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ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE Pedro Henrique Sampaio Porto Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing. RIO DE JANEIRO Setembro de 2019 ii ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE Pedro Henrique Sampaio Porto PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. Examinado por: ________________________________________________ Prof. Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing. ________________________________________________ Prof. Sergio Sami Hazan, Ph. D. ________________________________________________ Eng. Bruno Cordeiro Chamma. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL Setembro de 2019 iii ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE Porto, Pedro Henrique Sampaio. Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede / Pedro Henrique Sampaio Porto – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2019. XI, 39p.; il.:29,7cm. Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing. Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Elétrica, 2019. Referências Bibliográficas: p. 32. 1. Introdução. 2. Energia Solar Fotovoltaica. 3. Sistema Fotovoltaico. 4. Dispositivo Utilizado. 5. Dimensionamento do sistema. 6. Análise de Viabilidade econômica. 7. Conclusão 8. Referência bibliográfica. I. Suemitsu, Walter Issamu. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III. Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede. iv AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus por todas as oportunidades, conquistas e por me conceder forças para superar todos os obstáculos. Em segundo lugar, quero agradecer à minha mãe Alessandra e aos meus irmãos por sempre me apoiar, cuidar de mim e ter me dado todo o suporte nos momentos mais difíceis desta jornada. À minha esposa Maria Clara por estar sempre ao meu lado, me apoiando e me orientando nos meus momentos de desespero nesta reta final da faculdade. Agradeço também aos meus amigos que a UFRJ me deu (Pedro Henrique Vecchiati, Wen Chou, Fernando Guilherme e Erik Fragoso), pelos momentos inesquecíveis de risos e choros, assim como o apoio de cada um. Sem a amizade deles, essa jornada cheia de provas, relatórios e trabalhos não teria a mínima graça. E finalmente, agradeço ao meu orientador Walter por todo o apoio e pela paciência dados a este trabalho e ao longo da faculdade. E também pela oportunidade de me propor essa honra de realizar este projeto final como seu orientado. v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista. ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE Pedro Henrique Sampaio Porto Setembro/2019 Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing. Curso: Engenharia Elétrica Este Projeto de Graduação apresenta uma análise da viabilidade técnica e econômica de painéis solares fotovoltaicos conectados à rede, instalados em uma lavanderia em Cabo Frio-RJ. Ao longo desse trabalho, foram apresentados os principais conceitos de energia solar, os efeitos da radiação solar, os tipos de células fotovoltaicas e sistemas fotovoltaicos, assim como foram abordados os dispositivos utilizados em sistemas conectados à rede (on-grid). Além disso, realizou-se um estudo de implantação de módulos fotovoltaicos no telhado da lavanderia, localizada na cidade de Cabo Frio – RJ, mostrando o dimensionamento de um sistema fotovoltaico conectado à rede e todos os seus componentes. Na última etapa do trabalho, foi feita uma análise de viabilidade econômica da instalação do sistema fotovoltaico. Palavras-chave: Fotovoltaica; Sistema on-grid; Conectado à rede; Dimensionamento de sistema fotovoltaico conectado à rede; Viabilidade Econômica. vi Abstract of the Undergraduate Project, presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the necessary requirements to obtain the degree of Electrical Engineer. TECHNICAL AND ECONOMIC VIABILITY STUDY OF AN ON-GRID PHOTOVOLTAIC SYSTEM Pedro Henrique Sampaio Porto September/2019 Advisor: Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing. Course: Electrical Engineering This Undergraduate Project presents an analysis of the technical and economic viability of grid-connected photovoltaic solar panels, which are allowed in a laundry room in Cabo Frio-RJ. Throughout this work, the main concepts of solar energy, the effects of solar radiation, the types of photovoltaic cells and photovoltaic systems were presented, as well as the devices used in grid-connected systems. In addition, it carried out a study of the installation of photovoltaic modules on the roof of the laundry, located in Cabo Frio - RJ, showing or dimensioning a photovoltaic system connected to the grid and all its components. In the last stage of the work, an economic feasibility analysis of the photovoltaic system installation was made. Keywords: Photovoltaic; Networked system; Connected to the network; Dimensioning of the photovoltaic system connected to the grid; Economic viability. vii SUMÁRIO AGRADECIMENTOS.........................................................................iv SUMÁRIO ......................................................................................... vii LISTA DE FIGURAS ..........................................................................ix LISTA DE TABELAS ......................................................................... x LISTA DE SIGLAS.............................................................................xi CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO .............................................................. 1 1.1. MOTIVAÇÃO .................................................................................. 1 1.2. OBJETIVO ...................................................................................... 1 1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO......................................................... 2 CAPÍTULO 2 – ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA ........................ 3 2.1. FONTE DE ENERGIA SOLAR ............................................................. 3 2.2. RADIAÇÃO SOLAR .......................................................................... 3 2.3. IRRADIAÇÃO SOLAR NO BRASIL....................................................... 3 2.4. CÉLULAS FOTOVOLTAICAS.............................................................. 4 2.4.1. SILÍCIO CRISTALINO ....................................................................... 4 2.4.1.1. SILÍCIO MONOCRISTALINO ........................................................... 5 2.4.1.2. SILÍCIO POLICRISTALINO.............................................................. 5 2.4.2. SILÍCIO AMORFO ............................................................................ 6 CAPÍTULO 3 – SISTEMA FOTOVOLTAICO....................................... 7 3.1. SISTEMA ISOLADO DA REDE (OFF-GRID)............................................ 7 3.2. SISTEMA HÍBRIDO ..........................................................................7 3.3. SISTEMA CONECTADO À REDE (ON-GRID) ......................................... 8 CAPÍTULO 4 – DISPOSITIVOS UTILIZADOS .................................. 10 4.1. MÓDULOS FOTOVOLTAICOS ...........................................................10 4.1.1. CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DO MÓDULO FOTOVOLTAICO ............10 viii 4.1.2. EFEITO DA TEMPERATURA E INTENSIDADE LUMINOSA EM UM MÓDULO FOTOVOLTAICO ......................................................................................11 4.2. INVERSORES .................................................................................13 CAPÍTULO 5 – ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE (SFCR) ........................... 14 5.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL A SER IMPLANTADO ......................................14 5.2. SIMULAÇÃO UTILIZANDO O SOFTWARE PV*SOL ...............17 5.2.1. CARACTERÍSTICAS DO MÓDULO SOLAR ..........................................17 5.2.2. CARACTERÍSTICAS DO INVERSOR ....................................................18 5.2.3. RESULTADOS DA SIMULAÇÃO NO SOFTWARE PV*SOL ....................21 CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA ........... 24 6.1. PROJEÇÃO DO AUMENTO DA TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA EM FUNÇÃO DO TEMPO DE USO DO SFCR ....................................................................24 6.2. COTAÇÃO DO PROJETO EM CONDIÇÕES REAIS ...................................25 6.3. CUSTO DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO AO LONGO DO TEMPO DE UTILIZAÇÃO DO SFCR .............................................................................25 6.4. PERÍODO DE PAYBACK ...................................................................26 6.5. VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)..................................................29 6.6. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ................................................30 6.7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................30 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO ............................................................. 31 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 32 ANEXO I ................................................................................................ 33 ANEXO II .............................................................................................. 34 ANEXO III ............................................................................................. 36 ANEXO IV ............................................................................................. 38 ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – ATLAS SOLARIMÉTRICO DO BRASIL (INSOLAÇÃO DIÁRIA) ...................................4 FIGURA 2 – CÉLULAS DE SILÍCIO MONOCRISTALINOS .............................................................5 FIGURA 3 – CÉLULAS DE SILÍCIO POLICRISTALINOS ................................................................6 FIGURA 4 – CÉLULAS DE SILÍCIO AMORFO .............................................................................6 FIGURA 5 – SISTEMA OFF-GRID ...............................................................................................7 FIGURA 6 – SISTEMA HÍBRIDO.................................................................................................8 FIGURA 7 – SISTEMA ON-GRID ................................................................................................9 FIGURA 8 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE UMA CÉLULA FOTOVOLTAICA.................................10 FIGURA 9 – EFEITO CAUSADO PELA VARIAÇÃO DE INTENSIDADE DA LUZ..............................12 FIGURA 10 – EFEITO CAUSADO PELA TEMPERATURA DA CÉLULA FOTOVOLTAICA ................12 FIGURA 11 – POSIÇÃO GEOGRÁFICA DA LAVANDERIA...........................................................14 FIGURA 12 – VISTA SUPERIOR DA COBERTURA DA LAVANDERIA ..........................................15 FIGURA 13 – DADOS DO PV*SOL ........................................................................................17 FIGURA 14 – MÓDULO KUMAX CS3U-335P ........................................................................18 FIGURA 17 – INVERSOR SE27.6K .........................................................................................19 FIGURA 19 – OTIMIZADOR DE POTÊNCIA P730......................................................................20 FIGURA 21 – DIAGRAMA DO SISTEMA ...................................................................................21 FIGURA 22 – POSICIONAMENTO DOS MÓDULOS NO TELHADO ...............................................22 FIGURA 23 – LIGAÇÃO DOS STRINGS NO INVERSOR ...............................................................22 x LISTA DE TABELAS TABELA 1 – CONSUMO MENSAL DA LAVANDERIA .................................................................16 TABELA 2 – CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO MÓDULO KUMAX CS3U-335P ....................18 TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO INVERSOR SOLAR SE27.6K.............................................19 TABELA 4 – CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO OTIMIZADOR DE POTÊNCIA P730 ....................................20 TABELA 5 – GERAÇÃO MENSAL DA LAVANDERIA ..............................................................................23 TABELA 6 – PREVISÃO DE AUMENTO DA TARIFA AO LONGO DOS VINTE E CINCO ANOS .............................24 TABELA 7 – CUSTO DO SFCR AO LONGO DOS 25 ANOS ....................................................................26 TABELA 8 – ECONOMIA DO SFCR AO LONGO DOS 25 ANOS ..............................................................27 TABELA 9 – FLUXO DE CAIXA ACUMULADO DO SFCR AO LONGO DOS 25 ANOS......................................28 xi LISTA DE SIGLAS ART Anotação de Responsabilidade Técnica CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua CdTe Telureto de Cadmio CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica CIGS Disseleneto de Cobre Índio Gálio COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica DPS Dispositivo de Proteção contra Surtos FC Fluxo de Caixa ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IEC International Electrotechnical Commission MLPE Module Level Power Electronics MPPT Maximum Power Point Tracking NEC National Electric Code PIS Programa de Integração Social RJ Rio de Janeiro SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado À Rede Si Silício STC Standard Test Conditions TIR Taxa Interna de Retorno TMA Taxa Mínima de Atratividade VPL Valor Presente Líquido 1 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1. Motivação A energia solar possui variadas aplicações e a geração direta da energia elétrica através do efeito fotovoltaico se caracteriza como uma das formas mais interessantes de gerar potência elétrica. Atualmente, o Brasil ainda se encontra muito dependente de duas fontes de energia: a hidráulica e a térmica, mas após o racionamento de energia elétrica ocorrido no ano de 2001, verificou-se a necessidade de uma maior diversificação da matriz energética brasileira. A diversificação não é só uma exigência da segurança do sistema, mas também da necessidade de incluir fontes mais limpas de energia na matriz energética do Brasil. A busca por formas alternativas de geração de energia elétrica, visando diminuir o impacto ambiental, tem proporcionado grandes investimentos em geração fotovoltaica, eólica e híbrida. Atualmente, a energia solar é considerada uma alternativa para suprir a demanda da energia por ser uma fonte inesgotável, no caso o Sol, assim como por dispor de uma geração com menor impacto ambiental. Dessa forma, motivados pelo interesse no desenvolvimento desta tecnologia, na utilização de sistemas fotovoltaicos como uma ferramenta da geração de energia distribuída e na viabilidade e utilização do sistemano mercado comercial, desenvolve- se esse estudo. 1.2. Objetivo Analisar a viabilidade técnica e econômica do uso de um sistema fotovoltaico conectado à rede em uma lavanderia em Cabo Frio-RJ, no intuito de reduzir os custos com energia. A avaliação será feita por meio da análise dos tipos de equipamentos existentes no mercado para o sistema fotovoltaico, considerando a variação da radiação local e área disponível para a instalação de painéis. 2 1.3. Organização do Trabalho O Capítulo 1 desse trabalho consiste na introdução do projeto, apresentando a motivação, objetivos e a organização do trabalho. No Capítulo 2, é apresentada a energia solar fotovoltaica, abordando a fonte de energia solar, radiação solar, irradiação solar no Brasil e as células fotovoltaicas. No Capítulo 3, são apresentados os tipos de sistema fotovoltaico, citando o sistema off-grid, o sistema híbrido e o sistema on-grid. No Capítulo 4, apresentam-se todos os dispositivos utilizados em um sistema conectado à rede (on-grid). O Capítulo 5 mostra o dimensionamento do projeto, a avaliação da irradiação solar em Cabo Frio-RJ, onde a lavanderia está localizada, assim como a avaliação do espaço físico, dimensionamento dos módulos fotovoltaicos e inversor. E por fim, o Capítulo 6 apresenta a conclusão, analisando se o projeto é viável ou não financeiramente. 3 CAPÍTULO 2 – ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA 2.1. Fonte de Energia Solar Para a produção de energia elétrica são usados dois sistemas: o heliômetro ou concentrada, em que a irradiação é convertida primeiramente em energia térmica e posteriormente em elétrica; e o fotovoltaico, em que a irradiação é convertida diretamente em energia elétrica. A energia solar fotovoltaica será o objeto deste estudo [1]. Devido à posição vantajosa do nosso país no planeta Terra, por ser parcialmente cortado pela linha equatorial e sua maior parte estar próxima a esta, possuímos uma grande quantidade de irradiação solar [2]. 2.2. Radiação Solar Radiação solar é a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em particular aquela que é transmitida sob a forma de radiação eletromagnética. É a radiação recebida acima da atmosfera terrestre. Esta radiação não é influenciada pelas nuvens existentes na atmosfera. A orbita da Terra em volta do Sol não é uma circunferência, mas sim uma elipse. Isto faz com que a radiação solar não seja constante ao longo do ano, variando conforme as estações do ano [3]. 2.3. Irradiação Solar no Brasil A irradiação é a quantidade de radiação obtida durante um tempo específico, podendo ser por hora ou por dia. De acordo com o mapa solar da figura 1, pode-se verificar que em termos estaduais, a Bahia se destaca como o estado com maior irradiação solar, devido à proximidade à linha do Equador. Na sequência, também se destacam os estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul [2]. 4 Figura 1 – Atlas Solarimétrico do Brasil (Insolação diária) 2.4. Células Fotovoltaicas As células fotovoltaicas são os elementos responsáveis pela conversão direta da luz solar em eletricidade. Podem ser fabricadas usando-se diversos tipos de materiais semicondutores. As mais utilizadas são as de silício, que podem ser constituídas e classificadas de acordo com a sua estrutura molecular, que são os monocristalinos, policristalinos e silício amorfo [4]. 2.4.1. Silício Cristalino O silício cristalino é o material mais utilizado para a conversão de energia solar em elétrica, e o principal motivo para ser o mais fabricado no mundo é devido a sua robustez e confiabilidade. Existem dois tipos de célula de silício: monocristalino (m-Si) e policristalino (p-Si) [5]. 5 2.4.1.1. Silício Monocristalino A célula de silício monocristalino é comercializada como conversor direto de energia solar em eletricidade. A fabricação da célula de silício começa com a extração do cristal de dióxido de silício. Devido ao complexo processo de produção, as células fotovoltaicas de silício monocristalino são também as mais caras. Podem atingir uma eficiência de até 24,2%, porém módulos comerciais atingem uma eficiência que varia de 16,84% até 20,4% dependendo do fabricante [6]. Figura 2 – Células de Silício monocristalinos 2.4.1.2. Silício Policristalino O processo de produção das células de silício policristalino é mais barato do que o processo das células de silício monocristalino, pois é mais simples e consome menos energia e tempo. Outra vantagem é a redução da quantidade de silício desperdiçada. Em testes recentes em laboratórios, as células de silício policristalinos atingiram a eficiência recorde de 20,3% [7]. 6 Figura 3 – Células de Silício policristalinos 2.4.2. Silício Amorfo É muito propício esse tipo de célula quando se pensa em baixo custo. Porém apresenta algumas desvantagens, dentre elas baixo rendimento e degradação nos primeiros meses de operação. São produzidas por meio de um depósito de camadas extremamente finas de material semicondutor. Os semicondutores mais utilizados são o telureto de cadmio (CdTe) cuja eficiência média é de 10 a 11%, o disseleneto de cobre índio gálio (CIGS) com eficiência de 7 a 12% e o silício amorfo (a-Si), 4 a 8%. [8] Figura 4 – Células de Silício Amorfo 7 CAPÍTULO 3 – SISTEMA FOTOVOLTAICO O sistema fotovoltaico é classificado de acordo com sua configuração de instalação, que pode ser dividida em três categorias: isolado, híbrido e conectado à rede [9]. 3.1. Sistema Isolado da rede (off-grid) O sistema isolado é aquele que não se encontra ligado a outros sistemas de fornecimento de energia. Esse sistema pode ou não depender de armazenamento de energia em baterias, isso vai depender do seu uso final [9]. Figura 5 – Sistema off-grid 3.2. Sistema Híbrido Esse sistema apresenta várias fontes de geração de energia em uma mesma instalação. Geralmente, encontra-se desconectado da rede local de transmissão de 8 energia, mas isso não é obrigatoriedade. Com uma interligação entre as fontes de geração de energia ele busca o aproveitamento racional e a melhor situação para cada caso [9]. Figura 6 – Sistema híbrido 3.3. Sistema conectado à rede (on-grid) Neste sistema não há necessidade de armazenar energia, pois quando se tem um consumo elétrico maior que a eletricidade produzida pelos módulos fotovoltaicos, a rede irá fornecer a energia necessária para o perfeito funcionamento da residência. Ao contrário, quando se tem um consumo elétrico baixo, o excesso de energia elétrica é injetado na rede de distribuição da concessionária. 9 Figura 7 – Sistema on-grid 10 CAPÍTULO 4 – DISPOSITIVOS UTILIZADOS Neste trabalho será abordado o sistema fotovoltaico on-grid, então basicamente os dispositivos necessários para esse tipo de sistema são: módulos fotovoltaicos e inversores [5]. 4.1. Módulos Fotovoltaicos A conversão de energia solar em energia elétrica se dá por meio de células fotovoltaicas. Esses arranjos de semicondutores são sensíveis à luz, criando um potencial elétrico quando excitados. Uma célula fornece energia quando exposta a uma radiação solar de 1 kW/m² em temperatura de 25°C, cerca de 0,6 Volts e uma densidade de corrente de curto-circuito da ordem de 150 mA/cm² [10]. As células fotovoltaicas podem ser conectadas em série ou em paralelo. O tipo de ligação entre as células, se a ligação será em série ou em paralelo, é determinado na fabricação, dependendo da configuração desejada para o projeto. O circuito equivalente que descreve o funcionamento interno de uma célula fotovoltaica quando submetida à radiação solar é mostrado na figura 8. Figura 8 – Circuito equivalentede uma célula fotovoltaica 4.1.1. Características Elétricas do Módulo Fotovoltaico Os módulos geralmente são especificados pela potência de pico (𝑊𝑝), cujos parâmetros são obtidos considerando-se a Condição Padrão de Testes (STC - Standard Test Conditions), definida pela norma IEC 61215 (International Electrotechnical 11 Commission): radiação solar de 1 𝑘𝑊/𝑚², temperatura de célula 25°C e Massa de Ar 1,5. No entanto, determinados locais podem apresentar condições distintas das apresentadas. Por isto, é importante que outros parâmetros que caracterizam os módulos sejam observados na escolha de um módulo fotovoltaico, por exemplo: Tensão de Circuito Aberto (VOC): é a máxima tensão do dispositivo sob condições determinadas de iluminação e temperatura, correspondentes a uma corrente igual à zero, ou seja, quando não existe carga conectada ao circuito; Corrente de Curto Circuito (ISC): é a máxima corrente que o dispositivo poderá produzir, com uma tensão nula entre os terminais do módulo; Potência Máxima (Pmáx ): cada ponto da curva característica V x I, o produto da corrente pela tensão, define a potência para aquela condição de operação. Então existe um ponto onde o resultado dessa multiplicação será máximo; Corrente no Ponto de Máxima Potência (I𝑀𝑃): é o único valor de corrente onde Pmáx é obtida; Tensão no Ponto de Máxima Potência (V𝑀𝑃): é o único valor de tensão onde Pmáx é obtida; Fator de Preenchimento ou Fill Factor (FF): é o valor correspondente ao quociente entre Pmáx e o produto de ISC x VOC. Fornece uma ideia de qualidade do dispositivo fotovoltaico, sendo que este será melhor quanto maior for o fator de preenchimento; Eficiência (η): é a sua quantificação da conversão de energia solar em energia elétrica ɳ = IMPxVMP A x IC (1) Onde: 𝐴 = Área útil do módulo (𝑚2 ) IC = Luz incidente – Potência luminosa incidente (𝑊 𝑚 2⁄ ) 4.1.2. Efeito da Temperatura e Intensidade Luminosa em um Módulo Fotovoltaico Para a plotagem das curvas características e testes dos módulos, a condição padrão é estabelecida para a célula com a radiação de 1.000W/m² e a temperatura de 12 25°C. Essas condições foram definidas devido à influência direta da variação de temperatura e da radiação solar na eficiência de um módulo solar. Assim, como pode ser visto no gráfico da figura 9, quanto menor a irradiação, menor a corrente produzida pelo módulo solar, e consequentemente menor a potência produzida. No gráfico representado pela figura 10, verifica-se que o aumento do nível de insolação, aumenta a temperatura da célula, com isso reduz a eficiência do módulo. Isso acontece, pois, com o aumento da temperatura, a tensão diminui e a corrente sofre uma elevação quase desprezível. Isso pode ser observado comparando os “joelhos” da curva [11]. Figura 9 – Efeito causado pela variação de intensidade da luz Figura 10 – Efeito causado pela temperatura da célula fotovoltaica 13 4.2. Inversores A corrente produzida pelos módulos fotovoltaicos é em corrente contínua, com isso, é necessária a utilização do inversor. O dispositivo é conhecido como conversor CC-CA, pois ele é responsável pela conversão da energia elétrica em corrente contínua (CC) para energia em corrente alternada (CA). Existem dois tipos de inversores: os inversores autônomos (stand-alone) e os inversores de rede (grid-conected). Os inversores do tipo stand-alone são utilizados em sistemas autônomos que possuem bancos de baterias para armazenamento de energia produzida pelos módulos fotovoltaicos. Nesse caso, os inversores além de exercer a função de conversão dos tipos de corrente, precisam tolerar flutuações de tensão das baterias, evitando as descargas profundas das baterias [5]. Já os inversores de rede (grid-conected) transferem a energia produzida diretamente para o quadro de distribuição local, onde é utilizada para alimentar as cargas. No caso, como é um sistema conectado à rede, enquanto há irradiação solar, há produção de energia e esta, quando produzida é injetada e utilizada. Quando a energia produzida não é suficiente para alimentar a carga, esta diferença é suprida pela rede da concessionária local. Além desses, existem ainda os inversores com a tecnologia MLPE (Module Level Power Electronics). As tecnologias de microinversores e otimizadores de potência fazem parte desse mercado. Basicamente esses equipamentos têm uma eficiência maior, possuem condições de segurança mais efetivas que os inversores tradicionais, modularidade de instalação, baixa manutenção e maior garantia. 14 CAPÍTULO 5 – ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE (SFCR) 5.1. Descrição do local a ser implantado A localização da lavanderia é favorável para a instalação dos módulos fotovoltaicos, pois não existem construções próximas o suficiente para inviabilizar a instalação. A estrutura civil possibilita que sejam instalados os módulos sobre a cobertura. A Figura 11 apresenta a vista panorâmica da lavanderia, com uma marcação indicando o ponto de georreferenciamento (latitude: 22°51'35.9"S; longitude: 42°03'14.9"O) [12]. Figura 11 – Posição geográfica da lavanderia O posicionamento dos módulos fotovoltaicos deve ser otimizado para se obter uma melhor captação da irradiação. A intensidade da irradiação solar varia de acordo com a localização dos módulos, uma vez que em cada local de fixação desses módulos existe uma latitude e longitude diferente, uma inclinação do módulo específica (varia de acordo com a latitude) e um desvio azimutal (varia de acordo com a disposição do módulo em relação ao norte geográfico). 15 A área disponível para a instalação do sistema é de 521 m² referente ao telhado da lavanderia, porém será deixada uma área livre para a circulação de pessoas para a realização da manutenção. A figura 12 ilustra onde será proposta a instalação dos módulos fotovoltaicos [12]. Figura 12 – Vista superior da cobertura da lavanderia Para início do projeto deve-se definir a média de consumo mensal referente ao período de 12 meses. Logo, foi utilizada a fatura de energia elétrica da referida lavanderia, mostrada no Anexo I. Como a mesma apresenta um histórico de consumo de energia referente ao último ano, assim foi possível determinar a média de consumo mensal nesse período. A partir dos dados da fatura, obteve-se o consumo mensal apresentado na Tabela 1 e o gráfico do consumo de energia em kWh apresentado no Gráfico 1, com uma média de 3.675 kWh/mês. 16 Mês Consumo [kWh] Janeiro 3.830 Fevereiro 4.406 Março 4.448 Abril 4.300 Maio 3.502 Junho 3.198 Julho 3.388 Agosto 3.635 Setembro 3.245 Outubro 3.542 Novembro 3.324 Dezembro 3.280 Média 3.675 Tabela 1 – Consumo mensal da lavanderia Gráfico 1 – Consumo mensal da lavanderia 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Consumo [kWh] 17 5.2. Simulação utilizando o software PV*SOL Para a realização desse estudo foi utilizado o software PV*SOL, que traz uma variedade de elementos mais detalhados para inserir no sistema, como tipo de módulo solar, modelo de ligação do sistema fotovoltaico e outros equipamentos utilizados para estudo. Com essas informações inseridas no software, são feitas simulações para possíveis configurações do sistema e assim auxiliar em resultados mais profundos e exatos. De acordo com a base de dados do Meteonorm utilizada pelo PV*SOL, é possível verificar que a irradiação global é de 1.745 kWh/m²/ano ou 4,78 kWh/m²/dia, conforme mostrado na Figura 13. Figura 13 – Dados do PV*SOL 5.2.1. Características do Módulo Solar O software PV*SOL possuiuma base de dados com diversos modelos de módulos solares. Para o projeto do sistema fotovoltaico simulado, foi sugerido o modelo KuMax CS3U-335P da marca Canadian Solar mostrado na Figura 14 e, cujas características principais estão na Tabela 2, e a folha de dados no Anexo II. 18 Figura 14 – Módulo KuMax CS3U-335P Tensão PMP 38,20 V Corrente PMP 8,77 A Tensão de circuito aberto 45,70 V Corrente de curto-circuito 9,28 A Fator de enchimento 78,99 Potência nominal 335 W Eficiência 16,89 % Dimensões 2000 x 992 x 40 mm Peso 22,40 kg Superfície fotovoltaica 1,98 m² Tabela 2 – Características principais do módulo KuMax CS3U-335P 5.2.2. Características do Inversor O software PV*SOL possui uma base de dados com diversos modelos de inversores. Para o projeto do sistema fotovoltaico simulado, foi sugerido o modelo SE27.6K da marca Solar Edge mostrado na Figura 17 e, cujas características principais estão Tabela 3, e a folha de dados no Anexo III. 19 Figura 15 – Inversor SE27.6K Potência nominal CC 37,25 kW Potência nominal CA 27,60 kW Tensão de entrada máxima 900 V Tensão nominal CC 750 V Potência CC máxima 37,25 kW Potência CA máxima 27,60 kVA Corrente de entrada máxima 40 A Conexão à rede trifásico Tabela 3 – Características principais do Inversor solar SE27.6K Além disso, para a utilização desse inversor é necessário o otimizador de potência P730 mostrado na Figura 19 e, cujas características principais estão na Tabela 4, e a folha de dados no Anexo IV. Com o otimizador, é possível que cada módulo esteja sempre trabalhando em suas condições ótimas e que não interfiram entre si. Módulos com sombreamento deixaram de ser um problema para o arranjo todo e passaram a ser um problema pontual apenas. Limitações como módulos de mesmas características, mesma angulação, e azimute já não fazem mais sentido. A solução Solar Edge utiliza tensão constante na entrada CC dos seus inversores. O tamanho da série (string) é determinado pela potência e não pela tensão. Isso significa mais módulos em série, o que significa menos material (cabos, DPS, interruptores seccionadores, fusíveis). 20 Figura 16 – Otimizador de potência P730 Potência nominal CC 730,0 W Corrente de entrada máxima 11,0 A Tensão de entrada máxima 125,0 V Corrente de saída máxima 15,0 A Tensão de saída máxima 85,0 V Tabela 4 – Características principais do Otimizador de potência P730 Vantagens de utilizar a tecnologia MLPE da Solar Edge [13]: Garantia o Standard – 12 a 15 anos o Estendida – até 25 anos Produção o Em testes independentes, MLPE produz até 25% a mais de energia o MPPT por painel/otimizador, logo cada módulo produz a energia máxima sem ser afetado pelo desempenho de outros módulos o Monitoramento individual de cada módulo fotovoltaico Segurança o Corrente contínua de baixa tensão ou dispositivo Safe DC – Sem Tensão CC durante a instalação ou manutenção. Otimizadores de energia e cabos 21 CC desligam automaticamente quando o inversor está desligado ou desconectado o Proteção contra falha de arco integrado (Tipo 1) em conformidade com a NEC 2011 690.11 o “Rapid Shutdown” - Funcionalidade integrada de Desligamento Rápido Automático, em conformidade com a NEC 2014 690.12 Instalação o Instalação flexível, fácil e segura Desenho flexível o Várias configurações de instalação o Desenho totalmente seguro o Sistema modular Monitoramento individual 5.2.3. Resultados da simulação no software PV*SOL Após realizada a descrição do funcionamento do software, serão apresentados os resultados obtidos através da simulação. A Figura 21 representa o diagrama do sistema. Figura 17 – Diagrama do sistema A Figura 22 representa o posicionamento dos módulos no telhado da lavanderia. 22 Figura 18 – Posicionamento dos módulos no telhado A Figura 23 representa a ligação dos strings no inversor. Figura 19 – Ligação dos strings no inversor A Tabela 5 apresenta a geração mensal de energia fotovoltaica produzida pelos módulos solares. No Gráfico 2, temos o consumo e a geração mensal do sistema dimensionado. Nota-se que a energia fornecida pelos painéis é a mesma que a energia consumida pela lavanderia vinda da rede. Como o consumo de energia da lavanderia se dá no mesmo 23 período de geração de energia pelos painéis solares, logo a energia gerada está sendo totalmente consumida. Mês Geração [kWh] Janeiro 4.118 Fevereiro 3.753 Março 4.163 Abril 3.466 Maio 3.734 Junho 2.975 Julho 3.625 Agosto 3.618 Setembro 3.436 Outubro 3.757 Novembro 3.648 Dezembro 3.807 Média 3.675 Tabela 5 – Geração mensal da lavanderia Gráfico 2 – Consumo anual e geração da lavanderia 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Consumo [kWh] Geração solar [kWh] 24 CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA Este capítulo tem a finalidade de analisar a viabilidade econômica do projeto. 6.1. Projeção do aumento da tarifa de energia elétrica em função do tempo de uso do SFCR Para a elaboração desse trabalho considerou-se o tempo de uso de vinte e cinco anos do SFCR, com a tarifa atual aplicada pela Enel, para um consumidor grupo B, subgrupo B1 convencional de R$ 1,02912/kWh (com impostos: ICMS e PIS/COFINS). Foi considerado um reajuste conservador de aumento de 8,5% ao ano, que é devido à infraestrutura energética que necessita de mais investimentos que não estão acompanhando o crescimento da demanda pela energia. A tabela 6 mostra os referidos valores. Ano Tarifa [R$/kWh] Ano Tarifa [R$/kWh] 2019 1,02912 2032 2,97203 2020 1,11660 2033 3,22465 2021 1,21151 2034 3,49874 2022 1,31448 2035 3,79614 2023 1,42621 2036 4,11881 2024 1,54744 2037 4,46891 2025 1,67898 2038 4,84876 2026 1,82169 2039 5,26091 2027 1,97653 2040 5,70809 2028 2,14454 2041 6,19327 2029 2,32682 2042 6,71970 2030 2,52460 2043 7,29088 2031 2,73919 2044 7,91060 Tabela 6 – Previsão de aumento da tarifa ao longo dos vinte e cinco anos 25 6.2. Cotação do projeto em condições reais O projeto foi cotado em condições reais com a potência instalada do SFCR de 28,81 kWp com os seguintes equipamentos: 86 módulos Canadian de 335 Wp; 1 Inversor SolarEdge de 27,6 kW; Estruturas metálicas de fixação; Proteções elétricas; Cabos e conexões; Instalação; Projetos e ART; Regularização junto à concessionária Enel. O valor cotado para realizar a instalação nessas condições é de R$ 124.614,00 para o pagamento à vista. 6.3. Custo de operação e manutenção ao longo do tempo de utilização do SFCR A manutenção do sistema de energia solar é mínima e de baixo custo, no entanto não deve ser esquecida. A manutenção é muito simples e pode ser feita pelo próprio usuário. Consiste em limpar os módulos solares a cada ano ou quando o sistema apresentar queda na produção de energia. Com isso conclui-se que a manutenção de um sistema de energia solar tem um custo baixo e não representa mais do que 2,0% por ano do custo total do sistema. Considerando os custos de implantação do SFCR já mencionados anteriormente, o custo de operação e manutenção durante a vida útil do sistema fotovoltaico ideal será de R$ 196.062,17. 26 6.4. Período de Payback Informa simplesmente o momento em que as entradas e saídas de caixa se igualam no tempo. Quanto menor o período de payback, mais atrativo se torna o investimento. Ignora a ordem na qual o Fluxo de Caixa é gerado dentro do período de payback e não leva em consideração o Custo de Oportunidade do Capital, ou seja, ignora o valor do dinheiro no tempo. Considerando o custo do SFCR durante vinte e cinco anos, ou seja, somando os valores do custo de investimentoinicial, do custo de reposição dos inversores durante a vida útil do SFCR e do custo de operação e manutenção do sistema, os custos totais do sistema serão conforme a Tabela 7. Custo de Operação e Manutenção (durante 25 anos) R$ 196.062,17 Custo de implantação R$ 124.614,00 Tabela 7 – Custo do SFCR ao longo dos 25 anos Para calcular a economia que o sistema gerou ao ser instalado, calcula-se o custo evitado, ou seja, a soma das faturas de energia elétrica que se deixarão de pagar ao longo dos anos por ter o SFCR instalado, considerando a perda de eficiência do módulo fotovoltaico de 0,50 % ao ano e o custo de disponibilidade do sistema trifásico que é 100 kWh, conforme mostrado na Tabela 8. 27 Ano Geração anual considerando perda de eficiência [kWh] Tarifa [R$ / kWh] Economia anual [R$] 2020 43.099 1,11660 R$ 46.784,22 2021 42.776 1,21151 R$ 50.369,27 2022 42.455 1,31448 R$ 54.228,95 2023 42.137 1,42621 R$ 58.384,29 2024 41.821 1,54744 R$ 62.857,92 2025 41.507 1,67898 R$ 67.674,23 2026 41.196 1,82169 R$ 72.859,44 2027 40.887 1,97653 R$ 78.441,81 2028 40.580 2,14454 R$ 84.451,74 2029 40.276 2,32682 R$ 90.921,98 2030 39.974 2,52460 R$ 97.887,74 2031 39.674 2,73919 R$ 105.386,99 2032 39.376 2,97203 R$ 113.460,55 2033 39.081 3,22465 R$ 122.152,39 2034 38.788 3,49874 R$ 131.509,84 2035 38.497 3,79614 R$ 141.583,85 2036 38.208 4,11881 R$ 152.429,26 2037 37.922 4,46891 R$ 164.105,14 2038 37.637 4,84876 R$ 176.675,03 2039 37.355 5,26091 R$ 190.207,37 2040 37.075 5,70809 R$ 204.775,81 2041 36.797 6,19327 R$ 220.459,65 2042 36.521 6,71970 R$ 237.344,25 2043 36.247 7,29088 R$ 255.521,51 2044 35.975 7,91060 R$ 275.090,33 Economia total R$ 3.551.720,77 Tabela 8 – Economia do SFCR ao longo dos 25 anos Para efeito de cálculo do retorno de investimento, deve-se considerar o investimento total da implantação do SFCR já mencionado anteriormente, o custo de 28 operação e manutenção e a economia em anos gerada pelo sistema fotovoltaico instalado. Com essas informações é possível estimar em anos o tempo de retorno do investimento, conforme mostrado na Tabela 9 e pelo Gráfico 3. Ano Fluxo de caixa acumulado [R$] 2019 -R$ 124.614,00 2020 -R$ 80.322,06 2021 -R$ 32.656,91 2022 R$ 18.638,06 2023 R$ 73.838,99 2024 R$ 133.242,96 2025 R$ 197.169,65 2026 R$ 265.963,02 2027 R$ 339.993,14 2028 R$ 419.658,20 2029 R$ 505.386,63 2030 R$ 597.639,37 2031 R$ 696.912,38 2032 R$ 803.739,26 2033 R$ 918.694,12 2034 R$ 1.042.394,63 2035 R$ 1.175.505,37 2036 R$ 1.318.741,31 2037 R$ 1.472.871,69 2038 R$ 1.638.724,11 2039 R$ 1.817.188,94 2040 R$ 2.009.224,10 2041 R$ 2.215.860,14 2042 R$ 2.438.205,78 2043 R$ 2.677.453,80 2044 R$ 2.934.887,39 R$ 3.041.251,50 Tabela 9 – Fluxo de caixa acumulado do SFCR ao longo dos 25 anos 29 Para o investimento de instalação do SFCR, o tempo de retorno é estimado em aproximadamente 2,8 anos. Gráfico 3 – Fluxo de caixa acumulado do SFCR ao longo dos 25 anos 6.5. Valor Presente Líquido (VPL) O Valor Presente Líquido (VPL) é calculado para sabermos qual o valor atual de um investimento, bem como a sua rentabilidade. O cálculo do VPL é feito atualizando-se todo o fluxo de caixa de um investimento para o valor de hoje, utilizando uma taxa de desconto no cálculo conhecida como Taxa Mínima de Atratividade (TMA). A fórmula para o cálculo da VPL é a seguinte: 𝑉𝑃𝐿 = ∑ 𝐹𝐶𝑗 (1+𝑇𝑀𝐴)𝑗 𝑛 𝑗=1 (2) Onde: 𝐹𝐶 = Fluxo de caixa 𝑇𝑀𝐴 = Taxa mínima de atratividade 𝑗 = período de cada fluxo de caixa 𝑛 = período final do investimento -500.000 0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000 3.000.000 3.500.000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Fluxo de caixa acumulado [R$] 30 A interpretação para o VPL é de que se for positivo o investimento é rentável, e se for negativo, não é rentável, portanto não compensa ao investidor. Os valores da VPL podem variar, ainda, conforme a taxa considerada, pois quanto maior for a Taxa Mínima de Atratividade menor será o VPL. [14] Portanto, para o investimento feito temos que o VPL é de R$ 801.649,94. 6.6. Taxa Interna de Retorno (TIR) A TIR é calculada para um VPL que seja igual a zero, onde o investimento não dá lucro nem prejuízo. O cálculo é feito somando-se cada entrada do fluxo de caixa menos o investimento inicial, em que este valor seja igual a zero, através da fórmula: [15] 𝑉𝑃𝐿 = 0 = ∑ 𝐹𝐶𝑖 (1+𝑇𝐼𝑅)𝑖 𝑛 𝑖=1 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (3) Onde: 𝐹𝐶 = Fluxo de Caixa 𝑖 = período de cada investimento 𝑛 = período final do investimento Portanto, para o investimento feito temos que a TIR é de 43,1%. 6.7. Análise dos resultados A TIR e a Taxa Mínima de Atratividade possuem uma relação em que: Se a TIR for maior que a Taxa Mínima de Atratividade, o VPL é positivo e o investimento é bom; Se a TIR for menor que a Taxa Mínima de Atratividade, o VPL é negativo e o investimento é ruim [14]. Com esses resultados, é visível a oportunidade de investir com consciência, pensando não somente no retorno financeiro como também na sustentabilidade e políticas públicas para a disseminação do sistema fotovoltaico conectado à rede para a sociedade. 31 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO No Brasil, a principal fonte de geração de energia elétrica é por meio das hidrelétricas, porém com as secas e maior escassez do recurso hídrico no país torna-se necessário a geração de energia elétrica através de outras fontes para suprir o consumo enérgico nacional. O aumento do uso das usinas térmicas, aumento do dólar e com o auxílio de outros fatores externos a conta de energia elétrica encareceu ainda mais no país, fazendo com que se tornasse mais interessante o investimento em fontes alternativas de energia elétrica, como a solar, que é o foco deste trabalho. O Rio de Janeiro apresenta também condições favoráveis para a implantação de SFCR, como foi visto pelo atlas fotovoltaico do Estado do Rio de Janeiro. Potencial esse que deve ser mais bem aproveitado pela sociedade para colaborar com o desenvolvimento sustentável do Estado. Entretanto, ao se implantar um SFCR em uma edificação já existente, cabe aos responsáveis técnicos calcular e identificar se é possível e viável técnica e financeiramente a aplicação dessa tecnologia. O local desejado para implantação do sistema precisa ser analisado levando em consideração todas as características presentes e futuras na área de instalação e em torno da mesma e as expectativas do investidor. Com base em todas as análises realizadas nesse estudo, foi possível notar que a geração de energia elétrica por meio de fontes renováveis, como a energia fotovoltaica, não é só viável como pode prover um bom investimento financeiro, quando feita a análise ao longo de vinte e cinco anos, do contrário países desenvolvidos como a Alemanha não teriam aderido a esta fonte de energia renovável. Então se conclui que para esse estudo da implantação SFCR na lavanderia é recomendável a execução do projeto. Além de gerar um bom retorno financeiro serviria como um excelente incentivo para a sociedade em geral, mostrando a tecnologia para a população de Cabo Frio e informando a ela como é possível realizar o desenvolvimento sustentável. 32 REFERÊNCIAS [1] eCycle. Encontrado em: <https://www.ecycle.com.br/2890-energia-solar> [2] PEREIRA, L.et.al. “Atlas Brasileiro de Energia Solar”, 1ª Edição, 2006. [3] TISST, Energia Solar Térmica – Energia Solar, 2016. 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[9] CRESESB, Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio de Salvo Brito – Energia Solar Princípios e Aplicações, 2006. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/download/tutorial/tutorial_solar_2006.pdf>. [10] KRENZINGER, A.; BLAUTH, Y. B.; WISBECK, J. O. – Seguidor Dinâmico de Máxima Potência para Painéis Solares. Apresentado no XIV Congresso Brasileiro de Automática, pp. 985-990, 2002. [11] PRADO JÚNIOR, F. A. A. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro, 1ª Edição, Editora Ediouro, 2004. [12] Google Earth Pro, 2019 [13] Ecori Energia Solar. Encontrado em: http://www.ecorienergiasolar.com.br/sistemas/solaredge [14] Dicionário Financeiro. Encontrado em: https://www.dicionariofinanceiro.com/valor-presente-liquido/ [15] Dicionário Financeiro. Encontrado em: https://www.dicionariofinanceiro.com/tir- taxa-interna-retorno/ http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata http://www.ecorienergiasolar.com.br/sistemas/solaredge https://www.dicionariofinanceiro.com/valor-presente-liquido/ 33 ANEXO I FATURA DA LAVANDERIA 34 ANEXO II FOLHA DE DADOS DO MÓDULO FOTOVOLTAICO 35 36 ANEXO III FOLHA DE DADOS DO INVERSOR 37 38 ANEXO IV FOLHA DE DADOS DO OTIMIZADOR 39
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