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Cives 
Centro de Informação em Saúde para Viajantes 
 
 
 
 
 
 
Vacinas - Princípios gerais 
Terezinha Marta P.P. Castiñeiras, Fernando S.V. Martins & Luciana G.F. Pedro 
Texto Técnico – Cives, Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias. Faculdade de Medicina, UFRJ, 2022 (em revisão) 
 
As vacinas resultam da observação de que em algumas doenças como a varíola o indivíduo era acometido 
apenas uma vez, não ocorrendo um segundo episódio. É provável que esta observação tenha motivado os 
chineses a tentar prevenir a varíola - doença grave e potencialmente fatal caracterizada por lesões pustulosas 
generalizadas - através da exposição de indivíduos saudáveis a materiais provenientes das lesões pustulosas de 
outro indivíduo acometido da doença. Este processo, denominado "variolação", foi praticado de diversas 
maneiras, como injeção intradérmica do pus das lesões cutâneas, inalação de pó produzido a partir das crostas 
e injeção intravenosa, única ou seriada, do "raspado" das lesões. 
A "variolação" foi introduzida na Inglaterra no início do século XVIII por Mary Wortley Montagu, mulher do 
embaixador britânico na Turquia. Embora a "variolação" não fosse isenta de riscos e tenha sido responsável por 
algumas fatalidades, na maioria dos inoculados resultava apenas em doença branda e, ainda que de forma 
primitiva, contribuiu para a redução da morbidade e mortalidade nas populações nas quais a técnica foi aplicada. 
O termo vacina (do latim vacca, em português vaca) originou-se das experiências de Edward Jenner na 
Inglaterra no final do século XVIII. Jenner, que sobreviveu a varíola na infância possivelmente pelos benefícios 
da variolação a que foi anteriormente submetido, tornou-se médico rural. Observador meticuloso, Jenner notou a 
ocorrência relativamente frequente de uma doença no gado (a varíola bovina) com lesões pustulosas 
semelhantes às da varíola humana, porém de curso benigno e que muitos indivíduos que cuidavam do gado, em 
especial os ordenhadores, não contraíam varíola humana mesmo quando sucessivamente expostos à doença. 
Com base nestas observações, Jenner realizou uma série de experimentos em 1796. Inicialmente fez a 
inoculação do material proveniente de lesões pustulosas de varíola bovina em um menino, que desenvolveu uma 
doença branda. Após aguardar a completa recuperação do paciente, inoculou pus proveniente de lesão 
pustulosa da varíola humana - o que hoje seria considerado antiético - por via intradérmica e, conforme havia 
previsto, o menino não desenvolveu varíola. Jenner denominou esse processo, capaz de induzir proteção contra 
a varíola humana, como vacinação. 
A aceitação do trabalho de Jenner pela comunidade científica não foi imediata, à semelhança de outras grandes 
descobertas. Em 1797 o estudo foi recusado para a publicação na Philosophical Transactions of the Royal 
Society. A despeito disto, Jenner reuniu outros 23 casos semelhantes nos meses que se seguiram e em 
observações detalhadas publicou seu próprio livro. Nos anos que se seguiram muitas pessoas foram protegidas 
da varíola pelo processo de vacinação. 
Na segunda metade do século XIX, época em que foram desenvolvidas técnicas de isolamento de 
microorganismos, elucidados ciclos microbianos e esclarecida a etiologia de várias doenças, ocorreu o segundo 
grande passo na história das vacinas. Coube a Pasteur em 1884, na busca de um possível tratamento profilático 
para a raiva, mesmo antes da identificação precisa da etiologia da doença, o desenvolvimento da primeira vacina 
com vírus atenuado, resultante do processo de redução progressiva da patogenicidade através de cultivos 
sucessivos. Nas primeiras décadas do século XX, foram desenvolvidas várias técnicas de inativação de 
microorganismos e de toxinas, possibilitando a disponibilização de outras vacinas. Após a Segunda Guerra 
Mundial, seguiu-se uma verdadeira revolução tecnológica, que resultou em aumento significativo do número de 
vacinas disponíveis [Quadro 1]. 
Até 1970, a despeito do reconhecimento progressivo da importância das vacinas no controle das doenças 
infecciosas, a prática da imunização estava basicamente restrita aos países industrializados e, mesmo nestes, 
ocorria de forma não sistemática, em geral ligada a programas de controle de doenças específicas em 
determinados grupos populacionais. À medida que os benefícios da vacinação se comprovaram 
inequivocamente, particularmente com a intervenção global que resultou na erradicação da varíola (último caso 
2 
 
na Somália, em 1977), a vacinação foi tornando-se o protótipo de intervenção bem-sucedida em saúde pública. 
Progressivamente foram sendo estabelecidos programas de vacinação em massa e implementados os primeiros 
programas de imunização rotineira, que tinham como alvo primário a população infantil. Em 1974, a Organização 
Mundial da Saúde (OMS) criou o Programa Expandido de Imunizações (EPI, do inglês Expanded Programme on 
Immunization), que tinha como alvo seis doenças (tuberculose, difteria, tétano neonatal, coqueluche, poliomielite 
e o sarampo). 
 
 
Quadro 1 
Desenvolvimento de vacinas: 1796-1970 
Vacina 
A
n
o 
• Varíola 
• Raiva 
• Difteria 
• Coqueluche 
• Tétano 
• Tuberculose (BCG) 
• Febre amarela 
• Poliomielite inativada 
• Poliomielite atenuada 
• Sarampo 
• Rubéola 
1796 
1885 
1923 
1926 
1927 
1927 
1935 
1955 
1963 
1965 
1967 
 
É possível afirmar que de todas as intervenções na área da saúde, apenas o tratamento da água de consumo, 
produziu impacto semelhante à vacinação na prevenção de casos de doenças com relação custo-benefício 
sistematicamente favorável. A vacinação conduziu a erradicação da varíola e torna possível alcançar 
progressivamente a eliminação de outras doenças, como a poliomielite e o sarampo, que a semelhança da 
varíola tem apenas o homem como reservatório. Além disto, contribui significativamente para o controle de 
muitas outras como o tétano, a difteria, a coqueluche, a rubéola, a caxumba, a febre amarela, a raiva etc. Mais 
recentemente com o advento das vacinas recombinantes (1986) e das polissacarídicas conjugadas (1990) as 
perspectivas de efetiva redução de agravos estenderam-se à hepatite B e as doenças invasivas causadas por 
bactérias encapsuladas como Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. 
No início do século XXI, a despeito da enorme difusão e do êxito incontestável, nem toda a população mundial 
tem acesso aos programas de imunização. Os índices de cobertura vacinal são extremamente díspares entre 
países com condições sócio-econômicas e determinação política diferentes. A situação é crítica em países de 
economia débil, onde são escassos - e frequentemente mal-empregados - os recursos disponíveis para 
combater os problemas de saúde. Em áreas marcadas pela miséria, como na maioria dos países da África 
Subsaariana e na Índia, doenças para as quais há vários anos já existem vacinas eficazes, como o sarampo e a 
poliomielite, continuam contribuindo para a morbidade e mortalidade infantis. 
A persistência de áreas focais com baixas coberturas vacinais possibilita a persistência da transmissão de 
doenças infecciosas, o que acaba representando uma ameaça de saúde para toda a população mundial. Isto é 
particularmente preocupante à medida que se observa que cada vez é maior o movimento de pessoas pelas 
mais variadas regiões do globo. A dimensão potencial do problema pode ser inferida pela constatação óbvia de 
que os microorganismos não respeitam fronteiras geográficas e pode haver disseminação e reintrodução em 
locais de onde já haviam sido aparentemente eliminados, desde que existam susceptíveis. Esta vulnerabilidade 
associada a globalização é a justificativa para o investimento internacional em estratégias de imunização que 
assegurem melhores coberturas vacinais nas regiões mais carentes e para a manutenção dos programas de 
imunização nas regiões mais favorecidas, mesmo quando as doenças-alvo pareçam controladas. 
Em todos os países, inclusiveno Brasil, a década de 70 foi marcada pela expansão dos programas de vacinação 
em massa, tendo como alvo primário a população infantil. A despeito do sucesso (ou por isto mesmo) dos 
programas de vacinação da população infantil, a população de adolescentes e adultos era, até recentemente, 
virtualmente ignorada. Em razão disto, não é surpreendente que, em termos culturais, no Brasil, a vacinação 
ainda seja considerada como mais importante para crianças. Como consequência, uma grande parte dos 
adolescentes e adultos jovens tem o calendário vacinal desatualizado e a população adulta nunca foi vacinada 
ou tem esquemas incompletos. Além disto, desde a década de 70, novas vacinas foram desenvolvidas e 
 3 
 
tornaram-se disponíveis no país: hepatite B, hepatite A, varicela, meningocócicas etc. No Brasil, parte destas 
vacinas foram, gradativamente, incorporadas ao Calendário Básico e outras, consideradas especiais, estão 
disponíveis gratuitamente apenas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). 
Paradoxalmente, a melhoria das condições sanitárias pode levar a um aumento da população de adolescentes e 
adultos susceptíveis no caso das infecções transmitidas por água e alimentos para as quais a cobertura vacinal 
não é adequada, como a hepatite A. A partir de meados da década de 1990, o reconhecimento da necessidade 
de dar continuidade à imunização ao longo da vida do indivíduo veio motivando a expansão dos programas de 
imunização para a população de adolescentes e adultos em todo mundo. 
Nas duas últimas décadas, o cenário mundial foi marcado pela emergência e reemergência de várias doenças 
infecciosas, culminando com a pandemia de Covid-19. Para a maior parte destas doenças, como é o caso da 
febre amarela e do sarampo, uma vacina extremamente eficaz está disponível e a estratégia de controle tem se 
apoiado na intensificação de uso (rotina e bloqueio) no aumento de produção e por vezes na adoção 
emergencial de metodologias alternativas, como o fracionamento de doses. Para a Covid-19, se fez necessário 
desenvolver vacinas específicas, tendo como base as tecnologias já amplamente estabelecidas (vírus completo 
inativado, partículas proteicas) ou as de introdução mais recente (vacinas de RNA, vacinas de vetor viral). De 
forma arrebatadora, o desenvolvimento e disponibilização de vacinas para a Covid-19 em tempo recorde, 
reverteu o cenário trágico e freou o curso da pandemia. Paradoxalmente, a despeito de todas as evidências da 
importância da vacinação na mitigação da pandemia, assistimos o crescimento do negacionismo mundialmente. 
No Brasil, o posicionamento negacionista do governo central em relação a vacinação para Covid-19 contribuiu 
para o aumento de recusa vacinal. Por fim, como exemplo mais recente, a emergência de varíola do macaco em 
países não endêmicos fora da África, vem ressaltar a importância da vacinação como o recurso efetivo de 
controle. 
 
Imunobiológicos especiais 
A partir de 1993, iniciou-se no Brasil a implantação dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais 
(CRIE) com a finalidade de atender pessoas com necessidades específicas que, por particularidades da 
condição de base ou por reações adversas aos imunobiológicos usuais, necessitam receber imunobiológicos 
diferenciados [Quadro 2] dos disponíveis na rotina. 
Atualmente, existe pelo menos um CRIE em cada Estado da União e no Distrito Federal. Para receber os 
imunobiológicos disponíveis nos CRIE, o paciente encaminhado pelo médico assistente deverá preencher os 
critérios definidos pelo PNI (ver: Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, disponível 
em: portal.saude.gov.br). No entanto, a distribuição dos centros existentes no país não guarda proporção com a 
densidade populacional das Unidades Federadas. No Rio de Janeiro funcionam apenas três CRIE (no Hospital 
Evandro Chagas/Fiocruz; no Hospital Rocha Maia e o terceiro, de pequeno porte, em Itaperuna), enquanto São 
Paulo dispõe de seis (vinculados às Universidades locais) e quatro estão em Brasília. Parece claro que é 
necessário o estabelecimento de novos CRIE no Rio de Janeiro. 
 
Quadro 2 
Imunobiológicos disponíveis nos CRIE - 2022 
Vacinas Imunoglobulinas 
• Covid-19 
• DPaT = tríplice acelular (infantil) 
• DPaT-Hib_IPV 
• Haemophilus conjugada 
• Hepatite B 
• Hepatite A 
• Influenza 
• Meningocócica C conjugada 
• Pneumocócica 10 conjugada 
• Pneumocócica 13 conjugada 
• Pneumocócica 23 polissacarídica 
• Poliomielite inativada 
• Raiva de cultivo celular 
• Varicela 
• Febre tifoide 
• Imunoglobulina antitetânica 
• Imunoglobulina antirrábica 
• Imunoglobulina anti-hepatite B 
• Imunoglobulina antivaricela 
 
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Fundamentos da vacinação 
Todos os seres vivos são dotados de mecanismos de defesa para protegê-los de potenciais “agressores”. Alguns 
destes recursos são muito simples e conferem alguma proteção independente da natureza do estímulo, daí 
serem denominados mecanismos inespecíficos de defesa (resposta imunológica inata). 
A evolução biológica levou ao progressivo refinamento da resposta de defesa dos organismos superiores, com o 
desenvolvimento de um sistema diferenciado, o sistema imune (ou imunológico), capaz de conferir proteção 
específica e duradoura contra possíveis agressores. Este sistema consiste basicamente em um conjunto de 
células (macrófagos e linfócitos) capazes de reconhecer elementos estranhos ao organismo, denominados 
antígenos, e especificamente contra estes desenvolver defesa, ou seja, uma resposta imune (ou imunológica) 
específica. Esta resposta pode ser do tipo humoral que envolve a produção de proteínas conhecidas como 
anticorpos ou imunoglobulinas (IgM, IgG, IgA, IgD e IgE) ou do tipo celular que envolve a produção de outras 
células específicas (também linfócitos) cujo propósito é facilitar a eliminação do antígeno. 
O exemplo mais típico e natural de resposta imune ativa (resposta imunológica primária) ocorre quando um 
agente infeccioso invade o organismo humano. O sistema imune reconhece este agente - que geralmente 
contém vários antígenos - como estranho ou invasor e responde com produção de anticorpos e de células de 
memória capazes de sob estímulo futuro voltar a produzir anticorpos específicos (resposta imunológica 
secundária) contra o invasor. 
Este mesmo modelo de resposta imunológica pode ser reproduzido com a utilização de vacinas, que em geral se 
constituem de microorganismos inativados (“mortos’’) ou atenuados (“enfraquecidos”) ou fragmentos desses, que 
são capazes de simular a exposição natural a um agente infeccioso e induzir resposta protetora, sem, entretanto, 
os riscos da doença e suas complicações. Isto porque, a vacina desempenha o papel do agente infeccioso 
invasor no primeiro contato e induz a resposta imunológica primária. Numa eventual exposição futura ao agente 
infeccioso, a produção de anticorpos se fará rapidamente (2-7 dias), processo que corresponde à resposta 
imunológica secundária, de forma que o invasor será combatido antes de causar danos. As vacinas promovem 
imunização ativa ao estimular diretamente a resposta do sistema imune e, com isto, promovem resposta 
duradoura. Entretanto, também é possível conferir proteção ao indivíduo através da transferência de anticorpos 
"prontos", produzidos em animais (soros heterólogos) ou seres humanos (soros homólogos ou imunoglobulinas). 
Este processo de transferência de anticorpos é denominado imunização passiva. 
 
Tipos de vacinas 
Existem dois tipos básicos de vacinas, as atenuadas e as inativadas. As vacinas atenuadas [Quadro 3] são as 
produzidas a partir de vírus ou bactérias “selvagens” que sofreram redução progressiva da patogenicidade 
(atenuação). As vacinas inativadas são as produzidas a partir de microorganismos tornados não viáveis através 
do tratamento com calor ou produtos químicos (inativação). As vacinas inativadas [Quadro 4] podem utilizar o 
microorganismo inteiro ou frações deste, como toxinas (proteinas) modificadas para eliminar a patogenicidade(toxóides), componentes polissacarídicos da parede celular bacteriana (vacinas polissacarídicas) ou 
componentes polissacarídicos conjugados com moléculas proteicas (vacinas conjugadas). Além disto, podem 
ser utilizadas técnicas de engenharia genética na produção de vacinas, tanto das atenuadas, quanto das 
inativadas (vacinas recombinantes). 
 
Quadro 3 
Tipos de vacinas: microorganismos atenuados 
• Poliomielite oral 
• Sarampo 
• Caxumba 
• Rubéola 
• Catapora 
• SCR 
• SCR-V 
• Herpes zoster atenuada 
• Febre amarela 
• BCG 
• Febre tifoide (oral) 
• Gripe (spray nasal) 
• VOHR (rotavírus) 
 5 
 
 
Nas vacinas atenuadas [Quadro 3], os microorganismos mantêm a capacidade de se multiplicar e quando 
inoculados replicam-se, simulando a infecção natural em seres humanos. Em pessoas saudáveis essa 
multiplicação é controlada pelo sistema imunológico, levando a produção de anticorpos sem desenvolvimento de 
doença ou, algumas vezes, com a ocorrência de "doença branda", com manifestações discretas. A resposta 
imunológica a estas vacinas é muito próxima da resultante da infecção natural e tende a ser eficaz e duradoura. 
No entanto, em pessoas imunodeficientes (Aids, leucemia, neoplasias, transplantados hematológicos e de 
órgãos sólidos etc.) a multiplicação do microorganismo pode não ser adequadamente controlada e existe risco 
de desenvolvimento de doença causada pela vacina. Por esta razão, como regra geral, essas vacinas “vivas” 
não devem ser utilizadas em imunodeficientes, exceto em situações especiais em que o risco da doença seja 
consideravelmente superior ao imposto pela vacina. De forma semelhante, as vacinas atenuadas devem ser 
evitadas nas gestantes, pela possibilidade de infecção do concepto pelo agente vacinal e risco potencial de 
inadequado controle da multiplicação do vírus vacinal (“imaturidade imunológica”) e dano aos tecidos e órgãos 
em formação. 
 
Quadro 4 
Tipos de vacinas: microorganismos inativados ou partículas 
• Poliomielite injetável 
• Coqueluche 
• Covid_19 
• Toxóide tetânico 
• Toxóide diftérico 
• Raiva 
• Gripe (injetável) 
• Hepatite B 
• Hepatite A 
• Haemophilus b 
• Pneumocócicas 
• Meningocócicas 
• Febre tifoide (injetável) 
• HPV 
• Herpes zoster (2) 
 
As vacinas inativadas [Quadro 4], por não ocorrer replicação de microorganismos, são mais seguras para uso 
em imunodeficientes e gestantes. No entanto, em geral, é necessário mais de uma dose para promover resposta 
imune adequada e devem ser feitos reforços para manter o nível de anticorpos satisfatório. As vacinas 
constituídas por microorganismos inteiros, por frações proteicas (como toxinas) ou frações polissacarídicas 
conjugadas com proteínas são capazes de induzir proteção mais eficiente e duradoura do que as produzidas 
apenas com frações polissacarídicas, diferença que é mais significativa quando são utilizadas em menores de 
dois anos de idade. 
As vacinas desenvolvidas para a Covid-19 e já disponibilizadas até o momento pertencem a diferentes 
plataformas de produção [quadro 5], mas relativamente ao SARS-CoV2, são de natureza inativada, pois não 
contêm SARS-CoV2 replicante. No Brasil, estão disponíveis para uso a vacina de vírus vivo inativado 
(Coronavac), as vacinas de vetor viral (Astrazeneca e Janssen) e a vacina de RNA-mensageiro (Pfizer). 
 
Quadro 5 
Vacinas para Covid-19 disponíveis no Brasil 
 
Vacinas Laboratório produtor Plataforma Uso liberado no Brasil 
CoronaVac Butantan Vírus vivo inativado Crianças > 3 anos e adultos (inclui gestantes) 
ChAdOx1 - AstraZeneca Fiocruz Vetor viral (adenovírus) Adultos > 18 anos 
Ad26SARS-CoV2 Janssen Vetor viral (adenovírus) Adultos > 18 anos 
BNT162 - Comirnaty Pfizer RNA-m Crianças > 5 anos e adultos (inclui gestantes) 
 
 
 
6 
 
Componentes 
Em todas as formulações de vacinas, além do antígeno, estão presentes (em pequena quantidade) outros 
elementos incluindo agentes inativantes, preservantes, estabilizantes e adjuvantes [Quadro 6]. Os agentes 
inativantes (em geral, formaldeído) são substâncias químicas utilizadas para inativar os microorganismos ou 
suas frações. Os preservantes (timerosal, fenol, antibióticos) são substâncias adicionadas às vacinas para 
impedir o crescimento bacteriano quando existe o risco de contaminação (por exemplo, nos frascos multidoses). 
Podem ser usados durante o processo de elaboração da vacina ou adicionados no contêiner final. Os 
estabilizantes (albumina, lactose, sorbitol) são produtos que são adicionados visando preservar a eficácia da 
vacina durante o transporte e a estocagem, particularmente conferindo resistência térmica. Os adjuvantes 
(hidróxido de alumínio, fosfato) são utilizados para potencializar a resposta protetora final. 
 
Quadro 6 
Constituintes das vacinas para Covid-19 
Constituintes das vacinas 
Constituintes Exemplos 
Antígeno Podem ser atenuados ou inativados (inteiro ou frações) 
Inativantes Formaldeído 
Preservantes Timerosal, fenol, antibióticos 
Estabilizantes Albumina, lactose, sorbitol 
Adjuvantes 
 
 
Imunização ativa e passiva 
As vacinas promovem imunização ativa ao estimular diretamente a resposta do sistema imune e, com isto, 
promovem resposta duradoura. Entretanto, também é possível conferir proteção ao indivíduo através da 
transferência de anticorpos "prontos", produzidos por outra fonte, animal ou humana, um processo que é 
denominado de imunização passiva [Quadro 7]. 
A imunização passiva ocorre de forma natural na transferência de anticorpos maternos para o concepto através 
da placenta. Pode também ser reproduzida "artificialmente", através da administração de soros ou 
imunoglobulinas [Quadro 7] obtidos de outras fontes, que podem ser humanas (soros homólogos ou 
imunoglobulinas humanas) ou de outros animais (soros heterólogos). Habitualmente utiliza-se o termo “soro” em 
referência aos produtos heterólogos e o termo “imunoglobulina” para os produtos homólogos. A imunização 
passiva é geralmente mais útil em situações de urgência, quando não é possível aguardar a produção de 
anticorpos pelo organismo, como, por exemplo, nos acidentes de alto risco para tétano e raiva e na abordagem 
das vítimas de animais peçonhentos. 
 
Quadro 7 
Soros e imunoglobulinas 
• Soro antitetânico 
• Soro antirrábico 
• Soro antidiftérico 
• Soro antiaracnídico 
• Soro antiescorpiônico 
• Soro antibotrópico 
• Soro anticrotálico 
• Soro antielapídico 
• Imunoglobulina antitetânica 
• Imunoglobulina antirrábica 
• Imunoglobulina anti-hepatite B 
• Imunoglobulina antivaricela 
 
Embora possam ter utilidade em situações específicas, os anticorpos assim transferidos promovem apenas 
proteção temporária (semanas), visto que não são capazes de estimular as células do sistema imune (papel do 
antígeno) e, portanto, não asseguram memória imunológica. Além disto, não resultam em qualquer impacto na 
eliminação de portadores ou da doença e têm custo de produção habitualmente bem mais elevado que as 
vacinas [Quadro 8]. 
 
 
 7 
 
Quadro 8 
Comparação entre vacinas e imunoglobulinas 
Característica Vacinas Imunoglobulinas e soros 
Duração da proteção Longa (anos) Transitória (semanas)* 
Proteção após aplicação Após dias ou semanas Imediata 
Eliminação de portadores Possível Impossível 
Erradicação de doenças Possível Impossível 
Custo Variável, geralmente baixo Geralmente alto 
* Duração da proteção dos soros de 10 a 14 dias e das imunoglobulinas de 21 a 28 dias. 
 
Imunidade de rebanho 
A expressão imunidade de rebanho (ou imunidade de grupo) designa a proteção conferida ao conjunto de individuos, como 
resultado da vacinação de uma proporção de individuos do grupo. Consequentemente, engloba a proteção de pessoas que 
não receberam a vacina diretamente, sendo possível distinguir dois modelos de indução de imunidade de grupo. 
No primeiro modelo, indivíduos vacinados com um agente infeccioso atenuado podem transmiti-lo para terceiros e imunizá-
los indiretamente, como ocorre com a vacina oral da poliomielite (VOP ou “Sabin modificada”),que é atenuada, replica no 
trato intestinal do indivíduo vacinado, é eliminada nas fezes e pode ser transmitida para outros indivíduos (via fecal-oral). 
Este mecanismo é facilitado no contexto de aglomeração de crianças de baixa idade com hábitos higiênicos ainda 
rudimentares e quando as condições sanitárias são precárias. Cabe ressaltar que, diferente da VOP, as vacinas atenuadas 
injetáveis (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) não são usualmente transmitidas para terceiros, uma vez que a 
replicação em oro/nasofaringe não se faz com a mesma intensidade da infecção natural. Excepcionalmente, indivíduos que 
desenvolvem doença pelo vírus vacinal, alcançam alta carga virêmica e podem transmití-lo. 
No segundo modelo, a elevada cobertura vacinal alcançada para um determinado agente infeccioso dentro de uma 
comunidade, dificulta a sua circulação e, indiretamente, protege a minoría de susceptíveis não vacinados. Este efeito pode 
ser bastante útil para proteger os individuos que não podem ser vacinados devido a contra-indicações. Do ponto de vista 
coletivo, a imunidade de rebanho contribui para deter o avanço de casos e explosão de surtos quando um agente é 
reintroduzido em uma comunidade. 
A cobertura vacinal necessária para deter um surto ou epidemia por um determinado agente é diretamente proporcional a 
transmissibilidade deste. Em outras palavras, quanto maior for a capacidade de transmissão (Ro) do agente infeccioso, 
maior deverá ser a cobertura vacinal para o controle da doença causada por este agente, onde Ro corresponde ao número 
de individuos susceptíveis que um indivíduo infectado poderá atingir. 
 
Exemplo: sarampo - Ro estimado de 12 a 18 (média 15) 
 Cobertura vacinal ideal: 1 - 1/Ro = 1- 1/18 = 0,094 
 Conclusão - cobertura vacinal deve ser = ou > 94% 
 
 
. 
Princípios gerais de uso 
A administração de imunobiológicos deve ser feita com todos os cuidados técnicos que possam garantir 
segurança e eficácia. O ato de administrar vacina em um indivíduo deve ser primariamente embasado no 
benefício direto para saúde do indivíduo vacinado, o que habitualmente contribui, direta ou indiretamente, para a 
desejável proteção da comunidade. 
 
Administração de vacinas 
O ato de receber uma vacina deve ser consciente. É importante que o indivíduo (ou o responsável no caso de 
crianças) seja informado dos benefícios esperados e da possibilidade, mesmo que pequena, da ocorrência de 
eventos adversos. 
A administração de vacina deve ser documentada. Isto implica registrar cada dose, bem como o fabricante e o 
lote, na ficha da unidade de saúde e no cartão de vacinação que ficará com o indivíduo vacinado. O 
comprovante de vacinação deverá ser guardado junto com os documentos de identificação pessoal, pois é 
fundamental que esteja disponível nos atendimentos médicos, o que é crítico em caso de acidentes. O 
calendário vacinal deve ser iniciado precocemente e atualizado ao longo de toda a vida. Mesmo que o intervalo 
entre as doses tenha excedido o tempo programado, não é necessário reiniciar os esquemas, basta 
complementá-los, aplicando as doses restantes. 
8 
 
A maioria das vacinas atualmente em uso é injetável (intramuscular, subcutânea ou intradérmica). Os locais para 
a aplicação intramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e dos vasos sanguíneos, sendo os mais 
utilizados o músculo vastolateral da coxa (menores de 15 meses) e o deltóide (crianças maiores, adolescentes e 
adultos). O glúteo não é habitualmente utilizado para aplicação de vacinas (pelo maior risco de reações locais e 
menor eficácia de algumas vacinas), apenas eventualmente para aplicação de volumes maiores de soros e 
imunoglobulinas. Para aplicação de vacinas por via intradérmica e subcutânea comumente utiliza-se a área 
superposta ao músculo deltóide. 
A utilização de álcool na pele antes da aplicação de vacinas é desnecessária. O álcool pode exercer efeito 
irritativo quando inoculado pela agulha para os tecidos sob a pele, aumentando o risco de reação local. Além 
disto, existe o risco potencial de que o álcool possa inativar e comprometer a eficácia de vacinas de 
microorganismos vivos atenuados. 
É desejável que a vacinação seja planejada e realizada seguindo-se os esquemas estabelecidos como padrão, 
de forma a assegurar que a proteção máxima presumida seja alcançada. Por vezes, entretanto, modificações no 
esquema original podem ser necessárias em função de intercorrências médicas que requeiram adiamento de 
doses ou eventualmente de esquecimento. No caso de interrupção (atraso de doses), não é necessário 
recomeçar o esquema iniciado, apenas completá-lo, respeitando-se o intervalo mínimo recomendado para a 
vacina específica. 
Em geral, a administração simultânea de mais de uma vacina não interfere com a resposta imunológica a cada 
componente isolado. Deve ser considerado, no entanto, que se a administração simultânea facilita a aderência 
ao esquema e reduz o número de atendimentos, eventualmente também pode dificultar o esclarecimento no 
caso de reações adversas. Portanto, a opção pela administração simultânea ou isolada não deve ser feita sem 
reflexão. 
Quando administradas isoladamente, o intervalo recomendado para a aplicação de vacinas diferentes depende 
da natureza destas. O planejamento é mais simples para as inativadas, pois não causam interferência 
significativa na resposta e nem sofrem interferência decorrente da aplicação de outras vacinas. No caso de 
aplicação isolada, em períodos distintos, de vacinas atenuadas (como a do sarampo e a da febre amarela), 
recomenda-se um intervalo de 4 semanas entre a aplicação das diferentes vacinas, uma vez que poderá ocorrer 
interferência na resposta à segunda vacina se o intervalo for muito curto. A regra não se aplica para a vacina oral 
para a poliomielite (“Sabin”), que pode ser aplicada a qualquer intervalo, antes ou depois de outras vacinas 
atenuadas. 
A administração de imunoglobulinas e de derivados sanguíneos contendo anticorpos pode interferir na resposta 
às vacinas atenuadas, recomendando-se que sejam respeitados os intervalos padronizados de acordo com o 
potencial de interferência, o que é particularmente importante no caso da vacina contra o sarampo. Em crianças, 
este tipo de interferência também ocorre naturalmente nos primeiros meses de vida, devido à presença de 
anticorpos maternos que foram transferidos através da placenta. Por esta razão, não se recomenda iniciar a 
vacinação para o sarampo, a rubéola, a caxumba e a varicela antes da criança completar 12 meses de idade. 
 
Eventos adversos 
A utilização de vacinas não é desprovida de riscos. A questão fundamental é se o benefício resultante justifica os 
riscos. De uma forma geral, a resposta é simples, visto que a vacinação é a medida responsável pelo maior 
número de vidas salvas na história da medicina. Além disto, na imensa maioria das vezes, a aplicação de uma 
vacina não resulta em eventos adversos e estes, quando ocorrem, em geral são desprovidos de gravidade e 
apenas muito raramente acontecem reações mais graves. 
A segurança é um aspecto primordialmente considerado antes da liberação de uma vacina para uso. O nível 
admitido de eventos adversos é bem menor do que o tolerado para utilização terapêutica de medicamentos, uma 
vez que as vacinas são recomendadas para grandes populações constituídas de indivíduos saudáveis com o 
objetivo de evitar riscos potenciais. 
As reações indesejáveis, quando ocorrem, podem estar associadas ao componente antigênico ou às 
substâncias presentes nas formulações de vacinas. Estas substâncias podem ser resíduos da fonte de produção 
(células fúngicas, proteínas do ovo) ou elementos utilizados para aumentar a eficácia (alumínio), para estabilizá-
las (gelatina) ou para preservá-las (timerosal, fenol, neomicina). 
A maioria das reações resulta de algum grau de resposta inflamatória aos componentes da vacina. Por vezes, 
refletem os efeitos da multiplicaçãodos microorganismos vivos contidos nas vacinas atenuadas, que podem 
 9 
 
simular as doenças de forma branda. Mais raramente, decorrem de reação de hipersensibilidade (alergia) ao 
antígeno ou aos outros componentes da vacina. 
Os eventos adversos mais comuns são aqueles decorrentes de reação inflamatória no local da aplicação das 
vacinas injetáveis e incluem dor, eritema, edema e induração. São mais comuns com as inativadas do que com 
as atenuadas, pois nas primeiras é proporcionalmente maior a concentração de antígenos no veículo inicial. Em 
geral, aparecem de 1 a 3 dias após a aplicação. 
As reações sistêmicas são menos frequentes que as locais e podem incluir febre, cansaço, manchas pelo corpo, 
artralgias, mialgias e cefaleia. Podem surgir algumas horas ou dias após a vacinação. No caso das vacinas 
atenuadas, as reações sistêmicas simulam a doença natural e tendem a aparecer na fase correspondente ao de 
incubação da respectiva doença. 
As reações de natureza alérgica (anafilaxia) como urticária, rinite, broncoespasmo e choque anafilático são 
raras. A maioria destas reações ocorre de minutos a poucas horas após a administração das vacinas (de 5 
minutos a 2 horas), tendendo as mais graves a ocorrer mais precocemente (de 5 a 15 minutos). Podem estar 
associadas a qualquer componente da vacina, o que torna fundamental a triagem pré-vacinal de antecedentes 
de reações alérgicas aos componentes da vacina que se deseja administrar, a fim de excluir indivíduos que não 
possam recebê-la. 
A ocorrência de anafilaxia grave (obstrução respiratória e choque anafilático) é raríssima, porém implica risco de 
vida para o indivíduo. Como é quase sempre imprevisível, torna-se fundamental que as condições de assistência 
ao evento estejam disponíveis durante a aplicação de qualquer vacina, o que inclui disponibilidade de 
medicamentos, equipamentos, pessoal treinado e supervisão médica. 
Quando a reação alérgica ocorre num indivíduo sem qualquer risco aparente, se o componente desencadeante 
for identificado (como o timerosal), este não deverá jamais ser administrado novamente. Se a causa específica 
não for identificada nenhum dos componentes da vacina deverá ser administrado novamente (o que é um 
problema significativo quando ocorre administração simultânea de vacinas), exceto em circunstâncias 
particulares, prescrito por médico especializado e sob supervisão médica em ambiente hospitalar. 
Os desmaios (síncope vaso-vagal) imediatamente após a vacinação (de alguns segundos a menos de 5 
minutos) frequentemente decorrem de ansiedade ou pânico e não devem ser confundidos com choque 
anafilático. Habitualmente, revertem rápido e sem intervenção terapêutica, bastando colocar a pessoa em 
decúbito dorsal. 
 
Contraindicações 
Contraindicação é uma condição presente no receptor que torna bastante provável a ocorrência de um efeito 
adverso grave se a vacina for administrada. A administração da vacina injetável da gripe que é produzida em 
ovos embrionados está contraindicada em um indivíduo com antecedente de reação alérgica grave ao ovo, uma 
vez que pode resultar em reação anafilática. As vacinas de agentes atenuados não devem ser utilizadas em 
pessoas com imunodeficiências graves (leucemias, linfomas, infecção pelo HIV em fase avançada), pelo risco de 
desenvolvimento de doença pelo agente vacinal. Da mesma forma, não se utiliza a vacina da febre amarela em 
menores de 9 meses (maior risco de reação neurológica em crianças de baixa idade), a não ser quando o risco 
de adquirir a doença for muito elevado (surto), pois neste caso o benefício justificaria o risco, reduzindo-se o 
limite etário para 6 meses. 
As contraindicações podem ser permanentes, como no caso de antecedente de reação alérgica grave a um dos 
componentes da vacina ou temporárias como gravidez, imunossupressão por drogas, doença aguda grave e a 
administração recente de hemoderivados (imunoglobulinas, soros, transfusão de plasma, de hemácias e sangue 
total). Nestes casos, as vacinas constituídas por agentes infecciosos atenuados estão contraindicadas até que a 
condição se resolva. 
 
Preservação de vacinas e imunoglobulinas 
As vacinas e imunoglobulinas são materiais biológicos (ou seja, imunobiológicos), sujeitos à perda gradual de 
potência por deterioração e desnaturação. Esta perda de potência pode ser acelerada pela inadequação da 
Rede de Frio no transporte, estocagem e manuseio, tendo como resultado a falha em imunizar. 
 
 
10 
 
Vacinação básica 
Até o início da década de 70, a vacinação no Brasil, à semelhança de quase todos os países no mundo, se 
processava de forma descontínua, episódica e com reduzida cobertura. As ações eram conduzidas dentro de 
programas específicos de controle de doenças, como os programas da febre amarela, da varíola e da 
tuberculose. As iniciativas, em geral, cabiam aos governos estaduais, sem um planejamento unificado ou 
sincronia. A vacinação infantil sistemática é indiscutivelmente recurso seguro e eficaz na prevenção de muitas 
doenças infecciosas. A implementação de programas de imunização bem estruturados tem resultado em 
redução expressiva da ocorrência de casos e óbitos por doenças (como o sarampo, a poliomielite e a difteria) 
que antes vitimavam uma parcela significativa da população infantil [Quadro 9]. 
 
Quadro 9 
Evolução do Calendário básico de vacinas no Brasil (infância): 1975 - 2022 
 
Idade/Ano 
 
1975* 1990 2008 2014 
 
2022 
Ao nascer BCG BCG Hepatite B + BCG Hepatite B + BCG Hepatite B + BCG 
1 mês - - Hepatite B Hepatite B Hepatite B 
2 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT + Hib + Sabin +VORH 
DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) 
IPV + VORH 
Pneumocócica 10 conjugada 
DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) 
IPV + VORH 
Pneumocócica 10 conjugada 
3 meses - - - Meningocócica C conjugada 
 
Meningocócica C conjugada 
4 meses 
 DPT + Sabin DPT + Sabin 
DPT + Hib + Sabin + 
VORH 
DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) 
IPV + VORH 
Pneumocócica 10 conjugada 
DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) 
IPV + VORH 
Pneumocócica 10 conjugada 
5 meses - - - Meningocõcica C conjugada 
 
Meningocócica C conjugada 
6 meses DPT + Sabin DPT + Sabin 
DPT + Hib + Sabin + 
Hepatite B 
Febre amarela** 
DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) 
IPV(Sabin) + VORH 
Pneumocócica 10 conjugada 
DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente) 
IPV(“Salk”) 
 
7 meses Sarampo - - - _ 
9 meses - Sarampo Febre amarela*** Febre amarela**** Febre amarela**** 
12 meses - - SCR 
SCR - 1ª dose 
Pneumocócica 10 conjugada 
Hepatite A 
SCR - 1ª dose 
Meningocócica C conjugada 
Pneumocócica 10 conjugada 
15 meses - MMR - 
 
SCR-V - (“2ª dose”) 
 
 
SCR-V - (“2ª dose”) 
Hepatite A 
18 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT (1º R) + Sabin DPT (1º R) + OPV (Sabin) DPT (1º R) + OPV (Sabin) 
4 a 6 anos - DPT + Sabin DPT (2º R) + Sabin + DPT (2º R) + Sabin 
DPT (2º R) + OPV (Sabin) 
Varicela (“2ª dose”) 
Febre amarela**** 
9 a 14 anos - - dT dT HPV 
 
HPV***** 
Meningo C ACWY****** 
14 a 16 anos - - 
 
dT (dose de reforço a cada 10 anos) 
DPT = difteria+coqueluche+tétano (“tríplice bacteriana”). DPT+Hib+Hepatite B (pentavalente= tríplice bacteriana com Haemophilus e Hepatite B) 
DT = difteria+tétano (“dupla infantil”) e dT= difteria+tétano (“dupla adulto”). 
OPV=Sabin= poliomielite oral ou poliomielite atenuada. MMR= SCR = sarampo+caxumba+rubéola (“tríplice viral”) 
IPV= “Salk modificada” = poliomielite inativada (uso injetável) 
VORH (vacina oral contra rotavírus humano 
* a vacina contra varíola era aplicada anualmente, inclusive em adultos. ** para residentes ou viajantes que se dirigem para áreas endêmicas de febre 
amarela. 
*** para residentes ou viajantes que se dirigem para áreas de transição. ****antecipar para 6 meses em caso de surto. 
***** HPV: duas doses com intervalo de 6 meses - meninas de 9 a 14 anos; meninos de 11 a 14 anos. 
******Meningocócica conjugada ACWY - dose única. 
 
De uma forma geral, as vacinas mais recentemente desenvolvidas tendem a ter custo inicial muito elevado, o 
que dificulta ainclusão imediata na vacinação rotineira da rede pública. Isto explica, por exemplo, o fato de 
 11 
 
vacinas comprovadamente eficazes (varicela) ou mais seguras (tríplice acelular) ainda não estarem disponíveis 
gratuitamente para todos no Brasil. Contudo, várias destas já foram incorporadas ao calendário de diferentes 
países [Quadro 10] e podem ser encontradas na rede privada brasileira. 
 
Quadro 10 
Recomendações para vacinação de rotina, de 0 a 14 anos, 2022 
 Vacinas MS, Brasil CDC, EUA LCDC, Canadá 
BCG Sim Não Não 
Hepatite B Sim Sim Sim 
DTP Sim Não Não 
DTP acelular Não Sim Sim 
Hib Sim Sim Sim 
OPV Sim Não Não 
IPV Sim Sim Sim 
Rotavírus Sim Sim Não 
MMR (=SCR) Sim Sim Sim 
Gripe Sim*1 Sim Sim 
Pneumocócica conjugada Sim Sim Sim 
Meningocócica C conjugada Sim Não Sim 
Varicela Sim*2 Sim Sim 
Hepatite A Sim (2014) Sim Não 
Febre amarela Sim*3 Não Não 
HPV Sim Sim Sim 
Covid-19 Sim Sim Sim 
*1. Disponíveis na rede pública nas campanhas anuais: de 6 meses a 5 anos incompletos. 
*2. Disponível na rede pública na formulação combinada a tríplice viral (SCR-V) para a segunda dose de 15 meses 
*3. Indicada apenas para as crianças que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela 
 
O calendário vacinal deve ser iniciado precocemente na infância. É fundamental, entretanto, que seja dado 
continuidade ao processo de imunização ao longo da vida do indivíduo. Desta forma, também é relevante que 
sejam bem estruturados os programas de vacinação de adolescentes e adultos (consultar Anexo 1 para os 
Calendário Básicos de 2022). Ainda não existe no Brasil uma cultura de vacinação sistemática em adultos. De 
fato, é indiscutível que para se obter resultados efetivos e duradouros no controle das doenças 
imunopreveníveis, o processo de imunizar deve ter continuidade ao longo da vida do indivíduo. Isto justifica o 
investimento na expansão dos programas de imunização para a população de adultos [Quadro 11]. Em 1997, a 
preocupação com a continuidade do processo de imunização motivou a criação do primeiro serviço no país 
destinado exclusivamente ao adulto, o Centro de Vacinação de Adultos (CVA) da UFRJ. 
Quadro 11 
Imunobiológicos disponíveis para adultos nos CMS – 2022 (segundo semestre) 
Vacinas População alvo 
Difteria e tétano (dT) 
(“dupla adulto”) 
• Pessoas de qualquer idade (para reforço em gestantes, disponível dpaT) 
• Para iniciar ou complementar esquemas. Reforços de 10 em 10 anos. 
Sarampo/Caxumba/Rubéola 
(SCR, MMR ou “tríplice viral”) 
• Mulheres até 49 anos (exceto durante a gestação). 
• Homens até 39 anos. 
Febre amarela 1 
• Pessoas de qualquer idade (>9 meses) que residam ou se dirijam para áreas de risco para a febre amarela. 
• A primeira dose deve ser feita pelo menos 10 dias antes da viagem. 
• Dose de reforço em crianças aos 4 anos 
Hepatite B 
• Gestantes 
• Pessoas de qualquer idade, independente de condição associada3 
Influenza (dose anual) 
(“gripe”) 
• Pessoas com > 60 anos 
• Gestantes 
• Menores: de 6 meses a 5 anos incompletos. 
• Pessoas com condições.associadas a maior risco de complicações da gripe. 
Covid-19 • Disponível para pessoas com mais de 3 anos 
• Faixa etária alvo depende da formulação 
Antipneumocócica 
(“pneumococo”) 
• Pessoas com > 60 anos que convivem em instituições fechadas (casas geriátricas, hospitais, asilos, casas 
de repouso). 
• Dose única (um único reforço pode ser feito cinco anos após a dose inicial). 
Raiva 2 
• Pessoas de qualquer idade (inclusive gestantes e imunodeficientes) nos casos de acidente de risco para 
raiva (mordeduras por cães, gatos, morcegos, animais silvestres etc.). 
• Profissionais com risco ocupacional para raiva (veterinários, zootécnicos etc) 
Fonte: Ministério da Saúde - Portaria 1.498, 2013 (modificado). 
12 
 
1. Todas as Regiões do Brasil possuem áreas (zonas rurais, regiões de cerrado, florestas) onde há risco de transmissão da febre amarela. Nas Regiões Norte e 
Centro-Oeste o risco existe em todos os municípios (inclusive nas capitais dos Estados e em Brasília - DF). Nas Regiões Nordeste, Sudeste e Sul, existe em 
numerosos municípios (em Minas, todos incluindo Belo Horizonte). 
2. Disponível em Centros Municipais de Saúde que são polos primários de atendimento aos acidentes de risco para raiva. 
3. Até 2013, para os adultos acima de 29 anos, a vacina para hepatite B só era oferecida quando na presença de condição associada: trabalhadores da área da 
saúde; bombeiros, policiais (militares, civis e rodoviários), caminhoneiros, carcereiros (delegacias e penitenciarias), coletores de lixo (hospitalar e domiciliar), 
agentes funerários, comunicantes sexuais de pessoas portadoras do vírus da hepatite B; doadores de sangue, homens e mulheres que mantêm relações sexuais 
com pessoas do mesmo sexo; pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas etc.), manicures, pedicures e 
podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundido; profissionais do sexo, 
usuários de drogas (injetáveis, inaláveis e pipadas) e portadores de DST. 
Situações especiais 
Alguns grupos possuem peculiaridades que os diferenciam da população geral. Condições como gravidez, 
imunodeficiência, esplenectomia, presença de doenças debilitantes (diabetes, doenças cardíacas, doenças 
pulmonares etc.), tipo de atividade (como profissionais da área da saúde), exposição a agentes infecciosos ou 
viagens que envolvam riscos diferenciados, podem tornar mais complexas a indicação e a programação de 
vacinas. 
Gestantes 
O uso de vacinas durante a gravidez tende a ser direcionado a situações com benefício evidente. Como regra 
geral, as vacinas com agentes atenuados não devem ser usadas pelas gestantes, pois existe o risco de infecção 
fetal pelo próprio vírus vacinal. Em caso de utilização inadvertida de vacinas atenuadas em gestantes, deve-se 
fazer a notificação do caso e o acompanhamento do concepto e recém-nascido para a detecção de possível 
efeito adverso. Em geral, recomenda-se um intervalo mínimo de 1 mês entre a administração de vacinas 
atenuadas e a gravidez. 
De forma excepcional, o uso de vacinas atenuadas poderá ser considerado em gestantes em situações 
especiais, como por exemplo durante um surto ou epidemia de febre amarela. Neste contexto, o emprego se 
justifica, uma vez que o risco da doença é maior que o da vacina. 
Algumas vacinas inativadas são consideradas seguras para uso no período gestacional como a vacina contra o 
tétano, a difteria e a pertussis acelular (dT e dTpa), a vacina da gripe (campanha anual) e a vacina contra 
hepatite B. Em relação às outras vacinas com agentes inativados, embora aparentemente não ofereçam riscos, 
para grande parte destas vacinas não há experiência suficiente de uso em gestantes para garantir segurança de 
forma definitiva. Portanto, o uso destas vacinas deve se restringir as situações de indiscutível benefício, como no 
caso da vacinação antirrábica na profilaxia pós-exposição. Outro exemplo recente, foi a recomendação de 
vacinação para covid-19 em gestantes, dado o risco potencial de formas mais graves da doença nas grávidas e 
acometimento do concepto. Em relação às demais vacinas o benefício deve ser analisado de forma 
individualizada. 
É importante ressaltar, entretanto, que não há restrições para o uso de vacinas atenuadas em contactantes de 
gestante imunocompetente, mesmo se esta última for comprovadamente susceptível as doenças que são alvos 
de proteção. Admite-se que o risco de transmissão do vírus vacinal é muito pequeno ou nulo, mas em 
contrapartida, o risco da exposição ao vírus selvagem, caso o contactante susceptível adoeça, é considerável e 
poderá resultar em consequências desastrosas, como ocorre na infecção pelo vírus da rubéola durante a 
gestação. Desta forma, a vacinação dos contactantes de gestantes tem papel protetor e deve ser estimulada. 
Imunodeficientes 
A vacinação em imunodeficientes[Quadro 12] deve levar em consideração a segurança, a eficácia e o melhor 
momento para ser realizada. Sempre que possível, deve-se adiar a administração de vacinas em pacientes com 
imunodeficiências transitórias. Em pacientes com imunodeficiências progressivas, como a infecção pelo HIV, 
deve-se vacinar o mais precocemente possível ou aguardar até que um grau satisfatório de reconstituição imune 
seja obtido com o uso de terapia antirretroviral. 
Quadro 12 
Causas de Imunodeficiências 
Doenças Drogas 
Infecção pelo HIV Quimioterapia 
Imunodeficiência congênita Radioterapia 
Leucemias e Linfomas Corticoterapia (sistêmica) 
Neoplasias malignas em geral Imunossupressão 
Transplantes hematológicos e de órgãos sólidos Uso de biológicos 
 13 
 
Como regra geral, as vacinas com agentes atenuados não devem ser utilizadas em imunodeficientes, exceto em 
situações especiais em que o risco da doença é consideravelmente superior ao imposto pela imunização. As 
vacinas inativadas podem ser utilizadas, embora a resposta vacinal, dependendo do grau de imunodeficiência, 
possa estar diminuída. Algumas pessoas, pela condição da doença de base, podem ter uma resposta vacinal 
inadequada ou a depuração mais rápida dos anticorpos protetores, mesmo quando recebem esquemas vacinais 
adequados. Portanto, em situações de exposição a doenças imunopreveníveis, pode ser necessária a utilização 
de imunização passiva (imunoglobulinas), independente da história vacinal (decisão técnica que compete ao 
especialista). 
Os contactantes intradomiciliares também devem ter uma abordagem diferenciada em relação a sua 
programação vacinal. Para a proteção do imunodeficiente, os seus contactantes devem ser orientados a fazer a 
vacina contra gripe anualmente. É fundamental que estejam cientes de que deve ser evitada a administração da 
vacina anti-pólio atenuada oral (Sabin), pelo risco potencial de transmissão do vírus vacinal para o 
imunodeficiente. Entretanto, cabe esclarecer que em relação às vacinas atenuadas injetáveis (sarampo, 
caxumba, rubéola, varicela e febre amarela) a possibilidade de transmissão do vírus vacinal é tão remota, que 
justifica a recomendação de imunizar os contactantes susceptíveis para reduzir o risco da doença natural pelo 
vírus selvagem no domicílio do imunodeficiente, o que representaria um risco significativamente maior. 
Infecção pelo HIV 
As crianças infectadas pelo HIV devem receber as vacinas inativadas o mais precocemente possível [Quadro 
13], respeitando a idade mínima recomendada para cada vacina específica. Os adultos com diagnóstico recente 
devem ser avaliados quanto ao grau de imunodeficiência, devendo ser programada a vacinação [Quadro 13] 
para o momento no qual há maior possibilidade de promover resposta imunológica satisfatória. 
Quadro 13 
Recomendações para vacinação de rotina nas crianças infectadas pelo HIV, 2022 
 MS, Brasil CDC, EUA 
Vacinas Infecção assintomática Imunodeficiência avançada (CD4 
<15%) 
Infecção assintomática 
BCG Sim Não Não 
Hepatite B Sim Sim Sim 
DTP Sim Sim Sim 
OPV Sim(1) Não Não 
IPV Sim Sim Sim 
SCR (“MMR”) Sim Não Sim 
Hib Sim Sim Sim 
Meningo C conjugada Sim Sim Sim 
Pneumocócica Sim Sim Sim 
Gripe Sim Sim Sim 
Varicela Sim(2) Não Sim(2) 
Hepatite A Sim(3) Sim(3) Sim(4) 
Febre amarela Sim(5) Não - 
1. A vacinação de crianças assintomáticas infectadas pelo HIV deve ser feita com a IPV (vírus inativado), disponível na Rede Pública (ver Anexo 1: Calendário 
Nacional de Vacinação). Além da criança, a vacina com vírus atenuados pode colocar em risco eventuais contactantes (como a mãe) com imunodeficiência. 
2. Indicada apenas para crianças com CD4 >25% 
3. Disponível gratuitamente nos CRIE para portadores de doenças hepáticas crônicas susceptíveis. 
4. Recomendada de rotina em Estados onde há elevada prevalência da doença ou em portadores de doença hepática crônica. 
5. Indicada apenas para as crianças com CD4 >25% que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela. 
 
A utilização de vacinas atenuadas pode ser considerada em indivíduos HIV reativos assintomáticos [Quadro 14], sem 
critérios laboratoriais de imunodeficiência avançada, em situações em que o benefício para o indivíduo é inquestionável. 
Quando há uma alternativa, deve-se optar - sempre - pela utilização da vacina que é mais segura para o indivíduo, como no 
caso da vacina inativada injetável para a poliomielite (“Salk modificada”) ao invés da vacina atenuada (“Sabin”). 
Quadro 14 
Recomendações para vacinação de adolescentes e adultos infectados pelo HIV 
Vacinas Recomendações 
BCG Contraindicada 
Hepatite B Indicada 
dT / dTpa Indicada 
OPV Contraindicada 
IPV Recomendada para indivíduos susceptíveis ou que se dirigem para área endêmica de poliomielite. 
14 
 
MMR = SCR Recomendada para indivíduos susceptíveis com CD4 >200 
Hib Considerar. Disponível nos CRIE para pacientes até 18 anos. 
Pneumocócica Indicada 
Gripe Indicada (anual) 
Covid-19 Indicada para maiores de 3 anos de idade 
Varicela Recomendada apenas para indivíduos susceptíveis com CD4 > 350 (20%) 
Hepatite A Recomendada para todos os indivíduos susceptíveis. Disponível nos CRIE para portadores de doenças hepáticas crônicas susceptíveis e infectados pelo HIV 
HPV Recomendada em infectados pelo HIV de 9 a 49 anos 
Febre amarela Indicada para indivíduos com CD4 > 350 (ou >25% em crianças) que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão. 
 
Esplenectomizados 
As disfunções esplênicas podem ter origem congênita, cirúrgica ou funcional [Quadro 15]. O baço, um órgão linfo-reticular, 
apresenta múltiplas funções que variam desde a vida fetal até a vida adulta. Durante a vida intra-uterina o baço é 
responsável pela hematopoiese. Após o nascimento, assume funções relacionadas a imunidade, desde a produção de 
anticorpos IgM e de substâncias como a properdina, tuftsina e outras opsoninas, até a síntese de células do sistema 
imunológico. Junto ao sistema complemento, as células do baço identificam corpos estranhos, como bactérias, por meio dos 
macrófagos esplênicos e hepáticos, e as fagocitam. O baço apresenta um papel de importância fundamental nas infecções 
causadas por bactérias encapsuladas, uma vez que a opsonização é totalmente assegurada pelas moléculas produzidas 
pelo baço. Para além deste mecanismo de ação, a resposta imunológica completa contra estas bactérias encapsuladas 
ainda necessita da produção de imunoglobulinas do tipo IgM que são produzidas pela população de células B memória, 
presentes na zona marginal esplênica. 
O paciente esplenectomizado ou asplênico, obviamente apresenta a perda das funções imunológicas do baço, ficando mais 
susceptível a infecções por qualquer microorganismo, sejam bactérias, vírus, fungos ou protozoários. As principais 
modificações na resposta imune do hospedeiro que ocorrem após esplenectomias são: diminuição da atividade fagocitária, 
com menor depuração sanguínea de partículas; aumento do tempo de permanência dos linfócitos no sangue; redução da 
IgM sérica; menor atividade da via alternativa do complemento e diminuição da formação de substâncias ligadas à ativação 
dos macrófagos, como a tuftsina e properdina. Os agentes etiológicos responsáveis pelo maior número de infecções em 
pacientes asplênicos ou esplenectomizados são as bactérias encapsuladas Streptococcus pneumoniae (aproximadamente 
50% dos casos), seguido da Haemophilus influenzae tipo B e Neisseria meningitidis. Há, no entanto, outros 
microorganismos, menos comuns, passíveis de causar infecção grave por ausência das funções esplênicas, como a 
Salmonella typhi, Babesia, o Plasmodium, a Ehrlichia spp, a Bordetella holmessi e a Bartonella sp. 
Dado que a asplenia ou o hipoesplenismo funcional tornam os indivíduos extremamente vulneráveis às infecções por 
germes encapsulados para os quais existem vacinas eficazes disponíveis, particularmente Streptococcus pneumoniae, 
Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis, é fundamental que estes indivíduossejam rotineiramente vacinados para 
estes agentes. Ademais é importante que recebam anualmente a vacina para influenza, com o objetivo de reduzir ainda 
mais o risco de infecções por germes encapsulados, uma vez que, não raramente, podem complicar a gripe. Argumento 
semelhante se aplica para a Covid-19, o que torna ainda mais relevante estar com a vacinação para a Covid-19 atualizada, 
incluindo as doses de reforço. Em certas circunstâncias, como no caso de residência ou viagem para área de risco de febre 
tifoide, deve ser também considerada a vacinação contra a doença, que é causada por bactéria encapsulada (Salmonella 
typhi) e potencialmente grave. 
A disfunção esplênica per se não constitui contraindicação ao uso de qualquer vacina. Por vezes, contudo, a condição de 
base que resultou na disfunção do baço (esplenectomia funcional associada ao linfoma de Hodgkin) pode implicar restrições 
ao uso de vacinas com agentes atenuados. 
 
Quadro 15 
Condições associadas a asplenia ou hipoesplenismo 
• Esplenectomia cirúrgica 
• Anemia falciforme 
• Talassemia major 
• Doença celíaca 
• Doença inflamatória intestinal 
• Linfoma de Hodgkin 
• Mieloma múltiplo 
 15 
 
A vacinação em esplenectomizados deve ser realizada no momento mais adequado possível, particularmente 
relevante no caso de esplenectomias eletivas. A melhor resposta é obtida quando a vacinação é realizada com 
antecedência de, no mínimo, duas semanas da cirurgia programada. Nas intervenções de urgência, a vacinação 
deve ser realizada tão logo o paciente tenha se recuperado da cirurgia e preferencialmente nas primeiras duas 
semanas após o procedimento. 
A resposta vacinal em esplenectomizados parece, com os dados disponíveis, ser melhor com as vacinas 
conjugadas do que com as polissacarídicas isoladas. Até o presente momento, entretanto, a disponibilidade de 
vacinas conjugadas é restrita a poucos sorotipos ou sorogrupos de algumas bactérias encapsuladas. Esta 
limitação torna desejável a utilização sequencial destas vacinas, aplicando-se, sempre que possível, a vacina 
conjugada antes da polissacarídicas com um intervalo de oito semanas entre cada uma. 
Ainda que, com o tempo, se observe uma tendência à queda dos títulos de anticorpos induzidos pelas vacinas 
polissacarídicas, a utilização eventual e a periodicidade necessária de reforços também não foram estabelecidas 
de forma inequívoca. Admite-se, no caso da vacina pneumocócica 23, a repetição de uma segunda dose cinco 
anos após a aplicação da primeira. Em relação às vacinas polissacarídicas meningocócicas, a utilização 
eventual de reforços a cada 2-3 anos dependerá da situação epidemiológica da doença na ocasião. 
Doenças crônicas debilitantes 
As doenças crônicas debilitantes não necessariamente resultam em imundeficiência. Contudo, representam risco 
potencialmente maior para complicações caso uma infecção ocorra, parecendo justificável a indicação rotineira 
da vacina contra o tétano e a difteria, da vacina anti-influenza (anual), da antipneumocócica (no mínimo uma 
dose) e da vacina para Covid-19 em indivíduos portadores destas condições [Quadro 16]. 
Como regra geral, estas doenças crônicas isoladamente não constituem contraindicações ao uso de vacinas de 
qualquer natureza. Desta forma, os portadores destas condições que sejam susceptíveis, desde que não 
estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras, poderão receber inclusive as vacinas com agentes 
atenuados. 
Quadro 16 
Doenças crônicas debilitantes 
• Diabetes mellitus 
• Insuficiência renal crônica 
• Insuficiência hepática 
• Insuficiência cardíaca 
• Pneumopatias crônicas 
Na programação vacinal destes indivíduos certas particularidades da condição de base ou da terapêutica devem 
ser valorizadas na indicação das vacinas e adequação dos esquemas. Nos hepatopatas e susceptíveis é 
fundamental vacinar contra as hepatites A e B, no intuito de evitar a ocorrência de hepatite fulminante. Nos 
nefropatas submetidos à diálise, em decorrência do maior risco de exposição ao vírus da hepatite B associado 
ao processo dialítico, a vacinação contra hepatite B é mandatória e deve ser feita com esquema especial (maior 
volume e número de doses) para promover uma resposta vacinal adequada. 
Viajantes 
A Medicina de Viagem surgiu no final da década de 70 na Europa Ocidental e América do Norte como "ramo" da 
Medicina Tropical, tendo como objetivo primário proteger a saúde dos viajantes. A Medicina de Viagem é 
resultante da percepção de que o deslocamento de pessoas, particularmente para as regiões menos 
desenvolvidas, é capaz de gerar numerosas oportunidades de adoecimento por agentes infecciosos, tornando 
prioritário sistematizar medidas preventivas que resultem em redução desses riscos. 
Em 1997, foi criado na UFRJ, o primeiro Serviço Público especializado em Medicina de Viagem do Brasil, o 
Centro de Informação em Saúde para Viajantes da UFRJ (Cives). O Centro realiza atendimentos individuais, 
relacionados às viagens de trabalho, lazer e estudos. Além disto, desenvolveu e mantém uma homepage 
(http://www.cives.ufrj.br) para divulgação de informações relativas à profilaxia de doenças em viajantes. 
As vacinas têm papel importante, mas não exclusivo, na prevenção de doenças infecciosas em viajantes. Além 
da atualização do calendário vacinal, é necessário avaliar a necessidade de imunizações complementares, 
considerando os riscos a que o viajante vai ser submetido [Quadro 17]. É prioritário, portanto, que o médico, se 
mantenha adequadamente informado de forma dinâmica sobre a situação epidemiológica no mundo. Para 
16 
 
indicação de uma vacina, além dos riscos da viagem, deve-se levar em consideração a história clínica e vacinal 
do viajante. 
Quadro 17 
Informações essenciais para programação de vacinas em viajantes 
Informações clínicas Informações sobre a viagem 
• Idade 
• Estado civil 
• Atividade profissional 
• Doenças anteriores 
• Doenças atuais 
• Tratamentos em curso 
• Gestação, amamentação 
• Alergias alimentares 
• Alergias medicamentosas 
• Vacinas já recebidas 
• Eventos adversos às vacinas 
• Exame físico 
• Data da partida 
• Roteiro 
• Tempo de permanência 
• Tipo de transporte 
• Motivo da viagem: turismo, trabalho, visita a amigos e parentes 
• Atividade programada 
• Estilo de viagem 
• Condições de alojamento 
• Disponibilidade de assistência médica 
 
Em nenhuma hipótese as vacinas devem ser indicadas apenas devido aos riscos existentes em um lugar. As 
vacinas são indicadas para as pessoas, não para os lugares. As vacinas podem conferir imunidade de longa 
duração (como a do sarampo ou a da febre amarela) ou por apenas alguns anos (como a da febre tifoide e a 
antimeningocócica polissacarídica). Para algumas doenças (como a malária) não existem vacinas liberadas para 
uso amplo até o momento. 
Na consulta pré-viagem é importante ainda considerar o tempo disponível para efetuar a imunização e a 
possibilidade de continuidade de esquemas vacinais que requerem doses múltiplas durante e após a viagem. As 
vacinas necessárias devem ser aplicadas com antecedência para que produzam efeito protetor adequado (para 
algumas é preciso mais de uma dose). 
As vacinas exigidas, em geral, visam a proteção da população de um país e não necessariamente a do viajante. 
As vacinas recomendadas visam a proteção do viajante. Nem sempre as vacinas recomendadas e as exigidas 
são as mesmas. As exigências em relação às vacinas podem variar de um país para outro e ao longo do tempo. 
Antes de viajar, estas exigências devem ser sempre verificadas nas embaixadas ou consulados. 
O Regulamento Sanitário Internacional (RSI) prevê que a vacina contra a febre amarela pode ser exigida como 
condição para a concessão de vistos de entrada. O Certificado Internacional de Vacinação contra febre amarela 
pode ser exigido para países onde a febre amarela é endêmica (África, América Central e do Sul) e para aqueles 
onde, embora não ocorra a doença, exista risco de introdução ou reintrodução (SubcontinenteIndiano, Sudeste 
Asiático, alguns países da Europa etc.). A Arábia Saudita exige a vacinação contra a meningite meningocócica 
para os peregrinos que se dirigem a Meca ou Medina durante o Hajj. Em 2021, a exigência de certificado de 
vacinação para a Covid-19 foi incorporada ao RSI, entretanto, observa-se grande variabilidade no perfil de 
cobrança entre os países, o que torna sempre importante checar a orientação atualizada. 
 
Profissionais da área da saúde 
Promover proteção contra as doenças imunopreveníveis é parte integrante dos cuidados fundamentais com os 
profissionais que atuam na área da saúde. A utilização adequada e racional de vacinas nestes profissionais, não 
somente resulta em benefício individual e serve de incentivo para a vacinação em adultos, como também é 
relevante para proteger indiretamente a população de pacientes atendidos nas unidades de saúde [Quadro 17]. 
A estratégia de imunização mais adequada a ser implementada em uma determinada instituição deverá levar em 
consideração o perfil de riscos a que os profissionais são expostos e as características da população atendida. É 
recomendável que o estado imunológico de cada profissional seja estabelecido antes do início de suas 
atividades profissionais, através da análise da história vacinal e de doenças prévias. Todos os profissionais 
susceptíveis devem ser adequadamente vacinados [Quadro 18], no intuito de minimizar os riscos de se 
infectarem com agentes infecciosos no caso de exposições ocupacionais inadvertidas, como é o caso do vírus 
da hepatite B (acidentes pérfuro-cortantes) e dos vírus da varicela e do sarampo (surtos hospitalares associados 
à transmissão respiratória). 
 
 17 
 
Quadro 18 
Recomendações e esquemas para vacinação de profissionais da área da saúde 
Vacinas Recomendações Esquema usual 
dT 
(dpaT*) Indicada. Checar vacinação básica. Iniciar ou completar. Indicar reforço a cada dez anos. 
3 doses IM - 0/1/6 ou 0/2/4 meses 
Reforço – dose única IM 
Hepatite B Indicada. Checar vacinação básica. Iniciar ou completar. Avaliar resposta sorológica (Anti-HBs quantitativo) 1-2 meses após última dose. 
3 doses IM 
0/1/6 meses 
SCR (“MMR”) Recomendada para os susceptíveis (sem antecedentes clínicos ou comprovação sorológica de imunidade) 
No mínimo 1 dose SC. Desejável 2 
doses com intervalo mínimo de 4 
semanas. 
Varicela Recomendada para os susceptíveis (sem antecedentes clínicos ou comprovação sorológica de imunidade). 
2 doses SC com intervalo de 4-8 
semanas 
Gripe inativada Recomendada para os profissionais em contato com pacientes de maior risco para complicações da gripe. 
1 dose anual preferencialmente IM 
. Pode ser feita SC 
Hepatite A Recomendada para todos os indivíduos susceptíveis (sem antecedentes clínico-epidemiológico e/ou comprovação sorológica de imunidade). Contudo, sem maior risco ocupacional comprovado. 
2 doses IM com intervalo de 6-12 
meses 
IPV 
Não indicada rotineiramente para adultos no Brasil. 
Recomendada para vacinação de adultos susceptíveis que se dirigem para área endêmica de 
poliomielite e também para a dose de reforço daqueles em contato com imunodeficientes. 
3 doses SC 
0/1/6 ou 0/2/4 meses. 
 
Febre amarela Indicada para indivíduos que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela. Indicar reforço a cada dez anos. 
Esquema - Dose única SC. 
 
 BCG Não indicada. Benefício não comprovado em adultos. ---------- 
Varíola do macaco Dados preliminares. Recomendada para profissionais de laboratório que manipulam o vírus e profissionais de saúde com atividades de alta exposição. 
Esquema (“padrão”) - Vacina não 
replicante (Jynneos) - 2 doses SC, 
intervalo de 4 semanas 
* Uma dose da vacina dpaT quando disponível poderá ser utilizada como reforço, o que parece particularmente útil para os profissionais em contato frequente com crianças 
menores de 1 ano. 
 
A hepatite B é a doença ocupacional de maior impacto para os profissionais da área da saúde. O risco de 
infecção está diretamente relacionado à prevalência de pacientes cronicamente infectados pelo vírus B na 
população de atendidos e a frequência de exposições do profissional ao sangue e aos outros fluidos biológicos 
potencialmente contaminados (líquidos serosos, sêmen, secreção vaginal). A vacinação é medida fundamental 
para prevenção primária da transmissão da doença. 
O esquema padrão de vacinação contra hepatite B, que confere imunidade em mais de 90% dos vacinados, é de 
três doses da vacina recombinante (20µg no adulto) por via intramuscular, com intervalo de um mês entre a 
primeira e a segunda e de cinco meses entre a segunda e a terceira. No caso de interrupção (atraso de doses), 
não é necessário recomeçar, apenas completar o esquema iniciado, respeitando-se intervalo mínimo de dois 
meses entre a segunda e a terceira dose e de seis meses entre a primeira e a terceira. 
É recomendável, considerando-se o risco ocupacional continuado, que ao término do esquema, seja avaliada 
sorologicamente a resposta à vacinação, através da pesquisa quantitativa de anticorpos séricos contra o 
antígeno de superfície (anti-HBs). O momento ideal para testagem é de um a dois meses após a última dose e o 
nível sérico mínimo de anticorpos considerado satisfatório é de 10 mIU/ml. Caso não alcançado, deve ser 
considerada a continuidade do estímulo vacinal, com uma dose complementar ou revacinação completa, 
completando um máximo de seis doses. 
O nível de anticorpos anti-HBs alcançado após esquema completo tende a se reduzir com o tempo. Admite-se, 
entretanto, que nos indivíduos que apresentaram resposta satisfatória ao esquema padrão, o contato eventual 
com o vírus selvagem da hepatite B servirá como reforço natural à vacinação prévia, estimulando a rápida 
produção de anticorpos e impedindo a replicação do agente natural. Contudo, quando a testagem sorológica não 
é realizada em momento oportuno (até no máximo seis meses após a terceira dose) torna-se mais difícil a 
interpretação correta da resposta vacinal, pois caso revele nível inferior a 10 mIU/ml não é possível discriminar a 
causa (resposta inadequada à vacina ou queda natural do nível de anticorpos com o tempo). Nestas 
circunstâncias, a alternativa mais simples é aplicar uma dose de reforço da vacina, seguida da testagem 
sorológica dez dias após, pois desta forma é possível comprovar a resposta anamnéstica. Se o nível de 
anticorpos persistir inferior a 10 mIU/ml, o esquema deverá ser completado, programando-se as duas doses 
restantes. 
Imunização após exposição ao risco de infecções 
A exposição de um indivíduo susceptível a um agente infeccioso resulta em possibilidade de aquisição de 
infecção e de adoecimento. A imunização (vacinas e/ou imunoglobulinas) feita em tempo hábil e oportuno após a 
exposição poderá ser útil, impedindo a infecção ou atenuando as manifestações da doença [Quadro 19]. 
18 
 
Quadro 19 
Informações essenciais para programação de vacinas e imunoglobulinas em susceptíveis após exposição 
Risco infeccioso Contactantes imunocompetentes Contactantes imunodeficientes e outros* 
Sarampo Vacinar até 72 horas (>s de 1 ano) Utilizar imunoglobulina padrão humana (IG) até 96 horas 
Varicela Vacinar até 72 horas (>s de 1 ano) Utilizar Imunoglobulina específica (VZIG) até 96 horas 
Hepatite A Tendência a utilizar apenas vacina (1ª dose imediatamente) nos maiores de 1 ano Utilizar imunoglobulina padrão humana (IG) precocemente 
Tétano 
Nos ferimentos de maior risco, além da limpeza do ferimento, utilizar 
Imunoglobulina específica (TIG)* o mais precoce possível e iniciar ou 
completar vacinação para o tétano. 
Nos ferimentos de risco, além da limpeza do ferimento, utilizar 
Imunoglobulina específica (TIG**) o mais precoce possível e 
iniciar ou completar vacinação para o tétano. 
Raiva Decisão de uso de vacina (de cultivo celular) e/ou imunoglobulina (HRIG)** dependerá da natureza do ferimento e do animal agressor. 
Sempre que houver qualquer risco presumido, utilizar 
imunoglobulina(HRIG)* e vacina de cultivo celular. 
Varíola humana 
(bioterrorismo) 
Vacinar até 72 horas. Preferencialmente com a vacina não replicante 
(JYNNEOS) Ainda não estabelecido 
Varíola do macaco Dados preliminares. Vacinar até 72 horas. Preferencialmente com a vacina não replicante (JYNNEOS) Ainda não estabelecido 
* Outros: Para a varicela: inclui gestantes, prematuros e neonatos de mães que manifestaram varicela 48 antes até 5 dias após o parto; 
 Para o sarampo: inclui gestantes e menores de 1 ano de idade; 
* * Sempre que disponíveis as imunoglobulinas homólogas (TIG, HRIB) são preferíveis aos seus correspondentes (SAT e SAR) soros heterólogos, particularmente pelo menor 
risco de reações de hipersensibilidade às proteínas heterólogas. 
Em termos gerais, a probabilidade de eficácia da vacina tende a ser maior quanto mais precoce após a 
exposição ela for utilizada, quanto maior for o período de incubação da doença e se o indivíduo exposto for 
imunocompetente. Naturalmente, na abordagem destas situações em imunodeficientes as vacinas 
produzidas com agentes atenuados estão contraindicadas, o que habitualmente implica a utilização de 
imunoglobulinas. 
No caso de acidentes ocupacionais, pérfuro-cortantes ou com exposição de mucosas, envolvendo material 
biológico de fonte reconhecida ou potencialmente infectada pelo vírus B, dependendo do estado imunitário prévio 
do profissional acidentado [Quadro 20], podem ser necessárias doses adicionais de vacina ou utilização 
concomitante de imunoglobulina para hepatite B. 
Quadro 20 
Profilaxia para hepatite B: acidentes ocupacionais e vítimas de abuso sexual 
Fonte HBsAg-Positiva comprovada ou fonte presumida como de alto risco 
• Pessoas não vacinadas ou que sabidamente responderam inadequadamente à vacinação completa anterior devem receber 
imunoglobulina (IGHAHB) e vacina tão logo possível após exposição (preferencialmente nas primeiras 24 horas). 
• Pessoas com esquema vacinal em curso, porém incompleto, devem também receber imunoglobulina (HBIG) e vacina para completar 
esquema. 
• Pessoas vacinadas e que responderam adequadamente à vacinação completa (comprovação sorológica), nenhuma medida adicional é 
necessária. 
• No caso de criancas e adolescentes com comprovação de vacinação completa e sem controle sorológico pós-vacinação, indica-se uma 
dose de reforço da vacina. 
Fonte presumida como de baixo risco 
• Pessoas não vacinadas ou que sabidamente responderam inadequadamente à vacinação completa anterior devem receber vacina tão 
logo possível após exposição (preferencialmente nas primeiras 24 horas). A série vacinal deve ser completada utilizando a dose e o 
esquema adequado à idade. 
• Pessoas com esquema vacinal em curso, porém incompleto, devem receber vacina para completar esquema. 
• Pessoas vacinadas e que responderam adequadamente à vacinação completa (comprovação sorológica), nenhuma medida adicional é 
necessária. 
• No caso de crianças e adolescentes com comprovação de vacinação completa e sem controle sorológico pós-vacinação, nenhuma 
medida adicional é necessária. 
Fonte HBsAg-Negativa 
• Embora nenhuma medida específica esteja indicada em relação ao acidente em questão, deve-se orientar as pessoas não vacinadas ou 
com esquemas incompletos, a iniciar ou completar a vacinação. 
* Quando indicada, a administração de imunoglobulina deve ser feita o mais precocemente possível, se possível nas primeiras 24 horas. Admite-se, contudo, que a 
administração tardia ainda possa trazer benefícios desde que não ultrapasse 7 dias nos acidentes percutâneos e 14 dias na exposição sexual. 
 
Em acidentes que envolvem materiais provenientes de fontes desconhecidas, uma análise cuidadosa do 
contexto do acidente poderá ser útil para a presunção do risco associado à hepatite B. Atribuir baixo risco a 
qualquer fonte desconhecida, como é comumente recomendado em Guidelines poderá conduzir a uma 
 19 
 
segurança enganosa, liberando do uso de imunoglobulinas indivíduos que tecnicamente se beneficiariam da 
proteção imediata conferida pelos anticorpos prontos. 
 
Referências bibliográficas 
 
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BARRETT, AD & TEUWEN DE. Yellow fever vaccine - how does it work and why do rare cases of serious adverse events take place? Current Opinion in 
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Imunização e Doenças Transmissíveis, Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. – 5. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 
[Acessado em outubro 15, 2022]. 
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS. Informa sobre atualizações no 
Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana no Brasil. Brasília, 2022 [Acessado em outubro 15, 2022]. 
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de 
Vigilância em Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de 
Vigilância em Saúde. – 5. ed. – Brasília. Ministério da Saúde, 2021. [Acessado em outubro 15, 2022]. 
CENTERS FOR DISEASES CONTROL AND PREVENTION. PINK BOOK. Epidemiology and Prevention of Vaccine Preventable Diseases, 14th ed. 2021. 
Disponível em: http://www.cdc.gov/vaccines/pubs/pinkbook/pink-chapters.htm [acessado em outubro 15, 2021]. 
CENTERS FOR DISEASES CONTROL AND PREVENTION. YELLOW BOOK. Health Information for International Travel, 2020. Disponível em: 
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KROGER A, BAHTA L, HUNTER P. General Best Practice Guidelines for Immunization. Best Practices Guidance of the Advisory Committee on 
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MEMISH, ZA. Meningococcal disease and travel. Clin Infect. Dis. 34: 84-90, 2002. 
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Travel and Health 2012 (Updates2019). Disponível em: www.who.int [acessado em setembro 16, 2022]. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 1. Calendário de vacinação infantil - PNI, 2022. 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 2. Calendários de vacinação de adolescentes, adultos e gestantes - PNI, 2022. 
 21 
 
 
 
Anexo 3 
Campanhas de vacinação – Ministério da Saúde, Brasil 
1904: Campanha de Vacinação contra Varíola na Capital – Revolta da Vacina 
1961: Primeira campanha com a vacina contra poliomielite oral 
1966-1973: Campanha de Erradicação da Varíola 
1975: Campanha contra a meningite (vacina polissacarídica A/C) 
1992: Campanha contra o sarampo (vacina isolada do sarampo) – alvo 6 meses a 14 anos 
1990: Campanha contra a meningite (vacina cubana vesícula-B/polissacarídeo C) – alvo < 12 anos 
1995: Campanha contra a meningite (vacina cubana < 15 anos e vacina polis A/C 15-29 anos) 
1997: Campanha contra o sarampo – vacina dupla viral (MR ou SR) ou tríplice viral (MMR ou SRC) 
2000: Campanhas focais contra a febre amarela (Rio de Janeiro, inclusive) 
2001-02: Campanha contra rubéola - vacina dupla viral (MR ou SR) – mulheres de 20 a 39 anos 
2007-08: Campanha contra rubéola (2 vacinas): 
Vacina dupla viral (MR ou SR) – ambos os sexos, 20 a 39 anos. 
Vacina tríplice viral (MMR ou SCR) – ambos os sexos, 12 a 19 anos. 
2011-13: Campanha de vacinação da rubéola 
Vacina dupla viral (MR ou SR) – ambos os sexos, 20 a 39 anos. 
Vacina tríplice viral (MMR ou SCR) – ambos os sexos, 12 a 19 anos. 
2017-18: Campanha de vacinação da febre amarela - acima de 9 meses; 
2019: Campanha de vacinação do sarampo - tríplice viral 
2021-presente: Campanha de vacinação da Covid-19; 
2022-presente: Intensificação da campanha de vacinação da poliomielite e sarampo

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