visam garantir futuras gerações de 
adultos e idosos mais saudáveis. 
5) Eixo Estratégico V – Atenção Integral à Criança em Situação de Violências, 
Prevenção de Acidentes e Promoção da Cultura de Paz 
 
Consiste em articular um conjunto de ações e estratégias da rede de saúde 
para a prevenção de violências, acidentes e promoção da cultura de paz, além de 
organizar metodologias de apoio aos serviços especializados e processos formativos 
para a qualificação da atenção à criança em situação de violência de natureza 
sexual, física e psicológica, negligência e/ou abandono, visando à implementação de 
linhas de cuidado na Rede de Atenção à Saúde e na rede de proteção social no 
território (BRASIL, 2015b, art. 6º, item V apud BRASIL, 2018). 
 
21 
 
Para efeito da política, considera-se como violência “quaisquer atos ou 
omissões dos pais, responsáveis, instituições e, em última instância da sociedade 
em geral, que redundam em dano físico, emocional, sexual e moral” (BRASIL, 2010d, 
p. 28), abrangendo ainda a negligência e/ou abandono. 
O termo acidente é consagrado pelo uso, contudo, podemos assumir que tais 
eventos são, em maior ou menor grau, previsíveis e preveníveis, retirando-lhes, 
assim, a conotação fortuita e casual que lhe pode ser atribuída (BRASIL, 2001a). 
Para ambos os agravos, tanto os acidentes como as violências, devem-se 
investir em ações de prevenção e de promoção da cultura de paz, considerando-se 
que são eventos evitáveis. 
 As medidas normativas, especialmente o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, repudiam a violência, definindo, no Art. 5º da Lei, que “Nenhuma 
criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer 
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. ” (BRASIL, 1990). 
De acordo com a Lei n. º 13.010, de 26 de junho de 2014, “A criança e o 
adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou 
de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação 
ou qualquer outro pretexto [...] ” (BRASIL, 2014). 
A Pnaisc define como ações estratégicas do eixo de atenção integral à criança 
em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz: 
(BRASIL, 2015b, art. 11 apud BRASIL, 2018) 
 
 O fomento à organização e qualificação dos serviços especializados para 
atenção integral a crianças e suas famílias em situação de violência sexual. 
 A implementação da “Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de 
Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências”. 
 A articulação de ações intrassetoriais e intersetoriais de prevenção de 
acidentes, violências e promoção da cultura de paz. 
 O apoio à implementação de protocolos, planos e outros compromissos sobre 
o enfrentamento às violações de direitos da criança pactuados com instituições 
governamentais e não governamentais, que compõem o sistema de garantia de 
direitos. 
 
22 
 
 
Destacam-se ações a serem desenvolvidas, nas três esferas de gestão do 
SUS, para o estímulo à cultura de paz, a direitos humanos e a não violência: 
 
 Realização de campanhas informativas e educativas sobre a prevenção de 
violências contra crianças e estímulo à cultura de paz, articuladas de forma 
intra e intersetorial, direcionadas às famílias, mas também para a comunidade 
escolar. 
 Articulação de ações intersetoriais para o desenvolvimento integral da criança 
e a promoção da cultura de paz, visando ao empoderamento e fortalecimento 
das competências familiares para bom vínculo afetivo e para educação com 
limites, mas sem violência. 
 Capacitação permanente dos profissionais das políticas sociais básicas 
(educação e assistência) para o desenvolvimento de competências 
necessárias para a prevenção, a identificação de sinais e sintomas de 
violências e para o cuidado dessas situações. 
 
6) Eixo Estratégico VI – Atenção à Saúde de Crianças com Deficiência ou em 
Situações Específicas e de Vulnerabilidade 
 
Consiste na articulação de um conjunto de estratégias intrassetoriais e 
intersetoriais, para inclusão dessas crianças nas redes temáticas de atenção à 
saúde, mediante a identificação de situação de vulnerabilidade e risco de agravos e 
adoecimento, reconhecendo as especificidades deste público para uma atenção 
resolutiva. (BRASIL, 2015b, art. 6º, item VI apud BRASIL, 2018). 
Para esta política, as crianças com Deficiência ou em Situações específicas 
e/ou de Vulnerabilidade são as que demandam ações estratégicas e serviços de 
saúde prioritários, que em regra geral devem ser articulados com outras políticas 
públicas. 
Crianças com deficiência são aquelas que nascem ou adquirem algum tipo de 
deficiência de natureza física, mental, intelectual ou sensorial – com alguma 
repercussão no desenvolvimento neuropsicomotor. 
 
23 
 
São consideradas crianças em situações específicas as crianças indígenas, 
quilombolas, do campo e da floresta, ribeirinhas e/ou das águas, entre outras. Em 
situação de vulnerabilidade as crianças em serviços de acolhimento institucional, 
filhos e filhas de mães privadas de liberdade (com atenção especial para as mães 
adolescentes), em situação de rua (incluindo famílias com crianças, mulheres e 
adolescentes gestantes), famílias e crianças em áreas de risco de desastres. 
O trabalho infantil, um grave problema social, expõe a criança às mais 
diversas situações de vulnerabilidade, que afetam o seu desenvolvimento biológico, 
social e psicológico. 
A atenção à saúde de crianças com Deficiência ou em Situações Específicas 
e de Vulnerabilidade dispõe das seguintes ações estratégicas: (BRASIL, 2015b, art. 
12 apud BRASIL,2018) 
 
 A articulação e a intensificação de ações para inclusão de crianças com 
deficiências, indígenas, negras, quilombolas, do campo, das águas e da floresta, 
e crianças em situação de rua, entre outras, nas redes temáticas. 
 O apoio à implementação do protocolo nacional para a proteção integral de 
crianças e adolescentes em situação de risco e desastres. 
 O apoio à implementação das diretrizes para atenção integral à saúde de 
crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. 
 
7) Eixo Estratégico VII – Vigilância e Prevenção do Óbito Infantil, Fetal e 
Materno 
Consiste na contribuição para o monitoramento e investigação da mortalidadeinfantil e fetal e possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção 
de óbitos evitáveis. (BRASIL, 2015b, art. 6º, item I apud BRASIL, 2018). 
A Vigilância do óbito infantil, fetal e materno é considerada uma estratégia 
importante para a gestão e para a clínica na saúde da mulher e da criança. Contribui 
para o monitoramento da mortalidade infantil e fetal, para a melhoria dos registros 
dos óbitos, orienta as ações de intervenção para a prevenção de óbito e subsidia a 
avaliação e ação sobre o contexto social e econômico da família. 
 
24 
 
Por meio de suas múltiplas etapas possibilita ainda a avaliação das ações e 
dos serviços de saúde e contribui no processo formativo permanente dos 
profissionais envolvidos por meio de ações de sensibilização e estudos de caso. 
A vigilância do óbito infantil, fetal e materno é de responsabilidade do gestor 
municipal e deve ser realizada pela equipe de Atenção Básica para levantamento 
dos possíveis problemas que envolveram a morte de uma mulher, um feto ou uma 
criança por causa evitável na sua área de responsabilidade, considerado evento-
sentinela. Também deve ser feita pelas maternidades e hospitais onde são 
realizados partos. Possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção 
de óbitos evitáveis pelos serviços de saúde e redução da mortalidade materna, 
infantil e perinatal. (BRASIL, 2008a, 2010b apud BRASIL, 2018) 
A interface entre a vigilância do óbito infantil, fetal e materno se faz necessária, 
na medida em que os problemas relacionados a estes óbitos são semelhantes e as 
ações de prevenção podem beneficiar a mulher e a criança. Ainda, é importante 
destacar a repercussão de um óbito materno sobre a vida da criança que sobrevive 
(BRASIL, 2008a, 2010b apud BRASIL, 2018). 
Devem ser realizadas: 
 Identificação, levantamento dos dados da atenção ambulatorial, urgência e 
hospitalar, entrevista domiciliar e análise dos óbitos de mulheres em idade 
fértil e óbitos maternos, fetais e infantis da área de abrangência da 
unidade/município/regional/estado; utilização dos instrumentos 
recomendados pelo MS. 
 Análise da evitabilidade dos óbitos maternos fetais e infantis, em reuniões 
locais, e identificação das medidas necessárias para prevenção de novas 
ocorrências. 
 
 
25 
 
5 SAÚDE DA CRIANÇA NA ATENÇÃO BÁSICA – PROGRAMAS DE ATENÇÃO 
À SAÚDE DA CRIANÇA. 
 
Fonte: atarde.uol.com.br 
O cuidado da criança demanda visão de integralidade em todos os aspectos, 
contemplando postura acolhedora com escuta qualificada, olhar zeloso e 
estabelecimento de vínculo e responsabilização. Da mesma maneira, é necessária 
a visão integral dos demais pontos da Rede de Atenção à Saúde, potencializando os 
recursos disponíveis para oferecer a resposta mais adequada, completa e resolutiva 
à necessidade da criança. O foco dos profissionais deve ser a criança, dentro do 
contexto da sua família e sociedade. 
Segundo o Ministério da Saúde (2018): 
A organização da atenção à saúde em linhas de cuidado, a partir da Atenção 
Básica, é uma estratégia que favorece a tão desejada atenção integral, com 
a continuidade do cuidado, desde as ações de promoção da saúde, 
prevenção de doenças e agravos, até as medidas de tratamento, cuidado e 
reabilitação, com um fluxo ágil e oportuno em cada nível de atenção, com 
referência e contra referência responsável, até o alcance de uma situação 
satisfatória (apud BRASIL, 2005a). 
A Política Nacional de Atenção Básica (Pnab) tem na Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) sua âncora prioritária para expansão e consolidação deste nível de 
atenção. A qualificação da ESF e de outras ações, iniciativas e programas seguem 
as diretrizes da Pnab e do SUS, configurando um processo progressivo e singular, 
 
26 
 
considerando as especificidades locorregionais. (BRASIL, 2012f apud BRASIL, 
2018) 
O Ministério da Saúde (2018) discorre sobre os problemas de saúde das 
crianças atendidas na atenção básica: 
Parte significativa dos problemas de saúde da criança atendidos na Atenção 
Básica, complexos e multifatoriais, como obesidade e outras doenças 
crônicas, agravos psicossociais/comportamentais, dificuldades escolares, 
situações familiares de violência, uso de drogas etc., não é passível de 
enfrentamento sem abordagem multiprofissional e em rede intrassetorial na 
saúde (com suporte de Nasf e serviços de referência especializados e 
outros) e intersetorial, abrangendo envolvimento da escola (ofertado pelo 
PSE) e de outros equipamentos públicos frequentados pela criança e sua 
família, como parques, praças de esportes, espaços culturais etc. (apud 
ALMEIDA, 2008) 
A Atenção Básica caracteriza-se como conjunto de ações de saúde, no âmbito 
individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção 
de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a 
manutenção da saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral, contínua 
e organizada, que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos 
determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. (BRASIL, 2012f apud 
BRASIL, 2018) 
Como prevê a Pnab, além da atenção à demanda espontânea, é fundamental 
que a ESF a equilibre a com o desenvolvimento de ações de saúde integral para a 
criança e também para a mulher, em especial na saúde sexual e reprodutiva, e para 
a gestante. 
Além da oferta das ações programáticas tradicionais, como o 
acompanhamento do crescimento e o desenvolvimento da criança (puericultura) e 
do pré- -natal, outros grupos de maior risco/vulnerabilidade, como crianças com 
agravos sociais, nutricionais (obesidade/desnutrição), psicossociais (crianças com 
dificuldades escolares, famílias com dificuldades relacionais afetando a criança), 
clínicos (asma e outros problemas crônicos e agravos de importância epidemiológica 
local, priorizados pela ESF), podem e devem ser selecionados para 
acompanhamento longitudinal, seja em atendimentos individuais, pelo médico ou 
profissional de enfermagem ou ainda grupais. 
 
27 
 
5.1 Programa Nacional de Imunização – PNI 
 
Fonte: agrolandia.sc.gov.br 
As ações de vacinação são coordenadas pelo Programa Nacional de 
Imunizações (PNI), com o objetivo de erradicar, eliminar e controlar as doenças 
imunopreveníveis no território brasileiro. 
Os registros, na Caderneta de Saúde da Criança, das vacinas do Calendário 
Nacional de Vacinação recebidas pela criança, devem ser sempre observados pelos 
profissionais da Atenção Básica e mesmo de outros serviços de saúde que venham 
a ter contato com ela, com objetivo de que esteja sempre com a vacinação 
atualizada. (BRASIL, 2014i apud BRASIL, 2018) 
De acordo com a Portaria n 1.533 de 18 de agosto de 2016, o calendário 
de vacinação para crianças indígenas, foi adaptado para atender as 
especificidades daquela população e respeitando também os aspectos 
culturais envolvidos. Também é adaptado às circunstâncias operacionais e 
epidemiológicas das crianças comprovadamente infectadas pelo HIV. (BRASIL, 
2016) 
Os serviços devem garantir o funcionamento contínuo da sala de vacina, sem 
restrição de horários, de forma a não perder oportunidades de vacinar todas as 
crianças. As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equipe de 
Enfermagem treinada e capacitada para o manuseio, a conservação, o preparo e a 
 
28 
 
administração, o registro e o descarte dos resíduos das atividades de vacinação. A 
vacinação segura é fator determinante para o sucesso dessa iniciativa e todos os 
possíveis eventos adversos devem ser notificados para possibilitar a avaliação e a 
investigação de suas causas. 
O PNI disponibiliza Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais 
(CRIE) distribuídos nas 27 unidades federadas, com infraestrutura e logística 
específica, profissionais especializados e destinados ao atendimento de pessoas 
com quadros clínicos especiais, ou seja, grupospopulacionais com condições que 
justificam a utilização dos imunobiológicos especiais, como por exemplo, os recém-
nascidos, especialmente prematuros, crianças com imunodeficiências congênitas, 
crianças expostas ou infectadas pelo HIV e outras crianças em situações específicas. 
(BRASIL, 2006b apud BRASIL, 2018) 
5.2 Programa Saúde na Escola – PSE 
 
Fonte: educacao.rs.gov.br 
A nova concepção em saúde na escola foi incorporada nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN) em 1997, consagrando o tema da saúde como 
transversal às disciplinas e às ações no contexto escolar, nas dimensões da 
promoção da saúde, de prevenção de doenças e agravos e de atenção e cuidados 
à saúde de crianças e adolescentes. 
 
29 
 
As Políticas de Saúde e de Educação investiram no Programa Saúde na 
Escola (PSE), instituído pelo Decreto Presidencial n. º 6.286, de 5 de dezembro de 
2007 (BRASIL, 2007c apud BRASIL, 2018), tendo como principais desafios o uso de 
estratégias pedagógicas coerentes com a produção de educação e saúde integral, 
fundamental para produzir autocuidado, autonomia e participação dos escolares de 
acordo com a idade que se encontram. 
A organização das ações do PSE, por meio das equipes das Unidades 
Básicas de Saúde e das escolas, está estruturada de forma intersetorial, segundo os 
seguintes componentes: avaliação das condições de saúde, promoção da saúde e 
prevenção de doenças e agravos, e formação de profissionais de saúde e educação. 
A gestão do PSE é centrada em ações intersetoriais, que requerem a 
articulação das redes de Saúde, de Educação e dos demais setores, por meio de 
Grupos de Trabalho Intersetorial (GTI), nas três esferas de governo: federal, estadual 
e municipal. 
5.3 Atenção à Saúde Bucal 
 
Fonte: ptnosenado.org.br 
A Política Nacional de Saúde Bucal, intitulada Brasil Sorridente, pauta-se nos 
princípios e nas diretrizes do SUS. Na Atenção Integral à Saúde da Criança essa 
política se insere de forma transversal, integral e intersetorial nas linhas de cuidado 
 
30 
 
direcionadas à mulher e à criança, com o objetivo de promover a qualidade de vida 
desse público, por meio das ações de promoção, prevenção, cuidado, qualificação e 
vigilância em saúde (BRASIL, 2004a apud BRASIL, 2018). 
O acesso à saúde bucal deve ter início no pré-natal e será incorporado no 
acompanhamento do crescimento e no desenvolvimento da criança. A equipe de 
saúde deve trabalhar de forma articulada, encaminhando a gestante para a consulta 
odontológica ao iniciar o pré-natal. Deve-se garantir ao menos uma consulta 
odontológica durante o pré-natal, com agendamento das demais consultas, 
conforme as necessidades individuais da gestante. A equipe de Saúde Bucal deverá 
efetuar os registros das ações realizadas nas Cadernetas de Saúde da Criança e da 
Gestante (BRASIL, 2004a, 2008b apud BRASIL, 2018). 
Nas ações de saúde direcionadas à criança, recomenda-se que todos os 
profissionais da equipe de saúde incorporem, em sua rotina, o exame da cavidade 
bucal das crianças e orientações aos pais e responsáveis sobre prevenção de 
doenças e agravos e de promoção da saúde bucal, enfatizando a importância do 
acompanhamento da saúde bucal e direcionando a criança para as consultas 
odontológicas periódicas, evitando assim que o acesso ocorra tardiamente devido à 
doença já instalada (COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS 
DA SAÚDE apud 2008BRASIL, 2018). 
O ambiente escolar é também um espaço eficiente para o desenvolvimento 
de atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde bucal, desenvolvido 
pelo Programa Saúde na Escola (PSE). 
Os profissionais de saúde devem desenvolver, com os educandos, atividades 
de escovação supervisionada, aplicação de flúor nos casos necessários e atividades 
educativas em sala de aula, com o envolvimento de outros temas de saúde 
(alimentação saudável, autoestima, autocuidado, entre outros) e no próprio território, 
além da realização anual da avaliação da saúde bucal dos escolares (BRASIL, 
2004a, 2012h apud BRASIL, 2018). 
 
5.4 Saúde da Criança nas Redes Temáticas 
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos de ações e 
serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio 
 
31 
 
de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade 
do cuidado. Reúne um conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis 
de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da 
assistência à saúde, em consonância com as diretrizes para a organização da RAS, 
no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL,2010). 
A Portaria n. º 4.279, de 30 de dezembro de 2010, “Estabelece diretrizes para 
a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS). ” São atributos da RAS, essenciais ao seu funcionamento, de acordo com a 
portaria: 
 
 População e território definidos com amplo conhecimento de suas 
necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde. 
 Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam serviços de 
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão de casos, 
reabilitação e cuidados paliativos e integram os programas focalizados em 
doenças, riscos e populações específicas, os serviços de saúde individuais 
e os coletivos. 
 Atenção Básica à Saúde estruturada como primeiro nível de atenção e porta 
de entrada preferencial do sistema, constituída de equipe multidisciplinar 
que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado, e 
atendendo às suas necessidades de saúde. 
 Prestação de serviços especializados em lugar adequado. 
 Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e 
integração assistencial por todo o contínuo da atenção. 
 Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, tendo 
em conta as particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade 
da população. 
 Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar 
missão, visão e estratégias nas organizações que compõem a Região de 
Saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos no curto, médio 
e longo prazos; articular as políticas institucionais; e desenvolver a 
capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o 
desempenho dos gerentes e das organizações. 
 
32 
 
 Participação social ampla. 
 Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico. 
 Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com 
incentivos pelo alcance de metas da rede. 
 Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede, 
com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem 
étnica e outras variáveis pertinentes. 
 Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da 
rede. 
 Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade 
em saúde. 
 Gestão baseada em resultados. 
Fonte: PNAISC, 2018 
A elaboração de protocolos clínicos assistenciais e também de Linhas de 
Cuidado, definindo as ações e os serviços que devem ser desenvolvidos nos 
diferentes pontos de atenção de uma rede e os fluxos assistenciais a serem 
percorridos pelos usuários, constitui outra estratégia que, além de organizar e facilitar 
o percurso terapêutico destes usuários, sendo formulados conjuntamente por 
profissionais destes diferentes serviços, também pode servir de importante elemento 
de integração entre eles. 
A partir de pactuação tripartite, em 2011, baseada na necessidade de 
enfrentamentos de vulnerabilidades, agravos ou doenças mais prevalentes, foi 
priorizada a estruturação de Redes Temáticas, tendo sido criadas as seguintes: 
 Rede Cegonha, abrangendo a atenção à gestante e atenção à criança até 
24 meses. 
 Rede de Atenção às Urgências e Emergências. 
 Rede de Atenção Psicossocial (com prioridade para oenfrentamento do 
álcool, crack, e outras drogas). 
 Rede de Atenção às Doenças e Condições Crônicas: iniciando-se pelo 
câncer (a partir da intensificação da prevenção e controle do câncer de 
mama e colo do útero). 
 Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência. 
 
33 
 
5.5 Saúde da Criança na Rede de Atenção Materna, Neonatal e Infantil – Rede 
Cegonha 
 
Fonte: redehumanizasus.net 
Conceitua-se que a saúde da criança se inicia na gravidez, há muitas 
décadas, conforme o Decreto-Lei n. º 2.024, de 17 de fevereiro de 1940 (BRASIL, 
1940), e, mais recentemente, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), Lei n. º 8.069, de 13 de julho de 1990. 
Em 2011, o Ministério da Saúde, lançou a Rede de Atenção Materna, Neonatal 
e Infantil – Rede Cegonha (RC), Portaria n.º 1.459, de 24 de junho de 2011 (BRASIL, 
2011a), com o objetivo de garantir o acesso oportuno, com resolutividade e 
qualificação da assistência, com a implementação de um novo modelo de atenção à 
gestação, ao parto e ao nascimento e à criança, visando promover a saúde neste 
ciclo da vida e reduzir a morbimortalidade materna, fetal e infantil, com ênfase no 
componente neonatal (BRASIL, 2011a apud BRASIL, 2018). 
Trata-se de uma estratégia para fortalecer a integração entre as ações de 
saúde da mulher e da criança até os 2 anos, momento da vida de grande 
vulnerabilidade e maior necessidade de proteção, colocada como prioridade para as 
políticas públicas de saúde. Assim como as mortes maternas, as mortes infantis 
concentram-se nas primeiras 24 a 48 horas após o parto, e a RC visa à redução de 
mortes evitáveis por ação dos serviços de saúde. 
 
34 
 
Do ponto de vista da criança, a Rede Cegonha tem por objetivo a promoção 
da gravidez saudável e do respeito à fisiologia dos processos da transição da vida 
intra para a vida extrauterina, às suas necessidades de maturação, ao seu tempo e 
à sua capacidade de desenvolvimento pleno. Incentiva a preservação desta fisiologia 
humana em que o trabalho de parto exerce influências profundas e positivas sobre 
o bebê: 
 A liberação de ocitocina endógena e cortisol da mãe que promove a 
maturação final da criança, do sistema nervoso e respiratório; 
 A liberação de líquidos pulmonares pela passagem pelo canal de parto e a 
colonização bacteriana que estimula o sistema imunológico e aponta 
associação com menor redução de risco de obesidade, diabetes, 
hipertensão, asma e autismo, maior interação mãe-filho e melhores 
resultados perinatais de forma geral. 
 
Trata-se de ação de promoção da saúde e de prevenção de agravos na vida 
adulta, de problemas de grande dimensão e impacto na saúde da população. 
 Conforme preconizado na legislação, nas políticas e nas diretrizes 
nacionais e baseada nos direitos e nas evidências científicas, a Rede 
Cegonha se estrutura com: 
 Acesso em tempo oportuno a todos os níveis de atenção: básica, 
especializada ambulatorial e hospitalar, na gestação, no parto e no 
cuidado à puérpera e à criança, com a regionalização e hierarquização 
do cuidado segundo planejamento local. 
 Atenção qualificada baseada em evidências. 
 Regulação da atenção de saúde com implementação das centrais de 
internação e outros dispositivos para priorização, organização e 
promoção de equidade. 
 Controle social e incentivo a dispositivos para implementação da 
cogestão: trabalho colaborativo multidisciplinar e participação social nos 
processos de decisão e assistencial, apoio à informação adequada e 
exercício de direitos de cidadania e de autonomia, fomento à constituição 
dos Fóruns Perinatais (distritais/municipais/regionais e estaduais) para o 
 
35 
 
planejamento, a avaliação e a tomada de decisão transparente e 
participativa, envolvendo os diversos atores. 
5.6 Saúde da Criança na Rede de Atenção às Urgências 
 
Fonte: edisciplinas.usp.br 
A organização da Rede de Atenção às Urgências (RUE) tem a finalidade de 
articular e integrar todos os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e qualificar 
o acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência e emergência 
nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna (BRASIL, 2011b apud BRASIL, 
2018). 
Entre as diretrizes da Rede de Atenção às Urgências temos: 
 A ampliação do acesso e acolhimento, contemplando a classificação de 
risco e a intervenção adequada aos diferentes agravos; 
 A garantia da universalidade, equidade e integralidade no atendimento às 
urgências; 
 A humanização da atenção, garantindo efetivação de um modelo centrado 
no usuário e baseado nas suas necessidades de saúde; 
 A regulação articulada entre todos os componentes da RUE, com garantia 
da equidade e integralidade do cuidado; o bem como a qualificação da 
assistência por meio da educação permanente das equipes. 
 
36 
 
5.7 A Organização dos Pontos de Atenção da RUE para o Cuidado com a 
Criança 
A Rede de Atenção às Urgências é constituída pelos seguintes pontos de 
atenção: 
Atenção Básica: Funciona como coordenadora do cuidado no território, 
atuando especialmente no atendimento a traumas de baixa complexidade e na 
continuidade do cuidado de crianças que estão em processo de recuperação de 
traumas. 
SAMU 192: Desempenha papel importante no atendimento primário e 
secundário em situações de Urgência e Emergência, tendo a Regulação das 
Urgências como elemento transversal do processo, de forma que o componente 
móvel mantenha interação com os demais componentes da rede e demais redes, a 
fim de proporcionar o encaminhamento adequado aos pacientes após sua 
estabilização. Todas as Centrais de Regulação do Samu devem possuir pelo menos 
uma incubadora de transporte de recém-nascido, adaptada para uso nas 
ambulâncias, quando necessário. 
Central de Regulação Médica de Urgências: Estrutura física constituída por 
profissionais (médicos, telefonistas auxiliares de regulação médica e rádio- -
operadores) capacitados em regulação dos chamados telefônicos que demandam 
orientação e/ou atendimento de urgência, por meio de uma classificação e 
priorização das necessidades de assistência em urgência, além de ordenar o fluxo 
efetivo das referências e contra referências dentro de uma Rede de Atenção, que 
cumprem determinados requisitos estabelecidos pelas normativas do Ministério da 
Saúde (BRASIL, 2013s apud BRASIL, 2018). 
Sala de Estabilização: Espaço que presta assistência temporária e 
qualificada para estabilização de pacientes críticos/graves, após a avaliação clínica 
com internação no ambiente hospitalar e/ou encaminhamento para as portas de 
urgência referenciadas pela Central de Regulação Médica das Urgências, ou outros 
pontos da Rede de Atenção à Saúde, conforme as diretrizes da Portaria n. º 2.338, 
de 3 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011i apud BRASIL, 2018). 
Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24h: é um estabelecimento de 
saúde de complexidade intermediária, situado entre a Atenção Básica de Saúde 
(ABS) e a Atenção Hospitalar e articula-se com a ABS, Samu 192, unidades 
 
37 
 
hospitalares, unidades de apoio diagnóstico e terapêutico e com outros serviços de 
atenção à saúde, por meio de fluxos lógicos e efetivos de referência e contra 
referência, ordenados pelas Centrais de Regulação Médica de Urgências e 
complexos reguladores instalados na região (BRASIL, 2013u; BRASIL, 2013s apud 
BRASIL, 2018). 
Atenção/Internação Domiciliar: Tem importante papel, no sentido de 
abreviar o período de observação ou internação de crianças em situação de U/E, já 
estabilizadas, mas que ainda demandam cuidados. Produz impactos na 
humanização do atendimento à criança, no seu lar, com a sua família, o que traz 
conhecidos benefícios à sua recuperação, bem como favorece a disponibilização de 
leitos nas portas de urgências. 
A Rede também é integrada por outros serviços de urgência 24 horas, do 
componente hospitalar: portas hospitalares de urgência, leitos clínicosde 
retaguarda, leitos de UTI, unidades de cuidados prolongados e tranversalizada por 
uma linha do cuidado em trauma. 
5.8 Saúde da Criança na Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência – 
RCPD 
Com o lançamento do Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência: 
Viver Sem Limite, Decreto n. º 7.612, de 17 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011j 
apud BRASIL, 2018), o Ministério da Saúde instituiu a Rede de Cuidados à Saúde 
da Pessoa com Deficiência, no âmbito do SUS, Portaria n. º 793, de 24 de abril de 
2012 (BRASIL, 2012k). Esta estabeleceu diretrizes para o cuidado às pessoas com 
deficiência, temporária ou permanente, progressiva, regressiva ou estável, 
intermitente ou contínua. O eixo de Atenção à Saúde tem como foco a organização 
do cuidado integral em rede, contemplando as áreas de deficiência auditiva, física, 
visual, intelectual, ostomia e transtorno do espectro do autismo. 
 
Sinais de Alerta e Identificação Precoce de Deficiência: 
 A identificação de sinais iniciais de problemas possibilita a instauração 
imediata de intervenções extremamente importantes, uma vez que os 
resultados positivos em resposta a terapias são tão mais significativos 
quanto mais precocemente instituídos. A maior plasticidade das estruturas 
 
38 
 
anátomo-fisiológicas do cérebro nos primeiros anos de vida e o papel 
fundamental das experiências de vida de um bebê, para o funcionamento 
das conexões neuronais e para a constituição psicossocial, tornam este 
período um momento sensível e privilegiado para intervenções. 
 Nas ações de assistência materna e infantil da Atenção Básica, por 
exemplo, as equipes profissionais são importantes na tarefa de 
identificação de sinais iniciais de problemas de desenvolvimento. 
 Assim, em toda visita domiciliar ou atendimento da criança, a equipe de 
saúde deve estar atenta a alguns sinais de alerta, como atraso nas 
aquisições neuropsicomotoras, comportamentos estereotipados e 
repetitivos, apatia frente a estímulos do ambiente, dificuldade em fixar 
visualmente o rosto da mãe e objetos do ambiente, ausência de resposta 
aos estímulos sonoros, entre outros. 
 Outro importante ponto a ser considerado são os casos de violência e/ou 
negligência. Tendo em vista que mulheres e meninas com deficiência 
estão frequentemente expostas a maiores riscos, tanto no lar como fora 
dele, de sofrer tratamento negligente, violência física, psicológica e sexual. 
Para o enfrentamento desse tipo de situação é fundamental o preparo da 
equipe na identificação, na notificação e na comunicação ao Conselho 
Tutelar, além da intervenção e cuidados terapêuticos e/ou psicossociais 
para a criança e orientação às famílias. Para saber mais, consultar o eixo 
estratégico, sobre a Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de 
Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências. 
Fonte: PNAISC, 2018 
A Organização dos Pontos de Atenção para o Cuidado de Crianças com 
Deficiências Para melhor orientação da família, a equipe deverá conhecer os Pontos 
de Atenção da Rede e os níveis de atenção, oportunizando o encaminhamento e o 
atendimento da criança com deficiência, tais como: 
Atenção Básica: As Unidades Básicas de Saúde; Nasf; Academia da Saúde; 
PSE; Melhor em Casa. 
 
39 
 
Atenção Especializada: Estabelecimentos de saúde habilitados em apenas 
uma das modalidades de reabilitação; os Centros Especializados em Reabilitação 
(CER); Oficinas Ortopédicas e Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). 
Centro Especializado em Reabilitação (CER): É um ponto de atenção 
ambulatorial, especializado em reabilitação, que realiza diagnóstico, tratamento, 
concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em 
referência para a Rede de Atenção à Saúde no território. Com 4 modalidades 
diferentes – física, intelectual, auditiva e visual – que indicam o porte do CER, tipo II, 
III ou IV, classificado a depender do número de modalidades que atende. 
Oficina Ortopédica: Constitui serviço de dispensação, confecção, adaptação 
e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção (OPM), e têm 
como referência um serviço habilitado em reabilitação física integrando a Rede de 
Cuidados da Pessoa com Deficiência no Estado. 
Centro Especializado em Odontologia (CEO): É o estabelecimento de 
saúde que oferta atendimento especializado odontológico e ao integrar a Rede PCD 
recebe qualificação para o atendimento da pessoa com deficiência. 
5.9 Saúde da Criança na Rede de Atenção Psicossocial – Raps 
A Raps tem por finalidade promover cuidado em saúde às pessoas com 
sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes 
do uso de álcool e outras drogas, mediante a criação, ampliação e articulação de 
pontos de atenção à saúde no âmbito SUS. A rede destaca como um dos objetivos 
essenciais a promoção do cuidado para grupos mais vulneráveis, especialmente 
crianças adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e populações indígenas, 
com sofrimento ou transtorno mental e crianças que sofreram violências (BRASIL, 
2011d apud BRASIL, 2018). 
Os cuidados com a saúde mental da criança devem ocorrer desde o 
desenvolvimento intrauterino ao nascimento saudável, e a estimulação precoce nos 
primeiros anos de vida exerce uma função importante no desenvolvimento 
emocional, cognitivo e social da criança. 
É parte da Atenção Integral à Saúde da Criança estimular o vínculo com sua 
família e com os serviços de saúde, propiciando oportunidades de abordagem para 
a promoção da saúde, amamentação e alimentação complementar saudável, hábitos 
 
40 
 
de vida saudáveis, vacinação, prevenção de doenças e agravos, provendo o cuidado 
em tempo oportuno. 
As ações de cuidado para crianças no campo específico da atenção à saúde 
mental devem seguir as diretrizes operacionais pautadas pelo reconhecimento e 
acolhimento da demanda de cada um, com Projeto Terapêutico Singular (PTS), 
levando em conta (BRASIL, 2005b apud BRASIL, 2018): 
 
 Adoção de medidas voltadas para o cuidado, seja por meio de recursos 
próprios do serviço, seja em outro dispositivo da saúde ou de outra política 
social, caso em que deve ser feito o encaminhamento responsável. 
 Gestão do cuidado, de modo a sustentar, em todo o processo, a condição da 
criança como sujeito de direitos e de responsabilidades, em sua dimensão 
subjetiva e social. 
 Comprometimento dos responsáveis pela criança a ser cuidada, tanto os 
familiares como os agentes institucionais. 
 Produção do cuidado, fundamentado nos recursos teórico-práticos e de 
saberes disponíveis aos profissionais, técnicos ou equipe atuantes no serviço, 
envolvendo a discussão com os demais membros da equipe. 
 Manutenção de canais abertos de articulação com outros equipamentos do 
território, de modo a operar com a lógica da rede ampliada de atenção; 
especialmente nos casos de alteração de comportamento. 
 Orientação para que as ações sejam tomadas em sua dimensão territorial, ou 
seja, considerando as múltiplas e singulares configurações delineadas em 
seus trajetos de vida. 
Fonte: PNAISC, 2018 
5.10 Saúde da Criança na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças 
Crônicas 
A garantia da integralidade da atenção, almejada pela PNAISC, tem nas 
doenças crônicas um dos maiores desafios, pela variedade e complexidade de 
patologias e agravos crônicos que hoje afetam as crianças que a cada dia morrem 
menos de agravos agudos e, por outro lado, a exigência que estas trazem à gestão 
 
41 
 
e à atenção do SUS, de articulação em rede, da ampla gama de serviços e 
profissionais necessários para seu cuidado integral. 
A Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, instituída 
pela Portaria n. º 483, de 1º de abril de 2014 (BRASIL, 2014d apud BRASIL, 2018), 
tem como finalidade realizar a atenção de forma integral às pessoas, neste caso às 
crianças com doençascrônicas, em todos os pontos de atenção, com oferta de ações 
e serviços de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, 
tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde. 
O objetivo dessa rede é fomentar a mudança do modelo de atenção, com 
fortalecimento da Atenção Básica, por meio da qualificação da atenção integral às 
crianças com doenças crônicas e da ampliação das estratégias para promoção da 
saúde e para prevenção do desenvolvimento dessas doenças e suas complicações, 
entre elas o câncer, que dispõe de uma Política Nacional de Prevenção e Controle 
do Câncer, segundo a Portaria n.º 874, de 16 de maio de 2013 (BRASIL, 2013b), 
bem como de critérios e parâmetros para habilitação de estabelecimentos de saúde 
especializados em Oncologia, inclusive Oncologia Pediátrica, redefinidos na Portaria 
n.º 140, de 27 de fevereiro de 2014 (BRASIL, 2014b apud BRASIL, 2018). 
Para superar os desafios das doenças crônicas no Brasil, no ano de 2013 o 
MS definiu as “Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas 
redes de atenção à saúde”. Alguns atributos são indispensáveis na organização dos 
processos de trabalho, voltados para o cuidado da criança com doença crônica, 
ressaltando: o acolhimento, a atenção centrada na criança e na família, o cuidado 
continuado e a atenção programada, a equipe interdisciplinar, o Projeto Terapêutico 
Singular e o fomento do autocuidado. 
Tal organização dos serviços precisa se dar por regiões de saúde, entre outros 
motivos, pelo fato da maior parte dos municípios brasileiros ser de pequeno porte, 
possuindo apenas serviços de Atenção Básica, havendo a necessidade de se 
organizar a Rede de Atenção à Saúde (RAS) na região, com definição de serviços 
de referência regionais. 
Inclusive, sempre que possível, com a estruturação destes serviços em locais 
de vazio assistencial, ampliando a cobertura populacional de atenção especializada 
para as doenças crônicas. Os diferentes níveis de cuidado devem ter uma efetiva 
organização regionalizada, para ampliar acesso e relação solidária de profissionais 
da Atenção Básica e de especialistas, facilitando a prestação de serviços de saúde 
 
42 
 
de qualidade, definição de responsabilidades, comunicação e a transferência segura 
quando necessária. 
5.11 A Organização dos Pontos de Atenção para o Cuidado de Crianças na 
Rede 
A Atenção Básica (AB) deve dar respostas às necessidades que as crianças 
com doenças crônicas apresentam na vida familiar, social e escolar. Tem papel-
chave como coordenadora do cuidado, com a responsabilidade de realizar a atenção 
integral e contínua e de ser a porta de entrada prioritária. A AB deve realizar ações 
de promoção à saúde, de prevenção de agravos e também articular com a atenção 
especializada a oferta do diagnóstico, do tratamento e da reabilitação para que a 
atenção seja resolutiva no cuidado às crianças com doenças crônicas, tais como as 
respiratórias, as endócrinas, as cardiovasculares e as oncológicas, sendo que muitos 
se beneficiam de um seguimento compartilhado entre AB e os serviços 
especializados. 
A Atenção Especializada é traduzida como conjunto de diversos pontos de 
atenção com diferentes densidades tecnológicas para a realização de ações 
específicas: como serviços de urgência e emergência, ambulatórios especializados 
e serviços hospitalares. 
 Deve apoiar e complementar os serviços da Atenção Básica de forma 
resolutiva e em tempo oportuno, níveis: 
 
Ambulatorial: Serviço especializado com ações eletivas de média e alta 
complexidade. 
Hospitalar: Ponto de atenção estratégico voltado para as internações eletivas 
e/ou de urgência de pacientes agudos ou crônicos agudizados. 
Urgência/Emergência: Ponto de atenção com ações voltadas aos usuários 
que necessitam de cuidados imediatos em caráter de urgência, inclusive 
pacientes com agudização das condições crônicas. 
Fonte: PNAISC, 2018 
Na Atenção Hospitalar, com serviços de internação pediátrica, devem ser 
levadas em consideração as peculiaridades da criança e a importância do lúdico 
 
43 
 
como contribuição ao processo terapêutico, socioafetivo e educativo, de acordo com 
a faixa etária. Esses estabelecimentos devem dispor de brinquedotecas nas suas 
dependências de acordo com a Lei n. º 11.104, de 21 de março de 2005, espaços 
de lazer e de convivência da criança com a família, conforme a RDC n. º 50, de 21 
de fevereiro de 2002, e a RDC n. º 307, de 14 de novembro de 2002 (BRASIL, 2002a; 
2002b; 2005e apud BRASIL, 2018). 
A Atenção Domiciliar constitui oferta essencial na Rede de Atenção à Saúde 
para se garantir uma atenção integral e humanizada às crianças com agravos 
crônicos que dificultam sua mobilização do domicílio ou, muitas vezes, até do leito, 
seja aquela atenção realizada pelas equipes de Atenção Básica/equipes de Saúde 
da Família, com apoio, se necessário, por profissionais dos Nasfs, seja aquela de 
maior complexidade, cujo cuidado é feito por Equipes Multidisciplinares de Atenção 
Domiciliar (Emad). 
No caso de crianças acometidas por doenças crônicas complexas, como 
aquelas que, em grande número, ainda ocupam leitos de UTI/UCI Neonatal ou UTI/ 
UCI Pediátrica pelo País, seja em longas internações, ou mesmo por tempo 
indeterminado, como “moradoras”, a Atenção Domiciliar, substituindo a Internação 
Hospitalar, constitui importante alternativa a ser perseguida, considerando a 
humanização do atendimento à criança, no seu lar, junto a sua família, o que traz 
conhecidos benefícios à sua recuperação. Além disso, favorece a disponibilização 
de caros e frequentemente disputados leitos intensivos ou semi-intensivos, com 
significativa diminuição de custos da assistência final. 
 
6 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
 
44 
 
Fonte: minutocrianca.com 
Avaliar o crescimento e desenvolvimento infantil é uma das atribuições do 
enfermeiro na Estratégia Saúde da Família e parte integrante da consulta de 
enfermagem à criança. Nesta seção vamos discutir conceitos, fatores 
influenciadores e atuação do enfermeiro. 
6.1 Fatores Intrínsecos e Extrínsecos 
Os fatores intrínsecos ou internos são aqueles relacionados às determinações 
genéticas ou à herança que as crianças recebem de seus antepassados. Esse 
potencial genético pode ou não ser atingido em plenitude, desde que as influências 
do meio ambiente onde a criança vive possam contribuir para tal. 
A criança pode ter, por exemplo, potencial genético para atingir a altura 
correspondente a 1.90m quando adulta (fator intrínseco), porém, caso seu 
desenvolvimento seja influenciado por fatores extrínsecos, como alimentação 
deficiente, baixa renda familiar, baixo grau de escolaridade dos pais, condições 
precárias de saneamento básico, doenças recorrentes na infância, esse potencial 
pode não ser alcançado, e a altura final será, pois, inferior àquela esperada. 
Crescimento Intrauterino É importante para o enfermeiro conhecer as 
condições de vida que podem interferir negativamente no peso de nascimento. Na 
sua área de abrangência, provavelmente existem mulheres gestantes nestas 
condições: 
 Com doenças maternas infecciosas 
 Com doenças sexualmente transmissíveis 
 Com hipertensão arterial na gestação 
 Com baixo peso ou sobrepeso 
 Menores de 15 e maiores que 35 anos 
 Com altura materna inferior a 1.50m 
 Usuárias de drogas lícitas e ilícitas 
 Fumantes. 
 
45 
 
6.2 O Crescimento Pós-neonatal 
 
Fonte: ufpel.edu.br 
O acompanhamento do crescimento pós-neonatal faz parte da consulta de 
enfermagem à criança. Na vida intrauterina, a cabeça da criança é a parte do corpo 
que mais cresce e representa 50% do tamanho total do corpo. Já na fase pós-
neonatal, o desenvolvimento do tronco e das pernas é maior. Em alguns tecidos, o 
crescimento é contínuo, em outros, ocorre por estágios, como o da puberdade, por 
exemplo. O crescimento ósseo terminaassim que a maturidade do esqueleto estiver 
completa. Uma das características da criança é que o crescimento é acelerado até 
os dois anos de idade e sofre desaceleração entre os dois e cinco anos. 
6.3 Instrumentos de Avaliação do Crescimento Infantil 
A avaliação do crescimento e desenvolvimento infantil é parte essencial da 
consulta de enfermagem. Para avaliar o crescimento infantil, é necessário pesar a 
criança, medir sua altura e registrar esses dados em gráficos, que vão mostrar se 
peso, altura e perímetro cefálico estão adequados para a idade. 
Registre os dados aferidos nas curvas de peso, estatura e perímetro cefálico 
e verifique o crescimento da criança. A utilização das curvas de referência permite: 
 
46 
 
 
Fonte: slideshare.net 
Índices antropométricos e suas características: 
 
Fonte: Caderno Crescimento e Desenvolvimento NESCON 
O Ministério da Saúde (2011) recomenda um calendário mínimo de consultas 
exclusivas para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Um 
dos profissionais que realiza esse tipo de acompanhamento é o enfermeiro. 
 
47 
 
 
Fonte: Caderno Crescimento e Desenvolvimento NESCON 
6.4 O Desenvolvimento Infantil 
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (2005): 
Desenvolvimento infantil é um processo que vai desde a concepção, 
envolvendo vários aspectos, indo desde o crescimento físico, passando 
pela maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da 
criança. Tem como produto tornar a criança competente para responder às 
suas necessidades e às do seu meio, considerando seu contexto de vida. 
(APUD FIOCRUZ 2011) 
Sendo assim, sustentar a cabeça, sentar-se com ou sem apoio, engatinhar, 
caminhar, falar, sorrir, aprender a pular com um pé só, interagir com as pessoas que 
a cercam, aprender a ler e escrever são exemplos atribuídos ao desenvolvimento 
infantil, uma vez que a criança está sempre em constante transformação e apresenta 
uma sequência previsível de desenvolvimento neuropsicomotor. 
Levando-se em conta que o desenvolvimento infantil está diretamente 
relacionado ao biológico e ao meio ambiente onde a criança vive, qualquer 
intercorrência neste aspecto pode representar fator de risco. Como exemplos de 
risco para o desenvolvimento infantil, destacam-se estes: síndromes genéticas, 
hipóxia neonatal, infecções pré, peri e pós-natais, violência intrafamiliar, condições 
precárias de vida, baixa escolaridade dos pais, falta de afeto das pessoas que 
cuidam da criança. 
Padrões de Desenvolvimento 
O desenvolvimento segue tendências direcionais, de acordo com a maturação 
cerebral. Sendo assim, podemos classificar três padrões de desenvolvimento: 
 
48 
 
 Padrão céfalo-podálico: demonstra que o desenvolvimento segue o sentido 
cabeça para os pés. Primeiro a criança sustenta a cabeça, para depois sustentar 
o tronco. 
Padrão proximal-distal: de perto para longe, da região proximal para a distal, ou 
seja, primeiro controla os ombros, para depois controlar os braços; primeiro pega 
um objeto com toda a mão, para depois pegar um objeto com o polegar e o 
indicador (movimento de pinça). 
Padrão da diferenciação: das atividades mais simples para as mais complexas. 
Primeiro brinca sozinha, para depois socializar a brincadeira. 
6.5 Avaliação do Desenvolvimento Infantil 
 Para avaliar o desenvolvimento, é necessário fazer perguntas para quem 
cuida da criança em sua rotina. As respostas e observações da mãe ou do cuidador 
nunca devem passar despercebidas ou serem consideradas sem importância, pois 
é essa pessoa que conhece melhor a criança. 
No decorrer da avaliação, é fundamental observar se há ou não interação 
entre a criança e a mãe, se a criança se sente segura, se observa o ambiente onde 
está, ou se tenta pegar objetos que estejam ao seu alcance durante a consulta. 
Dessa forma, é possível conhecer um pouco sobre o seu desenvolvimento. 
As perguntas devem ser amplas e bem formuladas para que não deem opção 
simples de resposta, como SIM ou NÃO, mas respostas que forneçam explicações 
com detalhes sobre o assunto questionado, no caso, abrangendo o período pré-natal 
e nascimento. É importante saber se a mãe: 
 Fez o mínimo de 6 consultas de pré-natal 
 Fez uso drogas lícitas ou ilícitas na gestação 
 Teve alguma doença infecciosa, pressão alta (pré-eclâmpsia, 
eclampsia) durante a gestação 
 Como se deu o parto 
 Quanto tempo durou 
 Em caso de parto normal: se a criança chorou logo ao nascer, qual foi 
o valor do ápgar, o peso de nascimento, se teve algum problema de 
 
49 
 
saúde logo após o nascimento, como infecções ou icterícia, se precisou 
ficar internada no berçário ou UTI neonatal. 
 
O enfermeiro, ao avaliar a criança durante a consulta de enfermagem, poderá 
detectar precocemente possíveis dificuldades no cumprimento dos marcos do 
desenvolvimento e proporcionar à criança e à sua família opções diversas para 
estimulá-lo, ou tomar outras medidas necessárias como, por exemplo, o 
encaminhamento da criança ao médico da equipe, ou centros especializados de 
referência. 
Para avaliar o desenvolvimento, também se faz necessário o uso de 
instrumento de registro. A Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil é 
uma forma prática e simples para realizar esse acompanhamento: 
 
50 
 
 
Fonte: Caderno de Atenção Básica, nº11. MS 
 
51 
 
O enfermeiro é membro essencial da Equipe de Saúde da Família. Suas 
atribuições são complexas e demandam conhecimento científico acerca das várias 
interfaces que permeiam a Estratégia Saúde da Família. Diante de tantas atribuições, 
sejam estas comuns a todos os membros da equipe, sejam específicas do 
enfermeiro, sempre é necessário planejar a assistência. 
O uso do SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem, é essencial 
para o desenvolvimento do trabalho do enfermeiro no acompanhamento pueril, 
sendo necessário, muitas vezes, recorrer às terminologias empregadas em 
enfermagem e sua incorporação na prática profissional. 
Um exemplo de como seria as intervenções, no diagnóstico de enfermagem: 
desenvolvimento inadequado de uma criança: 
 
Intervenções Responsável 
Brincar com a criança Usuário 
Conversar com a criança Usuário 
Demonstrar carinho à criança durante os cuidados Usuário 
Encaminhar para consulta médica Enfermeiro 
Esclarecer mãe/cuidador sobre as fases do desenvolvimento 
de acordo com a idade da criança 
Enfermeiro 
Estimular a criança a movimentar-se livremente Usuário 
Estimular mãe/cuidador a demonstrar carinho durante os 
contatos com a criança 
Enfermeiro 
Investigar a expectativa da mãe/cuidador frente ao 
desenvolvimento da criança em relação à idade 
Enfermeiro 
Investigar possibilidade de negligência à criança Enfermeiro 
Orientar mãe/cuidador a conversar com a criança Enfermeiro 
Programar monitoramento domiciliar Enfermeiro 
Retornar no dia e horário agendados Usuário 
 
52 
 
6.6 Alimentação da criança 
 
Fonte: saudebrasil.saude.gov.br 
A infância é um período em que se desenvolve grande parte das 
potencialidades humanas. Os distúrbios que incidem nessa época são responsáveis 
por graves consequências para indivíduos e comunidades. 
De acordo com o Ministério da Saúde: 
O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, 
proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e 
eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda 
um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e 
regozijo de toda a sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é 
vital, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos 
na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória 
importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, 
para a promoção da alimentação saudável em consonância com os direitos 
humanos fundamentais e para a prevençãode distúrbios nutricionais de 
grande impacto em Saúde Pública. Porém, a implementação das ações de 
proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada alimentação 
complementar depende de esforços coletivos intersetoriais e constitui 
enorme desafio para o sistema de saúde, numa perspectiva de abordagem 
integral e humanizada. 
 
 
53 
 
6.7 Aleitamento Materno 
O hábito alimentar já é adquirido na infância, e o fator cultural é muito 
importante neste processo. O aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses 
de vida é fator contribuinte para a redução da mortalidade infantil. 
A recomendação prioritária é que a criança receba exclusivamente o leite 
materno até que complete seis meses de idade. 
Segundo Ministério da Saúde (2015), a Organização Mundial da Saúde (OMS) 
adotou e definiu o aleitamento materno em: 
Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite 
direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos 
ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de 
reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. 
Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do 
Aleitamento materno predominante leite materno, água ou bebidas à base de água 
(água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. 
Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno (direto da 
mama Aleitamento materno ou ordenhado), independentemente de receber ou não 
outros alimentos. 
Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe, além 
Aleitamento materno complementado do leite materno, qualquer alimento sólido ou 
semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa 
categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este 
não é considerado alimento complementar. 
Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite 
Aleitamento materno misto ou parcial materno e outros tipos de leite. 
 
Observação: Fluidos rituais. Embora a OMS não reconheça os fluidos rituais 
(poções, líquidos ou misturas utilizadas em ritos místicos ou religiosos) como 
exceção possível inserida na definição de aleitamento materno exclusivo, o 
Ministério da Saúde, considerando a possibilidade do uso de fluidos rituais com 
finalidade de cura dentro de um contexto intercultural e valorizando as diversas 
práticas integrativas e complementares, apoia a inclusão de fluidos rituais na 
 
54 
 
definição de aleitamento materno exclusivo, desde que utilizados em volumes 
reduzidos, de forma a não concorrer com o leite materno. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde 
recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até 
os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares 
antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois 
a introdução precoce de outros alimentos está associada a: 
 Maior número de episódios de diarreia; 
 Maior número de hospitalizações por doença respiratória; 
 Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem 
nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, 
quando os alimentos são muito diluídos; 
 Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o 
ferro e o zinco; 
 Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional; 
 Menor duração do aleitamento materno. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2009): 
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte 
de nutrientes. Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no 
segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% 
das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além 
disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma 
análise de estudos realizados em três continentes concluiu que quando as 
crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma 
chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando 
comparadas com crianças amamentadas (APUD WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2000). 
Para que a amamentação seja eficaz, é preciso que o bebê consiga a pega 
adequada. Caso isso não ocorra, ele não ficará saciado, e a mãe poderá apresentar 
várias intercorrências que podem culminar com o fim da amamentação, como por 
exemplo, o ingurgitamento mamário, fissura mamilar, mastite. Erros na pega podem 
determinar o sucesso ou insucesso na amamentação, por isso, os profissionais de 
saúde devem estar atentos em orientar e ajudar a mãe em relação ao 
posicionamento correto. 
Os sinais que indicam que a pega está adequada são os que seguem: 
 
55 
 
 Boca do bebê abocanhando toda a aréola e não apenas o mamilo; 
 Barriga do bebê encostada na barriga da mãe; 
 Lábios bem abertos, lábio inferior voltado para fora (boca de peixinho); 
 Queixo do bebê encostado no seio da mãe. 
 
Quando a pega é correta, a amamentação transcorre sem traumas, o bebê 
fica saciado por mais tempo, consegue esvaziar a mama de forma adequada, 
consequentemente ganha peso e diminui ou anula o risco de problemas na 
amamentação. 
Na criança em aleitamento materno, o ganho de peso deve ser superior a 20 
gramas/dia. 
6.8 Alimentação Complementar 
 
Fonte: sophiederam.com 
Os alimentos complementares são oferecidos às crianças após os seis meses 
de idade, uma vez que até então ela estará recebendo o leite materno. É importante 
que a introdução dos novos alimentos seja realizada após essa data, uma vez que a 
criança já terá adquirido habilidades importantes para que a aceitação desses 
alimentos ocorra de forma mais rápida e prazerosa. Como o próprio nome indica, a 
alimentação é complementar, ou seja, a partir desta idade a criança continuará 
 
56 
 
recebendo leite materno e terá a complementação de outros alimentos a fim de suprir 
suas necessidades em relação às proteínas, sais minerais, energia, vitaminas, água 
e gordura. É fundamental que seja respeitado o hábito alimentar da família e que os 
alimentos sejam oferecidos com segurança. 
A introdução de alimentos complementares após o sexto mês de vida deve 
ser gradual, respeitando-se a aceitação da criança. Quando uma criança não aceita 
determinado alimento, é necessário oferecê-lo até dez vezes para se ter certeza de 
que ela não aprova aquele sabor. Mesmo que não o aceite, é importante colocá-lo 
no prato, pois isso pode estimulá-la a comê-lo, principalmente se outros membros da 
família o fazem. 
As frutas devem ser amassadas ou raspadas e não devem ter adição de 
açúcar. Os sucos devem ser naturais e não artificiais e não devem substituir uma 
refeição, mas sim atuar como um complemento. O consumo de frutas da estação 
deve ser estimulado, principalmente devido à facilidade de acesso em relação à 
disponibilidade e preço. 
 A refeição salgada deve conter tubérculos, cereais, verduras e carne, 
principalmente a vermelha. Nunca deve ser batida no liquidificador ou passada pela 
peneira. Os alimentos devem ser cozidos com água sufi ciente para cobri-los. Após 
o seu cozimento, devem ser amassados com um garfo. A consistência correta é a 
de purê e não de sopa. 
A criança pode também, nesta idade, receber duas papas de frutas (uma no 
intervalo da manhã e outra no intervalo da tarde) e uma papa salgada no almoço. O 
leite materno deve continuar sendo oferecido no restante do período. 
A partir dos sete meses a criança recebe também a papa salgada no jantar e, 
aos oito meses, a consistência do alimento já pode ser semelhante à dos alimentos 
da família para que, aos doze meses, a criança já possa se alimentar com a mesma 
refeição ofertada às pessoas que convivem com ela. 
6.9 Desnutrição infantil 
A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social e multifatorial, cujas 
raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da 
criança,tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada 
adequadamente. 
 
57 
 
 Pode começar precocemente na vida intrauterina (baixo peso ao nascer) e, 
frequentemente, cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do 
aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos 
primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da 
vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas como a diarreia e 
infecções respiratórias agudas (BRASIL, 2005). 
Entende-se que a desnutrição é multifatorial, pois não ocorre apenas devido 
à falta de alimento, ela pode ser causada por várias razões, como por exemplo: falta 
de alimentos, oferta de alimentos de baixa qualidade, doenças que dificultam a 
absorção, processos infecciosos de repetição, vínculo fraco entre mãe e filho. As 
crianças que não são adequadamente nutridas podem ter carências específicas 
como a hipovitaminose A e a carência de ferro. A deficiência de vitamina A pode 
levar a criança ao risco de cegueira (cegueira noturna, xeroftalmia ou 
queratomalácia). 
A vitamina A protege a visão, evita a diarreia e diminui o risco de sarampo. Já 
a deficiência de ferro é a causadora da anemia ferropriva, que acomete muitas 
crianças brasileiras. 
Crianças com idade entre 6 a 12 meses merecem cuidado especial em relação 
à ingesta de alimentos que contenham ferro. Na falta deste, a criança fica vulnerável 
ao desenvolvimento de anemia por deficiência desse micronutriente, o que prejudica 
o seu crescimento e desenvolvimento. O consumo diário de carne, miúdos (no 
mínimo uma vez por semana) e suco de fruta natural, fonte de vitamina C, após o 
almoço e jantar, aumenta a absorção do ferro não heme. 
Crianças de 6 a 18 meses devem receber o suplemento de ferro disponível 
nas Unidades Básicas de Saúde e de Saúde da Família de forma preventiva. A 
criança com desnutrição grave pode apresentar características muito peculiares, 
como o emagrecimento acentuado visível, quando os ossos ficam aparentes, o 
abdômen proeminente, os cabelos quebradiços e sem brilho e o glúteo e pernas com 
“sinal da calça larga”, ou seja, a gordura corporal desaparece, e a pele fica enrugada 
como se a criança estivesse vestindo uma calça larga. O edema também indica 
desnutrição grave, embora a criança possa apresentar uma aparência física de estar 
mais gordinha. 
De acordo com a estratégia da AIDPI, o enfermeiro, mediante avaliação da 
criança, pode realizar as seguintes classificações: 
 
58 
 
Classificação para crianças de 2 meses a menor de 5 anos de idade: 
 
Sinais Classificação Tratamento 
Emagrecimento acentuado 
visível ou edema em ambos 
os pés; 
 
DESNUTRIÇÃO 
GRAVE 
 Dar vitamina A. 
 Tratar a criança para evitar hipoglicemia. 
 Recomendar à mãe a manter a criança 
agasalhada. 
 Referir URGENTEMENTE para 
tratamento. 
Peso muito baixo para a 
idade (abaixo da linha 
inferior do espelho do 
cartão). 
PESO MUITO 
BAIXO 
 Avaliar a alimentação da criança e 
ensinar a mãe a tratar a criança com 
peso muito baixo em casa. 
 Para crianças menores de 6 meses, se 
tiver problemas com a amamentação, 
marcar retorno para dois dias. 
 Marcar retorno em cinco dias 
Peso baixo para a idade 
(entre a linha inferior e a 
linha média do cartão) ou 
ganho de peso insuficiente. 
PESO BAIXO 
 OU GANHO 
INSUFICIENTE 
 Avaliar a alimentação da criança e 
orientar a mãe. 
 Para crianças menores de 6 meses, se 
tiver problemas com a amamentação, 
marcar retorno para dois dias. 
 Marcar retorno em 30 dias. 
Peso para a idade não é 
baixo e nenhum outro sinal 
de desnutrição. 
O PESO NÃO É 
BAIXO 
 Se a criança tiver menos de 2 anos de 
idade, avaliar a sua alimentação e 
orientar a mãe 
Fonte: BRASIL, 2003b. 
Marasmo 
O marasmo, tipo de desnutrição mais comum no Brasil, é decorrente da falta 
total de alimentos, levando ao quadro de desnutrição proteico-calórica. Nesse caso 
a criança apresenta os sinais de emagrecimento acentuado visível. Quando a 
desnutrição se dá devido às condições precárias de vida, como a falta do alimento, 
por exemplo, é possível que toda a família da criança esteja desnutrida. O marasmo 
 
59 
 
é sinal de miséria. É muito triste ver uma família nessa situação. O apetite da criança 
é preservado no marasmo. 
 
Kwashiorkor 
O kwashiorkor também é um tipo de desnutrição grave e caracteriza-se 
principalmente pelo edema em ambos os pés da criança. Está relacionado à defi 
ciência proteica. Nesse caso, o cabelo é fi no e ralo, a pele é ressecada e a criança 
tem um olhar triste, conhecido como olhar de miséria. O apetite da criança é 
diminuído no kwashiorkor. Utilizamos o termo “Desnutrição” quando o caso é 
considerado grave pela estratégia AIDPI (Marasmo ou Kwashiorkor); nas demais 
classificações, utilizaremos os termos Baixo Peso, Muito Baixo Peso. 
6.10 AIDPI – Atenção Integrada a Doenças Prevalente na Infância 
A AIDPI tem por finalidade promover uma rápida e significativa redução da 
mortalidade na infância. Trata-se de uma abordagem da atenção à saúde na infância, 
desenvolvida originalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo 
Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), 
caracterizando-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de doenças 
de maior prevalência na infância, ao invés do enfoque tradicional que busca abordar 
cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais doenças 
que atingem a criança e do contexto em que ela está inserida (BRASIL, 2003a apud 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). 
 
60 
 
6.11 PNI – Programa Nacional de Imunização 
 
Fonte: portalarquivos.saude.gov.br 
 O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola na década dos anos 
sessenta, mostrou que a vacinação em massa tinha o poder de erradicar a doença. 
O último caso de varíola notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo em 1977 na 
Somália. 
 Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, tem como missão 
organizar a Política Nacional de Vacinação, contribuindo para o controle, a 
eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreviníveis. Está vinculado ao 
Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma 
compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. 
O PNI passou a coordenar, as atividades de imunizações desenvolvidas 
rotineiramente na rede de serviços e, para tanto, traçou diretrizes pautadas na 
experiência da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), com a prestação 
de serviços integrais de saúde através de sua rede própria. 
O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização Mundial de 
Saúde, com o apoio técnico, operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do 
Rotary Internacional e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD). 
 
61 
 
A consolidação da missão do PNI ocorre nas salas de vacinas que dependem 
dos processos logísticos aplicados à conservação dos imunobiológicos, 
disponibilizados nacionalmente na Rede de Frio do PNI. 
 As Centrais de Rede de Frio (CRF) são as estruturas físicas que 
proporcionam efetivamente as condições adequadas à manutenção da Cadeia de 
Frio, têm foco na segurança e na qualidade dos processos de armazenamento, 
distribuição e transporte. Organizam-se nas três esferas, dispõem de estruturas 
físicas similares, com fluxos operacionais semelhantes, variando seus 
dimensionamentos em função do perfil epidemiológico e da consequente demanda 
onde se inserem. 
 Prevenir a doença é melhor do que tratá-la. E a vacinação é uma das medidas 
mais importantes e eficazes de prevenção. A vacina estimula o sistema imunológico 
a produzir anticorpos que destroem os micro-organismos invasores (bactérias ou 
vírus) tornando a pessoa, assim, imunizada. A Secretaria da Saúde do Ceará reforça 
a importância de a população ficar atentaao calendário vacinal e manter a rotina de 
imunização, atualizando a caderneta de vacinação. 
 Cada faixa etária tem sua vacina específica e todas as vacinas, com exceção 
da Influenza, ficam disponíveis fora do período de campanhas. Quanto mais pessoas 
são imunizadas, mais comunidades são protegidas contra doenças e menor é a 
chance de contaminar outras pessoas. Conforme o Calendário Nacional de 
Vacinação, as vacinas estão disponíveis para crianças, adolescentes, adultos, 
idosos e gestantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62 
 
Calendário nacional de vacinação de 2019 
Idade Vacinas 
Ao nascer 
– BCG (dose única) 
– Hepatite B 
2 meses 
– Pentavalente 1ª dose (Tetravalente + 
Hepatite B 2ª dose) 
– Poliomielite 1ª dose (VIP) 
– Pneumocócica conjugada 1ª dose 
– Rotavírus 1ª dose 
3 meses – Meningocócica C conjugada 1ª dose 
4 meses 
– Pentavalente 2ª dose (Tetravalente + 
Hepatite B 2ª dose) 
– Poliomielite 2ª dose (VIP) 
– Pneumocócica conjugada 2ª dose 
– Rotavírus 2ª dose 
5 meses – Meningocócica C conjugada 2ª dose 
6 meses 
– Pentavalente 3ª dose (Tetravalente + 
Hepatite B 3ª dose) 
– Poliomielite 3ª dose (VIP) 
– Influenza (1 ou 2 doses anuais) 
9 meses 
– Febre Amarela (Dose única) 
– Influenza (1 ou 2 doses anuais) 
12 meses 
– Pneumocócica conjugada reforço 
– Meningocócica C conjugada reforço 
– Tríplice Viral 1ª dose 
– Influenza (1 ou 2 doses anuais) 
15 meses 
– DTP 1º reforço (Incluída na 
pentavalente) 
– Poliomielite 1º reforço (VOP) 
– Hepatite A (1 dose de 15 meses até 5 
anos) 
 
63 
 
– Tetra viral (Tríplice Viral 2ª dose 
+ Varicela) 
– Influenza (1 ou 2 doses anuais) 
4 anos 
– DTP 2º reforço (Incluída na 
pentavalente) 
– Poliomielite 2º reforço (VOP) 
– Varicela (1 dose) 
– Influenza (1 ou 2 doses anuais) 
9-14 anos 
– HPV 2 doses ((9-14 anos meninas e 11-
14 anos meninos) 
– Meningocócica C (Reforço ou dose 
única - meninos e meninas de 11- 14 anos) 
 
Adolescentes, Adultos e Idosos 
– Hepatite B (3 doses a depender da 
situação vacinal) 
– Febre Amarela (Dose única p/ não 
vacinados ou sem comprovante de vacinação) 
– Tríplice Viral (2 doses até os 29 anos ou 
1 dose em > 30 anos. Idade máxima: 49 anos) 
– DT (Reforço a cada 10 anos) 
– dTpa (Para gestantes a partir da 20ª 
semana, que perderam a oportunidade de 
serem vacinadas) 
Fonte: https: pebmed.com.br 
 
Em 2017, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação da vacina contra o 
HPV, incluindo a mesma, como parte da rotina do Calendário Nacional de Vacinação 
do Sistema Único de Saúde (SUS), para a população masculina na faixa etária de 
12 a 13 anos (THEES, 2017). 
No mesmo ano, o governo anunciou a ampliação da vacina para meninos de 
11 a 15 anos incompletos. Além da vacina contra o HPV contribuir reduzindo a 
incidência do câncer de colo de útero e vulva, também contribui prevenindo o câncer 
de pênis, ânus, verrugas genitais, boca e orofaringe (CRISTALDO, 2017). 
 
 
 
64 
 
7 A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES – SAÚDE 
MENTAL 
 
Fonte: educacao.estadao.com.br 
Não há produção de saúde sem produção de saúde mental. Logo, é preciso 
levar em conta que, ao se receber cuidados em saúde, devem ser consideradas as 
dimensões biológica, psíquica e social dos indivíduos. Se uma criança ou um 
adolescente apresenta algum grau de sofrimento (com angústias, medos, conflitos 
intensos, por exemplo), não será possível tratar sua saúde sem considerar esse 
componente emocional/relacional significativo. Muitos sintomas físicos têm origem 
em situações de sofrimento psíquico de origens diversas (na relação com 
instituições, com a família e consigo mesmo, entre outras). Em muitos casos, por 
exemplo, o uso de álcool e outras drogas pode estar associado à tentativa pessoal 
de manejo de um sofrimento. 
Ao falarem sobre si e ao se identificarem com suas próprias histórias, a 
criança e o adolescente veem possibilidades de encontrar novos significados e novas 
formas de inserção na sociedade e na família. Posto isso, uma política de saúde 
mental infanto-juvenil deve considerar como diretrizes (BRASIL, 2005 apud BRASIL, 
2014): 
A) A criança e o adolescente são sujeitos e, como tal, são responsáveis 
por sua demanda e seu sintoma. São sujeitos de direitos e detentores de 
lugares autênticos de fala. A noção de sujeito implica também a de 
 
65 
 
singularidade, ou seja, não é possível pensar em tratamentos e abordagens 
terapêuticas de forma homogênea e prescritiva, pois vale a máxima de que 
“cada caso é um caso”. Nessa linha, é preciso reconhecer voz e escuta de 
cada criança e adolescente. Cumpre alertar que, mesmo na ausência de 
pais ou responsáveis, crianças e adolescentes têm direito ao atendimento 
eventual ou não eventual. 
B) Acolhimento universal: significa que as portas dos serviços devem 
estar abertas a todos aqueles que chegam com alguma necessidade de 
saúde e de saúde mental. É bastante comum neste campo da atenção à 
saúde mental infanto-juvenil que os profissionais do serviço não se sintam 
aptos a realizar o atendimento com base na alegação de que um 
determinado tipo de paciente “não tem perfil” para tal serviço (sobretudo 
quando se trata de usuários de álcool e outras drogas e ainda mais tendo 
cometido algum ato infracional). É preciso reconhecer as resistências e 
dificuldades dos profissionais de saúde em atender esta clientela e pensar 
em estratégias para superá-las, mas é imprescindível que se garanta o 
acolhimento da demanda (que deve ser recebida, ouvida e respondida). 
O acolhimento universal não significa que os serviços de saúde e de saúde 
mental tenham que atender e acompanhar todos os casos que até ali 
chegam, mas deve fazer uma abordagem para identificar as necessidades 
de cada situação, propor alguma intervenção inicial e, quando couber, 
oferecer outras estratégias e lugares de tratamento. 
C) Encaminhamento implicado e corresponsável: no caso de haver 
outro serviço que melhor se ajuste às necessidades do usuário, os 
profissionais que fizeram o acolhimento devem, de maneira implicada e 
corresponsável, promover o acompanhamento do caso até a sua inclusão 
e o seu atendimento em outro serviço (muito diferente de um procedimento 
administrativo e burocrático de preencher uma guia de encaminhamento 
para outro serviço). Muitas vezes, é preciso fazer um trabalho conjunto entre 
os serviços para o melhor atendimento do caso. Este primeiro acolhimento, 
aonde quer que chegue o usuário, pode ser determinante nos 
desdobramentos e na adesão ao tratamento. 
D) Construção permanente da rede e da intersetorialidade: a partir da 
noção de clínica ampliada e da complexidade das intervenções em saúde 
mental, álcool e outras drogas, é fundamental a construção cotidiana de 
uma rede de profissionais, ações e serviços para a garantia do acesso de 
crianças, adolescentes e jovens aos cuidados nesta área. Neste sentido, é 
imprescindível a convocação dos atores intersetoriais, sem os quais não 
será possível uma resposta potente aos problemas de saúde mental, álcool 
e outras drogas apresentados pela citada população. 
E) Trabalho no território: trata-se de um conceito que extrapola os 
sentidos meramente geográficos ou regionais, mas tem relação com as 
redes de relações e afetos e com as redes sociais daquele que é cuidado, 
que inclui a família, os vizinhos, a escola, a praça, o clube, os lugares de 
lazer etc. 
F) Avaliação das demandas e construção compartilhada das 
necessidades de saúde mental: as demandas que chegam aos serviços 
de saúde mental (vindas do sujeito, da família, da escola e dos serviços da 
rede de saúde ou da rede intersetorial) devem ser discutidas e elaboradas 
em conjunto pelas equipes, pelos familiares e pelos usuários. No imaginário 
social há muitas demandas direcionadas à saúde mental, mas nem sempre 
elas ajudarão a construir intervenções potentes, porque não correspondem 
às necessidades reais dos usuários. Em algumassituações não existe 
nenhuma evidência de efetividade para o caso concreto. 
 
66 
 
7.1 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 
Instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088, de 23/12/2011,4 a Raps prevê a 
criação, a ampliação e a articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas 
com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de 
crack, álcool e outras drogas no âmbito do SUS. 
Conforme descrição do Ministério da Saúde (2014), a RAPS tem os objetivos 
gerais de: 
 
(i) ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral; 
(ii) promover a vinculação das pessoas com transtornos mentais e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e de suas 
famílias aos pontos de atenção; 
e (iii) garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes 
de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do 
acompanhamento contínuo e da atenção às urgência 
Objetivos específicos: 
a) promover cuidados em saúde especialmente a grupos mais vulneráveis 
(crianças, adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e populações 
indígenas); 
b) prevenir o consumo e a dependência de álcool e outras drogas e reduzir 
os danos provocados pelo consumo; 
c) promover a reabilitação e a reinserção das pessoas com transtornos 
mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas 
por meio do acesso ao trabalho, à renda e à moradia solidária; 
d) produzir e ofertar informações sobre os direitos das pessoas, as medidas 
de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis na rede; 
 e) regular e organizar as demandas e os fluxos assistenciais da Rede de 
Atenção Psicossocial; e 
f) monitorar e avaliar a qualidade dos serviços mediante indicadores de 
efetividade e resolutividade da atenção. 
 
A RAPS encontra-se organizada nos seguintes componentes: 
Atenção Básica em 
Saúde 
 Unidade básica de saúde 
 Núcleo de apoio à saúde da família 
 Consultório na rua 
 Centros de convivência e cultura. 
Atenção Psicossocial 
Estratégica 
 Centros de atenção psicossocial (nas suas 
diferentes modalidades). 
 
Atenção de Urgência e 
Emergência 
 SAMU 192 
 Sala de estabilização 
 
67 
 
 UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à 
urgência/pronto socorro, unidades básicas de 
saúde. 
Atenção Residencial 
de Caráter Transitório 
 Unidade de acolhimento 
 Serviço de atenção em regime residencial. 
Atenção Hospitalar  Enfermaria especializada em hospital geral 
 Leitos de SM no hospital geral 
Estratégias de 
Desinstitucionalização 
 Serviços residenciais terapêuticos 
 Programa “De Volta para Casa” 
Estratégias de 
Reabilitação 
Psicossocial 
 Iniciativas de geração de trabalho e renda 
 Empreendimentos solidários e cooperativas sociais 
Fonte: Ministério da Saúde, 2014 
8 SAÚDE DO ADOLESCENTE 
 
Fonte: pim.saude.rs.gov.br 
Nas últimas décadas, houve uma importante modificação demográfica 
relacionada à queda da mortalidade infantil e da fecundidade, ao aumento da 
expectativa de vida e aos movimentos migratórios e de urbanização. Houve, ainda, 
uma desaceleração no ritmo de crescimento da população adolescente e jovem com 
a expectativa de que este segmento continue crescendo (IBGE, 2010 apud 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
68 
 
Adolescentes e jovens constituem um grupo populacional que exige novos 
modos de produzir saúde. Seu ciclo de vida particularmente saudável evidencia que 
os agravos em saúde decorrem, em grande medida, de modos de fazer “andar a 
vida”, de hábitos e comportamentos, que, em determinadas conjunturas, os 
vulnerabilizam. 
As vulnerabilidades produzidas pelo contexto social e as desigualdades 
resultantes dos processos históricos de exclusão e discriminação determinam os 
direitos e as oportunidades de adolescentes e jovens brasileiros. 
Iniciativas na Atenção Básica à Saúde devem incluir a melhoria de condições 
sanitárias no ambiente físico, e a atenção às necessidades nutricionais, biológicas, 
psicológicas e sociais em todas as etapas do desenvolvimento humano, dentro do 
ciclo da vida. A integralidade da atenção nos serviços de Atenção Básica a Saúde é 
entendida como a integração das ações de promoção da saúde, de prevenção de 
agravos e enfermidades, de assistência e de controle de doenças, sempre pautada 
nos determinantes e condicionantes da saúde. 
8.1 Definições de adolescência e juventude 
O Ministério da Saúde segue como definição de adolescência a prescrita pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), que caracteriza o período de 10 e 19 anos e 
compreende como juventude a população dos 15 a 24 anos (BRASIL, 2010, p. 46 
apud MNISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
O Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013) define 
juventudes a partir de faixas etárias. Dos 15 a 17 anos são adolescentes-jovens; dos 
18 a 24 anos de jovens-jovens e entre os 25 a 29 anos são denominados jovens-
adultos. Portanto, nessas definições há uma interseção entre a metade da 
adolescência e os primeiros anos da juventude. Essa população, entre 10 a 24 anos, 
representa um contingente expressivo de mais de 50 mil pessoas no Brasil (IBGE, 
2010a apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
Segundo o Ministério da Saúde (2017 apud LEÓN, 2005, p. 16): 
 
Os marcadores etários têm relevância no planejamento e na implantação 
de políticas públicas. As diferentes particularidades que cada idade interpõe 
aos sujeitos adolescentes e jovens no momento do ciclo da vida têm 
singularidades e aspectos psicobiológicos, socioculturais e 
socioeconômicos importantes e distintos, que ora os aproximam e ora os 
 
69 
 
distanciam. “Não existe somente uma cultura adolescente ou juvenil” são 
culturas variadas e formas de agrupamentos e estilos de vidas 
diversificados. 
8.2 Estratégia IMAN – Integração de Manejo dos adolescentes e suas 
necessidades. 
 
Fonte: saefw.blogspot.com 
Em 2005 a Organização Pan-Americana da Saúde criou a Estratégia de 
Integração de Manejo dos Adolescentes e suas Necessidades (Iman). Trata-se de 
um conjunto de algoritmos e textos que tem por objetivo oferecer informações 
rápidas e concisas para que os profissionais possam prestar um atendimento integral 
aos adolescentes de ambos os sexos, com idades entre 10 a 19 anos. Pode ser 
usado em uma Unidade Básica de Saúde ou em um departamento ambulatorial 
hospitalar de referência. 
Essa estratégia abarca assuntos técnicos selecionados pela importância ou 
pela prevalência para que a equipe de saúde adquira competências e habilidades 
para a prestação do atendimento integral a este grupo populacional. 
 
Objetivos propostos pela estratégia do IMAN: 
Perguntar: todo adolescente ou jovem, por meio da anamnese, com o próprio 
ou seu responsável (quando o adolescente esteja impedido de se expressar), deve 
ser inquirido sobre as queixas que o motivaram à vinda ao serviço de saúde e sobre 
 
70 
 
os antecedentes: perinatal, pessoal e familiar. Assim, será possível perceber como 
se encontra sua adaptação sob o ponto de vista biopsicossocial. 
 Observar: inclui um exame físico o mais completo possível, a determinação 
do estágio de desenvolvimento puberal, a obtenção de medidas antropométricas e a 
identificação de alguma condição patológica. Deve-se qualificar o processo de 
crescimento e desenvolvimento do adolescente, normal ou com algum distúrbio, e 
diagnosticar problemas de saúde que estejam presentes. Verificar sua relação com 
o grupo de pares, com a família e com adultos de referência. Identificar 
vulnerabilidades, no sentido de antecipar problemas que possam ser evitados. 
Avaliar, determinar ou diagnosticar: abordar, da melhor forma possível, as 
questões psicossociais dos adolescentes e, se necessário, referir a serviços de maior 
complexidade. Em caso de não necessitar referência, indicar ou aplicar o tratamento 
correspondente e explicar como prosseguir com ele e as consequências caso não 
sigaas instruções adequadamente. Embora já esteja recebendo tratamento, explicar 
quais são os sinais de alarme pelos quais deverá voltar ao serviço de saúde 
imediatamente para reavaliação. 
Tratar: Uma vez identificada uma doença ou uma situação de risco no 
adolescente, é necessário iniciar o tratamento pertinente para estabilizar suas 
condições antes de referi-lo para outro serviço ou hospital para o prosseguimento do 
tratamento. No caso de não haver necessidade de referência para outro serviço, 
indicar-se-á o tratamento correspondente e deve-se explicar claramente em que 
consistem as alternativas terapêuticas. É fundamental assegurar a compreensão das 
medidas terapêuticas e decidir com o adolescente as alternativas mais convenientes. 
Acompanhar: de acordo com a condição identificada. Se for um adolescente 
saudável, é conveniente uma avaliação, se possível, duas vezes ao ano. 
Aconselhar ou orientar: escutar o adolescente e sua família em suas 
inquietações, manejando-as sem preconceitos e refletindo, em conjunto, as 
melhores alternativas para o melhor encaminhamento possível dos problemas 
apresentados e prevenção de riscos desnecessários. 
 
71 
 
8.3 Caderneta de Saúde de Adolescentes 
 
Fonte: poder360.com.br 
O art. 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o atendimento 
integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de 
Saúde, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para 
promoção, proteção e recuperação da saúde. (ECA, 1990 apud MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2017) 
A Caderneta de Saúde de Adolescente, masculina e feminina, contém 
informações a respeito do crescimento e desenvolvimento, da alimentação saudável, 
da prevenção de violências e promoção da cultura de paz, da saúde bucal e da saúde 
sexual e saúde reprodutiva desse grupo populacional. Traz ainda método e espaço 
para o registro antropométrico e dos estágios de maturação sexual, das intervenções 
odontológicas e o calendário vacinal. 
8.4 Famílias com adolescentes 
Com relação ao desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, o esforço 
familiar será no sentido de prover as condições necessárias de alimentação, 
vestimenta, afetividade, educação, segurança, desapego autoestima e autonomia 
progressiva. O primeiro desafio familiar no cuidado de uma criança é sua constituição 
 
72 
 
física e esforço para promover o desenvolvimento de sua dimensão psicológica como 
eu. 
Na adolescência, a influência da família no processo de desenvolvimento 
perde espaço para outras fontes de fatores de risco e fatores de proteção. Os fatores 
internos (condição emocional, valores, talentos, habilidades, desejos, projetos, 
autoestima, humor etc.) ganham força, assim como os fatores oriundos da 
comunidade onde está inserido o jovem. 
O papel da família como parte da rede de apoio de um adolescente poderá 
significar mais proteção ou mais risco, dependendo do vínculo adulto 
provedor/cuidador com adolescente, da capacidade de comunicação entre eles, do 
estilo de parentalidade e da relação que as forças oriundas da comunidade e escola 
(grupos de amigos, relações com o desempenho escolar, segurança do bairro em 
que vivem, oportunidades de acesso à cultura e ao lazer etc.) intervêm no processo. 
O grau de conflito entre adultos e jovens na família está relacionado em boa 
parte ao estilo de relação e comunicação entre eles. Diana Baumrind (1991) propõe 
uma classificação dos estilos de parentalidade, que se associam a diferenças no 
comportamento social dos adolescentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
Estilos de Parentalidade: (BAUMRIND, 1991 apud MISTÉRIO DA SAÚDE, 
2017) 
Estilo parental predominante Comportamento social do 
adolescente 
Autoritário: estilo restritivo e punitivo 
no qual o adulto provedor/cuidador 
persuade o adolescente a seguir suas 
orientações. Os limites e controles são 
rígidos e há pouca troca comunicativa 
Pouco criativo; com pouca habilidade de 
decidir com autonomia; poucas 
habilidades comunicativas; ansiedade 
frequente em relação às comparações 
sociais. 
Autoritativo: estilo que encoraja o 
adolescente a ser independente e 
progressivamente autônomo. Os limites 
e controles fazem parte da relação de 
autoridade que o adolescente respeita e 
reconhece em seus adultos cuidadores/ 
provedores. O diálogo e a negociação 
Criativo, flexível, autoconfiante e 
responsável; com boas habilidades 
comunicacionais e respeito aos adultos; 
capacidade de escolha com consciência 
de seus efeitos. 
 
73 
 
são centrais na comunicação entre 
estes adultos e jovens 
Negligente: que se envolve pouco com 
o processo de adolescer do jovem. 
Pouco interesse nas atividades e 
escolhas dos jovens. Há pouco ou 
nenhum controle ou limite e a 
monitoração do desenvolvimento é 
mínima. A comunicação é muito 
insuficiente 
Pouco autocontrole; dificuldade para 
lidar com a independência e pouca 
assertividade nas escolhas; 
necessidade de pertencimento a grupos 
que se interessem e o ajudem a 
enfrentar o processo de adolescência. 
Indulgente: alto envolvimento dos 
adultos provedores/cuidadores com os 
jovens, porém com poucos limites e 
controle sobre o processo de adolescer 
deles. A comunicação é pouco eficiente. 
Pouco autocontrole e alta frustração 
quando contrariados, tanto por adultos 
como pelos pares; dificuldade para se 
incluírem em grupos, pouca habilidade 
comunicativa. 
 
Esses estilos de parentalidade e comunicação, assim como os 
comportamentos sociais associados aos adolescentes, devem ser encarados como 
tendências, pois da mesma maneira que o estilo não é algo tão definido e rígido, 
seria simplista atribuir o comportamento social do adolescente apenas à tendência 
de um estilo parental. É necessário sempre considerar diferenças contextuais, 
divergências de estilos entre os adultos provedores/cuidadores, processo anterior ao 
período de adolescência etc. 
Entre as forças que podem participar da rede de apoio das famílias, crianças 
e adolescentes tem fundamental importância a Rede de Atenção Primária em Saúde. 
Em situações de conflito no ambiente familiar, escolar e, até mesmo, comunitário 
(outros níveis de atenção à saúde, conselhos tutelares, vara da infância e da 
adolescência etc.), a rede de atenção básica quase sempre é a primeira porta de 
entrada para a busca de uma compreensão, seja do comportamento, de um sintoma 
ou de uma necessidade de orientação específica (anticoncepção, uso de substância 
psicoativa, violência doméstica ou sexual etc.). 
 
74 
 
8.5 Atenção Integral à Saúde de Adolescentes no Contexto da Socioeducação 
Com o intuito de mudar a realidade da socioeducação no Brasil, a Secretaria 
de Direitos Humanos da Presidência da República e o Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) instituíram o Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo (Sinase), uma política pública que articula a “efetiva 
participação dos sistemas e políticas de educação, saúde, trabalho, previdência 
social, assistência social, cultura, esporte, lazer, segurança pública, entre outras, 
para a efetivação da proteção integral de que são destinatários todos adolescentes” 
(BRASIL, 2006b, p. 15 apud MIISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
Articula, ainda, os três níveis de governo para o desenvolvimento dos 
programas de atendimento, considerando a intersetorialidade e a 
corresponsabilidade da família, da comunidade e do Estado. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2017): 
Assumindo o seu papel no sistema de garantia de direitos, o Ministério da 
Saúde em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos, publicou a 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito 
com a Lei (PNAISARI) pela Portaria MS/GM nº 1.082, de 23 de maio de 
2014, tendo como objetivo geral “garantir e ampliar o acesso aos cuidados 
em saúde dos adolescentes em conflito com a lei em cumprimentode 
medidas socioeducativas em meio aberto, fechado e semiliberdade” 
A Atenção Básica é a responsável pela articulação e pela coordenação do 
cuidado dos adolescentes na Rede de Atenção à Saúde do município. Na 
organização da atenção integral serão contemplados os seguintes eixos: promoção 
da saúde e prevenção de agravos; ações de assistência e reabilitação da saúde e a 
educação permanente. 
E, ainda, as linhas de ação: 
 Acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento físico e 
psicossocial. 
 Saúde sexual e a saúde reprodutiva. 
 Saúde bucal. 
 Saúde mental. 
 Prevenção ao uso de álcool e outras drogas. 
 Prevenção e controle de agravos. 
 Educação em saúde. 
 
75 
 
 Direitos humanos, a promoção da cultura de paz e a prevenção de 
violências e assistência às vítimas. 
 No âmbito do atendimento aos adolescentes em situação de privação de 
liberdade, a atenção integral à saúde será realizada, prioritariamente, por uma 
equipe da Atenção Básica. Dessa maneira, todas as unidades socioeducativas terão 
como referência uma dessas equipes. As equipes de referência deverão estar em 
consonância com as atribuições indicadas na Política Nacional da Atenção Básica 
(BRASIL, 2011b, p. 48 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017) 
O Ministério da Saúde (2017) orienta quando houver equipe de saúde dentro 
da unidade socioeducativa: 
Quando houver equipe de saúde dentro da unidade socioeducativa, esta 
deverá ser cadastrada no Sistema de Cadastro Nacional de 
Estabelecimentos de Saúde (SCNES). A equipe de saúde da Atenção 
Básica de referência articular-se-á com essa equipe interna do 
socioeducativo para, de modo complementar, inserir os adolescentes na 
Rede de Atenção à Saúde e realizar ações de promoção e de proteção à 
saúde, na lógica do SUS. Essa estratégia favorece a permeabilidade da 
instituição socioeducativa à comunidade, atendendo aos princípios, 
previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Sinase, da 
incompletude institucional e da reinserção social dos adolescentes em 
situação de privação de liberdade. 
Para a atenção em Saúde Mental de adolescentes em situação de privação 
de liberdade, cada equipe de saúde da Atenção Básica de referência para esta 
população será acrescida de profissionais de Saúde Mental, que podem ser: médico 
psiquiatra, psicólogo, assistente social, enfermeiro ou terapeuta ocupacional, sendo 
necessário que os três últimos tenham especialização em Saúde Mental. Esses 
profissionais deverão ser cadastrados no SCNES da equipe de saúde da Atenção 
Básica de referência. 
Segundo o Ministério da Saúde (2017), 
É evidente a necessidade de tratamento adequado aos adolescentes com 
transtornos mentais ou com problemas recorrentes do uso de álcool e outras 
drogas, além do acompanhamento psicossocial, conforme indicação dada 
pelo art. 64 da Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012, que institui o Sinase, 
e da Portaria MS/GM nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Atendendo a 
estas indicações, os profissionais de Saúde Mental que integrarão as 
equipes de saúde de referência para o socioeducativo têm papel estratégico 
na garantia da produção de saúde dos adolescentes, trabalhando na lógica 
do matriciamento, com as equipes de saúde e do socioeducativo, e não na 
lógica do atendimento ambulatorial e nem avaliações de demandas do 
judiciário. 
 
 
76 
 
Por matriciamento entende-se: 
 Discussão de casos clínicos. 
 Participação na elaboração do Projeto Terapêutico Singular, integrado 
ao PIA. 
 Atendimento psicossocial com outros profissionais da unidade 
socioeducativa e da rede intersetorial. 
 Colaboração nas intervenções terapêuticas da equipe de Atenção 
Básica de referência e de outros serviços de saúde necessários. 
 Agenciamento dos casos de saúde mental na rede, de modo a garantir 
a atenção integral à saúde. 
 Realização de visitas domiciliares conjuntas 
8.6 Crescimento e desenvolvimento do adolescente 
 
Fonte: claudiabragaendocrinologia.com.br 
A adolescência é marcada por um complexo processo de crescimento e 
desenvolvimento biopsicossocial. Os grupos etários são explicados pelos diferentes 
parâmetros usados na sua concepção, como por exemplo, o crescimento e 
desenvolvimento, as questões sociais e econômicas e aquelas relacionadas à 
inimputabilidade penal. O importante é que essas faixas etárias estejam 
 
77 
 
representadas nos sistemas de informação para que cada setor possa ter dados 
confiáveis sobre esse grupo populacional. 
8.7 Desenvolvimento físico 
O termo puberdade deriva do latim pubertate e significa idade fértil; a palavra 
pubis (lat.) é traduzida como pelo, penugem. A puberdade expressa o conjunto de 
transformações somáticas da adolescência, que, entre outras, englobam: 
 Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponderal e 
estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações puberais. 
 Modificação da composição e proporção corporal, como resultado do 
crescimento esquelético, muscular e redistribuição do tecido adiposo. 
 Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com ênfase no 
circulatório e respiratório. 
 Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais 
secundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner 
(1962). 
 Reorganização neuroendócrina, com integração de mecanismos 
genéticos e ambientais. 
8.8 Crescimento 
As velocidades de crescimento da criança e do adolescente normais têm um 
padrão linear previsível. Durante a puberdade, o adolescente cresce um total de 10 
a 30 cm (média de 20 cm). A média de velocidade de crescimento máxima durante 
a puberdade é cerca de 10 cm/ano para o sexo masculino e 9 cm/ano para o sexo 
feminino. 
A velocidade máxima de crescimento em altura ocorre, em média, entre 13 e 
14 anos no sexo masculino e 11 e 12 anos no sexo feminino. Atingida a velocidade 
máxima de crescimento, segue-se uma gradual desaceleração até a parada de 
crescimento, com duração em torno de 3 a 4 anos. Após a menarca, as meninas 
crescem, no máximo, de 5 a 7 cm. 
 
 
78 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
O Ministério da Saúde (2017), salienta: 
As curvas de crescimento individual seguem um determinado percentil 
desenhado no gráfico de crescimento. É importante salientar que, tanto na 
infância quanto na adolescência, podem ocorrer variações no padrão de 
velocidade de crescimento, ocasionando mudanças de percentil de 
crescimento, mas nem sempre refletem uma condição patológica. De um 
modo geral, o adolescente termina o seu desenvolvimento físico com cerca 
de 20% da estatura final do adulto em um período de 18 a 36 meses. 
 
Idade óssea: 
A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evolutivas da 
maturação óssea, que acompanham a idade cronológica no processo de 
crescimento, sendo considerada como um indicador da idade biológica. Ela é 
calculada por meio da comparação de radiografias de punho, de mão e de joelho 
com padrões definidos de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade 
óssea pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, considerando 
a sua relação com a idade cronológica. 
 
 
 
79 
 
Composição e proporção corporal 
Todos os órgãos do corpo participam do processo de crescimento da 
puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura subcutânea que apresentam 
um decréscimo absoluto ou relativo. Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a 
puberdade, sendo que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com 
o pico de velocidade do crescimento. 
 Desenvolvimento muscular: Na puberdade, chama atenção a hipertrofia e 
a hiperplasia de células musculares, mais evidentes nos meninos. Este fato justifica 
a maior força muscular no sexo masculino. 
Medula óssea: Durante a puberdade, ocorre uma diminuição da cavidade da 
medula óssea, mais acentuada nas meninas. Este acontecimento explica um volume 
final maior da cavidade medular para os meninos,que somado à estimulação da 
eritropoetina pela testosterona pode representar, para o sexo masculino, um número 
maior de células vermelhas, maior concentração de hemoglobina e ferro sérico. 
 
Sequência do crescimento 
O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma ordem invariável 
que vai das extremidades para o tronco. Os diâmetros biacromial e biilíaco também 
apresentam variações de crescimento durante a puberdade, sendo que o biacromial 
cresce com maior intensidade no sexo masculino. Nas meninas, observa-se também 
um alargamento da pelve. 
Os pelos axilares aparecem, em média, dois anos após os pelos pubianos. O 
pelo facial, no sexo masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar. 
O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em algumas situações, às 
primeiras manifestações puberais. 
Durante a puberdade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cordas 
vocais tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A este momento, mais 
marcante nos meninos do que nas meninas, chamamos de muda vocal. Na maioria 
dos indivíduos a mudança completa da voz se estabelece em um prazo de 
aproximadamente seis meses. O crescimento dos pelos da face indica o final deste 
processo, quando a muda vocal deve estar completa. 
Adolescentes com uma alteração na voz, que persista por mais de 15 dias, a 
Equipe de Saúde da Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família 
(Nasf) que dispõe de um profissional fonoaudiólogo para realizar uma interconsulta 
 
80 
 
ou uma avaliação multidisciplinar entre os profissionais visando solucionar o 
problema em questão. É de suma importância que o profissional de saúde saiba 
orientar os adolescentes quanto a comportamentos nocivos a sua saúde, como o 
uso de tabaco. 
 
Maturação sexual 
A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos ainda não 
plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal. Em 
fase inicial da puberdade, o córtex cerebral transmite estímulos para receptores 
hipotalâmicos, que, por meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise 
anterior a secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea. 
 
SEXO MASCULINO SEXO FEMININO 
 As gonadotrofinas, ou seja, os hormônios 
folículo-estimulante e luteinizante (FSH e 
LH) atuam aumentando os testículos. 
 Os túbulos seminíferos passam a ter luz e 
promover a proliferação das células 
intersticiais de Leydig, que liberam a 
testosterona e elevam os seus níveis 
séricos. Esses eventos determinam o 
aumento simétrico (simultâneo e 
semelhante) do volume testicular, que 
passa a ter dimensões maiores que 4 cm³, 
constituindo-se na primeira manifestação 
da puberdade masculina. 
 Segue-se o crescimento de pelos 
pubianos, o desenvolvimento do pênis em 
comprimento e diâmetro, o aparecimento 
de pelos axilares e faciais e o estirão 
pubertário. 
 Os hormônios folículo-estimulante e 
luteinizante (FSH e LH) atuam sobre o 
ovário e iniciam a produção hormonal de 
estrógeno e progesterona, responsáveis 
pelas transformações puberais na menina. 
 O tamanho testicular é critério importante 
para a avaliação das gônadas e da 
 A primeira manifestação de puberdade na 
menina é o surgimento do broto mamário. 
 
81 
 
espermatogênese, que costuma ocorrer, 
mais frequentemente, no estágio 4 de 
Tanner. 
 Avalia-se o volume testicular de forma 
empírica ou utilizando-se o orquímetro e 
orquidômetro de Prader. Estes 
instrumentos contêm elipsoides de 
volumes crescentes de 1 ml a 25 ml. O 
tamanho testicular adulto situa-se entre 
12 ml e 25 ml. 
 É seguido do crescimento dos pelos 
pubianos e pelo estirão puberal. 
 A menarca acontece cerca de um ano 
após o máximo de velocidade de 
crescimento, coincidindo com a fase de 
sua desaceleração. 
 A ocorrência da menarca não significa que 
a adolescente tenha atingido o estágio de 
função reprodutora completa, pois os 
ciclos iniciais podem ser anovulatórios. 
Por outro lado, é possível acontecer 
também a gravidez antes da menarca, 
com um primeiro ciclo ovulatório. 
Pelos pubianos: A evolução da distribuição de pelos pubianos é semelhante nos dois 
sexos, de acordo com as alterações progressivas relativas à forma, espessura e 
pigmentação 
Fonte: Ministério da Saúde, 2017 
8.9 Problemas no Desenvolvimento Puberal 
Puberdade precoce e puberdade tardia 
A puberdade, precoce e tardia, refere-se ao aparecimento de características 
sexuais secundárias em idades cronológicas que podem ser consideradas 
prematuras ou atrasadas para este desenvolvimento. É importante, também, 
observar a velocidade com que os eventos puberais estão se sucedendo. 
 a) Sexo feminino: É considerado precoce qualquer sinal de maturação 
sexual antes dos 8 anos de idade. No caso da puberdade atrasada, considera-se 
tardia a telarca e pubarca que ocorrem em idades superiores a 13 e 14 anos, 
respectivamente, e a menarca em idades maiores de 16 anos. 
 b) Sexo masculino: É considerada puberdade precoce, quando ocorre o 
aumento do volume t esticular e dos pelos pubianos antes dos 9 anos de idade. A 
puberdade atrasada refere-se à persistência do estágio pré-puberal após a idade 
cronológica de 16 anos. 
 
 
82 
 
Baixa estatura 
Adolescentes de ambos os sexos com estatura de dois desvios padrões 
abaixo da média ou abaixo do 3º percentil são considerados de baixa estatura. Deste 
grupo, 20% têm baixa estatura patológica e os 80% restantes serão divididos entre 
os de baixa estatura constitucional e familiar. Aqueles com estatura de três desvios 
padrões abaixo da média têm baixa estatura, certamente, patológica. Os achados 
das medições de altura e peso deverão ser plotados nas curvas de crescimento 
encontrados nas Cadernetas do Adolescente do sexo masculino e feminino. 
Regra do cálculo da estatura final de adolescentes baseado na estatura dos 
pais: 
Sexo masculino = AP+ (AM – 12 cm) limite ± 10 
 –––––––––––––––––––––––––– 
 2 
 Sexo feminino = AM+ (AP – 12 cm) limite ± 9 2 
 –––––––––––––––––––––––––––– 
 2 
AP = Altura do pai 
AM = Altura da mãe 
 
Hirsutismo: Trata-se do aparecimento anormal de pelos no corpo feminino, 
em quantidade excessiva. Assim, a presença de pelos faciais, torácicos e 
abdominais pode ser normal, como pode ser devida a manifestações clínicas de 
doenças virilizantes e estar associadas a doenças endócrinas e ovários policísticos. 
Conduta: Acompanhar os casos em que a experiência clínica sugere que 
estejam dentro dos critérios de normalidade (constitucionais). Referenciar para 
serviço especializado aquelas condições que exijam atenção especial. 
 
83 
 
 
Fonte: msdmanuals.com 
Ginecomastia: 
A ginecomastia consiste no aumento visível ou palpável da glândula mamária 
do adolescente do sexo masculino. Pode ser uni ou bilateral, aparecendo em torno 
dos 13 e 14 anos, durante o estirão puberal, regredindo, naturalmente, em 12 a 18 
meses. Portanto, pode ser considerada uma condição frequente e normal da 
puberdade, podendo ocasionar transtornos de autoimagem, com repercussões na 
vida social do adolescente. 
Conduta: Diferenciar de obesidade e lipoma. Nas circunstâncias em que 
houver necessidade de se fazer um diagnóstico diferencial mais acurado, deve-se 
referenciar para serviço especializado. 
 
Fonte: drricardoamim.site.med.br 
 
84 
 
Micropênis 
Considera-se micropênis sempre que, em qualquer idade, o tamanho peniano 
for menor que 1,9 cm, medido da base até a ponta e esticado. 
Conduta: Considerando a amplitude dos fatores etiológicos, deve-se 
referenciar para serviço especializado. Oferecer suporte psicológico. 
Observação: Os adolescentes de ambos os sexos que, no acompanhamento 
por profissional de saúde, sejam constatadasdúvidas quanto ao processo de 
crescimento e desenvolvimento devem ser referenciados a serviços de maior 
complexidade para avaliação clínica e laboratorial. 
 
Avaliação pondero estatural: Avaliar o crescimento segundo o peso e a 
estatura do adolescente. 
 
PERGUNTAR OBSERVAR DETERMINAR 
 Estatura dos pais e peso das 
pessoas da família. 
 Peso e comprimento ao 
nascer e progressão do 
peso na infância. 
 Doenças crônicas, 
infecções recorrentes, uso e 
abuso de drogas e fármacos 
(especialmente esteroides), 
vômitos induzidos, uso de 
laxantes. 
 Padrão alimentar, número 
de refeições, consumo 
excessivo de refrigerantes, 
chás, chocolates e 
suplementos dietéticos. 
 Sedentarismo, exercícios 
extenuantes 
 Sinais de desnutrição, 
anemia e obesidade. 
 Satisfação com 
imagem corporal. 
 Peso, estatura e idade 
atual. 
 Estágio de maturação 
sexual (Tanner) 
 
 
 
 
 Calcular o Índice de Massa 
Corporal (IMC): 
peso/altura². 
 Anotar no gráfico Estatura 
por Idade da Caderneta do 
Adolescente a estatura e 
determinar sua classicação 
(OMS, 2007). 
 Anotar o IMC no gráco IMC 
por Idade na Caderneta do 
Adolescente e determinar a 
classicação (OMS, 2007). 
 Vericar se, no caso de 
sobrepeso ou baixo-peso, 
pode haver relação com o 
estágio de maturação 
sexual. Em caso positivo, 
informar e acalmar o 
adolescente. 
 
85 
 
 CLASSIFICAR SEGUNDO A ESTATURA/IDADE, PESO/IDADE e SEXO 
Estatura adequada 
Escore-z: ≥ -2 
IMC adequado (Eutrofia) 
Escore-z: ≥ -2 e ≤ +1 
Muito baixa estatura: 
Escore-z < -3 
Baixa estatura 
Escore-z < -2 e ≥ -3 
 
Magreza: 
Escore-z < -2 e ≥ -3 
Magreza acentuada: 
Escore-z <-3 
 
Sobrepeso: 
Escore-z > +1 e ≤ +2 
Obesidade: 
Escore-z > +2 e ≤ +3 
Obesidade grave: 
Escore-z > +3 
Avaliar: 
 Risco bulimia/anorexia. 
 Presença de alguma doença 
aguda ou crônica. 
 Gravidez. 
 Endocrinopatia/doenças 
genéticas. 
 Edema generalizado. 
 Elaboração de Projeto 
Terapêutico Singular. 
 Referência ao serviço 
especializado (depois de 
discussão com a equipe). 
 Avaliar o peso e a estatura e 
registrar nos gráficos nas 
consultas subsequentes; 
 Indicar atividades de 
promoção da saúde 
existentes no território. 
Fonte: Ministério da Saúde 
Orientações: 
 Orientar o adolescente a respeito da postura adequada, alimentação, 
exercícios permitidos etc. 
 Acompanhar o crescimento periodicamente, cada 4-6 meses. 
 Responder às perguntas que preocupam o adolescente a respeito de 
seu crescimento: Continuarei crescendo? 
 
Perguntas frequentes dos pais: 
 
 Por que este filho não cresce igual aos meus outros filhos? 
 Tem a mesma idade da prima, mas ele está menor… 
 
 
 
86 
 
Inquietações dos adolescentes: 
 
 Sou o menor de minha turma, vou ficar assim? 
 Até quando vou crescer? 
 Vou ficar mais alto do que meus pais? 
 
Avaliação da puberdade 
Avaliar e classificar a maturação sexual de adolescentes entre 10 e 19 anos. 
PERGUNTAR OBSERVAR AVALIAR 
 Antecedentes: menarca da 
mãe, avós, tias, irmãs etc. 
 Idade de início dos odores 
desagradáveis das axilas, 
aparecimento dos pelos 
pubianos. 
 Desenvolvimento mamário 
e menstruações. 
 Polução noturna. 
 História nutricional. 
 Doenças crônicas. 
 Inquietações dos pais ou 
responsáveis frente ao 
desenvolvimento do 
adolescente (ambos os 
sexos). 
 Inquietações do 
adolescente (ambos os 
sexos) sobre seu 
desenvolvimento. 
 Caracteres sexuais 
secundários e 
características da 
genitália externa. 
 Aspecto nutricional. 
 Sinais clínicos 
compatíveis com 
patologia crônica. 
 Atitude do adolescente 
frente às mudanças 
puberais. 
 Estagio de Tanner (em cada 
consulta). 
 Características da mama. 
 Presença de ginecomastia. 
 Volume testicular, 
características do escroto, 
tamanho do pênis. 
 Velocidade do crescimento. 
 Idade óssea (se 
necessário). 
 Tempo de permanência em 
um determinado estágio de 
maturação (seguimento). 
Fonte: Ministério da Saúde, 2017 
 
 
87 
 
 
Fonte: Ministério da Saúde 
Inquietações dos pais: 
 
 Não está muito cedo (muito tarde) para meu filho iniciar o seu 
desenvolvimento? Meu outro filho não era assim. 
 Os seios dela estão crescendo e doendo… está normal? 
 Os seios estão de tamanho diferente, é normal? 
 Está com corrimento vaginal, acho que já vêm as menstruações… 
 Se a menstruação vier já, ela vai ficar baixinha... 
 
Inquietações de adolescentes de ambos os sexos: 
 
 Meu pênis está pequeno ou está normal? 
 Vou ficar com mamas? Isto é devido à masturbação? 
 Meus músculos vão aumentar? 
 
88 
 
 Meus seios vão continuar crescendo? 
 Vou ficar igual a minha irmã ou a minha mãe? 
 Vou continuar crescendo depois do início das menstruações? 
8.10 Alimentação e Nutrição 
A atenção nutricional ao adolescente deve fazer parte do cuidado integral na 
Rede de Atenção à Saúde (RAS) e na Atenção Básica, por sua capilaridade e 
capacidade de identificação das necessidades de saúde da população sob sua 
responsabilidade. 
A promoção da alimentação adequada e saudável é uma diretriz da Política 
Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnan), fundamentando-se nas dimensões de 
incentivo, apoio, proteção e promoção da saúde para combinar iniciativas focadas 
na criação de ambientes saudáveis, no desenvolvimento de habilidades pessoais e 
na reorientação dos serviços de saúde na perspectiva da promoção da saúde 
(BRASIL, 2012a apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
8.11 Aspectos comuns e frequentes na alimentação e nutrição 
O crescimento, especificamente o estirão, e as demais mudanças fisiológicas 
relacionadas à puberdade, levam a alterações das necessidades nutricionais. A 
alimentação insuficiente ou inadequada nessa fase pode retardar o crescimento, 
bem como a maturação sexual (FARIA et al., 2010 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2017). 
A adolescência também é um período crítico para o desenvolvimento da 
obesidade, que tende a se perpetuar na vida adulta. Doenças como diabetes tipo 2, 
dislipidemias e hipertensão arterial, que no passado não eram tão frequentes nessa 
faixa etária, são cada vez mais comuns e elevam o risco de eventos cardiovasculares 
no futuro (LAMOUNIER et al., 2010 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 Em relação à alimentação, a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil 
(POF 2008- 2009) apontou que os adolescentes consumiam mais alimentos não 
saudáveis como macarrão instantâneo, biscoitos recheados, sorvetes, refrigerantes, 
pizzas, salgados fritos/assados, salgadinhos de pacote e sanduíches que adultos e 
 
89 
 
idosos. Em contrapartida consumiam menos frutas, legumes e verduras (IBGE, 2011 
apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
Além das informações referentes ao consumo alimentar, é muito importante 
que as equipes de Atenção Básica conheçam os hábitos e o estilo de vida dos 
adolescentes, principalmente daqueles de seu território, para verificar os caminhos 
adequados e viáveis para intervenções individuais ou atividades coletivas de 
promoção da saúde. 
A infância e a adolescência são as fases em que se consolidam os hábitos 
alimentares, portanto é importante que se entenda os seus fatores determinantes. 
Entre os fatores relacionados à preferência alimentar individual, que começa a se 
desenvolver na infância, destacam-se a experiência pessoal e a interação social. 
8.12 Avaliação nutricional de adolescentes 
Antropometria 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Os dados antropométricos são importantes e valiosos para o 
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, apesar de mais difíceis de 
obter, devido à característica única do estirão puberal e da velocidade rápida de 
mudanças corporais que ocorrem nesse período. O adolescente tem um crescimento 
 
90 
 
de cerca de 20% a 25% da sua estatura final e de 40% a 50% do seu peso final 
nesse período.Estes parâmetros são alcançados, em média, durante o intervalo de três a 
cinco anos no estirão da puberdade. Assim, o profissional deve avaliar a 
Estatura/Idade, Índice de Massa Corporal (IMC) /Idade e os Estágios Puberais de 
Tanner de todos os adolescentes que comparecerem à unidade de saúde. 
Avaliação antropométrica do adolescente 
 
Fonte: Ministério da Saúde 
O Ministério da Saúde (2017) orienta: 
Ao avaliar a antropometria do adolescente, também é importante considerar 
a Velocidade de Crescimento (VC/ano) e o possível aspecto de excesso de 
peso no período anterior ao estirão pubertário, que não deve ultrapassar 
20% em relação ao peso esperado para a altura/idade. Em outros 
adolescentes, no início do estágio de estirão, pode-se observar um aspecto 
longilíneo e emagrecido, que não deve ser confundido com o diagnóstico de 
baixo peso. 
 A avaliação antropométrica deve ser realizada anualmente e, em caso de 
identificação de alterações, recomenda-se acompanhar o adolescente a 
cada 2-3 meses. O profissional tem na Caderneta de Saúde do Adolescente 
um importante instrumento para registro e acompanhamento dos dados. A 
Caderneta ainda possui a função didática de possibilitar a interpretação dos 
dados coletados de forma mais interativa e facilitada pelo próprio 
adolescente. 
 
91 
 
9 ATENÇÃO INTEGRAL SAÚDE DO ADOLESCENTE 
9.1 Consulta 
Consentimento livre e esclarecido 
A todos os usuários dos serviços de saúde, inclusive adolescentes, deve ser 
solicitado que assinem o consentimento livre e esclarecido para a realização de 
qualquer procedimento clínico. No consentimento livre e esclarecido, a decisão só 
deve ser tomada depois que o adolescente receber informações detalhadas e 
esclarecidas sobre seu estado de saúde e o tratamento a ser realizado. Caso seja 
verificada sua incapacidade para a decisão, deve ter a assistência de seus pais ou 
representantes legais. 
 
Consentimento nas urgências 
Se o (a) adolescente não pode dar o seu consentimento, é imprescindível que 
um familiar/ responsável seja localizado para a obtenção do mesmo. Não 
conseguindo esse contato, e havendo a restrição do tempo para a tomada da 
decisão, o profissional de Saúde executor assume o papel de protetor natural do 
adolescente por meio de ações positivas em favor da vida e da saúde. Assim, nas 
urgências aceita-se a noção de existência de consentimento informado presumido 
ou implícito. O profissional deverá registrar essa condição no prontuário e no 
impresso de consentimento institucional. 
Ações preventivas como componentes da consulta de acordo com a 
Associação Médica Americana (1997), as visitas de rotina de adolescentes e jovens 
e suas famílias aos serviços de saúde configuram-se como oportunidades para: 
 Reforçar mensagens de promoção de saúde. 
 Identificar adolescentes que estejam sujeitos a comportamentos de 
risco. 
 Promover imunização adequada. 
 Desenvolver vínculos que favoreçam um diálogo aberto sobre questões 
de saúde. 
 
92 
 
 Sensibilizar adolescentes homens para o autocuidado e na 
corresponsabilização pela saúde sexual e saúde reprodutiva sua e de 
sua parceria. 
 
Todos os adolescentes deverão receber esclarecimentos a respeito de seu 
crescimento físico e desenvolvimento psicossocial e sexual. Deve ser enfatizada a 
importância de se tornarem ativamente participantes nas decisões pertinentes aos 
cuidados de sua saúde. 
 As vantagens da realização de atividade física regular deverão ser 
reforçadas, incluindo seu papel na promoção da saúde física e mental e como fator 
de socialização. No entanto, deve-se alertar quanto à necessidade do adequado 
condicionamento físico antes de exercícios ou práticas esportivas, bem como do uso 
de equipamentos de proteção no caso da prática de esportes radicais. 
Os adolescentes deverão receber esclarecimentos sobre cuidados com a 
saúde oral e sobre hábitos nutricionais adequados, incluindo os benefícios de uma 
alimentação saudável e da manutenção do peso ideal. As consultas são momentos 
privilegiados para o aconselhamento de práticas sexuais responsáveis e seguras. 
O uso de preservativo deve ser enfatizado como prática indispensável na 
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de infecção pelo HIV. Essa é 
também uma oportunidade de esclarecimento de dúvidas, de conversar sobre a 
importância do afeto e do prazer nas relações amorosas e para alertar sobre 
situações de risco para violência e/ou exploração sexual. 
 
Anamnese 
O profissional de Saúde não deve ficar restrito a obter informações sobre o 
motivo focal que levou o adolescente ao serviço de saúde, e sim conhecer o 
adolescente como um todo, seguindo um roteiro de anamnese. Isto inclui a avaliação 
de como ele está se sentindo em relação às mudanças corporais e emocionais pelas 
quais está passando, seu relacionamento com a família e com seus pares, a forma 
como usa as horas de lazer, suas vivências anteriores no serviço de saúde, 
expectativas em relação ao atendimento atual e seus planos para o futuro. 
 
 
 
 
93 
 
Anamnese do adolescente 
PERGUNTAR OBSERVAR ESPECIFICAR 
 Motivo da consulta: do 
adolescente e do 
responsável (quando 
presente). 
 Antecedentes pessoais e 
familiares. 
 Educação. 
 Trabalho. 
 Vida social. 
 Hábitos. 
 Alimentação. 
 Uso de álcool, tabaco e 
outras substâncias 
psicoativas. 
 Acidentes. 
 Sexualidade. 
 Situação emocional 
 Imagem corporal 
 Projeto de vida 
 Aparelhos e sistemas 
orgânicos. 
 Segurança ambiental no 
território. 
 Condições gerais: higiene 
pessoal, aparência, tatuagem 
e piercings. Atitude durante a 
consulta, rejeição/aceitação. 
Comunicação. 
 Sinais de depressão, de 
ansiedade. 
 Sinais de 
desnutrição/obesidade. 
 Satisfação com sua imagem 
corporal. 
Obs. O exame físico pode ser 
realizado em mais de uma 
consulta, de acordo com a 
necessidade ou aceitação do 
adolescente 
 Crescimento. 
 Desenvolvimento. 
 Estado emocional. 
 Estado nutricional. 
 Estágio puberal. 
 Acuidade visual. 
 Saúde bucal. 
 Imunizações. 
 Capacidade de resiliência. 
 Vulnerabilidades. 
 Patologias 
clínicas/psicossociais. 
 Inserção na família, 
escola, trabalho e 
comunidade. 
Fonte: Ministério da Saúde 
Exame físico 
O exame físico é o procedimento que apresenta o mais elevado grau de 
dificuldade para o profissional de Saúde pouco habilitado. Isso decorre do fato de 
que, na formação do médico ou enfermeiro, não existem disciplinas que 
desenvolvem essa habilidade, levando em consideração o desconforto causado ao 
profissional pela necessidade de manipulação do corpo de um indivíduo em pleno 
desenvolvimento físico e sexual. O adolescente tem o direito de optar pela presença 
de um familiar durante a realização do exame físico. Dependendo da situação, o 
 
94 
 
profissional deve solicitar a presença de um componente da equipe durante o 
procedimento. 
 
PERGUNTAR OBSERVAR DETERMINAR 
 Deseja ser acompanhado 
por um familiar durante o 
exame físico? 
 Você está insatisfeito com 
algum aspecto de seu 
corpo? 
 Você tem alguma doença 
ou problema clínico em 
tratamento? 
 Tem problema com os 
cabelos? 
 Dificuldade visual e/ou 
auditiva? Tem exposição 
prolongada a ruídos 
excessivos? 
 Ronca quando dorme? 
Tem mau hálito? Dor de 
garganta frequente? 
 Faz sua higiene bucal de 
rotina? 
 Tem hábitos alimentares 
peculiares? 
 Tem o hábito de induzir 
vômitos? 
 Tem dores, mal-estar, 
desmaios etc.? 
 Como são suas 
menstruações/ poluções 
noturnas, atividades 
sexuais? 
 Condições gerais 
 Iniciar o exame físico no 
sentido da cabeça para os 
pés. 
 Examinar a pele. 
 Vericar acuidades visual e 
auditiva. 
 Respiração bucal. Palidez 
de mucosa nasal. 
Rinorréia. 
 Voz anasalada. Muda 
vocal. 
 Hipertroa de amídalas. 
 Arcada dentária. 
Posicionamentodos 
dentes. Manchas e perdas 
dentárias. 
 Exame cardio-respiratório. 
Fígado, baço etc. 
 Postura. Exame da 
coluna. Estágio de 
Tanner. Altura, peso e 
pressão arterial 
 Dermatite seborreica. 
Acne 
 Distúrbios na 
acuidade visual e/ou 
auditiva. 
 Síndrome do 
respirador bucal. 
 Sinusite e/ou rinite. 
 Amidalite. 
 Cáries, tártaro e/ou 
placas dentárias. 
 Anorexia, Bulemia 
 Anemia. 
 Doenças do aparelho 
respiratório e/ou 
cardiovascular 
 Visceromegalia 
 Estágio puberal 
(critérios de Tanner). 
 Ginecomastia/ 
problemas mamários. 
 Escoliose ou outro 
problema de coluna 
Fonte: Ministério da Saúde 
 
95 
 
9.2 Saúde mental 
Durante a adolescência, alguns transtornos da saúde mental podem ocorrer 
e devem ser detectados precocemente para uma intervenção eficaz. Alguns 
problemas envolvem também doenças sistêmicas e, portanto, faz-se necessária uma 
abordagem multidisciplinar para um manejo adequado. 
 O Ministério da Saúde diz (2017): 
(...) os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi), foram 
criados em 2002 com a função de prover atenção em saúde mental, 
baseados na integralidade do cuidado de crianças e adolescentes no 
território de abrangência, de natureza pública, ou seja, financiados 
integralmente com recursos do SUS. Foram planejados inicialmente para as 
cidades com 200 mil habitantes ou mais, com duas finalidades principais: 
atender casos de maior gravidade e ordenar a demanda em saúde mental 
infantil e juvenil. 
A equipe dos Capsi é composta por profissionais de várias disciplinas, com no 
mínimo um psiquiatra, neurologista ou pediatra com formação em Saúde Mental 
infantil, um enfermeiro, e outros profissionais de nível superior (entre: psicólogo, 
assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo) e cinco 
profissionais de nível médio. 
Os Capsi têm como prioridade o atendimento a autistas, psicóticos e a todos 
aqueles cuja problemática apresente prejuízos psicossociais severos, e são 
encarregados de desenvolver ações para ordenação das diferentes demandas 
relativas à saúde mental da infância e adolescência no território sob sua 
responsabilidade. Importante lembrar que também atendem crianças e adolescentes 
com necessidades decorrentes do uso de drogas. 
9.3 Planejamento Reprodutivo 
Adolescentes têm direito ao atendimento no planejamento reprodutivo sem 
discriminação de qualquer tipo, com garantia de privacidade, sigilo e consentimento 
informado. Os serviços de saúde devem garantir esse atendimento, antes mesmo do 
início da atividade sexual e reprodutiva, para ajudá-los a lidarem com a sua 
sexualidade de forma positiva e responsável, incentivando-se comportamento de 
prevenção e de autocuidado. Na faixa etária de 10 a 19, podem ser atendidos sem 
a presença dos pais, se assim preferirem. 
 
96 
 
Adolescentes de 10 a 14 anos de idade devem ser orientados sobre os 
cuidados específicos e adequados ao seu desenvolvimento psicossexual, com a 
proteção integral necessária, buscando identificar se já têm atividade sexual e se as 
circunstâncias apontam para violência ou para o exercício da sexualidade. Havendo 
confirmação ou suspeita de violência sexual, notificar conforme os trâmites 
preconizados pelo Ministério da Saúde, apoiar emocionalmente esses adolescentes 
e suas famílias e referenciar para outros níveis de atenção à saúde e da rede de 
garantia de direitos e de proteção. 
O Ministério da Saúde (2017) orienta: 
É importante que as recomendações abaixo, preconizadas na publicação 
Cuidando da saúde sexual e saúde reprodutiva de Adolescentes: 
orientações básicas, sejam observadas pelos profissionais da Atenção 
Básica no atendimento em planejamento reprodutivo para adolescentes: 
 No acolhimento aos adolescentes os profissionais devem focar: a 
dimensão humana, individual e ética do atendimento, os direitos e a 
identificação das especificidades de desenvolvimento daqueles 
adolescentes que estão sendo atendidos. 
 Dispensar com acesso facilitado o preservativo nos espaços da Unidade 
Básica de Saúde (UBS), independente de apresentação de 
documentação, local de residência ou qualquer outra forma que dificulte 
este acesso. 
 Incluir, no planejamento reprodutivo de adolescentes, um forte e 
sistemático componente educativo, com enfoque de gênero, dos direitos 
sexuais e direitos reprodutivos e da corresponsabilidade masculina nos 
eventos sexuais e reprodutivos, respeitando a diversidade sexual. 
 Proporcionar na UBS consulta, informada e esclarecida, com 
médico/enfermeiro para a escolha do método contraceptivo pela 
adolescente e seu parceiro, aproveitando todas as oportunidades que 
surgem quando estão nas UBS. 
 Orientar e esclarecer sobre todos os métodos contraceptivos 
disponíveis, inclusive os naturais, para que possam fazer escolhas livres 
e bem informadas, incluindo o respeito às suas concepções religiosas. 
 A idade ginecológica (tempo pós-menarca) não deve ser fator limitante 
para a orientação e a prescrição de métodos contraceptivos adequados, 
levando-se em consideração o direito à saúde, pois em casos 
específicos, uma possível gravidez pode se configurar como um risco à 
saúde da adolescente. 
 Orientar e refletir sobre as questões envolvidas na situação, apoiando 
adolescentes que têm relações homoafetivas e que desejam engravidar. 
 
Na discussão sobre os métodos anticoncepcionais (MAC) pressupõe-se o uso 
de técnicas de grupos educativos, onde todas as possibilidades de métodos 
anticoncepcionais são apresentadas e discutidas amplamente com os adolescentes 
de ambos os sexos. Deve ter enfoque de gênero, das diferentes orientações sexuais, 
 
97 
 
e uma abordagem positiva da sexualidade, incentivando a construção de relações 
igualitárias e respeitosas entre as pessoas. 
Na consulta individual e nas atividades de grupo, entre outros, abordar os 
seguintes temas, conforme orientações do Ministério da Saúde (2017): 
Promover o autoconhecimento do corpo como facilitador para o uso 
dos métodos contraceptivos. 
Informar e orientar sobre a interação de alguns métodos 
contraceptivos com o uso de drogas lícitas e ilícitas. 
Valorizar os argumentos sobre as vantagens do uso dos 
preservativos que, se usados corretamente em todas as relações, pode 
prolongar o prazer feminino, retardar a ejaculação e proporcionar segurança 
para ambos. 
Esclarecer, orientar e apoiar adolescentes que são soropositivos, 
para o exercício da sexualidade e da vida reprodutiva. 
Esclarecer e orientar sobre os efeitos iniciais do uso do Dispositivo 
Intrauterino (DIU) e ressaltar a importância do acompanhamento e da 
avaliação periódica da posição do DIU, além de sinais de infecção que 
podem levar à doença inflamatória pélvica. 
Informar e orientar quando é recomendada a utilização da 
anticoncepção de emergência. 
9.4 Cuidado Integrado na Atenção Básica frente às IST/HIV/aids e Hepatites 
Virais 
Estudos apontam para o aumento da infecção pelo HIV/aids entre as pessoas 
jovens, assinalando que a utilização do preservativo em todas as relações sexuais é 
baixa. Essa constatação induz também à preocupação com outras doenças 
sexualmente transmissíveis, levantando a necessidade do desenvolvimento de 
estratégias que envolvam adolescentes, como o aumento da cobertura vacinal 
contra a hepatite B e a oferta da vacina do HPV para as adolescentes de 10 a 13 
anos de idade. 
Tal situação ressalta a responsabilidade do setor Saúde para o 
desenvolvimento de ações de proteção à saúde na atenção básica, que incidam na 
diminuição da vulnerabilidade desse grupo populacional às IST/HIV/aids e no 
aumento da prática do sexo seguro. 
É imprescindível o envolvimento de toda a sociedade e a reestruturação da 
governança da resposta nacional em saúde, partindo-se da disponibilidade do teste 
 
98 
 
rápido de HIV/aids e de hepatites virais na rede básica como uma estratégia de 
fortalecimentodas UBS no cuidado à saúde da população em geral, muito importante 
para os adolescentes. 
 Como ações complementares, mas fundamentais na proteção à saúde desse 
segmento, é preciso que as equipes da Atenção Básica conheçam os riscos e as 
vulnerabilidades da população adstrita e identifiquem as medidas de prevenção 
viáveis no contexto de vida de cada adolescente que os procurar. 
Oferecer o teste rápido e o aconselhamento também são oportunidades para 
facilitar o atendimento preventivo e o início do cuidado com a saúde de adolescentes 
que estejam com IST ou infectados pelo HIV. 
Para qualquer situação em que o exame de HIV/aids for requerido para 
menores de 18 anos, devem ser realizadas ações para detectar situações que 
possam violar a dignidade sexual dessas pessoas. Os casos de violação, que é uma 
violência contra a pessoa, requerem o desenvolvimento de ações já determinadas 
pelo Ministério da Saúde, para as pessoas em situação de violência. 
De acordo com as normativas do Ministério da Saúde, os testes rápidos para 
HIV e sífilis na Atenção Básica são ofertados aos adolescentes em geral. As 
adolescentes devem realizar os testes rápidos na primeira consulta de pré-natal. Se 
a gestante obtiver resultado reagente em qualquer dos testes, seu parceiro também 
deverá ser aconselhado à realização das testagens. 
Segundo o Ministério da Saúde (2017): 
Caso o adolescente decida realizar o teste de HIV sozinho, o profissional de 
saúde deve avaliar se ele é capaz de entender o seu ato, qual a sua 
motivação para a testagem e se seria capaz de conduzir-se por seus 
próprios meios após o resultado do teste, incluindo a adesão ao tratamento. 
O adolescente deve ser estimulado a compartilhar o que acontece com os 
seus responsáveis ou com adulto(s) em quem confie e que possa servir-lhe 
de suporte (apud BRASIL, 2013j, p. 53). 
 
São indissociáveis da testagem as partes discriminadas abaixo: (Ministério da 
Saúde,2017) 
O aconselhamento antes 
do teste 
 Informar e esclarecer sobre IST, HIV/aids e as hepatites 
virais. 
 Avaliar os riscos de transmissão em cada caso, as formas de 
prevenção e redução da transmissão vertical. 
 
99 
 
 Explicar a importância do teste e seus resultados e solicitar 
o consentimento pessoal para realização 
O aconselhamento pós-
teste, com resultado 
negativo 
 Valorizar a oportunidade para reforçar hábitos de prevenção 
para as IST, a percepção, a diminuição ou a eliminação de 
riscos, considerando as práticas sexuais e as práticas de uso 
de álcool e de outras drogas, específicas de cada caso. 
 O aconselhamento pós-
teste, com resultado 
positivo, segundo o 
Aconselhamento em IST, 
HIV e Aids: diretrizes e 
procedimentos básicos, 
preconiza que 
 Compreender as necessidades e as preocupações de 
adolescentes relacionadas às IST/HIV/aids para reduzir seu 
nível de estresse. 
 Reduzir o impacto do diagnóstico positivo e o estresse na 
convivência com o HIV e a aids. 
 Possibilitar a percepção dos riscos e das vulnerabilidades e 
identificar medidas de prevenção positiva viáveis no contexto 
de vida de cada adolescente. 
 Facilitar a comunicação e realização do diagnóstico para a 
parceria (s) sexual (is) e parceria (s) de uso de drogas se for 
o caso. 
 Auxiliar adolescentes e suas parcerias no processo de 
adesão ao tratamento. 
 Fortalecer capacidades de enfrentamento das adversidades 
no viver com HIV/aids e outras IST e estimular a manutenção 
dos projetos de vida. 
Fonte: Ministério da Saúde 
9.5 Gravidez na adolescência 
A gravidez na adolescência, hoje, constitui-se como uma questão polêmica 
por ligar aspectos relacionados ao exercício da sexualidade e da vida reprodutiva às 
condições materiais de vida e às múltiplas relações de desigualdades que estão 
presentes na vida social do País. Nesse sentido, é mais apropriado que a gravidez 
na adolescência seja vista como um ponto de inflexão que resulta de uma pluralidade 
de experiências de vida, com diferentes significados, abordado de várias maneiras e 
que adota diversos desfechos. 
 
100 
 
Tradicionalmente, a ocorrência da gravidez na adolescência é enfocada como 
não planejada, indesejada e decorrente do desconhecimento de métodos 
anticoncepcionais. Estes aspectos nem sempre estão presentes e sinalizam que a 
análise da gravidez e da maternidade nessa faixa etária não pode ser desvinculada 
das motivações individuais, nem descontextualizada das condições sociais em que 
as adolescentes estão inseridas, considerando-se a influência de fatores 
sociopolíticos, culturais e psicológicos implicados na escolha de ser mãe. 
 Para a saúde pública, a gravidez na adolescência tem sido um desafio. Visto 
que muitas destas gestações terminam em abortos provocados, realizados em 
condições adversas, que evoluem com problemas obstétricos como hemorragia, 
infecção ou perfuração uterina, contribuindo para o aumento da mortalidade materna 
neste grupo etário. 
Outro aspecto de destaque é a possibilidade de risco biológico dessa 
gravidez, quando associada a outros fatores, como desnutrição e acompanhamento 
tardio, entre outros. Se presente, esse risco não está especificamente ligado ao fato 
de a gestante ser adolescente, pois pode ser minimizado por meio de um 
acompanhamento pré-natal adequado e iniciado o mais cedo possível. 
Outro risco apontado é o risco psicossocial, uma vez que a maternidade pode 
influenciar no abandono escolar e dificultar o acesso ao mercado de trabalho. No 
entanto, a análise desta questão é complexa, já que outros fatores também 
participam na evasão escolar e na exclusão social de adolescentes. 
 
Teste rápido de gravidez (TRG) 
Para que a gravidez na adolescência transcorra sem intercorrências é 
importante que a captação para o início do pré-natal seja realizada o mais 
precocemente possível. Dessa forma, o momento do diagnóstico da gestação é de 
fundamental importância. 
Para facilitar a captação precoce da adolescente gestante no pré-natal 
(primeiro trimestre) deve-se ter disponível o TRG. A entrega do insumo TRG pela 
equipe de AB pode ser feita à adolescente ou à parceria sexual, o teste pode ser 
realizado dentro ou fora da UBS, respeitando o direito da autonomia e sigilo. 
Em qualquer das circunstâncias o acolhimento deve ser feito pelo profissional 
de Saúde no sentido de garantir informação qualificada e fortalecer o vínculo com a 
 
101 
 
usuária. Caso o teste seja feito na UBS o profissional de Saúde deverá agendar de 
imediato a consulta para o planejamento reprodutivo ou o início do pré-natal. 
 É imprescindível facilitar o acesso de adolescentes ao TRG na atenção 
básica, especialmente as que estão na faixa etária entre 10 a 16 anos, devido às 
singularidades destas idades e por estarem em situação peculiar de 
desenvolvimento, necessitando de maior apoio e proteção. O profissional deve estar 
atento às situações de violência sexual, e seguir as normas técnicas do Ministério da 
Saúde e legais, se for o caso. 
A solicitação do teste de gravidez por adolescentes deve estar vinculada à 
realização de acolhimento que faça a orientação pré-teste e informe sobre a 
disponibilidade, também, dos testes rápidos para sífilis, HIV/aids e a orientação para 
o planejamento reprodutivo. 
Na orientação pré-teste, acolher a adolescente para que se sinta segura em 
conversar sobre seus sentimentos e seja informada de que o atendimento é sigiloso 
e confidencial, para que ela possa retornar à unidade independente do resultado. 
 É preciso verificar sempre a data da última menstruação e da última relação 
sexual para avaliar a possibilidade do uso da anticoncepção de emergência e 
informar que o teste rápido pode dar falso negativo na fase inicial da gravidez. No 
caso de dúvida, usar o preservativo masculino ou feminino ou não ter relações 
sexuais até a realização de novo exame. 
No caso de TRG negativo, é importante enfatizar a necessidadede 
acompanhamento de contracepção e prevenção da gravidez não planejada. 
O Ministério da Saúde (2017), faz as seguintes orientações, no caso de TRG 
positivo: 
No caso de TRG positivo e a adolescente deseja a gravidez: 
 • O teste é de triagem, porém, a partir dele, a adolescente já pode ser 
vinculada ao pré- natal. O beta HCG, quando indicado, poderá ser realizado 
posteriormente, com os demais exames. 
 • Iniciar a rotina de pré-natal e reforçar o convite para participação da 
parceria sexual durante as consultas, favorecendo o engajamento da 
parceria em ações educativas e preventivas. 
 
No caso de TRG positivo e a adolescente não deseja a gravidez: 
• Orientar sobre os direitos acerca da gestação: atenção ao pré-natal, 
assistência ao parto e ao nascimento, rede de proteção social com 
condições diferenciadas para continuidade dos estudos, licença-
maternidade, programas específicos para famílias de baixa renda, utilização 
de creche e encaminhar para orientações com assistente social da rede de 
saúde local, se for o caso. 
 
102 
 
 • Ofertar mediação de conflitos familiares decorrentes da gravidez não 
planejada, em que o fator familiar é determinante para a não aceitação da 
gravidez. 
 • Orientar sobre possibilidades de adoção, caso opte(m) pela continuidade 
da gestação e não haja desejo ou condições de permanecer com a criança. 
 • Informar que a legislação brasileira permite a interrupção da gestação 
para os casos previstos em lei (violência sexual, risco de morte para a 
mulher, anencefalia fetal). 
 • Informar acerca do risco de práticas caseiras para a interrupção da 
gravidez. 
• Orientar sinais e sintomas de alerta, caso haja interrupção da gravidez de 
modo inseguro: febre, calafrios, hemorragia, dor abdominal, dor no baixo 
ventre, secreção vaginal com odor fétido, dor ao urinar. Ressaltar a 
importância de procurar o hospital mais próximo caso apresente quaisquer 
desses sintomas. 
9.6 Acompanhamento pré-natal da adolescente 
A equipe de saúde deve atuar garantindo atendimento integral, físico, 
emocional e social, usando recursos que aumentem a capacidade dos envolvidos na 
situação para buscarem as melhores alternativas de lidar com a adolescente. 
É preciso identificar no território todas as adolescentes que estão grávidas e 
em especial as que estão em situação de maior vulnerabilidade (vivendo na rua, em 
conflito com a lei, usuárias de álcool e outras drogas, indígenas, quilombolas, 
ribeirinhas, de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família) para que sejam 
acolhidas e recebam cuidados diferenciados, de acordo com as suas necessidades 
e demandas de saúde. 
 Na avaliação do risco gestacional em todas as adolescentes grávidas, 
realizar o diagnóstico precoce e de intercorrências incluindo as variáveis 
psicossociais para a prevenção de situações de risco. 
 Entre os aspectos importantes a serem abordados pela equipe de saúde 
durante o acompanhamento pré-natal e nas ações educativas, principalmente para 
adolescentes de 10 a 16 anos, estão: 
 A importância do pré-natal para a saúde dela e de seu filho. 
 O desenvolvimento da gestação e as modificações corporais e 
emocionais na gravidez. 
 Orientar sobre os hábitos saudáveis de nutrição e cuidados pessoais, 
e sobre os medos e fantasias referentes à gestação e ao parto. 
 Esclarecer sobre a atividade sexual, incluindo a prevenção de 
IST/HIV/aids. 
 
103 
 
 Informar sobre sintomas comuns da gravidez e orientações para as 
queixas mais frequentes. 
 Orientar sobre sinais de alerta e o que fazer nessas situações 
(sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos visuais, dor 
abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço). 
 Preparar para o parto, informando sobre os sinais e sintomas do início 
das contrações e do trabalho de parto. 
 Orientar e incentivar para o parto normal, resgatando-se, como 
processos fisiológicos, a gestação, o parto, o puerpério e o aleitamento 
materno. 
 Esclarecer à adolescente gestante em que situações é necessário o 
parto cesariano, uma vez que a sua condição de adolescente, por si 
só, não justifica a indicação desse procedimento. 
 Orientar a adolescente gestante sobre a importância do contato pele a 
pele logo após o nascimento, para o recém-nascido e para a mãe, 
principalmente na criação do vínculo entre ela e o bebê. 
 Informar sobre a importância da consulta puerperal e do recém-nascido 
na primeira semana após o parto. 
 Orientar sobre os cuidados com o recém-nascido e sobre a importância 
do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança. 
 Facilitar o futuro exercício da paternidade e da maternidade 
adolescente, acolhendo as adolescentes grávidas e seus parceiros 
adolescentes, e preparando-os para esse exercício. Envolver também 
os seus familiares. 
 
Pela possibilidade de vulnerabilidade em adolescentes grávidas na faixa 
etária de 10 a 14 anos, deve-se promover assistência qualificada, com abordagem 
diferenciada, considerando a necessidade de um maior número de consultas e as 
questões éticas e legais. Nesta faixa etária, as principais comorbidades a serem 
rastreadas são as doenças hipertensivas específicas da gravidez, da anemia, de 
infecções e da prematuridade (MINSITÉRIO DA SAÚDE, 2017, apud BOUZAS; 
CADER; LEÃO, 2014). 
 
104 
 
É fundamental monitorar no pré-natal os fatores de risco, mas que não 
configuram uma gravidez de alto risco, tais como: 
 Idade menor do que 15 anos. 
 Altura menor do que 1,45 m. 
 Peso menor do que 45 Kg ou maior que 75 Kg. 
 Dependência de drogas lícitas ou ilícitas. 
 Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo regular). 
 Não aceitação da gravidez. 
 Situação familiar ou conjugal insegura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017 
apud BRASIL, 2012b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
105 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014. 
Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), 
para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e 
cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e 
altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, ano CLI 
nº 121, p. 2-72, Brasília, DF. 27 jun. 2014. 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. 
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. 
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. 
Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei nº 8.069, de 
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei nº 3.689, 
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, a Lei nº 
11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei nº 12.662, de 5 de junho de 2012. Diário 
Oficial da União, ano CLIII nº 46, Brasília, DF. 9 mar. 2016. 
 
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Contexto Enferm., Out.-Dez. 2005. 
THEES, Vanessa. Ministério de Saúde anuncia ampliação da vacina contra o 
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108 
 
BIBLIOGRAFIA 
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PNAISC – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança.

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