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Percepção de Risco em Deslizamentos em Angra dos Reis

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Prévia do material em texto

i 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERCEPÇÃO DE RISCO ASSOCIADO A 
DESLIZAMENTOS NAS COMUNIDADES DO MORRO DA 
CARIOCA, MORRO DO ABEL E MORRO DO SANTO 
ANTÔNIO, ANGRA DOS REIS, RJ. 
 
 
 
 
 
 
Fernanda Teles Gullo 
 
 
 
 
 
2015 
 
ii 
 
 
PERCEPÇÃO DE RISCO ASSOCIADO A 
DESLIZAMENTOS NAS COMUNIDADES DO MORRO 
DA CARIOCA, MORRO DO ABEL E MORRO DO 
SANTO ANTÔNIO, ANGRA DOS REIS, RJ. 
 
 
 
 
Fernanda Teles Gullo 
 
 
 
Projeto de Graduação apresentado ao Curso 
de Engenharia Civil da Escola Politécnica, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção 
do título de Engenheiro. 
 
 
 
 
Orientador: Marcos Barreto de Mendonça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Março 2015 
 
 
 
 
iii 
 
PERCEPÇÃO DE RISCO ASSOCIADO A DESLIZAMENTOS NAS 
COMUNIDADES DO MORRO DA CARIOCA, MORRO DO ABEL E 
MORRO DO SANTO ANTÔNIO, ANGRA DOS REIS, RJ. 
 
 
Fernanda Teles Gullo 
 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS 
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE 
ENGENHEIRO CIVIL. 
 
 
 
Examinada por: 
 
____________________________________________ 
Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc. 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Ana Luiza Coelho Netto, D.Sc. 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Maria Cristina Moreira Alves, D.Sc. 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Leandro Torres Di Gregorio, D.Sc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL 
Março de 2015 
 
 
 
 
 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gullo, Fernanda Teles 
 
Percepção de risco associado a deslizamentos nas 
comunidades do Morro da Carioca, Morro do Abel e 
Morro do Santo Antônio, Angra dos Reis, RJ./ 
Fernanda Teles Gullo. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola 
Politécnica, 2015. 
 
X, 196 p.: il.; 29,7 cm. 
 
Orientador: Marcos Barreto Mendonça. 
 
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola 
Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2015. 
 
Referencias Bibliográficas: p. 167-172. 
 
1.Desastres 2.Deslizamentos 3. Percepção de Risco 
4 Prevenção. 5.Gestão Participativa 
I. Mendonça, Marcos Barreto de. II. Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso 
de Engenharia Civil, III. Título. 
 
v 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cada um só vê do universo aquilo que a sua sensibilidade 
ou a sua maneira de ser lhe permite. O universo pode ser 
muito mais vasto e muito mais diferente do que aquilo que 
é apenas o nosso mundo. 
 
 (Agostinho da Silva) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha torcida mais fiel, 
 meus pais, Sueli e José Carlos, 
e minha irmã, Jordana. 
 
 
 
 
vii 
 
 
Agradecimentos 
 
À minha família agradeço por todo amor, presença e incentivo em todos os 
momentos – à minha amada mãe coruja Sueli, ao melhor pai que eu poderia ter 
José Carlos, à minha amiga irmã Jordana e à avó Pequenina, que ainda deixa 
saudades. 
 
À todos os meus amigos de curso que tornaram essa jornada na UFRJ mais 
leve e interessante, minha eterna gratidão. 
 
Às minhas amigas Vivian Quito, Priscila Monteiro, Marina Kamino e Janeita 
Reid, que eu jurei citar nesses agradecimentos. Sem vocês tudo seria mais 
difícil. 
 
Ao meu namorado Félicien, por seu incentivo e palavras de amor. 
 
Aos meus amigos entusiastas Paula, Thiago, Lise, Gautier, Morgane, Laure, 
Baby e muitos outros que eu conheci durante esses anos de UFRJ. 
 
Ao professor e orientador Marcos Barreto de Mendonça, obrigada 
imensamente pelo apoio na realização deste trabalho e por todo aprendizado 
durante o curso. Levarei comigo o seu exemplo de profissional. 
 
À todos que participaram deste trabalho de alguma forma, Priscila Sanchez, 
Mariana Pinheiro, Leonardo Barbosa, Nathalia Lacerda. Vocês foram 
essenciais. 
 
Aos moradores de Angra dos Reis que gentilmente me concederam entrevista. 
 
À Luzia Faria e ao Michael Corrêa sempre prontos a me ajudar com os 
assuntos administrativos em relação ao meu curso. 
 
Aos professores, Ana Luiza, Maria Cristina e Leandro Torres, por aceitarem 
participar da banca examinadora deste TCC. 
 
À todos aqueles que me proporcionaram infinitas oportunidades acadêmicas e 
profissionais durante o curso. 
 
À Deus e ao universo, por todas as realizações. 
 
Muito obrigada! 
 
viii 
 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte 
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. 
 
 
PERCEPÇÃO DE RISCO ASSOCIADO A DESLIZAMENTOS NAS COMUNIDADES 
DO MORRO DA CARIOCA, MORRO DO ABEL E MORRO DO SANTO ANTÔNIO, 
ANGRA DOS REIS, RJ. 
 
 
Fernanda Teles Gullo 
 
Março/2015 
 
 
Orientador: Marcos Barreto de Mendonça 
 
 
Curso: Engenharia Civil 
 
 
 
Os desastres associados a deslizamentos crescem em intensidade na falta de 
uma população resiliente, gerando consequências sociais, econômicas e 
ambientais. Não é desconhecido que a prevenção é a melhor forma de se 
antecipar ao problema e evitar novos desastres. Entretanto, sem um diagnóstico 
prévio sobre os entendimentos e práticas diárias da população moradora de 
áreas de encostas suscetíveis a deslizamentos, ações de cunho preventivo, por 
vezes, se tornam ineficientes. Este trabalho defende a importância de se saber 
previamente como os moradores das comunidades estudadas percebem o risco 
a que eles estão expostos. Os resultados indicam que a população em estudo 
não utiliza todos os recursos que dispõe para agir a favor da redução dos 
desastres, evidenciando principalmente uma desarticulação entre os moradores 
e os agentes públicos locais. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Desastres, Deslizamentos, Prevenção, Percepção de Risco, Gestão 
Participativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of 
the requirements for the degree of Civil Engineer. 
 
 
RISK PERCEPTION ASSOCIATED WITH LANDSLIDES IN COMMUNITIES AT 
CARIOCA SHANTY TOWN, ABEL SHANTY TOWN AND SANTO ANTÔNIO SHANTY 
TOWN, ANGRA DOS REIS, RJ. 
 
 
Fernanda Teles Gullo 
 
March/2015 
 
 
Advisor: Marcos Barreto de Mendonça 
 
 
Course: Civil Engineering 
 
 
 
Landslide disasters are considerable in the absence of a resilient population 
which causes various social, economical and environmental consequences. 
Prevention is widely known as the best approach to foresee the problem and 
avoid new disasters. However, preventive actions are sometimes inefficient 
without a preliminary assessment of the understanding and daily practices of the 
population that live on slopes that are susceptible to landslides. This project 
highlights the importance of knowing beforehand how the residents of the 
assessed communities perceive the risk that they are exposed to. The results 
indicate that the population under study does not use the resources that are 
available to ensure the reduction of disasters, mainly showing that there is an 
evident gap between the residents and local public officials. 
 
 
 
 
Keywords: Disasters, Landslides, Prevention, Risk Perception, Participative 
Management. 
 
 
x 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 18 
1.1. Apresentação do objeto de pesquisa .......................................................................... 18 
1.2. Relevância e objetivos do estudo ................................................................................ 20 
1.3. Estrutura do trabalho .................................................................................................. 22 
2.DESASTRES ASSOCIADOS A DESLIZAMENTOS ..................................................................... 23 
2.1. Movimentos de massa em encostas ........................................................................... 23 
2.1.1. Quedas ................................................................................................................ 24 
2.1.2. Tombamentos ..................................................................................................... 25 
2.1.3. Rolamentos ......................................................................................................... 26 
2.1.4. Escorregamentos (ou Deslizamentos) ................................................................. 27 
2.1.5. Escoamentos (ou Fluxo) ...................................................................................... 30 
2.1.6. Complexos ........................................................................................................... 32 
2.2. Causas dos movimentos de massa e ações antrópicas associadas ............................. 33 
2.3. Desastres associados a deslizamentos ........................................................................ 35 
2.3.1. Conceito de desastre ........................................................................................... 35 
2.3.2. Dados sobre histórico recente no Brasil e no Rio de Janeiro .............................. 36 
3. RISCO ................................................................................................................................... 44 
3.1. Conceitos básicos ........................................................................................................ 44 
3.1.1. Risco .................................................................................................................... 44 
3.1.2. Perigo .................................................................................................................. 49 
3.1.3. Suscetibilidade .................................................................................................... 50 
3.1.4. Vulnerabilidade ................................................................................................... 51 
3.2. Mapeamento de suscetibilidade e de risco de deslizamentos ................................... 56 
3.3. Percepção de risco associado a deslizamentos ........................................................... 62 
3.3.1. Considerações iniciais ......................................................................................... 62 
3.3.2. Experiências em percepção de risco observadas na literatura ........................... 67 
4. ÁREA DE ESTUDO DA PESQUISA – BAIRROS MORRO DO ABEL, MORRO DA CARIOCA E 
MORRO DO SANTO ANTÔNIO, ANGRA DOS REIS, RJ .................................................................. 80 
5. LEVANTAMENTO DA PERCEPÇÃO DE RISCO ....................................................................... 87 
5.1. Metodologia do trabalho ............................................................................................ 87 
6. RESULTADOS E ANÁLISES .................................................................................................... 97 
6.1. Categorização e discussão dos resultados .................................................................. 97 
xi 
 
6.2. Consolidação dos temas mais relevantes associada à compreensão da fala dos 
entrevistados ......................................................................................................................... 132 
6.3. Propostas de assuntos a serem abordados em campanhas socioeducativas ........... 163 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 164 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 168 
ANEXO I – DADOS POPULACIONAIS E DE SANEAMENTO DOS BAIRROS DO MORRO DO ABEL, 
MORRO DA CARIOCA E MORRO DO SANTO ANTÔNIO, ANGRA DOS REIS / RJ ......................... 174 
ANEXO II – ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA LEVANTAMENTO DE PERCEPÇÃO DE RISCO. ..... 191 
ANEXO III – DADOS DO MAPA DE SUSCETIBILIDADE ACRESCIDO DA LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS 
REFERENTES AS ENTREVISTAS REALIZADAS DURANTE O LEVANTAMENTO DE PERCEPÇÃO DE 
RISCO DOS MORADORES. .......................................................................................................... 195 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xii 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Critérios para classificação de movimentos de massa ( Fundação Geo-Rio, 
2014 – adaptado de Varnes,1978 & Augusto Filho,1992). ................................................ 23 
Figura 2 – Queda de blocos (Rodrigues et al., 2013). ........................................................ 24 
Figura 3 – Ilustração da queda de blocos (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 
2008). ......................................................................................................................................... 24 
Figura 4 - Tombamento de blocos (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). ........................ 25 
Figura 5 – Ilustração de tombamentos (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 2008). 25 
Figura 6 – Ilustração dos rolamentos (Fundação Geo-Rio, 2014). .................................. 26 
Figura 7 - Rolamento de blocos na Estrada do Contorno em Angra dos Reis 
(Pinheiros, 2010). ..................................................................................................................... 26 
Figura 8 - Escorregamentos rotacionais (foto do arquivo pessoal de Willy Lacerda). . 27 
Figura 9 - Ilustração de escorregamentos rotacionais (Turner & Schuster, 1996 apud 
Aguiar, 2008). ............................................................................................................................ 27 
Figura 10 - Deslizamento planar em Petrópolis, RJ (foto cedida por Marcos 
Mendonça). ................................................................................................................................ 28 
Figura 11 - Ilustração de escorregamento planar (Pinotti & Carneiro, 2013 - adaptado 
de Hoek & Londe, 1974 e Piteau & Martin, 1981). .............................................................. 28 
Figura 12 – Deslizamento em cunha (Montgomery, 1992)................................................ 29 
Figura 13 - Ilustração dos escorregamentos em cunha (Turner & Schuster, 1996 apud 
Aguiar, 2008 - a; Fundação Geo-Rio, 2014 - b). ................................................................. 29 
Figura 14 – Cicatrizes em encosta geradas por fluxos detríticos (foto cedida por 
Marcos Mendonça). ................................................................................................................. 30 
Figura 15 - Ilustração de corridas (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 2008). ........ 30 
Figura 16 - Ilustração de rastejos ou fluências (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 
2008). ......................................................................................................................................... 31 
Figura 17 – Movimento de rastejo (foto cedida por Marcos Mendonça). ........................ 31 
Figura 18 - Escorregamentos complexos na Região Serrana do Rio de Janeiro 
(Pessôa, 2011). ......................................................................................................................... 32 
Figura 19 – Cenário dos desastres registrados entre os períodos de 1991 e 2012, 
(Brasil, 2013). ............................................................................................................................ 36 
Figura 20 – Registros de movimentos de massa entre as décadas de 1990 e 2000 
(Brasil, 2013). ............................................................................................................................ 37 
Figura 21 – Mortos por tipo de desastre, nos períodosentre 1991 e 2012 (Brasil, 
2013). ......................................................................................................................................... 37 
Figura 22 – Frequência mensal dos movimentos de massa ocorridos no Brasil, nos 
períodos entre 1991 e 2012 (Brasil, 2013). .......................................................................... 38 
Figura 23 – Porcentagem de ocorrência de movimentos de massa por região do Brasil, 
no período entre 1991 e 2012 (Brasil, 2013). ...................................................................... 38 
Figura 24 – Danos humanos por movimento de massa na região Sudeste (Brasil, 
2013). ......................................................................................................................................... 39 
Figura 25 – Danos humanos ocasionados por movimentos de massa no Estado do Rio 
de Janeiro, entre os períodos de 1991 e 2012 (Brasil, 2013). .......................................... 40 
Figura 26 - Desastre de 2010 em Angra dos Reis (Pinheiros, 2010). ............................. 41 
xiii 
 
Figura 27 - Deslizamentos em Angra dos Reis no Morro do Santo Antônio (Defesa Civil 
de Angra dos Reis, 2010). ...................................................................................................... 41 
Figura 28 - Deslizamentos em Angra dos Reis na praia do Bananal (Defesa Civil de 
Angra dos Reis, 2010). ............................................................................................................ 42 
Figura 29 - Desastre de 2010 no Morro da Carioca (Uol Notícias apud Becker, 2011).
 ..................................................................................................................................................... 42 
Figura 30 - Desastre de 2010 em Angra dos Reis no Morro do Bulé e no Morro da 
Carioca (Defesa Civil de Angra dos Reis, 2010). ................................................................ 43 
Figura 31 – Gráfico da frequência anual de movimentos de massas ocorridos no Brasil, 
no período entre 1991 e 2012 (Brasil, 2013). ...................................................................... 43 
Figura 32 - Mapa de zoneamento de suscetibilidade de Angra dos Reis (Coelho Netto 
et al., 2013)................................................................................................................................ 61 
Figura 33 – Localização da área de estudo - Bairros Morro do Abel, Morro da Carioca 
e Morro do Santo Antônio, Angra dos Reis/ RJ ................................................................... 81 
Figura 34 – Visão das comunidades do Morro da Carioca e do Morro do Abel (foto do 
autor). ......................................................................................................................................... 82 
Figura 35 – Visão da comunidade do Morro do Santo Antônio (foto do autor). ............. 82 
Figura 36 – Visão a partir da região mais alta do Morro do Santo Antônio (foto do 
autor). ......................................................................................................................................... 82 
Figura 37 – Implantação inadequada de moradias em região alta do Morro do Santo 
Antônio (foto do autor). ............................................................................................................ 83 
Figura 38 – Implantação inadequada de moradias em região alta do Morro do Santo 
Antônio (foto do autor). ............................................................................................................ 83 
Figura 39 – Estrutura (muro de gabião) para contenção de talude localizada no Morro 
da Carioca (foto do autor). ...................................................................................................... 83 
Figura 40 – Fotos do levantamento de percepção de risco. Equipe de campo: 
Fernanda Teles Gullo, José Carlos Gullo, Marcos Barreto de Mendonça, Mariana 
Talita Gomes Pinheiro, Priscila Nunes Sanchez (Fotos do autor). .................................. 95 
Figura 41 - Gráfico das respostas da pergunta 1 separados por graus de risco. .......... 98 
Figura 41 - Percentuais das respostas da pergunta 2 separados por graus de risco. .. 99 
Figura 43 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 3 para os bairros Morro 
da Carioca, Morro do Abel e Morro do Santo Antônio separados por grau de risco. . 102 
Figura 44 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 3 para o bairro Morro 
da Carioca. .............................................................................................................................. 103 
Figura 45 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 3 para os bairros 
Morro do Abel e Morro do Santo Antônio separados por grau de risco. ....................... 104 
Figura 46 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 4 para os bairros Morro 
da Carioca, Morro do Abel e Morro do Santo Antônio separados por grau de risco. . 106 
Figura 47 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 5 separados em graus 
de risco. .................................................................................................................................... 107 
Figura 48 – Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 8 para os bairros 
Morro da Carioca, Morro do Abel e Morro do Santo Antônio e separados por graus de 
risco. ......................................................................................................................................... 109 
xiv 
 
Figura 49 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 8 sobre a frequência 
em que os moradores pensam em deslizamentos para os bairros Morro da Carioca, 
Morro do Abel e Morro do Santo Antônio e separados por graus de risco. .................. 110 
Figura 50 – Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 10 separados por 
graus de risco. ......................................................................................................................... 112 
Figura 51 – Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 11 separados por 
graus de risco. ......................................................................................................................... 113 
Figura 52 - Percentuais das respostas da pergunta 14 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 116 
Figura 52 – Gráfico com os percentuais das respostas da pergunta 15 separados por 
graus de risco. ......................................................................................................................... 117 
Figura 54 – Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 16 separados em 
ordem de importância. ........................................................................................................... 118 
Figura 55 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 21 separados por graus 
de risco. .................................................................................................................................... 123 
Figura 56 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 24 separados por graus 
de risco. .................................................................................................................................... 126 
Figura 57 - Gráfico dos percentuais das respostas da pergunta 27 separados em graus 
de risco. .................................................................................................................................... 128 
Figura 58 – Gráfico com os percentuais das respostas da pergunta 28 separadas por 
graus de risco. ......................................................................................................................... 129 
Figura 59 - Gráfico dos percentuais totais das respostas da pergunta 29. ...................130 
Figura 60 - Gráfico das respostas da pergunta 30 separados por graus de risco. ...... 131 
Figura 61 - População residente,total, urbana total e urbana na sede municipal, em 
números absolutos e relativos, com indicação da área total e densidade demográfica, 
segundo o Brasil e os municípios de Angra dos Reis e do Rio de Janeiro (IBGE, Censo 
Demográfico, 2010 – relatório Sinopse do Censo Demográfico 2010, 2011). ............. 174 
Figura 62 – Domicílios particulares permanentes, moradores em domicílios 
particulares permanentes e média de ................................................................................. 175 
Figura 63 - Domicílios particulares permanentes, moradores em domicílios particulares 
permanentes e média de ....................................................................................................... 175 
Figura 64 - Domicílios particulares permanentes, moradores em domicílios particulares 
permanentes e média de moradores .................................................................................. 176 
Figura 65 – Domicílios particulares permanentes, por situação do domicílio e 
existência de banheiro ou sanitário e número de banheiros de uso exclusivo do 
domicílio, segundo o tipo de domicílio, a forma de abastecimento de água, o destino 
do lixo e a existência de energia elétrica no bairro Morro da Carioca, Angra dos 
Reis/RJ. .................................................................................................................................... 177 
Figura 66 – Domicílios particulares permanentes, por situação do domicílio e 
existência de banheiro ou sanitário e número de banheiros de uso exclusivo do 
domicílio, segundo o tipo de domicílio, a forma de abastecimento de água, o destino 
do lixo e a existência de energia elétrica no bairro Morro do Abel, Angra dos Reis/RJ.
 ................................................................................................................................................... 179 
Figura 67 – Domicílios particulares permanentes, por situação do domicílio e 
existência de banheiro ou sanitário e número de banheiros de uso exclusivo do 
domicílio, segundo o tipo de domicílio, a forma de abastecimento de água, o destino 
xv 
 
do lixo e a existência de energia elétrica no bairro Morro do Santo Antônio, Angra dos 
Reis/RJ. .................................................................................................................................... 181 
Figura 68 – Domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios 
particulares permanentes, por situação do domicílio, segundo a forma de 
abastecimento de água, o destino do lixo e a existência de energia elétrica no bairro 
Morro da Carioca, Angra dos Reis/RJ. ............................................................................... 182 
Figura 69 – Domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios 
particulares permanentes, por situação do domicílio, segundo a forma de 
abastecimento de água, o destino do lixo e a existência de energia elétrica no bairro 
Morro do Abel, Angra dos Reis/RJ. ..................................................................................... 184 
Figura 70 – Domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios 
particulares permanentes, por situação do domicílio, segundo a forma de 
abastecimento de água, o destino do lixo e a existência de energia elétrica no bairro 
Morro do Santo Antônio, Angra dos Reis/RJ. .................................................................... 185 
Figura 71 – Domicílios particulares permanentes, por situação do domicílio e 
existência de banheiro de banheiro ou sanitário e número de banheiros de uso 
exclusivo do domicílio, segundo o tipo do domicílio, a condição de ocupação e o tipo 
de esgotamento sanitário no bairro Morro da Carioca, Angra dos Reis/RJ. ................. 186 
Figura 72 – Domicílios particulares permanentes, por situação do domicílio e 
existência de banheiro ou sanitário e número de banheiros de uso exclusivo do 
domicílio, segundo o tipo do domicílio, a condição de ocupação e o tipo de 
esgotamento sanitário no bairro Morro do Abel, Angra dos Reis/RJ. ............................ 187 
Figura 73 – Domicílios particulares permanentes, por situação do domicílio e 
existência de banheiro de banheiro ou sanitário e número de banheiros de uso 
exclusivo do domicílio, segundo o tipo do domicílio, a condição de ocupação e o tipo 
de esgotamento sanitário no bairro Morro do Abel, Angra dos Reis/RJ. ...................... 188 
Figura 74 – Domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios 
particulares permanentes, por situação do domicílio, segundo o tipo de domicílio, a 
condição de ocupação,a existência de banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário e 
a existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio no bairro Morro da 
Carioca, Angra dos Reis/RJ. ................................................................................................ 189 
Figura 75 – Domicílios particulares permanentes e moradores em domicílios 
particulares permanentes, por situação do domicílio, segundo o tipo de domicílio, a 
condição de ocupação,a existência de banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário e 
a existência e número de banheiros de uso exclusivo do domicílio no bairro Morro do 
Santo Antônio, Angra dos Reis/RJ. ..................................................................................... 190 
 
xvi 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Fatores contribuintes para as causas de acionamento dos movimentos de 
massa e ações antrópicas associadas (Mendonça, 2013; Fundação Geo-Rio, 2014). 34 
Tabela 2 - Definições de desastres encontrados na literatura. ......................................... 35 
Tabela 3 - Definições de risco encontradas na literatura. .................................................. 45 
Tabela 4 - Fórmulas relacionadas ao conceito de risco (R) encontradas na literatura. 47 
Tabela 5 - Definições de perigo encontradas na literatura. ............................................... 50 
Tabela 6 - Definições de suscetibilidade encontradas na literatura ................................. 51 
Tabela 7 - Definições de vulnerabilidade encontradas na literatura. ............................... 52 
Tabela 8 - Definições de percepção de risco encontradas na literatura. ........................ 62 
Tabela 9 - Experiências em levantamentos de percepção de risco. ................................ 68 
Tabela 10 - Parte do questionário aplicado para levantamento da percepção de risco 
por Mendonça e Pinheiro (2013). .......................................................................................... 73 
Tabela 11 - Pontos qualitativos do questionário por Finlay e Fell (1997). ...................... 74 
Tabela 12 – Descrição dos grupos questionados por Finlay e Fell (1997). .................... 75 
Tabela 13 – Descrição dos métodos utilizados para coleta de dados por Finlay e Fell 
(1997). ........................................................................................................................................ 76 
Tabela 14 – Parte do questionário aplicado para levantamento da percepção de risco 
por Ho et al. (2008). ................................................................................................................. 78 
Tabela 15 - Percentagens das características urbanas do entorno dos domicílios 
permanentes urbanos do país e dos municípios de Angra dos Reis e do Rio de 
Janeiro........................................................................................................................................ 84 
Tabela 16 - Dados coletados durante a execução das entrevistas. ................................. 91 
Tabela 17 - Percentuais das respostas da pergunta 1 separados por graus de risco. . 98 
Tabela 18 - Percentuais das respostas da pergunta 2 separados por grausde risco. 100 
Tabela 19 - Percentuais das respostas da pergunta 3 para os bairros Morro da 
Carioca, Morro do Abel e Morro do Santo Antônio separados por grau de risco. ....... 102 
Tabela 20 - Percentuais das respostas da pergunta 3 para o bairro Morro da Carioca 
separados por grau de risco. ................................................................................................ 103 
Tabela 21 - Percentuais das respostas da pergunta 3 para os bairros Morro do Abel e 
Morro do Santo Antônio separados por grau de risco. ..................................................... 104 
Tabela 22 - Percentuais das respostas da pergunta 4 para os bairros Morro da 
Carioca, Morro do Abel e Morro do Santo Antônio separados por grau de risco. ....... 106 
Tabela 23 - Percentuais das respostas da pergunta 5 separados em graus de risco. 107 
Tabela 24 – Percentuais das respostas da pergunta 6. ................................................... 108 
Tabela 25 – Percentuais das respostas da pergunta 8 para os bairros Morro da 
Carioca, Morro do Abel e Morro do Santo Antônio e separados por grau de risco. .... 110 
Tabela 26 - Percentuais das respostas da pergunta 8 para o bairro Morro da Carioca e 
separados por graus de risco. .............................................................................................. 110 
Tabela 27 - Percentuais das respostas da pergunta 8 para o bairro Morro do Abel e 
Morro do Santo Antônio e separados por graus de risco. ............................................... 110 
Tabela 28 – Percentuais das respostas da pergunta 8 sobre a frequência em que os 
moradores pensam em deslizamentos para os bairros Morro da Carioca, Morro do 
Abel e Morro do Santo Antônio e separados por graus de risco. ................................... 111 
xvii 
 
Tabela 29 - Percentuais das respostas da pergunta 9 separados por graus de risco. 111 
Tabela 30 - Distribuição das respostas da pergunta 10. .................................................. 111 
Tabela 31 - Percentuais das respostas da pergunta 10 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 112 
Tabela 32 - Percentuais das respostas da pergunta 11 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 113 
Tabela 33 - Percentuais das respostas da pergunta 12 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 114 
Tabela 34 – Percentuais das respostas da pergunta 13 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 115 
Tabela 35 - Percentuais das respostas da pergunta 14 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 116 
Tabela 36 – Percentuais das respostas da pergunta 15 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 117 
Tabela 37 – Percentuais das respostas da pergunta 16 separadas por graus de 
importância. ............................................................................................................................. 119 
Tabela 38 – Percentuais das respostas da pergunta 16 separadas em ordem de 
importância para suscetibilidade alta e muito alta. ........................................................... 119 
Tabela 39 – Percentuais das respostas da pergunta 16 separadas em ordem de 
importância para suscetibilidade média. ............................................................................. 120 
Tabela 40 - Percentuais das respostas da pergunta 16 separadas em ordem de 
importância para suscetibilidade baixa. .............................................................................. 120 
Tabela 41 – Percentuais das respostas da pergunta 17 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 121 
Tabela 42 - Percentuais totais das respostas da pergunta 18. ....................................... 121 
Tabela 43 - Percentuais das respostas da pergunta 19. ................................................. 122 
Tabela 44 - Percentuais totais das respostas da pergunta 20. ....................................... 122 
Tabela 45 - Percentuais das respostas da pergunta 21 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 122 
Tabela 46 - Percentuais das respostas da pergunta 22. ................................................. 123 
Tabela 47 - Percentuais das respostas da pergunta 23. ................................................. 124 
Tabela 48 - Percentuais das respostas da pergunta 24 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 125 
Tabela 49 - Percentuais das respostas da pergunta 25 separadas por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 126 
Tabela 50 - Percenturais das respostas da pergunta 26. ................................................ 127 
Tabela 51 - Percentuais das respostas da pergunta 27 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 128 
Tabela 52 - Percentuais das respostas da pergunta 28 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 129 
Tabela 53 - Percentuais das respostas da pergunta 29 separados por graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 130 
Tabela 54 - Percentuais das respostas da pergunta 30 separados em graus de risco.
 ................................................................................................................................................... 131 
Tabela 55 – Roteiro de entrevistas para levantamento de percepção de risco. .......... 191
18 
 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. Apresentação do objeto de pesquisa 
O processo de transformação do espaço público brasileiro se construiu com bases em 
uma política de exclusão social e descompromisso com as áreas urbanas ocupadas 
pela população mais pobre. A cidade é tratada como mercadoria e a gestão que segue 
os preceitos de rentabilidade econômica expulsa milhares de brasileiros para as 
periferias ou áreas sobrantes, comumente chamadas de áreas de risco, em que na 
maioria das vezes o direito à moradia digna e às infraestruturas necessárias não é 
garantido. 
O esgotamento dos centros urbanos e a consequente ocupação desordenada de 
áreas altamente suscetíveis a deslizamentos passaram a não ser exclusividade das 
grandes metrópoles, tendo como alvo também as cidades de menor porte, como os 
municípios da região serrana e do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, 
recentemente vitimados por eventos desastrosos. 
A população residente nessas áreas de risco sofre com desastres ocasionados pela 
confluência de fatores como alta declividade das encostas, elevados índicespluviométricos, feições geomorfológicas, geológicas e geotécnicas e ações antrópicas 
sobre o meio físico. 
Convém mencionar nesta introdução que o termo ‘deslizamentos’ é utilizado, de uma 
forma geral, ao longo do texto dessa dissertação para designar os movimentos de 
massa em encostas. Sabe-se, entretanto, que o deslizamento propriamente dito 
consiste em um dos tipos de movimento de massa, conforme será exposto no item 
2.1. 
O desastre associado a deslizamentos é o segundo maior tipo de desastre 
socioambiental em termos de vítimas fatais no Brasil. Segundo Brasil (2013), entre 
19 
 
1991 e 2012 foram feitos 669 registros oficiais de movimentos de massa no país, 
constando por volta de cinco milhões e meio de pessoas afetadas, direta ou 
indiretamente, entre feridos, enfermos, desabrigados, desalojados, desaparecidos e 
outros. Esses números devem estar subestimados, posto que muitas ocorrências 
podem não ter sido registradas oficialmente. 
O problema dos desastres associados a deslizamentos envolve aspectos técnicos, 
sociais e de políticas públicas. Os técnicos estão relacionados aos condicionantes 
naturais e antrópicos que determinam a estabilidade das encostas. Os sociais são 
relativos ao processo de ocupação do solo pelo homem, ao impacto das 
consequências dos desastres na vida das pessoas atingidas, a remoção de moradores 
das áreas de risco, ao engajamento da população em atividades preventivas e 
emergenciais e a distância social entre os moradores de áreas de risco e os órgãos 
responsáveis pelo tratamento do problema. Os de políticas públicas referem-se ao 
plano habitacional, a gestão dos desastres e a proteção social (Mendonça, 2013). 
No entanto, apesar da interdisciplinaridade do problema, nota-se que, na prática, as 
soluções para esse problema comumente não envolvem esses diferentes aspectos, 
sendo as ações para redução dos desastres ainda hoje concentradas basicamente na 
execução de obras de engenharia. Com efeito, diante da atual situação em que os 
desastres associados a deslizamentos vêm aumentando de magnitude, frequência e 
área afetada, essas soluções têm apresentado eficiência bastante limitada (Mendonça, 
2013). 
A inclusão de novas alternativas para a melhor gestão do sistema de controle dos 
desastres precisa ser repensada, já que o risco a deslizamentos e suas 
consequências não depende somente das feições geomorfológicas, geológicas e 
geotécnicas do terreno, mas também da organização social desigual do uso e 
ocupação do solo. 
20 
 
Esse problema vem mobilizando diversos especialistas na tentativa de reversão desse 
quadro. Ressalta-se a necessidade de integração entre governos municipais, 
estaduais e federal, entidades privadas, academia e sociedade civil na elaboração de 
uma política pública que, sem se contrapor ao saber perito, se produza a partir do 
diagnóstico da percepção de risco por parte dos moradores de áreas suscetíveis a 
deslizamentos, ou seja, a forma com que a população se relaciona com o perigo dos 
deslizamentos e com os atores envolvidos nessa temática. 
O objeto de pesquisa desse trabalho é a percepção de risco associado a 
deslizamentos por parte da população moradora de três comunidades no Município de 
Angra dos Reis, Rio de Janeiro, RJ. O conhecimento sobre a percepção de risco não 
pode ser negligenciado, uma vez que não há significativa redução dos desastres 
somente através de ações estruturais (obras de engenharia) e emergenciais (sistemas 
de alarme e alerta e retirada de moradores) sem a participação da população. Essa 
participação da comunidade nas ações para redução de risco deve ser buscada 
através de ações socioeducativas para a troca de conhecimento entre técnicos e 
moradores sobre o problema dos desastres, o estreitamento da interação entre a 
comunidade e o governo e o empoderamento da população para transformação do 
meio em que vivem de forma a melhorar a qualidade de vida. Essas ações, entretanto, 
só podem ser planejadas e realizadas após o conhecimento da percepção de risco dos 
moradores. 
1.2. Relevância e objetivos do estudo 
O conceito de percepção de risco desde o fim da década de 60 (Heitz, 2009) vem 
ganhando destaque com diversas abordagens que se complementam e constituem 
uma literatura multidisciplinar de referência, com as contribuições de economistas, 
geógrafos, psicólogos, sociólogos e engenheiros. 
Estudar a percepção de risco tem sua importância para a construção de uma cultura 
de prevenção, em que prevalece o diálogo com a população, elucidando a 
21 
 
participação social, a construção coletiva, o cooperativismo e a proximidade entre 
técnicos, gerenciador público e comunidade, para a redução de desastres e o aumento 
da qualidade de vida em áreas de risco (Lucena, 2006). 
O estudo de percepção de risco associado a deslizamentos se dá através do 
levantamento de como os indivíduos e a comunidade em geral se relacionam com os 
desastres, o que sabem sobre os mesmos, como se comportam diante do perigo e 
como interagem com os órgãos governamentais envolvidos na gestão de desastres. O 
objetivo geral deste trabalho é compreender a percepção de risco da população 
moradora de três comunidades do Município de Angra dos Reis (Morro do Abel, Morro 
da Carioca e Morro Santo Antônio) que se formaram desordenadamente em áreas de 
encostas sujeitas a deslizamentos. Isso é feito isso por meio de entrevistas com os 
moradores para o conhecimento das visões (comportamento e ideologia) e das 
atitudes dos mesmos, mais especificamente, das noções que eles têm sobre os 
problemas dos deslizamentos e as influências das ações antrópicas, a relativização 
desse tipo de risco frente a outras ameaças a que estão expostos, a relação com os 
elegidos responsáveis pelo problema e a legitimidade das políticas públicas e 
instituições gestoras para o enfrentamento e a redução dos desastres (Mendonça & 
Pinheiro, 2013; Mendonça, 2013). 
A presente pesquisa é, portanto, ferramental para avaliar vulnerabilidades, orientar 
atividades socioeducativas e aproximar sócio e politicamente a população afetada das 
instituições governamentais que atuam em ações para redução dos desastres, 
principalmente Defesa Civil, promovendo uma gestão participativa com a construção 
conjunta de uma comunidade empoderada e resiliente. 
 
 
 
 
22 
 
1.3. Estrutura do trabalho 
A estrutura deste trabalho está dividida em 7 capítulos. O capítulo introdutório 
apresenta a problemática que embasa o objeto de estudo, evidenciando a relevância e 
os objetivos para o levantamento da percepção de risco de comunidades expostas a 
deslizamentos. Os capítulos 2 e 3 compõem a revisão bibliográfica. O segundo 
capítulo apresenta o tema dos desastres associados a deslizamentos abordando os 
tipos de movimentos de massa em encostas e o impacto das ações antrópicas 
instabilizadoras, o conceito de desastre e os dados sobre histórico recente dos 
desastres associados a deslizamentos no Brasil e no Rio de Janeiro. O terceiro 
capítulo apresenta, segundo a visão de diferentes autores, conceitos e considerações 
sobre risco, perigo, suscetibilidade, vulnerabilidade e percepção de risco e aborda 
alguns aspectos para elaboração do mapa de zoneamento de susceptibilidade, risco e 
perigo. O quarto capítulo descreve a área de estudo e o quinto trata da metodologia 
empregada para o levantamento da percepção de risco na mesma. Em seguida, o 
capítulo 6 refere-se aos resultados do levantamento e às análises quantitativas e 
qualitativas dos mesmos e propõe alguns assuntos a serem trabalhados em futuras 
campanhas educativas para enfrentamento dos desastres na região. Por fim, o último 
capítulo faz as considerações finais sobre o trabalho. 
 
23 
 
2. DESASTRES ASSOCIADOS A DESLIZAMENTOS 
2.1. Movimentos de massa em encostas 
Os movimentos de massa são deslocamentos de solo e/ou rocha que podem ser 
deflagrados por mecanismostanto internos, que interferem na resistência do material, 
como externos, que induzem o aumento das tensões de cisalhamento ao longo da 
superfície de ruptura até o rompimento. Tais mecanismos são fortemente influenciados 
não somente por processos de origem natural, mas também agravados por ações 
antrópicas instabilizadoras das encostas. Esses movimentos gravitacionais podem ser 
classificados e distinguidos segundo critérios específicos, conforme apresentado na 
Figura 1 (Fundação Geo-Rio, 2014), que por sua vez, é uma adaptação de Varnes 
(1978) e Augusto Filho (1992). 
 
Figura 1 – Critérios para classificação de movimentos de massa ( Fundação Geo-Rio, 
2014 – adaptado de Varnes,1978 & Augusto Filho,1992). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Dos tipos mais comuns de movimentos em solo encontrados no Rio de Janeiro, 
destacam-se: 
2.1.1. Quedas 
Esse tipo de movimento de massa está associado à queda livre de rochas fraturadas 
em forma de lascas e/ou blocos ou de solos em margens de corpos d’água, sendo 
comuns em encostas íngremes representadas em sua geometria por planos 
inclinados, conforme figuras 2 e 3 (Fundação Geo-Rio, 2014). 
 
Figura 2 – Queda de blocos (Rodrigues et al., 2013). 
 
 
Figura 3 – Ilustração da queda de blocos (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 
2008). 
25 
 
2.1.2. Tombamentos 
Os tombamentos são rotações ocasionadas pelo basculamento e posterior queda de 
lascas de rochas, provenientes da deposição de material sobre o talude, de 
fraturamento e da presença de fluxo d’água e/ou da erosão da base dos corpos 
rochosos, conforme figuras 4 e 5 (Fundação Geo-Rio, 2014; Turner & Schuster, 1996 
apud Aguiar, 2008). 
 
Figura 4 - Tombamento de blocos (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 
 
Figura 5 – Ilustração de tombamentos (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 2008). 
26 
 
2.1.3. Rolamentos 
Rolamentos são movimentos de matacões e/ou blocos de rocha ao longo das 
encostas (figuras 6 e 7). 
 
 
Figura 6 – Ilustração dos rolamentos (Fundação Geo-Rio, 2014). 
 
Figura 7 - Rolamento de blocos na Estrada do Contorno em Angra dos Reis 
(Pinheiros, 2010). 
 
 
 
 
27 
 
2.1.4. Escorregamentos (ou Deslizamentos) 
Os escorregamentos são movimentos de massa com superfície de ruptura previsível, 
podendo ser rotacionais, planares ou em cunha. 
2.1.4.1. Escorregamentos rotacionais 
Movimentos geralmente rápidos (km/h) com superfície de ruptura de seção transversal 
aproximadamente circular (figuras 8 e 9). Ocorrem em taludes espessos com solos 
residuais, coluvionares ou lateríticos, sem anisotropia ou planos de fraqueza 
relevantes, em taludes de corte sedimentares, em aterros sobre solos sedimentares ou 
ainda compostos em grande parte por resíduos sólidos urbanos (Becker, 2011; 
Fundação Geo-Rio, 2014). 
 
Figura 8 - Escorregamentos rotacionais (foto do arquivo pessoal de Willy Lacerda). 
 
Figura 9 - Ilustração de escorregamentos rotacionais (Turner & Schuster, 1996 apud 
Aguiar, 2008). 
28 
 
2.1.4.2. Escorregamentos translacionais ou planares 
Movimentos rápidos (km/h) ao longo de superfícies planas, geralmente no contato 
entre materiais de resistências diferentes ou sobre planos de fraqueza (figuras 10 e 
11), como exemplo: solos residuais rasos sobre rochas, solos coluvionares pouco 
espessos sobre solos residuais, solos rasos menos resistentes, resíduos sólidos sobre 
material mais resistente, ou ainda, taludes de solos residuais com planos de fraqueza 
reliquiares de altitude desfavorável (Becker, 2011). 
 
Figura 10 - Deslizamento planar em Petrópolis, RJ (foto cedida por Marcos 
Mendonça). 
 
Figura 11 - Ilustração de escorregamento planar (Pinotti & Carneiro, 2013 - adaptado 
de Hoek & Londe, 1974 e Piteau & Martin, 1981). 
29 
 
 
2.1.4.3. Escorregamentos em cunha 
Movimentos de blocos de rocha com superfície de ruptura em forma de cunha, 
interligados por uma linha entre dois planos de descontinuidades, orientada na direção 
do movimento, conforme apresentado nas figuras 12 e 13 (Fundação Geo - Rio, 2014). 
 
Figura 12 – Deslizamento em cunha (Montgomery, 1992). 
 
Figura 13 - Ilustração dos escorregamentos em cunha (Turner & Schuster, 1996 apud 
Aguiar, 2008 - a; Fundação Geo-Rio, 2014 - b). 
30 
 
2.1.5. Escoamentos (ou Fluxo) 
2.1.5.1. Corridas 
Movimentos de solos em alta velocidade (km/h) que se comportam como fluido, 
podendo alcançar longas distâncias e gerar cicatrizes pelo caminho (figuras 14 e 15). 
Ocorrem em encostas de solo residual argiloso, onde lama ou detritos (mistura de 
blocos de rochas, vegetação, solos, etc.) são carreados ao longo de talvegues durante 
o período de chuvas muito intensas ou prolongadas (Becker, 2011; Fundação Geo-
Rio, 2014). 
 
Figura 14 – Cicatrizes em encosta geradas por fluxos detríticos (foto cedida por 
Marcos Mendonça). 
 
 
Figura 15 - Ilustração de corridas (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 2008). 
31 
 
2.1.5.2. Rastejos ou Fluências (creeps) 
Movimentos muito lentos (mm/ano a cm/ano) que ocorrem geralmente próximos ao pé 
de encostas em colúvios com nível elevado do lençol freático. Assim como os 
inclinômetros podem acusar deslocamentos horizontais, a presença de trincas no solo, 
árvores retorcidas, estradas tortas, postes desaprumados, canaletas desalinhadas 
também podem ser indícios da ocorrência de rastejos, conforme apresentado nas 
figuras 16 e 17 (Becker, 2011). 
 
 
Figura 16 - Ilustração de rastejos ou fluências (Turner & Schuster, 1996 apud Aguiar, 
2008). 
 
 
Figura 17 – Movimento de rastejo (foto cedida por Marcos Mendonça). 
32 
 
2.1.6. Complexos 
Representados pela combinação de dois ou mais tipo de movimentos, são compostos 
por materiais diversos e apresentam superfície de ruptura complexa, com seção 
transversal geralmente representada por poligonais (Figura 18). Os movimentos de 
massa complexos ocorrem geralmente em locais com topografia acidentada e/ou em 
camadas de solos com resistências diferentes (Fundação Geo-Rio, 2014; Becker, 
2011). 
 
 
Figura 18 - Escorregamentos complexos na Região Serrana do Rio de Janeiro 
(Pessôa, 2011). 
 
 
 
 
 
 
33 
 
2.2. Causas dos movimentos de massa e ações 
antrópicas associadas 
Os processos instabilizadores das encostas podem ser agrupados naqueles que 
fazem diminuir a resistência ao cisalhamento da massa de solo ou rocha e/ou 
naqueles que fazem elevar a magnitude das solicitações cisalhantes, alterando as 
condições de segurança quanto à estabilidade das encostas. 
Alguns fatores contribuintes para as causas de acionamento dos movimentos de 
massa estão apresentados na Tabela 1, em especial, aqueles relacionados às ações 
antrópicas. 
 
34 
 
 Tabela 1 - Fatores contribuintes para as causas de acionamento dos movimentos de massa e ações antrópicas associadas 
(Mendonça, 2013; Fundação Geo-Rio, 2014).
Causas de acionamento dos movimentos 
de massa 
Ações antrópicas associadas Processos instabilizadores das encostas 
Aumento da quantidade de água que 
infiltra no solo, elevação do nível d’água 
em trincas ou juntas e aumento do grau 
de saturação do solo. 
Execução de drenagem deficiente, rompimento de 
tubulações e despejo de águas servidas ou esgoto 
no subsolo, obstrução do curso d’água natural, seja 
através da implantação inadequada de moradia ou 
despejo de detritos. 
Elevação do peso da massa de solo, 
aumento da solicitação e da poropressão e 
redução da resistência do solo; 
Mudanças na geometria das encostas 
Execução de cortes e aterros para implantação de 
moradias ou acessos; abertura aleatória de via de 
acesso. 
Descalçamento de corpos rochosos; 
exposição das camadas subjacentes do solo 
e atuação de processos erosivos, aumento 
da declividade do talude e das solicitações 
cisalhantes; 
Aplicação de sobrecargas 
Construção de moradias; lançamento de detritos 
(lixo, entulho e aterro) sobre a superfície da encosta. 
Sobrecarregamento do terrenonatural, 
aumentando as solicitações; formação de 
uma camada de material bastante fofo, 
macroporoso, altamente permeável, de 
péssimas propriedades geomecânicas e que 
rompem sob a forma de fluxo. 
Remoção ou degradação de vegetação 
florestal 
 Desmatamentos 
Redução da contribuição das raízes da 
vegetação na resistência do solo; eliminação 
do efeito dos muros de impacto promovido 
pelo tramos de árvores e/ou arbustos; 
aumento de erosão superficial. 
35 
 
2.3. Desastres associados a deslizamentos 
2.3.1. Conceito de desastre 
Na Tabela 2 são apresentadas as definições do termo ‘desastre’ segundo UNISDR 
(2009) e Castro (2012). 
Tabela 2 - Definições de desastres encontrados na literatura. 
Referências Definições 
United 
Nations 
International 
Strategy for 
Disaster 
Reduction - 
UNISDR 
(2009) 
O desastre é uma séria interrupção do funcionamento 
de uma comunidade ou sociedade envolvendo perdas 
e impactos, humanos, materiais, econômicos ou 
ambientais generalizados, os quais excedem a 
capacidade da comunidade afetada ou sociedade 
para lidar com a situação, utilizando os seus próprios 
recursos. 
Castro (2012); 
- Glossário de 
Defesa Civil - 
Estudos de 
Riscos e 
Medicina de 
Desastres. 
Resultado de eventos adversos, naturais ou 
provocados pelo homem, sobre um ecossistema 
(vulnerável), causando danos humanos, materiais 
e/ou ambientais e consequentes prejuízos 
econômicos e sociais. Os desastres são 
quantificados, em função dos danos e prejuízos, em 
termos de intensidade, enquanto que os eventos 
adversos são quantificados em termos de magnitude. 
A intensidade de um desastre depende da interação 
entre a magnitude do evento adverso e o grau de 
vulnerabilidade do sistema receptor afetado. 
Normalmente o fator preponderante para a 
intensificação de um desastre é o grau de 
vulnerabilidade do sistema receptor. 
 
 
36 
 
2.3.2. Dados sobre histórico recente no Brasil e no Rio de 
Janeiro 
Os apontamentos sobre os desastres contemplados neste item fundamentam-se no 
volume Brasil e no volume Rio de Janeiro do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, 
estudo feito para os períodos entre 1991 e 2012. 
Os desastres que acometem o Brasil são, pelo menos, de dez tipos, quais sejam: 
estiagem e seca, enxurrada, inundação, vendaval, granizo, erosão, incêndio florestal, 
tornado, alagamento e movimentos de massa. O aumento dos registros ou a maior 
fidelidade dos números ilustram o crescimento desses desastres no país a partir do 
ano 2000 e principalmente nos últimos anos, tendo 23% dos registros ocorrido em 
2010, 2011 e 2012 (Figura 19), representando um percentual maior que o total de 
registros da década de 1990 (21%) (Brasil, 2013). 
 
 
Figura 19 – Cenário dos desastres registrados entre os períodos de 1991 e 2012, 
(Brasil, 2013). 
 
Dos diferentes tipos de desastres registrados no país, verifica-se que os referentes a 
deslizamentos tiveram o aumento percentual mais significativo (92%), apresentando 
4% dos registros no período de 1991 a 1999 e 96% de 2000 a 2012, conforme Figura 
20 (Brasil, 2013). 
37 
 
 
Figura 20 – Registros de movimentos de massa entre as décadas de 1990 e 2000 
(Brasil, 2013). 
 
Os desastres associados a deslizamentos no Brasil apresentam o estigma de grandes 
causadores de vítimas fatais. Dentro do cenário de desastres apresentado (Figura 21), 
os deslizamentos ocupam a segunda posição, com 15,6% das mortes, após as 
enxurradas, que estão em primeiro lugar, com 58,15% (Brasil, 2013). 
 
Figura 21 – Mortos por tipo de desastre, nos períodos entre 1991 e 2012 (Brasil, 
2013). 
 
38 
 
A deflagração de movimentos de massa está associada a períodos com chuvas 
intensas e duradouras, que acontecem nas estações da primavera e do verão, com 
destaque para os meses de janeiro e fevereiro (Figura 22). 
 
Figura 22 – Frequência mensal dos movimentos de massa ocorridos no Brasil, nos 
períodos entre 1991 e 2012 (Brasil, 2013). 
 
Oficialmente, são 699 registros de deslizamentos no país durante esses 22 anos, com 
maiores concentrações nas regiões Sudeste e Sul, onde se localizam a Serra do Mar, 
conhecida por sua ‘suscetibilidade natural’ a deslizamentos (Figura 23) (Brasil, 2013). 
 
Figura 23 – Porcentagem de ocorrência de movimentos de massa por região do Brasil, 
no período entre 1991 e 2012 (Brasil, 2013). 
Na região Sudeste, Minas Gerais apresenta o maior número de registros (208) de 
deslizamentos, logo após São Paulo e Rio de Janeiro, com 165 e 153 registros, 
39 
 
respectivamente. Os danos humanos associados a essa região são os maiores 
quando comparados a outras regiões do Brasil (Figura 24) (Brasil, 2013). 
 
Figura 24 – Danos humanos por movimento de massa na região Sudeste (Brasil, 
2013). 
 
Nota-se, a partir da Figura 24, que os dados referentes aos deslizamentos ocorridos 
na Região Serrana no Rio de Janeiro em janeiro de 2011 não estão incluídos na seção 
sobre movimentos de massa do levantamento do Atlas Brasileiro de Desastres 
Naturais (Rio de Janeiro, 2013), pois foram descritos como desastres secundários 
dentro do formulário referente a desastres associados a enxurradas. Apenas nos 
desastres da Região Serrana, 905 pessoas perderam suas vidas segundo o Banco 
Mundial (2012), apesar dessa quantidade de mortos ter sido subestimada, porque 
provavelmente os mais de 1500 desaparecidos estão mortos. Vale ressaltar, ainda, 
alguns desastres não são computados pelo referido Atlas pelo terem sido descritos 
nos formulários AVADAN (atual FIDES). 
Baseando-se no Atlas (Brasil, 2013), a quase totalidade dos registros (93,5%) dos 
movimentos de massa em encostas no Estado do Rio de Janeiro está associada a 
deslizamentos de solos ou rochas. No Rio de Janeiro, os meses de dezembro e 
janeiro são os períodos mais chuvosos e mais propícios a desastres. Os danos 
40 
 
humanos relacionados aos 153 desastres do Estado estão apresentados na Figura 25 
(Rio de Janeiro, 2013), novamente não incluindo os dados referentes ao desastre da 
região serrana em primeiro de 2011. 
 
Figura 25 – Danos humanos ocasionados por movimentos de massa no Estado do Rio 
de Janeiro, entre os períodos de 1991 e 2012 (Brasil, 2013). 
 
Existe uma grande concentração de mortes (66%) em apenas três municípios do 
Estado, quais sejam: Rio de Janeiro, Niterói e Angra dos Reis. 
O Rio de Janeiro foi afetado principalmente na região do Jardim Botânico, já no 
município de Niterói destaca-se o desastre do morro do Bumba, um antigo lixão 
desativado. 
Por fim, nesse período, a cidade de Angra dos Reis sofreu com dois grandes eventos 
desastrosos, nos anos de 2002 e 2010. O último registro aconteceu entre os dias 30 
de dezembro e 1º de janeiro de 2010, por causa de chuvas duradouras e intensas, que 
geraram um total de 400 mm de chuva em apenas três dias, sendo esse o dobro da 
média mundial do mês de dezembro (Rio de Janeiro, 2013 – Figuras 26 e 27 ). Os 
danos humanos foram graves e 53 pessoas morreram. A praia do Bananal (Figura 28) 
41 
 
teve o maior número de mortes (32) registrado e o morro da Carioca (figuras 29 e 30), 
o segundo maior (21), segundo a Defesa Civil de Angra dos Reis. 
 
 
Figura 26 - Desastre de 2010 em Angra dos Reis (Pinheiros, 2010). 
 
 
 
Figura 27 - Deslizamentos em Angra dos Reis no Morro do Santo Antônio (Defesa Civil 
de Angra dos Reis, 2010). 
42 
 
 
Figura 28 - Deslizamentos em Angra dos Reis na praia do Bananal (Defesa Civil de 
Angra dos Reis, 2010). 
 
 
 Figura 29 - Desastre de 2010 no Morro da Carioca (Uol Notícias apud Becker, 2011). 
 
 
43 
 
 
Figura 30 - Desastre de 2010 em Angra dos Reis no Morro do Bulé e no Morro da 
Carioca (Defesa Civil de Angra dos Reis, 2010). 
 
De uma forma geral, essa síntese esclarece alguns aspectos do cenário dos desastres 
associados a deslizamentos no Brasil, na região Sudeste e no Estado do Rio de 
Janeiro, entre os períodos de 1991 e 2012. Ressalta-seque, em conformidade com 
esse período, os números indicam uma tendência de crescimento dos registros de 
movimentos de massa ao longo dos anos. Nota-se a relevância da frequência de 
deslizamentos nos anos de 2010 e 2011 apresentados na Figura 31. 
 
Figura 31 – Gráfico da frequência anual de movimentos de massas ocorridos no Brasil, 
no período entre 1991 e 2012 (Brasil, 2013). 
44 
 
3. RISCO 
3.1. Conceitos básicos 
O conceito de risco, sua previsibilidade, probabilidade e nível de aceitabilidade é 
assunto discutido pela comunidade técnica de engenheiros principalmente para obras 
de barragens, usinas nucleares, em menor número para torres de transmissão elétrica 
e taludes de estradas (Montoya, 2013) e ainda, de forma multidisciplinar, em sistemas 
de saúde, em sistemas de transportes, em processos financeiros, em segurança do 
meio ambiente e na cadeia de fornecimento de infraestrutura e energia. Tantos 
segmentos envolvidos com a gestão do risco gerou a Norma ISO 31000:2009. 
Diante da interdisciplinaridade do tema, julgou-se conveniente apresentar 
principalmente os conceitos e considerações sobre risco, perigo, suscetibilidade e 
vulnerabilidade associados ao problema dos deslizamentos. 
3.1.1. Risco 
Apresenta-se na Tabela 3 o conceito de risco aplicável para o tema em estudo 
segundo diferentes autores e na Tabela 4 sob a forma de fórmula. 
45 
 
Tabela 3 - Definições de risco encontradas na literatura. 
Referência Definição 
Slovic (1992) apud 
Campbell (2006) 
Risco é inerentemente subjetivo, não existindo sem um 
contexto e independente de nossas mentes e culturas, e por 
isso, não é possível calculá-lo. 
Diretiva Seveso 2 
(1996) apud Heitz 
(2009) 
O risco é definido como a probabilidade de um efeito 
específico negativo se produzir em um dado período ou dentro 
de circunstâncias determinadas. 
Finlay e Fell (1997) 
Os pesquisadores definem o risco como a probabilidade de 
determinado deslizamento ocorrer durante certo período 
versus o grau de perda de pessoas ou estruturas que 
integram uma área afetada pelo deslizamento. 
Alheiros (1998) apud 
Lucena (2006) 
O risco refere-se à probabilidade de ocorrência de um 
desastre. 
Cunha (2005) apud 
Vieira (2004) apud 
Lucena (2006) 
O risco refere-se a danos possíveis, sendo que se tem 
consciência do dano. 
Lucena (2006) 
Risco é a probabilidade de acontecer um acidente, um 
desastre ou uma ação que deu errado. É a relação entre a 
probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou 
acidente se concretize, com o grau de vulnerabilidade do 
sistema receptor a seus efeitos. O grau de risco dimensiona a 
probabilidade de ocorrência de acidentes, segundo uma 
escala de intensidade. 
Vargas (2006) 
O risco é o produto de diferentes percepções que integram 
visões de mundo, culturas e estruturas de sociabilidade 
específicas a determinados grupos sociais. 
Ministério das 
Cidades e Cities 
Alliance (2006) 
O termo risco indica a probabilidade de ocorrência de algum 
dano a uma população (pessoas ou bens materiais). É uma 
condição potencial de ocorrência de um acidente. 
Ministério das 
Cidades e IPT 
(2007) 
Risco é a relação entre a possibilidade de ocorrência de um 
dado processo ou fenômeno, e a magnitude de danos ou 
consequências sociais e/ou econômicas sobre um dado 
elemento, grupo ou comunidade. 
Fell et al. (2008) 
apud Bressani et al. 
(2013) 
O risco é uma medida da probabilidade e severidade de um 
efeito adverso à saúde, propriedade ou meio ambiente. O 
risco é frequentemente estimado pelo produto da 
probabilidade de um fenômeno de uma dada magnitude 
multiplicada por suas consequências. 
 
 
 
 
 
46 
 
Referência Definição 
Yang et al. (2008) 
Os pesquisadores apresentam três definições encontradas na 
literatura, a saber: 1 - Risco é o produto entre exposição, 
perigo e vulnerabilidade, encontrado em relatório técnico do 
governo Australiano. 
2 - Em revisão da literatura feita por 'England’s Tyndall Centre 
for Climate Change Research' entre 1966 e 2003, definiu-se: 
a) Risco como o produto entre probabilidade e consequência 
e b) Risco como produto entre perigo e vulnerabilidade social, 
sendo essas duas definições compatíveis e complementares. 
Heitz (2009) 
O risco se define como uma combinação entre a 
suscetibilidade e a vulnerabilidade. Está fortemente ligado a 
uma probabilidade de ocorrência de um dano e deve levar em 
conta não só aspectos físicos, mas também sociais, culturais, 
históricos etc. 
UNISDR (2009) 
O risco é a combinação entre a probabilidade de um evento 
ocorrer e suas consequências negativas. 
Castro (2012) 
O risco é definido como: 1 - a medida de dano potencial ou 
prejuízo econômico expressa em termos de probabilidade 
estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das 
consequências previsíveis. 2 - Probabilidade de ocorrência de 
um acidente ou evento adverso, relacionado com a 
intensidade dos danos ou perdas, resultantes dos mesmos. 
UNISDR (2012) 
O risco é uma função da ameaça (um ciclone, um terremoto, a 
cheia de um rio, ou o fogo, por exemplo), da exposição de 
pessoas e bens a essa ameaça, e das condições de 
vulnerabilidade das populações e bens expostos. Esses 
fatores não são estáticos e podem ser aperfeiçoados, a 
depender das capacidades institucional e individual em 
enfrentar e/ou agir para redução do risco. Os padrões do 
desenvolvimento social e ambiental podem ampliar a 
exposição e vulnerabilidade e então ampliar o risco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
Tabela 4 - Fórmulas relacionadas ao conceito de risco (R) encontradas na literatura. 
Fórmulas Referências Descrição dos símbolos 
 
Thouret e D’Ércole (1996) 
S: suscetibilidade ou 
características da origem do 
risco; 
V: vulnerabilidade ou lista de 
impactos do sistema social 
como um todo; 
t: tempo; 
s: espaço; 
 Finlay e Fell (1997) 
P: probabilidade de 
determinado deslizamento 
ocorrer sob determinado 
cenário do evento deflagrador. 
 V: vulnerabilidade ou grau de 
perda de pessoas ou estruturas 
que integram uma área afetada 
pelo deslizamento; 
 
Ministério das Cidades e 
Cities Alliance (2006) 
Um determinado nível de risco 
R representa a probabilidade P 
de ocorrer um fenômeno físico 
(ou perigo) A, em local e 
intervalo de tempo específicos e 
com características 
determinadas (localização, 
dimensões, processos e 
materiais envolvidos, velocidade 
e trajetória); causando 
consequências C (às pessoas, 
bens e/ou ao ambiente), em 
função da vulnerabilidade V dos 
elementos expostos; podendo 
ser modificado pelo grau de 
gerenciamento g. 
 
Fell et al. (2008) apud 
Bressani et al. (2013) 
P: probabilidade de ocorrer um 
acidente associado a um 
determinado perigo ou ameaça; 
C: consequências danosas 
potenciais do acidente. 
 Yang et al. (2008) 
P: probabilidade de ocorrer um 
acidente associado a um 
determinado perigo ou ameaça; 
Vsocial: Vulnerabilidade social; 
 Yang et al. (2008) 
E: exposição das populações e 
bens; A: ameaça ou perigo, 
V: vulnerabilidade de pessoas e 
bens a essa ameaça; 
 
 
Heitz (2009) 
S: suscetibilidade; 
V: vulnerabilidade ou lista de 
impactos do sistema social; 
48 
 
 
 
Fórmulas Referências Descrição dos símbolos 
 
UNISDR (2012) 
A: ameaça ou perigo 
V: vulnerabilidade de pessoas e bens 
a essa ameaça; 
E: exposição das populações e bens; 
Re: resiliência ou CE: capacidade de 
enfrentamento para redução do risco; 
 
Após a análise das tabelas 3 e 4 verifica-se que a discussão acerca do conceito de 
risco é ampla e divide opiniões, pois enquanto certos pesquisadores interpretam o 
risco sob uma perspectiva objetiva, alguns o definem como sendo algo subjetivo e 
outros o enxergam como uma combinação entre objetividade e subjetividade. 
Em suas primeiras definições, o risco era conceituado como a probabilidade de 
ocorrência de um evento associado a um perigo. Com a evolução desseconceito 
convencionou - se, pelo meio técnico, que o risco seria o produto entre a probabilidade 
de ocorrência de um evento danoso e possíveis consequências desfavoráveis, o que 
representa uma perspectiva objetivista radical (Lieber & Lieber, 2002 apud Mendonça 
& Pinheiro, 2013). 
No entanto, não são todos os especialistas que seguem essa orientação (Tabela 3). 
Os defensores da subjetividade do risco o vêem como não mensurável e dependente 
de um contexto histórico e cultural (Slovic, 1992 apud Campbell, 2006). Segundo 
Vargas (2006) o risco não pode ser tratado de forma objetiva e absoluta, porque ele é 
objeto de uma construção social por grupos diferenciados baseada em crenças e 
visões, que sustentam as relações sociais. Para Campbell (2006) o risco é subjetivo 
no sentido em que ele depende das experiências de vida, mentais e culturais, porque 
esses fatores influenciam nas preferências do indivíduo ou grupo social. Critica-se a 
objetividade no trato com a questão do risco, pois normalmente essa visão se 
confunde com a noção de “obviedade”, a qual a população é banalizada e sua 
49 
 
capacidade de enfrentamento para redução dos desastres é negligenciada num 
ambiente de conflito de relações de poder, no qual a população exposta ao risco de 
desastre não é ouvida, mas inferiorizada por suas escolhas. (Vargas, 2006; Mendonça 
& Pinheiro, 2013; Mendonça, 2013). 
Finalmente, no ano de 1969, o risco começa a ser visto pela comunidade científica de 
forma tanto objetiva quanto subjetiva, devido ao questionamento de Starr: “How safe is 
safe enough?”, que faz refletir sobre os fatores, objetivos e subjetivos, que compõem o 
grau de aceitação do risco (Heitz, 2009). Esse questionamento foi importante para 
evolução das reflexões sobre como o risco deveria ser tratado, sendo cada vez mais 
atual o pensamento de que o risco depende dos valores culturais de uma população 
exposta. Esses valores são inerentemente subjetivos, porém considerar o contexto 
cultural predominante é extremamente importante para compreender como essa 
população percebe o risco. Não são menos importantes os estudos quantitativos ou 
semi-quantitativos, que representem em números as consequências do desastre, dado 
que trabalha-se também com perdas e danos de pessoas, bens e do meio ambiente, 
diante de um evento físico previsível. 
3.1.2. Perigo 
O conceito de risco, em linguagem popular, costuma ser apontado como perigo, 
ocasionando certa ambiguidade entre os termos. Em linguagem técnica esses 
conceitos se relacionam, porém são diferentes. Segundo Fell et al. (2008) apud 
Bressani et al. (2013), o perigo de deslizamentos deve considerar o local, o volume (ou 
área), o tipo, a velocidade e a probabilidade de ocorrência dos deslizamentos. 
Diferente do risco, que expressa as consequências, em termos de danos, perdas de 
vidas, propriedades e serviços, caso o desastre venha a acontecer (Alheiros, 1998 
apud Lucena, 2006). Fell et al. (2008) apud Bressani et al. (2013) relaciona risco e 
perigo, definindo risco como a probabilidade de ocorrer um acidente associado a um 
determinado perigo vezes as consequências danosas potenciais do acidente 
50 
 
(Tabela 4). A Tabela 5 apresenta os conceitos de perigo encontrados na literatura de 
referência. 
Tabela 5 - Definições de perigo encontradas na literatura. 
Referência Definição 
Diretiva Seveso 
2 (1996) apud 
Heitz (2009) 
O perigo é definido como uma propriedade intrínseca de uma 
substância ou de uma situação física que provoca danos para 
saúde humana e/ou para ao meio ambiente. 
Finlay e Fell 
(1997) 
Perigo é uma descrição do volume ou área (magnitude) e da 
probabilidade de ocorrência de um ou mais deslizamentos. 
Alheiros (1998) 
apud Lucena 
(2006) 
O perigo refere-se à probabilidade de ocorrência de um desastre. 
Lucena (2006) 
Perigo é a situação de ameaça potencial a pessoas, bens ou ao 
ambiente. 
Ministério das 
cidades e IPT 
(2007) 
Perigo é uma condição ou fenômeno com potencial para causar 
uma consequência desagradável. 
Fell et al. (2008) 
apud Bressani et 
al. (2013) 
Perigo é uma condição com o potencial de causar uma 
consequência indesejável dentro de um certo período de tempo. 
Heitz (2009) 
O perigo é toda fonte potencial de dano, de prejuízo ou de efeito 
nocivo com respeito a um objeto ou uma pessoa. 
UNISDR (2009) 
Perigo é um fenômeno perigoso, substância, atividade humana ou 
condição que possa causar perdas de vidas, ferimentos ou outros 
impactos a saúde, danos materiais, perdas de meios de 
subsistência e serviços, ruptura social e econômica ou danos 
ambientais. 
Castro (2012) 
Qualquer condição potencial ou real que pode vir a causar morte, 
ferimento ou dano à propriedade. A tendência moderna é substituir 
o termo por ameaça. 
 
3.1.3. Suscetibilidade 
No início do século XIX, os desastres não eram mais vistos como punição divina e o 
entendimento do termo ‘suscetibilidade’ passou a ser primordial no desenvolvimento 
de processos de gestão de risco para redução dos desastres, graças ao maior 
conhecimento técnico e científico sobre os elementos da natureza (Veyret e 
Reghezza, 2006). 
A Tabela 6 apresenta um quadro com as definições de suscetibilidade encontradas na 
literatura. 
51 
 
Tabela 6 - Definições de suscetibilidade encontradas na literatura 
Referência Definição 
Lucena (2006) 
Suscetibilidade é a característica inerente ao meio, que 
expressa a probabilidade de ocorrência de eventos ou 
acidentes, sob determinadas condições. 
Alain Marre em 
Dewolf e Bourrié 
(2008) apud Heitz 
(2009) 
Estudioso em Ciências da Terra o autor define a suscetibilidade 
como um processo natural que faz parte da evolução normal da 
superfície da Terra. 
Heitz (2009) 
A suscetibilidade ao deslizamento está associada a um 
fenômeno que se caracteriza também por sua imprevisibilidade, 
a qual é função do espaço, intensidade, ocorrência e duração 
do fenômeno. 
Dauphiné (2009) 
apud Heitz (2009) 
A suscetibilidade se traduz, sobretudo, por uma probabilidade 
de ocorrência e intensidade de um fenômeno. 
Fell et al. (2008) 
apud Bressani et 
al.(2013) 
 
Uma análise quantitativa ou qualitativa da classificação, volume 
(ou área) e distribuição espacial de escorregamentos que 
existem ou podem ocorrer em uma área. A suscetibilidade 
também pode incluir uma descrição da velocidade e 
intensidade do escorregamento existente ou em potencial. A 
suscetibilidade de escorregamento inclui escorregamentos cuja 
origem é em sua própria área ou fora de sua área, mas pode se 
mover para ou regressar à área de origem. 
 
A empregabilidade do termo suscetibilidade será discutida com detalhes no item 3.2 
Mapeamento de suscetibilidade e de risco de deslizamentos. 
3.1.4. Vulnerabilidade 
Existem diferentes visões quanto a vulnerabilidade a se considerar na análise do risco 
e abordagens mais convenientes a serem empregadas - qualitativa, semi-quantitativa 
e/ou quantitativa. A Tabela 7 apresenta as diferentes definições empregadas na 
literatura. 
 
52 
 
Tabela 7 - Definições de vulnerabilidade encontradas na literatura. 
Referência Definição 
Blakie et al. (1994) 
apud Yang et al. 
(2008) 
O autor define vulnerabilidade como as características de um 
indivíduo ou grupo, que os permitem participar, lidar, resistir e se 
recuperar quando expostos a impactos provocados por desastres. 
A desigualdade social manifesta a capacidade do indivíduo de 
resistir e se recuperar de desastres. 
 
Thouret e D’Ércole 
(1996) 
A vulnerabilidade é quando se está sensível a lesões e ataques, 
sendo incapaz de enfrentar as dificuldades para recuperação da 
saúde em risco. 
Finlay e Fell 
(1997) 
Vulnerabilidade é o grau de perda de pessoas ou estruturas que 
integram uma área afetada pelo deslizamento. 
CEPAL (2002) 
apud Vargas 
(2006) 
A condição de "vulnerável" está associada à produção de um 
dano, físico ou moral,

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