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Direito Penal - Prescrição

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Prescrição
1. Introdução
A prescrição consiste na causa extintiva da punibilidade que se dá com a inércia do Estado no decurso do tempo.
1.1. Natureza Jurídica
A prescrição é uma causa extintiva da punibilidade: extingue o direito de punir do Estado. A prescrição está elencada no rol de causas extintivas da punibilidade do art. 107, IV, CP. 
A prescrição da pretensão punitiva (PPP) é a perda do ius puniendi que é o direito de punir do Estado pelo seu não exercício dentro do prazo fixado. Com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a pretensão punitiva se converte em pretensão executória. A prescrição da pretensão executória (PPE) é a perda do ius punitionis que é o direito de punição pelo seu não exercício dentro do prazo fixado.
1.2. Fundamentos da prescrição
Os fundamentos da prescrição são o decurso do tempo e a inércia do Estado. Há prescrição quando transcorre o tempo e o Estado não toma as medidas necessárias no sentido de efetuar a investigação do crime, o ajuizamento da ação penal, o andamento do processo e a aplicação da sanção. 
Inércia do Estado
A prescrição é uma “pressão” contra o Estado para que não tarde em tomar as providências. Por esse motivo, o legislador estipula que se o Estado tomar determinadas atitudes pode obstar o fluxo da prescrição. Determinadas ações do Estado podem configurar causas interruptivas ou suspensivas da prescrição penal: as causas interruptivas zeram o prazo prescricional, enquanto as causas suspensivas congelam o prazo prescricional. 
Exemplo: O recebimento da denúncia é causa interruptiva da prescrição. No momento em que o juiz recebe a denúncia, instaurando o processo penal, interrompe-se a prescrição. Se o crime prescrevia em 08 anos e até então correram 06 anos, zera-se o prazo e reinicia-se uma nova contagem de 08 anos. 
Correção do condenado
É um fundamento específico da prescrição da pretensão executória. A reincidência superveniente interrompe a PPE. Se durante o período de PPE o condenado cometer novo crime, se tornando reincidente superveniente, ocorrerá a interrupção do prazo da PPE.
Desse modo, se o condenado se corrige e não comete crimes no decurso do prazo da PPE, a prescrição da pretensão executória segue o seu curso normal. Por outro lado, se ele não se corrigir e cometer novo crime, a PPE é interrompida.
Atenção: Súmula 220 do STJ
A reincidência não interfere de maneira alguma na prescrição da pretensão punitiva (PPP). A reincidência só interfere na PPE, sendo causa de interrupção da PPE quando do cometimento de novo crime durante o prazo da PPE.
2. DiferençaS entre a prescrição e a decadência
A prescrição e a decadência são causas de extinção da punibilidade, mas tem diferenças importantes: 
	Prescrição
	Decadência
	A prescrição se aplica a todas as infrações penais (crimes e contravenções). Compreende todas as infrações penais, seja de APP Incondicionada, APP Condicionada ou AP Privada. 
Exceção: Crimes imprescritíveis
Os crimes imprescritíveis são:
· Racismo
· Ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito
	A decadência se aplica somente a crimes de APP Condicionada e AP Privada. 
Passados 06 meses do conhecimento da autoria delitiva, se a vítima não oferece representação ou não propõe a queixa, ocorre a decadência.
Exemplo: Estelionato
A Lei Anticrime transformou o estelionato em crime de APP Condicionada à Representação. Se for cometido um crime de estelionato e a vítima conhecendo quem o cometeu, deve oferecer representação em 06 meses, sob pena de decadência. 
	Prazos dilatados. Os prazos prescricionais podem ser de 01 a 20 anos.
Obs: O prazo mínimo de prescrição é de 01 ano. Trata-se do prazo prescricional da multa reduzido pela metade. 
Nota-se que a multa tem prazo prescricional de 02 anos. Se o agente for menor de 21 à época do fato ou maior de 70 anos na data da sentença, o prazo prescricional é reduzido pela metade. 
	Prazo exíguo de 06 meses.
Obs: O prazo decadencial é menor do que o menor prazo prescricional (o menor prazo prescricional é de 01 ano). 
	O prazo prescricional está sujeito a causas suspensivas e interruptivas
	O prazo decadencial não está sujeito a condições suspensivas ou interruptivas.
	A prescrição pode ocorrer antes do trânsito em julgado (PPP) ou depois do trânsito em julgado (PPE). 
	A decadência pode ocorrer somente antes da ação penal. 
	Extingue o direito de punir e, como consequência, o direito de ação. Ou seja, extingue primeiro o direito material e, como consequência, o direito processual.
	Extingue o direito de ação e, como consequência, o direito de punir. Ou seja, extingue primeiro o direito processual, e como consequência, o direito material. 
Se a vítima não apresenta queixa ou não oferece representação dentro de 06 meses, perde o direito de ação. Como consequência, extingue o direito material. 
3. CRIMES IMPRESCRITÍVEIS
A Constituição traz dois crimes imprescritíveis no seu art. 5º[footnoteRef:1]: [1: Art. 5º, incisos XLII e XLIV, CF.] 
· Racismo
· Ação de grupos civis ou militares armados contra a ordem constitucional ou contra a ordem constitucional
OBS: CRIME DE RACISMO
Conceito Constitucional (Caso Ellwanger – HC 82.424)
O Ellwanger publicou obras que negavam o Holocausto e propagavam ideologia nazista. O MP-RS processou o Ellwanger por crime de racismo. A principal tese de defesa era a de que a conduta não se enquadrava em crime de racismo e o fato estava prescrito, pois as obras já haviam sido publicadas há muito tempo. 
Nesse julgamento, o STF enunciou o conceito constitucional de racismo: o racismo abrange toda e qualquer forma de preconceito segregacionista, não importando o fator de discriminação (cor da pele, etnia, religião ou raça). 
O racismo é o preconceito que, com base em diferenças, aparta/segrega determinado grupo de pessoas, privando-os do exercício de algum direito. 
Com base nesse conceito de racismo, o Habeas Corpus foi negado, entendendo-se que Ellwanger cometeu crime de racismo contra judeus.
Lei 7.716/89
O art. 5, XLII, CF/88, estabelece que o racismo é crime imprescritível, mas a tipificação do crime de racismo somente ocorreu com o advento da Lei 7.716/89.
A Lei 7.716/89 definiu uma série de crimes de preconceito que compreendem o preconceito de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional.
Todos esses crimes de preconceito estão compreendidos no conceito constitucional de racismo do Caso Ellwanger (racismo é toda e qualquer forma de preconceito segregacionista, pouco importa o fator de discriminação) em que raça é interpretado em sentido amplo. Devemos adotar uma interpretação ampla de que raça é uma cláusula geral e “cor, etnia, religião e procedência nacional” são exemplos ou hipóteses casuísticas. 
Homofobia e Transfobia (ADO 26)
O STF deu interpretação conforme à Constituição, considerando os mandados constitucionais de incriminação inscritos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da CF/88, para enquadrar a homofobia e a transfobia nos tipos penais previstos na Lei nº 7.716/89 que define os crimes de racismo, até que o Congresso Nacional edite norma autônoma. 
O STF entendeu que as práticas de homofobia e transfobias se qualificam como espécies do gênero racismo, tendo em vista o conceito constitucional de racismo consagrado no julgamento do Caso Ellwanger, na medida em que tais condutas importam em atos de segregação que inferiorizam membros do grupo LGBT em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Lei 12.984/14
A Lei 12.984/14 define o crime de preconceito contra portadores do vírus HIV. Com base no conceito constitucional de racismo, esse crime também se trata de um crime de racismo e é imprescritível.
4. PRAZO
O prazo da prescrição é um prazo de direito material. O dia do começo (dies a quo) inclui-se no cômputo do prazo prescricional (art. 10 do CP). Conta-se incluindo o dia do início e excluindo o dia do final. O prazo prescricional termina à meia-noite do dia anterior correspondente ao dies a quo, ocorrendo a prescrição no dia correspondentea data de início.
Exemplo: Em um prazo prescricional de 3 anos com termo inicial em 25.04.2018, a prescrição ocorre no dia 25.04.2021.
5. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA
A prescrição é uma matéria de ordem pública, podendo ser declarada pelo juiz, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição.
6. Espécies de prescrição
Há 02 espécies de prescrição:
· PPP (Prescrição da Pretensão Punitiva)
Ocorre antes do trânsito em julgado. Extingue a pretensão estatal de impor a pena. 
A PPP obsta todos os efeitos da condenação. Obsta tanto o efeito principal quanto os efeitos secundários penais e extrapenais da condenação. A PPP pode até mesmo rescindir eventual sentença condenatória transitada em julgado.
Obs: Efeitos da condenação
Os efeitos da condenação se subdividem em principal e secundário (reflexos). O efeito principal da condenação é a imposição de sanção penal. Os efeitos secundários, por sua vez, se subdividem em penais (operam no direto penal) e extrapenais (operam em outros ramos do direito). 
O efeito secundário penal mais importante é a caracterização da reincidência se posteriormente for praticado novo crime, com todas as suas consequências. 
Já os efeitos secundários extrapenais são a obrigação de reparar o dano, o perdimento dos bens objeto do crime, a suspensão dos direitos políticos, perda do cargo ou função pública, incapacidade para exercer o poder familiar e inabilitação para dirigir veículo.
A Prescrição da Pretensão Punitiva se subdivide em: 
· PPP da pena em abstrato (PPP em abstrata)
· PPP da pena em concreto (PPP em concreto). A PPP em concreto, por sua vez, pode ser retroativa ou intercorrente/superveniente. \
· PPE (Prescrição da Pretensão Executória)
Ocorre depois do trânsito em julgado. Extingue a pretensão estatal de executar a pena imposta.
A PPE extingue somente o efeito penal principal da condenação que é o cumprimento da pena. Não interfere nos efeitos secundários penais e extrapenais da condenação que permanecem. 
Exemplo: Se o indivíduo cometer um novo crime nos próximos 05 anos será reincidente, a sentença condenatória transitada em julgado continuará servindo como título executivo para executar a obrigação da reparação do dano, dentre outros. 
5. Prescrição da Pretensão Punitiva
5.1 Contagem do prazo prescricional
Para calcular a prescrição da pretensão punitiva devemos seguir as seguintes etapas:
1ª Etapa: Parâmetro (Pena Máxima Aplicável)
Primeiro, devemos identificar o parâmetro. O parâmetro é a pena máxima cominada ao tipo penal. 
Para se alcançar a pena máxima cominada ao delito, é necessário considerar todas as circunstâncias do crime que modificam o máximo da pena: 
· Qualificadoras[footnoteRef:2] [2: Exemplo: A pena máxima do furto simples é de 04 anos. Já a pena máxima do furto qualificado pela destruição de obstáculo é de 08 anos. ] 
· Privilégios
· Causas de aumento
· Causas de diminuição
Como estamos em busca da maior pena aplicável, devemos sempre adotar o maior aumento na causa de aumento de pena e a menor diminuição na causa de diminuição de pena.[footnoteRef:3] [3: Macete: Para encontrar o parâmetro devemos sempre buscar a pior pena possível que cabe naquele crime. ] 
Exemplo: A tentativa é uma causa de diminuição de pena que pode levar a diminuição de 1/3 a 2/3 da pena do crime consumado. Devemos aplicar o menor redutor de 1/3 sob a pena máxima cominada.
2ª Etapa: Tabela[footnoteRef:4] [4: Não precisamos decorar a tabela, mas é importante saber os dois primeiros e o último.] 
Identificada a pena máxima aplicável, consultamos o prazo da PPP na tabela do art. 109, CP:
	Pena máxima aplicável
	Prazo da prescrição da pretensão punitiva
	Inferior a 01 ano
	03 anos
	De 01 ano até 02 anos
	04 anos
	Superior a 02 anos até 04 anos
	08 anos
	Superior a 04 anos até 08 anos
	12 anos
	Superior a 08 anos até 12 anos
	16 anos
	Superior a 12 anos
	20 anos
3ª Etapa: Idade do agente[footnoteRef:5] (art. 115) [5: Em uma prova sempre que houver referência a idade do agente, podemos ter certeza que é por conta da aplicação dessa 3ºetapa.] 
O prazo da PPP será reduzido pela metade, se o sujeito tiver menos de 21 anos na época do fato ou mais de 70 anos até a data da sentença de 1ºinstância.
Exemplos de cálculo da PPP:
	Crime
	Pena máxima (Parâmetro)
	Prescrição
	Idade do agente
	Furto simples 
(art. 155, caput)
	04 anos
	08 anos
	Não há obs. sobre a idade
	Furto qualificado pela fraude
(art. 155, §4)
	08 anos
	12 anos
	Não há obs. sobre a idade
	Roubo simples tentado
(art. 157 + art. 14, II)
	10 anos subtraído de 1/3 (redutor da tentativa) equivale a 06 anos e 8 meses[footnoteRef:6] [6: A conta é 10 anos menos 3 anos e 4 meses (1/3 de 10) que equivale a 06 anos e 08 meses.] 
	12 anos
	Não há obs. sobre a idade
	Roubo majorado pelo emprego de arma branca
(art. 157, §2º)
	10 anos acrescido de ½ (aumento pela arma branca) equivale a 15 anos
	20 anos
	Não há obs. sobre a idade
Obs: Concurso de crimes formal, material ou crime continuado (art. 119)
O concurso de crimes pode se manifestar sob três formas: 
(i) Concurso material
O concurso material é aquele em que o agente, mediante duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes que podem ser idênticos ou não. Exemplo: O sujeito traz consigo porção de cocaína para venda e porta arma de fogo sem autorização. Incorre em tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. 
(ii) Concurso formal
O concurso formal é aquele em que o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes que podem ser idênticos ou não. Exemplo: A, dolosamente, efetua disparos de arma de fogo contra B, seu desafeto, matando-o. O projétil, entretanto, perfura o corpo da vítima, resultando em lesões culposas em terceira pessoa.
Exemplo: Três homicídios culposos praticados na condução de veículo automotor.
(iii) Crime continuado
O crime continuado é aquele em que o agente, por meio de duas ou mais condutas, comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes serem havidos como continuação do primeiro. 
No concurso de crimes, a extinção da punibilidade, inclusive a prescrição, incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. Por isso, a prescrição deve sempre ser contada individualmente para cada crime. (art. 119, CPP).
No concurso material e no concurso formal impróprio, a análise da prescrição levará em consideração a pena cominada em abstrato e a pena aplicada em concreto em relação a cada um dos delitos.
Já no concurso formal próprio e no crime continuado em que se aplica o método da exasperação, a prescrição considerará isoladamente a pena de cada delito, desprezando-se a fração de aumento de pena decorrente do concurso de crimes para fins de cálculo do prazo prescricional (Súmula 497 do STF). 
Exemplo: Um indivíduo cometeu 03 crimes em concurso de crimes. O crime A tem pena máxima de 01 ano, o crime B tem pena máxima de 03 anos e o crime C tem pena máxima de 05 anos. Cada crime terá um prazo prescricional específico: o crime A prescreve em 04 anos, o crime B prescreve em 08 anos e o crime C prescreve em 12 anos. 
5.2 Períodos Prescricionais
A PPP é contada em blocos ou períodos prescricionais. Como regra, temos 03 blocos ou períodos prescricionais e o prazo da PPP não pode ultrapassar o máximo em cada bloco. 
Exemplo: Se o crime prescreve em 04 anos, dentro de cada bloco prescricional não pode transcorrer período superior a 04 anos. Desse modo, se no primeiro período transcorrer 03 anos, no segundo 03 anos e no terceiro 03 anos, teremos 09 anos no total, mas o crime não terá prescrito porque cada período não ultrapassou 04 anos. 
Os blocos ou períodos prescricionais são obtidos conjugando-se duas informações: os termos iniciais (art.111) e as causas interruptivas (art.117). A contagem se inicia com o termo inicial. Com o advento do recebimento da denúncia, fecha-se o 1º bloco e inicia-se o 2º bloco. Com o advento da sentença condenatória, fecha-se o 2º bloco e inicia-se o 3º bloco que se estende até o acórdão condenatório.Com o advento do acórdão condenatório, se inicia o 4º bloco que se estende até o trânsito em julgado.
Linha do Tempo dos Períodos Prescricionais como regra[footnoteRef:7] [7: Nos concursos sempre fazer a linha do tempo. ] 
P4
P2
P3
P1
Exemplo: Lesão Corporal dolosa leve (art. 129, caput, CP)
A pena máxima aplicável é de 01 ano. Consultando a tabela do art.109, quando a pena máxima aplicável é de 01 ano, o crime prescreve em 04 anos. Isso significa que P1, P2 e P3 não podem ser superiores a 04 anos. 
O crime foi consumado em 2013. A denúncia recebida em 2016. A condenação proferida em 2019. O trânsito em julgado ocorreu em 2021. Esse crime não está prescrito, pois dentro de cada bloco não foi ultrapassada a marca de 04 anos. 
Exemplo: Lesão Corporal dolosa leve (art. 129, caput, CP)
A pena máxima aplicável é de 01 ano. Pelo art. 109 CP, prescreve em 04 anos. O fato foi consumado em 01.04.12. A denúncia pode ser recebida até 31.03.2016. A condenação poderia ser proferida até 29.03.2020. O trânsito em julgado poderia se dar até 28.03.2024. 
5.2.1. Termos Iniciais
A prescrição começa a correr no seu termo inicial. O art.111 apresenta o rol dos termos iniciais da PPP:
a) Momento da consumação
No crime consumado o termo inicial é o momento da consumação. É a regra.
b) Último ato executório
No crime tentado o termo inicial é o último ato executório. 
c) Cessação da permanência
O crime permanente é aquele em que a consumação se prolonga no tempo. No crime permanente o termo inicial é a cessação da permanência.
Exemplo: Extorsão mediante sequestro. Enquanto a vítima está em cativeiro, a consumação do crime está em andamento. Quando a vítima é liberada, cessa a permanência e começa a contagem da prescrição. 
Exceção: Como regra, encerrado o iter criminis, inicia-se a prescrição. No crime consumado, o iter criminis se esgota com a consumação. No crime tentado, com o último ato executório. No crime permanente, com a cessação da permanência. Contudo, o art. 111 traz 02 hipóteses de crimes específicos em que o termo inicial da prescrição não considera o encerramento do iter criminis e acontece bem mais tarde:
(i) Falsificação de Registro Civil (art. 242 e 299)
A falsificação de registro civil ocorre em alguns crimes como o do art. 242 do CP que consiste em registrar filho alheio como próprio (adoção à brasileira). O termo inicial da prescrição é a data em que o fato se torna oficialmente conhecido. 
(ii) Crimes sexuais praticados contra menores de 18 anos
O termo inicial da prescrição ocorre quando a vítima atingir a maioridade ou quando proposta a ação penal pelo Ministério Público. 
Compreende tanto os crimes sexuais do Código Penal como o estupro de vulnerável quanto os crimes sexuais tipificados em legislação extravagante como os previstos no ECA (art. 241-A).
5.2.2. Causas Interruptivas
Todas as causas interruptivas da PPP são decisões judiciais. O instante que marca a interrupção é o instante em que a decisão judicial é publicada e não da sua intimação. No processo eletrônico a decisão é publicada quando inserida no sistema.
As causas que interrompem a PPP estão previstas no art. 117 (I a IV):
1) RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA
O recebimento da denúncia ou queixa interrompe a prescrição. 
Obs: Da decisão que rejeita a denúncia, o MP pode interpor RESE. Se o Tribunal der provimento ao RESE determinando o recebimento da denúncia, os autos retornam a 1ª instância e o processo segue. 
Súmula 709 do STF: O acórdão do Tribunal que dá provimento ao RESE já conta como recebimento da denúncia e, portanto, interrompe a prescrição, salvo quando nula a decisão de 1º grau[footnoteRef:8]. [8: É o caso em que o Tribunal provê o RESE porque a decisão do juiz de 1ºinstância foi nula, pois não foi fundamentada. Nesse caso, o juiz de 1ºinstância terá que proferir outra decisão.] 
2) PRONÚNCIA E O ACORDÃO CONFIRMATÓRIO DA PRONÚNCIA[footnoteRef:9] [9: Art. 413 CPP] 
O procedimento no rito do júri é:
Da decisão de pronúncia, o recurso cabível é o RESE. A defesa pode interpor RESE.
O Tribunal confirma a pronúncia, negando provimento ao RESE.
RESE
Interrompe a PPP
Primeira Fase do Rito do Júri: Sumário da Culpa
Interrompe a PPP
Interrompe a PPP
A decisão de pronúncia e o acórdão confirmatório da pronúncia interrompem a prescrição. Já as decisões de impronúncia, absolvição sumária e desclassificação não interrompem a prescrição. 
Desclassificação do crime
Súmula 191 do STJ: A pronúncia e o acórdão confirmatório da decisão de pronúncia subsistem como causas interruptivas ainda que haja a desclassificação do crime no julgamento pelo Tribunal do Júri. 
Exemplo: O réu é acusado de tentativa de homicídio. Por ser crime doloso contra a vida, é rito do Júri. O juiz recebe a denúncia por tentativa de homicídio, interrompe a PPP. O juiz pronunciou, interrompe a PPP. O réu vai a julgamento pelo Júri e os jurados acolhendo tese da defesa desclassificam o crime de tentativa de homicídio para lesão corporal. Isso significa que deveria ter sido adotado o procedimento comum e não o rito do Júri, porém a pronúncia e o acórdão confirmatório da pronúncia permanecem como causas interruptivas ainda que haja desclassificação no julgamento pelo Júri. 
3) SENTENÇA E ACÓRDÃO CONDENATÓRIO RECORRÍVEIS
A sentença condenatória e o acórdão condenatório recorríveis interrompem a prescrição. A interrupção ocorre no instante da publicação da sentença ou do acórdão e não da intimação. O art.117, IV, diz que “a sentença ou o acórdão condenatório” interrompem a prescrição, mas o mais correto seria dizer “a sentença e o acórdão condenatório”.
A jurisprudência entende que tanto o acórdão condenatório original quanto o acórdão condenatório confirmatório interrompem a prescrição. O acórdão condenatório original é aquele que prevê a condenação do réu pela primeira vez, tendo havido uma sentença absolutória na 1ºinstância. Já o acórdão condenatório confirmatório, confirma uma sentença condenatória.
É pacífico na doutrina e na jurisprudência que o acórdão condenatório original interrompe a prescrição. Havia discussão quanto ao acórdão condenatório confirmatório, mas o STJ entende que também é causa interruptiva da prescrição.
5.2.3 CAUSAS SUSPENSIVAS
A causa suspensiva suspende a contagem do prazo. Com o término da causa suspensiva, a contagem do prazo é retomada de onde parou. 
O art.116 do Código Penal elenca 04 causas suspensivas da prescrição:
· Cumprimento de pena no exterior
· Suspensão do processo por questão prejudicial
· Pendência de embargos de declaração ou recursos aos Tribunais Superiores (STJ ou STF), quando inadmitidos (inserido pela Lei Anticrime)
· Homologação do Acordo de Não Persecução Penal, mantendo-se a suspensão enquanto não cumprido ou não rescindido o ANPP (art.28-A inserido pela Lei Anticrime).
É um rol exemplificativo, havendo outras causas suspensivas previstas na legislação esparsa: 
· Suspensão condicional do processo (art. 89, §6º, Lei 9.099/95)
· Se o acusado citado por edital não comparece e nem constitui defensor, o art. 366 do CPP determina que o processo e a prescrição ficarão suspensos. 
Súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. Assim, após o decurso desse prazo, o processo continua suspenso, mas a prescrição volta a correr, visto que os casos de imprescritibilidade estão delimitados no art. 5º, XLII e XLIV, CF. 
As causas suspensivas da PPP previstas no art. 116 do CP são:
1) CUMPRIMENTO DE PENA NO EXTERIOR
Ocorre quando o indivíduo está respondendo um processo no Brasil e se apura que ele está em outro país cumprindo pena. Enquanto ele cumpre pena fora do Brasil, a prescrição fica suspensa no Brasil. 
O fundamento dessa causa suspensiva é o fato de que quando uma pessoa está cumprindo pena no exterior, ela não pode ser extraditada para o Brasil, havendo uma impossibilidade jurídica de se impor a responsabilização criminal no Brasil. 
2) SUSPENSÃO DO PROCESSO POR QUESTÃO PREJUDICIAL
A questão prejudicialestá disciplinada no art. 92 a 94 do CP.
Exemplo: X, acusado de bigamia, alega que o seu primeiro casamento é nulo e, portanto, não há que se falar em bigamia. O juiz criminal remete o processo ao juiz civil para verificar a veracidade dessa alegação. Até que essa questão prejudicial seja verificada, o prazo da prescrição permanece suspenso. 
3) PENDÊNCIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OU RECURSOS AOS TRIBUNAIS SUPERIORES[footnoteRef:10], QUANDO INADMITIDOS [10: Os recursos aos Tribunais Superiores podem ser: REsp, RE, Recurso Ordinário Constitucional, dentre outros.] 
A prescrição ficará suspensa do momento da oposição dos embargos ou interposição do recurso até o seu julgamento. No entanto, essa causa suspensiva está sujeita a um evento futuro que é o não conhecimento ou inadmissão desses recursos. 
Para que a suspensão da prescrição se confirme, os embargos ou o recurso devem ser não conhecidos ou inadmitidos. O embargo ou recurso não será conhecido quando não passar pelo filtro dos pressupostos recursais: cabimento, tempestividade, adequação, interesse e legitimidade. 
Com essa norma, a Lei Anticrime quis evitar que a defesa maneje recursos meramente protelatórios somente para ganhar tempo e obter a prescrição da pretensão punitiva. 
Exemplo: O réu é condenado pelo Tribunal. A defesa interpõe REsp para o STJ. No momento em que o REsp é interposto, há a suspensão da prescrição. Ao julgar o REsp, o STJ não conhece/não admite o recurso. Isso confirma/ratifica a suspensão do prazo. 
Contudo, se o STJ conhecer/admitir o recurso, a suspensão é desconsiderada. Nesse caso, recalcula-se a prescrição como se não tivesse existido a suspensão do prazo. 
Suspende a prescrição
Interrompe a prescrição 
STFSR
- Se o STJ não admite o REsp, confirma-se a suspensão da prescrição.
- Se o STJ admite o REsp, “cancela-se” a suspensão da prescrição. 
4) HOMOLOGAÇÃO DO ANPP 
Com a homologação do ANPP, o prazo prescricional é suspenso e mantem-se a suspensão enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. 
Ao final do ANPP, com o seu integral cumprimento, há a extinção da punibilidade do autor. 
No entanto, se durante o seu curso o ANPP for descumprido, ocorrerá a sua rescisão. Como consequência da rescisão do ANPP, cessa a causa suspensiva da PPP e voltará a fluir o seu prazo que estava suspenso desde a homologação.
5.3	PPP em abstrato e PPP em concreto
A prescrição da pretensão punitiva se subdivide em PPP em abstrato e PPP em concreto. A única diferença entre a PPP em abstrato e a PPP em concreto é a base do cálculo, sendo que todo o resto (termos iniciais, causas suspensivas, causas interruptivas) é idêntico. 
· PPP em abstrato
É calculada com base na pena máxima aplicável. 
· PPP em concreto (art. 110, §1, CP)
É calculada com base na pena aplicada. A PPP em concreto é obtida a partir da pena concretamente aplicada pelo julgador na sentença ou no acórdão condenatório com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso (Súmula 146 do STF). A PPP em concreto é corolário do princípio da Individualização da Pena, compatibilizando a extinção da punibilidade com o grau de culpabilidade do autor e de reprovabilidade do comportamento.
Para que seja aplicável a PPP em concreto, devem estar presentes 02 requisitos:
(i) Condenação do réu
O réu deve ter sido condenado para cogitarmos da PPP em concreto. 
(ii) Impossibilidade de aumento da pena aplicável
Deve ocorrer uma das duas situações no processo penal que impedem o aumento da pena:
(i) Ocorrer o trânsito em julgado para a acusação
Há o trânsito em julgado para a acusação quando somente a defesa recorre da sentença. Isso porque o Tribunal ao julgar o recurso da defesa pode confirmar a sentença condenatória, diminuir a pena aplicada ou absolver o réu, mas não poderá aumentar a pena imposta. 
Isso com fundamento no Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus de acordo com o qual a situação do réu não pode ser agravada por recurso exclusivo da defesa. Desse modo, se somente a defesa recorre, a pena não pode ser aumentada. 
(ii) O recurso da acusação não for admitido ou não for provido. 
No período entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa, o legislador estabeleceu que só se aplica a PPP em abstrato. Não cabe a PPP em concreto[footnoteRef:11]. Já nos demais períodos, podem ocorrer tanto a PPP em abstrato quanto a PPP em concreto. [11: Art. 110, §1º, CP.] 
Nos períodos anteriores a condenação, a PPP em concreto se chama Prescrição Retroativa. No período posterior a condenação, a PPP em concreto se chama Prescrição Superveniente ou Intercorrente.
Na análise do caso concreto, geralmente temos que calcular as duas PPP. Primeiro, verificamos se ocorreu a PPP em abstrato cujos prazos são maiores. Se não ocorreu a PPP em abstrato, verificamos se ocorreu a PPP em concreto cujos prazos costumam ser menores. 
Exemplo: Lesão corporal dolosa leve (art. 129, caput)
A pena é de detenção de 03 meses a 01 ano. Considerando a pena máxima aplicável de 01 ano, a PPP em abstrato é de 04 anos. Considerando que no caso concreto a pena aplicada foi de 03 meses, a PPP em concreto é de 03 anos. No caso ocorreu a PPP em concreto no P2.
P2
P1
16.04.21
Trânsito em julgado para o MP
15.05.24
17.03.2018
O réu é condenado a 03 meses de detenção
Obs.: Prescrição pela Pena Virtual ou Prescrição Retroativa Antecipada
Baseia-se na pena que provavelmente será imposta ao réu em caso de condenação (pena virtual), de modo a reconhecer a prescrição da pretensão punitiva retroativa.
Súmula 438 STJ: Não se admite a prescrição da pretensão punitiva pela pena hipotética. 
6. PRESCRIÇÃO PRETENSÃO EXECUTÓRIA
A PPP é mais vantajosa para o réu do que a PPE. A PPP extingue todo e qualquer efeito da condenação. Já a PPE extingue somente o efeito principal da condenação que consiste na sanção penal, persistindo todos os efeitos secundários da condenação penais e extrapenais, tais como: reincidência, maus antecedentes, obrigação de indenizar, perda de cargo, etc. 
6.1 CÁLCULO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA
a) Pena Privativa de Liberdade
No caso da imposição de uma pena privativa de liberdade, a PPE é calculada em 04 etapas (art. 110, caput, CP):
1) Parâmetro (Pena concretamente aplicada)
É a pena aplicada. Se o sujeito já cumpriu parte da pena aplicada, o parâmetro é o restante da pena[footnoteRef:12]. [12: Art. 113, CP.] 
2) Tabela do art. 109
3) Reincidência Antecedente
É a reincidência declarada na sentença condenatória. Havendo reincidência antecedente, o prazo da PPE será aumentado em 1/3. 
O fato de o sujeito ser reincidente não interfere no cálculo da PPP, mas interfere no cálculo da PPE.
4) Idade do agente[footnoteRef:13] [13: Art. 115, CP.] 
Se ao tempo do fato era menor de 21 anos ou completou 70 anos até a sentença condenatória, a PPE é reduzida pela metade.
b) Pena Restritiva de Direitos
No caso da imposição de uma pena restritiva de direitos, a PPE é calculada da mesma forma, mas a sem interferência da reincidência antecedente. 
Obs.: Crime de posse de drogas para consumo pessoal
O prazo de prescrição é de 02 anos. (art. 30, Lei 11.343/06)
c) Multa[footnoteRef:14] [14: Art. 51, CP.] 
A PPE da multa segue as normas da legislação tributária. Após o trânsito em julgado, a multa é considerada dívida de valor, aplicando-lhe as normas relativas às dívidas ativas da Fazenda Pública. 
6.2 Termos Iniciais
Os termos iniciais da PPE estão no art. 112 do CP: 
a) Trânsito em julgado para a acusação
Interpretação Literal (STJ) x Interpretação conforme a Constituição (STF)
STJ: O STJ adota uma interpretação literal da expressão “trânsito em julgado para acusação”. Essa interpretação literal é a melhor para a Defensoria Pública. O trânsito em julgado para acusação ocorre no momento em que o MP toma ciência da decisão da sentença ou do acórdão.
STF: O STF adota uma interpretação conforme a Constituição no sentido de que deve começar a fluir o prazo da PPE quando o Estado adquire o direito de executara pena. Portanto, não basta o trânsito em julgado para acusação, devendo ocorrer o trânsito em julgado para ambas as partes. 
b) Revogação da suspensão condicional da pena[footnoteRef:15] [15: Art. 77 a 82 do CP] 
A suspensão condicional da pena é o chamado “sursis penal”. Ao condenar o réu, na própria sentença o juiz pode conceder a suspensão condicional da pena. 
A suspensão condicional da pena estabelece que a pena privativa de liberdade aplicada será suspensa, não sendo executada. Como contrapartida, o réu deverá cumprir uma série de condições durante o chamado período de prova.
Com o trânsito em julgado, o processo é encaminhado para a Vara de Execução Penal e o réu começa a cumprir as condições. Se o réu não cumprir alguma das condições, o sursis penal é revogado. 
Como consequência da revogação do sursis penal, o condenado terá que cumprir integralmente a pena originalmente imposta. No instante em que há a revogação, o Estado adquire o dever de dar início ao cumprimento da pena e começa a contar o prazo da PPE. 
c) Revogação do livramento condicional[footnoteRef:16] [16: Art. 83 a 90 do CP] 
O sujeito adquire o direito ao livramento condicional após cumprir uma parte da pena. Se durante o livramento condicional, o condenado pratica novo crime doloso ou não cumpre injustificadamente alguma das condições do livramento condicional, o livramento condicional pode ser revogado. 
Com a revogação do livramento condicional, o condenado terá que cumprir o restante da pena. No instante em que há a revogação do livramento, o Estado adquire o dever de dar início ao cumprimento a pena e começa a contar o prazo da PPE. A PPE será interrompida com a continuação do cumprimento da pena.
Como o indivíduo já cumpriu uma parte da pena, o prazo da PPE terá como base o tempo que resta de pena. Sempre que o réu já cumpriu uma fração da pena, a PPE deve ser calculada com base no restante.
d) Evasão do condenado
No caso de evasão do condenado durante o cumprimento da pena, o prazo da PPE começa a correr a partir da data da fuga e será regulado pelo tempo que resta de pena (art.113). A PPE será interrompida quando for capturado com a continuação do cumprimento da pena.
Exceção: art. 41 do CP
O art. 41 da CP trata da superveniência de doença mental. O indivíduo está cumprindo pena de prisão e, durante o cumprimento dessa pena, sobrevém doença mental. Nesse caso, o juiz da Execução deve transferi-lo da penitenciária para o Hospital de Custódia e Tratamento. No Hospital de Custódia e Tratamento não ocorre o cumprimento de pena de prisão e sim de medida de segurança. 
Tecnicamente, há uma interrupção da execução da pena, porque o indivíduo saiu da penitenciária e foi para o Hospital. Contudo, trata-se de uma interrupção apenas formal, pois o sentenciado não é colocado em liberdade, tanto que o tempo que passará no Hospital de Custódia será computado na pena e se atingir a pena, será colocado em liberdade.
6.3 CAUSAS INTERRUPTIVAS
As causas interruptivas da PPE estão previstas no art. 117, V e VI:
a) Início ou continuação do cumprimento da pena
O prazo da PPE flui quando o sentenciado não está cumprindo a pena, o que pode ocorrer por inércia do Estado em iniciar o cumprimento da pena ou porque o sentenciado está foragido. 
Quando o indivíduo inicia ou continua a cumprir a pena porque é capturado, a PPE é interrompida (zera) e fica congelada no zero. Enquanto o sentenciado estiver cumprindo pena, não corre PPE. Não há porque correr o prazo prescricional contra o Estado, pois o Estado está atuando na execução da pena. 
Exemplo: O sentenciado está cumprindo pena. No momento em que ele fugir, inicia-se a contagem da PPE a partir do zero. Como vimos acima, um dos termos iniciais da PPE é a interrupção do cumprimento da pena. Ao fugir, interrompe-se o cumprimento da pena deflagrando o início da contagem da PPE. A PPE é interrompida quando volta a cumprir a pena. 
b) Reincidência Subsequente ou Futura
É a reincidência que se configura quando o sentenciado pratica novo crime durante a execução da pena. É subsequente ou futura, pois se configura após o trânsito em julgado.
Com a reincidência subsequente, o prazo da PPE é zerado. Essa causa de interrupção da PPE é importante somente se o réu estiver foragido. Quando o réu foragido praticar um novo crime, reabre-se uma nova contagem da PPE imediatamente.
Exemplo: Indivíduo condenado a 04 anos de reclusão. A PPE é de 08 anos. A sentença condenatória transita em julgado em 15.03.20. O réu está foragido. O Estado pode capturar o agente em até 08 anos. Lembrando que se trata de um prazo penal, o Estado tem até 14.03.2028. Faltando 01 mês, o sujeito pratica um novo crime e se torna reincidente. Com a reincidência futura ou subsequente, o prazo da PPE é interrompido: o prazo zera e reinicia uma nova contagem de 08 anos. Com isso, poderá ser capturado pelo mandado de prisão antigo até 13.02.2036.
Obs: Desnecessidade de condenação com trânsito em julgado 
A reincidência subsequente se configura com a prática do fato e deve ser aplicada no instante em que o novo crime for cometido. O juiz da Execução precisa apenas ter uma informação segura de que esse novo crime foi praticado como auto de prisão em flagrante, oferecimento da denúncia, etc. 
O entendimento dos Tribunais é de que não é necessário que haja um processo e uma condenação transitada em julgado para aplicação da reincidência subsequente como causa interruptiva da PPE, bastando a prática desse delito. 
Embora contrária a orientação dos Tribunais Superiores, a Defensoria sustenta que devemos aguardar o trânsito em julgado da condenação pelo novo crime para que se configure a reincidência subsequente apta a interromper a PPE do crime anterior.
Atenção: Não confundir a reincidência como causa de aumento do prazo da PPE em 1/3 (art.110,caput) com a reincidência como marco interruptivo da PPE. A reincidência que implica no aumento do prazo da PPE em 1/3 é aquela que se verifica no momento da condenação. Já a reincidência como marco interruptivo é aquela que ocorre posteriormente à condenação, durante o curso da PPE.
6.4 CAUSA SUSPENSIVA
A PPE tem uma única causa suspensiva que é o cumprimento da pena. Enquanto o sujeito está cumprindo pena, não corre o prazo da PPE da pena que está sendo cumprida e nem das demais penas que o sentenciado tenha para cumprir. 
É muito comum o sentenciado ser condenado em vários processos e ter várias penas para cumprir, devendo cumprir uma de cada vez. 
Quando o sentenciado inicia o cumprimento da pena, a PPE é interrompida, sendo zerada. Enquanto ele está cumprido pena, a PPE é suspensa, permanecendo “congelada” no zero. 
QUESTÕES
Questão – Parte 01: Antônio foi condenado a pena de reclusão de 03 anos e 04 meses em sentença proferida no dia 03.05.2012. A decisão transitou em julgado para o MP em 08.05.2012 e para a defesa em 16.10.2012. Com o trânsito em julgado para ambas as partes, o mandado de prisão pode ser cumprido. 
Resposta: Para calcular o prazo de validade do Mandado de Prisão, devemos identificar o termo inicial e somar com o prazo da PPE.
O termo inicial, pela literalidade da lei, é o trânsito em julgado para a acusação que é 08.05.2012. A PPE é calculada com base na pena aplicada de 03 anos e 04 meses. Com base na tabela do art. 109 CP, a PPE é de 08 anos. 
O mandado pode ser cumprido até 07.05.2020. 
Questão – Parte 02: Antônio, foragido, comete novo crime em 10.01.2019 e é capturado para cumprir a pena imposta em 2012 no dia 17.11.2024. A condenação pode ser executada ou ocorreu a PPE?
Resposta: A reincidência subsequente ou futura interrompe o prazo PPE. A PPE ocorreria em 07.05.2020. Com o advento da reincidência subsequente ou futura, esse prazo é interrompido (zerado) e reinicia-se a sua contagem. A nova PPE ocorrerá em 09.01.2027, de modo que não ocorreu a PPE e a condenação pode ser executada. 
MP oferece denúncia
 Pronúncia
Juiz recebe a denúncia
Acórdão condenatório 
Defesa interpõe REsp
Julgamento do REsp
Consumação
Recebimentoda denúncia ou queixa
Apelação da defesa somente
Sentença 
 Condenatória
Termo Inicial: Consumação
Primeira Causa Interruptiva: Recebimento da Denúncia ou Queixa
Segunda Causa Interruptiva: Sentença Condenatória
Terceira Causa Interruptiva: Acórdão Condenatório
Trânsito em julgado

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