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1 Cives Centro de Informação em Saúde para Viajantes Vacinas - Princípios gerais Terezinha Marta P.P. Castiñeiras, Fernando S.V. Martins & Luciana G.F. Pedro Texto Técnico – Cives, Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias. Faculdade de Medicina, UFRJ, 2022 (em revisão) As vacinas resultam da observação de que em algumas doenças como a varíola o indivíduo era acometido apenas uma vez, não ocorrendo um segundo episódio. É provável que esta observação tenha motivado os chineses a tentar prevenir a varíola - doença grave e potencialmente fatal caracterizada por lesões pustulosas generalizadas - através da exposição de indivíduos saudáveis a materiais provenientes das lesões pustulosas de outro indivíduo acometido da doença. Este processo, denominado "variolação", foi praticado de diversas maneiras, como injeção intradérmica do pus das lesões cutâneas, inalação de pó produzido a partir das crostas e injeção intravenosa, única ou seriada, do "raspado" das lesões. A "variolação" foi introduzida na Inglaterra no início do século XVIII por Mary Wortley Montagu, mulher do embaixador britânico na Turquia. Embora a "variolação" não fosse isenta de riscos e tenha sido responsável por algumas fatalidades, na maioria dos inoculados resultava apenas em doença branda e, ainda que de forma primitiva, contribuiu para a redução da morbidade e mortalidade nas populações nas quais a técnica foi aplicada. O termo vacina (do latim vacca, em português vaca) originou-se das experiências de Edward Jenner na Inglaterra no final do século XVIII. Jenner, que sobreviveu a varíola na infância possivelmente pelos benefícios da variolação a que foi anteriormente submetido, tornou-se médico rural. Observador meticuloso, Jenner notou a ocorrência relativamente frequente de uma doença no gado (a varíola bovina) com lesões pustulosas semelhantes às da varíola humana, porém de curso benigno e que muitos indivíduos que cuidavam do gado, em especial os ordenhadores, não contraíam varíola humana mesmo quando sucessivamente expostos à doença. Com base nestas observações, Jenner realizou uma série de experimentos em 1796. Inicialmente fez a inoculação do material proveniente de lesões pustulosas de varíola bovina em um menino, que desenvolveu uma doença branda. Após aguardar a completa recuperação do paciente, inoculou pus proveniente de lesão pustulosa da varíola humana - o que hoje seria considerado antiético - por via intradérmica e, conforme havia previsto, o menino não desenvolveu varíola. Jenner denominou esse processo, capaz de induzir proteção contra a varíola humana, como vacinação. A aceitação do trabalho de Jenner pela comunidade científica não foi imediata, à semelhança de outras grandes descobertas. Em 1797 o estudo foi recusado para a publicação na Philosophical Transactions of the Royal Society. A despeito disto, Jenner reuniu outros 23 casos semelhantes nos meses que se seguiram e em observações detalhadas publicou seu próprio livro. Nos anos que se seguiram muitas pessoas foram protegidas da varíola pelo processo de vacinação. Na segunda metade do século XIX, época em que foram desenvolvidas técnicas de isolamento de microorganismos, elucidados ciclos microbianos e esclarecida a etiologia de várias doenças, ocorreu o segundo grande passo na história das vacinas. Coube a Pasteur em 1884, na busca de um possível tratamento profilático para a raiva, mesmo antes da identificação precisa da etiologia da doença, o desenvolvimento da primeira vacina com vírus atenuado, resultante do processo de redução progressiva da patogenicidade através de cultivos sucessivos. Nas primeiras décadas do século XX, foram desenvolvidas várias técnicas de inativação de microorganismos e de toxinas, possibilitando a disponibilização de outras vacinas. Após a Segunda Guerra Mundial, seguiu-se uma verdadeira revolução tecnológica, que resultou em aumento significativo do número de vacinas disponíveis [Quadro 1]. Até 1970, a despeito do reconhecimento progressivo da importância das vacinas no controle das doenças infecciosas, a prática da imunização estava basicamente restrita aos países industrializados e, mesmo nestes, ocorria de forma não sistemática, em geral ligada a programas de controle de doenças específicas em determinados grupos populacionais. À medida que os benefícios da vacinação se comprovaram inequivocamente, particularmente com a intervenção global que resultou na erradicação da varíola (último caso 2 na Somália, em 1977), a vacinação foi tornando-se o protótipo de intervenção bem-sucedida em saúde pública. Progressivamente foram sendo estabelecidos programas de vacinação em massa e implementados os primeiros programas de imunização rotineira, que tinham como alvo primário a população infantil. Em 1974, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Programa Expandido de Imunizações (EPI, do inglês Expanded Programme on Immunization), que tinha como alvo seis doenças (tuberculose, difteria, tétano neonatal, coqueluche, poliomielite e o sarampo). Quadro 1 Desenvolvimento de vacinas: 1796-1970 Vacina A n o • Varíola • Raiva • Difteria • Coqueluche • Tétano • Tuberculose (BCG) • Febre amarela • Poliomielite inativada • Poliomielite atenuada • Sarampo • Rubéola 1796 1885 1923 1926 1927 1927 1935 1955 1963 1965 1967 É possível afirmar que de todas as intervenções na área da saúde, apenas o tratamento da água de consumo, produziu impacto semelhante à vacinação na prevenção de casos de doenças com relação custo-benefício sistematicamente favorável. A vacinação conduziu a erradicação da varíola e torna possível alcançar progressivamente a eliminação de outras doenças, como a poliomielite e o sarampo, que a semelhança da varíola tem apenas o homem como reservatório. Além disto, contribui significativamente para o controle de muitas outras como o tétano, a difteria, a coqueluche, a rubéola, a caxumba, a febre amarela, a raiva etc. Mais recentemente com o advento das vacinas recombinantes (1986) e das polissacarídicas conjugadas (1990) as perspectivas de efetiva redução de agravos estenderam-se à hepatite B e as doenças invasivas causadas por bactérias encapsuladas como Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. No início do século XXI, a despeito da enorme difusão e do êxito incontestável, nem toda a população mundial tem acesso aos programas de imunização. Os índices de cobertura vacinal são extremamente díspares entre países com condições sócio-econômicas e determinação política diferentes. A situação é crítica em países de economia débil, onde são escassos - e frequentemente mal-empregados - os recursos disponíveis para combater os problemas de saúde. Em áreas marcadas pela miséria, como na maioria dos países da África Subsaariana e na Índia, doenças para as quais há vários anos já existem vacinas eficazes, como o sarampo e a poliomielite, continuam contribuindo para a morbidade e mortalidade infantis. A persistência de áreas focais com baixas coberturas vacinais possibilita a persistência da transmissão de doenças infecciosas, o que acaba representando uma ameaça de saúde para toda a população mundial. Isto é particularmente preocupante à medida que se observa que cada vez é maior o movimento de pessoas pelas mais variadas regiões do globo. A dimensão potencial do problema pode ser inferida pela constatação óbvia de que os microorganismos não respeitam fronteiras geográficas e pode haver disseminação e reintrodução em locais de onde já haviam sido aparentemente eliminados, desde que existam susceptíveis. Esta vulnerabilidade associada a globalização é a justificativa para o investimento internacional em estratégias de imunização que assegurem melhores coberturas vacinais nas regiões mais carentes e para a manutenção dos programas de imunização nas regiões mais favorecidas, mesmo quando as doenças-alvo pareçam controladas. Em todos os países, inclusiveno Brasil, a década de 70 foi marcada pela expansão dos programas de vacinação em massa, tendo como alvo primário a população infantil. A despeito do sucesso (ou por isto mesmo) dos programas de vacinação da população infantil, a população de adolescentes e adultos era, até recentemente, virtualmente ignorada. Em razão disto, não é surpreendente que, em termos culturais, no Brasil, a vacinação ainda seja considerada como mais importante para crianças. Como consequência, uma grande parte dos adolescentes e adultos jovens tem o calendário vacinal desatualizado e a população adulta nunca foi vacinada ou tem esquemas incompletos. Além disto, desde a década de 70, novas vacinas foram desenvolvidas e 3 tornaram-se disponíveis no país: hepatite B, hepatite A, varicela, meningocócicas etc. No Brasil, parte destas vacinas foram, gradativamente, incorporadas ao Calendário Básico e outras, consideradas especiais, estão disponíveis gratuitamente apenas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Paradoxalmente, a melhoria das condições sanitárias pode levar a um aumento da população de adolescentes e adultos susceptíveis no caso das infecções transmitidas por água e alimentos para as quais a cobertura vacinal não é adequada, como a hepatite A. A partir de meados da década de 1990, o reconhecimento da necessidade de dar continuidade à imunização ao longo da vida do indivíduo veio motivando a expansão dos programas de imunização para a população de adolescentes e adultos em todo mundo. Nas duas últimas décadas, o cenário mundial foi marcado pela emergência e reemergência de várias doenças infecciosas, culminando com a pandemia de Covid-19. Para a maior parte destas doenças, como é o caso da febre amarela e do sarampo, uma vacina extremamente eficaz está disponível e a estratégia de controle tem se apoiado na intensificação de uso (rotina e bloqueio) no aumento de produção e por vezes na adoção emergencial de metodologias alternativas, como o fracionamento de doses. Para a Covid-19, se fez necessário desenvolver vacinas específicas, tendo como base as tecnologias já amplamente estabelecidas (vírus completo inativado, partículas proteicas) ou as de introdução mais recente (vacinas de RNA, vacinas de vetor viral). De forma arrebatadora, o desenvolvimento e disponibilização de vacinas para a Covid-19 em tempo recorde, reverteu o cenário trágico e freou o curso da pandemia. Paradoxalmente, a despeito de todas as evidências da importância da vacinação na mitigação da pandemia, assistimos o crescimento do negacionismo mundialmente. No Brasil, o posicionamento negacionista do governo central em relação a vacinação para Covid-19 contribuiu para o aumento de recusa vacinal. Por fim, como exemplo mais recente, a emergência de varíola do macaco em países não endêmicos fora da África, vem ressaltar a importância da vacinação como o recurso efetivo de controle. Imunobiológicos especiais A partir de 1993, iniciou-se no Brasil a implantação dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) com a finalidade de atender pessoas com necessidades específicas que, por particularidades da condição de base ou por reações adversas aos imunobiológicos usuais, necessitam receber imunobiológicos diferenciados [Quadro 2] dos disponíveis na rotina. Atualmente, existe pelo menos um CRIE em cada Estado da União e no Distrito Federal. Para receber os imunobiológicos disponíveis nos CRIE, o paciente encaminhado pelo médico assistente deverá preencher os critérios definidos pelo PNI (ver: Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, disponível em: portal.saude.gov.br). No entanto, a distribuição dos centros existentes no país não guarda proporção com a densidade populacional das Unidades Federadas. No Rio de Janeiro funcionam apenas três CRIE (no Hospital Evandro Chagas/Fiocruz; no Hospital Rocha Maia e o terceiro, de pequeno porte, em Itaperuna), enquanto São Paulo dispõe de seis (vinculados às Universidades locais) e quatro estão em Brasília. Parece claro que é necessário o estabelecimento de novos CRIE no Rio de Janeiro. Quadro 2 Imunobiológicos disponíveis nos CRIE - 2022 Vacinas Imunoglobulinas • Covid-19 • DPaT = tríplice acelular (infantil) • DPaT-Hib_IPV • Haemophilus conjugada • Hepatite B • Hepatite A • Influenza • Meningocócica C conjugada • Pneumocócica 10 conjugada • Pneumocócica 13 conjugada • Pneumocócica 23 polissacarídica • Poliomielite inativada • Raiva de cultivo celular • Varicela • Febre tifoide • Imunoglobulina antitetânica • Imunoglobulina antirrábica • Imunoglobulina anti-hepatite B • Imunoglobulina antivaricela 4 Fundamentos da vacinação Todos os seres vivos são dotados de mecanismos de defesa para protegê-los de potenciais “agressores”. Alguns destes recursos são muito simples e conferem alguma proteção independente da natureza do estímulo, daí serem denominados mecanismos inespecíficos de defesa (resposta imunológica inata). A evolução biológica levou ao progressivo refinamento da resposta de defesa dos organismos superiores, com o desenvolvimento de um sistema diferenciado, o sistema imune (ou imunológico), capaz de conferir proteção específica e duradoura contra possíveis agressores. Este sistema consiste basicamente em um conjunto de células (macrófagos e linfócitos) capazes de reconhecer elementos estranhos ao organismo, denominados antígenos, e especificamente contra estes desenvolver defesa, ou seja, uma resposta imune (ou imunológica) específica. Esta resposta pode ser do tipo humoral que envolve a produção de proteínas conhecidas como anticorpos ou imunoglobulinas (IgM, IgG, IgA, IgD e IgE) ou do tipo celular que envolve a produção de outras células específicas (também linfócitos) cujo propósito é facilitar a eliminação do antígeno. O exemplo mais típico e natural de resposta imune ativa (resposta imunológica primária) ocorre quando um agente infeccioso invade o organismo humano. O sistema imune reconhece este agente - que geralmente contém vários antígenos - como estranho ou invasor e responde com produção de anticorpos e de células de memória capazes de sob estímulo futuro voltar a produzir anticorpos específicos (resposta imunológica secundária) contra o invasor. Este mesmo modelo de resposta imunológica pode ser reproduzido com a utilização de vacinas, que em geral se constituem de microorganismos inativados (“mortos’’) ou atenuados (“enfraquecidos”) ou fragmentos desses, que são capazes de simular a exposição natural a um agente infeccioso e induzir resposta protetora, sem, entretanto, os riscos da doença e suas complicações. Isto porque, a vacina desempenha o papel do agente infeccioso invasor no primeiro contato e induz a resposta imunológica primária. Numa eventual exposição futura ao agente infeccioso, a produção de anticorpos se fará rapidamente (2-7 dias), processo que corresponde à resposta imunológica secundária, de forma que o invasor será combatido antes de causar danos. As vacinas promovem imunização ativa ao estimular diretamente a resposta do sistema imune e, com isto, promovem resposta duradoura. Entretanto, também é possível conferir proteção ao indivíduo através da transferência de anticorpos "prontos", produzidos em animais (soros heterólogos) ou seres humanos (soros homólogos ou imunoglobulinas). Este processo de transferência de anticorpos é denominado imunização passiva. Tipos de vacinas Existem dois tipos básicos de vacinas, as atenuadas e as inativadas. As vacinas atenuadas [Quadro 3] são as produzidas a partir de vírus ou bactérias “selvagens” que sofreram redução progressiva da patogenicidade (atenuação). As vacinas inativadas são as produzidas a partir de microorganismos tornados não viáveis através do tratamento com calor ou produtos químicos (inativação). As vacinas inativadas [Quadro 4] podem utilizar o microorganismo inteiro ou frações deste, como toxinas (proteinas) modificadas para eliminar a patogenicidade(toxóides), componentes polissacarídicos da parede celular bacteriana (vacinas polissacarídicas) ou componentes polissacarídicos conjugados com moléculas proteicas (vacinas conjugadas). Além disto, podem ser utilizadas técnicas de engenharia genética na produção de vacinas, tanto das atenuadas, quanto das inativadas (vacinas recombinantes). Quadro 3 Tipos de vacinas: microorganismos atenuados • Poliomielite oral • Sarampo • Caxumba • Rubéola • Catapora • SCR • SCR-V • Herpes zoster atenuada • Febre amarela • BCG • Febre tifoide (oral) • Gripe (spray nasal) • VOHR (rotavírus) 5 Nas vacinas atenuadas [Quadro 3], os microorganismos mantêm a capacidade de se multiplicar e quando inoculados replicam-se, simulando a infecção natural em seres humanos. Em pessoas saudáveis essa multiplicação é controlada pelo sistema imunológico, levando a produção de anticorpos sem desenvolvimento de doença ou, algumas vezes, com a ocorrência de "doença branda", com manifestações discretas. A resposta imunológica a estas vacinas é muito próxima da resultante da infecção natural e tende a ser eficaz e duradoura. No entanto, em pessoas imunodeficientes (Aids, leucemia, neoplasias, transplantados hematológicos e de órgãos sólidos etc.) a multiplicação do microorganismo pode não ser adequadamente controlada e existe risco de desenvolvimento de doença causada pela vacina. Por esta razão, como regra geral, essas vacinas “vivas” não devem ser utilizadas em imunodeficientes, exceto em situações especiais em que o risco da doença seja consideravelmente superior ao imposto pela vacina. De forma semelhante, as vacinas atenuadas devem ser evitadas nas gestantes, pela possibilidade de infecção do concepto pelo agente vacinal e risco potencial de inadequado controle da multiplicação do vírus vacinal (“imaturidade imunológica”) e dano aos tecidos e órgãos em formação. Quadro 4 Tipos de vacinas: microorganismos inativados ou partículas • Poliomielite injetável • Coqueluche • Covid_19 • Toxóide tetânico • Toxóide diftérico • Raiva • Gripe (injetável) • Hepatite B • Hepatite A • Haemophilus b • Pneumocócicas • Meningocócicas • Febre tifoide (injetável) • HPV • Herpes zoster (2) As vacinas inativadas [Quadro 4], por não ocorrer replicação de microorganismos, são mais seguras para uso em imunodeficientes e gestantes. No entanto, em geral, é necessário mais de uma dose para promover resposta imune adequada e devem ser feitos reforços para manter o nível de anticorpos satisfatório. As vacinas constituídas por microorganismos inteiros, por frações proteicas (como toxinas) ou frações polissacarídicas conjugadas com proteínas são capazes de induzir proteção mais eficiente e duradoura do que as produzidas apenas com frações polissacarídicas, diferença que é mais significativa quando são utilizadas em menores de dois anos de idade. As vacinas desenvolvidas para a Covid-19 e já disponibilizadas até o momento pertencem a diferentes plataformas de produção [quadro 5], mas relativamente ao SARS-CoV2, são de natureza inativada, pois não contêm SARS-CoV2 replicante. No Brasil, estão disponíveis para uso a vacina de vírus vivo inativado (Coronavac), as vacinas de vetor viral (Astrazeneca e Janssen) e a vacina de RNA-mensageiro (Pfizer). Quadro 5 Vacinas para Covid-19 disponíveis no Brasil Vacinas Laboratório produtor Plataforma Uso liberado no Brasil CoronaVac Butantan Vírus vivo inativado Crianças > 3 anos e adultos (inclui gestantes) ChAdOx1 - AstraZeneca Fiocruz Vetor viral (adenovírus) Adultos > 18 anos Ad26SARS-CoV2 Janssen Vetor viral (adenovírus) Adultos > 18 anos BNT162 - Comirnaty Pfizer RNA-m Crianças > 5 anos e adultos (inclui gestantes) 6 Componentes Em todas as formulações de vacinas, além do antígeno, estão presentes (em pequena quantidade) outros elementos incluindo agentes inativantes, preservantes, estabilizantes e adjuvantes [Quadro 6]. Os agentes inativantes (em geral, formaldeído) são substâncias químicas utilizadas para inativar os microorganismos ou suas frações. Os preservantes (timerosal, fenol, antibióticos) são substâncias adicionadas às vacinas para impedir o crescimento bacteriano quando existe o risco de contaminação (por exemplo, nos frascos multidoses). Podem ser usados durante o processo de elaboração da vacina ou adicionados no contêiner final. Os estabilizantes (albumina, lactose, sorbitol) são produtos que são adicionados visando preservar a eficácia da vacina durante o transporte e a estocagem, particularmente conferindo resistência térmica. Os adjuvantes (hidróxido de alumínio, fosfato) são utilizados para potencializar a resposta protetora final. Quadro 6 Constituintes das vacinas para Covid-19 Constituintes das vacinas Constituintes Exemplos Antígeno Podem ser atenuados ou inativados (inteiro ou frações) Inativantes Formaldeído Preservantes Timerosal, fenol, antibióticos Estabilizantes Albumina, lactose, sorbitol Adjuvantes Imunização ativa e passiva As vacinas promovem imunização ativa ao estimular diretamente a resposta do sistema imune e, com isto, promovem resposta duradoura. Entretanto, também é possível conferir proteção ao indivíduo através da transferência de anticorpos "prontos", produzidos por outra fonte, animal ou humana, um processo que é denominado de imunização passiva [Quadro 7]. A imunização passiva ocorre de forma natural na transferência de anticorpos maternos para o concepto através da placenta. Pode também ser reproduzida "artificialmente", através da administração de soros ou imunoglobulinas [Quadro 7] obtidos de outras fontes, que podem ser humanas (soros homólogos ou imunoglobulinas humanas) ou de outros animais (soros heterólogos). Habitualmente utiliza-se o termo “soro” em referência aos produtos heterólogos e o termo “imunoglobulina” para os produtos homólogos. A imunização passiva é geralmente mais útil em situações de urgência, quando não é possível aguardar a produção de anticorpos pelo organismo, como, por exemplo, nos acidentes de alto risco para tétano e raiva e na abordagem das vítimas de animais peçonhentos. Quadro 7 Soros e imunoglobulinas • Soro antitetânico • Soro antirrábico • Soro antidiftérico • Soro antiaracnídico • Soro antiescorpiônico • Soro antibotrópico • Soro anticrotálico • Soro antielapídico • Imunoglobulina antitetânica • Imunoglobulina antirrábica • Imunoglobulina anti-hepatite B • Imunoglobulina antivaricela Embora possam ter utilidade em situações específicas, os anticorpos assim transferidos promovem apenas proteção temporária (semanas), visto que não são capazes de estimular as células do sistema imune (papel do antígeno) e, portanto, não asseguram memória imunológica. Além disto, não resultam em qualquer impacto na eliminação de portadores ou da doença e têm custo de produção habitualmente bem mais elevado que as vacinas [Quadro 8]. 7 Quadro 8 Comparação entre vacinas e imunoglobulinas Característica Vacinas Imunoglobulinas e soros Duração da proteção Longa (anos) Transitória (semanas)* Proteção após aplicação Após dias ou semanas Imediata Eliminação de portadores Possível Impossível Erradicação de doenças Possível Impossível Custo Variável, geralmente baixo Geralmente alto * Duração da proteção dos soros de 10 a 14 dias e das imunoglobulinas de 21 a 28 dias. Imunidade de rebanho A expressão imunidade de rebanho (ou imunidade de grupo) designa a proteção conferida ao conjunto de individuos, como resultado da vacinação de uma proporção de individuos do grupo. Consequentemente, engloba a proteção de pessoas que não receberam a vacina diretamente, sendo possível distinguir dois modelos de indução de imunidade de grupo. No primeiro modelo, indivíduos vacinados com um agente infeccioso atenuado podem transmiti-lo para terceiros e imunizá- los indiretamente, como ocorre com a vacina oral da poliomielite (VOP ou “Sabin modificada”),que é atenuada, replica no trato intestinal do indivíduo vacinado, é eliminada nas fezes e pode ser transmitida para outros indivíduos (via fecal-oral). Este mecanismo é facilitado no contexto de aglomeração de crianças de baixa idade com hábitos higiênicos ainda rudimentares e quando as condições sanitárias são precárias. Cabe ressaltar que, diferente da VOP, as vacinas atenuadas injetáveis (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) não são usualmente transmitidas para terceiros, uma vez que a replicação em oro/nasofaringe não se faz com a mesma intensidade da infecção natural. Excepcionalmente, indivíduos que desenvolvem doença pelo vírus vacinal, alcançam alta carga virêmica e podem transmití-lo. No segundo modelo, a elevada cobertura vacinal alcançada para um determinado agente infeccioso dentro de uma comunidade, dificulta a sua circulação e, indiretamente, protege a minoría de susceptíveis não vacinados. Este efeito pode ser bastante útil para proteger os individuos que não podem ser vacinados devido a contra-indicações. Do ponto de vista coletivo, a imunidade de rebanho contribui para deter o avanço de casos e explosão de surtos quando um agente é reintroduzido em uma comunidade. A cobertura vacinal necessária para deter um surto ou epidemia por um determinado agente é diretamente proporcional a transmissibilidade deste. Em outras palavras, quanto maior for a capacidade de transmissão (Ro) do agente infeccioso, maior deverá ser a cobertura vacinal para o controle da doença causada por este agente, onde Ro corresponde ao número de individuos susceptíveis que um indivíduo infectado poderá atingir. Exemplo: sarampo - Ro estimado de 12 a 18 (média 15) Cobertura vacinal ideal: 1 - 1/Ro = 1- 1/18 = 0,094 Conclusão - cobertura vacinal deve ser = ou > 94% . Princípios gerais de uso A administração de imunobiológicos deve ser feita com todos os cuidados técnicos que possam garantir segurança e eficácia. O ato de administrar vacina em um indivíduo deve ser primariamente embasado no benefício direto para saúde do indivíduo vacinado, o que habitualmente contribui, direta ou indiretamente, para a desejável proteção da comunidade. Administração de vacinas O ato de receber uma vacina deve ser consciente. É importante que o indivíduo (ou o responsável no caso de crianças) seja informado dos benefícios esperados e da possibilidade, mesmo que pequena, da ocorrência de eventos adversos. A administração de vacina deve ser documentada. Isto implica registrar cada dose, bem como o fabricante e o lote, na ficha da unidade de saúde e no cartão de vacinação que ficará com o indivíduo vacinado. O comprovante de vacinação deverá ser guardado junto com os documentos de identificação pessoal, pois é fundamental que esteja disponível nos atendimentos médicos, o que é crítico em caso de acidentes. O calendário vacinal deve ser iniciado precocemente e atualizado ao longo de toda a vida. Mesmo que o intervalo entre as doses tenha excedido o tempo programado, não é necessário reiniciar os esquemas, basta complementá-los, aplicando as doses restantes. 8 A maioria das vacinas atualmente em uso é injetável (intramuscular, subcutânea ou intradérmica). Os locais para a aplicação intramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e dos vasos sanguíneos, sendo os mais utilizados o músculo vastolateral da coxa (menores de 15 meses) e o deltóide (crianças maiores, adolescentes e adultos). O glúteo não é habitualmente utilizado para aplicação de vacinas (pelo maior risco de reações locais e menor eficácia de algumas vacinas), apenas eventualmente para aplicação de volumes maiores de soros e imunoglobulinas. Para aplicação de vacinas por via intradérmica e subcutânea comumente utiliza-se a área superposta ao músculo deltóide. A utilização de álcool na pele antes da aplicação de vacinas é desnecessária. O álcool pode exercer efeito irritativo quando inoculado pela agulha para os tecidos sob a pele, aumentando o risco de reação local. Além disto, existe o risco potencial de que o álcool possa inativar e comprometer a eficácia de vacinas de microorganismos vivos atenuados. É desejável que a vacinação seja planejada e realizada seguindo-se os esquemas estabelecidos como padrão, de forma a assegurar que a proteção máxima presumida seja alcançada. Por vezes, entretanto, modificações no esquema original podem ser necessárias em função de intercorrências médicas que requeiram adiamento de doses ou eventualmente de esquecimento. No caso de interrupção (atraso de doses), não é necessário recomeçar o esquema iniciado, apenas completá-lo, respeitando-se o intervalo mínimo recomendado para a vacina específica. Em geral, a administração simultânea de mais de uma vacina não interfere com a resposta imunológica a cada componente isolado. Deve ser considerado, no entanto, que se a administração simultânea facilita a aderência ao esquema e reduz o número de atendimentos, eventualmente também pode dificultar o esclarecimento no caso de reações adversas. Portanto, a opção pela administração simultânea ou isolada não deve ser feita sem reflexão. Quando administradas isoladamente, o intervalo recomendado para a aplicação de vacinas diferentes depende da natureza destas. O planejamento é mais simples para as inativadas, pois não causam interferência significativa na resposta e nem sofrem interferência decorrente da aplicação de outras vacinas. No caso de aplicação isolada, em períodos distintos, de vacinas atenuadas (como a do sarampo e a da febre amarela), recomenda-se um intervalo de 4 semanas entre a aplicação das diferentes vacinas, uma vez que poderá ocorrer interferência na resposta à segunda vacina se o intervalo for muito curto. A regra não se aplica para a vacina oral para a poliomielite (“Sabin”), que pode ser aplicada a qualquer intervalo, antes ou depois de outras vacinas atenuadas. A administração de imunoglobulinas e de derivados sanguíneos contendo anticorpos pode interferir na resposta às vacinas atenuadas, recomendando-se que sejam respeitados os intervalos padronizados de acordo com o potencial de interferência, o que é particularmente importante no caso da vacina contra o sarampo. Em crianças, este tipo de interferência também ocorre naturalmente nos primeiros meses de vida, devido à presença de anticorpos maternos que foram transferidos através da placenta. Por esta razão, não se recomenda iniciar a vacinação para o sarampo, a rubéola, a caxumba e a varicela antes da criança completar 12 meses de idade. Eventos adversos A utilização de vacinas não é desprovida de riscos. A questão fundamental é se o benefício resultante justifica os riscos. De uma forma geral, a resposta é simples, visto que a vacinação é a medida responsável pelo maior número de vidas salvas na história da medicina. Além disto, na imensa maioria das vezes, a aplicação de uma vacina não resulta em eventos adversos e estes, quando ocorrem, em geral são desprovidos de gravidade e apenas muito raramente acontecem reações mais graves. A segurança é um aspecto primordialmente considerado antes da liberação de uma vacina para uso. O nível admitido de eventos adversos é bem menor do que o tolerado para utilização terapêutica de medicamentos, uma vez que as vacinas são recomendadas para grandes populações constituídas de indivíduos saudáveis com o objetivo de evitar riscos potenciais. As reações indesejáveis, quando ocorrem, podem estar associadas ao componente antigênico ou às substâncias presentes nas formulações de vacinas. Estas substâncias podem ser resíduos da fonte de produção (células fúngicas, proteínas do ovo) ou elementos utilizados para aumentar a eficácia (alumínio), para estabilizá- las (gelatina) ou para preservá-las (timerosal, fenol, neomicina). A maioria das reações resulta de algum grau de resposta inflamatória aos componentes da vacina. Por vezes, refletem os efeitos da multiplicaçãodos microorganismos vivos contidos nas vacinas atenuadas, que podem 9 simular as doenças de forma branda. Mais raramente, decorrem de reação de hipersensibilidade (alergia) ao antígeno ou aos outros componentes da vacina. Os eventos adversos mais comuns são aqueles decorrentes de reação inflamatória no local da aplicação das vacinas injetáveis e incluem dor, eritema, edema e induração. São mais comuns com as inativadas do que com as atenuadas, pois nas primeiras é proporcionalmente maior a concentração de antígenos no veículo inicial. Em geral, aparecem de 1 a 3 dias após a aplicação. As reações sistêmicas são menos frequentes que as locais e podem incluir febre, cansaço, manchas pelo corpo, artralgias, mialgias e cefaleia. Podem surgir algumas horas ou dias após a vacinação. No caso das vacinas atenuadas, as reações sistêmicas simulam a doença natural e tendem a aparecer na fase correspondente ao de incubação da respectiva doença. As reações de natureza alérgica (anafilaxia) como urticária, rinite, broncoespasmo e choque anafilático são raras. A maioria destas reações ocorre de minutos a poucas horas após a administração das vacinas (de 5 minutos a 2 horas), tendendo as mais graves a ocorrer mais precocemente (de 5 a 15 minutos). Podem estar associadas a qualquer componente da vacina, o que torna fundamental a triagem pré-vacinal de antecedentes de reações alérgicas aos componentes da vacina que se deseja administrar, a fim de excluir indivíduos que não possam recebê-la. A ocorrência de anafilaxia grave (obstrução respiratória e choque anafilático) é raríssima, porém implica risco de vida para o indivíduo. Como é quase sempre imprevisível, torna-se fundamental que as condições de assistência ao evento estejam disponíveis durante a aplicação de qualquer vacina, o que inclui disponibilidade de medicamentos, equipamentos, pessoal treinado e supervisão médica. Quando a reação alérgica ocorre num indivíduo sem qualquer risco aparente, se o componente desencadeante for identificado (como o timerosal), este não deverá jamais ser administrado novamente. Se a causa específica não for identificada nenhum dos componentes da vacina deverá ser administrado novamente (o que é um problema significativo quando ocorre administração simultânea de vacinas), exceto em circunstâncias particulares, prescrito por médico especializado e sob supervisão médica em ambiente hospitalar. Os desmaios (síncope vaso-vagal) imediatamente após a vacinação (de alguns segundos a menos de 5 minutos) frequentemente decorrem de ansiedade ou pânico e não devem ser confundidos com choque anafilático. Habitualmente, revertem rápido e sem intervenção terapêutica, bastando colocar a pessoa em decúbito dorsal. Contraindicações Contraindicação é uma condição presente no receptor que torna bastante provável a ocorrência de um efeito adverso grave se a vacina for administrada. A administração da vacina injetável da gripe que é produzida em ovos embrionados está contraindicada em um indivíduo com antecedente de reação alérgica grave ao ovo, uma vez que pode resultar em reação anafilática. As vacinas de agentes atenuados não devem ser utilizadas em pessoas com imunodeficiências graves (leucemias, linfomas, infecção pelo HIV em fase avançada), pelo risco de desenvolvimento de doença pelo agente vacinal. Da mesma forma, não se utiliza a vacina da febre amarela em menores de 9 meses (maior risco de reação neurológica em crianças de baixa idade), a não ser quando o risco de adquirir a doença for muito elevado (surto), pois neste caso o benefício justificaria o risco, reduzindo-se o limite etário para 6 meses. As contraindicações podem ser permanentes, como no caso de antecedente de reação alérgica grave a um dos componentes da vacina ou temporárias como gravidez, imunossupressão por drogas, doença aguda grave e a administração recente de hemoderivados (imunoglobulinas, soros, transfusão de plasma, de hemácias e sangue total). Nestes casos, as vacinas constituídas por agentes infecciosos atenuados estão contraindicadas até que a condição se resolva. Preservação de vacinas e imunoglobulinas As vacinas e imunoglobulinas são materiais biológicos (ou seja, imunobiológicos), sujeitos à perda gradual de potência por deterioração e desnaturação. Esta perda de potência pode ser acelerada pela inadequação da Rede de Frio no transporte, estocagem e manuseio, tendo como resultado a falha em imunizar. 10 Vacinação básica Até o início da década de 70, a vacinação no Brasil, à semelhança de quase todos os países no mundo, se processava de forma descontínua, episódica e com reduzida cobertura. As ações eram conduzidas dentro de programas específicos de controle de doenças, como os programas da febre amarela, da varíola e da tuberculose. As iniciativas, em geral, cabiam aos governos estaduais, sem um planejamento unificado ou sincronia. A vacinação infantil sistemática é indiscutivelmente recurso seguro e eficaz na prevenção de muitas doenças infecciosas. A implementação de programas de imunização bem estruturados tem resultado em redução expressiva da ocorrência de casos e óbitos por doenças (como o sarampo, a poliomielite e a difteria) que antes vitimavam uma parcela significativa da população infantil [Quadro 9]. Quadro 9 Evolução do Calendário básico de vacinas no Brasil (infância): 1975 - 2022 Idade/Ano 1975* 1990 2008 2014 2022 Ao nascer BCG BCG Hepatite B + BCG Hepatite B + BCG Hepatite B + BCG 1 mês - - Hepatite B Hepatite B Hepatite B 2 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT + Hib + Sabin +VORH DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) IPV + VORH Pneumocócica 10 conjugada DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) IPV + VORH Pneumocócica 10 conjugada 3 meses - - - Meningocócica C conjugada Meningocócica C conjugada 4 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT + Hib + Sabin + VORH DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) IPV + VORH Pneumocócica 10 conjugada DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) IPV + VORH Pneumocócica 10 conjugada 5 meses - - - Meningocõcica C conjugada Meningocócica C conjugada 6 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT + Hib + Sabin + Hepatite B Febre amarela** DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) IPV(Sabin) + VORH Pneumocócica 10 conjugada DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) IPV(“Salk”) 7 meses Sarampo - - - _ 9 meses - Sarampo Febre amarela*** Febre amarela**** Febre amarela**** 12 meses - - SCR SCR - 1ª dose Pneumocócica 10 conjugada Hepatite A SCR - 1ª dose Meningocócica C conjugada Pneumocócica 10 conjugada 15 meses - MMR - SCR-V - (“2ª dose”) SCR-V - (“2ª dose”) Hepatite A 18 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT (1º R) + Sabin DPT (1º R) + OPV (Sabin) DPT (1º R) + OPV (Sabin) 4 a 6 anos - DPT + Sabin DPT (2º R) + Sabin + DPT (2º R) + Sabin DPT (2º R) + OPV (Sabin) Varicela (“2ª dose”) Febre amarela**** 9 a 14 anos - - dT dT HPV HPV***** Meningo C ACWY****** 14 a 16 anos - - dT (dose de reforço a cada 10 anos) DPT = difteria+coqueluche+tétano (“tríplice bacteriana”). DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente= tríplice bacteriana com Haemophilus e Hepatite B) DT = difteria+tétano (“dupla infantil”) e dT= difteria+tétano (“dupla adulto”). OPV=Sabin= poliomielite oral ou poliomielite atenuada. MMR= SCR = sarampo+caxumba+rubéola (“tríplice viral”) IPV= “Salk modificada” = poliomielite inativada (uso injetável) VORH (vacina oral contra rotavírus humano * a vacina contra varíola era aplicada anualmente, inclusive em adultos. ** para residentes ou viajantes que se dirigem para áreas endêmicas de febre amarela. *** para residentes ou viajantes que se dirigem para áreas de transição. ****antecipar para 6 meses em caso de surto. ***** HPV: duas doses com intervalo de 6 meses - meninas de 9 a 14 anos; meninos de 11 a 14 anos. ******Meningocócica conjugada ACWY - dose única. De uma forma geral, as vacinas mais recentemente desenvolvidas tendem a ter custo inicial muito elevado, o que dificulta ainclusão imediata na vacinação rotineira da rede pública. Isto explica, por exemplo, o fato de 11 vacinas comprovadamente eficazes (varicela) ou mais seguras (tríplice acelular) ainda não estarem disponíveis gratuitamente para todos no Brasil. Contudo, várias destas já foram incorporadas ao calendário de diferentes países [Quadro 10] e podem ser encontradas na rede privada brasileira. Quadro 10 Recomendações para vacinação de rotina, de 0 a 14 anos, 2022 Vacinas MS, Brasil CDC, EUA LCDC, Canadá BCG Sim Não Não Hepatite B Sim Sim Sim DTP Sim Não Não DTP acelular Não Sim Sim Hib Sim Sim Sim OPV Sim Não Não IPV Sim Sim Sim Rotavírus Sim Sim Não MMR (=SCR) Sim Sim Sim Gripe Sim*1 Sim Sim Pneumocócica conjugada Sim Sim Sim Meningocócica C conjugada Sim Não Sim Varicela Sim*2 Sim Sim Hepatite A Sim (2014) Sim Não Febre amarela Sim*3 Não Não HPV Sim Sim Sim Covid-19 Sim Sim Sim *1. Disponíveis na rede pública nas campanhas anuais: de 6 meses a 5 anos incompletos. *2. Disponível na rede pública na formulação combinada a tríplice viral (SCR-V) para a segunda dose de 15 meses *3. Indicada apenas para as crianças que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela O calendário vacinal deve ser iniciado precocemente na infância. É fundamental, entretanto, que seja dado continuidade ao processo de imunização ao longo da vida do indivíduo. Desta forma, também é relevante que sejam bem estruturados os programas de vacinação de adolescentes e adultos (consultar Anexo 1 para os Calendário Básicos de 2022). Ainda não existe no Brasil uma cultura de vacinação sistemática em adultos. De fato, é indiscutível que para se obter resultados efetivos e duradouros no controle das doenças imunopreveníveis, o processo de imunizar deve ter continuidade ao longo da vida do indivíduo. Isto justifica o investimento na expansão dos programas de imunização para a população de adultos [Quadro 11]. Em 1997, a preocupação com a continuidade do processo de imunização motivou a criação do primeiro serviço no país destinado exclusivamente ao adulto, o Centro de Vacinação de Adultos (CVA) da UFRJ. Quadro 11 Imunobiológicos disponíveis para adultos nos CMS – 2022 (segundo semestre) Vacinas População alvo Difteria e tétano (dT) (“dupla adulto”) • Pessoas de qualquer idade (para reforço em gestantes, disponível dpaT) • Para iniciar ou complementar esquemas. Reforços de 10 em 10 anos. Sarampo/Caxumba/Rubéola (SCR, MMR ou “tríplice viral”) • Mulheres até 49 anos (exceto durante a gestação). • Homens até 39 anos. Febre amarela 1 • Pessoas de qualquer idade (>9 meses) que residam ou se dirijam para áreas de risco para a febre amarela. • A primeira dose deve ser feita pelo menos 10 dias antes da viagem. • Dose de reforço em crianças aos 4 anos Hepatite B • Gestantes • Pessoas de qualquer idade, independente de condição associada3 Influenza (dose anual) (“gripe”) • Pessoas com > 60 anos • Gestantes • Menores: de 6 meses a 5 anos incompletos. • Pessoas com condições.associadas a maior risco de complicações da gripe. Covid-19 • Disponível para pessoas com mais de 3 anos • Faixa etária alvo depende da formulação Antipneumocócica (“pneumococo”) • Pessoas com > 60 anos que convivem em instituições fechadas (casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso). • Dose única (um único reforço pode ser feito cinco anos após a dose inicial). Raiva 2 • Pessoas de qualquer idade (inclusive gestantes e imunodeficientes) nos casos de acidente de risco para raiva (mordeduras por cães, gatos, morcegos, animais silvestres etc.). • Profissionais com risco ocupacional para raiva (veterinários, zootécnicos etc) Fonte: Ministério da Saúde - Portaria 1.498, 2013 (modificado). 12 1. Todas as Regiões do Brasil possuem áreas (zonas rurais, regiões de cerrado, florestas) onde há risco de transmissão da febre amarela. Nas Regiões Norte e Centro-Oeste o risco existe em todos os municípios (inclusive nas capitais dos Estados e em Brasília - DF). Nas Regiões Nordeste, Sudeste e Sul, existe em numerosos municípios (em Minas, todos incluindo Belo Horizonte). 2. Disponível em Centros Municipais de Saúde que são polos primários de atendimento aos acidentes de risco para raiva. 3. Até 2013, para os adultos acima de 29 anos, a vacina para hepatite B só era oferecida quando na presença de condição associada: trabalhadores da área da saúde; bombeiros, policiais (militares, civis e rodoviários), caminhoneiros, carcereiros (delegacias e penitenciarias), coletores de lixo (hospitalar e domiciliar), agentes funerários, comunicantes sexuais de pessoas portadoras do vírus da hepatite B; doadores de sangue, homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo; pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas etc.), manicures, pedicures e podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundido; profissionais do sexo, usuários de drogas (injetáveis, inaláveis e pipadas) e portadores de DST. Situações especiais Alguns grupos possuem peculiaridades que os diferenciam da população geral. Condições como gravidez, imunodeficiência, esplenectomia, presença de doenças debilitantes (diabetes, doenças cardíacas, doenças pulmonares etc.), tipo de atividade (como profissionais da área da saúde), exposição a agentes infecciosos ou viagens que envolvam riscos diferenciados, podem tornar mais complexas a indicação e a programação de vacinas. Gestantes O uso de vacinas durante a gravidez tende a ser direcionado a situações com benefício evidente. Como regra geral, as vacinas com agentes atenuados não devem ser usadas pelas gestantes, pois existe o risco de infecção fetal pelo próprio vírus vacinal. Em caso de utilização inadvertida de vacinas atenuadas em gestantes, deve-se fazer a notificação do caso e o acompanhamento do concepto e recém-nascido para a detecção de possível efeito adverso. Em geral, recomenda-se um intervalo mínimo de 1 mês entre a administração de vacinas atenuadas e a gravidez. De forma excepcional, o uso de vacinas atenuadas poderá ser considerado em gestantes em situações especiais, como por exemplo durante um surto ou epidemia de febre amarela. Neste contexto, o emprego se justifica, uma vez que o risco da doença é maior que o da vacina. Algumas vacinas inativadas são consideradas seguras para uso no período gestacional como a vacina contra o tétano, a difteria e a pertussis acelular (dT e dTpa), a vacina da gripe (campanha anual) e a vacina contra hepatite B. Em relação às outras vacinas com agentes inativados, embora aparentemente não ofereçam riscos, para grande parte destas vacinas não há experiência suficiente de uso em gestantes para garantir segurança de forma definitiva. Portanto, o uso destas vacinas deve se restringir as situações de indiscutível benefício, como no caso da vacinação antirrábica na profilaxia pós-exposição. Outro exemplo recente, foi a recomendação de vacinação para covid-19 em gestantes, dado o risco potencial de formas mais graves da doença nas grávidas e acometimento do concepto. Em relação às demais vacinas o benefício deve ser analisado de forma individualizada. É importante ressaltar, entretanto, que não há restrições para o uso de vacinas atenuadas em contactantes de gestante imunocompetente, mesmo se esta última for comprovadamente susceptível as doenças que são alvos de proteção. Admite-se que o risco de transmissão do vírus vacinal é muito pequeno ou nulo, mas em contrapartida, o risco da exposição ao vírus selvagem, caso o contactante susceptível adoeça, é considerável e poderá resultar em consequências desastrosas, como ocorre na infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação. Desta forma, a vacinação dos contactantes de gestantes tem papel protetor e deve ser estimulada. Imunodeficientes A vacinação em imunodeficientes[Quadro 12] deve levar em consideração a segurança, a eficácia e o melhor momento para ser realizada. Sempre que possível, deve-se adiar a administração de vacinas em pacientes com imunodeficiências transitórias. Em pacientes com imunodeficiências progressivas, como a infecção pelo HIV, deve-se vacinar o mais precocemente possível ou aguardar até que um grau satisfatório de reconstituição imune seja obtido com o uso de terapia antirretroviral. Quadro 12 Causas de Imunodeficiências Doenças Drogas Infecção pelo HIV Quimioterapia Imunodeficiência congênita Radioterapia Leucemias e Linfomas Corticoterapia (sistêmica) Neoplasias malignas em geral Imunossupressão Transplantes hematológicos e de órgãos sólidos Uso de biológicos 13 Como regra geral, as vacinas com agentes atenuados não devem ser utilizadas em imunodeficientes, exceto em situações especiais em que o risco da doença é consideravelmente superior ao imposto pela imunização. As vacinas inativadas podem ser utilizadas, embora a resposta vacinal, dependendo do grau de imunodeficiência, possa estar diminuída. Algumas pessoas, pela condição da doença de base, podem ter uma resposta vacinal inadequada ou a depuração mais rápida dos anticorpos protetores, mesmo quando recebem esquemas vacinais adequados. Portanto, em situações de exposição a doenças imunopreveníveis, pode ser necessária a utilização de imunização passiva (imunoglobulinas), independente da história vacinal (decisão técnica que compete ao especialista). Os contactantes intradomiciliares também devem ter uma abordagem diferenciada em relação a sua programação vacinal. Para a proteção do imunodeficiente, os seus contactantes devem ser orientados a fazer a vacina contra gripe anualmente. É fundamental que estejam cientes de que deve ser evitada a administração da vacina anti-pólio atenuada oral (Sabin), pelo risco potencial de transmissão do vírus vacinal para o imunodeficiente. Entretanto, cabe esclarecer que em relação às vacinas atenuadas injetáveis (sarampo, caxumba, rubéola, varicela e febre amarela) a possibilidade de transmissão do vírus vacinal é tão remota, que justifica a recomendação de imunizar os contactantes susceptíveis para reduzir o risco da doença natural pelo vírus selvagem no domicílio do imunodeficiente, o que representaria um risco significativamente maior. Infecção pelo HIV As crianças infectadas pelo HIV devem receber as vacinas inativadas o mais precocemente possível [Quadro 13], respeitando a idade mínima recomendada para cada vacina específica. Os adultos com diagnóstico recente devem ser avaliados quanto ao grau de imunodeficiência, devendo ser programada a vacinação [Quadro 13] para o momento no qual há maior possibilidade de promover resposta imunológica satisfatória. Quadro 13 Recomendações para vacinação de rotina nas crianças infectadas pelo HIV, 2022 MS, Brasil CDC, EUA Vacinas Infecção assintomática Imunodeficiência avançada (CD4 <15%) Infecção assintomática BCG Sim Não Não Hepatite B Sim Sim Sim DTP Sim Sim Sim OPV Sim(1) Não Não IPV Sim Sim Sim SCR (“MMR”) Sim Não Sim Hib Sim Sim Sim Meningo C conjugada Sim Sim Sim Pneumocócica Sim Sim Sim Gripe Sim Sim Sim Varicela Sim(2) Não Sim(2) Hepatite A Sim(3) Sim(3) Sim(4) Febre amarela Sim(5) Não - 1. A vacinação de crianças assintomáticas infectadas pelo HIV deve ser feita com a IPV (vírus inativado), disponível na Rede Pública (ver Anexo 1: Calendário Nacional de Vacinação). Além da criança, a vacina com vírus atenuados pode colocar em risco eventuais contactantes (como a mãe) com imunodeficiência. 2. Indicada apenas para crianças com CD4 >25% 3. Disponível gratuitamente nos CRIE para portadores de doenças hepáticas crônicas susceptíveis. 4. Recomendada de rotina em Estados onde há elevada prevalência da doença ou em portadores de doença hepática crônica. 5. Indicada apenas para as crianças com CD4 >25% que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela. A utilização de vacinas atenuadas pode ser considerada em indivíduos HIV reativos assintomáticos [Quadro 14], sem critérios laboratoriais de imunodeficiência avançada, em situações em que o benefício para o indivíduo é inquestionável. Quando há uma alternativa, deve-se optar - sempre - pela utilização da vacina que é mais segura para o indivíduo, como no caso da vacina inativada injetável para a poliomielite (“Salk modificada”) ao invés da vacina atenuada (“Sabin”). Quadro 14 Recomendações para vacinação de adolescentes e adultos infectados pelo HIV Vacinas Recomendações BCG Contraindicada Hepatite B Indicada dT / dTpa Indicada OPV Contraindicada IPV Recomendada para indivíduos susceptíveis ou que se dirigem para área endêmica de poliomielite. 14 MMR = SCR Recomendada para indivíduos susceptíveis com CD4 >200 Hib Considerar. Disponível nos CRIE para pacientes até 18 anos. Pneumocócica Indicada Gripe Indicada (anual) Covid-19 Indicada para maiores de 3 anos de idade Varicela Recomendada apenas para indivíduos susceptíveis com CD4 > 350 (20%) Hepatite A Recomendada para todos os indivíduos susceptíveis. Disponível nos CRIE para portadores de doenças hepáticas crônicas susceptíveis e infectados pelo HIV HPV Recomendada em infectados pelo HIV de 9 a 49 anos Febre amarela Indicada para indivíduos com CD4 > 350 (ou >25% em crianças) que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão. Esplenectomizados As disfunções esplênicas podem ter origem congênita, cirúrgica ou funcional [Quadro 15]. O baço, um órgão linfo-reticular, apresenta múltiplas funções que variam desde a vida fetal até a vida adulta. Durante a vida intra-uterina o baço é responsável pela hematopoiese. Após o nascimento, assume funções relacionadas a imunidade, desde a produção de anticorpos IgM e de substâncias como a properdina, tuftsina e outras opsoninas, até a síntese de células do sistema imunológico. Junto ao sistema complemento, as células do baço identificam corpos estranhos, como bactérias, por meio dos macrófagos esplênicos e hepáticos, e as fagocitam. O baço apresenta um papel de importância fundamental nas infecções causadas por bactérias encapsuladas, uma vez que a opsonização é totalmente assegurada pelas moléculas produzidas pelo baço. Para além deste mecanismo de ação, a resposta imunológica completa contra estas bactérias encapsuladas ainda necessita da produção de imunoglobulinas do tipo IgM que são produzidas pela população de células B memória, presentes na zona marginal esplênica. O paciente esplenectomizado ou asplênico, obviamente apresenta a perda das funções imunológicas do baço, ficando mais susceptível a infecções por qualquer microorganismo, sejam bactérias, vírus, fungos ou protozoários. As principais modificações na resposta imune do hospedeiro que ocorrem após esplenectomias são: diminuição da atividade fagocitária, com menor depuração sanguínea de partículas; aumento do tempo de permanência dos linfócitos no sangue; redução da IgM sérica; menor atividade da via alternativa do complemento e diminuição da formação de substâncias ligadas à ativação dos macrófagos, como a tuftsina e properdina. Os agentes etiológicos responsáveis pelo maior número de infecções em pacientes asplênicos ou esplenectomizados são as bactérias encapsuladas Streptococcus pneumoniae (aproximadamente 50% dos casos), seguido da Haemophilus influenzae tipo B e Neisseria meningitidis. Há, no entanto, outros microorganismos, menos comuns, passíveis de causar infecção grave por ausência das funções esplênicas, como a Salmonella typhi, Babesia, o Plasmodium, a Ehrlichia spp, a Bordetella holmessi e a Bartonella sp. Dado que a asplenia ou o hipoesplenismo funcional tornam os indivíduos extremamente vulneráveis às infecções por germes encapsulados para os quais existem vacinas eficazes disponíveis, particularmente Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis, é fundamental que estes indivíduossejam rotineiramente vacinados para estes agentes. Ademais é importante que recebam anualmente a vacina para influenza, com o objetivo de reduzir ainda mais o risco de infecções por germes encapsulados, uma vez que, não raramente, podem complicar a gripe. Argumento semelhante se aplica para a Covid-19, o que torna ainda mais relevante estar com a vacinação para a Covid-19 atualizada, incluindo as doses de reforço. Em certas circunstâncias, como no caso de residência ou viagem para área de risco de febre tifoide, deve ser também considerada a vacinação contra a doença, que é causada por bactéria encapsulada (Salmonella typhi) e potencialmente grave. A disfunção esplênica per se não constitui contraindicação ao uso de qualquer vacina. Por vezes, contudo, a condição de base que resultou na disfunção do baço (esplenectomia funcional associada ao linfoma de Hodgkin) pode implicar restrições ao uso de vacinas com agentes atenuados. Quadro 15 Condições associadas a asplenia ou hipoesplenismo • Esplenectomia cirúrgica • Anemia falciforme • Talassemia major • Doença celíaca • Doença inflamatória intestinal • Linfoma de Hodgkin • Mieloma múltiplo 15 A vacinação em esplenectomizados deve ser realizada no momento mais adequado possível, particularmente relevante no caso de esplenectomias eletivas. A melhor resposta é obtida quando a vacinação é realizada com antecedência de, no mínimo, duas semanas da cirurgia programada. Nas intervenções de urgência, a vacinação deve ser realizada tão logo o paciente tenha se recuperado da cirurgia e preferencialmente nas primeiras duas semanas após o procedimento. A resposta vacinal em esplenectomizados parece, com os dados disponíveis, ser melhor com as vacinas conjugadas do que com as polissacarídicas isoladas. Até o presente momento, entretanto, a disponibilidade de vacinas conjugadas é restrita a poucos sorotipos ou sorogrupos de algumas bactérias encapsuladas. Esta limitação torna desejável a utilização sequencial destas vacinas, aplicando-se, sempre que possível, a vacina conjugada antes da polissacarídicas com um intervalo de oito semanas entre cada uma. Ainda que, com o tempo, se observe uma tendência à queda dos títulos de anticorpos induzidos pelas vacinas polissacarídicas, a utilização eventual e a periodicidade necessária de reforços também não foram estabelecidas de forma inequívoca. Admite-se, no caso da vacina pneumocócica 23, a repetição de uma segunda dose cinco anos após a aplicação da primeira. Em relação às vacinas polissacarídicas meningocócicas, a utilização eventual de reforços a cada 2-3 anos dependerá da situação epidemiológica da doença na ocasião. Doenças crônicas debilitantes As doenças crônicas debilitantes não necessariamente resultam em imundeficiência. Contudo, representam risco potencialmente maior para complicações caso uma infecção ocorra, parecendo justificável a indicação rotineira da vacina contra o tétano e a difteria, da vacina anti-influenza (anual), da antipneumocócica (no mínimo uma dose) e da vacina para Covid-19 em indivíduos portadores destas condições [Quadro 16]. Como regra geral, estas doenças crônicas isoladamente não constituem contraindicações ao uso de vacinas de qualquer natureza. Desta forma, os portadores destas condições que sejam susceptíveis, desde que não estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras, poderão receber inclusive as vacinas com agentes atenuados. Quadro 16 Doenças crônicas debilitantes • Diabetes mellitus • Insuficiência renal crônica • Insuficiência hepática • Insuficiência cardíaca • Pneumopatias crônicas Na programação vacinal destes indivíduos certas particularidades da condição de base ou da terapêutica devem ser valorizadas na indicação das vacinas e adequação dos esquemas. Nos hepatopatas e susceptíveis é fundamental vacinar contra as hepatites A e B, no intuito de evitar a ocorrência de hepatite fulminante. Nos nefropatas submetidos à diálise, em decorrência do maior risco de exposição ao vírus da hepatite B associado ao processo dialítico, a vacinação contra hepatite B é mandatória e deve ser feita com esquema especial (maior volume e número de doses) para promover uma resposta vacinal adequada. Viajantes A Medicina de Viagem surgiu no final da década de 70 na Europa Ocidental e América do Norte como "ramo" da Medicina Tropical, tendo como objetivo primário proteger a saúde dos viajantes. A Medicina de Viagem é resultante da percepção de que o deslocamento de pessoas, particularmente para as regiões menos desenvolvidas, é capaz de gerar numerosas oportunidades de adoecimento por agentes infecciosos, tornando prioritário sistematizar medidas preventivas que resultem em redução desses riscos. Em 1997, foi criado na UFRJ, o primeiro Serviço Público especializado em Medicina de Viagem do Brasil, o Centro de Informação em Saúde para Viajantes da UFRJ (Cives). O Centro realiza atendimentos individuais, relacionados às viagens de trabalho, lazer e estudos. Além disto, desenvolveu e mantém uma homepage (http://www.cives.ufrj.br) para divulgação de informações relativas à profilaxia de doenças em viajantes. As vacinas têm papel importante, mas não exclusivo, na prevenção de doenças infecciosas em viajantes. Além da atualização do calendário vacinal, é necessário avaliar a necessidade de imunizações complementares, considerando os riscos a que o viajante vai ser submetido [Quadro 17]. É prioritário, portanto, que o médico, se mantenha adequadamente informado de forma dinâmica sobre a situação epidemiológica no mundo. Para 16 indicação de uma vacina, além dos riscos da viagem, deve-se levar em consideração a história clínica e vacinal do viajante. Quadro 17 Informações essenciais para programação de vacinas em viajantes Informações clínicas Informações sobre a viagem • Idade • Estado civil • Atividade profissional • Doenças anteriores • Doenças atuais • Tratamentos em curso • Gestação, amamentação • Alergias alimentares • Alergias medicamentosas • Vacinas já recebidas • Eventos adversos às vacinas • Exame físico • Data da partida • Roteiro • Tempo de permanência • Tipo de transporte • Motivo da viagem: turismo, trabalho, visita a amigos e parentes • Atividade programada • Estilo de viagem • Condições de alojamento • Disponibilidade de assistência médica Em nenhuma hipótese as vacinas devem ser indicadas apenas devido aos riscos existentes em um lugar. As vacinas são indicadas para as pessoas, não para os lugares. As vacinas podem conferir imunidade de longa duração (como a do sarampo ou a da febre amarela) ou por apenas alguns anos (como a da febre tifoide e a antimeningocócica polissacarídica). Para algumas doenças (como a malária) não existem vacinas liberadas para uso amplo até o momento. Na consulta pré-viagem é importante ainda considerar o tempo disponível para efetuar a imunização e a possibilidade de continuidade de esquemas vacinais que requerem doses múltiplas durante e após a viagem. As vacinas necessárias devem ser aplicadas com antecedência para que produzam efeito protetor adequado (para algumas é preciso mais de uma dose). As vacinas exigidas, em geral, visam a proteção da população de um país e não necessariamente a do viajante. As vacinas recomendadas visam a proteção do viajante. Nem sempre as vacinas recomendadas e as exigidas são as mesmas. As exigências em relação às vacinas podem variar de um país para outro e ao longo do tempo. Antes de viajar, estas exigências devem ser sempre verificadas nas embaixadas ou consulados. O Regulamento Sanitário Internacional (RSI) prevê que a vacina contra a febre amarela pode ser exigida como condição para a concessão de vistos de entrada. O Certificado Internacional de Vacinação contra febre amarela pode ser exigido para países onde a febre amarela é endêmica (África, América Central e do Sul) e para aqueles onde, embora não ocorra a doença, exista risco de introdução ou reintrodução (SubcontinenteIndiano, Sudeste Asiático, alguns países da Europa etc.). A Arábia Saudita exige a vacinação contra a meningite meningocócica para os peregrinos que se dirigem a Meca ou Medina durante o Hajj. Em 2021, a exigência de certificado de vacinação para a Covid-19 foi incorporada ao RSI, entretanto, observa-se grande variabilidade no perfil de cobrança entre os países, o que torna sempre importante checar a orientação atualizada. Profissionais da área da saúde Promover proteção contra as doenças imunopreveníveis é parte integrante dos cuidados fundamentais com os profissionais que atuam na área da saúde. A utilização adequada e racional de vacinas nestes profissionais, não somente resulta em benefício individual e serve de incentivo para a vacinação em adultos, como também é relevante para proteger indiretamente a população de pacientes atendidos nas unidades de saúde [Quadro 17]. A estratégia de imunização mais adequada a ser implementada em uma determinada instituição deverá levar em consideração o perfil de riscos a que os profissionais são expostos e as características da população atendida. É recomendável que o estado imunológico de cada profissional seja estabelecido antes do início de suas atividades profissionais, através da análise da história vacinal e de doenças prévias. Todos os profissionais susceptíveis devem ser adequadamente vacinados [Quadro 18], no intuito de minimizar os riscos de se infectarem com agentes infecciosos no caso de exposições ocupacionais inadvertidas, como é o caso do vírus da hepatite B (acidentes pérfuro-cortantes) e dos vírus da varicela e do sarampo (surtos hospitalares associados à transmissão respiratória). 17 Quadro 18 Recomendações e esquemas para vacinação de profissionais da área da saúde Vacinas Recomendações Esquema usual dT (dpaT*) Indicada. Checar vacinação básica. Iniciar ou completar. Indicar reforço a cada dez anos. 3 doses IM - 0/1/6 ou 0/2/4 meses Reforço – dose única IM Hepatite B Indicada. Checar vacinação básica. Iniciar ou completar. Avaliar resposta sorológica (Anti-HBs quantitativo) 1-2 meses após última dose. 3 doses IM 0/1/6 meses SCR (“MMR”) Recomendada para os susceptíveis (sem antecedentes clínicos ou comprovação sorológica de imunidade) No mínimo 1 dose SC. Desejável 2 doses com intervalo mínimo de 4 semanas. Varicela Recomendada para os susceptíveis (sem antecedentes clínicos ou comprovação sorológica de imunidade). 2 doses SC com intervalo de 4-8 semanas Gripe inativada Recomendada para os profissionais em contato com pacientes de maior risco para complicações da gripe. 1 dose anual preferencialmente IM . Pode ser feita SC Hepatite A Recomendada para todos os indivíduos susceptíveis (sem antecedentes clínico-epidemiológico e/ou comprovação sorológica de imunidade). Contudo, sem maior risco ocupacional comprovado. 2 doses IM com intervalo de 6-12 meses IPV Não indicada rotineiramente para adultos no Brasil. Recomendada para vacinação de adultos susceptíveis que se dirigem para área endêmica de poliomielite e também para a dose de reforço daqueles em contato com imunodeficientes. 3 doses SC 0/1/6 ou 0/2/4 meses. Febre amarela Indicada para indivíduos que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela. Indicar reforço a cada dez anos. Esquema - Dose única SC. BCG Não indicada. Benefício não comprovado em adultos. ---------- Varíola do macaco Dados preliminares. Recomendada para profissionais de laboratório que manipulam o vírus e profissionais de saúde com atividades de alta exposição. Esquema (“padrão”) - Vacina não replicante (Jynneos) - 2 doses SC, intervalo de 4 semanas * Uma dose da vacina dpaT quando disponível poderá ser utilizada como reforço, o que parece particularmente útil para os profissionais em contato frequente com crianças menores de 1 ano. A hepatite B é a doença ocupacional de maior impacto para os profissionais da área da saúde. O risco de infecção está diretamente relacionado à prevalência de pacientes cronicamente infectados pelo vírus B na população de atendidos e a frequência de exposições do profissional ao sangue e aos outros fluidos biológicos potencialmente contaminados (líquidos serosos, sêmen, secreção vaginal). A vacinação é medida fundamental para prevenção primária da transmissão da doença. O esquema padrão de vacinação contra hepatite B, que confere imunidade em mais de 90% dos vacinados, é de três doses da vacina recombinante (20µg no adulto) por via intramuscular, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda e de cinco meses entre a segunda e a terceira. No caso de interrupção (atraso de doses), não é necessário recomeçar, apenas completar o esquema iniciado, respeitando-se intervalo mínimo de dois meses entre a segunda e a terceira dose e de seis meses entre a primeira e a terceira. É recomendável, considerando-se o risco ocupacional continuado, que ao término do esquema, seja avaliada sorologicamente a resposta à vacinação, através da pesquisa quantitativa de anticorpos séricos contra o antígeno de superfície (anti-HBs). O momento ideal para testagem é de um a dois meses após a última dose e o nível sérico mínimo de anticorpos considerado satisfatório é de 10 mIU/ml. Caso não alcançado, deve ser considerada a continuidade do estímulo vacinal, com uma dose complementar ou revacinação completa, completando um máximo de seis doses. O nível de anticorpos anti-HBs alcançado após esquema completo tende a se reduzir com o tempo. Admite-se, entretanto, que nos indivíduos que apresentaram resposta satisfatória ao esquema padrão, o contato eventual com o vírus selvagem da hepatite B servirá como reforço natural à vacinação prévia, estimulando a rápida produção de anticorpos e impedindo a replicação do agente natural. Contudo, quando a testagem sorológica não é realizada em momento oportuno (até no máximo seis meses após a terceira dose) torna-se mais difícil a interpretação correta da resposta vacinal, pois caso revele nível inferior a 10 mIU/ml não é possível discriminar a causa (resposta inadequada à vacina ou queda natural do nível de anticorpos com o tempo). Nestas circunstâncias, a alternativa mais simples é aplicar uma dose de reforço da vacina, seguida da testagem sorológica dez dias após, pois desta forma é possível comprovar a resposta anamnéstica. Se o nível de anticorpos persistir inferior a 10 mIU/ml, o esquema deverá ser completado, programando-se as duas doses restantes. Imunização após exposição ao risco de infecções A exposição de um indivíduo susceptível a um agente infeccioso resulta em possibilidade de aquisição de infecção e de adoecimento. A imunização (vacinas e/ou imunoglobulinas) feita em tempo hábil e oportuno após a exposição poderá ser útil, impedindo a infecção ou atenuando as manifestações da doença [Quadro 19]. 18 Quadro 19 Informações essenciais para programação de vacinas e imunoglobulinas em susceptíveis após exposição Risco infeccioso Contactantes imunocompetentes Contactantes imunodeficientes e outros* Sarampo Vacinar até 72 horas (>s de 1 ano) Utilizar imunoglobulina padrão humana (IG) até 96 horas Varicela Vacinar até 72 horas (>s de 1 ano) Utilizar Imunoglobulina específica (VZIG) até 96 horas Hepatite A Tendência a utilizar apenas vacina (1ª dose imediatamente) nos maiores de 1 ano Utilizar imunoglobulina padrão humana (IG) precocemente Tétano Nos ferimentos de maior risco, além da limpeza do ferimento, utilizar Imunoglobulina específica (TIG)* o mais precoce possível e iniciar ou completar vacinação para o tétano. Nos ferimentos de risco, além da limpeza do ferimento, utilizar Imunoglobulina específica (TIG**) o mais precoce possível e iniciar ou completar vacinação para o tétano. Raiva Decisão de uso de vacina (de cultivo celular) e/ou imunoglobulina (HRIG)** dependerá da natureza do ferimento e do animal agressor. Sempre que houver qualquer risco presumido, utilizar imunoglobulina(HRIG)* e vacina de cultivo celular. Varíola humana (bioterrorismo) Vacinar até 72 horas. Preferencialmente com a vacina não replicante (JYNNEOS) Ainda não estabelecido Varíola do macaco Dados preliminares. Vacinar até 72 horas. Preferencialmente com a vacina não replicante (JYNNEOS) Ainda não estabelecido * Outros: Para a varicela: inclui gestantes, prematuros e neonatos de mães que manifestaram varicela 48 antes até 5 dias após o parto; Para o sarampo: inclui gestantes e menores de 1 ano de idade; * * Sempre que disponíveis as imunoglobulinas homólogas (TIG, HRIB) são preferíveis aos seus correspondentes (SAT e SAR) soros heterólogos, particularmente pelo menor risco de reações de hipersensibilidade às proteínas heterólogas. Em termos gerais, a probabilidade de eficácia da vacina tende a ser maior quanto mais precoce após a exposição ela for utilizada, quanto maior for o período de incubação da doença e se o indivíduo exposto for imunocompetente. Naturalmente, na abordagem destas situações em imunodeficientes as vacinas produzidas com agentes atenuados estão contraindicadas, o que habitualmente implica a utilização de imunoglobulinas. No caso de acidentes ocupacionais, pérfuro-cortantes ou com exposição de mucosas, envolvendo material biológico de fonte reconhecida ou potencialmente infectada pelo vírus B, dependendo do estado imunitário prévio do profissional acidentado [Quadro 20], podem ser necessárias doses adicionais de vacina ou utilização concomitante de imunoglobulina para hepatite B. Quadro 20 Profilaxia para hepatite B: acidentes ocupacionais e vítimas de abuso sexual Fonte HBsAg-Positiva comprovada ou fonte presumida como de alto risco • Pessoas não vacinadas ou que sabidamente responderam inadequadamente à vacinação completa anterior devem receber imunoglobulina (IGHAHB) e vacina tão logo possível após exposição (preferencialmente nas primeiras 24 horas). • Pessoas com esquema vacinal em curso, porém incompleto, devem também receber imunoglobulina (HBIG) e vacina para completar esquema. • Pessoas vacinadas e que responderam adequadamente à vacinação completa (comprovação sorológica), nenhuma medida adicional é necessária. • No caso de criancas e adolescentes com comprovação de vacinação completa e sem controle sorológico pós-vacinação, indica-se uma dose de reforço da vacina. Fonte presumida como de baixo risco • Pessoas não vacinadas ou que sabidamente responderam inadequadamente à vacinação completa anterior devem receber vacina tão logo possível após exposição (preferencialmente nas primeiras 24 horas). A série vacinal deve ser completada utilizando a dose e o esquema adequado à idade. • Pessoas com esquema vacinal em curso, porém incompleto, devem receber vacina para completar esquema. • Pessoas vacinadas e que responderam adequadamente à vacinação completa (comprovação sorológica), nenhuma medida adicional é necessária. • No caso de crianças e adolescentes com comprovação de vacinação completa e sem controle sorológico pós-vacinação, nenhuma medida adicional é necessária. Fonte HBsAg-Negativa • Embora nenhuma medida específica esteja indicada em relação ao acidente em questão, deve-se orientar as pessoas não vacinadas ou com esquemas incompletos, a iniciar ou completar a vacinação. * Quando indicada, a administração de imunoglobulina deve ser feita o mais precocemente possível, se possível nas primeiras 24 horas. Admite-se, contudo, que a administração tardia ainda possa trazer benefícios desde que não ultrapasse 7 dias nos acidentes percutâneos e 14 dias na exposição sexual. Em acidentes que envolvem materiais provenientes de fontes desconhecidas, uma análise cuidadosa do contexto do acidente poderá ser útil para a presunção do risco associado à hepatite B. Atribuir baixo risco a qualquer fonte desconhecida, como é comumente recomendado em Guidelines poderá conduzir a uma 19 segurança enganosa, liberando do uso de imunoglobulinas indivíduos que tecnicamente se beneficiariam da proteção imediata conferida pelos anticorpos prontos. 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Calendários de vacinação de adolescentes, adultos e gestantes - PNI, 2022. 21 Anexo 3 Campanhas de vacinação – Ministério da Saúde, Brasil 1904: Campanha de Vacinação contra Varíola na Capital – Revolta da Vacina 1961: Primeira campanha com a vacina contra poliomielite oral 1966-1973: Campanha de Erradicação da Varíola 1975: Campanha contra a meningite (vacina polissacarídica A/C) 1992: Campanha contra o sarampo (vacina isolada do sarampo) – alvo 6 meses a 14 anos 1990: Campanha contra a meningite (vacina cubana vesícula-B/polissacarídeo C) – alvo < 12 anos 1995: Campanha contra a meningite (vacina cubana < 15 anos e vacina polis A/C 15-29 anos) 1997: Campanha contra o sarampo – vacina dupla viral (MR ou SR) ou tríplice viral (MMR ou SRC) 2000: Campanhas focais contra a febre amarela (Rio de Janeiro, inclusive) 2001-02: Campanha contra rubéola - vacina dupla viral (MR ou SR) – mulheres de 20 a 39 anos 2007-08: Campanha contra rubéola (2 vacinas): Vacina dupla viral (MR ou SR) – ambos os sexos, 20 a 39 anos. Vacina tríplice viral (MMR ou SCR) – ambos os sexos, 12 a 19 anos. 2011-13: Campanha de vacinação da rubéola Vacina dupla viral (MR ou SR) – ambos os sexos, 20 a 39 anos. Vacina tríplice viral (MMR ou SCR) – ambos os sexos, 12 a 19 anos. 2017-18: Campanha de vacinação da febre amarela - acima de 9 meses; 2019: Campanha de vacinação do sarampo - tríplice viral 2021-presente: Campanha de vacinação da Covid-19; 2022-presente: Intensificação da campanha de vacinação da poliomielite e sarampo