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PROJETO DE UMA UNIDADE DE DESTILAÇÃO FRACIONADA Luciano Petrucci Mesquita Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL JULHO DE 2017 iii Mesquita, Luciano Petrucci Projeto de uma Unidade de Destilação Fracionada/ Luciano Petrucci Mesquita. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2017. VII, 100p.: il.;29,7 cm. Orientador: Nísio de Carvalho Lobo Brum Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Mecânica, 2017. Referências Bibliográficas: p. 56-58. 1. Unidade de Destilação Fracionada. I. de Carvalho Lobo Brum, Nísio. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica. III. Projeto de uma Unidade de Destilação Fracionada. iv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. PROJETO DE UMA UNIDADE DE DESTILAÇÃO FRACIONADA Luciano Petrucci Mesquita Julho/2017 Orientador: Nísio de Carvalho Lobo Brum Curso: Engenharia Mecânica Este trabalho visa projetar equipamentos para uma dada Unidade de Destilação Fracionada. Sendo que, a partir dos dados de entrada do óleo cru na coluna de fracionamento desta unidade, faz-se o projeto térmico do equipamento Refervedor e uma estimativa preliminar para a área de troca térmica do equipamento Condensador. Tendo então proposto uma geometria para ambos os trocadores de calor, faz-se o projeto mecânico das tubulações de utilidades que chegam e que saem destes equipamentos, assim como de duas outras linhas. Este projeto de tubulações, mencionado, se restringe à seleção de materiais para os tubos, seleção de diâmetros, cálculo de espessura de parede e cálculo de flexibilidade pelo Método da Viga em Balanço Guiada. Palavras-chave: Refinaria, Destilação Fracionada, Destilação Atmosférica, Frações de Petróleo, Refervedor, Tubulações, Flexibilidade. v Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Mechanical Engineer. DESIGN OF A FRACTIONAL DISTILLATION UNIT Luciano Petrucci Mesquita July/2017 Advisor: Nísio de Carvalho Lobo Brum Course: Mechanical Engineering This project aims to design equipments for a given Fractional Distillation Unit. The thermal design of a Reboiler is made from the inlet data on the atmospheric distillation column, as well as a preliminary estimate made for the heat transfer area of a Condenser. A geometry was proposed for both equipment and so the utility pipes from and towards these equipment were designed, along with two additional lines. The piping design, mentioned, is restricted to the material selection, diameter selection, minimum wall thickness calculation and flexibility calculations by the Guided-Catilever Method. Keywords: Refinery, Fractional Distillation, Atmospheric Distillation, Petroleum Fractions, Kettle Reboiler, Pipes, Flexibility. vi SUMÁRIO 1 Introdução ..................................................................................................................................... 1 1.1 Motivação ...................................................................................................................... 1 1.2 Objetivos........................................................................................................................ 3 1.3 Metodologia .................................................................................................................. 4 2 Cálculo de Propriedades Físicas .................................................................................................... 5 2.1 Composição do óleo cru ................................................................................................ 5 2.2 Propriedades de Frações de Petróleo ........................................................................... 6 2.2.1 Densidade (S) ................................................................................................. 6 2.2.2 Temperatura Média de Ebulição (Tb) ............................................................ 7 2.2.3 Temperatura Pseudocrítica (Tpc) .................................................................. 7 2.2.4 Pressão Pseudocrítica (Ppc) ........................................................................... 7 2.2.5 Massa Molecular (W)..................................................................................... 8 2.2.6 Massa Específica de Frações Líquidas a Baixas Pressões (ρ) ......................... 8 2.2.7 Massa Específica de Frações Líquidas a Altas Pressões (ρ) ........................... 9 2.2.8 Massa Específica de Frações de Vapor (ρ) ................................................... 10 2.2.9 Tensão Superficial (σ) .................................................................................. 11 2.2.10 Calor Específico de Frações Líquidas (Cp) .................................................. 11 2.2.11 Calor Latente de Vaporização (hlv) ........................................................... 12 2.3 Propriedades da Água ................................................................................................. 12 2.3.1 Massa Específica da Água Líquida (ρ) .......................................................... 13 2.3.2 Calor Específico da Água líquida (cp) ........................................................... 13 3 Refervedor ................................................................................................................................... 14 3.1 Introdução ................................................................................................................... 14 3.2 Tarefa térmica e Dados Iniciais ................................................................................... 15 3.3 Cálculo da Área de Troca Térmica ............................................................................... 16 3.4 Verificação do Diâmetro do Casco .............................................................................. 23 3.5 Simulação de parâmetros do Refervedor.................................................................... 26 3.6 Configuração Final ....................................................................................................... 29 vii 4 Dimensionamento Mecânico das Tubulações ............................................................................ 34 4.1 Cálculo de Diâmetro .................................................................................................... 34 4.2 Pontos de Operação e de Projeto das Linhas .............................................................. 37 4.3 Seleção de Materiais e Cálculo de Espessura de Parede............................................. 39 4.4 Cálculo de Flexibilidade ............................................................................................... 44 5 Conclusão .................................................................................................................................... 55 Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 56 Anexo I – Fator de Compressibilidade [8] ...................................................................................... 59 Anexo II – Latente de Vaporização [9] ........................................................................................... 60 AnexoIII – Número de Tubos [17] ................................................................................................. 61 Anexo IV – “Dome Segment Area” [16] ......................................................................................... 62 Anexo V – Tubos para trocadores [14] ........................................................................................... 63 Anexo VI – Isolamento Térmico [24] .............................................................................................. 64 Anexo VII – Distância entre tubos [24] ........................................................................................... 65 Apêndice I – Simulação do Refervedor .......................................................................................... 66 Apêndice II – Condensador ............................................................................................................ 80 Apêndice III – Cálculo de Flexibilidade ........................................................................................... 91 Apêndice IV – Planta de Tubulações ............................................................................................ 100 1 1 Introdução 1.1 Motivação A Indústria de Refino do Petróleo possui um importante papel na sociedade, por meio dela pode-se obter produtos como combustíveis para transportes terrestres, aéreos e marítimos, lubrificantes, asfalto, gás natural residencial, produtos nitrogenados para o agronegócio, entre outros. Além disso, de acordo com o IBGE [1], na Pesquisa Industrial Anual Produto de 2014, que visa analisar a composição da produção industrial brasileira, mostra que a “Fabricação de Produtos do Refino de Petróleo” produziu R$203,4 bilhões, o que representa 7,7% do total produzido pela indústria no ano em questão. Logo, percebe- se o impacto da atividade de refino na economia. O refino do petróleo tem como objetivo separar as frações que o compõe, processando-as e transformando-as em produtos de grande utilidade. Para isto, são necessárias diversas operações físicas e químicas integradas. De acordo com NETO e GURGEL [2], os principais tipos de processo de refino podem ser categorizados em: separação, conversão, tratamento e auxiliares. Alguns exemplos de processos de separação são: destilação atmosférica, destilação a vácuo, desasfaltação a propano, desaromatização a furfural, desparafinização a furfural, desparafinação a MIBC, desoleificação a MIBC, extração de aromáticos e adsorção de parafinas lineares. O escopo deste trabalho é uma unidade de destilação atmosférica, os dados disponíveis para o projeto serão mostrados a seguir. A unidade recebe uma vazão de óleo cru, pré-aquecido a 400oC e dessalgado. A unidade dessalgadora recebe o óleo pré-aquecido na faixa de 120oC a 160oC e sua função é remover água, sal e sólidos em suspensão (sedimentos). O petróleo que deixa a dessalgadora trocará calor com uma corrente de produtos e refluxos que apresentem uma capacidade de aquecimento disponível maior do que as correntes da primeira bateria de aquecimento. Este aquecimento após a unidade dessalgadora constitui a segunda bateria de aquecimento. Em seguida, o petróleo parcialmente vaporizado segue para um dos três caminhos listados a seguir: 1) Torre de Pré-fracionamento – Onde o restante da nafta leve é vaporizado. 2) Forno. 2 3) Torre de destilação fracionada atmosférica. Neste projeto iremos considerar que após a segunda bateria de aquecimento o petróleo entra na torre de destilação aos 400oC informados acima. Neste ponto temos a entrada da carga na unidade objeto do presente projeto. A destilação é fracionada numa coluna vertical, que contém diversos pratos com enchimento, operando praticamente a pressão atmosférica. Nesta coluna as frações mais leves saem pelo topo e são condensadas, retornando parcialmente a coluna. A Figura 1.1 ilustra o escoamento do produto de topo. Figura 1.1 – Topo da coluna, extraído de [3] A coluna possui no fundo um resíduo (produto de fundo) que retira cortes com ponto de ebulição mais elevado, que pode ser evidenciado na Figura 1.2, e o destino deste resíduo atmosférico (RAT) é a coluna de fracionamento da Unidade de Destilação a Vácuo. 3 Figura 1.2 – Topo da coluna, extraído de [3] A coluna tem uma única retirada lateral com um corte de querosene o qual tem seu processamento inicial (acúmulo, resfriamento e bombeamento fora da unidade). A unidade processa 30.000 m3/do de óleo com 26o API, KUOP=11,7, Boiling Range de 20ºC e produz desta carga 45% de resíduo, 30% de destilado (gasolina crua) e o restante será o corte com saída lateral. A temperatura de saída do corte de topo é de 40oC, o corte lateral sai a 175oC e o produto de fundo sai da torre a 300ºC. Esta unidade é instalada a céu aberto, na cidade do Rio de Janeiro, sendo que a coluna terá 15 metros de altura com diâmetro de 1,5 m, o vaso de acumulação terá 4,5 m de comprimento e diâmetro de 1,5 m, a tubovia deverá ter 3,5 m de altura e o terreno destinado a unidade é de 30 m por 50 m. Adicionalmente, quanto ao projeto do Refervedor, a tarefa térmica a ser executada será de elevar a temperatura do produto de fundo de 300ºC até 310ºC, vaporizando 40% da carga. 1.2 Objetivos O tema central deste projeto é a atividade de refino de petróleo, no que concerne majoritariamente à atividade de Projeto na engenharia mecânica. Como já foi mostrado anteriormente, uma refinaria é composta por diversas unidades que se caracterizam por 4 suas operações físicas e químicas, neste caso, o processo em questão é a separação das frações do óleo cru pré-aquecido e dessalgado utilizando a destilação atmosférica. A partir dos dados de entrada do óleo cru na torre de destilação atmosférica, da caracterização do óleo, da altura da tubovia e das dimensões do vaso de acumulação, os 2 objetivos específicos desta monografia são: 1) Projetar a área de troca térmica do equipamento Refervedor, do tipo Kettle, assim como estimar sua área em planta. 2) Dimensionar as tubulações de utilidades que chegam e saem do Refervedor e Condensador, bem como a tubulação do Condensador para o Vaso de Acumulação, no que tange a seleção de diâmetro, cálculo de espessura de parede, seleção de material e cálculo de flexibilidade pelo Método da Viga em Balanço Guiada. 1.3 Metodologia Este trabalho consiste em 5 capítulos, dos quais este primeiro introduz as motivações, objetivos, assim como uma breve exposição da estrutura deste trabalho. O segundo consiste na determinação das propriedades termofísicas das frações de petróleo e da água, que serão necessárias para o dimensionamento dos equipamentos. O terceiro capítulo se destina ao cálculo de área de troca térmica do Refervedor. O quarto capítulo se refere ao dimensionamento mecânico das tubulações desta Unidade. O quinto, por fim, apresenta a conclusão. 5 2 Cálculo de Propriedades Físicas 2.1 Composição do óleo cru De acordo com FAHIM, AL-SAHHAF et al. [4], o óleo cru é uma mistura complexa de diversos compostos de hidrocarbonetos, que são compostos em sua maior parte por carbonos e hidrogênio, em diferentes proporções, e quanto maior for a razão de hidrogênios para carbonos maior será o valor deste óleo. A composição do óleo cru é importante para o projeto de equipamentos e tubulações de uma refinaria, visto que é a partir dela que se pode avaliar as propriedades térmicas e físicas, assim como selecionar os materiais mais adequados, como por exemplo, para que resistam de forma satisfatória à corrosão. GARY e HANDWERK [5] mencionam algumas propriedades e classificações tipicamente usadas para caracterizar este óleo bruto, que serão descritas a seguir. O Grau API (ºAPI) é uma propriedade que está relacionada à massaespecífica do óleo, e quanto menor for a massa específica maior será o ºAPI. Esta propriedade, não linear, geralmente está entre 20 a 45º API no petróleo bruto, mas pode ser menor do que 10 e maior do que 50º API. O petróleo pode ser classificado em petróleo leve quando for acima de 30º API, petróleo médio quanto estiver entre 21 e 30º API e petróleo pesado quando menor do que 21º API. A equação que a define será apresentada no próximo subcapítulo, junto com outras propriedades. O Teor de Enxofre, em massa, assim como o grau API, é determinante quanto ao valor deste óleo, já que quanto maior for este teor mais extenso terá que ser seu processamento. O petróleo pode ser classificado como “doce” quando seu teor de enxofre for menor de 0,5%, e de “ácido” quanto for maior do que este valor. Este enxofre pode formar ácidos naftênicos, que são valorados pelo “número de neutralização”, que representa a quantidade em gramas de KOH necessária para neutralizar 1g de petróleo. O Fator de Caracterização (Kuop), também chamado de fator de caracterização de Watson, está relacionado à facilidade de craqueamento da carga de petróleo, quanto maior este valor, idealmente acima de 11,5, menos severa será a operação. Esta propriedade determina o teor de parafinas, e varia de um pouco menos de 10 até quase 15. 6 A Faixa de Destilação indica a composição da carga e é especialmente importante no projeto de um vaso de acumulação, para o cálculo do ponto de bolha e do ponto de orvalho. Segundo GREEN e PERRY [6], para misturas complexas, pode-se dividir a carga de petróleo em pseudocomponentes para então estimar a constante de equilíbrio K de cada um deles, tendo feito isso, pode-se calcular os pontos de bolha e de orvalho da mistura. Alternativamente, quanto ao tratamento de mistura complexas, a ASTM [7] padroniza o método de destilação para que se obtenha a curva do ponto verdadeiro de ebulição (TBP) da mistura de hidrocarbonetos. Contudo, para este projeto, como não se têm a fração de cada componente que compõe o petróleo bruto, os métodos a serem usados para o cálculo das propriedades estarão de acordo com as referências bibliográficas [8] e [9]. 2.2 Propriedades de Frações de Petróleo As propriedades das Frações de Petróleo são calculadas, em sua maior parte, a partir de um databook sobre refino de petróleo da API [8], mas também, por NELSON [9], para o calor latente de vaporização. As equações usadas nos cálculos, de acordo com estas referências, serão apresentadas a seguir. Vale ressaltar que nas equações a seguir, quando não se conhecerem as propriedades críticas, devem ser usadas as propriedades pseudocríticas. Adicionalmente, é importante comentar que neste trabalho optou-se por manter as unidades originais de todas as equações usadas nesta monografia, conforme apresentado pelas referências bibliográficas, que em sua maior parte não estão no Sistema Internacional. Contudo, os resultados finais serão apresentados conforme o S.I. 2.2.1 Densidade (S) A densidade (S), que é adimensional, é dada por (2.1), e refere-se a 60ºF/60ºF. O grau API é um dado conhecido do óleo que chega à unidade de refino do presente projeto e possui valor de 26º API. 𝑆 = 141,5 (𝐴𝑃𝐼 + 131,5) (2.1) 7 Logo, pode-se encontrar o valor de S, que é de 0,898. 2.2.2 Temperatura Média de Ebulição (Tb) Usando a equação (2.2), pode-se calcular a temperatura média de ebulição, em graus Rankine, para isto precisa-se apenas de S, que já foi obtida no subitem anterior, e do fator de caracterização de Watson (Kuop), que também é um dado conhecido do óleo, cujo valor é de 11,7. 𝑇𝑏 = (𝐾𝑢𝑜𝑝 𝑥 𝑆) 3 (2.2) Portanto, o valor de 𝑇𝑏 é de 1161,41º R. 2.2.3 Temperatura Pseudocrítica (Tpc) A temperatura pseudocrítica, em graus Rankine, pode ser calculada por meio da equação (2.3) e tem como parâmetros a temperatura média de ebulição (𝑇𝑏), também em graus Rankine, e a densidade (S). 𝑇𝑝𝑐 = 10,6443[exp(−5,1747 𝑥10 −4𝑇𝑏 − 0,54444𝑆 + 3,5995 𝑥 10 −4𝑇𝑏𝑆)] 𝑥 𝑇𝑏 0,81067 𝑆0,53691 (2.3) Usando os parâmetros mencionados, que já foram previamente calculados, têm-se que o valor de 𝑇𝑝𝑐 é de 1501,43º R. 2.2.4 Pressão Pseudocrítica (Ppc) Ao utilizar a equação (2.4), pode-se avaliar o valor da pressão pseudocrítica em [psia], para isto, as variáveis dependentes são as mesmas das do cálculo da temperatura pseudocrítica, com as mesmas unidades. 𝑃𝑝𝑐 = 6,162 𝑥10 6 [exp(−4,725 𝑥10−3𝑇𝑏 − 4,8014𝑆 + 3,1939 𝑥 10 −3𝑇𝑏𝑆)] 𝑥𝑇𝑏 −0,4844𝑆4,0846 (2.4) 8 Então, o valor de 𝑃𝑝𝑐 é de 202,16 psia. 2.2.5 Massa Molecular (W) A equação (2.5) permite o cálculo da massa molecular (W), mais uma vez dependendo apenas de 𝑇𝑏 e de S. 𝑊 = 20,486[exp(1,165𝑥10−4 𝑇𝑏 − 7,78712 𝑆 + 1,1582𝑥10−3 𝑇𝑏 𝑆)] 𝑥𝑇𝑏1,26007 𝑆4,98308 (2.5) O resultado é de 306,89 u. 2.2.6 Massa Específica de Frações Líquidas a Baixas Pressões (ρ) O método a seguir se restringe ao cálculo da massa específica para frações líquidas cuja pressão seja próxima da pressão de saturação ou que não seja muito distante de 1 atm. 1 𝜌 = ( 𝑅 𝑇𝑝𝑐 𝑃𝑝𝑐 ) 𝑍𝑅𝐴 [1+(1−𝑇𝑟) 2 7⁄ ] (2.6) Os termos da equação (2.6) serão explicitados a seguir: 𝜌 – massa específica [lb-mol/ft³] R – constante universal dos gases, 10,731 [psia. ft3. 𝑙𝑏 − 𝑚𝑜𝑙−1. º𝑅−1] 𝑇𝑝𝑐 – temperatura pseudocrítica [ºR] 𝑃𝑝𝑐 – pressão pseudocrítica [psia] 𝑇𝑟 – temperatura reduzida, T/ 𝑇𝑝𝑐 T – temperatura do fluido, em [ºR] 𝑍𝑅𝐴 – constante, encontrada empiricamente O primeiro passo é encontrar o valor de 𝑍𝑅𝐴 usando a equação (2.6), para isto, usa-se a massa específica a partir do valor já conhecido da densidade (S), adicionalmente, usa-se a temperatura em que S é referenciada, 60ºF, bem como o valor 9 da constante universal dos gases e da temperatura e pressão pseudocríticas já conhecidas. Para este projeto, o resultado encontrado para 𝑍𝑅𝐴 é de 0,242. Tendo posse do valor de 𝑍𝑅𝐴, utiliza-se novamente a equação (2.6), só que desta vez o objetivo é encontrar a massa específica para a temperatura em que está o fluido. 2.2.7 Massa Específica de Frações Líquidas a Altas Pressões (ρ) Como já dito anteriormente, a equação (2.6) tem uma limitação quanto a pressão, uma equação mais adequada é a equação (2.7), que será descrita a seguir. 𝜌0 𝜌 = 1,0 − 𝑝 𝐵𝑇 (2.7) Sejam: 𝜌0 – massa específica [g/cm³], na temperatura de interesse e pressão ambiente 𝜌 – massa específica [g/cm³], na temperatura e pressão de interesse 𝑝 – pressão [psig] 𝐵𝑇 – módulo de compressibilidade isotérmico Neste projeto adotou-se o cálculo da massa específica pela equação (2.6) e em seguida ela foi usada como 𝜌0. Para usar a equação (2.7) falta apenas encontrar o valor de 𝐵𝑇. Mas para isto, alguns cálculos adicionais serão necessários. 𝐵𝑇 = 𝑚𝑋 + 𝐵𝐼 (2.8) Usando a equação (2.8) pode-se encontrar 𝐵𝑇, que depende de 3 variáveis, m (2.9), X (2.10) e 𝐵𝐼 (2.11). Para isto, p deve ser dado em [psig], bem como T em [ºF]. 𝑚 = 21646 + 0,0734𝑝 + 1,4463(10−7)𝑝2 (2.9) 𝑋 = 𝐵20 − 𝐵𝐼.20 𝑚20 = 𝐵20 − 100.000 23.170 (2.10) 10 𝐵𝐼 = 1,52(10 4) + 4,704𝑝 − 2,5807(10−5)𝑝2 + 1,0611(10−10)𝑝3 (2.11) Para que se possa usar (2.10), faz-se necessário calcular primeiramente 𝐵20 pela equação (2.12). log 𝐵20 = − 6,1(10 −4)𝑇 + 4,9547 + 0,7133𝑝 (2.12) Tendo todos estes valores em mãos, pode-se finalmente estimar a massa específica por meio da equação (2.7). 2.2.8 Massa Específica de Frações de Vapor (ρ) A massa específica para a fração de vapor pode ser calculada pela equação (2.13), sendo que z representa o fator de compressibilidade e podeser calculado por (2.14). 𝜌 = 𝑝 𝑧 𝑅 𝑇 (2.13) 𝑧 = 𝑧 (0) + 𝜔 𝑧 (1) (2.14) Sejam: z – fator de compressibilidade 𝑧(0) – fator de compressibilidade para fluido simples ω – fator de acentricidade 𝑧(1) – correção para o termo de acentricidade molecular Os valores para 𝑧(0) e 𝑧(1) para o caso de vapor saturado são mostrados no Anexo 1, cuja referência é o Procedimento 6B1.1 da API [8]. O fator de acentricidade (ω) é calculado com (2.15). 𝜔 = 𝑙𝑛 𝑃𝑟 ∗′ − 5,92714 + 6,09648/𝑇𝑟 + 1,28862 ln(𝑇𝑟) − 0,169347 𝑇𝑟 6 15,2518 − 15,6875/𝑇𝑟 − 13,4721 𝑙𝑛 (𝑇𝑟) + 0,43577 𝑇𝑟 6 (2.15) 11 Sejam: 𝑝𝑟 ∗′– pressão reduzida de vapor na temperatura reduzida, 𝑝∗/𝑝𝑐 p* – pressão de vapor à temperatura T, em [psia] 𝑝𝑐 – pressão crítica, em [psia] 𝑇𝑟 – temperatura reduzida, T/𝑇𝑐 T– temperatura do fluido, em [ºR] 𝑇𝑐 – temperatura crítica [ºR] 2.2.9 Tensão Superficial (σ) A tensão superficial do petróleo cru e de frações de petróleo de composição desconhecida podem ser calculadas pela equação (2.16). σ = 673,7 [(𝑇𝑐 − 𝑇 )/𝑇𝑐] 1,232 𝐾𝑢𝑜𝑝 (2.16) Sendo que: σ – tensão superficial do líquido em [dyn/cm] 𝑇𝑐 – temperatura crítica [ºR] 𝑇 – temperatura do sistema [ºR] 𝐾𝑢𝑜𝑝 – fator de caracterização de Watson 2.2.10 Calor Específico de Frações Líquidas (Cp) A equação (2.17) pode ser usada no cálculo do calor específico quando a temperatura reduzida (𝑇𝑟) for menor ou igual a 0,85. Para isso, são necessárias as equações auxiliares (2.18), (2.19) e (2.20). 𝐶𝑝 = 𝐴1 + 𝐴2 𝑇 + 𝐴3 𝑇 2 (2.17) 𝐴1 = −1,17126 + (0,023722 + 0,024907 𝑆)𝐾𝑢𝑜𝑝 + (1,14982 − 0,046535 𝐾𝑢𝑜𝑝) 𝑆 (2.18) 𝐴2 = (10 −4)(1,0 + 0,82463 𝐾𝑢𝑜𝑝) (1,12172 − 0,27634 𝑆 ) (2.19) 12 𝐴3 = (10 −8)(1,0 + 0,82463 𝐾𝑢𝑜𝑝) (2,9027 − 0,70958 𝑆 ) (2.20) Sejam: 𝐶𝑝 – calor específico a pressão constante, em [Btu. 𝑙𝑏 −1. º𝑅−1] T – temperatura em [ºR] S – densidade Kuop – fator de caracterização de Watson 2.2.11 Calor Latente de Vaporização (hlv) Até então, toda metodologia de cálculo usada para as frações de petróleo teve como base a API [8]. Esta referência possui um procedimento que avalia o latente de vaporização de frações de petróleo, contudo, é necessário saber a composição da mistura, dado este que não se tem no presente projeto. Portanto, adotou-se NELSON [9] para a avaliação desta propriedade. No Anexo II, de acordo com [9], mostra-se um gráfico em que se pode interpolar o valor do latente de vaporização. Para isto, precisa-se saber o valor de duas propriedades dentre 3 possíveis, que são: massa molecular (W), grau API e temperatura média de ebulição. Com apenas duas dessas propriedades pode-se fazer a leitura do latente no eixo das ordenadas. 2.3 Propriedades da Água As equações usadas para avaliar as propriedades da água no estado líquido serão mostradas a seguir e foram assim escolhidas para facilitar a programação computacional. Já para a água na saturação, uma opção seria usar as tabelas de algum livro de termodinâmica, visto que algumas formas encontradas para avaliar estas propriedades envolveriam o uso de integrais. Contudo, para facilitar a programação e ainda manter elevada exatidão, optou-se por usar o NIST Chemistry Webbook, LINSTROM e MALLARD [10], que é a base de dados de referência padrão número 69, e extrair as propriedades para o vapor saturado apenas nas temperaturas de projeto. 13 2.3.1 Massa Específica da Água Líquida (ρ) A equação (2.21) tem como única variável dependente a temperatura, que deve ser usada em [ºC], de forma que a massa específica será dada em [kg/m³]. A equação mencionada pode ser encontrada em KELL [11]. 𝜌 = (999,83952 + 16,945176 𝑇 − 7,9870401. 10−3 𝑇2 − 46,170461. 10−6 𝑇3 +105,56302. 10−9 𝑇4 − 280,54253. 10−12 𝑇5)/(1 + 16,87985. 10−3 𝑇) (2.21) 2.3.2 Calor Específico da Água líquida (cp) O calor específico da água líquida foi calculado pela equação (2.22), por meio de OSBORNE, STIMSON et al. [12]. Nesta referência, encontra-se o calor específico para uma dada temperatura, em [ºC], dividido pelo calor específico para a temperatura de 15ºC, cujo valor é de 4,1855 𝐽. 𝑔.−1 º𝐶−1. Optou-se por apresentar aqui esta equação de forma direta, sendo que o resultado desta equação é o calor específico em 𝐽. 𝑔.−1 º𝐶−1. 𝑐𝑝(𝑇) = 4,1855 (0,996185 + 0,0002874 ∗ ( 𝑇 + 100 100 ) 5,26 + 0,011160. 10−0,036 𝑇) (2.22) 14 3 Refervedor 3.1 Introdução De acordo com KERN [13] existem basicamente três equipamentos que tem a função de transformar um líquido em vapor, Vaporizador é um trocador de calor em que um fluido é submetido a vaporização e este equipamento não faz parte de um processo de destilação. Caso o vapor formado seja vapor de água, este trocador é chamado de Evaporador. Se um Vaporizador for usado para atender uma demanda térmica em um processo de destilação, no fundo de uma coluna de destilação, este equipamento é chamado de Refervedor, sendo ou não o vapor produzido como vapor de água. Este capítulo apresentará a metodologia usada para o dimensionamento da área de troca térmica do equipamento Refervedor, de forma a manter a coluna de destilação em funcionamento contínuo, atendendo sua tarefa térmica, de acordo com os dados mostrados na Introdução. Os modelos mais comuns são Kettle, Termosifão Vertical e Termosifão Horizontal. O trocador de calor do tipo casco e tubos e modelo Kettle já havia sido pré-definido. Logo, o casco é do tipo K, segundo o padrão TEMA [14]. O tipo de tampo não foi escolhido, mas possivelmente será do tipo D, para suportar a alta pressão do vapor saturado, uma escolha definitiva envolveria o projeto mecânico. O Kettle possivelmente foi pré-definido devido ao seu alto grau de confiabilidade, algo extremamente importante em um processo contínuo em uma refinaria, bem como sua capacidade de atingir altas taxas de vaporização, podendo chegar a 100%. Por outro lado, as suas desvantagens são o acúmulo de depósitos, alto custo e limitações do fluxo de calor. A incrustação no casco pode ser minimizada, segundo KERN [13], limitando a vaporização a 80% e adotando o arranjo dos tubos de 90º, portanto tanto este limite foi observado bem como este arranjo adotado, devido ao fluido de trabalho. Como já foi dito anteriormente, a coluna de fracionamento processa 30.000 m³/do de óleo cru, o que significa uma vazão de 1250 m³/h entrando na torre. Sabe-se também que esta carga possui as seguintes propriedades: 26º API, Kuop de 11,7, Boiling Range de 20ºC. Da carga que entra na coluna, 45% (562,5 m³/h) se torna Resíduo Atmosférico (RAT). 15 3.2 Tarefa térmica e Dados Iniciais A Tarefa Térmica (�̇�) a ser realizada pelo Refervedor, dada por (3.1), é de elevar a temperatura do produto de fundo de t1 até t2, ou seja, de 300ºC a 310º, e vaporizar 40% deste líquido usando vapor saturado. Dessa forma, o calor transferido se divide em sensível (3.2) e latente (3.3). Além disso, é bom mencionar que o óleo a ser vaporizado foi colocado no casco e a água nos tubos, devido a escolha do casco tipo K. �̇� = �̇�𝑠 + �̇�𝐿 (3.1) �̇�𝑠 = �̇� ∗ 𝑐𝑝 ∗ (t2 − t1) (3.2) �̇�𝐿 = 0,4 ∗ �̇� ∗ ℎ𝑙𝑣 (3.3) Precisa-se primeiramente da vazão mássica (�̇�) do produto de fundo na entrada do Refervedor. A partir da vazão volumétrica de resíduos (562,5 m³/h) e tendo estimado a taxa de vaporização de 40%, conforme boas práticas, chega-se ao valor de 937,5 m³/h na entrada deste trocador de calor. Por meio da equação (3.4), encontra-se o valor de 211,74 kg/s para �̇�, sendo que a massa específica (𝜌) foi calculada por (2.7) e �̇�, como já foi dito, vale 937,5 m³/h. Um resumo dos dados na entrada do Refervedor podeser visto na Tabela 3.1. Adicionalmente, o calor específico do óleo (𝑐𝑝) é dado por (2.17) e o latente de vaporização do óleo pode ser encontrado usando o Anexo II. �̇� = 𝜌 �̇� (3.4) Portanto, o valor encontrado para a tarefa térmica (�̇�) foi de 22,94 MW, sendo que 73% deste valor é calor latente. Para isto, assumiu-se um único Refervedor, hipótese esta que deverá ser verificada. Quanto ao vapor de água saturado, é necessário saber qual sua maior temperatura disponível na Refinaria. Como neste presente trabalho não foi dada esta informação, adotou-se a temperatura de 348ºC. Chegou-se neste valor através de uma pesquisa em empresas fabricantes de caldeiras, e usou-se como base a “Caldeira 16 Convencional (Óleo e Gás) ”, da fabricante CBC, cuja pressão máxima atinge 165 kgf/cm² (161,8 bar), capacidade disponível de até 500 t/h e temperatura máxima do vapor de 540ºC. Para encontrar a vazão mássica requerida de vapor saturado, usou-se a equação (3.5), sendo que o latente de vaporização da água, para a temperatura de 348ºC, foi dada pelo NIST [10]. Chega-se então a 24,90 kg/s (89,64 t/h) para o �̇� do vapor, considerando preliminarmente apenas 1 Refervedor, caso sejam necessários mais trocadores, essa vazão deverá ser dividia pela quantidade destes equipamentos. �̇� = �̇� ℎ𝑙𝑣 (3.5) Tabela 3.1 – Entrada no Refervedor Fluido Frio (Produto de Fundo) Fluido Quente (Vapor d'água Saturado) t1 [ºC] 300 T1 [ºC] 348 t2 [ºC] 310 T2 [ºC] 348 �̇� [m³/h] 937,50 �̇� [m³/h] 823,86 �̇� [kg/s] 211,74 �̇� [kg/s] 24,90 3.3 Cálculo da Área de Troca Térmica O cálculo apresentado a seguir está de acordo com a metodologia de PALEN [15]. O método inicia-se com o projetista propondo uma geometria para o Refervedor do tipo Kettle: Diâmetro dos tubos (𝐷𝑜), Passo dos tubos (𝑃𝑡), Comprimento dos tubos (L), Diâmetro do feixe tubular (𝐷𝑏). A partir desses dados pode-se então saber o número máximo de tubos e escolhendo o número de tubos (𝑁𝑡𝑡) calcula-se área da geometria proposta (A). Posteriormente, efetuam-se uma série de cálculos que serão descritos a seguir e por fim, chega-se a um valor para a área requerida. Quanto a geometria proposta para o Refervedor, uma breve descrição dos parâmetros geométricos usados será mostrada a seguir, bem como algumas faixas de valores recomendadas pela TEMA [14]. 1) 𝐷𝑜 – diâmetro dos tubos Os diâmetros externos para os tubos, recomendados pela norma [14] são: 1/4”, 3/8”, 1/2”, 5/8”, 3/4”, 7/8”, 1, 1-1/4”, 1-1/2”, 2”. 17 2) 𝑃𝑡 – passo dos tubos O passo transversal deve estar compreendido entre 1,25 - 1,5 x 𝐷𝑜. Adotou-se 𝑃𝑡 = 1,25 𝐷𝑜 para um menor diâmetro do casco. 3) 𝐿 – comprimento dos tubos Os comprimentos padrões são 8ft, 10ft, 12ft, 16ft e 20ft. 4) 𝐷𝑠 – diâmetro do casco Apesar deste não ser um dos parâmetros usados aqui, ele delimita o valor do diâmetro do feixe tubular (𝐷𝑏). A TEMA deixa a critério de cada fabricante o tamanho de 𝐷𝑠, mas mostra algumas tabelas de espessura mínima do casco em função do diâmetro do casco, e o valor máximo mostrado nas tabelas é de 2.54m. Neste projeto adotou-se este valor como limite máximo para 𝐷𝑠. A partir disso, viu-se qual o maior diâmetro de feixe tubular possível (𝐷𝑏) para a geometria proposta, conforme [16], procedimento este que será apresentado ao longo desta tese. 5) 𝑁𝑡𝑡 – número de tubos O número máximo de tubos para uma dada geometria, de acordo com [17], é dada pela equação (3.6) e cujas constantes 𝐾1 e 𝑛1 são mostradas em uma tabela no Anexo III, e que dependem do tipo de arranjo e número de passes nos tubos. Para o equipamento deste projeto definiu-se 1 passe no casco e 2 nos tubos. 𝑁𝑡𝑡 = 𝐾1 ( 𝐷𝑏 𝐷𝑜 ) 𝑛1 (3.6) O cálculo da área de troca requerida se divide basicamente em 9 passos. O primeiro passo consiste em calcular o Fator de Mistura (𝐹𝑐), dado por (3.7). Para este cálculo é necessário conhecer o fluxo de calor e o Boiling Range (BR). O Fluxo de Calor (�̇�) é calculado dividindo-se a Tarefa Térmica (�̇�), já calculada, pela área da geometria proposta (A), por meio de (3.8). De acordo com KERN [13], �̇� não deve exceder 12.000 Btu/h.ft² (37.855 W/m²). O boiling range é de 20K. 18 𝐹𝑐 = 1 1 + 0,023 �̇�0,15𝐵𝑅0,75 (3.7) Sejam: �̇� – fluxo de calor em [W/m²] BR – boiling range em [K] 𝐴 = 𝑁𝑡𝑡 𝜋 𝐷𝑜 𝐿 (3.8) Sejam: A – área proposta [m²] 𝑁𝑡𝑡 – número de tubos 𝐷𝑜 – diâmetro externo dos tubos [m] 𝐿 – comprimento do feixe tubular [m] O segundo passo é calcular o Fator de Convecção (𝐹𝑏) dos feixes tubulares, usando (3.9). Para isto, precisa-se apenas de parâmetros geométricos da geometria proposta. Vale lembrar das escolhas já feitas, sendo o arranjo tubular de 90º e passo tubular de 1,25 x 𝐷𝑜. 𝐹𝑏 = 1.0 + 0.1 [ 0.785𝐷𝑏 𝐶1(𝑝𝑡/𝐷0) 2𝐷0 − 1.0] 0.75 (3.9) Sejam: 𝐹𝑏 – Fator de Convecção 𝐷𝑏 – diâmetro do feixe tubular em [m] 𝐶1 – esta constante vale 1 para os arranjos 90º e 45º, e vale 0,866 para os arranjos 30º e 60º 𝑝𝑡 – passo tubular em [mm], variando de 1,25 -1,50 x 𝐷𝑜. 𝐷0 – diâmetro tubular em [mm] O terceiro passo é determinar o Coeficiente de Convecção Natural (𝛼′𝑛𝑐), optou-se por usar o valor sugerido por Palen para hidrocarbonetos em feixes tubulares. 19 𝛼′𝑛𝑐 = 250 𝑊 𝑚2. 𝐾 O quarto passo consiste em calcular o Coeficiente de Transferência de Calor em Ebulição Nucleada (𝛼𝑛𝑏1) para um único tubo, dado por (3.10). Para isto, precisa-se da pressão crítica (𝑃𝑐), do fluxo de calor (�̇�) e do fator de correção de pressão (𝐹𝑝), que pode ser calculado por (3.11) ou (3.12), dependendo do valor da pressão reduzida. Nesta presente etapa é necessário definir qual será a pressão de operação (P) no Refervedor, para isto seria necessário saber mais informações sobre o projeto da coluna de destilação como elevações, pressões, entre outras, para poder fazer o projeto da linha de tubulação que liga a torre ao Refervedor, bem como a de retorno do resíduo vaporizado para coluna, além disso, essas informações seriam importantes para avaliar a necessidade ou não de uma bomba entre a coluna e o trocador de calor. Portanto, para dar prosseguimento aos cálculos, assume-se que não há bombas entre os equipamentos mencionados, e que a pressão de operação no casco é atmosférica. A hipótese de que não há bombas entre este trocador e a coluna é razoável, visto que o Kettle funcionando à pressão atmosférica possui baixa perda de carga, como será demonstrado posteriormente, bem como ele será montado próximo ao solo. 𝛼𝑛𝑏1 = 0.00417(𝑃𝑐) 0.69(�̇�)0.7𝐹𝑝 (3.10) 𝐹𝑝 = 2,1 ( 𝑃 𝑃𝑐 ) 0,27 + [9 + 1 1 − (𝑃/𝑃𝑐) 2] ( 𝑃 𝑃𝑐 ) 2 ; 𝑃 𝑃𝑐 ≤ 0,2 (3.11) 𝐹𝑝 = 1,8 ( 𝑃 𝑃𝑐 ) 0,17 ; 𝑃 𝑃𝑐 > 0,2 (3.12) Sejam: 𝛼𝑛𝑏1 - coeficiente de transferência de calor em ebulição nucleada em [W/m².K]. 𝑃𝑐 – pressão crítica em [kPa] �̇� – fluxo de calor em [W/m²] 𝐹𝑝 – fator de correção de pressão, (3.11) ou (3.12) P – pressão de operação em [kPa] 20 O quinto passo é o determinar o Coeficiente Médio de Transferência de Calor (𝛼𝑏) para o feixe de tubos, dado por (3.13), cujas variáveis já foram todas avaliadas anteriormente. 𝛼𝑏 = 𝛼𝑛𝑏1 ∗ 𝐹𝑏 ∗ 𝐹𝑐 + 𝛼𝑛𝑐 (3.13) Sejam: 𝛼𝑏 – coeficiente médio de transferência de calor [W/m².K] 𝛼𝑛𝑏1 – coeficiente de transferência de calor em ebulição nucleada em [W/m².K] 𝐹𝑏 – fator de convecção 𝐹𝑐 – fator de mistura 𝛼𝑛𝑐 – coeficiente de convecção natural [W/m².K] O sexto passo é calcular o Coeficiente Global de Transferência de Calor (𝑈0) por meio de (3.14). Para isto, faltam o coeficiente de transferência de calor dentro dos tubos para vapor de água condensando (𝛼𝑐)bem como a resistência ao depósito do RAT em ebulição (𝑅𝑓𝑏). Da forma que a equação (3.14) está mostrada, já está incluído o fator de depósito do vapor de água saturada no valor de 𝛼𝑐, cujo valor usado foi de 1500 Btu/h.ft².ºF, segundo [15] e [16]. Já para o valor de 𝑅𝑓𝑏, usou-se o valor proposto na TEMA [14] para “Asfalto e Resíduo: Produto de fundo da torre atmosférica”, que é de 0,007 h.ft².ºF/Btu. 1 𝑈0 = 1 𝛼𝑏 + 1 𝛼𝑐 + 𝑅𝑓𝑏 (3.14) Sejam: 𝑈0 – coeficiente global de transferência de calor em [W/m².K] 𝛼𝑏 – coeficiente médio de transferência de calor [W/m².K] 𝛼𝑐 – 8500 [W/m².K] 𝑅𝑓𝑏 – 0,00123 [m².K/W] O sétimo passo é calcular a Diferença de Temperatura Efetiva (Δ𝑇𝑒𝑓𝑓). Para isto fez-se a temperatura média logarítmica (LMTD), (3.15), assumindo a temperatura no 21 casco constante e igual a temperatura de saída do fluido vaporizado, como recomenda [15]. O que equivale a fazer a temperatura de saturação da água (348ºC) menos a temperatura de saída do RAT vaporizado (310ºC). De acordo com SERTH e LESTINA [16], esta aproximação descrita por [15] é conservativa para misturas com amplo boiling range (maior do que 5ºC) visto que a temperatura do fluido frio aumenta do topo até o fundo do feixe tubular. Para um cálculo mais preciso para a diferença de temperatura efetiva seria necessário fazer uma análise incremental. Δ𝑇𝑒𝑓𝑓 = 𝑇𝑠𝑎𝑡 − 𝑡2 (3.15) O oitavo passo é de calcular a Área Requerida (𝐴𝑟) com (3.16) e verificar se a área da geometria proposta é maior do que a área requerida, com algum grau de superdimensionamento. Seguiu-se a orientação de MUKHERJEE [18] para um superdimensionamento mínimo de 10% na área de troca. 𝐴𝑟 = �̇� 𝑈0 ∗ LMTD (3.16) O nono passo é checar o fluxo de calor máximo para um único tubo (�̇�1,𝑚𝑎𝑥), usando (3.17). A partir do parâmetro geométrico adimensional do feixe tubular (𝜓𝑏) e com o fator de correção para o feixe tubular (𝜙𝑏), usando respectivamente (3.18) e (3.19), pode-se encontrar o fluxo máximo para o feixe tubular (�̇�𝑏,𝑚𝑎𝑥) usando a equação (3.20). A razão �̇�/�̇�𝑏,𝑚𝑎𝑥 não pode exceder 0,7 para que se trabalhe na região de ebulição nucleada, cujo coeficiente de transferência de calor é mais alto. �̇�1,𝑚𝑎𝑥 = 367𝑝𝑐 ( 𝑝 𝑝𝑐 ) 0.35 (1 − 𝑝 𝑝𝑐 ) 0.9 (3.17) 𝜓𝑏 = 𝜋𝐷𝑏𝐿 𝐴 (3.18) 𝜙𝑏 = 3.1 ∗ 𝜓𝑏 (𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝜙𝑏 ≤ 1.0) (3.19) �̇�𝑏,𝑚𝑎𝑥 = �̇�1,𝑚𝑎𝑥 ∗ 𝜙𝑏 (3.20) 22 Basicamente, o método termina na verificação do fluxo máximo, caso todas as restrições mencionadas até aqui sejam atendidas então a geometria proposta será satisfatória. Contudo, neste trabalho optou-se por colocar restrições adicionais, um resumo com todas as restrições a serem verificadas será mostrado a seguir: 1) �̇� < 37.855 W/m² 2) 𝑁𝑡𝑡 = 𝑁𝑡𝑡1 + 𝑁𝑡𝑡2 ≤ 𝑁𝑡𝑡𝑚𝑎𝑥 3) (𝐴 − 𝐴𝑟)/𝐴𝑟 > 10% 4) max ( 𝜙𝑏) = 1 5) �̇�/�̇�𝑏,𝑚𝑎𝑥 ≤ 0,7 6) 5 𝑚/𝑠 < 𝑣𝑣 < 10 𝑚/𝑠 7) 1,5 𝑚/𝑠 < 𝑣𝑙 < 2,5 𝑚/𝑠 Em palavras, elas significam que o fluxo de calor não pode exceder 37.855 W/m², bem como o número de tubos total será a soma do número de tubos do primeiro passe somado ao número de tubos do segundo passe, cujo resultado deve ser menor do que o máximo número de tubos, dado por (3.6). A outra restrição diz respeito ao superdimensionamento da área de troca, que deve ser maior do que 10%, assim como o valor máximo que pode ser atribuído a 𝜙𝑏 é de 1,0. A restrição 5 é sobre o limite do fluxo de calor máximo, não podendo exceder 0,7. As duas últimas restrições dizem respeito à água saturada, no primeiro passe em estado de vapor com velocidade 𝑣𝑣, e no segundo passe na fase líquida com velocidade 𝑣𝑙. As restrições 6 e 7 estão de acordo com as recomendações dadas em [17], para velocidades em trocadores do tipo casco e tubos. Sendo que para a restrição 6, têm-se velocidades de 50 - 70 m/s para vapores numa operação a vácuo, 10 – 30 m/s numa operação a pressão atmosférica e 5 – 10 m/s para altas pressões, sendo os limites inferiores para fluidos com alto peso molecular. Já para a restrição 7, têm-se velocidades de 1 - 2 m/s para fluidos de processo, podendo chegar até 4 m/s para redução de depósito, e velocidades de 1,5 - 2,5 m/s para a água. Vale comentar que diante de tantos parâmetros não foi muito simples chegar a uma geometria proposta que atendesse a todos os pré-requisitos estabelecidos, decidiu- se então fazer um programa em linguagem Python para simular geometrias e facilitar a escolha de um design adequado. Isto será explicado em mais detalhes em um subcapítulo dedicado a este assunto. O intuito do uso do Python foi de facilitar a escolha de uma geometria adequada, porém mais tempo teria que ser dedicado para a criação de 23 um código para uma otimização do design, o que não se justificava visto que esta monografia não se restringe somente a este cálculo térmico. 3.4 Verificação do Diâmetro do Casco Este subcapítulo deveria ser o último, visto que o diâmetro do casco só pode ser dimensionado corretamente após ter-se definido o diâmetro do feixe tubular. No entanto, colocou-se ele antes para que se tenha uma boa estimativa para o diâmetro máximo do feixe tubular, garantindo que haja espaço suficiente para desprendimento do vapor e ao mesmo tempo, que o diâmetro do casco (𝐷s) seja de no máximo 2,54m. De acordo com COULSON e RICHARDSON [17], uma regra geral para determinar o diâmetro do casco é baseada em dois parâmetros, o fluxo de calor (�̇�) e o diâmetro do feixe tubular (𝐷b), isto pode ser visto na Tabela 3.3. Tabela 3.3 – Determinação de 𝐷s �̇�[W/m²] 𝐷s/𝐷b 25.000 1,2 – 1,5 25.000 – 40.000 1,4 – 1,8 40.000 1,7 – 2,0 Contudo, um procedimento mais rigoroso é utilizado e é recomendado por SERTH e LESTINA [16]. É importante ressaltar que o fluido pertinente a esta análise é o fluido no casco que está sendo vaporizado, neste caso, o produto de fundo da torre. Calcula-se a carga de vapor que está sendo vaporizada por meio de (3.21). A tensão superficial é dada por (2.16), a massa específica do vapor por (2.13) e a massa específica do líquido por (2.7). 𝑉𝐿 = 2290 𝜌𝑣 ( 𝜎 𝜌𝐿 − 𝜌𝑣 ) 0,5 (3.21) Sejam: VL – carga de vapor em [lbm/h] 𝜎 – tensão superficial em [dyne/cm] 𝜌𝑣 – massa específica de vapor [lbm/ft³] 𝜌𝐿 – massa específica de líquido [lbm/ft³] 24 Tendo a carga de vapor, pode-se então calcular a área requerida para o segmento do domo, usando (3.22). Vale lembrar que para calcular a vazão mássica de vapor basta aplicar a taxa de vaporização, que neste projeto é de 40%, à vazão de entrada do RAT no Refervedor. 𝑆𝐴𝑟 = �̇�𝑣 𝐿 . 𝑉𝐿 (3.22) Sejam: 𝑆𝐴𝑟 – área requerida do segmento do domo em [ft²] �̇�𝑣 – vazão mássica de vapor [lbm/h] L – comprimento dos tubos [ft] VL – carga de vapor em [lbm/h.ft³] A seguir, é feito um processo iterativo usando a tabela do Anexo IV, nela têm-se basicamente dois parâmetros, h/D e A. O primeiro, é a razão entre a altura do setor (h) e o diâmetro do casco (D), diâmetro este que está sendo representado nesta monografia como 𝐷s e só foi mostrado aqui como D visto a nomenclatura do anexo em questão. O segundo parâmetro é o fator de segmento de área, que pode ser lido a partir de um valor para h/D. Antes de se iniciar o cálculo propriamente dito, é necessário saber a altura do líquido no casco do trocador, para isso pode-se somar o diâmetro do feixe tubular (𝐷b) com a folga do feixe até o fundo do trocador, bem como adicionar o valor correspondente ao efeito da formação de espuma. A folga foi estimada em 2,1cm, considerando uma velocidade de recirculação no fundo (𝑣) de 1m/s, para isto, considerou-se a área da seção longitudinal do trocador entre o feixe e o fundo do casco, ou seja, umaárea retangular de comprimento L (estimado em 6,096m) por x (folga), usando (3.23). Além disso, para o efeito de formação de espuma, [16] recomenda um valor entre 3 - 5 in, optou-se pelo valor médio, que é de aproximadamente 10cm. Logo, somando-se os três valores têm-se o nível do líquido, que para fins didáticos chamou-se de 𝑛𝐿. 𝑥 𝐿 = �̇� 𝜌𝑙 𝑣 (3.23) 25 Sejam: x – folga entre fundo do casco e o feixe, em [m] L – comprimento do feixe tubular, em [m] �̇� – vazão do óleo a ser vaporizado, em [kg/s] 𝜌𝑙 – massa específica do óleo, dada por (2.7), em [kg/m³] 𝑣 – velocidade de recirculação no fundo do casco, em [m/s] O cálculo então se inicia com um chute inicial para fração do casco destinada ao desprendimento do vapor, por exemplo 40%, logo h/D=0,4. O diâmetro do casco será dado por (3.24) e o fator de segmento de área (A) poderá ser lido no Anexo IV a partir de h/D, que neste primeiro momento vale 0,4. 𝐷s = 𝑛𝐿 1 − h/D (3.24) Sejam: 𝐷s – diâmetro do casco, em [ft] 𝑛𝐿 – nível do líquido, em [ft] A partir de 𝐷s e de A, pode-se encontrar o valor de SA com a equação (3.25). Neste momento, deve-se comparar o valor da área calculada (SA) com o valor da área requerida (𝑆𝐴𝑟), e naturalmente a área calculada deve ser maior do que a área requerida, caso seja muito maior, é desejável assumir um valor menor para h/D e recalcular as equações (3.24) e (3.25). Caso seja menor, assume-se um valor maior para h/D e também se recalculam as duas equações mencionadas. 𝑆𝐴 = 𝐴 𝐷s 2 (3.25) Sejam: SA – área calculada do segmento do domo em [ft²] A – fator de segmento de área 𝐷s – diâmetro do casco em [ft²] 26 Após chegar num design satisfatório, é importante verificar se o diâmetro do casco, dado por (3.24), é menor ou igual ao diâmetro máximo adotado de 2,54m. Como este cálculo depende basicamente de propriedades do fluido, do comprimento (L) do feixe tubular e da vazão mássica na entrada do trocador, adotou-se inicialmente o comprimento como sendo de 6,096m e o número de Refervedores como 2 (metade da carga total). Percebeu-se que para se ter o diâmetro máximo do casco de 2,54m o diâmetro do feixe não poderia exceder 1,9m. Logo, adotou-se este limite para 𝐷𝑏 no programa escrito em Python, com a ressalva de que os cálculos sejam refeitos ao se chegar a um design final para o Refervedor, ou melhor, caso o comprimento L ou o número de trocadores seja diferente das hipóteses aqui assumidas. 3.5 Simulação de parâmetros do Refervedor Como foi mencionado, criou-se um código em linguagem Python, que pode ser encontrado no Apêndice I, de forma a simular diversas configurações de geometria, bem como parâmetros operacionais, como velocidades de escoamento nos tubos. O código se inicia com a entrada dos dados iniciais do projeto, ou seja, caracterização do petróleo, API, Kuop e BR, temperatura de entrada e saída do óleo, 𝑡1 e 𝑡2, temperatura do vapor saturado, 𝑇1 e 𝑇2, vazão de óleo que precisa ser vaporizada, pressão de operação. Posteriormente, insere-se no programa o cálculo de propriedades para o óleo e para a água, conforme o Capítulo 2 deste trabalho. Outros dados importantes inseridos são as configurações de tubos de acordo com a TEMA [14], totalizando 69 configurações de diâmetros internos, sendo que também foram colocados os diâmetros externos e espessura de parede correspondentes. Contudo, viu-se que muitas espessuras não suportariam a pressão nos tubos, logo, adicionou-se no programa o cálculo de espessura de parede mínima para suportar a pressão e somente foram simulados os tubos que resistissem a este serviço. A equação utilizada será mostrada no capítulo seguinte, onde será usada extensivamente, basta dizer que a temperatura usada foi a temperatura de projeto para a linha de vapor saturado e usou-se o mesmo material desta linha para avaliação da tensão admissível na temperatura de projeto, tudo isto será apresentado no Capítulo 4, onde as linhas pertinentes a esta monografia serão dimensionadas. A seguir serão mostrados quais parâmetros foram simulados e quais faixas de valores usados. 27 1) Comprimento dos tubos (L), em [m]: [2,438; 3,048; 3,658; 4,877; 6,096] (8ft,10ft,12ft,16ft,20ft) 2) Velocidade do vapor de água saturado (𝑣𝑣𝑎𝑝), em [m/s]: De 0,1m/s até 30m/s, com passo de 0,1m/s 3) Velocidade do condensado (𝑣𝑙), em [m/s]: De 0,1m/s a 2,5m/s, com passo de 0,1m/s 4) Diâmetro interno dos tubos no 1º passe (𝐷𝑖1), em [mm]: Tubos do Anexo V, padrão TEMA 5) Diâmetro interno dos tubos no 1º passe (𝐷𝑖1), em [mm]: Tubos do Anexo V [14], padrão TEMA 6) Diâmetro do feixe tubular (𝐷𝑏), em [m]: De 1,0m até 1,9 m, com passo de 0,1m 7) Número de Refervedores necessários (𝑁𝑟𝑒𝑓) De 1 a 5 Em cada iteração, o cálculo é feito a partir dos valores simulados para cada um dos 7 parâmetros listados acima. Com o valor da velocidade do vapor saturado no primeiro passe, bem como do diâmetro interno dos tubos do primeiro passe pode-se calcular a vazão por tubo usando a equação (3.26). A vazão total requerida de vapor saturado já foi mostrada na Tabela 3.1, basta dividir este valor pelo número de Refervedores simulado. Pode-se então calcular o número de tubos do primeiro passe (𝑁𝑡𝑡1) ao dividir a vazão total de vapor em cada Refervedor pela vazão de vapor por tubo. O mesmo procedimento é usado para se calcular o número de tubos no segundo passe (𝑁𝑡𝑡2), só que neste caso é preciso fazer este cálculo com a vazão mássica, visto que não se tinha calculado a vazão volumétrica para o estado de líquido saturado. Portanto, substitui-se o valor de �̇� na equação (3.26) usando a equação (3.4), que converte vazão 28 volumétrica em vazão mássica, para isto precisa-se apenas da massa específica do líquido saturado na temperatura de saturação, usando a equação (2.21). Então, divide-se a vazão mássica de vapor saturado por Refervedor pela vazão mássica por tubo, tendo como resultado o número de tubos no segundo passe. 𝑣 = �̇� 𝐴 = 4 ∗ �̇� 𝜋 ∗ 𝐷2 (3.26) Vale lembrar que o número de tubos por passe está amarrado às velocidades simuladas, o que não garante que esta configuração atenderá a tarefa térmica, isto só será verificado posteriormente. O que este procedimento garante, é que estão sendo simuladas todas as velocidades das faixas de valores mostradas nos parâmetros 2 e 3 listados acima. O número de tubos total (𝑁𝑡𝑡 ) é a soma do número de tubos do primeiro passe (𝑁𝑡𝑡1) com o número de tubos do segundo passe (𝑁𝑡𝑡2). A partir disso, é importante verificar se este valor é menor do que o número máximo de tubos dado pela equação (3.6). Só que esta equação assume que todos os tubos possuem mesmo diâmetro, o que não é o caso aqui, estão sendo simulados diferentes diâmetros para o primeiro e segundo passe. Então, resolveu-se dividir a área circular do feixe tubular em duas, somente para efeitos de cálculo, logo a metade superior se refere ao primeiro passe e a metade inferior ao segundo passe. Para cada passe usa-se seu diâmetro externo correspondente na equação (3.6), só que o valor desta equação deve ser divido por dois, já que só se usa metade da seção circular. Consegue-se então verificar se o número de tubos usado é menor do que o máximo permitido. Neste momento do cálculo, para cada iteração, já se tem a geometria proposta e a sua respectiva área de troca é calculada usando a equação (3.8) para cada passe, somando-se suas contribuições. Pode-se encontrar o fluxo de calor �̇� ao dividir a tarefa térmica por Refervedor pela área calculada, verificando se ela é menor do que o fluxo máximo de calor descrito na restrição 1, já mencionada. A próxima etapa é realizar o cálculo da área de troca requerida, usando os 9 passos apresentados. Casoa área de troca térmica proposta for maior do que a área de troca requerida, em 10%, assim como o fluxo de calor for menor ou igual a 70% do fluxo de calor máximo, a geometria proposta é satisfatória e sua configuração e resultados serão armazenados no programa e mostrados ao fim da simulação. 29 3.6 Configuração Final A partir dos resultados do programa com as geometrias satisfatórias, fez-se um ajuste no programa para restringir o número de opções salvas até que se chegou na configuração escolhida, mostrada na Tabela 3.2. Tabela 3.2 – Dados do Trocador Escolhido Refervedor Número de Trocadores Nref 2 Tarefa Térmica (cada) Duty [MW] 11,47 Diâmetro do Casco 𝐷𝑠 [m] 2,54 Diâmetro do Feixe 𝐷𝑏 [m] 1,90 Comprimento dos Tubos L [m] 6,096 Tubo no 1º Passe Tubo1 1/4” BWG 22 Número de Tubos 1º Passe 𝑁𝑡𝑡1 3327 Tubo no 2º Passe Tubo2 1/4” BWG 22 Número de Tubos 2º Passe 𝑁𝑡𝑡2 1094 Número de Tubos Total 𝑁𝑡𝑡 4421 Velocidade de Vapor nos Tubos 𝑣𝑣 [m/s] 1,8 Velocidade de Líq. nos Tubos 𝑣𝑙 [m/s] 1,0 Área Requerida 𝐴𝑟𝑒𝑞 [m²] 485,37 Área de Design A [m²] 537,64 Superdimensionamento de Área Superdim. [%] 10,77 Razão do Fluxo de Calor q/qb,max 0,53 Antes de passar para o cálculo de perda no trocador de calor, alguns comentários sobre o design do equipamento devem ser feitos. A lista dos diâmetros do padrão TEMA [14] totalizam 69 possibilidades de diâmetro interno, contudo, poucos diâmetros foram efetivamente simulados já que as espessuras destes tubos são em sua maioria baixas para a pressão e temperatura do presente projeto. Pode-se perceber que a velocidade do vapor no primeiro passe está muito baixa, ela deveria ser de pelo menos 5 m/s, conforme [17]. Apesar de haverem poucos diâmetros efetivamente simulados, a explicação mais simples para esta baixa velocidade é que o código em Python não foi muito eficiente na sua forma de simular configurações. O programa foi muito importante para se chegar na geometria mostrada na Tabela 3.2, algo que estava sendo demasiadamente trabalhoso em iterações manuais. Todavia, o código precisa ser melhorado para que se obtenham velocidades mais altas no primeiro e segundo passes. Para isto, seria necessário alterar a forma com que as geometrias 30 propostas são simuladas em cada iteração. Requer-se um estudo mais aprofundado para que se melhore o design deste equipamento, contudo, isto não será feito nesta tese. Outro ponto importante no projeto desses equipamentos é o cálculo de perdas de carga, o que será feito apenas localmente no equipamento. Para o cálculo da perda de carga nas linhas, seria necessário conhecer as pressões das linhas, entre outras informações, o que também não faz parte do objetivo deste trabalho. Quanto a perda de carga no casco, [16] menciona que ela é praticamente desprezível, visto a baixa taxa de circulação, além disso, a velocidade de desprendimento do vapor também é relativamente baixa, fazendo com que as perdas por aceleração do vapor também sejam baixas. Contudo, a referência mencionada recomenda considerar uma perda de carga de 0,2 psi como um fator de segurança. A perda de carga total nos tubos é dada pela equação (3.27), sendo composta por três termos. Esta metodologia também é reproduzida a partir da referência [16]. Vale lembrar que os dados referentes às propriedades da água foram usados conforme mencionado no Capítulo 2 deste trabalho. ∆𝑃𝑖 = ∆𝑃𝑓 + ∆𝑃𝑛,𝑠𝑡𝑒𝑎𝑚 + ∆𝑃𝑛,𝑐𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑠𝑎𝑡𝑒 (3.27) • O primeiro termo é dado por (3.28), e representa a perda de carga do vapor em condensação, ele é aproximado por metade da perda de carga usando as condições da entrada. ∆𝑃𝑓 ≈ 1 2 [ 𝑓 𝑛𝑝 𝐿 𝐺 2 7,5 𝑥 1012𝐷𝑖 𝑆 𝜙 ] (3.28) Sejam: 𝑓 – fator de atrito, dado por (3.31), para 𝑅𝑒 ≥ 3000 𝑛𝑝 – número de passes nos tubos 𝐿 – comprimento dos tubos, em [ft] 𝐺 – vazão mássica, dada por (3.29), em [lbm/h.ft²] 𝐷𝑖 – diâmetro interno dos tubos, em [ft] 𝑆 – densidade do vapor (adimensional) 𝜙 – fator de correção para viscosidade, (𝜇/𝜇𝑤) 0,14 para turbulento e (𝜇/𝜇𝑤) 0,25 para laminar. Verificar Reynolds com (3.30) 31 𝐺 = 𝜌 𝑣 = �̇� (𝑛𝑝/𝑛𝑡) (𝜋/4)𝐷𝑖 2 (3.29) Sejam: �̇� – vazão mássica total de vapor, em [lbm/hr.ft²] 𝑛𝑝 – número de passes nos tubos 𝑛𝑡 – número de tubos 𝐷𝑖 – diâmetro interno dos tubos, em [ft] 𝑅𝑒 = 𝐷𝑖 𝐺 𝜇 (3.30) Sejam: 𝐷𝑖 – diâmetro interno dos tubos, em [ft] 𝐺 – vazão mássica, em [lbm/h.ft²] 𝜇 – viscosidade do vapor, em [lb/ft.hr] 𝑓 = 0,4137 𝑅𝑒−0,2585 (3.31) • O segundo termo da perda de carga é dado por (3.32) e se refere ao bocal de entrada de vapor, esta fórmula é reescrita a partir da fórmula da perda de carga local (3.33), considerando K=1 para o regime turbulento. Para isto, usam-se também as equações (3.34) e (3.35). É importante mencionar que [16] mostra uma tabela com uma estimativa para os diâmetros do bocal de entrada de vapor e do bocal de saída de condensado, só que esta tabela mostra apenas a faixa de diâmetro de 0,4 -1,0 m para o diâmetro externo do casco do trocador, contudo, o trocador aqui projetado possui 2,54m de diâmetro interno. A tabela mencionada recomenda 4” para o bocal de vapor e 1,5” para o de condensado, considerando o diâmetro do casco de 0,4m. Já para 1m de diâmetro do casco, ela recomenda 8” para o vapor e 4” para o condensado. Optou-se aqui por usar o valor limite da tabela ao invés de extrapolar, fazendo assim um cálculo mais conservativo. ∆𝑃𝑛,𝑠𝑡𝑒𝑎𝑚 = 1,334 𝑥 10 −13 𝐺𝑛 2 𝑆 (3.32) 32 ∆𝑃 = 𝐾 𝜌𝑣2 2𝑔 (3.33) Sejam: 𝐺𝑛 – vazão mássica no bocal, dado por (3.34), em [lbm/h.ft²] 𝑆 – densidade do vapor (adimensional) 𝐺𝑛 = �̇� (𝜋/4)𝐷𝑖 2 (3.34) Sejam: 𝐺𝑛 – vazão mássica no bocal, em [lbm/h.ft²] �̇� – vazão mássica total de vapor, em [lbm/hr.ft²] 𝐷𝑖 – diâmetro interno do bocal, considerando sch 40 𝑅𝑒𝑛 = 𝐷𝑖 𝐺𝑛 𝜇 (3.35) Sejam: 𝐷𝑖 – diâmetro interno do bocal, considerando sch 40 𝐺𝑛 – calculado em (3.33), em [lbm/h.ft²] 𝜇 – viscosidade do vapor, em [lb/ft.hr] • O terceiro termo se refere ao bocal de saída do condensado, portanto todas propriedades físicas usadas a seguir são referentes a ele. Para o cálculo deste termo faz- se uso da equação (3.36), que também nada mais é do que reescrever a equação (3.33) com K=0,5 para o regime turbulento. ∆𝑃𝑛,𝑐𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑠𝑎𝑡𝑒 = 0,5 𝑥 1,334 𝑥 10 −13 𝐺𝑛 2 𝑆 (3.36) Sejam: 𝐺𝑛 – calculado em (3.37), em [lbm/h.ft²] 𝑆 – densidade do condensado (adimensional) 33 𝐺𝑛 = �̇� (𝜋/4)𝐷𝑖 2 (3.37) Sejam: �̇� – vazão mássica total de vapor, em [lbm/hr.ft²] 𝐷𝑖 – diâmetro interno do bocal, considerando sch 40 𝑅𝑒𝑛 = 𝐷𝑖 𝐺𝑛 𝜇 (3.38) Seja: 𝐷𝑖 – diâmetro interno do bocal, considerando sch 40 𝐺𝑛 – calculado em (3.37), em [lbm/h.ft²] 𝜇 – viscosidade do condensado, em [lb/ft.hr] Por fim, tendo-se feitos os cálculos, somam-se as contribuições de cada um dos três termos. Para o primeiro, obteve-se 0,207 psi, para o segundo, 6,62x10−6 psi, e o terceiro, 0,152 psi. A perda de carga total foi de 0,359 psi, o que corresponde a menos de 3 kPa. Logo, a perda de carga nos tubos é tão baixa quanto a perda no casco. 34 4 Dimensionamento Mecânico das Tubulações 4.1 Cálculo de Diâmetro Para o cálculo dos diâmetros das tubulações utiliza-se a equação (3.26). Como as vazões (�̇�) são conhecidas e utilizando as velocidades econômicas (ν) sugeridas por TELLES [19] para uma primeira aproximação, pode-se então estimar os diâmetros (D), sendo que quando não se conseguir alocar a velocidade no intervalo de velocidades econômicas deve-se utilizar uma velocidade imediatamente abaixo do limite inferior,conforme mencionado em [19]. Para maior clareza, as velocidades econômicas pertinentes aos cálculos aqui realizados são mostradas na Tabela 4.1. Tabela 4.1 – Velocidades Econômicas [19] Velocidades Recomendadas para Tubulações Fluido Material dos Tubos Velocidade [m/s] Água Doce - redes em instalações industriais Aço-carbono 2 a 3 Água Doce - sucção de bombas Aço-carbono 1 a 1.5 Hidrocarbonetos líquidos, linha de sucção Aço (qualquer tipo) 1 a 2 Hidrocarbonetos líquidos, linha de recalque Aço (qualquer tipo) 1.5 a 2.5 Hidrocarbonetos gasosos Aço (qualquer tipo) 25 a 30 Vapor - até 2 kg/cm² (196 kPa) saturado Aço-carbono 20 a 40 Vapor - 2 a 10 kg/cm² (196 a 981 kPa) saturado Aço (qualquer tipo) 40 a 80 Vapor - mais de 10 kg/cm² (981 kPa) saturado Aço (qualquer tipo) 60 a 100 A partir da estimativa dos diâmetros, verificam-se as dimensões normalizadas mais usuais dos tubos de aço em TELLES [20], contidos nas Normas ASME B.36.10 e B.36.19, assim como as normas API-5L, API-5LX e API-5LS. Escolhe-se então diâmetros que atendam ao intervalo de velocidades econômicas da Tabela 4.1 e calcula-se a velocidade de escoamento do fluido para o diâmetro escolhido. Neste presente trabalho, 6 linhas de tubulações serão objeto de estudo, conforme os objetivos descritos na Introdução. O tipo de fluido, o estado em que ele se encontra, bem como sua vazão são os dados iniciais para os cálculos que serão efetuados neste 35 capítulo. Os resultados do cálculo do diâmetro para cada uma dessas linhas podem ser vistos da Tabela 4.2 até a Tabela 4.7, conforme o procedimento descrito acima. Nestas tabelas ficará explícito a origem e destino de cada uma dessas linhas. Além disso, é importante mencionar algumas convenções que serão usadas ao longo deste Capítulo, designou-se esta unidade de destilação como Unidade 1, portanto as linhas de tubulação se iniciam na numeração 100. Com relação aos equipamentos, bombas serão representadas pela letra B, torres por T, trocadores de calor (permutadores) por P, condensadores por C e tanques por TQ. Já para os fluidos, vapor de água será representado por ”v”, água líquida por ”a”, hidrocarbonetos por ”h”, condensado de água por ”c”. Tabela 4.2 – Diâmetro da Linha 100 Refervedor - Saída da Unidade (Tubovia) Fluido Resíduo Estado Líquido Vazão [m³/h] 562,5 Velocidade econômica [m/s] 1,5 - 2,5 Diâmetro escolhido [in] 14 Velocidade na tubulação [m/s] 1,57 Tabela 4.3 – Diâmetro da Linha 101 Entrada da Unidade (Tubovia) - Refervedor Fluido Água Estado Vapor Saturado Vazão [m³/h] 411,9 Velocidade econômica [m/s] 60 - 100 Diâmetro escolhido [in] 2 Velocidade na tubulação [m/s] 56,45 Tabela 4.4 – Diâmetro da Linha 102 Refervedor - Saída da Unidade (Tubovia) Fluido Água Estado Líq. (Condensado) Vazão [m³/h] 411,9 Velocidade econômica [m/s] 2 - 3 Diâmetro escolhido [in] 10 Velocidade na tubulação [m/s] 2,26 36 Tabela 4.5 – Diâmetro da Linha 103 Condensador - Vaso de Acumulação Fluido Raw Gasoline Estado Líquido Vazão [m³/h] 375 Velocidade econômica [m/s] 1,5 – 2,5 Diâmetro escolhido [in] 10 Velocidade na tubulação [m/s] 2,06 Tabela 4.6 – Diâmetro da Linha 104 Entrada da Unidade (Tubovia) - Condensador Fluido Água de Resfriamento Estado Líquido Vazão [m³/h] 38,8 Velocidade econômica [m/s] 2 – 3 Diâmetro escolhido [in] 3 Velocidade na tubulação [m/s] 2,36 Tabela 4.7 – Diâmetro da Linha 105 Condensador - Saída da Unidade (Tubovia) Fluido Água de Retorno Estado Líquido Vazão [m³/h] 38,8 Velocidade econômica [m/s] 2 – 3 Diâmetro escolhido [in] 3 Velocidade na tubulação [m/s] 2,36 Vale a pena comentar como se chega nas vazões em cada linha de tubulação, a Linha 100 corresponde ao RAT que sai do Refervedor e tem como destino a torre de destilação a vácuo, que fica em outra Unidade dessa refinaria. Portanto, a Linha 100 tem como destino, nesta Unidade, a tubovia. A vazão desta linha foi deduzida a partir da Introdução e dividiu-se seu valor pelo número de Kettle usados. Neste momento, na tese, já se sabe que são necessários 2 equipamentos para a dada tarefa térmica, portanto a vazão é a metade do que se infere do enunciado. As Linhas 101 e 102 se referem ao vapor saturado que chega neste casco e tubos e ao condensado que sai em direção a tubovia, respectivamente, sua vazão já foi calculada no capítulo sobre o Refervedor. As Linhas 103, 104 e 105 dizem respeito ao Condensador, e tendo em vista que seu cálculo de área de troca térmica se baseou apenas numa estimativa conservativa, a 37 partir do limite inferior de uma faixa de valores para o coeficiente global de transferência de calor (𝑈0), para o serviço em questão, optou-se por não mostrar esta estimativa no corpo do texto. Basta dizer que analogamente ao Refervedor, o código em Python foi adaptado para este equipamento no que tange a seleção de parâmetros geométricos e de operação, este código pode ser encontrado no Apêndice II. Contudo, seria importante fazer um cálculo com maior rigor quanto a transferência de calor para a estimativa da área. Logo, usou-se o código em questão apenas para uma estimativa preliminar para a área de troca térmica, e consequentemente a área em planta, além de estimar a vazão requerida da água de resfriamento para o projeto da tubulação da Linha 104, e da linha 105 que leva a água que sai do Condensador para a tubovia. Já para a Linha 103, a vazão de gasolina crua pode ser inferida a partir da Introdução. O Condensador foi estimado como tendo 6,096m de comprimento dos tubos e diâmetro externo do casco de 0,8m. Para a área em planta, assumiu-se tanto para este equipamento como para o Kettle 8m de comprimento total. Quanto ao número de equipamentos, 1 Condensador é suficiente para a tarefa térmica, colocou-se mais um em bypass. Para o Refervedor, 2 equipamentos são suficientes, colocou-se mais 1 em standby. Essas escolhas foram feitas visto que a operação típica em refinarias é uma operação contínua, logo, isto ajuda quando se precisam fazer paradas programadas, como por exemplo, manutenções. 4.2 Pontos de Operação e de Projeto das Linhas A temperatura de projeto (𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗) e a pressão de projeto (𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗) são determinadas de acordo com as condições mais severas que podem ocorrer para uma dada tubulação em serviço. Para a Linha 100, na Tabela 4.8, a temperatura de projeto foi estimada em 350ºC, um valor típico que pode se chegar no fundo de uma torre de destilação atmosférica. Já nas Linhas 101 e 102, a temperatura de projeto considerou uma temperatura máxima de vapor saturado disponível de 360ºC. Na Linha 103, considerou-se a temperatura de lavagem com vapor de 150ºC, já para as Linhas 104 e 105, considerou- se 60ºC a temperatura máxima que a tubulação pode atingir. Essas informações podem ser vistas da Tabela 4.8 até a Tabela 4.13. Para as pressões de projeto das Linhas 100, 102, 103, 104 e 105, fez-se uma primeira aproximação para o golpe de aríete, conforme TELLES [19], considerando uma 38 pressão de choque de 1,2 Mpa para cada m/s de velocidade do líquido, e somou-a com a pressão de operação (𝑃𝑜𝑝). Para a Linha 101, considerou-se a pressão de projeto como a própria pressão de saturação para a temperatura de projeto de 360ºC. Tabela 4.8 – Ponto de Projeto da Linha 100 Refervedor - Tubovia Fluido Resíduo (líq.) D[in] 14 v[m/s] 1,57 𝑇𝑜𝑝 [ºC] 310 𝑃𝑜𝑝 [Mpa] 0,10 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 350 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 1,98 Tabela 4.9 – Ponto de Projeto da Linha 101 Tubovia - Refervedor Fluido Vapor d'água sat D [in] 2 v [m/s] 56,45 𝑇𝑜𝑝 [ºC] 348 𝑃𝑜𝑝 [Mpa] 16,14 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 360 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 18,68 Tabela 4.10 – Ponto de Projeto da Linha 102 Refervedor - Tubovia Fluido Condensado (água) D [in] 10 v [m/s] 2,26 𝑇𝑜𝑝[ºC] 348 𝑃𝑜𝑝 [Mpa] 0,30 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 360 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 3,01 39 Tabela 4.11 – Ponto de Projeto da Linha 103 Condensador - Vaso de Acumulação Fluido Raw Gasoline (líq.) D [in] 10 v [m/s] 2,06 𝑇𝑜𝑝 [ºC] 40 𝑃𝑜𝑝 [Mpa] 0,10 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 150 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 1,82 Tabela 4.12 – Ponto de Projeto da Linha 104 Tubovia - Condensador Fluido Água de Resfriamento D [in] 3 v [m/s] 2,36 𝑇𝑜𝑝 [ºC] 32 𝑃𝑜𝑝 [Mpa] 0,20 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 60 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 3,03 Tabela 4.13 – Ponto de Projeto da Linha 105 Condensador - Tubovia Fluido Água de Retorno D [in] 3 v [m/s] 2,36 𝑇𝑜𝑝 [ºC] 35 𝑃𝑜𝑝 [Mpa] 0,20 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 60 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 3,03 4.3 Seleção de Materiais e Cálculo de Espessura de Parede As escolhas para a seleção de material das tubulações ocorreram conforme a norma Petrobrás N-1693 [21], que define as diretrizes para a padronização de material de tubulação para instalações de refino e de transporte, mas também pelo uso da norma Petrobrás N-76 [22], que complementa [21] e padroniza os materiais a serem utilizados nas instalações mencionadas. Contudo, em alguns casos específicos, seguiu-se a 40 recomendação dada por TELLES [23] visto que este autor foi mais específico quanto a sua recomendação, no que diz respeito ao fluido e as condições de operação, apresentando maior similaridade com o presente projeto. Haja vista que não se conhece a quantidade de ácidos naftênicos deste óleo, informação primordial para a seleção adequada de material para resistir a corrosão, assumiu-se que KOH < 0,5, mas com teor de enxofre maior do que 3%, isso significa uma situação com corrosão significativa, exigindo aço-liga, mas não tão severa quanto o KOH > 0,5 – 1,0, que exigiria como qualidade mínima o aço inoxidável 316. Portanto, para uma decisão final quanto ao material é importante saber a composição de ácidos naftênicos. Para efeitos deste trabalho, optou-se por não escolher imediatamente algum aço inoxidável, visto o custo deste material, no entanto fica a ressalva de que a escolha aqui feita é condicionada ao KOH < 0,5, e logo precisa ser revista quando se obtiver a informação em questão. Tendo selecionado os materiais para as 6 linhas, calculou-se a espessura mínima da tubulação por meio da equação (4.1), dada em [19]. Para a tensão admissível, usou-se a norma ASME B31.1 Power Piping para as Linhas 2 e 3, e a norma ASME B31.3 Process Piping para as outras. A diferença entre essas duas normas é que a Power Piping assume tensões admissíveis menores para um mesmo material, quando se trata de linhas de Centrais de Vapor. Os valores da tensão admissível foram extraídos de [19]. 𝑡𝑚 = 1,143 [ 𝑃 𝐷 2 (𝑆ℎ 𝐸 + 𝑃𝑌) + 𝐶] (4.1) Sejam: 𝑡𝑚 – espessura mínima de parede do tubo, em [in] P – pressão interna de projeto, em [psig] D – diâmetro externo, em [in] 𝑆ℎ – tensão admissível na temperatura de projeto, em [psi] E – coeficiente de eficiência da solda, E=1 para tubos em costura Y – coeficiente de redução, de acordo com material e temperatura. Para aços carbono e outros aços ferríticos Y=0,4 para temperaturas de até 485ºC. C – margem para corrosão, em [in] 41 A espessura escolhida para cada tubulação foi a espessura imediatamente superior a mínima calculada, de acordo com as recomendações de TELLES [20] de diâmetros mais usuais, bem como respeitando as recomendações do mesmo autor em [19] para as espessuras mínimas estruturais de série 80 para diâmetros nominais de até 1-1/2” (inclusive), série 40 para diâmetros de 2” até 12” (inclusive) e 9mm (3/8”) para 14” ou mais. Outro ponto importante é estimar a espessura de isolamento térmico para então descrever a metodologia usada para o cálculo de flexibilidade. Esta estimativa foi feita usando o Anexo VI [24], usando como material o hidrossilicato de cálcio para temperaturas de operação (𝑇𝑜𝑝) a partir de 75ºC. É importante mencionar que este isolamento térmico deve ser protegido, por exemplo, com uma chapa lisa de aço inox, que deverá ser soldada, já que as tubulações estão sujeitas a intempéries. Devido a temperatura de operação mínima mencionada, as Linhas 103, 104 e 105 não precisarão de isolamento térmico. O isolamento foi estimado apenas para que se pudesse calcular as distâncias mínimas entre as linhas de centro dos tubos ao longo da unidade, inclusive na tubovia, sendo a recomendação usada se encontra no Anexo VII. Para os tubos na tubovia, assumiu-se uma bitola imediatamente acima da que foi usada para cada tubulação projetada. As tabelas 4.14 até a 4.19 mostram as especificações das tubulações conforme a metodologia aqui apresentada. Tabela 4.14 – Especificação Linha 100 Refervedor - Tubovia Fluido Resíduo (líq.) D [in] 14 𝐷𝑒𝑥𝑡 [mm] 355,6 v [m/s] 1,57 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 350 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 1,98 Material Aço-Liga 5 Cr-1/2 Mo Especificação ASTM A335 Gr. P5 (SC) Margem corrosão [mm] 3 Esp. Min (𝑡𝑚) [mm] 6,9 Especificação do Tubo 14" Std 30 Esp. Isol. Tem [mm] 89 𝐷𝑒 [mm] 533,6 42 Tabela 4.15 – Especificação Linha 101 Tubovia - Refervedor Fluido Vapor d'água sat D [in] 2 𝐷𝑒𝑥𝑡 [mm] 60,3 v [m/s] 56,45 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 360 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 18,68 Material Aço Liga 1 1/4 Cr 1/2 Mo Especificação ASTM A335 P11 (SC) Margem corrosão [mm] 1,6 Esp. Min (𝑡𝑚) [mm] 7,6 Especificação do Tubo 2" 160 Esp. Isol Tem [mm] 63 𝐷𝑒 [mm] 186,3 Tabela 4.16 – Especificação Linha 102 Refervedor - Tubovia Fluido Condensado (água) D [in] 10 𝐷𝑒𝑥𝑡 [mm] 273 v [m/s] 2,26 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 360 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 3,01 Material Aço Carbono Especificação API 5L Gr B (SC) Margem corrosão [mm] 3 Esp. Min (𝑡𝑚) [mm] 7,5 Especificação do Tubo 10" Std 40 Esp. Isol Tem [mm] 92 𝐷𝑒 [mm] 457 43 Tabela 4.17 – Especificação Linha 103 Refervedor - Saída da Unidade Fluido Raw Gasoline (líq.) D [in] 10 𝐷𝑒𝑥𝑡 [mm] 273 v [m/s] 2,06 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 150 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 1,82 Material Aço Carbono Especificação API 5L Gr B (SC) Margem corrosão [mm] 4 Esp. Min (𝑡𝑚) [mm] 6,6 Especificação do Tubo 10" Std 40 Esp. Isol Tem [mm] - 𝐷𝑒 [mm] 273 Tabela 4.18 – Especificação da Linha 104 Tubovia - Condensador Fluido Água de Resfriamento D [in] 3 𝐷𝑒𝑥𝑡 [mm] 88,9 v [m/s] 2,36 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 60 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 3,03 Material Aço Carbono Especificação API 5L Gr B (SC) Margem corrosão [mm] 1,6 Esp. Min (𝑡𝑚) [mm] 2,9 Especificação do Tubo 3" Std 40 Esp. Isol Tem [mm] - 𝐷𝑒 [mm] 88,9 44 Tabela 4.19 – Especificação da Linha 105 Condensador - Tubovia Fluido Água de Retorno D [in] 3 𝐷𝑒𝑥𝑡 [mm] 88,9 v [m/s] 2,36 𝑇𝑝𝑟𝑜𝑗 [ºC] 60 𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗 [Mpa] 3,03 Material Aço Carbono Especificação API 5L Gr B (SC) Margem corrosão [mm] 1,6 Esp. Min (𝑡𝑚) [mm] 2,9 Especificação do Tubo 3" Std 40 Esp. Isol Tem [mm] - 𝐷𝑒 [mm] 88,9 4.4 Cálculo de Flexibilidade O cálculo de flexibilidade é algo de grande importância no projeto de tubulações, sempre que houver uma variação de temperatura em uma tubulação haverá variação no comprimento, portanto, onde houver fixações, suportes ou equipamentos conectados surgirão reações internas devido a essas dilatações ou contrações dos tubos. De acordo com a magnitude dessas reações as tubulações ou equipamentos podem se romper tendo potencialmente riscos materiais, ambientais e/ou de vidas humanas. Há vários métodos para o cálculo de flexibilidade, que de forma geral se resumem a três tipos, conforme [19]: O Método Analítico Geral, que é mais completo, mas devido ao grande número de equações é bem trabalhoso de se fazer manualmente, alternativamente pode-se programá-lo computacionalmente ou usar softwares comerciais que o utilizam;
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