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A importância da compostagem no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
ESCOLA POLITÉCNICA 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA COMPOSTAGEM NO GERENCIAMENTO DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS FRENTE ÀS MUDANÇAS 
CLIMÁTICAS: ESTUDO DE CASO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
Tamar Bakman 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Junho de 2021
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA COMPOSTAGEM NO GERENCIAMENTO DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS FRENTE ÀS MUDANÇAS 
CLIMÁTICAS: ESTUDO DE CASO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Tamar Bakman 
 
 
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de 
Engenharia Ambiental da Escola Politécnica, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de 
Engenheira Ambiental. 
 
Orientador: Renan Finamore Gomes da Silva 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Junho de 2021 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA COMPOSTAGEM NO GERENCIAMENTO DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS FRENTE ÀS MUDANÇAS 
CLIMÁTICAS: ESTUDO DE CASO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 
 
Tamar Bakman 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE 
ENGENHARIA AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO 
DO GRAU DE ENGENHEIRA AMBIENTAL. 
 
Examinado por: 
 
______________________________________________ 
Prof. Renan Finamore Gomes da Silva, D. Sc. 
 
______________________________________________ 
Profa. Monica Pertel, D. Sc. 
 
______________________________________________ 
Profa. Susanne Hoffmann, D. Sc. 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL 
JUNHO DE 2021 
 
 
 
ii 
 
 
 
 
 
 
Bakman, Tamar 
 A importância da compostagem no gerenciamento de 
resíduos sólidos urbanos frente às mudanças climáticas: 
Estudo de caso da cidade do Rio de Janeiro/ Tamar 
Bakman. – Rio de Janeiro: UFRJ/ ESCOLA 
POLITÉCNICA, 2021. 
 XIII, 99 p.: il.; 29,7 cm. 
 Orientador: Renan Finamore Gomes da Silva. 
 Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia 
Ambiental, 2021. 
 Referências Bibliográficas: p. 91-99 
 1. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos. 2. 
Compostagem. 3. Mudanças Climáticas. 4. Análise 
SWOT. 
I. Silva, Rena Finamore Gomes da. II. Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de 
Engenharia Ambiental. III. A importância da compostagem 
no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos frente às 
mudanças climáticas: Estudo de caso da cidade do Rio de 
Janeiro. 
iii 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
A conclusão deste TCC é a finalização de um ciclo que começou em 2014 e, por todos esses 
anos, tenho muito o que agradecer. 
Aos meus pais, por todo o apoio, emocional e material, que me deram para que eu pudesse 
chegar até aqui. Ao meu pai Mario, por me desafiar sempre a buscar o melhor para mim e à 
minha mãe Gizele, por me inspirar nos estudos. Ao meu irmão Igor, por me guiar dentro da 
engenharia na UFRJ, pelas caronas ao fundão e por todos os ensinamentos. Ao Simba, pelo 
amor felino. Vocês são a minha base, obrigada por me aturarem em todos os momentos de 
estresse. 
À minha avó Clarinha (Z’L), que sempre torceu por mim e de quem as saudades são grandes. 
Ao meu avô Lenu, pela inspiração e brilho nos olhos. À minha avó Helena, pelo carinho que 
sempre me deu. Ao meu avô Israel, que segue acompanhando os meus feitos. Ao Jonas, por 
me apoiar todos os dias, por mudar sua rotina para estudar comigo e por celebrar as minhas 
conquistas. Obrigada pela parceria e companheirismo. 
Aos amigos que fiz ao longo desses últimos anos na UFRJ e com quem compartilhei 
aprendizados, frustrações e muitas risadas. Em especial, gostaria de agradecer aos meus 
amigos de BD, Rafa, Ju, Felipe, João, Mark, Tiago e Gui, que me acolheram e tornaram essa 
caminhada muito mais prazerosa, à Luiza, desde o primeiro período até o mestrado me 
fazendo companhia, à Mari, sempre disposta a compartilhar seus aprendizados e me ajudar 
nesta etapa final, e à Clarice, cuja amizade representa uma parte importante da minha 
experiência universitária e ultrapassa fronteiras. Aos meus amigos do Dror, cujas amizades 
perpassam todas as etapas da vida, sou grata por ter vocês sempre comigo. 
A todos os professores com quem tive contato durante o curso de Engenharia Ambiental na 
UFRJ, que contribuíram para a minha formação e me inspiram ao exercerem com excelência 
e paixão a sua profissão, oferecendo um ensino público de qualidade e deixando viva a nossa 
faculdade. Vida longa à universidade pública! 
Ao meu orientador, Renan Finamore, pela dedicação e paciência ao longo desses últimos 
meses, em especial nessa reta final, e pelos conselhos sobre a vida acadêmica e profissional. 
À professora Profa. Susanne Hoffmann por compor a minha banca e à Profa. Monica Pertel, 
por ter aceito avaliar este trabalho e por todos os ensinamentos em sala de aula. 
A todos aqueles que influenciaram na minha formação até a obtenção do título de Engenharia 
Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, muito obrigada. 
iv 
 
 
 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos 
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira Ambiental. 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA COMPOSTAGEM NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
URBANOS FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ESTUDO DE CASO DA CIDADE DO 
RIO DE JANEIRO 
 
Tamar Bakman 
 
Junho/2021 
 
Orientador: Renan Finamore Gomes da Silva, D.Sc. 
Curso: Engenharia Ambiental 
 
As mudanças climáticas são um dos maiores desafios do século XXI, cujos impactos são 
irreversíveis e já vêm se manifestando, afetando as parcelas mais vulneráveis da população. 
O gerenciamento de resíduos sólidos é responsável por parte das emissões de gases de 
efeito estufa (GEE) gerados no Brasil e sua contribuição vem crescendo ao longo dos últimos 
anos. A disposição final é a destinação de resíduos sólidos que mais emite GEE, devido à 
digestão anaeróbia da fração orgânica e ao montante recebido nos aterros sanitários, de 
forma que é necessário dar maior importância às tecnologias de tratamento prévias ao 
aterramento. Assim, o presente trabalho avaliou a importância da compostagem no 
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) na cidade do Rio de Janeiro. Neste estudo, 
analisou-se o atual gerenciamento de RSU na cidade e as principais formas de tratamento e 
disposição final e realizou-se um diagnóstico dos RSU gerados, a partir da sua composição, 
quantificação e contribuição para a emissão de GEE. A partir dos dados levantados, elaborou-
se uma matriz SWOT, ferramenta de gestão que avalia as forças, fraquezas, oportunidades e 
ameaças de uma organização, para identificar os ganhos operacionais, econômicos e 
ambientais da ampliação da compostagem no município do Rio de Janeiro, e propuseram-se 
ações para potencializar os aspectos positivos encontrados e minimizar os negativos. 
Palavras-chave: Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos; Compostagem; Mudanças 
Climáticas; Análise SWOT. 
v 
 
 
 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the 
requirements for the degree of Environmental Engineer. 
 
 
THE IMPORTANCE OF COMPOSTING IN THE MUNICIPAL SOLID WASTE 
MANAGEMENT FACING CLIMATE CHANGE: A CASE STUDY IN THE CITY OF RIO DE 
JANEIRO 
 
Tamar Bakman 
 
Junho/2021 
 
Advisor: Renan Finamore Gomes da Silva, D.Sc. 
Course: Environmental Engineering 
 
Climate change is one of 21st century greatest challenges, whose irreversible impacts are 
already being manifested, thus affecting the most vulnerable population. The solid waste 
management is responsible for part of the greenhouse gas emission (GHG) and its contribution 
has grown over the last few years. Due to the anaerobic digestion of the organic fraction and 
to the amount of solid waste received in landfills, the final disposal is the waste destination that 
most emits GHG. Hence, it is necessary to give more attention to thetreatment technologies 
previous to the final disposal. The present work evaluated the importance of composting in the 
municipal solid waste (MSW) management in the city of Rio de Janeiro. In this study, it was 
analyzed the current MSW management in the city, the main treatments and final disposal. 
Also, it was made a diagnostic of the SWM produced, based on its composition, quantification 
and GHG emission contribution. In order to identify the operational, economic, and 
environmental gains of the expansion of composting in the city of Rio de Janeiro, it was 
developed a SWOT matrix. The SWOT analysis is a management tool that assesses the 
strengths, weaknesses, opportunities, and threats of an organization. Finally, there were 
proposed actions to enhance the positive aspects found and minimize the negative ones. 
Keywords: Municipal Solid Waste Management; Composting; Climate Change; SWOT 
Analysis. 
vi 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Introdução ............................................................................................................................. 1 
1.1. Objetivos ......................................................................................................................... 4 
1.1.1. Objetivo Geral ........................................................................................................ 4 
1.1.2. Objetivos Específicos ............................................................................................ 4 
1.2. Estrutura do trabalho..................................................................................................... 4 
2. Revisão Bibliográfica ......................................................................................................... 6 
2.1. Resíduos Sólidos Urbanos........................................................................................... 6 
2.2. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos ......................................................... 7 
2.2.1. Tecnologias de Tratamento e Disposição Final de RSU............................... 10 
2.2.1.1. Compactação e Trituração ......................................................................... 10 
2.2.1.2. Tratamento Térmico e Incineração ........................................................... 11 
2.2.1.3. Tratamento por Digestão Anaeróbia ........................................................ 11 
2.2.1.4. Compostagem .............................................................................................. 12 
2.2.1.5. Aterramento .................................................................................................. 18 
2.3. Resíduos Sólidos e Mudanças Climáticas .............................................................. 20 
2.3.1. Problemáticas das Mudanças Climáticas ........................................................ 20 
2.3.2. Geração de GEE do setor de RSU ................................................................... 22 
2.4. Análise SWOT .............................................................................................................. 26 
3. Metodologia ........................................................................................................................ 28 
3.1. Pesquisa bibliográfica e coleta de dados ................................................................ 28 
3.2. Análise do gerenciamento de RSU no Rio de Janeiro .......................................... 28 
3.3. Análise SWOT .............................................................................................................. 29 
4. Estudo de Caso .................................................................................................................. 31 
4.1. Gerenciamento de RSU na cidade do Rio de Janeiro ........................................... 31 
4.1.1. Caracterização do aterro de Seropédica ......................................................... 34 
4.1.2. Tratamento prévio da fração orgânica do RSU do Rio de Janeiro .............. 37 
4.2. Análise dos RSU da cidade do Rio de Janeiro ....................................................... 42 
4.2.1. Composição dos RSU do Rio de Janeiro ........................................................ 42 
4.2.2. Quantificação dos RSU do Rio de Janeiro ...................................................... 48 
4.2.3. Contribuição na emissão de GEE ..................................................................... 50 
4.3. Avaliação da viabilidade da ampliação da compostagem no Rio de Janeiro .... 59 
4.3.1. Ambiente Interno – Forças ................................................................................. 60 
4.3.1.2. Tratamento descentralizado ...................................................................... 62 
vii 
 
 
 
4.3.1.3. Técnica com baixa emissão de GEE ........................................................ 63 
4.3.1.4. Recuperação dos resíduos e produção de um material estabilizado.. 63 
4.3.1.5. Experiência prévia ....................................................................................... 64 
4.3.1.6. Existência do EcoParque do Caju ............................................................ 64 
4.3.1.7. Movimentação para a criação de um dispositivo legal .......................... 65 
4.3.1.8. Compromissos sustentáveis do Rio de Janeiro ...................................... 66 
4.3.2. Ambiente Interno – Fraquezas .......................................................................... 66 
4.3.2.1. Falta de um dispositivo legal para incentivo municipal .......................... 66 
4.3.2.2. Necessidade de espaço e estrutura ......................................................... 67 
4.3.2.3. Falta de profissionais devidamente qualificados .................................... 68 
4.3.2.4. Coleta indiferenciada de resíduos ............................................................ 68 
4.3.2.5. Necessidade de mercado para escoamento de adubo ......................... 69 
4.3.2.6. Necessidade de tratamento do lixiviado .................................................. 70 
4.3.2.7. Não há possibilidade de recuperação do gás ......................................... 70 
4.3.3. Ambiente Externo – Oportunidades.................................................................. 71 
4.3.3.1. Diminuição da dependência em relação ao CTR-Rio ............................ 71 
4.3.3.2. Mitigação das emissões de GEE .............................................................. 73 
4.3.3.3. Facilitação da coleta seletiva ..................................................................... 76 
4.3.3.4. Projetos de educação ambiental e parcerias com universidades ........ 77 
4.3.3.5. Redução de gastos com o gerenciamento de RSU ............................... 77 
4.3.3.6. Contribuição para a solução de problemas de saneamento básico .... 78 
4.3.3.7. Novo mercado e criação de novos empregos......................................... 79 
4.3.3.8. Promoção da agricultura urbana ............................................................... 80 
4.3.3.9. Promoção da inclusão social ..................................................................... 80 
4.3.3.10. Aplicação da legislação estadual e da PNRS ......................................... 81 
4.3.4. Ambiente Externo - Ameaças ............................................................................ 82 
4.3.4.1. Falta de segregação na fonte .................................................................... 82 
4.3.4.2. Falta de projetos em escolas e universidades ........................................ 82 
4.3.4.3. Desaprovação da população ..................................................................... 83 
4.3.4.4. Falta de interesse público e necessidade de investimento inicial ....... 83 
4.3.4.5. Risco ambiental com a falta de manejo ................................................... 84 
4.4. Propostas para potencializar forças e oportunidades e minimizarfraquezas e 
ameaças.................................................................................................................................... 84 
5. Conclusão ........................................................................................................................... 88 
Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 91 
Anexo – Enquadramento INEA ............................................................................................ 100 
viii 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1. Rota tecnológica dos resíduos sólidos. ........................................................................... 9 
Figura 2. Compostagem com revolvimento de leiras. ................................................................. 15 
Figura 3. Compostagem em leiras estáticas de aeração forçada. ............................................ 16 
Figura 4. Compostagem em leiras estáticas de aeração passiva. ............................................ 16 
Figura 5. Representação esquemática de um reator aeróbico de compostagem. ................. 17 
Figura 6. Aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos. .............................................................. 19 
Figura 7. Emissões mundiais de GEE. .......................................................................................... 23 
Figura 8. Emissões de GEE no setor de resíduos por país. ....................................................... 23 
Figura 9. Série histórica das emissões do setor de resíduos. .................................................... 24 
Figura 10. Composição típica do biogás. ...................................................................................... 25 
Figura 11. Hierarquia na gestão de RSU x nível de emissão de GEE. .................................... 26 
Figura 12. Matriz SWOT. ................................................................................................................. 27 
Figura 13. Fluxo de resíduos sólidos da cidade do Rio de Janeiro. .......................................... 33 
Figura 14. Localização do CTR-Rio. .............................................................................................. 34 
Figura 15. CTR-Rio. .......................................................................................................................... 35 
Figura 16. Usina de Compostagem do Caju em 2003. ............................................................... 37 
Figura 17. Leiras e corredores da Usina de Compostagem do Caju. ....................................... 38 
Figura 18. Usina de Compostagem do Caju em 2015. ............................................................... 39 
Figura 19. Usina de Compostagem do Caju e Usina de Biometanização em 2020. .............. 40 
Figura 20. Tubo de metanização de resíduos orgânicos. ........................................................... 41 
Figura 21. Metas para a gestão de resíduos orgânicos do Rio de Janeiro. ............................. 42 
Figura 22. Origem dos resíduos do Rio de Janeiro encaminhas para a disposição final. ..... 43 
Figura 23. Categorização dos Resíduos Domiciliares recebidos pela COMLURB. ................ 43 
Figura 24. Composição dos Resíduos Domiciliares do Rio de Janeiro. ................................... 44 
Figura 25. Composição da fração reciclável dos RSU do Rio de Janeiro. ............................... 44 
Figura 26. Composição dos resíduos sólidos do Rio de Janeiro (% kg/m³). ........................... 45 
Figura 27. Composição gravimétrica dos RSU gerados por zonas da cidade do em 2019. . 45 
Figura 28. Relação dos resíduos orgânicos gerados por Área de Planejamento no Rio de 
Janeiro.................................................................................................................................................. 46 
Figura 29. Composição gravimétrica dos RDO do Rio de Janeiro em abril de 2019 e 2020. 47 
Figura 30. Composição gravimétrica dos RDO do Rio de Janeiro em abril de 2019 e 2020. 48 
Figura 31. Quantificação dos resíduos coletados no Rio de Janeiro. ....................................... 48 
ix 
 
 
 
Figura 32. Atividades emissoras de GEE - Rio de Janeiro. ........................................................ 51 
Figura 33. Emissões de GEE dos subsetores do setor de resíduos do Rio de Janeiro, em 
2012. ..................................................................................................................................................... 52 
Figura 34. Série histórica das emissões resultantes da disposição final de RSU no Rio de 
Janeiro.................................................................................................................................................. 53 
Figura 35. Série histórica das emissões resultantes da compostagem de RSU no Rio de 
Janeiro.................................................................................................................................................. 53 
Figura 36. Percurso entre ETR Caju e CTR-Rio. ......................................................................... 54 
Figura 37. Percurso entre ETR Jacarepaguá e CTR-Rio. .......................................................... 55 
Figura 38. Percurso entre ETR Bangu e CTR-Rio. ...................................................................... 55 
Figura 39. Percurso entre ETR Marechal Hermes e CTR-Rio. .................................................. 56 
Figura 40. Percurso entre ETR Santa Cruz e CTR-Rio. ............................................................. 56 
 
 
x 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1. Quantidade de resíduos do Rio de Janeiro recebidos por unidades. ...................... 32 
Tabela 2. Resíduos recebidos nas ETRs em 2019. ..................................................................... 34 
Tabela 3. Origem e quantidade de resíduos recebidos no CTR-Rio em 2019. ....................... 36 
Tabela 4. Quantidade de resíduos recebidos na Usina do Caju 2. ........................................... 39 
Tabela 5. Quantidade de resíduos recebidos na Unidade de Biometanização. ...................... 41 
Tabela 6. Caracterização das amostras de material orgânico de diferentes bairros. ............. 47 
Tabela 7. Quantidade de resíduos gerados no Rio de Janeiro em 2019 de acordo com a sua 
origem. ................................................................................................................................................. 49 
Tabela 8. Série histórica dos resíduos gerados no Rio de Janeiro. .......................................... 49 
Tabela 9. Principais municípios emissores de GEE em 2018 (total e setor de resíduos)...... 51 
Tabela 10. Distância entre ETRs e CTR-Rio e quantidade de resíduos recebidos por cada 
ETR. ...................................................................................................................................................... 54 
Tabela 11. Consumo de diesel nos percursos entre as ETRs e CTR-Rio. .............................. 57 
Tabela 12. Fatores de emissão de CO2e para diferentes tipos de caminhão. ......................... 58 
Tabela 13. Emissão de CO2e nos percursos entre as ETRs e o CTR-Rio............................... 58 
Tabela 14. Impacto de um programa de compostagem na destinação de resíduos do Rio de 
Janeiro, baseado no ano de 2019. .................................................................................................. 72 
Tabela 15. Cálculo do aumento da vida útil do CTR-Rio com a ampliação da compostagem.
 ............................................................................................................................................................... 72 
Tabela 16. Cálculo do novo número de viagens ao CTR-Rio com o desvio de resíduos 
orgânicos à compostagem. ...............................................................................................................74 
Tabela 17. Redução no consumo de diesel nos trajetos entre as ETRs e o CTR-Rio com a 
ampliação da compostagem. ............................................................................................................ 74 
Tabela 18. Emissão de CO2e nos percursos entre as ETRs e o CTR-Rio nos dois cenários.
 ............................................................................................................................................................... 75 
Tabela 19. Geração de biogás no CTR-Rio em 2016 e a geração evitada com a compostagem.
 ............................................................................................................................................................... 75 
Tabela 20. Gastos da COMLURB pagos a CICLUS por serviços de aterro metropolitano. .. 78 
 
xi 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1. Perguntas para guiar elaboração da matriz SWOT. ................................................. 30 
Quadro 2. Matriz SWOT de avaliação da ampliação da compostagem no município do Rio de 
Janeiro.................................................................................................................................................. 60 
 
 
 
xii 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
AP – Área de Planejamento 
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
C40 - Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima 
CCAC – Climate and Clean Air Coalition 
COMLURB – Companhia Municipal de Limpeza Urbana 
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente 
COP – Conferência das Partes 
CTR – Centro de Tratamento de Resíduos 
CTR-Rio – Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica 
ETR – Estação de Transferência de Resíduos 
GEE – Gases de Efeito Estufa 
GG – Grandes Geradores 
GWP – Potencial de Aquecimento Global 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade 
IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas 
MCTIC - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações 
MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
MDR – Ministério do Desenvolvimento Regional 
MMA – Ministério do Meio Ambiente 
NBR – Norma Técnica 
NDC – Contribuição Nacionalmente Determinada 
ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
xiii 
 
 
 
PBMC – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas 
PMGIRS – Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de 
Janeiro 
PNMC – Política Nacional de Mudança do Clima 
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos 
RCC – Resíduos de Construção Civil 
RDO – Resíduos Domiciliares 
RPO – Resíduos de Poda 
RPU – Resíduos Públicos 
RSS – Resíduos de Serviços de Saúde 
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos 
SEEG – Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa 
SMAC – Secretaria Municipal do Meio Ambiente 
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 
SWOT - Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats 
(ameaças) 
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro 
UNFCCC – Convenção – Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima 
USEPA – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América 
 
1 
 
 
 
1. Introdução 
As mudanças climáticas são um problema cada vez mais alarmante que deve ser o quanto 
antes endereçado pela sociedade e pelos governos, tendo em vista que a contínua emissão 
de gases de efeito estufa (GEE) levará a uma maior elevação da temperatura média do 
planeta e consequentes mudanças profundas no seu sistema climático, causando impactos 
graves e irreversíveis tanto para os ecossistemas como para as pessoas. Assim, tal problema 
não só levará a novas ameaças, como intensificará as já existentes, gerando maiores riscos 
para as comunidades mais vulneráveis e acentuando as desigualdades vigentes (IPCC, 
2014). 
Dentre as atividades emissoras de GEE, encontra-se o gerenciamento de resíduos sólidos, 
responsável por uma parcela significativa do lançamento desses gases para a atmosfera. No 
Brasil, o setor de resíduos emite 4% do total nacional, que apesar de ser o menor contribuinte, 
teve um aumento na sua emissão em 22,8% desde 2010 (SEEG, 2020). 
A maior fração dessas emissões se dá na disposição final de resíduos, devido à digestão 
anaeróbia da matéria orgânica nos aterros sanitários, que libera gás metano para a atmosfera 
(SEEG, 2020). Em alguns aterros sanitários ocorre a captura e aproveitamento do metano, 
mas esses empreendimentos ainda representam uma pequena parcela dos aterros 
brasileiros: de acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do 
Clima (UNFCCC), existem apenas 49 projetos de recuperação de biogás em operação no 
país (UNFCCC, 2021c). 
De acordo com o MDR (2020b), o brasileiro gera, em média, 0,99 kg de resíduos por dia, dos 
quais, cerca de 50% são orgânicos (MMA, 2019). Assim, os resíduos orgânicos representam 
a principal fração de resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados no Brasil, o que evidencia ainda 
mais a necessidade de tratar os GEE provocados pelo seu aterramento. 
Além da geração de GEE, a disposição final de resíduos orgânicos impossibilita a recuperação 
e tratamento desses, tratando-os indevidamente como rejeitos, que, de acordo com a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), são os resíduos sólidos cujas possibilidades de 
tratamento e recuperação já foram exploradas e que devem ser encaminhados para a 
disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010). 
Na cidade do Rio de Janeiro, a emissão de GEE pelo setor de resíduos sólidos é responsável 
por 48% das emissões do município, de forma que este lidera as emissões nacionais dentro 
do setor (SEEG, 2021). A cidade gera, em média, 9.227 toneladas de RSU por dia, que são 
destinados ao Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, CTR-Rio (SMAC, 2016b), 
contribuindo para a emissão de GEE, tanto pela digestão anaeróbia na disposição final, 
2 
 
 
 
quanto pelo transporte até o aterro sanitário, que, apesar de ser uma parcela pequena, deve 
ser considerado para efeitos de mitigação. 
O Rio de Janeiro vem demonstrando interesse em se tornar uma cidade sustentável, ou seja, 
uma cidade na qual o ser humano consegue interagir em simbiose com os elementos do 
ambiente natural e do ambiente construído, de forma a alcançar a projeção qualitativa e 
duradoura dos elementos ao longo do tempo (MCTIC, 2016). Esta vontade pode ser 
observada em compromissos firmados pelo município, como a participação no Grupo C40 de 
Grandes Cidades para Liderança do Clima, comprometendo-se a combater as mudanças 
climáticas de forma local, a partir de práticas sustentáveis (RIO DE JANEIRO, 2015). 
Além do C40, o Rio de Janeiro participa de outras redes de cidades, como o ICLEI (Governos 
Locais pela Sustentabilidade), cujo objetivo é construir um futuro mais sustentável, 
promovendo programas e oferecendo assistência para as suas cidades-membro se tornarem 
mais resilientes e de baixo carbono. Ademais, em 2013, o Rio de Janeiro foi selecionado para 
participar do projeto 100 Cidades Resilientes da Fundação Rockfeller, que auxilia as cidades 
a se preparem para os desafios ambientais, sociais e econômicos do século XXI (RIO DE 
JANEIRO, 2015). 
Em 2016, a Prefeitura do Rio de Janeiro lançou o documento “Estratégia de Adaptação às 
Mudanças Climáticas da Cidade do Rio de Janeiro”, no qual analisa os perigos climáticos que 
a cidade pode enfrentar no presente e no futuro e propõe uma estratégia de adaptação 
fundamentada em seis eixos: capacidade institucional e humana, conservação e integridade 
dos ecossistemas e o uso sustentável dos recursos naturais, promoção da saúde da 
população frente às mudanças climáticas, ocupação e uso do território visando a qualidade 
urbano-ambiental, mobilidade urbana eficiente e sustentável e funcionamento das 
Infraestruturas Estratégicas sob condiçõesclimáticas adversas (SMAC, 2016a). 
Ademais, em 2011 foi instituída a Política Municipal sobre Mudança do Clima e 
Desenvolvimento Sustentável, através da Lei nº 5.248, que havia colocado como meta a 
redução de 20% da emissões de GEE para o ano de 2020 e previa diversas estratégias de 
mitigação e adaptação, dentre elas algumas voltadas para o gerenciamento de resíduos. 
Nesse sentido, pode-se mencionar também a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, firmados em 2015, que têm como objetivo 
promover o desenvolvimento sustentável até 2030, junto com a erradicação da pobreza e o 
enfrentamento das mudanças climáticas (ONU, 2015). 
Dentre os ODS apresentados na Agenda, destacam-se os objetivos 11, 12 e 13, que propõem 
tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resistentes e 
3 
 
 
 
sustentáveis; assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; e tomar medidas 
urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos, respectivamente. 
Isto posto, visando mitigar a emissão de GEE para estabelecer-se como uma cidade 
sustentável, corresponder aos compromissos firmados e agir em prol da Agenda 2030 e dos 
17 ODS, o Rio de Janeiro deve implementar ações em todos os setores emissores, dentre 
eles a geração de RSU. Dessa forma, a cidade deve empenhar-se em tratar os resíduos 
orgânicos, principal parcela dos resíduos gerados, evitando a sua disposição final em aterros 
sanitários. 
Dentro os possíveis métodos de tratamento e recuperação da fração orgânica, destaca-se a 
compostagem, processo aeróbico e termofílico de biodecomposição da matéria orgânica pela 
ação de diferentes grupos de microrganismos (INÁCIO & MILLER, 2009). O tratamento é um 
processo simples, baixo emissor de GEE e que possibilita a recuperação dos resíduos 
orgânicos. 
Além disso, a compostagem viabiliza respeitar a ordem de prioridade no gerenciamento de 
resíduos sólidos prevista na PNRS, na qual a disposição final de rejeitos deve ser a última 
destinação escolhida, após a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento de 
resíduos sólidos (BRASIL, 2010). 
Deste modo, existe um potencial na implementação do processo no Rio de Janeiro, que pode 
ser realizado de forma descentralizada, possibilitando diminuir a dependência no aterramento 
de RSU. Já é possível observar uma movimentação pela ampliação da compostagem através 
da criação de dispositivos legais: em março de 2021 foi criado o Programa Estadual de 
Compostagem de Resíduos Orgânicos no Rio de Janeiro, através da Lei nº 9.915, e no mesmo 
mês foi apresentado à Câmara Municipal do Rio de Janeiro o Projeto de Lei nº 109, que 
discute a criação de um programa municipal de compostagem. 
Com isso, o presente trabalho busca avaliar os ganhos operacionais, econômicos e 
ambientais que a ampliação da compostagem na cidade proporcionaria, através da análise 
SWOT, ferramenta de gestão já utilizada no gerenciamento de RSU, inclusive pela 
Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) do Rio de Janeiro em seu 
Planejamento Estratégico 2019-2023 (COMLURB, 2020). 
A relevância do presente trabalho se encontra nos compromissos firmados pela prefeitura do 
Rio de Janeiro, na Política Municipal sobre Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável 
da cidade, nos objetivos da Agenda 2030, no Programa Estadual de Compostagem de 
Resíduos Orgânicos no Rio de Janeiro e, sobretudo, na urgência climática a ser enfrentada, 
4 
 
 
 
cujos impactos são irreversíveis e já estão se manifestando, afetando principalmente as 
parcelas mais vulneráveis da população. 
1.1. Objetivos 
1.1.1. Objetivo Geral 
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a importância da compostagem no 
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos do município do Rio de Janeiro e seus benefícios, 
a partir da análise do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade 
do Rio de Janeiro (PMGIRS), bem como seu papel na mitigação de emissões de GEE. 
1.1.2. Objetivos Específicos 
• Analisar a composição e as quantidades dos RSU gerados pelo município do Rio de 
Janeiro e sua contribuição para a emissão de GEE; 
• Analisar o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade do 
Rio de Janeiro e as práticas de gerenciamento prévias à destinação final de RSU 
implementadas; 
• Caracterizar o aterro de Seropédica, a partir do ponto de vista operacional; 
• Avaliar, com base na matriz SWOT, a viabilidade da incorporação do processo de 
compostagem em maior escala dentro da esfera municipal e estimar os ganhos 
operacionais, econômicos e ambientais de sua implementação no gerenciamento de 
RSU da cidade do Rio de Janeiro. 
1.2. Estrutura do trabalho 
O presente estudo foi dividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo, introduziu-se a 
discussão, trazendo informações a respeito das mudanças climáticas e da sua relação com o 
gerenciamento de RSU, a partir da emissão de GEE pelo seu tratamento, e direcionou-se o 
debate para a cidade do Rio de Janeiro, para a qual o trabalho se aplica. Na mesma seção se 
encontram os objetivos gerais e específicos do trabalho. 
O capítulo 2 é constituído por um levantamento bibliográfico, com ênfase nos resíduos sólidos 
urbanos, seu gerenciamento e sua relação com as mudanças climáticas. Abordou-se a 
definição e classificação dos RSU, assim como as diferentes tecnologias de tratamento e 
disposição final de RSU, em especial a compostagem e o aterramento. Por último, tratou-se 
das problemáticas das mudanças climáticas, destacando os impactos prováveis do aumento 
da temperatura média do planeta, e das emissões geradas pelo setor de resíduos sólidos. 
5 
 
 
 
O terceiro capítulo abordou a metodologia utilizada para avaliar a importância da 
compostagem no gerenciamento de RSU e seu papel na mitigação de GEE, descrevendo as 
etapas realizadas para a elaboração do presente trabalho. Nesta seção, detalhou-se como 
foram realizadas a pesquisa bibliográfica e a coleta de dados e de que forma foi feita a análise 
do gerenciamento de RSU na cidade do Rio de Janeiro. Por último, abordou-se a escolha da 
Análise SWOT como ferramenta de avaliação da ampliação da compostagem na cidade, suas 
características, as perguntas que guiaram a elaboração da Matriz SWOT e os estudos 
identificados que utilizaram o método para analisar o gerenciamento de RSU de diferentes 
cidades. 
O capítulo 4 trata do estudo de caso da cidade do Rio de Janeiro, para a qual realizou-se uma 
análise do gerenciamento de RSU, com base no PMGIRS, identificando as principais 
destinações de RSU e caracterizando o CTR-Rio e os tratamentos da fração orgânica 
existentes. Nesta seção, encontra-se também o diagnóstico dos RSU gerados na cidade, de 
acordo com a sua composição, quantificação e contribuição na emissão de GEE. Por último, 
neste capítulo estão detalhadas a Matriz SWOT elaborada para a avaliação da ampliação da 
compostagem no Rio de Janeiro e a explicação de cada uma das forças, fraquezas, 
oportunidades e ameaças encontradas, bem como as propostas de potencialização dos 
aspectos positivos e minimização dos aspectos negativos. 
O último capítulo é constituído das conclusões encontradas no trabalho, com destaque para 
os principais aspectos encontrados na Matriz SWOT. São tratadas também as principais 
contribuições deste estudo, bem como as suas limitações. Por último, são elencadas 
possibilidades para estudos futuros, com base no tema abordado. 
 
6 
 
 
 
2. Revisão Bibliográfica 
2.1. Resíduos Sólidos Urbanos 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010 pela Lei nº 12.305, define 
resíduos sólidos como os materiais e bens produzidos por atividades humanas e que são 
enviados a destinação final, assim como gases que não podem ser descartados na rede 
pública sem antes passar por um tratamento: 
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividadeshumanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe 
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, 
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades 
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos 
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis 
em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010, p.2). 
Tais materiais são classificados de acordo com a sua origem, podendo ser resíduos 
domiciliares, de limpeza urbana, sólidos urbanos, de estabelecimentos comerciais e 
prestadores de serviços, de serviços públicos de saneamento básico, industriais, de serviços 
de saúde, da construção civil, agrossilvopastoris, de serviços de transportes e de mineração. 
Outra classificação dada pela PNRS é em relação a sua periculosidade, diferenciando os 
resíduos perigosos, que constituem risco à saúde pública e ao meio ambiente, devido às suas 
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e outras (BRASIL, 
2010). 
A NBR 10.004, Resíduos sólidos – Classificação, publicada pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT) em 2004, por sua vez, define resíduos sólidos a partir da 
identificação da sua atividade de origem: 
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de 
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de 
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas 
de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de 
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades 
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de 
água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em 
face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004, p.1). 
A sua classificação, anterior à PNRS, divide os resíduos em três categorias distintas. Os 
resíduos perigosos, classe I, são aqueles que apresentam periculosidade, inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, gerando riscos à saúde púbica e ao 
meio ambiente. Os resíduos não perigosos, classe II, são subdivididos em não inertes, classe 
7 
 
 
 
IIA, e inertes, classe IIB. Os resíduos não inertes apresentam propriedades como 
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Por último, os resíduos inertes 
são aqueles cujos constituintes não são solubilizados a concentrações superiores aos 
padrões de potabilidade de água (ABNT, 2004). 
Constantemente os termos resíduos e rejeitos são confundidos. A PNRS diferencia os dois 
conceitos, definindo o segundo como: 
resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de 
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e 
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a 
disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010, p.2). 
Assim, os resíduos sólidos urbanos (RSU), constituídos pelos resíduos domiciliares e de 
limpeza urbana (BRASIL, 2010), não devem ser considerados rejeitos, pois podem ser 
tratados e recuperados por meio de processos de reciclagem, compostagem e digestão 
anaeróbica. A maior fração dos resíduos gerados diariamente pela população brasileira é de 
resíduos orgânicos: cerca de 50% (MMA, 2019). 
Os resíduos sólidos orgânicos, objetos deste trabalho, são constituídos por restos de 
alimentos e vegetais descartados, provenientes de atividades domiciliares ou urbanas, 
agrícolas ou industriais e de saneamento básico (MMA, 2019). A Resolução CONAMA 481, 
de 03 de outubro de 2017, que estabelece critérios e procedimentos para assegurar o controle 
e a qualidade ambiental no processo de compostagem, define resíduos orgânicos como: 
são aqueles representados pela fração orgânica dos resíduos sólidos, 
passível de compostagem, sejam eles de origem urbana, industrial, 
agrossilvipastoril ou outra (CONAMA, 2017, p.2). 
Assim, de acordo com o descrito na NBR 10.004, os resíduos orgânicos podem ser 
classificados como não perigosos e não inertes, devendo ser direcionados às unidades de 
compostagem e digestão anaeróbica. 
2.2. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos 
Uma vez entendido o que são os RSU e os resíduos orgânicos, que fazem parte do RSU, é 
necessário estudar o que caracteriza o gerenciamento de RSU e como ele ocorre no Brasil. 
De acordo com a PNRS, o gerenciamento de resíduos sólidos pode ser definido como: 
conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, 
transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente 
adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada 
dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos 
8 
 
 
 
sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na 
forma desta Lei (BRASIL, 2010, p.2). 
Assim, o gerenciamento de RSU contempla desde a coleta dos resíduos, até a sua disposição 
final, incluindo as técnicas de tratamento e destinação existentes. Segundo MONTEIRO et al. 
(2001), o envolvimento de diversos órgãos da administração pública e da sociedade civil é 
essencial para a realização do gerenciamento integrado de RSU, que deve processar de 
maneira articulada as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, uma 
vez que elas se encontram interligadas. 
SCHALCH et al. (2002, p.73) reafirma a importância de articular as ações desenvolvidas pela 
administração municipal ao gerenciar os resíduos, com base em critérios sanitários, 
ambientais e econômicos, assim que gerenciar os resíduos de forma integrada é “acompanhar 
de forma criteriosa todo o ciclo dos resíduos, da geração à disposição final ("do berço ao 
túmulo"), empregando as técnicas e tecnologias mais compatíveis com a realidade local”. 
Os conceitos de gerenciamento e gestão de resíduos por vezes se confundem e, apesar de 
serem semelhantes, possuem significados distintos. A PNRS distingue os dois conceitos ao 
definir a gestão integrada como as ações que buscam solucionar a questão dos resíduos 
sólidos, a partir da premissa do desenvolvimento sustentável e considerando as suas 
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social (BRASIL, 2010). 
Dessa maneira, enquanto o gerenciamento de resíduos sólidos constitui os aspectos 
tecnológicos e operacionais, que abrangem fatores administrativos, gerenciais, ambientais, 
econômicos e de desempenho, a gestão de resíduos sólidos refere-se às atividades que 
envolvem tomadas de decisões e organização do setor, com a participação de instituições, 
políticas e instrumentos (SCHALCH et al., 2002). 
A responsabilidade pela gestão integrada dos resíduos sólidos é dos municípios, conforme 
explicitado no artigo 10º da PNRS, que devem respeitar os princípios estabelecidos no artigo 
6º, como “a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis 
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública” (inciso III) e “o 
reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor 
social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania” (inciso VIII), e os objetivos 
descritos no artigo 7º, como o inciso II de “não geração, redução, reutilização, reciclagem e 
tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos 
rejeitos” (BRASIL, 2010). 
É de extrema importância que essa responsabilidade seja colocada em prática, pois uma má 
gestão e um mal gerenciamento de RSU pode gerar diversos problemas ambientais e sociais. 
Segundo SCHALCH et al. (2002), o manejo inadequado de resíduos sólidos não só ameaça 
9 
 
 
 
à saúde pública e intensifica a degradação ambiental, afetando a qualidade de vida da 
população, como contribui significativamente para a manutenção das desigualdades sociais 
existentes. 
Além disso, o gerenciamento de resíduossólidos deve respeitar a ordem indicada pelo artigo 
9º da PNRS, de forma que deve-se, em primeiro lugar, priorizar a não geração, redução e 
reutilização dos resíduos, para então optar pela reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos 
e, por último, seguir para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 
2010). 
De acordo com ANGELO (2014), seguir essa hierarquia significa esforçar-se ao máximo para 
reduzir a disposição de resíduos em aterros sanitários, de forma que esses serão tratados e 
apenas os rejeitos serão encaminhados para a disposição final, evitando-se os problemas 
ambientais causados pela disposição de resíduos. 
O gerenciamento integrado de resíduos sólidos permite olhar para o manejo do RSU de forma 
holística, observando todos os fluxos existentes, assim como os processos e as tecnologias 
viáveis para o tratamento dos resíduos. De acordo com o MDR (2020a), tais fluxos, processos 
e tecnologias constituem a rota tecnológica dos resíduos, como é demonstrado na Figura 1. 
 
Figura 1. Rota tecnológica dos resíduos sólidos. 
Fonte: MDR (2020a) 
10 
 
 
 
Assim, o gerenciamento de resíduos começa com a coleta, que pode ser feita de forma 
diferenciada, com a separação entre os resíduos recicláveis, ou indiferenciada. Ela pode ser 
de forma direta, com a coleta dos RSU de porta a porta, ou indireta, quando os resíduos são 
dispostos pela população em pontos estacionários. Após a coleta, os resíduos passam por 
unidade de processamento para que ocorra a recuperação de materiais e redução do volume 
de rejeitos. Os resíduos, então, podem seguir para as unidades de destinação, nas quais 
ocorrem processos tecnológicos de recuperação do material, ou unidades de disposição em 
solo, no caso de rejeitos (MDR, 2020a). 
Portanto, o gerenciamento de RSU envolve diversas etapas, dependendo de diferentes 
fatores, da rota tecnológica escolhida e dos processos de destinação final contemplados. 
Assim, a seguir serão estudadas tanto as diferentes destinações possíveis para os resíduos, 
com as diferentes técnicas existentes, quanto as formas de disposição finais. 
2.2.1. Tecnologias de Tratamento e Disposição Final de RSU 
As distintas tecnologias de tratamento de resíduos sólidos existentes compõem as 
possibilidades de destinação final ambientalmente adequadas. É importante frisar que os 
termos “destinação final ambientalmente adequada” e “disposição final ambientalmente 
adequada” são diferentes. Enquanto disposição refere-se à distribuição dos rejeitos em 
aterros, de maneira ordenada e respeitando as normas operacionais para evitar danos à 
saúde pública, à segurança e ao meio ambiente (BRASIL, 2010), a destinação final 
ambientalmente adequada é definida pela PNRS como: 
destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a 
compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras 
destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do 
Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais 
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança 
e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010, p.1). 
Os tratamentos existentes de destinação final dos RSU podem ser físicos, térmicos ou 
biológicos, como detalhado a seguir. 
2.2.1.1. Compactação e Trituração 
Os processos de compactação e trituração são ambos tratamentos físicos cujo objetivo é 
reduzir o volume dos resíduos, a fim de favorecer as seguintes etapas de gerenciamento. A 
compactação reduz o volume inicial do lixo, enquanto a trituração reduz a granulometria dos 
resíduos, por meio de trituradores. Ambos os processos costumam ocorrer em estações de 
transferência (LOUREIRO, 2019). 
11 
 
 
 
2.2.1.2. Tratamento Térmico e Incineração 
A incineração é um processo de queima controlada de resíduos, transformando-os em 
material inerte e reduzindo seu volume e peso. Os resíduos orgânicos e os combustíveis não 
recicláveis passam por um tratamento térmico em fornos que operam a temperatura média de 
950ºC, chegando até 1.050ºC. A incineração pode ser convencional ou com produção de 
energia elétrica, a partir do aproveitamento da energia térmica presente nos gases da 
combustão (LOUREIRO, 2019). 
De acordo com LOUREIRO (2019), com o processo de incineração são gerados gases, como 
dióxido de carbono, dióxido de enxofre, nitrogênio, gás inerte, vapor d’água, além de cinzas e 
escórias. Segundo o BNDES (2014), os gases devem ser tratados previamente à sua emissão 
para a atmosfera e as cinzas e escórias, uma vez inertes, devem ser encaminhadas para a 
disposição final em aterros sanitários. 
Dentre as vantagens desse processo, destacam-se a significativa diminuição do volume de 
resíduos, o elevado potencial de recuperação de energia, a menor necessidade de área de 
instalação e a baixa emissão de odores e ruídos. Por sua vez, dentre as desvantagens, 
podem-se citar os elevados custos de instalação, operação e manutenção e as limitações de 
tratamento no que se refere à resíduos muito úmidos, com baixo poder calorífico ou clorados 
(BNDES, 2014). 
De acordo com MDR (2020b), existem apenas 17 unidades de tratamento por incineração em 
operação no país, o que representa apenas 0,4% das unidades de processamento de RSU 
existentes. 
2.2.1.3. Tratamento por Digestão Anaeróbia 
A digestão anaeróbia é uma técnica de tratamento biológico na qual ocorre a degradação da 
matéria orgânica em biodigestores, por meio da ação de microrganismos e na ausência de 
oxigênio, gerando composto e biogás (ANGELO, 2014). 
De acordo com o BNDES (2014), as vantagens desse tratamento são o aumento da vida útil 
dos aterros sanitários, com a diminuição da fração orgânica dos RSU, e a geração de produtos 
valorizáveis, como composto orgânico e biogás, que é gerado em alta quantidade e pode ser 
totalmente coletado. 
Por outro lado, as desvantagens dessa tecnologia são a dependência do processo e da 
qualidade do biogás e do composto em relação à composição dos resíduos, a necessidade 
que os resíduos digeridos apresentam de passar por uma etapa posterior de bioestabilização, 
12 
 
 
 
a dificuldade de operação do sistema e a necessidade e mão de obra qualificada (BNDES, 
2014). 
Em MDR (2020b) não há informações sobre unidades de digestão anaeróbia de RSU em 
operação no Brasil, apesar de haver usinas de biometanização no Rio de Janeiro, que opera 
por meio de processos anaeróbios, e em São Paulo (SNIS, 2021). 
2.2.1.4. Compostagem 
Um dos tratamentos dos RSU que requer maior atenção é a compostagem, objeto deste 
trabalho. Essa técnica tem ganhado maior destaque nos últimos anos e estudos sobre 
experiências aplicadas podem ser encontradas em HESTER (2020) e CHIABI (2017). 
A compostagem é o processo de decomposição biológica que se dá com a degradação 
aeróbia dos resíduos orgânicos de forma controlada, a partir de condições ideais de umidade, 
oxigênio e nutrientes. Tais condições propiciam a ação de macro e microrganismos sobre a 
fração orgânica, produzindo um material final chamado composto orgânico (MMA, 2018). 
O composto orgânico, também conhecido como adubo, é constituído pela matéria orgânica 
parcialmente estabilizada, além das substâncias húmicas e elementos minerais. O produto 
homogêneo de cor marrom-escuro apresenta diversos benefícios para o uso no solo, como 
fonte de matéria orgânica e nutrientes, formação de agregados mais estáveis e incremento 
do pH do solo e de fertilizantes minerais (INÁCIO & MILLER, 2009). 
A utilização do composto para fomentar a produção agrícola possibilita olhar para a 
compostagem a partir de uma perspectiva cíclica, uma vez que o ciclo da matéria orgânica é 
fechado por meio da produção de alimentos, recuperação dos resíduos e aplicação dos 
nutrientes no solo a partir do adubo para a produção de novos alimentos. Assim, o processo 
de compostagem está alinhado com os fundamentos da Economia Circular.A Economia Circular é uma proposta que visa projetar tecnologias e utilizar os recursos 
naturais a partir de uma nova visão, baseando-se em três princípios: eliminação de resíduos 
e poluição, manutenção do uso de produtos e materiais e regeneração de sistemas naturais. 
O primeiro princípio é entender os resíduos e a poluição como falhas do projeto dos produtos 
e aproveitá-los para a produção de novos materiais e tecnologias, enquanto o segundo afirma 
que os produtos devem ser projetados para serem reutilizados e reparados. Por último, o 
terceiro princípio traz a ideia de que se deve objetivar na economia não só a redução dos 
danos, mas a proteção e regeneração dos ecossistemas e recursos naturais (ELLEN 
MACARTTHUR FOUNDATION, 2021). 
13 
 
 
 
Assim, além da possibilidade de utilizar o composto na recuperação de solos degradados, a 
compostagem permite a mitigação da geração e aterramento de rejeitos e recuperação dos 
resíduos orgânicos, que passam a ser recursos dentro do processo, o que demonstra o 
alinhamento do tratamento com os princípios da Economia Circular. 
Juntamente com a produção do composto, ocorre a liberação de gás carbônico, calor e vapor 
d’água, de forma a reduzir o peso e volume do material (CEMPRE, 2005). A temperatura, que 
reflete o calor liberado ao longo da decomposição, é um importante fator do processo, pois 
não é apenas uma consequência da ação dos microrganismos, mas também um determinante 
seletivo sobre eles (INÁCIO & MILLER, 2009). 
Assim, a temperatura serve como um bom parâmetro para avaliar o andamento do processo 
de compostagem, que possui quatro fases. A primeira etapa, denominada Fase Inicial, é 
responsável pelo incremento dos microrganismos mesófilos e rápida intensificação da 
decomposição, liberando calor e elevando a temperatura até 45ºC em cerca de 24 horas 
(INÁCIO & MILLER, 2009). 
Em seguida, ocorre a Fase Termofílica, na qual ocorre a intensa decomposição do material 
pela ação dos microrganismos termófilos, em temperaturas na faixa de 50 a 65ºC. A 
metabolização por parte das bactérias produz água metabólica, calor e vapor d’água (INÁCIO 
& MILLER, 2009). 
A terceira fase é a Fase Mesófila, na qual as substâncias mais resistentes são decompostas 
pelos microrganismos mesófilos. A atividade microbiana diminui e ocorre uma queda na 
temperatura, além da perda de umidade. (INÁCIO & MILLER, 2009). 
A quarta e última etapa é a conhecida por Maturação, na qual acontece a maturação do 
composto, formando substâncias húmicas. Há pouca atividade biológica e a decomposição 
ocorre a taxas muito baixas, o que também acontece quando o composto é aplicado no solo 
(INÁCIO & MILLER, 2009). 
a) Variáveis da compostagem 
O processo de compostagem é influenciado por cinco variáveis diferentes: oxigênio, umidade, 
relação carbono/nitrogênio, granulometria e pH. 
i. Oxigênio 
A compostagem é um processo sobretudo aeróbio, ainda que se formem zonas internas 
anaeróbias. A oxigenação permite alcançar altas temperaturas, necessárias para a atividade 
microbiana, além de evitar a formação de gás metano e compostos intermediários com forte 
14 
 
 
 
odor, que são produtos da digestão anaeróbia. Além disso, a digestão aeróbia apresenta 
melhores resultados, processos mais rápidos e mais eficientes (INÁCIO & MILLER, 2009). 
ii. Umidade 
A umidade possui um importante papel no processo de compostagem devido a necessidade 
de água para o metabolismo microbiano. É necessário, no entanto, controlar a umidade e 
mantê-la na faixa entre 40 e 65%, pois o excesso de água pode impedir a difusão do oxigênio 
no interior da leira, enquanto a escassez prejudica a atividade biológica. Durante o processo 
de compostagem, a umidade da leira tende a diminuir (INÁCIO & MILLER, 2009). 
iii. Relação Carbono/Nitrogênio (C/N) 
Dentre os nutrientes presentes no processo de compostagem, os mais essenciais para a 
atividade microbiana são o carbono e o nitrogênio. A relação C/N da mistura inicial atua sobre 
diversos fatores, como o tempo de compostagem, a aeração, a porosidade da leira e a 
temperatura ao longo do processo. Assim, é importante controlar a relação C/N, considerando 
que cada resíduo orgânico apresenta valores distintos de C/N e que os microrganismos 
utilizam, para cada unidade de nitrogênio assimilada para a formação de proteínas e do DNA 
e RNA microbiano, 25 a 30 partes de carbono como fonte de energia (INÁCIO & MILLER, 
2009). 
iv. Granulometria 
O tamanho das partículas dos resíduos dispostos na leira é importante para o processo, pois 
irá determinar a área de superfície na qual os microrganismos irão atuar, de forma que quanto 
menor a granulometria, maior a velocidade de decomposição. Além disso, a granulometria 
atua sobre a aeração da leira, ao manter uma porosidade mínima para a difusão do oxigênio. 
O tamanho ótimo encontrado na literatura para as partículas está entre 0,3 e 1,5 cm (INÁCIO 
& MILLER, 2009). 
v. pH 
A atividade microbiana é diretamente influenciada pelo pH do meio, principalmente na fase 
inicial da compostagem. O pH ideal da mistura deve estar entre 5,0 e 7,0 para alcançar uma 
atividade microbiana adequada, pois a ação microbiana se retarda em faixas extremas de pH 
muito ácidos ou básicos. No início do processo de compostagem, o pH diminui, porém com a 
elevação da temperatura volta a subir, estabilizando-se entre 6,0 e 7,0 (INÁCIO & MILLER, 
2009). 
15 
 
 
 
b) Métodos da compostagem 
Existem três métodos distintos de compostagem: com revolvimento de leiras, leiras estáticas 
e reatores aeróbicos. 
i. Compostagem com revolvimento de leiras 
O método de compostagem com revolvimento de leiras se baseia na montagem de leiras de 
resíduos longas e de seção triangular com o auxílio de pás-carregadeiras, como demonstra a 
Figura 2. As leiras são frequentemente revolvidas pelos equipamentos auxiliares para ajudar 
na aeração do processo. Esse método conta com um manejo simples e de baixo custo de 
implantação, o que explica a sua larga difusão no país. No entanto, necessita de grandes 
espaços, gera lixiviado em excesso e emite odores, devido à maior dificuldade de controle do 
processo (INÁCIO & MILLER, 2009). 
 
Figura 2. Compostagem com revolvimento de leiras. 
Fonte: MÁQUINA SOLO (2021). 
ii. Compostagem com leiras estáticas 
O método de leiras estáticas pode ser com aeração forçada ou passiva. Na aeração forçada 
são utilizados equipamentos que insuflem ou aspiram ar para o interior das leiras, de forma 
que o revolvimento não é necessário. As leiras são montadas sobre tubos perfurados 
conectados aos equipamentos, como pode ser visto na Figura 3, e, assim, o processo é mais 
eficiente, permitindo maior controle na emissão de odores e produção de lixiviado. Essa 
técnica reduz a necessidade de máquinas e equipamentos, porém acarreta maior custo de 
implantação (INÁCIO & MILLER, 2009). 
16 
 
 
 
 
Figura 3. Compostagem em leiras estáticas de aeração forçada. 
Fonte: OLIVEIRO (2016). 
No método com aeração passiva, demonstrado na Figura 4, as leiras são usualmente 
montadas com paredes retas e não são revolvidas com frequência, recebendo uma carga 
contínua de resíduos, que são seguidas de uma mistura manual das camadas. As leiras são 
cobertas com material vegetal para evitar exposição dos resíduos. Tal técnica apresenta 
elevado controle na produção de lixiviado, emissão de odores, atração de vetores e qualidade 
do composto, além de não requerer grandes áreas (INÁCIO & MILLER, 2009). 
 
Figura 4. Compostagem em leiras estáticas de aeração passiva. 
Fonte: COMPOSTA’E (2021). 
17 
 
 
 
iii. Compostagem em reatores aeróbios 
Por último, o método de compostagem em reatores aeróbios consiste em utilizar sistemas 
fechados, como containers e cilindros, para o processo de decomposição, como representado 
na Figura 5. São necessários mecanismos de aeração forçada, além do revolvimento 
mecânico dos resíduos. O processoé mecanizado, apresenta maior controle da qualidade do 
composto, requer menos mão de obra e ocupa menor área, porém exige maiores custos de 
operação e manutenção (INÁCIO & MILLER, 2009). 
 
Figura 5. Representação esquemática de um reator aeróbico de compostagem. 
Fonte: Adaptado de LI et al. (2013). 
Conhecidas as fases do processo, suas variáveis e os diferentes métodos de compostagem, 
é possível avaliar as vantagens e desvantagens do tratamento. Dentre as vantagens 
proporcionadas pela escolha por essa tecnologia têm-se o aumento da vida útil dos aterros, 
o aproveitamento agrícola da matéria orgânica como composto, a possibilidade de dispor os 
rejeitos estabilizados do processo em aterros, reduzindo a formação de gases e lixiviados, a 
baixa necessidade de mão de obra especializada, a baixa poluição atmosférica e hídrica, 
quando bem operada, e a geração de renda com a comercialização do composto (BNDES, 
2014). 
As desvantagens, por sua vez, são a necessidade de separação eficiente dos resíduos e 
longo tempo de processamento, a necessidade de um mercado para revender o composto, o 
risco de contaminar o meio ambiente com uma má operação do processo, os elevados custos 
da coleta diferenciada de resíduos orgânicos e a necessidade de uma área grande para as 
leiras (BNDES, 2014). 
18 
 
 
 
De acordo com MDR (2020b), existem 73 unidades de compostagem em operação no país, o 
que representa apenas 1,7% das unidades de processamento de RSU existentes. 
2.2.1.5. Aterramento 
O aterramento é uma técnica de disposição final dos rejeitos e as unidades de disposição final 
ambientalmente adequadas são denominadas aterros sanitários, que, de acordo com a NBR 
8.419:1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, 
podem ser definidos como: 
Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar 
danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos 
ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os 
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume 
permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada 
jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário (ABNT, 1992, p. 
1). 
Essa técnica também requer maior atenção, visto que é um processo amplamente utilizado 
para a disposição final de RSU. De fato, de acordo com o BNDES (2014), o aterro sanitário é 
uma tecnologia universal, essencial até mesmo em países que contam com outras tecnologias 
de tratamento, como as elencadas anteriormente. 
A classificação dos aterros pode ser feita de acordo com a técnica de operação implementada 
ou com a forma de disposição, podendo ser aterro comum, aterro controlado ou aterro 
sanitário. O aterro comum, também conhecido como lixão, constitui na descarga do lixo, sem 
qualquer tratamento prévio, sendo o método mais prejudicial ao meio ambiente (LOUREIRO, 
2005). 
Outro método de aterramento é o aterro controlado, no qual existe uma cobertura do material 
recebido, que, no entanto, não é realizada de forma determinada e não há, em geral, 
mecanismos de coleta e tratamento dos efluentes gerados, sendo respeitadas apenas as 
exigências mínimas indispensáveis de controle (LOUREIRO, 2005). 
A PNRS determinou que, em até quatros anos após a sua publicação, a disposição final 
ambientalmente adequada dos rejeitos deveria ser implementada (BRASIL, 2010). Sendo 
assim, os lixões e aterros controlados deveriam ter sido extintos até 2014, no entanto, de 
acordo com MDR (2020b), em 2019, 15,9 milhões de toneladas de resíduos foram 
encaminhadas para unidades de disposição final inadequadas, correspondendo a 24,9% do 
total disposto em solo. 
19 
 
 
 
Por último, o aterro sanitário, como já definido anteriormente e cuja esquematização pode ser 
vista na Figura 6, é aquele cuja execução segue os critérios e normas de engenharia e atende 
aos padrões de segurança, com a implantação de sistemas de drenagem de águas pluviais, 
captura e tratamento de efluentes líquidos e gasosos, camada impermeabilizante no fundo e 
proteção dos recursos ambientais (LOUREIRO, 2005). 
 
Figura 6. Aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos. 
Fonte: IPT (2000)1, apud BNDES (2014). 
O aterro sanitário é, atualmente, a melhor técnica de disposição final de rejeitos e, quando 
bem operado, é um método seguro tanto para o meio ambiente quanto para a saúde da 
população. No entanto, essa tecnologia também apresenta algumas problemáticas, como é o 
caso dos efluentes gerados que foram anteriormente citados. 
Os resíduos orgânicos, quando aterrados, passam por um processo de digestão anaeróbia, 
levando a emissão de gás metano e produção de lixiviado. Ambos efluentes devem ser 
coletados e o biogás pode ser queimado, para que o gás metano se transforme em dióxido 
de carbono, que possui menor potencial de absorção de calor, ou pode ser recuperado, 
visando a geração de energia elétrica e/ou calor (ANGELO, 2014). 
Assim, o aterro sanitário pode drenar os gases gerados e encaminhá-los, através de tubos 
coletores, para unidades de geração de energia, passando a ser considerados digestores 
anaeróbios. A energia dos resíduos é uma inovação tecnológica dos aterros sanitários, que 
permite maior eficiência operacional e redução das emissões de GEE (BNDES, 2014). 
 
1 IPT - Instituto De Pesquisa Tecnológica. Manual de Gerenciamento Integrado. Lixo Municipal: 2. ed. 
São Paulo: 2000. p. 29. 
20 
 
 
 
Dentre as vantagens do método de aterramento, têm-se a possibilidade de uso futuro da área 
para outras atividades, a flexibilidade e facilidade de receber rapidamente quantidades 
variáveis de resíduos, adaptabilidade a comunidades grandes ou pequenas, menores custos 
de investimento e operação, simplicidade na operacionalização, sem necessitar de mão de 
obra especializada, possibilidade de aproveitamento do biogás e, se corretamente executado, 
ambientalmente seguro (BNDES, 2014). 
As principais desvantagens são a necessidade de grandes áreas para aterro, que por vezes 
estão localizadas longe dos centros urbanos e requerem custos adicionais de transporte, 
comprometimento da paisagem, risco de emissão de maus odores, deslocamento de terra e 
produção de lixiviados, longo período pós encerramento para a estabilização do aterro e risco 
de impactos ambientais a longo prazo (BNDES, 2014). 
Além da necessidade de uma correta projeção e execução dos aterros sanitários, para 
minimizar os riscos e danos desse tratamento, é importante atentar-se ao fato de que os 
aterros deveriam receber apenas rejeitos e não resíduos sólidos. Atualmente, os aterros 
sanitários brasileiros recebem 48,1 milhões de toneladas de resíduos (MDR, 2020b), de forma 
que é necessário investir nessa técnica de disposição final, porém é imprescindível apoiar 
métodos prévios de tratamento e recuperação dos resíduos, visando diminuir o volume de 
massa que é atualmente destinado aos aterros sanitários. 
2.3. Resíduos Sólidos e Mudanças Climáticas 
2.3.1. Problemáticas das Mudanças Climáticas 
As mudanças climáticas constituem uma das principais ameaças à humanidade no século 
XXI. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, 2018) define mudanças 
climáticas como qualquer variação no clima que persiste por um tempo prolongado, podendo 
ser devido a processos naturais internos ou forçantes externas, como atividades 
antropogênicas. A UNFCCC, por sua vez, define o fenômeno como: 
mudança climática atribuída direta ou indiretamente à atividade humana que 
altera a composição da atmosfera global e que se soma à variabilidade 
climática natural observada em períodos comparáveis (UNFCCC, 1992, p.7) 
De acordo com o IPCC (2014), a contínua emissão de gases de efeito estufa aumentará a 
temperatura média do planeta, aquecendo-o e levando a mudanças duradouras nos 
componentes do sistema climático e impactos irreversíveis para as pessoase para os 
ecossistemas. 
Os perigos aos quais os sistemas humanos e naturais estão sujeitos, como tempestades, 
aumento do nível do mar, inundações costeiras e eventos climáticos extremos, combinados 
21 
 
 
 
com a vulnerabilidade, exposição ao perigo e capacidade de adaptação, geram novos riscos 
e amplificam os já existentes. As principais ameaças da emergência climática são: riscos de 
problemas graves de saúde e modos de vida prejudicados, riscos sistêmicos devido ao 
colapso das redes de infraestrutura, risco de insegurança alimentar e hídrica e perda de meios 
de subsistência, risco de perda de ecossistemas, biodiversidade e serviços ecossistêmicos 
(IPCC, 2014). 
Nesse sentido, o IPCC (2014) resumiu os principais riscos em cinco “razões para 
preocupação” em relação à mudança climática, que demonstram as consequências do 
aumento da temperatura média do planeta e os limites de adaptação dos sistemas, sendo 
elas: 
• Sistemas únicos e ameaçados, que correm risco de sofrerem consequências graves 
devido a capacidade adaptativa limitada e aumento das temperaturas, acidificação dos 
oceanos e elevação do nível do mar, sendo que com as mudanças já existentes alguns 
sistemas já estão em risco; 
• Eventos climáticos extremos, que aumentam progressivamente com o aquecimento 
do planeta e atualmente já apresentam riscos moderados; 
• Distribuição dos impactos, que ocorrem de forma desigual entre as regiões e as 
comunidades, atingindo em maior proporção as populações mais desfavorecidas; 
• Impactos globais agregados, que são moderados e refletem os impactos sobre a 
biodiversidade do planeta, que por sua vez levam a riscos elevados; 
• Eventos singulares de grande escala, que são conhecidos como pontos de inflexão, a 
partir dos quais alguns sistemas físicos e ecológicos estão em risco de mudanças 
irreversíveis. 
Os riscos dessas “razões para preocupação” estão associados ao grau de aquecimento do 
planeta e serão baixos, moderados ou altos de acordo com a variação da temperatura média, 
que pode ser de 1ºC, 2 ºC, 3 ºC ou mais em relação aos níveis pré-industriais (IPCC, 2014). 
O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC, 2013) aponta os riscos nacionais das 
mudanças climáticas, afirmando que deverão ocorrer alterações na temperatura e na 
precipitação em diversas regiões do país, aumento de eventos extremos, como chuvas 
severas, riscos climáticos para a agricultura, impactos no regime hidrológico das bacias 
hidrográficas brasileiras, impactos sob o potencial de pesca e ameaças na oferta e produção 
de alimentos. 
Além disso, o relatório assinala para a vulnerabilidade dos biomas brasileiros e dos sistemas 
costeiros. Em relação ao risco às pessoas, tanto as áreas rurais quanto as áreas urbanas 
22 
 
 
 
estão sujeitas aos impactos das mudanças climáticas, que afetarão diretamente a saúde, o 
bem-estar e a segurança dos brasileiros, influenciando serviços essenciais, como transporte 
e energia, e acentuando as desigualdades já existentes (PBMC, 2013). 
A fim de conter os impactos das mudanças climáticas e evitar riscos moderados e altos, os 
países-membro da UNFCCC assinaram em 2015, na 21ª Conferência das Partes (COP 21), 
o Acordo de Paris. Os 196 países signatários se comprometeram a reduzir as suas emissões 
de GEE para limitar o aumento da temperatura média global em 2ºC em relação aos níveis 
pré-industriais, porém esforçando-se para que esse aumento não ultrapasse 1,5ºC (UNFCCC, 
2021a). 
O Brasil comprometeu-se, através da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), a 
diminuir as emissões líquidas totais de GEE em 37% até 2025 e em 43% até 2030, em 
comparação com os níveis emitidos em 2005. A NDC evidencia também o objetivo de atingir 
a neutralidade climática em 2060, com emissões líquidas nulas (UNFCCC, 2021b). 
Vale ressaltar que, além dos compromissos internacionais em prol da mitigação das 
mudanças climáticas firmados pelo Brasil, o país conta com a Política Nacional sobre 
Mudança do Clima (PNMC), instituída pela Lei Nº12,187, em 2009, que visa a redução das 
emissões antrópicas de GEE, dentre outros, afirmando que todos têm o dever de atuar para 
reduzir os impactos das mudanças climáticas. 
2.3.2. Geração de GEE do setor de RSU 
Apesar de ser o menor emissor de GEE, o setor de resíduos sólidos apresenta significativa 
contribuição para as mudanças climáticas, estando entre as cinco principais atividades 
emissoras e mostrando um aumento nos últimos anos. 
No cenário internacional, em 2018, o setor foi responsável pela emissão de 3% dos GEE, o 
correspondente a 1.606,86 MtCO2e2, como demonstra o gráfico da Figura 7. Desse montante, 
o Brasil emitiu naquele ano 70,22 MtCO2e, 4% do total, ocupando a 6ª posição dentre os 
maiores emissores no setor (CLIMATE WATCH, 2021), como pode ser observado na Figura 
8. 
 
2 O dióxido de carbono equivalente (CO2e) é uma escala utilizada para comparar emissões de 
diferentes GEE, calculando a quantidade de CO2 que causaria o mesmo aumento da temperatura que 
a quantidade emitida de um GEE. O CO2e é calculado multiplicando-se a emissão de um GEE pelo 
seu potencial de aquecimento global (GWP) para um horizonte de 100 anos (IPCC, 2018). 
23 
 
 
 
 
Figura 7. Emissões mundiais de GEE. 
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados de CLIMATE WATCH (2021) 
 
Figura 8. Emissões de GEE no setor de resíduos por país. 
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados de CLIMATE WATCH (2021) 
Estudos mais recentes apontaram que o setor de resíduos sólidos no Brasil emitiu, em 2019, 
96,1 milhões de toneladas de CO2e, sendo responsável pela emissão de 4% do total nacional 
de GEE. Desde 1990, o setor apresentou um aumento proporcional de 187% nas suas 
emissões, sendo que de 2010 a 2019, esse aumento foi de 22,8% (SEEG, 2020), o que mostra 
a importância de atentar-se para a contribuição dessa atividade para as mudanças climáticas. 
De acordo com o SEEG (2020), a maior parte das emissões de GEE no setor, o 
correspondente a 65%, ocorre na disposição de resíduos sólidos em aterros controlados, 
lixões e aterros sanitários, que emitiu, em 2019, 62 MtCO2e. Seguido da disposição final, o 
tratamento de efluentes líquidos domésticos e industriais contribuem juntos em 33% das 
emissões do setor. A incineração ou queima a céu aberto emite 2% e, por último, a 
3%
3%
6%
12%
76%
Resíduos
Mudanças no Uso da Terra e
Florestas
Processos Industriais
Agricultura
Energia
Emissões mundias de GEE (GtCO2e)
12%
8%
8%
7%
5%
4%3%3%2%2%
45%
Emissões de GEE no setor de resíduos
China
Indonésia
EUA
Rússia
Índia
Brasil
México
Irã
Arábia Saudita
24 
 
 
 
compostagem é responsável por menos de 1% das emissões do setor, 0,52 MtCO2e, como 
pode ser visto na Figura 9. 
 
 
Figura 9. Série histórica das emissões do setor de resíduos. 
Fonte: SEEG (2020) 
Esses valores se dão, em grande parte, pelo fato de que atualmente o aterramento representa 
75,2% da destinação final, enquanto os tratamentos térmicos e biológicos juntos respondem 
a menos de 0,5% do total (MDR, 2020b). Por outro lado, na disposição final ocorre a digestão 
anaeróbia dos resíduos orgânicos que emite gás metano (SEEG, 2020), que apesar de 
permanecer por apenas 12 anos na atmosfera, apresenta um potencial de retenção de calor 
28 vezes mais potente que o CO2 para um horizonte de 100 anos (IPCC, 2014). 
Assim, apesar de o aterro sanitário ser ambientalmente mais seguro do que aterros 
controlados e lixões, ele emite uma parcela de GEE significativamente maior do que as de 
locais de disposição inadequada de RSU, 57% das emissões do subsetor (SEEG, 2020), pois 
a falta de controle na disposição inadequada faz com que parte dos resíduos sejam digeridos 
aerobiamente (ABRELPE, 2012). 
De acordo com o EPE (2014), a geração do biogás se dá em quatro fases características da 
vida útil de um aterro sanitário, cujas durações variam de acordo com a composição dos

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