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FEUP | MIEIG & MIEM | Ano letivo 2013/14 Parte 1: Fundamentos de Gestão da Qualidade 3. 3. 3. 3. Melhoria da QualidadeMelhoria da QualidadeMelhoria da QualidadeMelhoria da Qualidade (v1 em 2 de setembro) José A. Faria, jfaria@fe.up.pt Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Departamento de Engenharia e Gestão Industrial Setembro de 2013 Disciplina: Gestão da Qualidade Total Conteúdo 1. Qualidade como aptidão ao uso 2. Aptidão ao uso versus conformidade 3. Orientação ao cliente 4. Melhoria contínua 5. O ciclo PDCA Anexos: A. Conhecer as necessidades dos clientes B. Projetos de melhoria contínua 1. Qualidade como aptidão ao uso1. Qualidade como aptidão ao uso1. Qualidade como aptidão ao uso1. Qualidade como aptidão ao uso Qualidade: o que é? • Será que a qualidade de um produto ou serviço: • se “esgota” na conformidade com as especificações, • ou terá outras dimensões para além da conformidade? • Para nos ajudar a refletir, considere-se de novo a questão anterior QualidadeQualidadeQualidadeQualidade: o que é: o que é: o que é: o que é?”?”?”?” mas agora tendo por referência a relação entre o fabricante automóvel e o cliente final. Qualidade: o que é? Mercado (Clientes) Fabricante automóvel Q = ? ���� resumirresumirresumirresumir----sesesese----á à conformidade com as á à conformidade com as á à conformidade com as á à conformidade com as especificações?especificações?especificações?especificações? Qualidade: o que é? Do ponto de vista do cliente final, � em que consiste a qualidade?em que consiste a qualidade?em que consiste a qualidade?em que consiste a qualidade? Não!Não!Não!Não! Qualidade: o que é? Agora há múltiplos aspetos ou dimensões a considerar na análise da qualidade do produto: � Fiabilidade � Desempenho � Design � Ergonomia � Economia � Assistência � … Dimensões da Qualidade Fonte: Bo Bergman, Chalmers University of Technology em Produtos em Serviços Qualidade: o que é? um dado produto ou serviço “terá qualidade” se corresponder às necessidades e expetativas dos clientes a que se destina. Mercado (Clientes) Necessidades e Expectativas Automóveis Fabricante automóvel Qualidade: o que é? � Esta mesma ideia foi expressa por Joseph Juran (outro dos grandes mentores da qualidade) como: Qualidade é a aptidão ao usoQualidade é a aptidão ao usoQualidade é a aptidão ao usoQualidade é a aptidão ao uso J. J. J. J. JuranJuranJuranJuran Qualidade o que é? � Daqui, pode concluir-se que: � a qualidade não é algo inerente aos produtos ou serviços, � mas depende da avaliação que os clientes fazem desses produtos e serviços � Conforme afirmou Alvin Toffler, autor de “A terceira vaga”: A qualidade é definida pelo clienteA qualidade é definida pelo clienteA qualidade é definida pelo clienteA qualidade é definida pelo cliente A. A. A. A. TofflerTofflerTofflerToffler Qualidade como aptidão ao uso • Tenha-se como exemplo o mercado dos telemóveis. • Para alguém que tenha necessidade constante de visualizar vídeos, navegar na internet e que dê importância à estética, o iphone é um telemóvel de grande qualidade. • No entanto, já não o é para alguém que pretenda um telemóvel resistente a quedas e que o utilize apenas para efetuar chamadas de voz e enviar mensagens. Extrato do exercício “Síntese de conceitos de GQ” de um aluno de GQT. 2222. Aptidão ao uso versus conformidade. Aptidão ao uso versus conformidade. Aptidão ao uso versus conformidade. Aptidão ao uso versus conformidade Qualidade o que é? Para concluir esta reflexão sobre a qualidade dos produtos e serviços, vamos regressar à questão Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade o que éo que éo que éo que é???? e mostrar que as duas definições: Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade = = = = Conformidade com as especificaçõesConformidade com as especificaçõesConformidade com as especificaçõesConformidade com as especificações Qualidade Qualidade Qualidade Qualidade = Aptidão ao uso= Aptidão ao uso= Aptidão ao uso= Aptidão ao uso • não apenas são são são são compatíveis, como até são complementarescompatíveis, como até são complementarescompatíveis, como até são complementarescompatíveis, como até são complementares. Qualidade o que é? • A conformidade é uma dimensão da qualidade que deve estar sempre presente, • mas isso não significa que a qualidade se “esgote” na qualidade se “esgote” na qualidade se “esgote” na qualidade se “esgote” na conformidadeconformidadeconformidadeconformidade com as especificações. De facto, de pouco adiantará produzir produtos ou prestar serviços de acordo com as especificações, se essas especificações não corresponderem às necessidades dos clientes, porque ninguém irá querer adquirir esses produtos. A aptidão ao usoaptidão ao usoaptidão ao usoaptidão ao uso é uma definição mais abrangente é uma definição mais abrangente é uma definição mais abrangente é uma definição mais abrangente que inclui a conformidade com as especificações � pois um produto com defeitos � não será certamente � um produto “apto ao uso”. Qualidade o que é? Conformidade Aptidão ao uso Satisfação dos Clientes Ausência de defeitos Qualidade o que é? Conformidade com as especificações é uma definição bem adaptada às situações em que há uma especificação clara dos requisitos do produto, tal como acontecia na primeira relação cliente/fornecedor que considerámos. Especificações do produto Fábrica de peças Fábrica de montagem Qualidade o que é? Em casos como este, em que � a satisfação do cliente � depende fundamentalmente � do cumprimento das � especificações e em que � se confundem os conceitos � de aptidão ao uso e conformidade � com as especificações, é preferível adotar a definição conformidade com as especificações por ser mais objetiva e, portanto, mais fácil de operacionalizar. Conformidade Aptidão ao uso Qualidade o que é? Já a aptidão ao uso é uma definição melhor adaptada às situações em que a empresa coloca produtos no mercado sem que o cliente especifique formalmente os requisitos, como acontecia na segunda situação considerada. Mercado (Clientes) Necessidades e Expectativas Automóveis Fabricante automóvel • De notar ainda que, entre as duas situações consideradas, há uma diferença fundamental pois, no segundo caso: Qualidade na produção e no projeto Mercado (Clientes) Fabricante automóvel a empresa é responsável pelo projeto do produtoempresa é responsável pelo projeto do produtoempresa é responsável pelo projeto do produtoempresa é responsável pelo projeto do produto, isto é, pela sua especificação. Qualidade na produção e no projeto • Como tal, além da Qualidade na Produção :Qualidade na Produção :Qualidade na Produção :Qualidade na Produção : � a empresa terá de se ocupar da Qualidade no Qualidade no Qualidade no Qualidade no ProjetoProjetoProjetoProjeto : � o que coloca novos desafios ao sistema de gestão da qualidade! isto é, a adequação das especificações do produto às necessidades dos clientes equivalente à conformidade do produto com as suas especificações 3333. Orientação ao cliente. Orientação ao cliente. Orientação ao cliente. Orientação ao cliente Introdução Ao se encarar a qualidade como a aptidão ao uso (ou, o que é equivalente, como a satisfação das necessidades e expetativas dos clientes), resultam duas novas ideias chaveduas novas ideias chaveduas novas ideias chaveduas novas ideias chave: � as empresas devem estar orientadas para o cliente as empresas devem estar orientadas para o cliente as empresas devem estar orientadas para o cliente as empresas devem estar orientadas para o cliente pois, só assim, serão capazes de conhecer profundamente as suas necessidades e expectativas � as as as as empresas devem procurar melhorar continuamente os seus empresas devem procurar melhorar continuamente os seus empresas devem procurar melhorar continuamente os seus empresas devem procurarmelhorar continuamente os seus produtosprodutosprodutosprodutos, uma vez que as necessidades e expectativas dos clientes também estão sempre a evoluir. Introdução � Estes dois princípios fundamentais da gestão da qualidade - Orientação ao cliente e Melhoria contínua – serão brevemente introduzidos de seguida. � Mais à frente, na 3ª parte da disciplina, quando forem abordadas as normas ISO9000, voltaremos a estes princípios. Orientação para o Cliente • As organizações dependem dos seus clientes e, por isso, devem conhecer as suas necessidades actuais e futurasnecessidades actuais e futurasnecessidades actuais e futurasnecessidades actuais e futuras, satisfazer os seus requisitos e procurar exceder as suas expectativas. A A A A funçãofunçãofunçãofunção maismaismaismais importanteimportanteimportanteimportante de de de de umaumaumauma empresaempresaempresaempresa é é é é detectardetectardetectardetectar as as as as modificaçõesmodificaçõesmodificaçõesmodificações do do do do mercadomercadomercadomercado e de e de e de e de estarestarestarestar prontaprontaprontapronta a a a a agiragiragiragir emememem conformidadeconformidadeconformidadeconformidade.... Taiichi Ohno Toyota Orientação para o cliente No desenvolvimento dos produtos é fundamental não gastar dinheiro com o que não é valorizado pelos utilizadores. É que há três maneiras de ir à falência: as mulheres, o jogo e os engenheiros. a primeira é a mais agradável, a segunda a mais rápida, e a terceira a mais segura. Yves Dubreil, Director do Projecto Twingo Orientação para o cliente � Conhecer as necessidades e expectativas dos clientes torna-se, assim, uma questão fundamental para as empresasquestão fundamental para as empresasquestão fundamental para as empresasquestão fundamental para as empresas. � Refletindo este facto: � a norma ISO9001norma ISO9001norma ISO9001norma ISO9001 inclui um conjunto de requisitos relativos aos clientes e � a gestão da qualidade oferece vários métodos para ajudar na compreensão das necessidades dos clientes (um dos quais, o modelo de Kano, é apresentado em anexo) Caso de estudo ZARA � Na página da disciplina, está disponível um caso de estudo sobre a empresa Zara. � Como se constatará pela análise desse caso, a Zara é uma empresa profundamente orientada ao cliente. � A análise do caso, também porá em evidência o papel central da engenharia dos processos de negócio na implementação do modelo de negócio da Zara. 4. 4. 4. 4. Melhoria contínuaMelhoria contínuaMelhoria contínuaMelhoria contínua Qualidade o que é? � Manter os produtos e serviços alinhados com as necessidades e as expectativas dos seus clientes, obrigaobrigaobrigaobriga as empresas a adotarem as empresas a adotarem as empresas a adotarem as empresas a adotarem estratégias de melhoria contínuaestratégias de melhoria contínuaestratégias de melhoria contínuaestratégias de melhoria contínua, tal como se verá no ponto seguinte. Melhoria contínua: porquê? Tal como a tecnologia e a concorrência estão em constante evolução, também as necessidades e as expetativas dos clientes necessidades e as expetativas dos clientes necessidades e as expetativas dos clientes necessidades e as expetativas dos clientes evoluem permanentementeevoluem permanentementeevoluem permanentementeevoluem permanentemente. A qualidade é um alvo móvel Melhoria contínua: porquê? � Para uma empresa permanecer competitiva, certamente, não lhe será suficiente oferecer produtos que, mesmo que estejam conformes com as especificações, deixem de corresponder às necessidades dos clientes. � Em vez disso, a empresa deverá melhorar continuamentemelhorar continuamentemelhorar continuamentemelhorar continuamente: � tanto os seus produtosos seus produtosos seus produtosos seus produtos, adaptando-os às novas exigências do mercado; � como os seus processos internosos seus processos internosos seus processos internosos seus processos internos, reduzindo custos e prazos de entrega. Melhoria contínua: porquê? Um ano sem evoluir é um ano ganho Um ano sem evoluir é um ano ganho Um ano sem evoluir é um ano ganho Um ano sem evoluir é um ano ganho pela pela pela pela concorrênciaconcorrênciaconcorrênciaconcorrência J. M. J. M. J. M. J. M. JuranJuranJuranJuran Melhoria contínua: porquê? A melhoria contínua deve, assim, constituir um A melhoria contínua deve, assim, constituir um A melhoria contínua deve, assim, constituir um A melhoria contínua deve, assim, constituir um objectivo permanente das organizações.objectivo permanente das organizações.objectivo permanente das organizações.objectivo permanente das organizações. Não basta fazer bem, é preciso procurar sempre fazer melhor. Melhoria contínua: porquê? A Toyota aplica diariamente 5.000 novas ideias sugeridas pelos seus 68.000 empregados. Na Toyota, quando um atelier funciona bem, é-lhe retirado um operário para ver como os outros vão compensar a sua ausência e, eventualmente, descobrir um processo de produção mais eficiente. J.P. Gosselin A experiência acumulada deu aos japoneses o reflexo de pensar sempre em termos de melhoramento. J. M. JuranJ. M. JuranJ. M. JuranJ. M. Juran Melhoria contínua e Inovação tecnológica Por oposição à inovação tecnológica que requer grandes investimentos, a melhoria contínua consiste: � na realização de múltiplos projetos de baixo custo múltiplos projetos de baixo custo múltiplos projetos de baixo custo múltiplos projetos de baixo custo � cada um dos quais de dimensão relativamente pequenadimensão relativamente pequenadimensão relativamente pequenadimensão relativamente pequena � mas que, no conjunto, tem grande efeito acumulado grande efeito acumulado grande efeito acumulado grande efeito acumulado sobre a produtividade e a qualidade dos produtos. Melhoria contínua e Inovação tecnológica � tempo nível de desempenho modernização tecnológica melhoria contínua tempo nível de desempenho modernização tecnológica desgaste dos equipamentos Inovação de base tecnológica (investimento intensivo). Melhoria contínua (pequenos investimentos). Kaizen – Melhoria contínua � A vida da empresa é uma alternância entre inovação e melhoria alternância entre inovação e melhoria alternância entre inovação e melhoria alternância entre inovação e melhoria contínuacontínuacontínuacontínua (kaizen, em japonês). � A inovaçãoinovaçãoinovaçãoinovação, no sentido de modernização tecnológica, é a melhoria fundada no dinheiro e melhoria fundada no dinheiro e melhoria fundada no dinheiro e melhoria fundada no dinheiro e tecnologiatecnologiatecnologiatecnologia. � Por seu lado, o kaizenkaizenkaizenkaizen é um processo de melhoria centrada no melhoria centrada no melhoria centrada no melhoria centrada no homemhomemhomemhomem e que se caracteriza por: • pequenos passos, • em que todos participam e • que não envolvem investimentos significativos. Isak Imai Melhoria contínua: Casos de estudo • Os casos de estudo sobre a fábrica Peugeot em Villaverde (já analisado) e sobre a fábrica da AutoEuropa em Palmela (que será analisado mais à frente) • Proporcionam exemplos de duas empresas que alcançaram enormes ganhos de produtividade e qualidade através de programas de melhoria contínua. 5. 5. 5. 5. O ciclo O ciclo O ciclo O ciclo PDCAPDCAPDCAPDCA Introdução • Tal como acontece no caso da orientação para o cliente, também no caso da melhoria contínua existem métodos e ferramentas que existem métodos e ferramentas que existem métodos e ferramentas que existem métodos e ferramentas que apoiam a aplicação prática deste princípioapoiam a aplicação prática deste princípioapoiam a aplicação prática deste princípioapoiam a aplicação prática deste princípio.... • O programa de melhoria de uma dada empresa inclui normalmente um elevando número de projetos de dimensão relativamente limitada. • Cada um dos projetos de melhoriaprojetos de melhoriaprojetos de melhoriaprojetosde melhoria é normalmente gerido gerido gerido gerido segundo o ciclo PDCAsegundo o ciclo PDCAsegundo o ciclo PDCAsegundo o ciclo PDCA. Ciclo PDCA 1.1.1.1. PlanPlanPlanPlan: : : : planear as acções de melhoria 2. Do: 2. Do: 2. Do: 2. Do: executar as acções de acordo com o planeado 3. 3. 3. 3. CheckCheckCheckCheck: : : : avaliar os resultados obtidos 4. Act: 4. Act: 4. Act: 4. Act: corrigir e replanear Ciclo PDCA � Numa primeira faseprimeira faseprimeira faseprimeira fase, os projetos de melhoria tem por objetivo eliminar as causas de não conformidade eliminar as causas de não conformidade eliminar as causas de não conformidade eliminar as causas de não conformidade e estabilizar os processos, isto é, garantir a qualidade dos produtos. � Uma vez garantida a qualidade, os projetos passam a incidir na melhoria das funcionalidades dos produtos e da eficiência melhoria das funcionalidades dos produtos e da eficiência melhoria das funcionalidades dos produtos e da eficiência melhoria das funcionalidades dos produtos e da eficiência do sistema de produção (isto é, na redução de custos). � Em qualquer dos casos, a realização dos projetos de melhoria conduz a uma melhoria continuada do desempenho da organização. Ciclo PDCA PlanPlanPlanPlan DoDoDoDo CheckCheckCheckCheck ActActActAct DoDoDoDo Melhoria Melhoria Melhoria Melhoria contínuacontínuacontínuacontínua garantir a conformidade desempenho “zero defeitos” reduzir custos melhorar produtos Materiais complementares • O Anexo B Projetos de melhoria contínua introduz as metodologias e ferramentas fundamentais utilizadas nos projetos de melhoria. • O caso de estudo relativo à empresa SoEmbalagens disponível na página da disciplina, descreve um programa de melhoria no qual essas metodologias e ferramentas foram utilizadas intensivamente. AnexosAnexosAnexosAnexos Anexo Anexo Anexo Anexo A | A | A | A | Conhecer as necessidades dos clientesConhecer as necessidades dos clientesConhecer as necessidades dos clientesConhecer as necessidades dos clientes Anexo Anexo Anexo Anexo B | Projetos de melhoria contínuaB | Projetos de melhoria contínuaB | Projetos de melhoria contínuaB | Projetos de melhoria contínua Anexo Anexo Anexo Anexo A A A A ---- Conhecer Conhecer Conhecer Conhecer as necessidades dos clientesas necessidades dos clientesas necessidades dos clientesas necessidades dos clientes A.1. um exemplo práticoA.1. um exemplo práticoA.1. um exemplo práticoA.1. um exemplo prático A.2. o modelo de KanoA.2. o modelo de KanoA.2. o modelo de KanoA.2. o modelo de Kano Anexo A.1 Anexo A.1 Anexo A.1 Anexo A.1 ---- Um exemplo práticoUm exemplo práticoUm exemplo práticoUm exemplo prático Introdução � Como exemplo práticoexemplo práticoexemplo práticoexemplo prático de ilustração dos conceitos introduzidos, em particular da análise das necessidades e expetativas dos clientes � considere-se a questão inicial “Qualidade: o que é?” aplicada a um curso de formação (por exemplo, esta mesma disciplina). Exemplo de aplicação A qualidade do curso pode ser encarada segundo 3 perspetivas: � A qualidade do ponto de vista das necessidades e expectativas dos alunos � a qualidade pretendidaqualidade pretendidaqualidade pretendidaqualidade pretendida � A qualidade do ponto de vista da conceção do curso � a qualidadequalidadequalidadequalidade planeadaplaneadaplaneadaplaneada � A qualidade do ponto de vista da realização do curso � a qualidade obtidaqualidade obtidaqualidade obtidaqualidade obtida Exemplo de aplicação As competências que são úteis aos Alunos Aquilo que o Docente planeou para a ação (com base no que supôs serem as necessidades dos Alunos) As competências que os Alunos efetivamente adquiriram QualidadeQualidadeQualidadeQualidade planeadaplaneadaplaneadaplaneada QualidadeQualidadeQualidadeQualidade pretendidapretendidapretendidapretendida QualidadeQualidadeQualidadeQualidade obtidaobtidaobtidaobtida Exemplo de aplicação O curso apenas terá qualidade terá qualidade terá qualidade terá qualidade se � a qualidade pretendida, � a qualidade planeada e � a qualidade obtida coincidirem, isto é, se: � o plano do curso estiver alinhado com as necessidades dos Alunos � A execução do curso corresponder aquilo que foi planeado (o plano de aulas foi cumprido, os Alunos realizaram os trabalhos, …) Qualidade Exemplo de aplicação QualidadeQualidadeQualidadeQualidade planeadaplaneadaplaneadaplaneada QualidadeQualidadeQualidadeQualidade pretendidapretendidapretendidapretendida QualidadeQualidadeQualidadeQualidade obtidaobtidaobtidaobtida Qualidade do projectoQualidade do projectoQualidade do projectoQualidade do projecto (adequação às necessidades)(adequação às necessidades)(adequação às necessidades)(adequação às necessidades) Qualidade da “produção” Qualidade da “produção” Qualidade da “produção” Qualidade da “produção” (conformidade com as especificações)(conformidade com as especificações)(conformidade com as especificações)(conformidade com as especificações) Exemplo de aplicação Para garantir a qualidade do curso é necessário: � Conhecer as necessidades dos Alunos � Planear a ação em função dessas necessidades � Executar a ação de acordo com o planeado � Avaliar os resultados obtidos � Melhorar a ação com base nessa avaliação Destes 5 pontos, qual será o mais difícil de pôr em prática? qual será o mais difícil de pôr em prática? qual será o mais difícil de pôr em prática? qual será o mais difícil de pôr em prática? Conhecer as necessidades do Cliente � Possivelmente, o primeiro: Conhecer as necessidades dos Alunos. � A forma “fácil” de o fazer seria: • Pedir aos Alunos para descreverem detalhadamente as suas necessidades e expectativas. • Pedir aos Alunos para preencherem um questionário de avaliação no final. � Mas seria isso eficaz? Muito provavelmente, não.Mas seria isso eficaz? Muito provavelmente, não.Mas seria isso eficaz? Muito provavelmente, não.Mas seria isso eficaz? Muito provavelmente, não. Conhecer as necessidades do Cliente De facto, pode ser muito difícil conhecer aquilo que o “Cliente” muito difícil conhecer aquilo que o “Cliente” muito difícil conhecer aquilo que o “Cliente” muito difícil conhecer aquilo que o “Cliente” pretende pretende pretende pretende atendendo: � à diversidade dos clientes e dos aspectos da qualidade a que são sensíveis; � ao facto das preferências dos clientes não dependerem só de aspetos objectivos, mas também de factores emocionais; � a que não se trata apenas de conhecer aquilo que os clientes afirmam, mas também aquilo que pensam e que podem não explicitar (porque não querem ou não são capazes). Conhecer as necessidades do Cliente • Se o mesmo exercício fosse realizado para um outro qualquer produto ou serviço as conclusões seriam semelhantes: conhecer as necessidades e as expectativas dos clientes é, simultaneamente, uma questão complexa e fundamental para as empresas Anexo Anexo Anexo Anexo A.2 A.2 A.2 A.2 ---- O modelo de KanoO modelo de KanoO modelo de KanoO modelo de Kano Introdução • A gestão da qualidade oferece vários métodos para análise das necessidades e expetativas dos clientes e sua tradução em especificações técnicas dos produtos e serviços. • Dois desses métodos são: • o modelo de Kano • o QFD - Quality Function Deployment. Conhecer as necessidades do Cliente • De seguida, e a título informativo, é apresentada uma breve introdução ao modelo de Kano. • Para uma introdução ao QFD, pode ser consultado o tutorial on-line disponível em http://www.webducate.net/qfd/ O modelo Kano O modelo de Kano que classifica os requisitos dos clientes em 3 categorias: � os requisitos básicosrequisitos básicosrequisitos básicosrequisitos básicos, cuja ausência provoca grande insatisfação por parte do cliente; � os requisitos de desempenhorequisitos de desempenhorequisitos de desempenhorequisitos de desempenho, onde a satisfação do clienteaumenta progressivamente com a sua melhoria; � os requisitos “excitantesrequisitos “excitantesrequisitos “excitantesrequisitos “excitantes”, que provocam grande satisfação e, normalmente, são inesperados. O modelo Kano Bom Fraco requisito desempenho requisito básico requisito "excitante" O modelo Kano � Os requisitos básicos e excitantes normalmente não são básicos e excitantes normalmente não são básicos e excitantes normalmente não são básicos e excitantes normalmente não são explicitados pelos clientesexplicitados pelos clientesexplicitados pelos clientesexplicitados pelos clientes, os primeiros porque são se assume estarem garantidos, os segundos devido a que, pela sua natureza são inesperados e surpreendentes. � O modelo Kano recorre a duas questões emparelhadas duas questões emparelhadas duas questões emparelhadas duas questões emparelhadas para classificar os requisitos dos clientes: � uma questão avalia o que sente o cliente quando o requisito é satisfeito; � a outra avalia o que sente o cliente quando o requisito não é satisfeito. O modelo Kano � Para ilustrar a aplicação modelo Kano, considere o seguinte exemplo onde se pretende avaliar os requisitos relativamente a um docente. � Para cada uma das questões, deve ser dada uma resposta entre 1 e 5, tal que: 1. aprecio muito 2. aprecio 3. fico indiferente 4. não aprecio 5. não aprecio nada. O modelo Kano A.A.A.A. Como se sente se o docente tem um sentido de humor? B.B.B.B. Como se sente se o docente lhe apresenta informação com valor? C.C.C.C. Como se sente se o docente é pontual? D.D.D.D. Como se sente se o docente não tem sentido de humor? E.E.E.E. Como se sente se o docente não lhe apresenta informação com valor? F.F.F.F. Como se sente se o docente não é pontual? Adaptado de Step-by-step QFD John Terninko, St. Lucie Press O modelo Kano Supondo que as respostas às questões anteriores foram: � A (com sentido humor): aprecio muito � B (informação com valor): aprecio muito � C (pontual): fico indiferente � D (sem sentido de humor): fico indiferente � E (informação sem valor): não aprecio nada � F (não pontual): não aprecio nada o modelo Kano permitiria concluir que: � a pontualidade é um requisito básico; � o conteúdo informativo das aulas é um requisito de desempenho; � o humor do docente é um requisito “excitante”. O modelo Kano De uma forma geral, representando as respostas às questões emparelhadas numa grelha como a seguinte, pode afirmar-se que: � os requisitos excitantes são assinalados nas células 1C e 1D � os requisitos de desempenho são assinalados na célula 1E � os requisitos básicos são assinalados nas células 2E e 3E Aprecio Aprecio Fico Não Não aprecio muito indiferente aprecio nada A B C D E Aprecio muito 1 Humor Aprecio 2 Fico indiferente 3 Informação Não aprecio 4 Não aprecio nada 5 Negativo Positivo Anexo B | Projetos de melhoria contínuaAnexo B | Projetos de melhoria contínuaAnexo B | Projetos de melhoria contínuaAnexo B | Projetos de melhoria contínua B.1. B.1. B.1. B.1. resolução estruturada de problemasresolução estruturada de problemasresolução estruturada de problemasresolução estruturada de problemas B.2. ferramentas básicas da qualidadeB.2. ferramentas básicas da qualidadeB.2. ferramentas básicas da qualidadeB.2. ferramentas básicas da qualidade Introdução • Os programas de melhoria contínua são normalmente organizados como uma série de pequenos projetos, cada um dos quais de gerido de acordo com o ciclo PDCA. • Tipicamente, cada projeto de melhoria tem por objetivo resolver um problema, por exemplo, eliminar uma causa de não conformidade ou um custo desnecessário. • As equipas de projeto serão mais eficazes se adotarem uma metodologia de resolução estruturada de problemas semelhante à que é apresentada de seguida. Anexo B.1 Anexo B.1 Anexo B.1 Anexo B.1 ---- RRRResolução esolução esolução esolução estruturada de problemasestruturada de problemasestruturada de problemasestruturada de problemas Introdução • De seguida, é apresentada a metodologia de resolução estruturada de problemas frequentemente adotada nos projetos de melhoria. • Em cada uma das fases da metodologia, conforme adequado em cada situação, podem ser utilizadas ferramentas de análise de dados, de criatividade e de decisão. • No ponto 2 deste anexo, são brevemente introduzidas as principais ferramentas da qualidade utilizadas neste contexto. Caso de estudo SoEmbalagens • O caso de estudo relativo à empresa SoEmbalagens disponível na página da disciplina, proporciona um exemplo prático de um programa de melhoria. • No âmbito desse programa, foram realizados vários projetos em que as metodologias e ferramentas apresentadas neste anexo foram intensivamente utilizadas. • A figura seguinte resume a metodologia do Kaizen Institute que, no essencial, define as mesmas fases e recorre às mesmas ferramentas que a metodologia apresentada de seguida. Metodologia Kaizen ResoluçãoResoluçãoResoluçãoResolução estruturada estruturada estruturada estruturada de de de de problemasproblemasproblemasproblemas Link Metodologia de resolução de problemas A metodologia de resolução de problemas envolve uma alternânciaalternânciaalternânciaalternância entre: � o nível do pensamento nível do pensamento nível do pensamento nível do pensamento onde são produzidas as ideias e � o nível nível nível nível da da da da experiência experiência experiência experiência ou do terreno, onde são recolhidos dados e implementadas as soluções. Níveis pensamento e experiência Nível do pensamento (ideias e criatividade)Nível do pensamento (ideias e criatividade)Nível do pensamento (ideias e criatividade)Nível do pensamento (ideias e criatividade) Nível da experiência (factos e dados)Nível da experiência (factos e dados)Nível da experiência (factos e dados)Nível da experiência (factos e dados) Definir o problema Documentar o problema Analisar possíveis causas Avaliar a importância das causas Conceber possíveis soluções Implementar soluções Consolidar soluções Níveis do pensamento e da experiência � É nas fases de reflexão que se analisam as causas do problema em estudo, bem como são concebidas as possíveis soluções. � Essa reflexão deve apoiarreflexão deve apoiarreflexão deve apoiarreflexão deve apoiar----se em dados experimentaisse em dados experimentaisse em dados experimentaisse em dados experimentais, objectivos, que descrevam o problema e que permitam validar as hipóteses avançadas quanto a possíveis causas ou soluções. Metodologia A resolução de problemas complexos requer uma abordagem rigorosa, sendo normalmente consideradas as 7 fases seguintes: Fase 1.Fase 1.Fase 1.Fase 1. Definir e documentar o problema a tratar Fase 2Fase 2Fase 2Fase 2. Procurar as causas prováveis do problema Fase 3Fase 3Fase 3Fase 3. Procurar todas as soluções possíveis Fase 4Fase 4Fase 4Fase 4. Definir os critérios de avaliação das soluções Fase 5Fase 5Fase 5Fase 5. Avaliar e seleccionar as soluções a adoptar Fase 6Fase 6Fase 6Fase 6. Aplicar a solução e avaliar os resultados Fase 7Fase 7Fase 7Fase 7. Consolidar a solução Fase 1: Definir e documentar o problema o tratar ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Caracterizar o problema a tratar de forma precisa Caracterizar o problema a tratar de forma precisa Caracterizar o problema a tratar de forma precisa Caracterizar o problema a tratar de forma precisa e objetiva.e objetiva.e objetiva.e objetiva. 1.1. Descrever a (insatisfatória) situação atual com base em factos e observações. 1.2. Descrever a situação pretendida através de palavras e números. 1.3. Especificar: � o conjunto de indicadores que medem a evolução do problema � os registos de dados para acompanhar a evolução da situação Fase 2: Procurar as causas do problema ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Procurar as causas para a diferença entre asProcurar as causas para a diferença entre asProcurar ascausas para a diferença entre asProcurar as causas para a diferença entre as situações atual e pretendidasituações atual e pretendidasituações atual e pretendidasituações atual e pretendida 2.1. Procurar todas as causas possíveis: � realizar uma sessão de "brainstorming" 2.2. Classificar as causas pela sua natureza: � identificar as famílias (e subfamílias) de causas � traçar o diagrama causa-efeito 2.3. Classificar as causas pela sua importância: � estimar as causas mais importantes � recolher dados que permitam verificar essas suposições Fase 3: Procurar todas as soluções possíveis ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Encontrar soluções para suprimir as causasEncontrar soluções para suprimir as causasEncontrar soluções para suprimir as causasEncontrar soluções para suprimir as causas principais e as suas consequênciasprincipais e as suas consequênciasprincipais e as suas consequênciasprincipais e as suas consequências 3.1. Dentro do conjunto total de causas identificadas, reter aquelas que o grupo se propõe tratar. 3.2. Para cada uma dessas causas, identificar todas as soluções possíveis: � realizar uma sessão de "brainstorming" 3.3. Representar numa matriz as causas e as soluções correspondentes. Em cada posição da matriz é assinalada a correlação (nula, fraca, média, forte) entre cada par solução/causa. Fase 4: Definir os critérios de avaliação das soluções ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Definir os critérios a empregar na avaliação Definir os critérios a empregar na avaliação Definir os critérios a empregar na avaliação Definir os critérios a empregar na avaliação das soluções das soluções das soluções das soluções 4.1. Definir os critérios a utilizar para avaliar as soluções em estudo. Como regra geral, adotar entre 3 a 6 a critérios (exemplos de são o custo, o tempo necessário para implementar a solução, a facilidade de implementação, ...). 4.2. Identificar os critérios imperativos que tem, obrigatoriamente, de ser respeitados. Para os restantes critérios, definir pesos (ordem de importância). 4.3. Desenhar um quadro representando as soluções/critérios. Fase 5: Avaliar as soluções ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Avaliar as soluções segundo os critérios definidos Avaliar as soluções segundo os critérios definidos Avaliar as soluções segundo os critérios definidos Avaliar as soluções segundo os critérios definidos e selecionar as soluções a propore selecionar as soluções a propore selecionar as soluções a propore selecionar as soluções a propor 5.1. Eliminar as soluções que não respeitam os critérios imperativos. 5.2. Avaliar as restantes soluções com base na matriz soluções/ critérios e reter as que respondem melhor aos objetivos. 5.3. Elaborar propostas de implementação das soluções, as quais devem: � recordar o objetivo (situação atual e pretendida); � rever as principais etapas seguidas, justificando as escolhas feitas; � apresentar a solução ou soluções propostas. Fase 6: Aplicação da solução ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Realizar as ações necessárias para implementarRealizar as ações necessárias para implementarRealizar as ações necessárias para implementarRealizar as ações necessárias para implementar a soluçãoa soluçãoa soluçãoa solução 6.1. Planear a implementação da solução, incluindo medidas de controlo que permitam avaliar os seus resultados. 6.2. Testar, realizar e verificar os resultados, comparando-os com o objetivo inicial. Fase 7: Consolidar a solução ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Assegurar que a solução foi adotada de forma Assegurar que a solução foi adotada de forma Assegurar que a solução foi adotada de forma Assegurar que a solução foi adotada de forma permanente e capitalizar a experiência aplicandopermanente e capitalizar a experiência aplicandopermanente e capitalizar a experiência aplicandopermanente e capitalizar a experiência aplicando---- a noutras situaçõesa noutras situaçõesa noutras situaçõesa noutras situações 7.1. Elaborar regras e recomendações para garantir que a solução é adotada de forma permanente e verificar que essas regras e recomendações são, de facto, aplicadas. 7.2. Procurar outras situações em que a mesma solução possa ser aplicada. Anexo B.2. B.2. B.2. B.2. ---- Ferramentas básicas da qualidadeFerramentas básicas da qualidadeFerramentas básicas da qualidadeFerramentas básicas da qualidade Introdução • Nos projetos de melhoria são frequentemente utilizadas ferramentas de análise de dados. • Embora se trate de ferramentas simples, a sua utilização combinada revela-se muito eficaz na compreensão dos problemas e na procura das soluções. • De seguida são brevemente apresentadas algumas das ferramentas de utilização mais frequente: • Diagrama de Pareto • Diagrama causa-efeito (ou espinha de peixe) • Brainstorming • Voto ponderado � Diagrama de Diagrama de Diagrama de Diagrama de ParetoParetoParetoPareto � Diagrama causaDiagrama causaDiagrama causaDiagrama causa----efeito (ou espinha de peixe)efeito (ou espinha de peixe)efeito (ou espinha de peixe)efeito (ou espinha de peixe) � BrainstormingBrainstormingBrainstormingBrainstorming Utilização das ferramentas � O quadro seguinte, resume a aplicação típica destas ferramentas � nas várias fases da metodologia de resolução de problemas. Diagrama causaDiagrama causaDiagrama causaDiagrama causa----efeitoefeitoefeitoefeito • identificação das causas Voto ponderadoVoto ponderadoVoto ponderadoVoto ponderado • selecção do problema • selecção das causas • selecção das soluções Diagrama de ParetoDiagrama de ParetoDiagrama de ParetoDiagrama de Pareto • selecção do problema • selecção das causas BrainstormingBrainstormingBrainstormingBrainstorming • identificação das causas • identificação das soluções
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