Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG CAMPUS PASSOS – MG FACULDADE DE ENGENHARIA DE PASSOS THAYLAN FERNANDA TEIXEIRA SILVA ESTUDO DE CASO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO APLICADO A UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR NO MUNICÍPIO DE ARCOS – MG PASSOS – MG 2023 THAYLAN FERNANDA TEIXEIRA SILVA ESTUDO DE CASO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO APLICADO A UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR NO MUNICÍPIO DE ARCOS – MG Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Unidade Passos, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil. Orientador (a): Profª. MSc. Marielza Corrêa dos Reis PASSOS – MG 2023 THAYLAN FERNANDA TEIXEIRA SILVA ESTUDO DE CASO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO APLICADO A UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR NO MUNICÍPIO DE ARCOS – MG Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Unidade Passos, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Área de Concentração: Tecnologia e Sistemas Construtivos Passos-MG, 14 de fevereiro de 2023. Comissão Examinadora: _______________________________________ Profª. MSc. Marielza Corrêa dos Reis (Presidente e Orientadora) Universidade do Estado de Minas Gerais _______________________________________ Profº. PhD. João Vicente Zampieron (Membro) Universidade do Estado de Minas Gerais _______________________________________ Profº. MSc. Henrique Machado Francklin (Membro) Universidade do Estado de Minas Gerais PASSOS – MG 2023 Dedico este trabalho aos meus pais por toda dedicação, ao meu irmão por estar sempre ao meu lado,aos meus amigos pelo apoio e pela confiança. AGRADECIMENTOS Agradeço ao Deus por todas as oportunidades a mim concedidas, pelo livre arbítrio e por me conduzir de forma silenciosa, intensa e assídua até o ponto de chegada de cada caminho por mim escolhido; “Não lhe direi as razões que tens para me amar, pois elas não existem. A razão do amor é o amor.”: Obrigado sempre! Aos meus pais, que tantas vezes abdicaram de seus sonhos em função dos meus, a vocês meu amor recíproco e minha infinita gratidão. Dedico essa conquista a vocês. A todos os meus familiares, irmão, cunhada e sobrinho meu porto seguro, o meu muito obrigado. Aos meus amigos, anjos que tantas vezes me ergueram e me emprestaram suas asas para que eu alçasse voo, a minha gratidão. Grande parte desta conquista foi em função da fidelidade de vocês. Agradeço em especial à minha orientadora Profª. Marielza Corrêa dos Reis, pela atenção disponibilizada a mim nesta reta final de graduação (me orientando quando tudo parecia “desorientado” demais na minha cabeça), mas principalmente por todos os ensinamentos divididos comigo no decorrer do curso; a você, todo meu respeito e admiração. Ensinar é uma arte e você é uma grande protagonista. Agradeço também a todos os outros professores que nesta caminhada compartilharam comigo um pouco de suas experiências e muito do seu saber. A vocês e à Marielza, uma frase define meu sentimento neste momento: Parte do que eu sou hoje como pessoa e como profissional tem muito de vocês, me espelho em cada um. Agradeço a um Grande amigo e Profº. Romulo Amaral Faustino Magri, a você minha eterna gratidão, pela oportunidade de estar aqui hoje. O meu agradecimento extensivo a todos os que de alguma forma contribuíram para a realização deste sonho, seja com palavras de incentivo, gestos ou atitudes. A vocês, minha sincera gratidão. https://www.psicanaliseclinica.com/pequeno-principe-melhores-frases/#13_Nao_lhe_direi_as_razoes_que_tens_para_me_amar_pois_elas_nao_existem_A_razao_do_amor_e_o_amor https://www.psicanaliseclinica.com/pequeno-principe-melhores-frases/#13_Nao_lhe_direi_as_razoes_que_tens_para_me_amar_pois_elas_nao_existem_A_razao_do_amor_e_o_amor RESUMO Atualmente, os países buscam maneiras para geração de energia elétrica, que degrade menos o meio ambiente e que seja sustentável. Nesse quesito, com o aumento populacional a utilização da energia fotovoltaica vem expandindo bastante. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo o estudo de caso de um projeto básico de um sistema fotovoltaico conectado à rede de distribuição de energia elétrica para uma residência localizada no município de Arcos-MG. Primeiramente foi feita a revisão bibliográfica abordando os principais tópicos do tema. A seguir foi analisado os dados de gasto anual de energia da residência para que fosse possível o dimensionamento dos módulos fotovoltaicos e do inversor de frequência do sistema proposto, através do software i.SALES. Na etapa final foi calculado o tempo de retorno do investimento realizado no projeto. De acordo com as análise e cálculos realizados, o sistema descrito neste trabalho foi constituído de 6 módulos fotovoltaicos conectados a um inversor de 5 kW. Gerando uma potência anual de 4.821kWh e com uma potência instalada de 3,30kWp, e tendo um retorno de investimento em 3 anos no valor de R$ 970.336,16. Palavras-chave: Sistema Fotovoltaico. Geração de energia. Sustentabilidade. Sistemas construtivos ABSTRACT Currently, countries are looking for ways to generate electricity that degrade the environment less and are sustainable. In this regard, with the population increase, the use of photovoltaic energy has been expanding a lot. Therefore, this work aims at the case study of a basic project of a photovoltaic system connected to the electricity distribution network for a residence located in the municipality of Arcos-MG. First, a bibliographic review was carried out addressing the main topics of the theme. Next, the annual energy expenditure data of the residence was analyzed so that it was possible to dimension the photovoltaic modules and the frequency inverter of the proposed system, through the i.SALES software. In the final step, the payback time for the investment made in the project was calculated. According to the analysis and calculations performed, the system described in this work consisted of 6 photovoltaic modules connected to a 5 kW inverter. Generating an annual power of 4,821kWh and with an installed power of 3.30kWp, and having a return on investment in 3 years in the amount of R$ 970,336.16. Keywords: Photovoltaic System. Power generation. Sustainability. constructive systems LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Total diário da irradiação global horizontal ............................................................ 16 Figura 2 – Irradiação solar e área, por país............................................................................... 17 Figura 3 – Componentes de um sistema ligado à rede. ............................................................ 22 Figura 4 – Configurações de centrais fotovoltaicas com um (a) ou vários inversores (b). ...... 24 Figura 5 – Primeiro sistema fotovoltaico centralizado ............................................................. 24 Figura 6 – String Box ............................................................................................................... 27 Figura 7 – Controlador de Carga Solar ..................................................................................... 28 Figura 8 – Banco de Baterias .................................................................................................... 29 Figura 9 – Inversores ................................................................................................................ 29 Figura 10 – Célula solar ...........................................................................................................30 Figura 11 – Módulo fotovoltaico .............................................................................................. 31 Figura 12 – Classificações dos conversores CC/CA ................................................................ 33 Figura 13 – Exemplos de placas indicativas de alerta. ............................................................. 34 Figura 14 – Fluxograma de estruturação da pesquisa............................................................... 35 Figura 15 – Inversor ................................................................................................................. 37 Figura 16 – Painel Fotovoltaico antes da aplicação ................................................................. 37 Figura 17 – Painel montado na Residência .............................................................................. 38 Figura 18 – Gráfico produção anual ......................................................................................... 38 Figura 19 – Especificação técnica dos módulos fotovoltaicos ................................................. 41 Figura 20 – Especificação técnica do inversor ......................................................................... 42 Figura 21 – Desenho da Estrutura Metálica ............................................................................. 43 Figura 22 - Placa de advertência a ser fixada em frente ao padrão de entrada ......................... 43 Figura 23 – Localização da Residência .................................................................................... 46 Figura 24 – Gráfico retorno investimento ................................................................................ 50 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Simulador de retorno financeiro ............................................................................. 36 Tabela 2 – dimensionamento da instalação .............................................................................. 47 Tabela 3 – Dimensionamento do agrupamento de módulos geradores .................................... 48 Tabela 4 – Dimensionamento dos circuitos .............................................................................. 49 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR Normas Brasileiras SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 12 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14 2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 14 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15 3.1 ENERGIA SOLAR ....................................................................................................... 15 3.1.1 Mapa de Irradiação solar no Brasil .................................................................................. 15 3.2 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS NO BRASIL ......................................................... 17 3.2.1 Oportunidades .................................................................................................................. 17 3.2.2 Cadeia Produtiva ............................................................................................................. 18 3.3 PRINCIPAIS TIPOS DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS ...................................... 19 3.3.1 Silício Monocristalino ..................................................................................................... 19 3.3.2 Silício Multicristalino ...................................................................................................... 20 3.3.3 Filmes Finos .................................................................................................................... 20 3.4 APLICAÇÕES DOS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ........................................... 21 3.4.1 Sistemas Fotovoltaicos domésticos isolados ou autônomos (OFF GRID / ON GRID) .. 21 3.4.2 Sistemas Fotovoltaicos não domésticos isolados ............................................................ 22 3.4.3 Sistemas Fotovoltaicos distribuídos conectados à rede elétrica ...................................... 23 3.4.4 Sistemas Fotovoltaicos centralizados conectados à rede elétrica .................................... 23 3.5 LEGISLAÇÃO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS NO BRASIL ....................... 25 3.6 PAINÉIS FOTOVOLTAICOS .................................................................................... 26 3.6.1 String box ........................................................................................................................ 26 3.6.2 Controladores de cargas................................................................................................... 27 3.6.3 Banco de baterias ............................................................................................................. 28 3.6.4 Inversores ........................................................................................................................ 29 3.7 GERADOR FOTOVOLTAICO OU CAMPO SOLAR ............................................ 30 3.7.1 Célula Solar ..................................................................................................................... 30 3.7.2 Módulo Fotovoltaico ....................................................................................................... 31 3.8 SISTEMAS DE CONDICIONAMENTO DE PÔTENCIA ...................................... 32 3.8.1 Reguladores de tensão ..................................................................................................... 32 3.8.2 Conversores CC-CA ........................................................................................................ 32 3.9 SEGURANÇA E PROTEÇÕES .................................................................................. 34 4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 35 4.1 ESTUDO DE CASO ..................................................................................................... 35 4.2 SIMULADOR ................................................................................................................ 36 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 40 5.1. INSTALAÇÃO DA MICROUSINA FOTOVOLTAICA ........................................ 40 5.1.1. Características gerais ...................................................................................................... 40 5.2. MÓDULO FOTOVOLTAICO ................................................................................... 41 5.3. INVERSOR SOLAR .................................................................................................... 41 5.4. ESTRUTURA METÁLICA ........................................................................................ 42 5.5. PADRÃO DE ENTRADA ........................................................................................... 43 5.6. MEDIDOR BIDIRECIONAL .................................................................................... 44 5.7. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CC E CA ............................................................ 45 5.8. CONDUTORES E ELETRODUTOS........................................................................ 45 5.2. LOCAL DA INSTALAÇÃO ....................................................................................... 46 5.3. DETERMINAÇÃO DO CONSUMO DE CARGA ELÉTRICA ............................. 46 5.4. DIMENSIONAMENTO DOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS ............................... 47 5.4.1 Cálculos elétricos ............................................................................................................. 48 5.4.3 Seção mínima e capacidade de condução ........................................................................ 48 5.5. CÁLCULO DO RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO (PAYBACK)............. 49 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52 12 1 INTRODUÇÃO O consumo de eletricidade, logo após a revolução industrial, teve um aumento da demanda decorrente do progresso tecnológico e do avanço no desenvolvimento humano que são apontados como os fatores mais importantes na aceleração das alterações climáticas e ambientais observadas e descritas pela comunidade científica. Em função desse grande potencial, muitos materiais vêm sendo testados e utilizados no seguimento de construção civil onde, provavelmente, na segunda década deste século, o consumo de energia nos países desenvolvidos seja ultrapassado pelo consumo nos países em desenvolvimento em virtude da melhoria dos parâmetros socioeconômicos nesses países (PEREIRA et al., 2017). Sabe-se que no Brasil, as hidrelétricas, são responsáveis por cerca de 65% de toda energia gerada no país. No entanto existem outros meios de geração que são tão eficientes quanto, e que são considerados melhores para o meio ambiente, ou seja, sustentáveis. A necessidade de gerar energia com o menor impacto ambiental, com um procedimento mais sustentável, tornou-se o maior objetivo. Uma das possibilidades é a produção de energia elétrica a partir da radiação solar. Esse processo é realizado com a utilização de células fotovoltaicas, onde o componente fundamental é o silício, elemento farto no planeta (MATAVELLI AUGUSTO, 2013). A tecnologia fotovoltaica foi difundida inicialmente em países desenvolvidos, como Alemanha e Estados Unidos, hoje se tornou popular em vários países, ganhando mercado inclusive no Brasil, graças a produção em larga escala o que diminui os custos e a torna mais acessível. Os painéis fotovoltaicos possibilitam a maneira mais inteligente de se converter a energia solar diretamente em energia elétrica, quando a luz solar atinge uma célula fotovoltaica, é formada uma corrente elétrica pequena, sendo assim recolhida e injetada para os outros componentes que formam o sistema. Partindo em busca de um consumo eficiente de energia e tendo em vista a preocupação com o meio ambiente, este trabalho propôs identificar o dimensionamento e processo de instalação de um sistema fotovoltaico em uma residência unifamiliar no município de Arcos – MG e ressaltar sua viabilidade como fonte energética de consumo. 1.1 JUSTIFICATIVA A demanda mundial de energia cresce continuamente e a sua geração está baseada na utilização de combustíveis fósseis. como por exemplo, petróleo e seus derivados. carvão e gás natural. Esse modelo predominante tem impactos relevantes na natureza. É necessário que 13 a sociedade construa um novo modelo energético baseado no aproveitamento racional e sustentável de fontes não renováveis e renováveis de energia. A energia solar fotovoltaica apresenta-se como uma alternativa viável de geração de energia renovável, confiável e com alto valor tecnológico agregado. Embora haja um planejamento por parte das empresas no setor de distribuição elétrica com o intuito de atender a demanda atual e futura de energia, sabemos que há instabilidade hídrica que assola o país gera aumentos recorrentes no valor da energia elétrica entregue aos consumidores, o que sobrecarrega as famílias brasileiras. Os altos custos com energia elétrica somados à diminuição dos preços dos equipamentos fotovoltaicos tornam cada vez mais atrativo a geração distribuída (EPE, 2012). Implementar um projeto de geração distribuída na modalidade de autoconsumo remoto pode trazer vantagens além de reduzir o valor total da fatura. A oportunidade de gerar a própria energia em um único local facilita a manutenção e operação da unidade geradora, sendo que essa responsabilidade fica por conta de apenas uma unidade, evitando, assim, custos com manutenção e operação (MATOS, 2019). Esse trabalho proporcionou um estudo de caso do dimensionamento e o processo de instalação de um sistema fotovoltaico em uma residência unifamiliar para analisar sua viabilidade como fonte energética de consumo. Ao utilizar a fonte FV para gerar a própria energia, automaticamente o proprietário passa a contribuir com a sustentabilidade do planeta, usando uma fonte abundante e renovável, evitando a emissão de gases do efeito estufa e melhorando a sua postura geral em relação ao meio ambiente. 14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Apresentar através de um estudo de caso o dimensionamento e processo de instalação de um sistema fotovoltaico em uma residência unifamiliar no município de Arcos – MG e ressaltar sua viabilidade como fonte energética de consumo. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Compreender a energia solar e suas características gerais como fonte de energia. - Fornecer base teórica sobre sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição local; - Entender o funcionamento e componentes dos sistemas solar fotovoltaico e suas instalações isoladas ou conectadas a rede. - Estudar a análise de custo do uso da energia fotovoltaica. - Propor o dimensionamento do sistema fotovoltaico para uma residência domiciliar. 15 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 ENERGIA SOLAR O Sol é uma fonte de energia tão intensa que pode ser considerado uma imensa fornalha de forma esférica em função dos gradientes de temperatura e linhas de emissão e absorção encontradas na atmosfera solar, estima-se que nessa estrela tenha uma reserva de hidrogênio por mais 5 bilhões de anos (CRESESB/CEPEL, 2014). Energia solar corresponde à energia proveniente da luz e do calor emitidos pelo Sol. Essa fonte de energia pode ser aproveitada de forma fotovoltaica ou térmica, gerando energia elétrica e térmica, respectivamente. Por ser considerada uma fonte de energia limpa, a energia solar é uma das fontes alternativas mais promissoras para obtenção energética. A propagação dos raios solares na terra corresponde ao valor de 1.367 W/m². Considerando o raio da Terra 6.371 Km, temos uma potência total disponibilizada de 174 mil TW (SOUZA, 2015). A grande responsável pela manutenção da vida na terra e que também é indiretamente responsável pelas energias hidráulica, biomassa, eólica e combustíveis fosseis, é a radiação solar. Dessa maneira constitui uma fonte energética inesgotável (NIEDZIALKOSKI, 2013). 3.1.1 Mapa de Irradiação solar no Brasil O Atlas brasileiro de energia solar (INPE, 2017) apresenta os mapas para três componentes de irradiação solar com as estimativas obtidas pelo modelo BRASIL SR, sendo estas: - Total diário da irradiação global horizontal; - Total diário da irradiação direta normal; - Total diário da irradiação no plano inclinado na latitude. As Figura 1 apresentam a escala em toda sua extensão, contemplando todas as cores e os valores correspondentes utilizados nos mapas de irradiação global horizontal. De acordo com os dados apresentados pelo Atlas brasileiro de energia solar (INPE, 2017), na variabilidadedas médias anuais dos totais diários de irradiação global horizontal ao longo dos anos de 2005 a 2015, a região Sudeste foi a que apresentou a maior variabilidade interanual, com médias entre 4,97 e 5,11 kWh/m² em 50% dos anos entre 2005 e 2015, embora os extremos (4,95 e 5,23 kWh/m²) apresentem amplitude menor que a da Região Sul. 16 Figura 1 – Total diário da irradiação global horizontal Fonte: Atlas brasileiro de energia solar (INPE, 2017). Já as maiores variabilidades foram observadas na primavera e verão nas regiões Sul e Sudeste. Já a primavera é o período do ano em que ocorre a maior variabilidade em quase todas as regiões do Brasil, com exceção do Sudeste, onde a maior variabilidade ocorre no verão. Nas regiões Sudeste e Sul, a maior demanda de energia exige equipamentos maiores, o que faz com que os custos específicos dos componentes complementares do sistema sejam menores, trazendo maior retorno financeiro a essas regiões. Por outro lado, o correto 17 dimensionamento em climas mais quentes permite uma redução de custo que pode tornar atraente economicamente sistemas de aquecimento solar, principalmente os de grande porte. 3.2 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS NO BRASIL 3.2.1 Oportunidades Nos anos 50, iniciou-se o desenvolvimento de módulos fotovoltaicos no Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e no Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA) - hoje Centro Técnico Aeroespacial, sendo realizado, em 1958, o Primeiro Simpósio Brasileiro de Energia Solar. Segundo WWF-Brasil (2015), no final de 2013 havia aproximadamente 139 GW em sistemas fotovoltaicos instalados no mundo, com a maior parcela (36 GW) localizada na Alemanha, Itália e China (18 GW cada). O Brasil tem enorme potencial para a geração de energia solar fotovoltaica, como demonstra a comparação entre os níveis de irradiação solar e extensão territorial do Brasil e de outros países em que essa fonte é bastante utilizada, como é mostrada na Figura 2. Figura 2 – Irradiação solar e área, por país Fonte: SWERA, 2014 (maps.nrel.gov/swera). Empresa de Pesquisa Energética (EPE) (2012) estima o potencial da geração distribuída no País no segmento residencial com sistemas instalados nos telhados das residências em 33 GW médios, o que equivale a 165 GW instalados (com fator de capacidade médio de 20%). O Brasil tem potencial para gerar dezenas de milhares de GW, muito mais que a soma de todas as demais fontes3 juntas. Outras características igualmente importantes a favor da fonte solar fotovoltaica são: -Elevada capacidade de geração de empregos associados à cadeia produtiva; -Proximidade dos centros de demanda e complementaridade com outras fontes renováveis; 18 -Reduzido impacto ambiental ao longo da cadeia produtiva solar fotovoltaica. O governo brasileiro demonstra interesse em desenvolver mais a indústria energética fotovoltaica e com a comercialização e com a produção. Assim, estão sendo analisadas maneiras de disponibilizar financiamentos para a geração e distribuição de energia, a exemplo dos estudos inseridos no Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica, o PROGD (SEBRAE, 2017). 3.2.2 Cadeia Produtiva No Brasil as atividades de Aplicação (Downstream) da cadeia produtiva são inteiramente realizadas por mão de obra nacional e representam a maior parte dos empregos gerados atualmente. Analisando as atividades de Fabricação (Upstream), no cenário brasileiro, apenas 3,8% dos módulos utilizados em novas instalações são provenientes do mercado nacional (GREENER, 2021). Os dez maiores fornecedores de módulos FV no Brasil são internacionais, liderados pela Canadian Solar, representando 926 MWp do total de 4.760 MWp importado em 2020 (GREENER, 2021). A grande maioria do mercado de módulos FV no Brasil é composto de produtos importados, ou seja, os empregos criados pelo elo de fabricação de módulos FV no Brasil é pequeno quando comparado a empregos criados em outras áreas. Em 2020, foi importado 4,9 MW de inversores FV. Das dez maiores empresas no mercado brasileiro de inversores até 9,9 kW, três são nacionais. Das maiores empresas na faixa de 10 a 49,9 kW e acima de 50 kW, apenas duas, em ambos os casos, são de origem nacional (GREENER, 2021). Quando comparado ao mercado de módulos, o mercado brasileiro de inversores apresenta uma participação maior de empresas nacionais. Com relação ao mercado de estruturas, 80% das empresas mais lembradas na visão do integrador em 2020 são de origem nacional (GREENER, 2021). Em termos de visibilidade, o mercado de produção de estruturas, ou seja, a cadeia do alumínio e do aço galvanizado é a mais relevante e importante para geração de empregos nacionais. Um estudo de mercado realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) da Bahia aponta que: “Quanto à cadeia produtiva, destaca-se que este segmento é rico em oportunidades de emprego – estima-se que, para a produção de 3 mil MW, são gerados aproximadamente 142 mil empregos diretos e indiretos. Isso quer dizer que, para cada 1 MW, são abertos 47 postos de trabalho. (...). Como uma cadeia produtiva diversificada e complexa, o segmento conta com micro e pequenas empresas (MPE), 19 que atuam como fornecedoras também para a indústria de fabricação de lingotes, lâminas, células e filmes finos. Isso aumenta o interesse do país em desenvolver este segmento. Contudo, cabe ressaltar que é preciso haver disponibilidade de fornecedores no mercado para fomentarem a competição, evitando o monopólio (SEBRAE, 2017).” 3.3 PRINCIPAIS TIPOS DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS 3.3.1 Silício Monocristalino As células de silício monocristalino são desenvolvidas a partir de um único cristal. Comercialmente, a eficiência dessas células já atinge valores próximos a 16%. Acredita-se que novas tecnologias empregadas na fabricação do silício possam alterar esse quadro. Com esse embasamento ela é frequentemente utilizada como conversor direto de energia solar em energia elétrica. Sistema esse que apresenta tecnologia para produção muito básica, porém consideravelmente organizado. Esse processo se inicia com a retirada do cristal de dióxido de silício do ambiente, depois esse material passa por processos de desoxidação em fornos de grandes dimensões, depois é purificado e solidificado, com esse processo o grau de pureza alcançado oscila entre 98% e 99%, essa pureza é razoavelmente efetiva tendo em vista sua relação custo-benefício, sob o ponto de vista energético. Para a operação da célula fotovoltaica, o silício necessita de outros elementos para atuarem como semicondutores, que apresentam um grau de pureza elevado, chegando a 99,999% de pureza. em reatores sob atmosfera controlada e com velocidades de crescimento do cristal extremamente lentas (da ordem de cm/hora). Sendo que as temperaturas envolvidas são da ordem de 1400 ºC, o consumo de energia neste processo é extremamente intenso e o chamado “energy pay-back time” (tempo necessário para que o painel gere energia equivalente à utilizada em sua fabricação) é superior a três anos (CAMÂRA, 2011). As desvantagens estão relacionadas com o alto custo de produção, devido ao processo construtivo, e ao alto consumo de energia nos processos de fabricação. Acredita-se que novas tecnologias empregadas na fabricação do silício possam alterar esse quadro (PINHO et al., 2008). 20 3.3.2 Silício Multicristalino Entre as tecnologias cristalinas, o silício multicristalino (p-Si) apresenta menor eficiência de conversão, porém possui como vantagem um menor custo de produção em função da sua fabricação não ser tão perfeita quanto o silício monocristalino, envolvendo um processamento mais simples, com um menor índice de consumo energético e pouco rigor quanto a impurezas. O material de execução do silício multicristalino é o mesmo em relação aomonocristalino, porém o processo de fabricação diferencia-se em algumas etapas. O material, no caso multicristalino é fundido e posteriormente solidificado direcionalmente, o que resulta em um bloco com grande quantidade de grãos ou cristais, no contorno dos quais se concentram os defeitos que tornam este material menos eficiente do que o m-Si em termos de conversão fotovoltaica. São esses aspetos que fazem com que uma célula fotovoltaica multicristalina possui diferentes estruturas, imperfeições, não sendo um material monocolor como o silício monocristalino. Em relação aos processamentos posteriores, estes são semelhantes aos utilizados no caso do m-Si, até se obter um módulo fotovoltaico (RÜTHER, 2004; GHENSEV, 2006). Uma técnica que enfatiza o menor preço da célula multicristalina em relação a monocristalina diz respeito ao uso da técnica de produção denominada Ribbon, que consiste em depositar o silício fundido diretamente em camadas sobre um substrato, evitando assim a necessidade de serilhamento e a consequente diminuição na perda de material, o que implica em diminuição dos custos de fabricação (BÜHLER, 2011). Conforme relata Green et. al (2019), a eficiência das células de silício policristalino pode chegar até 22,3%, um pouco abaixo das células monocristalinas. Neste tipo de placa solar, as células possuem um processo de produção mais simples, sendo fabricadas a partir de vários cristais de cilício, por isso, torna-se mais em conta economicamente. Em razão ao modo como é produzido, este módulo apresenta cor mais azulada e um formato quadrado. Por conta da menor pureza do cristal, a eficiência de painéis solares policristalinos é um pouco menor do que os monocristalinos (ELYSIA, 2018). 3.3.3 Filmes Finos A essência deste tipo de placa solar é o depósito de uma ou várias camadas finas de material fotovoltaico sobre um substrato. Esses módulos também são chamados de células fotovoltaicas de película fina (TFPV). Os diferentes tipos painéis solares de filme fino podem ser categorizados por material fotovoltaico que é depositado sobre o substrato. São eles: Silício 21 amorfo (a-Si), Telureto de cádmio (CdTe), Cobre, índio e gálio seleneto (CIS / CIGS), Células solares fotovoltaicas orgânicas (OPV). Dependendo da tecnologia de célula fotovoltaica de filme fino utilizada na placa, os módulos possuem eficiências médias entre 7 e 13%. Apesar de ser considerado baixo, algumas tecnologias de painel de filme fino já estão chegando nos 16%. Isto é: chegando à eficiência dos painéis policristalinos. Em geral, são menos utilizados para sistemas de microgeração. Seu processo produtivo em massa é simples o que os tornaria potencialmente mais baratos do que os módulos de silício. Porém ainda são mais caros e pouco aplicados em sistemas residenciais e industriais. Podem ser fabricados em filmes flexíveis. Este tipo de painel são uma ótima opção para projetos que requerem pouco peso e flexibilidade como: fachadas, janelas, vidros, paredes, roupas, etc. (ELYSIA, 2018) 3.4 APLICAÇÕES DOS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 3.4.1 Sistemas Fotovoltaicos domésticos isolados ou autônomos (OFF GRID / ON GRID) Off grid, em português, quer dizer “fora da rede” ou “desconectado da rede”. São caracterizados por não se conectar à rede elétrica. O sistema abastece diretamente os aparelhos que utilizarão a energia e são geralmente construídos com um propósito local e específico. Esta solução é bastante utilizada em locais remotos já que muitas vezes é o modo mais econômico e prático de se obter energia elétrica nestes lugares. Por exemplo: barcos, motorhomes, postes de iluminação solar, sistemas de rádio transmissão, telefones de emergência em rodovias, entre outros. Isto é: são usados em sistemas que usam baterias e normalmente em regiões isoladas, onde não há acesso à rede elétrica (OVELHA, 2017). O inversor solar grid-tie ou conectado à rede é o mais utilizado em sistemas de energia solar fotovoltaico, não utilizam armazenamento de energia pois toda a geração é entregue diretamente na rede. Sistemas fotovoltaicos interligados à rede elétrica representam uma fonte complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual estão conectados. Todo o arranjo é conectado em inversores e estes fazem a interface com a rede elétrica. Estes inversores devem satisfazer as exigências de qualidade e segurança para que a rede não seja afetada, como sistema anti-ilhamento, distorção harmônica em consonância com as normas aplicáveis, saída CA com forma de onda senoidal pura, proteções contra sobretensões e sobrecorrente, dentre outras. Além de computar dados e informações da geração de energia para que ocorra o monitoramento do desempenho do seu sistema (CAMARA, 2011). 22 A principal vantagem está na utilização da rede da concessionaria elétrica como o acumulador de energia elétrica em forma de créditos energéticos, podendo ser consumido em até 60 meses. Com isso possibilitou otimização de recursos, eliminando o banco de bateria, na qual representava em muitos casos 20% a 60% do investimento. Otimização em módulos solares, possibilitando utilização de quantidade menores de placas em comparação a mesma potência de demanda com um sistema fotovoltaico autônomo (BLUESOL, 2023). Um sistema de energia solar fotovoltaico conectado à rede consiste nos seguintes equipamentos: painéis solares e inversores interativos, conforme mostra a Figura 3. Figura 3 – Componentes de um sistema ligado à rede. Fonte: Instituto Federal Bahia, 2019. 3.4.2 Sistemas Fotovoltaicos não domésticos isolados A configuração não-doméstica isolada (em lugares inóspitos) foi a primeira a ser usada comercialmente na Terra, pois sabe-se que as primeiras formas de utilização de sistema FV surgiram para alimentar satélites em órbita no espaço. Telecomunicações, sistemas de sinalização para navegação ou orientação, bombas d’água, aparelhos de pequeno porte são as principais aplicações desse tipo de sistema FV. São economicamente competitivos pela necessidade de fornecer energia em 33 pequenas quantidades - um sistema de sinalização, por exemplo, é composto de poucos LED’s e necessita de uma bateria pequena para funcionar em períodos de ausência solar (ROCHA; LOCCA, 2009). 23 Carvalho (2012) salienta que este Sistema fornece energia elétrica a serviços específicos como telecomunicação, refrigeração de medicamentos e vacinas em postos de saúde, bombeamento de água, iluminação pública e outros. 3.4.3 Sistemas Fotovoltaicos distribuídos conectados à rede elétrica Segundo Portal Solar (2014) os sistemas fotovoltaicos distribuídos conectados à rede elétrica, são instalados para atender um determinado consumidor, o qual pode utilizar a geração solar para complementar o fornecimento da rede elétrica convencional ou injetar energia elétrica na rede da distribuidora. Este sistema é instalado para fornecer energia ao consumidor, que pode usar a energia da rede elétrica convencional para complementar a quantidade de energia demandada, caso haja algum aumento do consumo de energia em sua residência ou estabelecimento comercial. Os principais componentes dos sistemas fotovoltaicos distribuídos e conectados à rede elétrica são as células ou módulos fotovoltaicos, agrupados em arranjos e inversores CC- CA. Outros equipamentos são utilizados em algumas topologias como conversores CC-CC e transformadores, como apontado por Lacerda (2010). 3.4.4 Sistemas Fotovoltaicos centralizados conectados à rede elétrica Já os sistemas fotovoltaicos centralizados conectados à rede elétrica exercem o mesmo papel das grandes unidades de geração, como térmicas, nucleares e hidrelétricas. Sendo assim executam a função de estações centralizadas de energia. A fonte de alimentação por tal sistema não é associada com um cliente particular da eletricidade. Estes sistemas são tipicamente instaladosem terrenos ou campos e funcionam normalmente a certa distância do ponto de consumo (MAYCOCK, 1981; MARKVART, 2000; RÜTHER et al., 2005; IEA- PVPS, 2006). Uma grande central fotovoltaica fornece a potência é rede elétrica instantaneamente por meio de um ou mais inversores e transformadores (Figura4). 24 Figura 4 – Configurações de centrais fotovoltaicas com um (a) ou vários inversores (b). Fonte: MARKVART, 1994. Esses sistemas utilizam inversores comutados pela rede para evitar a operação isolada, e em geral, são equipamentos com seguidor de ponto de máxima potência (SPMP). A Figura 5 mostra a primeira central de 1 MW de potência nominal em módulos de silício cristalino, montados em sistemas de seguimento em dois eixos, em um deserto próximo a Hysperia, no sul da Califórnia (MARKVART, 1994). Figura 5 – Primeiro sistema fotovoltaico centralizado Fonte: Markvart (1994) 25 Essa instalação foi construída em 1982, próximo a uma subestação e, segundo Strong & Scheller (1993), levou menos de nove meses para ser concluída, suprindo cerca de 100 MWh/mês à rede elétrica de transmissão de alta tensão da concessionária, com poucas interrupções. 3.5 LEGISLAÇÃO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS NO BRASIL A legislação e condições regulatórias envolvendo a geração distribuída no país também devem ser levadas em consideração ao se instalar um módulo solar. Devem ser levados em consideração o Procedimento de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema 25, Elétrico Nacional (PRODIST) e a Resolução Normativa nº 482 (e suas respectivas alterações segundo a Resolução Normativa nº 687). O PRODIST, em seu Módulo 3 - Acesso ao Sistema de Distribuição, visa estabelecer as condições de acesso, compreendendo a conexão e o uso, ao sistema de distribuição, não abrangendo as Demais Instalações de Transmissão – DIT, e definir os critérios técnicos e operacionais, os requisitos de projeto, as informações, os dados e a implementação da conexão, aplicando-se aos novos acessantes bem como aos existentes. Enquanto no Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, o PRODIST estabelece os critérios da qualidade da energia elétrica que será conectada à rede. Este Módulo também deve ser levado em consideração, uma vez que o projeto trata de um sistema fotovoltaico on-grid (conectado à rede). A Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL estabeleceu as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia elétrica e mais recentemente, a Resolução Normativa Nº 687/2015 veio alterar alguns dados da resolução nº482. Segundo ela, a microgeração e minigeração distribuída a partir de centrais geradoras passam a se enquadrar de acordo com a potência limitada nas seguintes faixas de valores: • Microgeração distribuída: potência instalada menor ou igual a 75 kW (anteriormente 100 kW) e que utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; • Minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW (anteriormente 100 kW) e menor ou igual a 3 MW (anteriormente 1 MW) para fontes hídricas, ou menor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou para as demais 26 fontes renováveis de energia elétrica, conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; A resolução determina também que embora as concessionárias não sejam obrigadas a pagar um valor monetário pela energia excedente de geradores distribuídos, são gerados créditos de energia para que possam ser utilizados nos meses subsequentes pelos consumidores/geradores distribuídos e é possível que o crédito gerado seja utilizado por outra unidade consumidora, desde que esta esteja relacionada ao mesmo CPF (Cadastro de pessoa Física) ou CNPJ (Cadastro de Pessoa Jurídica) da unidade consumidora responsável pela geração dos créditos. Mesmo com estes grandes avanços para o micro e mini gerador de energia no Brasil, ainda existem questões fiscais negligenciadas como o ICMS (imposto sobre a circulação de mercadoria) aplicado a esta operação. O Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) define, no Convênio ICMS 6, de 5 de Abril de 2013, questões fiscais relacionadas ao Sistema de Compensação de Energia proposto pela Resolução 482 da ANEEL, conforme cita a sua Cláusula primeira: ― A emissão de documentos fiscais nas operações internas relativas à circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia Elétrica de que trata a Resolução Normativa Nº 482, da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, de 17 de abril de 2012, deverá ser efetuada de acordo com a disciplina prevista neste convênio, observadas as demais disposições da legislação aplicável‖. De acordo com o Convênio, em sua Cláusula segunda, a base de cálculo para a cobrança do ICMS é ―o valor integral da operação, antes de qualquer compensação, correspondente à quantidade total de energia elétrica entregue ao destinatário, nele incluídos‖. Na prática, este convênio implica em um valor da energia injetada na rede pelo micro/mini gerador menor do que o pago para a energia convencional, da rede elétrica, uma vez que se paga o imposto do ICMS na chegada de energia provinda da rede, mas o produtor da microgeração de energia não recebe o imposto de volta no caso de enviar o excedente de volta à rede. 3.6 PAINÉIS FOTOVOLTAICOS 3.6.1 String box Esse equipamento que faz a proteção da parte CC (corrente contínua) da usina e é conectada entre os módulos fotovoltaicos e o inversor. Basicamente ele é o responsável por 27 isolar o sistema de produção de energia fotovoltaica, com o propósito de impedir o risco de propagação de acidentes elétricos, como os curtos-circuitos e os surtos elétricos. Dessa forma, a String Box sacrifica seus componentes e abre o circuito elétrico em que ela está instalada. Analogamente, ela funciona como os disjuntores de energia dentro do seu quadro de distribuição de circuitos (QDC) (MATOS, 2019). Embora sua composição possa se alterar de acordo com o projeto, normalmente é montado dentro de uma caixa com proteção e isolamento adequados. Possui entradas CC, que estão relacionadas aos cabos vindos das strings. Os elementos básicos de uma string box são: o invólucro onde serão alocados os dispositivos de proteção e as conexões elétricas; o dispositivo seccionador, podendo ser implementado com chave seccionadora ou disjuntor; o dispositivo de proteção contra sobretensão – DPS; também dispositivo de proteção contra sobrecorrente, disjuntor ou fusível; não esquecendo dos Cabos CC (SILVA, 2018). Na Figura 6, pode ser observado a string box. Figura 6 – String Box Fonte: Bio Energy Solutions, 2022. 3.6.2 Controladores de cargas O Controlador de Carga é o responsável por realizar o gerenciamento da energia produzida pelos módulos fotovoltaicos e enviá-la para o banco de baterias, de forma segura (VILLALVA, 2015). A tensão produzida pelos módulos fotovoltaicos possui uma variação constante, proporcional a intensidade dos raios solares, e os bancos de baterias não aguentam essa variação, em busca de estabilizar a tensão que será enviada para o seu banco de baterias, ele é usado. O banco de baterias deve ser protegido contra o carregamento excessivo, para que não ocorra sobrecarga ou um descarregamento maior que o permitido. Essa proteção também é 28 feita pelo controlador de carga, limitando, através da tensão, a entrada e saída de energia do banco de baterias (VILLALVA; GAZOLI, 2012). Podemos observar o controlador na Figura 7, e da forma que ele é utilizado. Figura 7 – Controladorde Carga Solar Fonte: Embrar, 2022. 3.6.3 Banco de baterias Banco de baterias ou back-up é um sistema acumulador de energia que serve basicamente para fornecer eletricidade em casos de falha no fornecimento da fonte principal ou nos momentos em que há pouca ou nenhuma radiação, no período da noite ou em dias nublados e/ou chuvosos. Esses bancos são, portanto, fundamentais para garantir a estabilidade dos sistemas elétricos, pois podem entrar em operação quase imediatamente (BHATIA, 2014). Atualmente existem diversos modelos de baterias, sendo que as mais recomendadas são estacionárias. Onde têm como vantagens nas aplicações as funções que demandam por longos períodos de corrente elétrica moderada, ao invés de sobrecargas por poucos segundos, e esse tipo de bateria é projetada para suportar períodos maiores de descarga, por isso tem o tempo de vida útil prolongado e são adequadas para o uso em sistemas solares fotovoltaicos (BHATIA, 2014). Entretanto, tem um custo mais elevado devido a aplicação das baterias. 29 Quando temos uma falta de luz em nossa rua, o sistema fotovoltaico com back-up (banco de baterias), será isolado automaticamente da rede elétrica e a sua casa terá energia por um determinado número de horas de acordo com o tamanho do seu banco de baterias. Na Figura 8 podemos observar como é um banco de baterias. e como é instalado. Figura 8 – Banco de Baterias Fonte: Portal Solar, 2022. 3.6.4 Inversores Sabemos que o inversor fotovoltaico, é um item indispensável no sistema de energia solar, nada mais é que um conversor elétrico, cuja função é transformar a energia produzida pelos módulos solares de corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA), com a finalidade de possibilitar a sua utilização em aparelhos elétricos. Existem diversos tipos de inversores, cada um com características especificas para se adaptar as condições e faixas de potência (CEPEL – CRESESB, 2014). Na Figura 9 a seguir podemos ver os tipos de inversores Figura 9 – Inversores Fonte: Canal solar, 2020. https://canalsolar.com.br/como-funciona-a-energia-solar/ https://canalsolar.com.br/o-que-e-e-para-que-serve-a-placa-de-energia-solar-fotovoltaica/ 30 3.7 GERADOR FOTOVOLTAICO OU CAMPO SOLAR 3.7.1 Célula Solar Segundo a CRESESB (2006) a energia elétrica é obtida da conversão direta da luz por meio do efeito fotovoltaico. Esse efeito, relatado por Edmond Becquerel, em 1839, é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. CRESESB (2006) salienta que o primeiro aparato fotovoltaico foi montado em 1876 e apenas em 1956, quando deu início a produção industrial. A célula fotovoltaica é a unidade fundamental para o processo de conversão. As células fotovoltaicas são dispositivos formados por material semicondutor, que transformam energia luminosa, proveniente do sol ou de outra fonte de luz, em energia elétrica. O semicondutor mais usado na fabricação das células é o silício. Figura 10 – Célula solar Fonte: Portal solar, 2022. 3.7.1.1 Características Os semicondutores se caracterizam pela presença de duas bandas de energia: a banda de valência (onde existe a presença de elétrons) e a banda de condução (totalmente “vazia”, onde não existem elétrons) (FELIPE, 2017). 3.7.1.2 Tipos de células solares Os principais tipos de células disponíveis no mercado são, monocristalinas e policristalinas. As células de silício monocristalinas são cerca de 2% mais eficientes que as policristalinas, a diferença está no custo, pois a policristalina exige um processo de preparação 31 das células menos rigoroso. Quanto às células de silício amorfo, estas possuem uma eficiência menor, e necessitam de uma área de instalação maior. Por outro lado, possuem um processo de fabricação simples e barato, e são mais resistentes ao efeito do sombreamento e altas temperaturas (CUNHA, 2006). 3.7.2 Módulo Fotovoltaico Módulo Solar Fotovoltaico (Figura 11) está definido na norma NBR 10899 (ABNT, 2013) como um conjunto de células fotovoltaicas, tornando-se a unidade básica de um sistema solar fotovoltaico. É o responsável por captar a irradiação solar e a transformar em energia elétrica. Comparado com os demais componentes de um gerador solar fotovoltaico, possui eficiência baixa, com o melhor módulo acreditado pelo INMETRO possuindo cerca de 21 % de eficiência energética em abril de 2017. Para melhorar seu desempenho, são levados em consideração dados como inclinação do módulo, número de células e se o seu material de fabricação é mono ou poli-cristalino (BESSO, 2017). Figura 11 – Módulo fotovoltaico Fonte:Ecori,2020 3.7.2.1 Características O módulo fotovoltaico é o componente unitário do gerador e, dependendo da associação e das características das células, pode ter diferentes valores para tensão e corrente nominal. Módulos com tensão nominal de 12 V, com 36 células em série, são utilizados para carregar baterias e podem ser associados em série para sistemas de 24 V ou 48 V em corrente contínua. Para outras aplicações, é comum encontrar módulos com tensões nominais diferentes, com maior ocorrência entre 30 V e 120 (CRESESB,2006) 32 As principais características dos módulos são: • Voltagem do circuito • corrente do circuito • potência máxima • voltagem máxima • corrente máxima. 3.7.2.2 Critérios de seleção Os módulos fotovoltaicos devem atender aos seguintes critérios: • Classe de Eficiência A (PBE/Selo INMETRO) • Estar listado na base de dados online mais recente do Selo PROCEL • Índice de Eficiência Energética (IEE) igual ou superior a 20% na base de dados online oficial do PROCEL. 3.8 SISTEMAS DE CONDICIONAMENTO DE PÔTENCIA 3.8.1 Reguladores de tensão Como a geração fotovoltaica é intermitente, a tensão local sofre com variações ao longo do dia, proporcionais aos níveis de geração e, consequentemente, ao nível de irradiação solar. Isto provoca desgaste em equipamentos já que tais variações interferem nos sistemas de distribuição, uma vez que se torna necessária a atuação dos reguladores de tensão. Portanto, com a inserção de geração distribuída fotovoltaica em nível elevado, os sistemas de distribuição ficam vulneráveis quanto às variações de tensão e isto provoca aumento no número de atuações de mudança de tape dos reguladores de tensão, o que reduz consideravelmente a vida útil do equipamento (SILVA, 2018). 3.8.2 Conversores CC-CA Os conversores CC/CA podem ser classificados quanto ao número de fases (monofásicos e trifásicos), quanto à topologia (meia ponte e ponte completa) e quanto ao número de níveis. A Figura 12 mostra algumas possibilidades existentes para agrupar estas classificações. 33 Figura 12 – Classificações dos conversores CC/CA Fonte: Lopes, 2019. As formas de onda na saída dos conversores CC-CA são normalmente retangulares apresentando alto conteúdo harmônico. Para determinadas aplicações esse tipo de forma de onda pode ser aceitável. Contudo, em muitos casos desejam-se formas de onda senoidais com baixo conteúdo harmônico. Felizmente, com o desenvolvimento atual dos dispositivos semicondutores de potência de alta velocidade, o conteúdo harmônico das formas de onda de saída dos conversores CC-CA pode ser minimizado, e em muitos casos reduzido significativamente, utilizando técnicas específicas de modulação e filtragem que serão ainda abordados neste trabalho (MARANGONI, 2012; PACHECO, 2012). Os conversores CC/CA monofásicos são aqueles que possuem uma fonte de tensão CC de entrada e uma saída monofásica, podendo apresentar configuração meia ponte e ponte completa (SKVARENINA, 2002). Os conversores CC/CA trifásicos transformam a tensão contínua de entrada em tensão alternada trifásica na saída. Em sua configuração, conforme a Figura 12,há três pares de chaves onde o chaveamento de cada par deve ter um deslocamento de fase de 120º (graus) um do outro; as chaves superiores e inferiores devem ficar entre si com um acionamento defasado de 180º (graus) (LOPES, 2019). 34 3.9 SEGURANÇA E PROTEÇÕES Na área dos sistemas fotovoltaicos, há dois principais perigos, nos quais os instaladores estão expostos: O trabalho com eletricidade, devido ao risco de choque elétrico (mesmo desconectados, os módulos produzem tensão elétrica se expostos ao sol); e trabalho em altura, devido ao risco de queda (durante a instalação, o técnico pode cair do telhado ou da estrutura na qual os módulos fotovoltaicos serão fixados). Há outros riscos, tais como risco de insolação, ataque de animais e insetos peçonhentos, tais como abelhas, aranhas e escorpiões; riscos ergonômicos por postura inadequada do trabalhador e carga excessiva de trabalho, por exemplo (KURATA, 2016). Figura 13 – Exemplos de placas indicativas de alerta. Fonte: CENTRO DE PESQUISA DE ENERGIA ELÉTRICA (CEPEL), 2014. Deve-se restringir o acesso à área de trabalho, sinalizar o acesso aos ambientes onde se encontram os equipamentos de potência (como as placas indicativas da Figura13), para proteção contra choques elétricos, umidade, poeira e insetos (ibid). Para o instalador, antes de iniciar qualquer trabalho, deve: • Remover adereços metálicos do corpo, tais como anéis, correntes ou relógios; • Usar roupas e equipamentos de proteção individual (EPI) adequados para o serviço, de preferência conforme as recomendações da norma regulamentadora nº.6 (NR-06); • Usar ferramentas e aparelhos de medição adequados às faixas de tensão dos equipamentos, e em bom estado de conservação; • Cobrir os módulos fotovoltaicos durante as conexões; • Trabalhar acompanhado, para auxílio na atividade e em caso de acidentes. (CENTRO DE PESQUISA...,2014; KURATA, 2016; SANTOS,2012, p.121) 35 4 METODOLOGIA O método utilizado para realizar o trabalho foi quantitativo, apresenta os resultados através de percepções e analises, informações foram consultadas por fontes confiáveis de revistas técnicas e sites especializados no assunto a partir dos quais biscou dados sobre essa tecnologia. Este estudo fez o uso da metodologia em estudo de caso. A pesquisa foi dividia em três etapas conforme Figura 14: Figura 14 – Fluxograma de estruturação da pesquisa Fonte: Próprio Autor (2023). Na etapa inicial foi feito um levantamento bibliográfico que serviu como base para fundamentar o estudo de caso. Na fase de coleta de dados, o método utilizado foi a análise documental através de fotos, documentos e dados de um relevante projeto realizado em uma residência na cidade de Arcos-MG. Para o tratamento e análise das informações, foram usados indicadores econômico- financeiros que pudessem oferecer inferências acerca da relação entre os custos envolvidos e os benefícios do investimento realizado pelo cliente na instalação dos painéis fotovoltaicos. Por fim, temos as discussões dos resultados com apoio na literatura acadêmica e as conclusões do estudo. 4.1 ESTUDO DE CASO O estudo de caso foi realizado com base nos dados fornecidos por uma empresa que realiza vendas e serviços de painéis fotovoltaicos em Arcos-MG. Os dados foram coletados 36 entre os meses de dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Foi feito um orçamento para a residência em estudo utilizando o software i.Sales. O estudo analisou como ocorreu a instalação do sistema fotovoltaico, suas vantagens e desvantagens, e qual é a relação custo-benefício de usar tecnologia. A gestão da empresa de venda de painéis solares forneceu informações sobre como funciona o seu sistema de atendimento ao cliente. Para adquirir o sistema solar, inicialmente foi realizado uma simulação para avaliar e analisar a viabilidade técnico financeira do potencial econômico com o futuro sistema solar. Após simular o sistema, o proprietário pede o orçamento personalizado para sua residência. Definido qual a melhor solução e realizado a documentação de acesso à rede procede a instalação do sistema solar e posterior ativação na distribuidora. Nessa última etapa, realiza-se a troca do medidor de energia para contabilizar os créditos energéticos solares. 4.2 SIMULADOR Neste tópico foi descrito a simulação feita sobre retornos financeiros, quantidade de painéis, a parte do valor de conta antes da instalação dos painéis. A Tabela 1 apresenta a simulação realizada na residência em estudo. Tabela 1 – Simulador de retorno financeiro Características do Módulo Fotovoltaico Potencia 550W Garantia (defeitos de Fábrica) 12 anos Garantia (eficiência) 25 anos Modelo ELGIN Quantidade 6 Peso 29 Geração e Consumo Estimado Potência do sistema 3,30kWp Área necessária para instalação(m²) 15,39 Características Valor Unidade Consumo Médio Mensal 400 Kwh/Mês Taxa de disponibilidade (tarifa Mínima) R$ 50,00 R$/Mês Custo médio mensal de energia R$ 400,00 R$/Mês Consumo anual estimado 4800 Kwh/Ano Resumo Financeiro Fator Valor Unidades Valor médio mensal energia R$ 400,00 R$/Mês Geração média mensal de energia 402 Kwh/Mês Geração média anual estimada 4821 Kwh/Mês Economia média mensal estimada para o primeiro ano R$ 350,00 R$/Mês Economia total estimada para o primeiro ano R$ 4.200,00 R$/Ano Custo Total do Sistema Solar = R$ 15.500,00 Fonte: Próprio Autor (2023). 37 As Figuras 15, 16 e 17 demonstram alguns dos equipamentos utilizados na instalação do sistema solar. Figura 15 – Inversor Fonte: Próprio Autor (2023). Figura 16 – Painel Fotovoltaico antes da aplicação Fonte: Próprio Autor (2023). 38 Figura 17 – Painel montado na Residência Fonte: Próprio Autor (2023). De acordo com o Atlas solar global realizou-se uma busca de dados da região na qual este trabalho enfoca e, foi encontrado a radiação solar na cidade de Arcos-MG no ano de 2022, conforme representado pela Figura18. Figura 18 – Gráfico produção anual Fonte: Atlas solar global (2022). Com base nas soluções observadas, foi proposto o desenvolvimento de um protótipo de um modelo de residência do ELG550-M72HCH. Este protótipo foi projetado com 39 uma área aproximada de 82,00 m², com espaço necessário para que os indivíduos pudessem habita-lo. Na cobertura, foi avaliada nesse estudo, a viabilidade de aplicação de sistema de geração de energia elétrica com o objetivo de suprir a demanda da casa. Para dimensionamento de consumo de energia elétrica desta residência, foram considerados o consumo anual em kWh. A potência total, estimada foi de 400 kWh, valor esse necessário para o dimensionamento do inversor e condutores. A partir dos equipamentos relacionados, os mesmos foram tomados de base na determinação do consumo de energia elétrica para o protótipo. 40 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. INSTALAÇÃO DA MICROUSINA FOTOVOLTAICA 5.1.1. Características gerais O sistema fotovoltaico para geração de energia elétrica será composto pelos seguintes elementos: • Módulos fotovoltaicos; • Estrutura metálica de suporte dos módulos fotovoltaicos; • Inversor AC/DC; • Cabos de conexão; • Dispositivos de proteção CC e CA O sistema de geração fotovoltaica será composto por alinhamentos de séries de módulos, onde cada série é composta por diversos módulos fotovoltaicos, que por sua vez são compostos de diversas células fotovoltaicas (as células fotovoltaicas captam a luz do sol, fonte primária de energia, transformando a energia luminosa em energia elétrica). Os módulos fotovoltaicos são montados sobre a estrutura metálica, denominado como suporte dos módulos, que por sua vez são fixados sobreo telhado de forma adequada. Os cabos provenientes dos diversos conjuntos de series se conectam entre si por intermédio de uma caixa de junção, a saída da caixa de junção é ligada ao inversor. O inversor transforma a corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA). A energia elétrica produzida é consumida pelo local da instalação ou injetada na rede elétrica por meio do ponto de entrega de energia da distribuidora, caso a demanda seja inferior a energia produzida. A quantidade de energia gerada em um dia por um sistema fotovoltaico, é proporcional à irradiação disponível no plano dos módulos fotovoltaicos. A energia gerada pelos módulos fotovoltaicos, em corrente contínua, é fornecida a carga local ou injetada na rede de forma sincronizada através dos inversores, que por sua vez, é transformada em corrente alternada. Durante a noite o inversor deixa de operar e se mantém em estado de“stand by” com o objetivo de minimizar o consumo do sistema. O inversor supervisiona a tensão e a frequência da rede, entrando em operação somente quando os valores estão dentro da faixa de regime normal de operação. O conjunto de proteções de conexão dos inversores não permite que funcione de forma ilhada, ou seja, em caso de falha da rede elétrica a planta de geração solar fotovoltaica é desligada automaticamente (Trip). 41 5.2. MÓDULO FOTOVOLTAICO O módulo fotovoltaico fabricado deverá ser constituído de células de silício mono- cristalino, possuir robustas esquadrias de alumínio resistente à corrosão e independentemente ser testado para suportar altas cargas de vento e cargas de neve. Os módulos deverão dispor das certificações de qualidade ISO 9001:2008, ISSO 14001:2004 e OHSAS 18001:2007. O módulo fotovoltaico deverá apresentar elevada eficiência e classificação “A” pelo INMETRO. A garantia do produto contra defeitos de fabricação deverá ser de no mínimo de 10 anos de duração. A garantia de produção mínima deverá ser de 90% após 10 anos e 80% após 25 anos de sua potência nominal (Wp). A seguir, na Figura 19, estão presentes as características técnicas desse módulo: Figura 19 – Especificação técnica dos módulos fotovoltaicos Fonte: Próprio Autor (2023). 5.3. INVERSOR SOLAR O lado de corrente continua (DC) do inversor, será conectado aos módulos fotovoltaicos, e no lado de corrente alternada (AC), será conectado ao ponto de distribuição elétrica mais próximo da planta fotovoltaica, com tensão monofásica de saída AC de 220 V. Como a tensão do ponto de conexão projetado é de também 220 V, as saídas F1 e F2 do inversor serão ligadas respectivamente nas fases R e S. O inversor será do tipo microprocessado, garantindo que a corrente alternada será uma curva senoidal com o mínimo de distorção. 42 O inversor é especialmente projetado para perseguir o ponto de máxima transferência de potência do gerador fotovoltaico (MPPT), e entregar esta potência a rede com o mínimo de perdas possíveis. O inversor a ser utilizado garante uma ótima qualidade de energia com baixa distorção harmônica (<3,0%). O equipamento conta com classe de proteção IP-67, com uma faixa de temperatura tolerável, de -40°C a +65°C, e uma umidade relativa de 0 a 100%. A seguir, na Figura 20 está às principais características do modelo do inversor: Figura 20 – Especificação técnica do inversor Fonte: Próprio Autor (2023). 5.4. ESTRUTURA METÁLICA A instalação deverá ser equipada com uma estrutura baseada em perfis de alumínio ultraleve para evitar corrosão por conta de intempéries. Estas estruturas de apoio para módulos fotovoltaicos são calculadas tendo em conta o peso da carga de vento para a área em questão, e a altitude da instalação. Os pontos de fixação para o módulo fotovoltaico são calculados para uma perfeita distribuição de peso na estrutura, seguindo todas as recomendações do fabricante. O desenho da estrutura deve basear-se no ângulo de orientação e declive especificada para o módulo fotovoltaico, dada a facilidade de montagem e desmontagem, e a eventual necessidade de substituição de elementos. Os módulos serão prestados fora das sombras das paredes e fixados a própria estrutura. O modelo adotado para esta instalação será conforme a Figura 21, a seguir: 43 Figura 21 – Desenho da Estrutura Metálica Fonte: Próprio Autor (2023). 5.5. PADRÃO DE ENTRADA O padrão de entrada deverá ser montado conforme a norma GED 15303 - Conexão de Micro e Mini Geração Distribuída sob Sistema de Compensação de Energia Elétrica. No padrão de entrada será colocado uma ou mais placas de advertência, confeccionadas em aço inoxidável ou alumínio anodizado, deverá ser afixada de forma permanente na tampa da caixa de medição do padrão de entrada ou cabine primária da unidade consumidora, com os dizeres “CUIDADO – RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO – GERAÇÃO PRÓPRIA”, com gravação indelével conforme Figura 22. Figura 22 - Placa de advertência a ser fixada em frente ao padrão de entrada Fonte: Próprio Autor (2023). 44 A seguir informações do fornecimento de energia: CATEGORIA: B1 CARGA INSTALADA: 15,00 kW CONEXÃO: 3 FIOS (Bifásico 127/220V) 5.6. MEDIDOR BIDIRECIONAL O sistema de medição de energia utilizado pelo usuário deverá ser tipo bidirecional. Em outras palavras, o medidor instalado na entrada deste usuário, será capaz de registrar o consumo e a geração de eletricidade. Este medidor bidirecional certificado pelo INMETRO é homologado pela CEMIG, e será instalado pela mesma. Este medidor deverá ser montado conforme a norma GED 15303 - Conexão de Micro e Mini Geração Distribuída sob Sistema de Compensação de Energia Elétrica. O consumo corresponde ao fluxo de potência com o sentido tradicional da concessionária para o usuário. A geração corresponde à injeção ou exportação de energia para a rede elétrica, que ocorrerá nos instantes em que a geração fotovoltaica for superior ao consumo da unidade consumidora. O medidor do tipo bidirecional deverá ter dois registradores, com numerações distintas, um para o consumo e outro para a geração de eletricidade. Isso permitirá a apresentação de dois valores, um de geração e outro de consumo, nas faturas de eletricidade dos usuários que possuem um sistema fotovoltaico registrado junto à concessionária. As concessionárias serão responsáveis pela troca do medidor convencional pelo medidor bidirecional, cabendo ao acessante cobrir as despesas deste equipamento para com a CEMIG, pagando o custo total em caso de padrão de entrada novo, ou a diferença, entre o custo do medidor bidirecional e o existente. Existe um único ponto de conexão do medidor com a rede elétrica, no qual pode ocorrer, entrada ou saída de energia. O gerador fotovoltaico será conectado ao quadro elétrico mais próximo da planta, e as cargas são alimentadas por meio deste. 45 5.7. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CC E CA Para a proteção dos equipamentos do sistema, das instalações e das pessoas, deverão ser incorporados aos circuitos CC (Corrente Continua) e CA (Corrente Alternada) os seguintes dispositivos de proteção: • CIRCUITO DE CORRENTE CONTINUA: DPS (Dispositivo de Proteção Contra Surto); Chave seccionadora; • CIRCUITO DE CORRENTE ALTERNADA: DPS (Dispositivo de Proteção Contra Surto); Disjuntor Termomagnético; Todos os equipamentos de proteção deverão ser condicionados em quadros elétricos com proteção contra intempéries, devidamente sinalizados, para a proteção e instrução de pessoal autorizado, quanto às manobras de operação dos dispositivos de proteção, em caso de manutenções futuras. Caso o inversor apresente incorporado a ele alguma das proteções aqui descritas, será dispensado o uso de equipamento externo. 5.8. CONDUTORES E ELETRODUTOS Todos os condutores deverão ser de cobre, preferencialmente se utilizará cabos flexíveis, adequados para uso em intempéries, e sua seção será asuficiente para assegurar que a queda de tensão no cabeamento seja inferior a 4%, conforme a norma ABNT NBR 5410. O circuito entre a série de módulos e a entrada DC do inversor, deverá ser composto por cabos preparados para ambientes externos com secção entre 4 e 6 mm². Serão utilizados conectores do tipo MC4, concebidos especificamente para utilização em sistemas fotovoltaicos para interligar os módulos um ao outro em série e/ou paralelo no circuito. Os módulos fotovoltaicos já saem de fábrica com um cabo e conectores MC4, assim como a entrada DC do inversor já é preparada para este tipo de conector, o que melhora a qualidade da instalação, facilita a conexão entre módulos e apresentam melhor durabilidade quando expostos as condições climáticas típicas de sistemas fotovoltaicos. Os cabos entre o inversor e a caixa de proteção e entre a caixa de proteção e a conexão com a rede, serão dimensionados de acordo os critérios definidos pela ABNT NBR 5410. Os circuitos serão condicionados preferencialmente em eletrodutos e os cabos serão de cobre isolado tipo HEPR 0,6/1 kV de tensão nominal não inferior a 1000 V de isolação. 46 5.2. LOCAL DA INSTALAÇÃO O sistema fotovoltaico aqui projetado visa atender uma residência no município de Arcos-MG, é um município brasileiro do interior do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país. Localiza-se a uma latitude 20º17'29" sul e a uma longitude 45º32'23" oeste. A Figura 23 mostra o local exato da residência, obtida através do Google Earth. Figura 23 – Localização da Residência Fonte: Google Earth (2022). 5.3. DETERMINAÇÃO DO CONSUMO DE CARGA ELÉTRICA Esta seção apresenta a estimativa dos cálculos da produção de energia elétrica, que terá a instalação fotovoltaica. Para a irradiância média mensal e anual sobre superfície horizontal e inclinada Gdm(0) em kWh/m²/dia, se utilizam dados do SWERA -Atlas Solarimétrico do Brasil (INPE, 2010). Conforme site SWERA (2022) de acordo com dados do de DNI do INPE para Irradiação Normal Direta, para a cidade de Arcos/MG, e tamanho do sistema apresentado, considerando uma inclinação de -20° das placas e direção Norte (Geográfico) do sistema de Captação, temos: 47 • Anual AVG DNI = 5,635 kWh/m²/dia • Potência pico do inversor = 3,30 kWp • Eficiência do sistema = 97% Calculando: • Produção diária máxima = 3,30 x 5,635 x 0,97 = 18,03 kWh; • Produção mensal máxima = 18,03 x 30,4 = 548,11 kWh/mês; • Produção anual máxima = 18,03 x 365 = 6.580,95 kWh/ano 5.4. DIMENSIONAMENTO DOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS Este tópico exibe os cálculos para o dimensionamento da instalação fotovoltaica e conexão dos módulos fotovoltaicos aos inversores. A conexão dos módulos fotovoltaicos faz-se tendo em conta as descrições elétricas de entrada do inversor. A tensão de máxima potência de cada série deve estar dentro da faixa de tensão de máxima potência do inversor. Isto deve cumprir-se em condições semelhante aos padrões de teste STC e a 60 °C de temperatura de célula solar. A tensão de circuito aberto de cada serie com uma temperatura de célula de 10 °C deve estar dentro da faixa de tensão de máxima transferência de potência do inversor. A faixa de tensão são valores entre mínimos e máximos, que para o inversor em questão varia de 16 a 55V. A tensão de cada série tende a aumentar com a diminuição da temperatura. O quanto diminui está tensão por graus °C acima do padrão de teste está indicado no data sheet dos módulos. A corrente de curto circuito de todas as séries deve ser inferior à intensidade de corrente contínua máxima do inversor. A seguir nas Tabelas 2 e 3 são apresentados dados do dimensionamento da instalação em função do Standard Test Condition (Condição de Teste Padrão) dos módulos fotovoltaicos: Tabela 2 – Dimensionamento da instalação Número de Inversores 1 Número de entradas MPPT por inversor 2 Número de Arranjos 2 Número de módulos 6 Potência total (kWp) 3,30 (6x0,550) Potência do Inversor (kW) 5 Faixa de temperatura operação da célula (°C) -25 <> 65 Fonte: Próprio Autor (2023). 48 Tabela 3 – Dimensionamento do agrupamento de módulos geradores Inclinação (ß) 20° Azimute (a) -15º Número de Arranjos 1 Número de Módulos por Série 6 Número de Séries em Paralelo 1 Número total de Módulos 6 Fabricante ELGIN Modelo ELG550- M72HCH Potência Nominal P (kWp) 550 Tensão de Circuito Aberto -Voc (STC) 50,2 Tensão de Circuito Aberto -Voc (NOCT 20°C) 47,49 Tensão de Máxima Potência -Vmp (STC) 42,4 Tensão de Máxima Potência -Vmp (NOTC 20°C) 40,11 Corrente de Curto Circuito -Isc (STC) 13,82 Corrente de Curto Circuito -Isc (NOTC 20°C) 13,96 Corrente de Máxima Potência -Imp (STC) 12,98 Corrente de Máxima Potência -Imp (NOTC 20°C) 13,11 Fonte: Próprio Autor (2023). 5.4.1 Cálculos elétricos Este tópico exibe os cálculos elétricos e/ou a normas consultadas para dimensionar os condutores da instalação fotovoltaica. Para o perfeito dimensionamento técnico do circuito foi revisado os itens da NBR 5410/2004 relativos à escolha da seção de um condutor e do seu respectivo dispositivo de proteção. Além de analisar as informações do cabo, e seguir as normas da NBR5410 onde é possível encontrar a capacidade de condução de corrente para condutores à temperatura ambiente de 30ºC, de acordo com o tipo de linha elétrica. Na figura 28, destacam se os dois principais tipos de linha que poderão ser utilizados nessa instalação, ambas possuem a mesma classificação quanto ao método de referência. 5.4.3 Seção mínima e capacidade de condução Para encontrar a seção do condutor de acordo com a NBR 5410 (ABNT, 2004) é necessário encontrar a corrente do circuito. Esta pode ser obtida por meio da folha de dados dos equipamentos, como inversores e módulos ou calculada com as equações a seguir: 49 𝑙 = 𝑃 𝑉 . cos 𝜑 para circuitos monofásicos (1) 𝑙 = 𝑃 𝑉.√3.cos𝜑 para circuitos trifásicos (2) Onde: 𝑙:corrente circulante (A) 𝑃: Potência total (W) 𝑉: tensão de alimentação (V) cos𝜑: fator de potência De acordo com os cálculos realizados, pode-se observar as características elétricas e dispositivos de proteção de cada circuito pela Tabela 4. Tabela 4 – Dimensionamento dos circuitos Fonte: Próprio Autor (2023). 5.5. CÁLCULO DO RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO (PAYBACK) Este método, nas palavras de SENAC (2004), consiste em apurar o tempo necessário para que um investimento cubra os dispêndios iniciais. Existe um tempo para recuperar o que foi investido e somente depois que o valor dos lucros se equipararem ao investimento inicial é que se pode afirmar que tal empreendimento está tendo retorno. DE DE / PARA POT.MAX (kWp) CORRENTE (A) TENSÃO (V) Nº MÓD.SÉRIE (UN) SEÇÃO NOM.(MM) COMP.(M) QUEDA DE TENSÃO (%) Módulos (STRING 1) Inversor 1(MPPT 1/1) 3,3 12,98 254,4 6 4 18 0,7 Inversor (1) Conexão com a rede 5 24 220 - 10 15 0,56 50 Para realizar os cálculos do retorno financeiro de um sistema solar energia solar, o consumidor deve analisar o local onde os equipamentos serão instalados, além de levar em conta fatores como potência, tensão, número de horas de irradiação. Para calcular o valor do payback é preciso analisar também o valor do kWh praticado em cada região. Feito isso, é preciso dividir o valor do investimento pelo produto de energia gerada e o ano pela tarifa. No presente estudo foi utilizado o sistema Isales, onde obtivemos o resultado do investimento conforme apresentado na Figura 24. Podemos observar que para um payback no período de 3 anos o retorno sobre o investimento é de R$ 970.336,16. Figura 24 – Gráfico retorno investimento Fonte: Próprio Autor (2023). 51 6 CONCLUSÕES A cada ano, a geração distribuída de energia fotovoltaica tem ganhado mais espaço
Compartilhar