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E D I T O R A 2022 Jonas Rodrigo Gonçalves • Márcio Wesle • Júlio Lociks • Marcelo Andrade • Otoniel Linhares • Tatiani Carvalho • Maurício Gusmão • Júlio Lociks • Marina Santos Ferreira • Marcelo Ferreira © 2022 Avançar Serviços Educacionais Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. Proibida a reprodução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, repro- gráficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas. SMEC Boa Vista RR Professor Licenciado em Pedagogia – Nível Superior Conhecimentos Gerais e Específicos (AS183) (De acordo com o Edital nº 001/2022) Língua Portuguesa • Raciocínio Lógico • Conhecimentos em Informática • Conhecimentos Gerais Conhecimentos Pedagógicos • Legislação Educacional • Matemática • Ciências • História • Geografia Autores: Jonas Rodrigo Gonçalves • Márcio Wesle • Júlio Lociks • Marcelo Andrade • Otoniel Linhares Tatiani Carvalho • Maurício Gusmão • Júlio Lociks • Marina Santos Ferreira • Marcelo Ferreira GESTÃO DE CONTEÚDOS E PRODUÇÃO EDITORIAL Tatiani Carvalho EDITORAÇÃO ELETRÔNICA E CAPA Marcos Aurélio Pereira E D I T O R A www.editoraavancar.com.br PARABÉNS. VOCÊ ACABA DE ADQUIRIR UM PRODUTO QUE SERÁ DECISIVO NA SUA APROVAÇÃO. Com as apostilas da Avançar Serviços Educacionais, você tem acesso ao conteúdo mais atual e à metodo- logia mais eficiente. 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Conheça, também, nosso catálogo completo de apostilas, nossos livros e cursos online no site www.editoraavancar.com.br Avançar Editora AvancarEditora (61) 99870-4287 SUMÁRIO Língua Portuguesa SMEC Boa Vista RR Compreensão e interpretação de textos ............................................................................................................................... 6 Tipologia e Gêneros Textuais ................................................................................................................................................. 6 Variação Linguística ............................................................................................................................................................... 3 O processo de comunicação e as funções da linguagem ...................................................................................................... 3 Processos de formação de palavras .................................................................................................................................... 31 Norma ortográfica ............................................................................................................................................................... 46 Morfossintaxe das classes de palavras: substantivo, adjetivo, artigo, pronome, advérbio, preposição, conjunção, interjeição, numerais e os seus respectivos empregos; Verbo ........................................................................................... 18 Concordância verbal e nominal ........................................................................................................................................... 37 Regência nominal e verbal .................................................................................................................................................. 39 Coesão e Coerência Textuais ............................................................................................................................................... 57 Relações semântico-lexicais, como metáfora, metonímia, antonímia, sinonímia, hiperonímia, hiponímia, reiteração, comparação, redundância e outras .................................................................................................................... 4 Sintaxe: relações sintático-semânticas estabelecidas entre orações, períodos ou parágrafos (período simples e período composto por coordenação e subordinação ...................................................................................................... 18 Pontuação ............................................................................................................................................................................ 29 Funções do “que” e do “se” ................................................................................................................................................. 53 Fonética e Fonologia: som e fonema, encontros vocálicos e consonantais e dígrafos ......................................................26 Uso da Crase ........................................................................................................................................................................ 51 Lí n g u a P o r tu g u es a 3 Língua Portuguesa Jonas Rodrigo Gonçalves • Márcio Wesley VARIAÇÃO LINGUÍSTICA a variação linguística é um fenômeno natural que ocorre pela diversificação dos sistemas de uma língua com relação às possibilidades de mudança de seus elementos (vocabu- lário, pronúncia, morfologia, sintaxe). Sua existência se dá pelo fato de as línguas possuírem a característica de serem dinâmicas e sensíveis a fatores como a região geográfica, o sexo, a idade, a classe social do falante e o grau de formalida- de do contexto da comunicação. Convém ressaltar que toda variação linguística é adequada para atender às necessidades comunicativas e cognitivas do (a) falante. Nesse sentido, ao julgar determinada variedade como errada, estamos emi- tindo um juízo de valor sobre os seus falantes e, portanto, agindo com preconceito linguístico. Existem alguns tipos de variedade linguística, segundo Mariana Rigonatto (2018, p. 1). Vejamos. • Variedade regional: são aquelas que demonstram a diferença entre as falas dos habitantes de diferentes regiões do país, diferentes estado e cidades. Por exem- plo, os falantes do Estado de Minas Gerais possuem uma forma diferente em relação à fala dos falantes do Rio de Janeiro. Observe a abordagem de variação regional em um poema de Oswald de Andrade: Vício da fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Agora, veja um quadro comparativo de algumas va- riações de expressões utilizadas nas regiões Nor- deste, Norte e Sul: Região Nor- deste Região Sul Região Norte Racha – pelada, jogo de futebol Campo Santo – cemitério Miudinho – pe- queno Jerimum – abó- bora Alçar a perna – montar a cavalo Umborimbora? – Vamos embora? Sustança – energia dos alimentos Guacho – ani- mal que foi criado sem mãe Levou o farelo – morreu • Variedades sociais: são variedades que possuem dife- renças em nível fonológico ou morfossintático. Veja: – Fonológicos: “prantar” em vez de “plantar”; “bão” em vez de “bom”; “pobrema” em vez de “problema”; “bicicreta” em vez de “bicicleta”. – Morfossintáticos: “dez real” em vez de “dez reais”; “eu vi ela” em vez de “eu a vi”; “eu truci” em vez de “eu trouxe”; “a gente fumo” em vez de “nós fomos”. • Variedades estilísticas: são as mudanças da língua de acordo com o grau de formalidade, ou seja, a língua pode variar entre uma linguagem formal ou umalin- guagem informal. – Linguagem Formal: é usada em situações comuni- cativas formais, como uma palestra, um congresso, uma reunião empresarial etc. – Linguagem Informal: é usada em situações comu- nicativas informais, como reuniões familiares, en- contro com amigos etc. Nesses casos, há o uso da linguagem coloquial. – Gíria ou Jargão: é um tipo de linguagem utilizada por um determinado grupo social, fazendo com que se diferencie dos demais falantes da língua. A gíria é normalmente relacionada à linguagem de grupos de jovens (skatistas, surfistas, rappers etc). O jargão é, em geral, relacionado à linguagem de grupos pro- fissionais (professores, médicos, advogados etc). Semântica Sentido e Emprego das Palavras Em Linguística, a Semântica estuda o significado e a inter- pretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico. Campos Semânticos a Semântica é o ramo da Linguística que estuda os signifi- cados e/ou sentido dos vocábulos da língua. Do grego, a palavra semântica (semantiká) significa “sinal”. De acordo com duas ver- tentes, “sincrônica” e “diacrônica”, a Semântica é dividida em: • Semântica Descritiva: denominada de Semântica Sincrônica, essa classificação indica o estudo da significação das palavras na atualidade. • Semântica Histórica: denominada de Semântica Diacrônica, se encarrega de estudar o significado das palavras em determinado espaço de tempo. A fim de conhecer as palavras apropriadas para empregá- -las em determinados discursos, recorremos à Semântica, ou seja, a significação dos termos. Para isso, alguns conceitos são basilares para o estudo das significações. Monossemia A monossemia (de monos = um; semia = significado) é a característica das palavras que têm um só significado. Isso dificilmente acontece, uma vez que o significado é passível de interpretações variadas. Os termos monossêmicos se encontram nos textos técnicos e científicos, porque neles se procura uma mensagem objetiva para ser entendida de modo igual por todos os leitores ou ouvintes. Exemplo: – A porcelana foi criada pelos chineses. – A jarra é de porcelana. Outras palavras: – Logaritmo, Manganês, Decassílabo. Num texto literário, porém, qualquer palavra pode ga- nhar outros significados. Exemplos: – Ficaram todos de boca aberta. – a boca da garrafa está quebrada. Lí n g u a P o r tu g u es a 4 Observe que há relação de “abertura”, “orifício” da pala- vra boca em ambas as frases. É isso que torna a polissemia diferente da homonímia. Outros exemplos: – Ela me pediu para sair (ou ficar). (Sair e ficar podem ser denotativos ou uma gíria). – Doe nesta páscoa, ponha (ou bota) o ovo em cima da mesa. As frases acima apresentam ambiguidade, ou seja, tem dois sentidos, e causam estranheza. Para não ocorrer esse problema, seria melhor trocar as palavras polissêmicas por outras palavras: sair = ir para fora; ficar = permanecer; por/ botar = colocar. Polissemia A polissemia representa a multiplicidade de significados de uma palavra. Com o decorrer do tempo, determinado termo adquiriu um novo significado, entretanto, ainda se relaciona com o original, por exemplo: – O rapaz quebrou a perna no acidente. – a perna da cadeira é marrom. – Que letra ilegível! – a letra dessa canção é muito linda. Ambiguidade A Ambiguidade também é considerada um vício de lingua- gem. É também chamada de Anfibologia e ocorre quando existe a duplicidade de sentido em palavras ou expressões do texto. Muitas vezes, certas orações não são constituídas com clareza. Isso ocorre quando alguns termos apresentam enten- dimento ambíguo ou duvidoso, quando são usadas palavras ou expressões as quais não possibilitam uma interpretação precisa. Nesse caso, existe um entendimento duvidoso da sentença e a Ambiguidade se estabelece. Apesar de ser uma alternativa linguística admissível den- tro do contexto poético e também na linguagem literária, seu uso não é recomendado em casos de escrita mais objetiva, em textos informativos e em redação de cunho técnico. Exemplos de Ambiguidade: – A garota disse à amiga que sua mãe havia chegado. (A oração deixa um entendimento duvidoso, pois não se sabe ao certo quem chegou. A mãe da garota ou a mãe da amiga). – O motociclista falou ao amigo caído no chão. (Não há como saber quem está caído. Se é o motociclista ou o amigo). – Perseguiram o porco do meu primo. (Quem foi perseguido? O porco que é um animal, ou o primo que está sendo chamado de porco?) Sinonímia e Antonímia os sinônimos designam as palavras que possuem signi- ficados semelhantes, por exemplo: • andar e caminhar. • usar e utilizar. • fraco e frágil. Do grego, a palavra sinônimo significa “semelhante nome” sendo classificados de acordo com a semelhança que compartilham com o outro termo. Os sinônimos perfeitos possuem significados idênticos (após e depois; léxico e vocabulário). Já os sinônimos im- perfeitos possuem significados parecidos (gordo e obeso; córrego e riacho). os antônimos designam as palavras que possuem signi- ficados contrários, por exemplo: • claro e escuro. • triste e feliz. • bom e mau. Do grego, a palavra “antônimo” significa “nome oposto, contrário”. Homonímia e Paronímia Homônimos são palavras que ora possuem a mesma pro- núncia (palavras homófonas), ora possuem a mesma grafia (palavras homógrafas), entretanto, possuem significados di- ferentes. São chamados de “homônimos perfeitos”, as pala- vras que possuem a mesma grafia e a mesma sonoridade na pronúncia, por exemplo: • o pelo do cachorro é curto. • Pelo caminho da vida. • Tenho que chegar cedo. • Cedo meu lugar aos idosos. Parônimos são aquelas palavras que possuem significa- dos diferentes, porém se assemelham na pronúncia e na escrita, por exemplo: • soar (produzir som) e suar (transpirar). • acento (sinal gráfico) e assento (local para sentar). • acender (dar luz) e ascender (subir). Clareza A clareza precisa ser a qualidade básica de todo texto escrito com base na norma culta padrão. Muitas vezes as pessoas pensam que se escrever dentro do padrão culto da Língua Portuguesa é escrever com vocabulário rebuscado, com uso de palavras difíceis e de circulação restrita. Isso não procede. Ser culto é ser claro, e ser claro é escrever com simplicidade e objetividade. Pode-se definir como claro o texto que possibilita com- preensão imediata pelo (a) leitor(a). Entretanto, a clareza não é algo que se atinja por si só, ela depende estritamente das demais características da norma culta escrita: • a impessoalidade, a qual evita a duplicidade de inter- pretações que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; • o uso do padrão culto de linguagem inicialmente de entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão; • a formalidade e a padronização, as quais possibilitam a imprescindível uniformidade dos textos; • a concisão, a qual faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe acrescentam. É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. A ocorrência em textos escritos de tre- chos obscuros e de erros gramaticais provém principalmen- te da falta da releitura que torna possível sua correção. Na revisão de um texto, deve-se avaliar, ainda, se ele será de compreensão imediata por seu destinatário. O que parece óbvio a uns pode ser desconhecido por terceiros. O domínio adquirido sobre certos assuntos em decorrência de expe- riência profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. “Explicite, desenvolva, esclareça, pesquise os ter- mos técnicos, o significado das siglas, abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessaria-mente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete Lí n g u a P o r tu g u es a 5 sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. ‘Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados’, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejá- vel repercussão no redigir. ” (MENDES, 2002, p. 6) Barbarismo, Cacofonia, Eco, Estrangeirismo, Sole- cismo, Arcaísmo Barbarismo o Barbarismo se constitui como um vício de linguagem relacionado ao uso equivocado de uma palavra ou enunciado, seja na pronúncia, grafia ou morfologia. Convém ressaltar que o vício de linguagem é um desvio da Gramática Norma- tiva o qual pode ocorrer por descuido do falante ou mesmo pelo desconhecimento das normas da língua. Tipos de Barbarismo O barbarismo ocorre em vários níveis da língua, isto é, fonético, morfológico e semântico. Silabada A silabada, denominada de barbarismo prosódico (ou simplesmente prosódia), indica os erros na pronúncia em relação à acentuação das palavras. Exemplos: gratuíto ao invés de gratuito; rúbrica ao invés de rubrica. Cacoépia A cacoépia, chamada de barbarismo ortoépico, indica os erros cometidos pela pronúncia errada das palavras. Exemplos: bicicreta ao invés de bicicleta; decascar ao invés de descascar. Quando ocorre em nível semântico, isto é, na significação das palavras, ele é chamado de barbarismo semântico. Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); com- primento (extensão) e cumprimento (saudação). Cacografia A cacografia, chamada de barbarismo gráfico, indica os erros de grafia da palavra. Exemplos: adevogado ao invés de advogado; geito ao invés de jeito. No caso do barbarismo gramatical o erro ocorre na troca de termos ou expressão. Exemplos: “meio” no lugar de “meia” (são meio dia e meio.); “ver” no lugar de “vir” (quando eu te ver amanhã...). Por fim, o barbarismo morfológico implica no erro quanto ao uso da forma dos vocábulos: Exemplos: cidadões no lugar de cidadãos; mamãos no lugar de mamões. Cacofonia A palavra Cacofonia tem origem etimológica em dois termos gregos. São eles: Kako e phóne, os quais unidos formam o vocábulo kakophónía, que significa “algo que soa mal”. Convém notar que a Cacofonia não aparece so- mente na informalidade da fala ou em textos populares. Ela também está presente até mesmo na literatura clássica. Podemos encontrar este desvio de linguagem em grandes obras literárias. Ela constitui-se como um Vício de Lingua- gem e consiste em sons produzidos pela junção do final de um vocábulo e começo de outro, que se encontra a seguir. Ecoam de maneira desagradável, causando tonalidades feias ou muitas vezes que levam à não distinção da mensagem. A pronúncia emitida é, em alguns casos, engraçada, porém, existem também situações em que esta figura gera termos ofensivos ou inconvenientes. Exemplos: Ela deu um beijo na boca dela. (ca+ dela = cadela) Não se preocupou, já que tinha terminado a prova. (ja + que+ tinha = jaquetinha) Eu vi ela na igreja. (vi+ ela= viela) Ela tinha uma bolsa de couro. (la+ tinha= latinha) Eco Ocorre Eco quando existem palavras na frase com ter- minações iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Exemplo: A divulgação da promoção não causou comoção na po- pulação. Estrangeirismo O estrangeirismo corresponde ao uso de palavras es- trangeiras que foram incorporadas ao vocabulário popular brasileiro. Solecismo Solecismo se constitui como desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis: • Concordância Por exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia) • Regência Por exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao) • Colocação Por exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei em pé.) Arcaísmo Arcaísmo é uma palavra ou uma expressão antiga a qual já caiu em desuso. Pode ser dividido em arcaísmos linguís- ticos e em arcaísmos literários. O Arcaísmo Linguístico é encontrado no uso da língua em determinado local, em que existem traços fonéticos, morfo- lógicos, sintáticos e léxicos os quais são conservadores e anti- gos na língua. Já o Arcaísmo Literário é aquele encontrado nas obras literárias, usados frequentemente como um recurso de estilo para tornar o texto mais solene, culto, decadente etc. Eles consistem no uso de expressões típicas da época a que o texto literário se refere, mas que já não são mais usadas no momento no qual o texto foi escrito. Quando se fala de um texto naturalmente antigo, logo, os arcaísmos encontra- dos não são propositais, porque são expressões próprias da época em que o mesmo foi escrito. Quando se fala em linguagem técnica ou científica, o arcaísmo consiste numa construção que já caiu em desuso, e que, portanto, prejudica a compreensão do texto. O cos- tume de empregar no texto expressões antiquadas deve ser evitado, porque pode comprometer a clareza do texto para um(a) leitor(a) que não tenha os conhecimentos históricos necessários para recuperar o significado de tais termos. Lí n g u a P o r tu g u es a 6 Palavras que hoje são usuais para nós, no futuro fatal- mente se tornarão arcaísmos, e os que hoje existem, anti- gamente foram palavras usuais. Isso acontece naturalmente devido ao processo de evolução da língua, devido a ela ser modificada pelos próprios falantes ao longo do tempo. Pode-se facilmente perceber algumas palavras que hoje são ainda utilizadas, mas que devido ao seu uso estar dimi- nuindo cada vez mais, são certamente futuros arcaísmos. São exemplos desse fenômeno: • O pronome vós (2ª pessoa do plural), que está sendo substituído pelo pronome de tratamento vocês. • A mesóclise do pronome oblíquo (dar-se-á, dedicar- -nos-emos). • O pretérito mais-que-perfeito (comprara, vendera, reduzira). Vejamos outros exemplos de arcaísmos: • Ceroula (cueca). • Vosmecê (você). • Outrossim (também). • Quiçá (talvez). • À guisa de (à maneira de). • Apalermado (bobo). • Magote (grande quantidade). ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA NARRATIVA A narrativa faz parte do cotidiano do ser humano, narra- mos tudo aquilo que ocorre, em determinado tempo, espaço, em que temos um foco, uma história a ser narrada ou um acontecimento. Narrador Dependendo do ponto de vista do narrador, a narrativa pode ser feita na primeira ou na terceira pessoa do singular. na narrativa em primeira pessoa, o narrador participa dos acontecimentos, assim temos um personagem com dupla função: narrador-personagem. Ele tem uma relação íntima com os outros elementos da narrativa. Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subje- tivas, emocionais. Essa proximidade com o mundo narrado revela fatos e situações que um narrador de fora não poderia conhecer. Ao mesmo tempo, essa mesma proximidade faz com que a narrativa seja parcial, impregnada pelo ponto de vista do narrador. o narrador-observador conta a história do lado de fora, na 3ª pessoa, sem participar das ações. Ele conhece todos os fatos e, por não participar deles, narra com certa neutralida- de, apresenta os fatos e os personagens com imparcialidade. Não tem conhecimento íntimo dos personagens nem das ações vivenciadas. Já na narrativa em terceira pessoa, o narrador está fora dos acontecimentos, mas tem ciência de tudo o que acon- tece, chamado de onisciente, ou seja, o que tem ciência de tudo, o que sabe de tudo. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos. Enredo O enredo é a própria estrutura narrativa, ou seja, o de- senrolar dos acontecimentos. É o conteúdo do qual esse texto se constrói. O enredo, também chamado de trama, tem sempre um núcleo, que chamamos de conflito. É esse conflito que determina o nível de tensão (expectativa) aplicado na narrativa. É no enredo que se desenrolam os acontecimentos que formam o texto (tecido). O texto narrativo apresenta uma certa estrutura, com- posta pela apresentação,complicação, clímax e desfecho. • Apresentação: parte do texto em que algumas perso- nagens são apresentadas e algumas circunstâncias da história são expostas, como o momento e o lugar de desenvolvimento da ação. • Complicação: parte do texto em que a ação tem início propriamente dito. Os episódios se sucedem, condu- zindo ao clímax. • Clímax: ponto da narrativa em que a ação alcança o seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável. • Desfecho: solução do conflito produzido pelas ações das personagens. Além disso o enredo está diretamente ligado aos per- sonagens, já que é a respeito deles a história que se conta. Personagens Os personagens são os seres que participam do desenro- lar dos acontecimentos, isto é, aqueles que vivem o enredo. Os personagens podem ser divididos entre: • Protagonistas: são destaques da narrativa, ocupam o lugar principal da história; • Antagonistas: são os adversários dos protagonistas, aqueles que vão criar ou alimentar o conflito, dificul- tando a vida dos principais; • Secundários: são personagens menos importantes na história, mas que de alguma forma contribuem para a sequência de fatos do enredo. Espaço / Ambiente O espaço, ou ambiente, é o cenário por onde circulam personagens e onde se desenrola o enredo. Em alguns casos, a importância do ambiente é tão fundamental que ele se transforma em personagem. Por exemplo o colégio interno, em O Ateneu, de Raul Pompeia; o caso mais nítido está em O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Observe que sempre há uma relação estreita entre o personagem, seu comportamento e o ambiente eu o cerca. Tempo O tempo da narrativa diz respeito ao desencadear das ações, e pode ser dividido em: • Cronológico: está relacionado a passagem das horas, dos dias, meses, anos etc.; • Psicológico: está relacionado às lembranças do perso- nagem e aos sentimentos vivenciados por ele. Assim como espaço, ele é muito importante para defi- nir características dos personagens, principalmente as psi- cológicas. Afinal, pessoas que vivem em épocas diferentes costumam ter visões de mundo, atitudes, pensamentos e situações também diferentes. O TEXTO LITERÁRIO E O NÃO LITERÁRIO Texto Literário O texto literário é caracterizado por apresentar uma lin- guagem carregada de emoções, reflexões, visão poética da vida, das pessoas ou de determinadas situações. Marcado pela subjetividade e sentido conotativo, os textos literários são aqueles que expressam a realidade ou ficção de uma forma poética, sendo totalmente influenciado por quem os escreve. Lí n g u a P o r tu g u es a 7 O texto literário possui carácter estético e não somente linguístico, onde a interpretação e significação variam de acordo com a subjetividade do leitor. É comum o uso de figuras de linguagem e de construção, assim como a subversão à gramática normativa. Entre os tipos de textos literários, estão: crônicas, contos, poemas, romances, fábulas, peças teatrais, minicontos, lendas, telenovelas, letras de música, roteiros de filmes. Texto Não Literário É um texto utilitário, caracterizado por utilizar uma linguagem impessoal que demonstra a realidade tal como ela é, nua e crua. Desse modo, um texto não literário é construído de forma objetiva e com linguagem denotativa, sempre priorizando a informação. Texto Literário Texto Não Literário O que é Textos narrativos, que possuem elementos artís- ticos e tendem a causar emoção. São textos informativos e objetivos. Função Estética. Destinam-se ao entretenimento, à arte, à ficção. Utilitária. Sua função é informar, convencer, expli- car, comunicar. Linguagem Subjetiva e conotativa. Objetiva e denotativa. Características Utiliza elementos como a variabilidade, figuras de linguagem, multissignificação, metáforas e possuem liberdade na criação. Linguagem objetiva, concisa e clara. Normas gramaticais Costuma subverter a gramática normativa. Geralmente adota a gramática normativa. Elemento de com- posição Ficção, baseada na vontade e imaginação do artista. Utiliza fatos e informações. Análise A leitura de um texto literário inclui a busca de metáforas e simbolismos. Analisar um texto não-literário requer confirmação dos fatos, conhecimento, desenvolvimento de ha- bilidades e realização de tarefas. Exemplos Poesia, novelas, histórias e dramas. Diários pessoais, notícias, receitas, jornais e artigos. LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Ao se analisarem as diversas possibilidades de se in- terpretar um texto, deve-se entender que algumas bases nortearão tal entendimento. Em primeiro lugar, é essencial saber que um texto tem duas características principais: as ideias que ele pretende transmitir e os recursos linguísticos que ele utilizará para fazê-lo. Nesse sentido é que se percebem questões de Inter- pretação em provas de concursos para cargos públicos, ora cobrando aspectos semânticos, ora avaliando aspectos gramaticais, como ferramenta para o entendimento do texto. Este material tem por objetivo oferecer recursos estilísti- cos para o entendimento da primeira característica, ou seja, de aspectos literários: sentido figurado, conotação, funções de linguagem, figuras de linguagem, semântica. A segunda característica principal da Interpretação de Textos, que diz respeito aos aspectos gramaticais, é advinda de um estudo contínuo acerca das regras gramaticais. Vamos entender a seguir como podem ser cobradas as duas características em provas de concursos públicos. Aspectos Semânticos da Interpretação de Textos Observe o texto a seguir. Pedrinho era menino muito querido em sua cidade, tão magrinho que mal conseguia carregar a bandeja com os amendoins que ele vendia. Todos gostavam do garoto, pois ele era tido como alguém de muito bom coração, por suas atitudes de ajuda ao próximo quase que diariamente. Ele auxiliava idosos a atravessarem as ruas movimentadas do centro; cuidava dos animais de estimação, enquanto seus donos visitavam estabelecimentos comerciais que não per- mitiam a entrada de animais; fazia companhia para crianças, na porta da escola municipal, até que os pais mais atrasados chegassem para apanhá-las; entre outras coisas. Numa tarde chuvosa, Pedro presenciou um atropela- mento de um rapaz bem corpulento, o qual não pode contar com o socorro do causador do acidente, pois este fugiu em alta velocidade. O vendedor de amendoins não pensou duas vezes, pediu ajuda a um taxista amigo seu e carregou o jovem atropelado até o carro, levando-o ao hospital. Seu feito rendeu-lhe uma faixa no local do acidente com a escrita: “Pedrinho, nosso herói!”, além de uma medalha de honra ao mérito, dada em cerimônia pública pelo prefeito. A partir do texto acima, julgue o item a seguir. → O texto é coerente. Exemplo comentado: E (errado) Como um menino ma- grinho que mal conseguia carregar a bandeja de amendoins iria conseguir carregar nos braços um jovem corpulento. Aspectos Gramaticais da Interpretação de Textos Observe o texto a seguir. Ana, Bia e Marta são primas. Ambas estudam juntas. A partir do texto acima, julgue o item a seguir. → O texto é coerente. Exemplo comentado: E (errado) “Ambas” é gramaticalmen- te um numeral dual, ou seja, que indica dualidade, portanto, dois. O texto é incoerente por trazer três nomes próprios. Com os exemplos acima, você pode observar que é possível se cobrar o entendimento de um texto, a partir do quesito coerência, tanto com ênfase gramatical, como com ênfase semântica. Lí n g u a P o r tu g u es a 8 ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS Tipologia Textual Texto Dissertativo: denotativo, objetiva provar uma tese, um posicionamento, possui introdução, desenvolvimento e conclusão. Texto Argumentativo: usa argumentos e exemplos para comprovar algo. Texto Narrativo: conta uma história (fato, tempo, lugar, personagens, detalhes etc.). Texto Descritivo: descreve coisa, lugar ou pessoa, com muitos adjetivos. Esquema do texto dissertativo 1º parágrafo (introdução):tema e o objetivo na primeira frase; citação dos argumentos na segunda frase. 2º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do argumento 1 em pelo menos duas frases. 3º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do argumento 2 em pelo menos duas frases. 4º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do argumento 3 em pelo menos duas frases. 5º parágrafo (conclusão): tema e o objetivo na primeira frase com outras palavras; soluções otimistas com verbos no infinitivo de preferência. Exemplo de texto dissertativo • Introdução Acredita-se que Brasília se firmará como provável polo turístico do século XXI. Mesmo concorrendo com belíssimas praias na costa brasileira e com a evidente exploração turísti- ca nas cidades vizinhas, a capital federal encanta brasileiros e estrangeiros por seu patrimônio histórico-cultural, sua organização e segurança. • 1º argumento = 2º parágrafo Impossível não conceber que o litoral é um forte con- corrente da cidade-sede do Brasil, já que é disputado na alta e baixa temporada por turistas do mundo inteiro. Além disso, o cerrado constitui atração interessantíssima por suas riquezas naturais, como as cachoeiras e quedas d’água de várias cidades circunvizinhas (Pirenópolis e Alto Paraíso, por exemplo), as águas termais de Caldas Novas, bem como a beleza histórica de Goiás Velho. Tudo isso há poucos quilô- metros de Brasília. • 2º argumento = 3º parágrafo No entanto, em seu gigantismo de inigualável beleza arquitetônica, a cidade do poder, desenhada por Oscar Niemeyer, surge majestosa causando curiosidade latente aos turistas que a pretendem desvendar. Prova disso são os hotéis, com fluxo frequente de visitantes de várias origens e etnias, que aqui encontram empatia com este povo mes- clado, migrante de todo o território nacional, construtor da diversidade cultural e culinária da jovem capital. • 3º argumento = 4º parágrafo Ressalte-se, ainda, que ações, como a reforma do Centro de Convenções, bem como as construções da Terceira Pon- te e do reservatório de água Corumbá IV, tornam-na rota certa. A segurança – também respaldada pela premiação da ONU como a melhor cidade para uma criança crescer, no quesito qualidade de vida – e a organização da capital federal, evidenciada pela exatidão dos endereços facilmente encontrados pelo sistema inteligente de transportes, dão ao visitante sensação única de conforto. • Conclusão Nesse sentido, há que se propagar toda essa atração da capital do país, evidenciando-a como polo turístico do século XXI. Urge, entretanto, a garantia de condições favoráveis à execução plena de planejamentos turísticos. Esquema Narrativo 1º parágrafo: fato, tempo, lugar. 2º parágrafo: causa do fato, personagens. 3º parágrafo: detalhes do fato, discursos. 4º parágrafo: consequências do fato. Discursos • Discurso Direto Simples Ela disse: – Vamos ao cinema? Ele respondeu: – Claro! • Discurso Direto com Travessão Explicativo – Vamos ao cinema? – disse ela. – Claro! – respondeu ele. • Discurso Direto Livre Ela disse: “Vamos ao cinema?” Ele respondeu: “Claro!” • Discurso Indireto Simples Ela o convidou para ir ao cinema. Ele aceitou o convite. • Discurso Indireto Livre Ela o convidou para ir ao cinema. Ele aceitou o convite. “Tomara que ele realmente vá!” ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS Coerência: segue a lógica formal. Pauta-se na verdade de inferência. Baseia-se em sólidas definições. “O Brasil tem muitas praias, por isso, não recebe muitos turistas do exterior” → incoerência. Obviamente se faz necessário ao entendimento de um texto um profícuo estudo gramatical, ao qual não se propõe este trabalho. Ter o domínio da Gramática é algo essencial para conseguir melhor entender um texto. Caso você tenha dificuldades de ordem gramatical em sua formação, sugiro o estudo da obra: GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Gramática Didática e Interpretação de Textos: teoria e exercícios. 17. ed. Brasília: JRG, 2018. No entanto, este é o material adequado se seus proble- mas para interpretar um texto têm raiz semântica, ou seja, de entendimento dos aspectos literários, conotativos, de sentido figurado, ligados às figuras de linguagem etc. É a este Lí n g u a P o r tu g u es a 9 campo da interpretação, o dos aspectos semânticos, que se propõe este estudo. Para começar, entendamos a diferença entre coesão, concisão e prolixidade. Coesão: processo. É o conjunto de recursos coesivos que objetivam tornar o texto conciso. Por exemplo: verbo principal, conjugado com o tempo e o modo do verbo auxiliar; aproveita a pessoa do pronome e número – singular ou plural. O Verbo Principal sempre está no infinitivo, no gerúndio ou no particípio em uma locução verbal. Concisão: resultado. É o ato de dizer a mesma coisa com um menor número de palavras. Usa recursos coesivos para que esse objetivo seja atingido. Por exemplo: usa-se um menor número de palavras para se dizer a mesma coisa. Prolixidade: ato de dizer a mesma coisa com um maior número de palavras. Observe o exemplo: “Eu estou a querer vislumbrar as possibilidades de vir a vivenciar a intensidade do ato de amar.” Este é um texto prolixo. Repare que a frase “Quero amar.” sintetiza a frase acima. Ou seja, duas palavras foram suficientes para resumir outras 17. Este resultado é chamado de concisão. “Quero amar.” É uma frase concisa. No entanto, para se chegar a esse resultado, foram utili- zados vários recursos coesivos de referência. Vamos analisar passo a passo. • Eu: pronome substantivo pessoal do caso reto, na 1ª pessoa do singular. • estou: verbo auxiliar no Presente do Indicativo, na 1ª pessoa do singular. • a: preposição que compõe a locução verbal. • querer: verbo principal no Infinitivo. • Quero: verbo principal no Presente do Indicativo, na 1ª pessoa do singular. Isto é, “quero”, quando substitui “eu estou a querer”, é conciso. No entanto, para esta concisão foram necessários vários processos coesivos, como conjugar o verbo principal, no tempo do verbo auxiliar, na pessoa do pronome. Coesão/concisão: antônimas (o contrário) de prolixidade (é o ato de dizer a mesma coisa com um maior número de palavras). Texto (o texto em si) <fato>. Intratexto (entrelinhas do texto, o que se pode entender, concluir sobre o texto, interpretando-o) <inferência>. Intertexto (relação do texto com a realidade ou com outros textos) <julgamento>. “O aborto deve ser rapidamente legalizado, de forma que seja dado à mulher o direito de escolher entre a continuida- de ou interrupção da gravidez a qualquer momento. Vários países já aceitam o aborto.” De acordo com o texto acima, observe a classificação dos fragmentos como intratexto ou intertexto. a) A mulher deve escolher se quer ou não abortar. (in- tratexto) b) O texto faz oposição ao conceito religioso de que só a Deus cabe dar ou retirar a vida humana. (intertexto) c) O direito constitucional à vida é ferido na argumenta- ção do autor favorável ao aborto. (intertexto) d) Como muitos países já possuem a prática legalizada do aborto, o Brasil precisa permitir que a mulher decida plenamente sobre sua gestação. (intratexto) SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES Elementos da Comunicação Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação. Emissor – emite, codifica a mensagem. Receptor – recebe, decodifica a mensagem. Mensagem – conteúdo transmitido pelo emissor. Código – conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem. Referente – contexto relacionado a emissor e receptor. Canal – meio pelo qual circula a mensagem. Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são tam- bém referentes e exercem influência sobre a comunicação. Funções da Linguagem Função emotiva (ou expressiva): centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalecem a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias,memórias, poesias líricas e cartas de amor. No Texto “AH! PERDI A TRAMONTANA! AGARREI A GAR- RAFA QUE ESTAVA NA MINHA FRENTE E ABRI A CABEÇA DA SANTA CRIATURA COM UMA PANCADA HORRÍVEL! DE NADA MAIS ME LEMBRO. OUVI UM BERRO, UM CLAMOR. SENTI O PÂNICO EM REDOR DE MIM E CORRI PARA A RUA COMO UM ÉBRIO. FOI QUANDO ...” (MONTEIRO LOBATO- “CIDADES MORTAS” – P. 91) Função referencial (ou denotativa): centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos. MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA – ABERTO DAS 9:00 ÀS 18:00 HORAS, R. DO OUVIDOR, Nº 507 – RIO DE JANEIRO. Função apelativa (ou conativa): centraliza-se no recep- tor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. ANTES DE ESCOLHER SEU CARRO PARA 97, VÁ A UMA CONCESSIONÁRIA FORD./BEBA COCA COLA./VOTE EM “X”: A ESCOLHA DO ELEITOR INTELIGENTE./AH! FINALMENTE UM NOVO BANCO./SENTE-SE./SAIA./AGUARDE NA FILA./ nÃo FuMe. Função fática: centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a efici- ência do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares. OLÁ, COMO VAI?/PSIU! É COM VOCÊ QUE EU ESTOU FALANDO./HEI! HEI! VOCÊS LEMBRAM DE MIM? Função poética: centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, suges- tiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas propagan- das etc. Na Propaganda: PNEU CARECOU? HM TROCOU. (HM – REVENDEDOR DE PNEUS) Função metalinguística: centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da Lí n g u a P o r tu g u es a 10 poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem. VOCÊ SABE O QUE É INJEÇÃO ELETRÔNICA? É UM PROCESSO DE... (O TEXTO EXPLICA O QUE É E MOSTRA AS VANTAGENS DO CARRO “Y”, QUE É EQUIPADO COM ESSE DISPOSITIVO). Obs.: em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo. O uso de figuras de linguagem é um dos recursos empregados para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ou poetici- dade ao discurso. A utilização de figuras revela muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. Quando a palavra é empregada em sentido figurado, não denotativo, ela passa a pertencer a outro campo de signifi- cação, mais amplo e criativo, ou seja, no sentido conotativo. EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS Denotação e Conotação Uma palavra ou signo compreende duas polaridades: o significado (aspecto conceitual, a imagem mental abstrata) e o significante (aspecto concreto, gráfico, a imagem acústica). Assim, todas as palavras são signos, desde que apresentam essas duas faces. Quando desconhecemos o significado de uma palavra, a significação não se completa, pois só o que compreende- mos é o significante (o conjunto sonoro ou gráfico). Reunida ao seu significado, a palavra deixa de ser apenas um fenô- meno sonoro ou gráfico (significante). Um mesmo signo pode apresentar significados diversos, conforme o contexto em que os empregamos. O significado de uma palavra não é somente aquele dado no dicionário; a palavra adquire sentidos diferentes quando inserida em novos contextos. A essa pluralidade de significados dá-se o nome de polissemia. Veja o exemplo a palavra corrente: cadeia de metal, grilhão (a corrente); a água que corre (água corrente); fácil, fluente (estilo corrente); sabido de todos (fato corrente); decurso de tempo (mês corrente); circulação de ar (corrente de ar); fluxo de água (corrente de água, corrente marinha); fluxo de energia elétrica (corrente elétrica); grupo de indivíduos que representam ideias, tendências, opiniões (corrente literária) etc. Quando escrevemos, valemo-nos do significado da palavra para expressar nossas ideias. Um vocabulário bem escolhido transmite mais adequadamente a mensagem que codificamos. Se queremos ser objetivos no que redigimos, precisamos utilizar uma linguagem denotativa, portanto, referencial. Essa linguagem é aquela cujo significado real encontramos no dicionário. É a palavra empregada na sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade con- creta ou imaginária. Ao evocarmos ideias através do filtro da nossa emoção, da nossa subjetividade, temos a conotação, que corresponde a uma transferência do significado usual para um sentido figurado. 1. “A corrente marítima não manteve o barco na rota.” 2. “A gente vai contra a corrente Até não poder resistir Na volta do barco é que sente O quanto deixou de cumprir.” (Chico Buarque) No exemplo 1 as palavras corrente e barco foram usados denotativamente. Já no exemplo 2, podemos observar: cor- rente é metáfora de resistência e barco significa mudança de rumo. FIGURAS DE LINGUAGEM O uso de figuras de linguagem é um dos recursos em- pregados para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso. A utilização de figuras revela muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. Quando a palavra é empregada em sentido figurado, não denotativo, ela passa a pertencer a outro campo de signifi- cação, mais amplo e criativo, ou seja, no sentido conotativo. Figuras de Sintaxe As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da ora- ção, sua ordem, possíveis repetições ou omissões. As figuras de sintaxe podem ser construídas por: • Omissão: assíndeto, elipse e zeugma. • Repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto. • Inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage. • Ruptura: anacoluto. • Concordância ideológica: silepse. Assíndeto Ocorre assíndeto quando orações ou palavras que de- veriam vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas “Fere, mata, derriba denodado...” (Camões) “Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado, a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados, o guarda-civil sorria, passavam bicicletas, a menina pisou a relva para pegar um pássaro, o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo ao redor de Clara.” (Carlos Drummond de Andrade) “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apartando-se, fundindo-se.” (Machado de Assis) Elipse Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Lí n g u a P o r tu g u es a 11 Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, pre- posições ou verbos. “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.” (Rubem Braga) Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias). “Sentei-me na cama, uma dor aguda no peito, o coração desordenado.” (Antônio Olavo Pereira) Elipse da preposição com (com uma dor...) e do conectivo e (e o coração). “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Camões) Elipse do verbo haver (no mar há tanta ...) Zeugma Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição. “Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.” (CamiloCastelo Branco) Zeugma do verbo: e foram assassinados...” “Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo; Bernardes para a cela, para si, para o seu coração.” (Antônio Feliciano de Castilho) Zeugma do verbo viver: “Bernardes vivia para a cela...” Anáfora Ocorre anáfora quando há repetição intencional de pa- lavras no início de um período, frase ou verso. “Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima) “Eu quase não saio Eu quase não tenho amigo Eu quase não consigo Ficar na cidade sem viver contrariado.” (Gilberto Gil) Pleonasmo Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundância de significado. a) Pleonasmo literário É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. É um recurso estilístico que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem. “Iam vinte anos desde aquele dia Quando com os olhos eu quis ver de perto Quanto em visão com os da saudade via.” (Alberto de Oliveira) “Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçal- ves Dias) “Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa) b) Pleonasmo vicioso É o desdobramento de ideias que lá estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras. Exemplos: subir para cima hemorragia de sangue entrar para dentro monopólio exclusivo repetir de novo breve alocução ouvir com os ouvidos principal protagonista Polissíndeto Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e ). “Vão chegando as burguesinhas pobres, e as criadas das burguesinhas ricas e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.” (Manuel Bandeira) “O quinhão que me coube é humilde, pior do que isto: nulo. Nem glória, nem amores, nem santidade, nem heroísmo.” (Otto Lara Resende) Anástrofe Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas (determinante x determinado). “Tão leve estou que foi já nem sombra tenho.” (Mário Quintana) Estou tão leve.... “Começa o Mundo, enfim, pela ignorância.” (Gregório de Matos) O mundo começa.... Hipérbato Ocorre hipérbato quando há uma inversão complexa de membros da frase. “Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.” (Carlos Drum- mond de Andrade) As belas passeiam na Avenida à tarde. “Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.” (Camões) Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de rosas nas cabeças. Sínquise Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado. “A grita se alevanta ao Céu, da gente.”(Camões) A grita da gente se alevanta ao Céu. “... entre vinhedo e sebe Corre uma linfa, e ele no seu de faia De ao pé do Alfeu tarro escultado bebe.” (Alberto de Oliveira) Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu tarro escultado, de faia (árvore) de ao pé do Alfeu (imagem do rio Alfeu) Hipálage Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adje- tivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase) “... em cada olho um grito castanho de ódio.” (Dálton Trevisan) Lí n g u a P o r tu g u es a 12 ...em cada olho castanho um grito de ódio.. “... as lojas loquazes dos barbeiros.” (Eça de Queirós) ... as lojas dos barbeiros loquazes. Anacoluto Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sin- tático com que se inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática definida. “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas” (Alcântara Machado) “Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas de tão imprestáveis.” (José Lins do Rego) Silepse Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia a elas associada. a) Silepse de gênero Ocorre quando há discordância entre os gêneros grama- ticais (feminino ou masculino) “O animal é tão bacana mas também não é nenhum banana.” (Enriques, Bardotti e Chico Buarque) “Admitindo a ideia de que eu fosse capaz de semelhante vilania, Sua Majestade foi cruelmente injusto para comigo” (Alexandre Herculano) b) Silepse de número Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural). “Esta gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.” (Garret) “Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário Barreto) c) Silepse de pessoa Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal. “A gente não sabemos escolher presidente A gente não sabemos tomar conta da gente.” (Roger Rocha Moreira) “Ambos recusamos praticar este ato.” (Alexandre Her- culano) Figuras de Pensamento As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico. Antítese Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. “Amigos e inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal.” (Rui Barbosa) “Onde queres prazer sou o que dói E onde queres tortura, mansidão Onde queres um lar, revolução E onde queres bandido sou herói” (Caetano Veloso) Apóstrofe Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e utilizada para dar ênfase à expressão. “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” (Castro Alves) “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres Que ninguém mais merece tanto amor e amizade” (Vi- nícius de Morais) Paradoxo Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas de ideias que se contradizem. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.” (Camões) “Este Amor, que, afinal, é a minha vida e que será, talvez, a minha morte, amor que me acalora e me intimida, que me põe fraco quanto me põe forte; este Amor, que é um broquel e é uma ferida, vai decidir, por fim, a minha sorte.” (Hermes Fontes) Eufemismo Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. “Si alguma cunhatã se aproximava dele para fazer fes- tinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava.” (Mário de Andrade) “E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague.” (Chico Buarque) Gradação Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensificam uma mesma ideia. “Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela, Rota, baça, nojenta, vil Sucumbiu....” (Raimundo Correia) “Os que a servem [a Pátria] são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo.” (Rui Barbosa) Hipérbole Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto. “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac) “Um quarteirão de peruca para Clodovil Pereira.” (José Cândido Carvalho) Lí n g u a P o r tu g u es a 13 “Na chuva de cores Da tarde que explode A lagoa brilha” (Carlos Drummond de Andrade) Ironia Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é de- preciativaou sarcástica. “As moças entrebeijam-se porque não podem morder-se umas às outras. O beijo deles é a evolução da dentada da pré-avó.” (Monteiro Lobato) “Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.” (Mário de Andrade) Prosopopeia Ocorre prosopopeia quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres anima- dos a seres inanimados ou imaginários. Também a atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopeia, como este exemplo de Mário Quintana: “O peixinho (...) silencioso e levemente melancólico....” “... a Lua tal qual a dona do bordel pedia a cada estela fria um brilho de aluguel” (João Bosco & Aldir Blanc) “... os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul Bopp) “Um frio inteligente (...) percorria o jardim....” (Clarice Lispector) Perífrase/Antonomásia Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico, indivíduo ou situação que não se quer nomear. Na linguagem coloquial, antonomásia/perífrase é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo) do nome próprio. “Cidade maravilhosa Cheia de encantos mil Cidade maravilhosa Coração do meu Brasil.” (André Filho) [Rio de Janeiro] “E ao rabi simples, que a igualdade prega, Rasga e enlameia a túnica inconsútil.” (Raimundo Cor- reia) [Cristo] “O Genovês salta os mares....”(Castro Alves) [Colombo] O rei dos animais rugia alto diante da ameaça. (O leão) Figuras de Palavra As figuras de palavras consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação. Comparação Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conec- tivos comparativos explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – alguns verbos – parecer, assemelhar-se e outros. “Amou daquela vez como se fosse máquina. Beijou sua mulher como se fosse lógico. Ergueu no patamar quatro paredes flácidas. Sentou pra descansar como se fosse um pássaro. E flutuou no ar como se fosse um príncipe. E se acabou no chão feito um pacote bêbado.” (Chico Buarque) “A liberdade das almas, frágil, frágil como o vidro.” (Ce- cília Meireles) “Meu amor me ensino a ser simples Como um largo de igreja.” (Oswald de Andrade) Metáfora Ocorre metáfora quando um termo substitui outro atra- vés de uma relação de semelhança resultante da subjetivida- de de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido. “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.” (Carlos Drummond de Andrade) “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis) “O Pão de Açúcar era um teorema geométrico.” (Oswald de Andrade) “Minhas sensações são um barco de quilha pro ar.” (Fernando Pessoa) Metonímia Ocorre metonímia quando há substituição de uma pa- lavra por outra, havendo entre ambas grau de semelhança, relação, proximidade de sentido, ou implicação mútua. Tal substituição realiza-se de inúmeros modos: “O continente pelo conteúdo e vice-versa Antes de sair, tomamos um cálice de licor. O conteúdo de um cálice. A âncora pesada do sal feria. [O mar] A causa pelo efeito e vice-versa “E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento.”(Vinícius de Morais) [Com trabalho] Sou alérgico a cigarro. [à fumaça] O lugar de origem ou de produção pelo produto Comprei uma garrafa do legítimo porto. [O vinho da cidade do Porto] Ofereceu-me um havana. [Um charuto produzido em Havana] O autor pela obra Ela aprecia ler Jorge Amado. (A obra de Jorge Amado.) Compre um Portinari. (Um quadro do pintor Cândido Portinari.) o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu coração. (Sentimento, sensibilidade) A velhice deve ser respeitada. (As pessoas idosas.) O símbolo pela coisa simbolizada: A coroa foi disputada pelos revolucionários. (O poder.) Lí n g u a P o r tu g u es a 14 Não te afastes da cruz. (O cristianismo.) A matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze soa. (O sino.) Joguei duas pratas no chapéu do mendigo. (Moedas de prata.) o inventor pelo invento: Edson ilumina o mundo. (A energia elétrica.) A coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura. (Ao edifício da Prefeitura.) O instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo. ( Guloso, glutão) Sinédoque Ocorre sinédoque quando há substituição de um tempo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra. Encontramos sinédoque nos seguintes casos: O todo pela parte e vice-versa: “A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pis- toleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo.” (José Cândido de Carvalho) [O povo. Parte das patas] O singular pelo plural e vice-versa: O paulista é tímido; o carioca, atrevido. (Todos os pau- listas. Todos os cariocas.) O indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os artistas ele foi um mecenas. (Protetor) Este homem é um harpagão. (Avarento) Catacrese A catacrese é um tipo especial de metáfora, “é uma espé- cie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já fora do âmbito esti- lístico” (Othon Moacir Garcia). Exemplos de catacrese: folhas de livro pé de mesa dente de alho braço do rio céu da boa leito do rio mão de direção barriga da perna asas do nariz embarca no trem língua de fogo miolo da questão Leia um poema de José Paulo Paes, onde predomina a catacrese: Inutilidades Ninguém coça as costas da cadeira Ninguém chupa a manga da camisa O piano jamais abana a cauda Tem asa, porém não voa, a xícara De que serve o pé da mesa se não anda? E a boca da calça se não fala nunca? Nem sempre o botão está na sua casa O dente de alho não morde coisa alguma. Ah! se tratassem os cavalos do motor... Ah! se fosse até o circo o macaco do carro.... Então a menina dos olhos comeria Até o bolo esportivo e bala de revólver. Alegoria A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um referencial e outro metafórico. “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mes- mos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente...” (Machado de Assis) “A vida é um grande poema em estrofes variadas; umas em opulentos alexandrinos de rimas milionárias; outras, frouxas, quebradas, misérrimas, mas o refrão é um para todas, sempre o mesmomorrer. “ (Olavo Bilac) SINTAXE Sujeito É o ser de quem se declara algo. 1.Determinado Simples (SDS): possui um só núcleo expresso. Ex.: Jonas leciona Português. 2.Determinado Composto (SDC): possui mais de um núcleo expresso. Ex.: Lena e Val se amam. 3.Determinado Oculto, Elíptico, Desinencial (SDO): quando os pronomes Eu, Tu, Ele/Ela, Nós, Vós não aparecem expressos. Ex.: Sou feliz. (eu) Vivemos bem. (nós) 4.Indeterminado (SI):a)quando Eles/Elas não apare- cem expressos. Ex.: Leram livros (eles/elas). b)3ª. p.sing.+ “-se” como Índice de Indeterminação do Sujeito (I.I.S.). Ex.:Precisa-se de emprego. 5.Inexistente ou Oração Sem Sujeito (OSS): só há pre- dicado, sem referência a nenhum ser. Ocorre com verbos impessoais: fenômenos naturais, haver no sentido de existir, fazer e haver indicando tempo decorrido. Ex.: Anoiteceucedo. Há ótimos alunos aqui. Faz dez anos que a amo. Macetes de Sintaxe da Oração 1. Sublinhe o verbo da oração. 2. Pergunte “Quem?” antes do verbo. A resposta será o Sujeito <S>. 3. Pergunte “o quê?” ou “quem?” depois do verbo. A resposta será o Objeto Direto <OD>. 4. Pergunte “preposição + quê?” ou “preposição + quem?” depois do verbo. A resposta será Objeto Indireto <OI>. Exceção: OD Preposicionado, que possui preposição expletiva. 5. Pergunte “preposição + quê?” ou “preposição + quem?” depois de um nome*. A resposta será Complemento Nominal <CN>. 6. * Consideram-se nomes para o Complemento No- minal todos os Substantivos <Subst>, Adjetivos <Adj> e Advérbios <Adv>. 7. o Predicado Verbal <PV> é composto por Verbo In- transitivo <VI> ou Verbo Transitivo <VT> + Objeto(s). 8. o Predicado Nominal <PN> é composto por Verbo de Ligação <VL> + Predicativo(s) <Pvo>. 9. o Predicado Verbo-Nominal <PVN> é composto pela mistura de elementos do Predicado Verbal com elementos do Predicado Nominal. 10. O Adjunto Adnominal <AA> acompanha geralmente os núcleos, referindo-se a eles, concordando com eles, exceto conectores, pois conectivo não tem função sintática. 11. o Adjunto Adverbial é o Advérbio ou Locução Ad- verbial da Morfologia. Lí n g u a P o r tu g u es a 15 12. a Locução Verbal <LV> acontece quando há dois ou mais verbos juntos. 13. Ocorre Índice de Indeterminação do Sujeito <IIS> com os verbos: Intransitivo, de Ligação, Transitivo Indireto, Transitivo Direto com Objeto Direto Preposicionado (na 3ª pessoa do singular). 14. Ocorre Partícula Apassivadora <PA> quando o Verbo Transitivo Direto concorda em número (singular e plural) com o Substantivo (não-preposicionado) a que se refere. 15. Ocorre Locução Verbal Intransitiva <LVI> geralmen- te quando a frase é transformada da Voz Passiva Sintética <VPS> para a Voz Passiva Analítica <VPA>, se não houver trânsito de Objetos. Nesse caso, há Predicado Verbal, pois a locução é formada por verbo auxiliar + particípio. 16. A dúvida entre AA e CN acontecerá quando o termo antecedente ao termo preposicionado for deverbal (prove- niente de verbo) e abstrato. Nesse caso, deve-se descobrir se o termo preposicionado é possuidor do antecedente (AA) ou se o sentimento do antecedente recai sobre o termo preposicionado <CN> (Complemento Nominal). 17. Substitua o núcleo do Objeto por um desses prono- mes de acordo com a concordância: o, a, os, as. Se o adjetivo puder ser lido após o pronome coerentemente e soar bem, ele será Predicativo do Objeto <Pvo. Ob>. Se, ao ser lido após o pronome, o adjetivo não soar bem, será Adjunto Adnomi- nal <AA>. o Pvo. Ob. é momentâneo, dado por outrem. Já o AA é próprio da natureza do núcleo. Perceba que antes chamávamos o Sujeito de Simples, Composto, Oculto e, hoje, anteposta a esta classificação vem a palavra Determinado, como vários concursos já cobram. Isso porque, nas três classificações acima, consegue-se de- terminar o sujeito. Exemplo 1: Marcos Roberto faz artesanato. Pergunta: quem faz artesanato? Resposta: Marcos Roberto = Sujeito Determinado Simples Exemplo 2: Marcos e Suzanne são irmãos. Pergunta: quem são irmãos? Resposta: Marcos e Suzanne = Sujeito Determinado Composto Exemplo 3: Gostamos muito deles. Pergunta: quem gostamos muito deles? Resposta: Nós (não aparece) = Sujeito Determinado Oculto Repare que os exemplos 1,2,3 têm sujeitos Simples, Composto e Oculto, respectivamente. Entretanto, todos são determinados. Ou seja, em um concurso, poder-se-ia formular o item: as orações 1,2,3 têm Sujeito Determinado. (Resposta: Verdadeiro) 4. Sujeito Indeterminado 1)3ª pessoa do plural (Eles/Elas) não aparece. Exemplo: Venderam carros. Pergunta: quem venderam carros? Resposta: Eles/Elas = Sujeito Indeterminado 2)3ª pessoa do singular acrescida de “-SE” como Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS) 2.1) com Verbo Transitivo Indireto Exemplo: Precisa-se de empregados. Pergunta: precisa-se de quê? Resposta: de empregados = Objeto Indireto Logo, precisa = Verbo Transitivo Indireto -SE= Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS) 2.2) com Verbo Intransitivo Exemplo: Vive-se melhor nas cidades pequenas. Pergunta: vive-se como? Resposta: melhor = Adjunto Adverbial de Modo Pergunta: vive-se melhor onde? Resposta: nas cidades pequenas = Adjunto Adverbial de Lugar Logo, vive = Verbo Intransitivo -SE= Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS) 2.3) com Verbo de Ligação Exemplo: Era-se feliz naqueles tempos. Feliz = Predicativo Pergunta: quando? Resposta: naqueles tempos = Adjunto Adverbial de Tempo Logo, era = Verbo de Ligação -SE= Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS) 2.4) com Verbo Transitivo Direto e Objeto Direto Preposicionado Exemplo: Ama-se aos pais. Pergunta: quem ama, ama alguém? Resposta: aos pais = Objeto Direto Preposicionado Logo, ama = Verbo Transitivo Direto -SE= Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS) Diferença entre o Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS) e a Partícula Apassivadora (PA) Já observamos que o Índice de Indeterminação do Sujeito pode acontecer nas quatro situações descritas acima (VTI, VI, VL, VTD + OD Preposicionado). A Partícula Apassivado- ra, por sua vez, acontece quando há Voz Passiva Sintética, podendo-se encontrá-la ao transformar a oração em Voz Passiva Analítica, quando o verbo for Transitivo Direto. Exemplo 1: Vende-se esta casa. (Voz Passiva Sintética) Vender é Verbo Transitivo Direto, logo, não é Índice de Indeterminação do Sujeito. Como há concordância entre o verbo e o substantivo, a frase está na Voz Passiva Sintética e pode ser reescrita na Voz Passiva Analítica. Assim: Esta casa é vendida. (Voz Passiva Analítica) Esta casa = Sujeito Determinado Simples e Paciente -SE= Partícula Apassivadora Exemplo 2: Compram-se carros. (Voz Passiva Sintética) Comprar é Verbo Transitivo Direto, logo, não é Índice de Indeterminação do Sujeito. Como há concordância entre o verbo e o substantivo, a frase está na Voz Passiva Sintética e pode ser reescrita na Voz Passiva Analítica. Assim: Carros são comprados. (Voz Passiva Analítica) Carros = Sujeito Determinado Simples e Paciente -SE= Partícula Apassivadora Exemplo 3: Estuda-se várias matérias. Exemplo 4: Compram-se pipoca. Estudar e comprar são Verbos Transitivos Diretos, logo, não se trata de Índice de Indeterminação do Sujeito. Como não há concordância entre os verbos e os substantivos (“es- tuda” com “matérias” e “compram” com “pipoca”), a frase não está na Voz Passiva Sintética e não pode ser reescrita na Voz Passiva Analítica. Assim: há erro de Sintaxe, pois as orações não estão de acordo com a Norma Culta Padrão. 5. Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito: 1. verbo haver no sentido de existir Exemplo: Há filmes bons hoje no Brasil. Lí n g u a P o r tu g u es a 16 2. verbos fazer, haver e ir indicando tempo decorrido Exemplos: Faz anos que a amo. Há onze anos que eu leciono. Ia o tempo da juventude. 3. verbos indicando fenômenos da natureza: chover, trovejar, ventar, nevar, relampejar, etc. Exemplo: Nevou no Rio Grande do Sul. 4. verbo ser indicando tempo Exemplo: Foi um bom período de outono. Predicado O PREDICADO encerra uma declaração sobre o sujeito. Exemplo: ana dorme tarde. SDS Predicado Tudo o que não é sujeito faz parte do predicado. As ora- ções em que o Sujeito é Oculto, Indeterminado ou Inexistente têm todos os seus termos compondo o predicado. Exemplos: Nasci em Santos. (Sujeito Determinado Oculto) Morreram. (Sujeito Indeterminado) Necessita-se de atenção.(Sujeito Indeterminado) Chove muito em São Paulo. (Sujeito Inexistente) Predicado Verbal É composto por Verbo Intransitivo ou Verbo Transitivo mais Objeto. 1. Verbo Intransitivo: não precisa de complemento, geralmente vem acompanhado por Adjuntos Adverbiais. Ex.: João Carlos nasceu no estado de São Paulo. SDS VI Adjunto Adverbial de Lugar 2. Verbo Transitivo mais Objeto Ex.: Comprei flores paraVera. SDOc.(Eu) VTDI OD OI Complementos Verbais 1.Objeto Direto Simples: responde à pergunta “o quê?” ou “quem?” depois do verbo. Exemplo: Leram revistas ontem S Ind. VTD OD A. Adv. Tempo 2.Objeto Direto Duplo: possui dois núcleos. Exemplo: Compramos livros e apostilas. SDOc. VTD OD 3.Objeto Direto Pronominal: é substituído por um pro- nome oblíquo. Exemplos : Ofereci flores. SDOc. VTD OD Ofereci – as SDOc. VTD OD 4.Objeto Direto Preposicionado: complementa o Verbo Transitivo Direto, no entanto, é antecedido por uma pre- posição. Facilmente o confundimos com o Objeto Indireto, devido à preposição. Para que isso não aconteça, repare nos próximos exemplos, em que o Objeto Indireto soa estranho quando lhe é retirada a preposição. Motivo: a preposição do Objeto Indireto (termo regido) está implícita no Verbo Transitivo Indireto (termo regente), já a preposição do Objeto Direto Preposicionado só pertence ao Objeto Direto (termo regido) e não ao Verbo Transitivo Direto (termo regente). Exemplos: Preciso de atenção. SDOc. VTI OI Exemplo 2: Preciso atenção. (Não soa bem.) (Erro de regência) Exemplo 3: Estimo os meus colegas. SDOc. VTD OD Exemplo 4: Estimo aos meus colegas. SDOc. VTD OD Prep. Perceba nos próximos exemplos que a preposição do Objeto Direto Preposicionado sempre poderá ser retirada. Ex.1: A nova determinação inclui todos. SDS VTD OD Ex.2: A nova determinação inclui a todos. SDS VTD OD Prep. Ex.3: Essas medidas agridem aos mais humildes. Ex.4.: A decisão prejudicou aos trabalhadores. Ex.5: Eu e sua mãe conhecemos aos seus amigos. Ex.6: A crise atinge ao povo brasileiro. 5. Objeto Direto Pronominal implicitamente Prepo- sicionado Exemplo 1: Todos conhecem Caetano Veloso. SDS VTD OD Exemplo 2: Todos conhecem- no SDS VTD OD Pron. Exemplo 3: Todos conhecem a Caetano Veloso. SDS VTD OD Prep. Exemplo 4: Todos conhecem -lhe SDS VTD OD Pron. Implic. Prep. 6.Objeto Direto Pronominal Pleonástico: já sabemos que o Pleonasmo é uma repetição (redundância) seja de sentido, palavra ou termo sintático. Quando já há o Objeto Direto, geralmente iniciando a frase, e um outro pronome fazendo alusão a ele, tem-se o Objeto Direto Pleonástico. Ex.1: o livro, eu o li ontem. OD SDS OD Pleon. VTD A.Adv.Tempo Ex.2: A matéria, nós a estudamos na escola. OD SDS OD Pleon. VTD A.Adv.Lugar Ex.3: As flores, compraram-nas na floricultura. OD S Ind. VTD OD Pleon. A.Adv.Lugar 7.Objeto Direto Pronominal Pleonástico implicitamente Preposicionado Ex.: Os alunos, a prova prejudicou-lhes. 8.Objeto Direto Cognato: o verbo e o objeto são da mesma família, quanto à etimologia. Ex. 1: Os ricos vivem uma vida agradável. SDS VTD OD Cognato Ex. 2: Os desempregados choram um choro amargo. SDS VTD OD Cognato 9.Objeto Direto Interno: o verbo e o objeto pertencem ao mesmo campo semântico (significado). Ex.1: As crianças dormem um sono de entrega. Ex.2: Nós choramos lágrimas de crocodilo. 10.Objeto Indireto Dativo de Posse: possui valor posses- sivo e é sempre pronominal (pronome oblíquo). Observação: alguns gramáticos classificam este pronome como Adjunto Adnominal (AA). Ex. 1: Furtaram-lhe a casa. (lhe=sua) Ex. 2: Algemaram-me a mão. (me=minha) 11.Objeto Indireto Simples: responde à pergunta “(pre- posição) quê?” ou “(preposição) quem?” depois do verbo. Ex.: Gosto de praia no verão. Lí n g u a P o r tu g u es a 17 12.Objeto Indireto Duplo: possui dois núcleos. Ex.: Preciso de atenção e de carinho. 13.Objeto Indireto Pronominal: quando o Objeto Indi- reto é representado pelos pronomes: me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Ex.: Trouxe-lhe flores. 14.Objeto Indireto Pronominal Pleonástico Ex.1: Para Vera, dei-lhe meu amor. Ex.2: Ao professor, ofereci-lhe respeito. Além dos Verbos Intransitivos, Transitivos Diretos e Indiretos, Objetos Diretos e Indiretos, até aqui você tam- bém já aprendeu que o Advérbio ou Locução Adverbial da Morfologia são chamados de Adjuntos Adverbiais. Cabe ressaltar ainda que Adjuntos Adnominais são os termos que acompanham os núcleos do Sujeito e do Objeto Direto. Renato Aquino admite mais dois objetos I. Objeto Indireto de Opinião: exprime a opinião de alguém, podendo aparecer com verbo de ligação. Não é abonado pela NGB: Para mim, você se enganou. Ele nos parece competente. II. Objeto Indireto de Interesse: demonstra o interesse de alguém na ação verbal. É conhecido também como dativo ético. Não aparece na NGB. Exemplos: Não me risque essa parede, garoto! “Tirem-me daqui a metafísica!” (Fernando Pessoa) Predicado Nominal É composto por Verbo de Ligação mais Predicativo. 1.Verbos de Ligação: possuem a função de apenas ligar o sujeito à sua característica (Predicativo do Sujeito). Vários verbos podem ser considerados de ligação, já que na atuali- dade analisa-se tudo a partir do contexto. Neste caso, verbos intransitivos como viver ou andar, por exemplo, podem ser contextualmente verbos de ligação, bem como os Verbos Transitivos. Veja alguns: terminar, viver, continuar, andar, ficar, estar, ser, parecer, permanecer. Importante: para ter certeza, substitua na oração o ver- bo pelos seis verbos sublinhados, se der certo com os seis, é porque o verbo em questão contextualmente é de Ligação. Exemplo 1: eu sou feliz. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 2: ela continua atenta. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 3: Lourdes vive em São Vicente. SDS VI A.Adv.Lugar Exemplo 4: Renato vive sorridente. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 5: Renilza anda na praia. SDS VI A.Adv.Lugar Exemplo 6: Renilda anda alegre. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 7: Roberto terminou a faculdade. SDS VTD OD Exemplo 8: Regina terminou religiosa. SDS VL Predicativo do Sujeito 2.Predicativo: é o adjetivo (ou substantivo com valor adjetivo) que atribui uma característica ao substantivo, seja ele núcleo do Sujeito ou do Objeto. Exemplo 1: João permanece atento. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 2: Renira parece decidida. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 3: Márcia é eficaz. SDS VL Predicativo do Sujeito Exemplo 4: Joaquim é português. SDS VL Predicativo do Sujeito 3.Complemento nominal: responde à pergunta “(pre- posição) quê?” ou “(preposição) quem?” depois de um nome. Consideram-se nomes os Substantivos, Adjetivos e Advérbios. Exemplos: A dedicação de Raquel ao Jornalismo é louvável. SDS CN VL Pvo. Suj. Omar e Roberta agiram favoravelmente ao Gustavo. SDC VI A.Adv.Modo
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