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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Centro de Ciências da Matemática e da Natureza 
Instituto de Geociências 
Programa de Pós-Graduação em Geologia 
 
 
 
 
 
 
 
RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL NAS LAGUNAS DE MARICÁ E 
SAQUAREMA, RJ COM BASE EM FORAMINÍFEROS 
 
 
 
 
Regina Lucia Machado Bruno 
 
 
Orientadora: Dra. Claudia Gutterres Vilela 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio de 2012 
 
 
 
 
 
UFRJ 
 
RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL NAS LAGUNAS DE MARICÁ E 
SAQUAREMA, RJ COM BASE EM FORAMINÍFEROS 
 
 
Regina Lucia Machado Bruno 
 
 
 
Tese de Doutorado submetida ao 
Programa de Pós-graduação em 
Geologia, Instituto de Geociências, da 
Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – UFRJ, como requisito 
necessário à obtenção do grau de 
Doutor em Ciências (Geologia). 
 
Orientador (a): Dra. Claudia Gutterres 
Vilela 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio de 2012 
RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL NAS LAGUNAS DE MARICÁ E 
SAQUAREMA, RJ COM BASE EM FORAMINÍFEROS 
 
 
Regina Lucia Machado Bruno 
 
Orientador (a): Dra. Claudia Gutterres Vilela 
 
 
Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em 
Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - 
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor 
em Ciências (Geologia). 
 
Aprovada por: 
 
_____________________________________ 
Presidente: DSc. Ismar de Souza Carvalho (UFRJ) 
 
_____________________________________ 
DSc. Claudio Limeira Mello (UFRJ) 
 
_____________________________________ 
DSc. Décio Luis Semensatto Junior (UNIFESP/ SP) 
 
_____________________________________ 
DSc. José Antônio Baptista Neto (UFF) 
 
_____________________________________ 
DSc. Maria Antonieta da Conceição Rodrigues (UERJ) 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio de 2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
Bruno, Regina Lucia Machado 
Reconstrução Paleoambiental nas Lagunas de Maricá e 
Saquarema, RJ com Base em Foraminíferos [Rio de Janeiro] 
2012. 
xix, 180 p. (Instituto de Geociências – UFRJ, D.Sc., Programa 
de Pós-Graduação em Geologia, 2012). 
Tese – Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no 
Instituto de Geociências. 
I – IG/UFRJ II - Título (série) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço imensamente a Deus por iluminar 
a minha vida e por esta jornada de tese. 
 
iv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
● À profa. Claudia, pela excelente orientação, por todas as oportunidades 
de trabalho e por fornecer um excelente laboratório (MicroCentro/ UFRJ) 
para o desenvolvimento da pesquisa; 
 
● Aos professores José Antônio, Cleverson e ao técnico Carlos do 
Departamento de Geoquímica da UFF, pela colaboração na coleta de 
campo; 
 
● Ao prof. Graciano Mendonça Filho do Laboratório de Palinofácies & 
Fácies Orgânicas (LAFO)/ UFRJ, pelas análises geoquímicas e pelas 
fotomicrografias dos foraminíferos; 
 
● Ao prof. Jean Valentin do Departamento de Biologia Marinha/ UFRJ, 
pelos esclarecimentos na parte estatística do trabalho; 
 
● Ao prof. Ricardo Absalão do Departamento de Zoologia/ UFRJ, pelo 
auxílio na identificação das conchas; 
 
● Ao prof. Lázaro Laut do Departamento de Biologia/ UNIRIO, pelas boas 
conversas em relação ao presente trabalho; 
 
● Aos colegas e vizinhos de laboratório: Sarah, Deise e Rômulo, pela 
amizade e pela boa convivência; 
 
● À todos os estagiários que colaboraram em algum momento para a 
realização da tese, em especial ao Daniel e ao Allan, pela boa troca de 
experiência; 
 
● À secretaria Christina, pelo auxílio nas questões acadêmicas; 
v 
 
● À minha mãe, por ter me dado uma ótima educação e pelos bons 
valores que foram ensinados e a minha irmã, pelo respeito e carinho que 
também sinto por ela; 
 
● À Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de 
Paleontologia e Estratigrafia (Geologia), pelo corpo docente, pelas 
ótimas disciplinas ofertadas e pela excelente infraestrutura de trabalho; 
 
● À CAPES – Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior, pela concessão da bolsa. 
 
 
vi 
 
RESUMO 
 
RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL NAS LAGUNAS DE MARICÁ E 
SAQUAREMA, RJ COM BASE EM FORAMINÍFEROS 
 
Regina Lucia Machado Bruno 
 
Orientador (a): Dra. Claudia Gutterres Vilela 
 
Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação 
em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título 
de Doutor em Ciências (Geologia). 
 
Com o objetivo de avaliar a distribuição dos foraminíferos associados aos aspectos 
sedimentológicos, foram realizadas duas testemunhagens na laguna de Maricá, RJ e três em 
Saquarema, RJ, para verificar modificações ambientais. Nos testemunhos da laguna de Maricá, 
foram observadas duas biofácies bem demarcadas: da base ao meio dos testemunhos, foi 
registrada a presença de foraminíferos calcáreo-hialinos, como Ammonia parkinsoniana, A. 
tepida e Elphidium excavatum, associada à alternância de lama-siltosa e lama-arenosa com 
conchas desgastadas e quebradas, e do meio ao topo dos testemunhos, foram observados 
foraminíferos aglutinantes, como Ammotium cassis, A. salsum, Trochammina inflata, 
Miliammina fusca, Ammobaculites spp, entre outros, associados à lama-siltosa, com raros 
exemplares de conchas. Este padrão de distribuição microfaunística relaciona-se com os 
eventos de variação do nível do mar, incluindo a dinâmica de abertura e fechamento da 
barreira arenosa da laguna de Maricá. Dois dos três testemunhos coletados em Saquarema 
apresentaram na microfauna de foraminíferos, a abundância das espécies A. parkinsoniana, A. 
tepida e E. excavatum associada à composição de areia média a grossa, com material 
conchífero (desgastado e quebrado) de maior dimensão e densidade que os encontrados em 
Maricá, sendo esta distribuição relacionada também com eventos de variação do nível do mar, 
enquanto que o terceiro testemunho coletado no canal da Barra Franca (canal de comunicação 
com o mar), exibiu poucos exemplares de foraminíferos (sendo as espécies Poroeponides 
lateralis, Pseudononion papillatum e Nonion spp, como as mais representativas), em razão da 
remobilização sedimentar por influência das marés e por obras de dragagem. 
 
Palavras-chave: foraminíferos, lagunas, reconstrução paleoambiental. 
 
Rio de Janeiro 
Maio de 2012 
 
vii 
 
ABSTRACT 
 
PALEOENVIRONMENTAL RECONSTRUCTION AT THE MARICÁ AND 
SAQUAREMA LAGOON, RJ BASED ON FORAMINIFERA 
 
Regina Lucia Machado Bruno 
 
Orientador (a): Dra. Claudia Gutterres Vilela 
 
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação 
em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título 
de Doutor em Ciências (Geologia). 
 
In order to evaluate the distribution of foraminifera associated with sedimentological 
features, two cores were drilled at the Maricá lagoon, RJ and three cores were drilled at the 
Saquarema lagoon, RJ to verify environmental changes. In cores at the Maricá lagoon were 
observed two well-demarcated: from the base to middle in the cores, there was the presence 
of calcareous-hyaline foraminifera, such as Ammonia parkinsoniana, A. tepida and Elphidium 
excavatum, associated with the alternation of silty-mud and muddy-sand layers with scratched 
and broken shells, and from the core middles to the top, it was observed agglutinated 
foraminifera, such as Ammotium cassis, A. salsum, Trochammina inflata, Miliammina fusca, 
Ammobaculites spp, and others, associated with layers of silty-mud with rare specimens of 
shells. This microfaunistic distribution pattern, relates to the events of sea-level change, 
including the dynamic opening and closing of sandy barrierMaricá lagoon. Two of the three 
cores collected in Saquarema showed in the foraminifera microfauna, the abundance of 
species such as A. parkinsoniana, A. tepida and E. excavatum associated with the composition 
of medium to coarse sand with shells material (scratched and broken) of greater dimension 
and density than the ones found at the Maricá lagoon, whereas this distribution is related to 
the events of sea-level change, while the third core collected at the Barra Franca channel 
(comunication channel with the sea), showed few foraminifera (the species being 
Poroeponides lateralis, Pseudononion papillatum and Nonion spp, as the most representative) 
due to sediment remobilization caused by the influence of the tides and dredging works. 
 
Key-words: foraminifera, lagoon, paleoenvironmental reconstruction. 
 
 
Rio de Janeiro 
Maio de 2012 
viii 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
AGRADECIMENTOS iv 
RESUMO vi 
ABSTRACT vii 
LISTA DE FIGURAS xiii 
LISTA DE TABELAS xviii 
1 INTRODUÇÃO 1 
2 OBJETIVOS 3 
3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 4 
3.1 FORAMINÍFEROS 4 
3.2 FATORES ABIÓTICOS DO AMBIENTE LAGUNAR 7 
4 ÁREA DE ESTUDO 10 
4.1 DEFINIÇÕES LAGUNARES 10 
4.2 EVOLUÇÃO LAGUNAR 11 
 
4.3 CLASSIFICAÇÃO GEOMÓRFICA E SALINIDADE 13 
ix 
 
4.4 LAGUNA DE MARICÁ 15 
4.5 LAGUNA DE SAQUAREMA 16 
4.6 CORDÃOS ARENOSOS DE MARICÁ E SAQUAREMA 19 
4.6.1 Leques de arrombamento ou leques de washover 25 
4.7 VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR 26 
4.8 UNIDADES GEOLÓGICAS E COBERTURA QUATERNÁRIA DE MARICÁ E 
SAQUAREMA 29 
5 MATERIAIS E MÉTODOS 34 
5.1 COLETA DE CAMPO 34 
5.2 TRATAMENTO DAS AMOSTRAS E IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES 35 
5.3 CÁLCULOS ESTATÍSTICOS 36 
5.3.1 Abundância relativa (%) 36 
5.3.2 Riqueza de espécies - Margalef (1958) (R): 37 
5.3.3 Equitatividade (J’): 37 
5.3.4 Diversidade - Shannon (1948) (H’): 38 
5.3.5 Regressão linear 38 
5.3.6 Ranks de abundância 38 
5.4 ANÁLISES GEOQUÍMICAS 39 
5.4.1 Datação carbono-14 39 
5.4.2 Carbono Orgânico Total (COT) e Enxofre (S) 41 
x 
 
5.4.2.1 Preparação das amostras – Descarbonatação 41 
5.4.2.2 Cálculo do Resíduo Insolúvel 42 
6 SISTEMÁTICA 43 
7 RESULTADOS 62 
7.1 LAGUNA DE MARICÁ 62 
7.1.1Registro sedimentólogico dos testemunhos T1 e T2 62 
7.1.2 Correlação litológica dos testemunhos de Maricá 67 
7.1.3 Avaliação taxonômica - assembleia de foraminíferos na laguna de 
Maricá 70 
7.1.3.1 Oscilações das espécies de foraminíferos nas amostras 76 
7.1.3.2 Índices de Riqueza (Margalef, 1958), Diversidade de Shannon (1948), 
Equitatividade e ranks de abundância 80 
7.1.4 Interpretação ambiental e estágios de evolução da laguna de 
Maricá 88 
7.1.5 Análises de Carbono Orgânico Total (COT) e enxofre 95 
7.1.6 Paleoníveis de conchas e variação do nível do mar 97 
7.1.7 Integração dos dados da laguna de Maricá 100 
7.2 LAGUNA DE SAQUAREMA 103 
7.2.1 Registro sedimentológico dos testemunhos T1, T2 e T3 103 
xi 
 
7.2.2 Correlação litológica dos testemunhos de Saquarema 109 
7.2.3 Avaliação taxonômica - assembleia de foraminíferos na laguna de 
Saquarema 111 
7.2.3.1 Oscilações das espécies de foraminíferos nas amostras 113 
7.2.3.2 Índices de Riqueza (Margalef, 1958), Diversidade de Shannon (1948), 
Equitatividade e ranks de abundância 119 
7.2.4 Interpretação ambiental e estágios de evolução da laguna de 
Saquarema 124 
7.2.5 Análises de Carbono Orgânico Total (COT) e Enxofre 128 
7.2.6 Níveis de conchas 132 
7.2.7 Integração dos dados da laguna de Saquarema 133 
7.3 ESPÉCIES BIOINDICADORAS DAS LAGUNAS DE MARICÁ E SAQUAREMA 138 
8 DISCUSSÃO 139 
8.1 LAGUNA DE MARICÁ E RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL 139 
8.2 ASSEMBLEIA MICROFOSSILÍFERA, GEOQUÍMICA E VARIAÇÃO DO NÍVEL DO MAR NA 
LAGUNA DE MARICÁ 145 
8.3 LAGUNA DE SAQUAREMA E RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL 150 
8.4 ASSEMBLEIA MICROFOSSILÍFERA, GEOQUÍMICA E VARIAÇÃO DO NÍVEL DO MAR NA 
LAGUNA DE SAQUAREMA 153 
9 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO 157 
9. 1 CONCLUSÃO157 
xii 
 
9.2 RECOMENDAÇÃO 158 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 159 
APÊNDICE A (ESTAMPAS) 
APÊNDICE B (LISTA DE TABELAS) 
 
 
 
 
 
 
 
xiii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 - Sistemática dos foraminíferos (Sen Gupta, 1999). 6 
Figura 2 – Interação dos fatores abióticos nas lagunas. 8 
Figura 3 – Esquema de laguna hiper e hiposalina. 9 
Figura 4 – Modelo de evolução lagunar através da segmentação: A) Abertura lagunar, B) e C) 
Progresso da segmentação (Cooper, 1994). 12 
Figura 5 – Imagem satélite de Maricá e Saquarema, Rio de Janeiro. (Google, 2010 a). Disponível em: 
<http://www.google.com.br>. 13 
Figura 6 – Mapa de pluviosidade da área de estudo (CPRM, 2001). 14 
Figura 7 - Localização do sistema Maricá-Guarapina: A) Laguna de Maricá, B) Laguna da Barra, C) 
Laguna do Padre e D) Laguna de Guarapina (Google, 2011 a). Disponível em: 
<http://www.google.com.br>. 15 
Figura 8 – Localização das lagunas de Saquarema: A) Urussanga, B) Jardim, C) Boqueirão e D) Fora 
ou Saquarema (Google, 2010 b). Disponível em: <http://www.google.com.br>. 
17 
Figura 9 – Sistema lagunar de Saquarema e seus principais afluentes (CIDE, 2001). 18 
Figura 10 – (A) e (B) Canal da Barra Franca de Saquarema (SERLA, 2001). 19 
Figura 11 – Formação das lagunas da região fluminense segundo Lamego (1974). 20 
Figura 12 – Perfilagem da barreira arenosa da laguna de Maricá (Silva & Silva, 2010). 21 
Figura 13 – Unidades da barreira arenosa da laguna de Maricá (Silva et al. 2010). 22 
Figura 14 – Detalhamento dos seis perfis na barreira arenosa da laguna de Maricá (Silva et al. 
2010). 23 
Figura 15 - Principais elementos geomórficos da planície central de Maricá (Foto: Desirée Guichard, 
2009. Silva & Silva, 2010). 24 
xiv 
 
Figura 16 – Estratigrafia do modelo geral do leque de arrombamento, mostrando (A) laminação Foreset 
durante a deposição subaquosa e (B) areia laminada-planar em leques de arrombamento supramaré 
(Schwartz, 1975). 26 
Figura 17 – (A) Curva relativa do nível do mar plotado para Salvador com 14C, idade em anos A.P. (B) e 
idade calibrada da curva do nível do mar (Martin et al. 1979). 27 
 
Figura 18 – Curva relativa do nível do mar no Holoceno construída para vários setores do leste e sul da 
costa brasileira (Martin et al. 1987). 27 
Figura 19 – Curva de variação do nível do mar proposto por Angulo & Lessa (1997). 29 
Figura 20 – Geologia e aspectos da zona costeira fluminense, Estado do Rio de Janeiro (Penha, 
1999). 30 
Figura 21 – Esquema de mapa geológico costeiro da planície de Itaipuaçu a Ponta Negra, RJ (Turcq et 
al. 1999). 32 
Figura 22 – Esquema de mapa geológico da planície de Saquarema, RJ (Turcq et al. 1999). 33 
Figura 23 – Localização dos pontos de coleta da laguna de Maricá, RJ (Google, 2011 b). Disponível em: 
<http://www.google.com.br>. 34 
Figura 24 – Quadro com coordenadas, profundidade da lâmina d’água e salinidade para 
Maricá. 34 
Figura 25 – Localização dos pontos de coleta da laguna de Saquarema, RJ (Google, 2011 c). Disponível 
em: <http://www.google.com.br>. 35 
Figura 26 - Quadro com coordenadas, profundidade da lâmina d’água e salinidade para 
Saquarema. 35 
Figura 27 – Modelos de curvas de ranks de abundância: série geométrica, série logarítmica, distribuição 
logaritmo-normal, e broken stick (Magurran, 1988). 39 
Figura 28 – Testemunho T1 Maricá. 64 
Figura 29 – Testemunho T2 Maricá. 66 
Figura 30 – Correlação dos testemunhos na laguna de Maricá. 69 
Figura 31 – Abundância absoluta das espécies no testemunho T1 Maricá. 71 
xv 
 
Figura 32 – Abundância absoluta das espécies no testemunho T2 Maricá. 73 
Figura 33 – Espécies calcárias e aglutinantes do T1 Maricá. 74 
Figura 34 - Espécies calcárias e aglutinantes do T2 Maricá. 75 
Figura 35 – Porcentagem das espécies e n° de indivíduos totais (N) nas amostras do testemunho T1 
Maricá. 77 
Figura 36 – Porcentagem das espécies e n° de indivíduos totais (N) nas amostras do testemunho T2 
Maricá. 79 
Figura 37 – Índices de riqueza, diversidade e equitatividade do T1 Maricá. 80 
Figura 38 – (A) Riqueza, diversidade e equitatividade e (B) as suas respectivas retas de tendência do T1 
Maricá. 81 
Figura 39 – Regressão linear entre o parâmetro de riqueza e profundidade (cm) da biofácies do T1 
Maricá. 82 
Figura 40 – Gráficos de série logarítmica para o T1 Maricá. 83 
Figura 41 – Índices de riqueza, diversidade e equitatividade do T2 Maricá. 84 
Figura 42 – (A) Riqueza, diversidade e equitatividade e (B) as suas respectivas retas de tendência do T2 
Maricá.85 
Figura 43 – Gráficos de série logarítmica para o T2 Maricá. 86 
Figura 44 – Gráficos de série logarítmica para o T2 Maricá. 87 
Figura 45 – Reconstrução paleoambiental do T1 Maricá. 89 
Figura 46 – Reconstrução paleoambiental no T2 Maricá. 90 
Figura 47 – Estágio I da laguna de Maricá. 91 
Figura 48 – Fase de transição da laguna de Maricá. 92 
Figura 49 – Estágio II da laguna de Maricá. 93 
Figura 50 – Modelo simplificado dos processos da laguna de Maricá. 94 
Figura 51 – COT (%) e enxofre (%) dos testemunhos T1 e T2 Maricá. 95 
xvi 
 
Figura 52 – COT (%), n° de indivíduos (N) e n° de espécies (S) dos testemunhos de Maricá. 96 
Figura 53 – (A e B) Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) e (C) Heleobia (Stimpson, 1865). 98 
Figura 54 – Registro de conchas de Maricá comparado com a curva de variação do nível do mar 
proposto por Martin et al. (1979). 99 
Figura 55 - Integração dos dados do testemunho T1 Maricá. 101 
Figura 56 - Integração dos dados do testemunho T2 Maricá. 102 
Figura 57 – Testemunho T1 Saquarema. 104 
Figura 58 – Testemunho T2 Saquarema. 106 
Figura 59 – Testemunho T3 Saquarema. 108 
Figura 60 – Correlação dos testemunhos de Saquarema. 110 
Figura 61 – Abundância absoluta das espécies no testemunho T1 Saquarema. 111 
Figura 62 – Espécies abundantes no testemunho T2 Saquarema. 112 
Figura 63 – Abundância absoluta das espécies no testemunho T3 Saquarema. 113 
Figura 64 – Porcentagem das espécies e n° de indivíduos totais (N) nas amostras do testemunho T1 
Saquarema. 114 
Figura 65 – Porcentagem das espécies e n° de indivíduos totais (N) nas amostras do testemunho T2 
Saquarema. 116 
Figura 66 – Porcentagem das espécies e n° de indivíduos totais (N) nas amostras do testemunho T3 
Saquarema. 118 
Figura 67 - Riqueza, diversidade e equitatividade do T1 Saquarema. 119 
Figura 68 – Riqueza, diversidade e equitatividade do T2 Saquarema. 120 
Figura 69 - (A) Riqueza, diversidade e equitatividade e (B) as suas respectivas retas de tendência do T2 
Saquarema. 121 
Figura 70 - Riqueza, diversidade e equitatividade do T3 Saquarema. 122 
Figura 71 – Gráficos de série logarítmica para o T2 Saquarema. 123 
xvii 
 
Figura 72 – Gráficos de série logarítmica para o T2 Saquarema. 124 
Figura 73 – Reconstrução ambiental nos testemunhos T1 (A) e no T2(B) Saquarema. 126 
Figura 74 – Reconstrução ambiental no testemunho T3 Saquarema. 127 
Figura 75 – Modelo simplificado dos processos da laguna de Saquarema. 128 
Figura 76 - COT (%) e enxofre (%) dos testemunhos T1, T2 e T3 Saquarema. 129 
Figura 77 – COT (%), n° de indivíduos (N) e n° de espécies (S) dos testemunhos T1 (A) e T2 (B) 
Saquarema. 130 
Figura 78 – COT (%), n° de indivíduos (N) e n° de espécies (S) do testemunho T3 Saquarema. 131 
Figura 79 - Regressão linear entre o parâmetro de n° de indivíduos e COT (%) do T1 
Saquarema. 131 
Figura 80 - Regressão linear entre o parâmetro de n° de espécies (S) e COT (%) do T1 
Saquarema. 132 
Figura 81 – Integração dos dados do testemunho T1 Saquarema. 135 
Figura 82 – Integração dos dados do testemunho T2 Saquarema. 136 
Figura 83 – Integração dos dados do testemunho T3 Saquarema. 137 
Figura 84 - Espécies bioindicadoras das lagunas de Maricá e Saquarema. 138 
Figura 85 – Carta náutica n° 1500, com o sistema lagunar Maricá-Guarapina, RJ (DHN, 1949).140 
Figura 86 – Carta náutica n° 1506, com o sistema lagunar Maricá-Guarapina, RJ (DHN, 1957).141 
Figura 87 – Foto aerofotogramétrica (com permissão da Diretoria de Hidrografia e Navegação, do 
Ministério da Marinha) da Barra da Emergência, Maricá-RJ. 141 
Figura 88 – Imagens satélites do canal da Barra Franca de Saquarema, RJ (Google, 2012). 152 
 
 
 
 
 
xviii 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela I – Descrição sedimentológica do testemunho T1 Maricá. 
(APÊNDICE B) 
Tabela II - Descrição sedimentológica do testemunho T2 Maricá. (APÊNDICE B) 
Tabela III – Espécies de foraminíferos no testemunho T1 Maricá. (APÊNDICE B) 
Tabela IV – Espécies de foraminíferos no testemunho T2 Maricá. (APÊNDICE B) 
Tabela V - Análise dos parâmetros estatísticos dos testemunhos T 1 e T2 Maricá. H’ = 
Índice de Diversidade, R = Riqueza e J’ = Equitatividade. (APÊNDICE B) 
Tabela VI – Carbono Orgânico Total (COT%), n° de indivíduos (N) e n° de espécies (S) 
dos testemunhos T1 e T2 Maricá. (APÊNDICE B) 
Tabela VII – Composição sedimentológica do testemunho T1 Saquarema. (APÊNDICE 
B) 
Tabela VIII - Composição sedimentológica do testemunho T2 Saquarema. (APÊNDICE 
B) 
Tabela IX – Composição sedimentológica do testemunho T3 Saquarema. (APÊNDICE 
B) 
Tabela X – Espécies de foraminíferos no testemunho T1 Saquarema. (APÊNDICE B) 
Tabela XI – Espécies de foraminíferos no testemunho T2 Saquarema. (APÊNDICE B) 
Tabela XII – Espécies de foraminíferos no testemunho T3 Saquarema. (APÊNDICE B) 
Tabela XIII - Análise dos parâmetros estatísticos dos testemunhos T1,T2 e T3 
Saquarema.H’ = Índice de Diversidade, R = Riqueza e J’ = Equitatividade. 
(APÊNDICE B) 
xix 
 
Tabela XIV - Carbono Orgânico Total (COT%), n° de indivíduos (N) e n° de espécies 
(S) do testemunho T1 Saquarema. (APÊNDICE B) 
Tabela XV - Carbono Orgânico Total (COT%), n° de indivíduos (N) e n° de espécies 
(S) dos testemunhos T1 e T2 Saquarema. (APÊNDICE B) 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Os foraminíferos bentônicos são largamente distribuídos nos diversos tipos de 
ambientes marinhos, desde plataformais e de regiões profundas (Schmiedl et al. 1997; Szarek 
et al. 2006; Bruno, 2008) a costeiros, incluindo ambientes restritos, como baías (Vilela et al. 
2003), estuários (Duleba & Debenay, 2003) e lagunas (Hayward et al. 2011), devidos tanto a 
sua capacidade de adaptação ao meio (euritópicos e estenotópicos), como às variedades de 
especiação para habitação em diferentes regimes ambientais (Sen Gupta, 1999). 
 
A distribuição dos foraminíferos bentônicos nas lagunas pode ser atribuída a diversos 
parâmetros abióticos, dentre os quais destacam-se: disponibilidade de alimentação, seja por 
simbiose com algas ou através da concentração da matéria orgânica, a exemplo de zonas 
oligotróficas para foraminíferos epifaunais e mesotróficas para foraminíferos infaunais 
(Jorissen, 1999); taxa de oxigenação (Murray, 2006), que quando favoráveis permitem 
condições para a habitação das espécimes; salinidade (Horton & Murray, 2007), incluindo a 
presença de minerais para a construção das tecas (Boltovskoy, 1965), hidrodinâmica do 
ambiente (Massey et al. 2006; Bruno et al. 2011), pH para a seleção de assembleias calcáreas 
e aglutinantes (Murray & Alve, 1999), entre outros. 
 
Esses fatores abióticos estão inclusos na parte ecológica que irá desempenhar por sua 
vez um importante papel na dinâmica de distribuição populacional de foraminíferos, 
colaborando assim, na interpretação ambiental. A interação entre os fatores abióticos e 
bióticos, em relação à assembleia de foraminíferos, proporcionará uma melhor compreensão 
desses indivíduos no ambiente (Murray, 2000). 
 
Os foraminíferos bentônicos quando avaliados quanto à distribuição quantitativa e 
microfaunística em testemunhos, podem indicar estágios e/ou mudanças geomorfológicas 
locais, contribuindo assim, para a reconstrução de paleoambientes (Vance et al. 2006; 
Cearreta et al. 2007; Blázquez & Usera, 2010). 
 
A aplicabilidade dos foraminíferos no zoneamento vertical permite inferir dados sobre 
paleoníveis costeiros e evolução da linha de costa (Gehrels, 1994; Hippensteel & Martin, 
2 
 
1999; Cann et al. 2000; Amorosi et al. 2004; Woodroffe et al. 2005). Pesquisas envolvendo 
foraminíferos bentônicos em lagunas, associadas às oscilações do nível do mar têm sido 
documentadas na costa fluminense, visando determinar reconstruções paleoambientais 
ocorridas durante o Pleistoceno e Holoceno. 
 
A costa leste fluminense é composta por inúmeras lagunas e sistemas lagunares 
associados, os quais perfazem importantes habitats para uma ampla variedade de organismos, 
incluindo foraminíferos bentônicos, diatomáceas, vermetídeos, bivalves, entre outros. Além 
disso, as lagunas possuem grandes peculiaridades quanto ao seu processo de formação 
(Martin et al. 1996; Martin et al. 2003; Laslandes et al. 2006; Dias et al. 2009). As lagunas 
derivam de antigas baías que foram fechadas pela migração de cordões arenosos. Este 
processo relaciona-se às oscilações do nível do mar ocorridas no Pleistoceno e Holoceno 
(Kjerfve, 1994). Segundo Turcq et al. (1999), a maioria das lagunas do Estado do Rio de 
Janeiro possui formação relacionada aos eventos de variações do nível do mar ocorridas no 
Quaternário. 
 
Os trabalhos realizados com foraminíferos em ambientes lagunares são empregados 
visando detectar: (i) impacto ambiental, seja ocasionado por ação antrópica ou por alterações 
naturais (Frontalini et al. 2009), e (ii) reconstrução paleoambiental através da análise 
biofaciológica associada a oscilações do nível do mar, que permite uma interpretação 
relacionada à evolução do arcabouço estrutural lagunar (Laprida et al. 2007). 
 
No Brasil, Vilela et al. (2011) documentaram a ocorrência de certas espécies de 
foraminíferos como bioindicadores de estresse ambiental na laguna Rodrigo Freitas, RJ, e 
Debenay et al. (1998), estudaram as assembleias de foraminíferos como indicadores de 
condições hidrodinâmicas nas lagunas de Cananéia-Iguape, SP e Conceição, SC. Outro 
trabalho bem documentado por Debenay et al. (2001), foi a distribuição e análise do aspecto 
morfológico de foraminíferos na laguna hipersalina de Araruama, RJ. Barbosa et al. (2005) 
analisaram a assembleia de foraminíferos coletadas na franja de manguezais da barreira 
interna na laguna de Saquarema, RJ, para associar os dados microfaunísticos ao estudo de 
variações do nível do mar. 
 
 
 
3 
 
2. OBJETIVOS 
 
O objetivo principal deste trabalho consiste em analisar as assembleias de 
foraminíferos registradas nos testemunhos das lagunas de Maricá e Saquarema, RJ em 
associação aos aspectos sedimentológicos para: 
 
● Relacionar taxonomicamente os foraminíferos às fácies sedimentológicas e níveis de 
profundidade, a fim de verificar subambientes de transição e modificações costeiras, 
seja de ordem natural ou antrópica; 
 
● Realizar aplicações ecológicas (ecologia numérica) nas assembleias de foraminíferos, 
para avaliar a tendência de distribuição da dinâmica populacional; 
 
● Correlacionar os testemunhos, incluindo a assembleia de foraminíferos às datações 
com carbono-14, a fim de inferir paleoníveis e paleoambientes costeiros, além de 
realizar reconstrução paleoambiental; 
 
● Associar os parâmetros de Carbono Orgânico Total (COT) e enxofre presentes nos 
testemunhos à microfauna de foraminíferos, para verificar possíveis alterações 
ambientais; 
 
● Comparar a ocorrência e o estado de preservação do material conchífero com os 
aspectos sedimentológicos e microfaunísticos de foraminíferos, para indicar o nível 
hidrodinâmico na formação lagunar; 
 
● E fornecer subsídios sobre a importância e a aplicabilidade dos foraminíferos no que 
tange a reconstrução paleoambiental e modificações costeiras, baseando-se na análise 
biofaciológica das assembleias de foraminíferos em conjunto aos aspectos 
sedimentológicos registrados nos testemunhos. 
4 
 
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
 
3.1 FORAMINÍFEROS 
 
Os foraminíferos são organismos unicelulares, marinhos a salobros, que pertencem ao 
Reino Protoctista, Filo Granuloreticulosa e Classe Foraminifera (Sen Gupta, 1999). 
Constituem grandes ferramentas para os geológos e paleontólogos, por fornecer registro 
fossilífero desde o Cambriano ao Recente. 
 
Segundo Murray (2006), os foraminíferos são constituídos por um protoplasma que se 
divide em protoplasma interno e externo. O primeiro encontra-se dentro da teca, sendo 
denominado de endoplasma, e o segundo, o ectoplasma, está em contato com o ambiente, 
possuindo a função de secretar a teca e através desta realizar o intercâmbio do organismo com 
o ambiente. O ectoplasma forma também filamentosos prolongamentos denominados de 
pseudópodos (reticulópodos). Estes desempenham várias funções como: tato, captura, 
locomoção, respiração e construção. 
 
A teca ou carapaça, também chamada de concha, constitui um dos sucessos evolutivos 
por desempenhar várias funções como: proteção do material interno, flutuabilidade 
(densidade), proteção contra predação e auxílio para o crescimento do protoplasma (Murray, 
2006). Conforme Boltovskoy (1965), a composição e a construção das paredes das tecas, 
possuem grande importância do ponto de vista sistemático e podem ser divididos em quatro 
grupos (Fig. 1): 
 
(A) Pseudoquitinosa ou orgânica → constituída de tectina,formada pela combinação de 
proteínas com hidratos de carbono. Este grupo, inclui espécies salobras: Ordem Allogromiida. 
 
(B) Aglutinante → constituída por uma camada quitinosa coberta por material externo, a 
exemplo de areia em sua maior parte, além de mica, espículas de esponjas, diatomáceas, entre 
outras. Ordem Astrorhizida, Lituolida, Trochamminida e Textulariida. 
 
5 
 
(C) Calcária → É a mais comum, com vários tipos de arranjos cristalinos, sendo formada em 
sua maior parte por carbonato de cálcio (CaCO3), além de quantidades menores de MgCO3, 
FeCO3, SiCO3, entre outros. Destacam-se para este grupo: Ordem Fusulinida, Miliolida, 
Carteriginida, Spirillinida, Lagenida, Buliminida, Rotaliida, Globigerinida, Involutinida, 
Robertinida. 
 
(D) Silicosa → formada por sílica, é geralmente encontrada em águas profundas. Ordem 
Silicoloculinida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Sistemática dos foraminíferos (Sen Gupta, 1999). 
 
Segundo Loeblich & Tappan (1988), a ordem Rotaliida possui teca multilocular, 
tipicamente enrolada, mas pode estar reduzida para bisserial ou unisserial; câmaras simples ou 
subdivididas por partição secundária, e mediana, e câmaras laterais podem ser diferenciadas. 
Paredes calcárias, perfuradas por calcita lamelar hialina (cristal hexagonal de CaCO3). Ocorre 
do Triássico ao Holoceno. 
 
Grupo 1 
Teca de parede 
orgânica 
Classe dos 
foraminíferos 
Grupo 2 
Teca aglutinada 
 
Grupo 3 
Teca secretada 
por CaCO3 
Grupo 4 
Teca de parede 
silicosa 
Ordem 1 
ALLOGROMIDA 
Matriz 
proteinácea ou 
mineralizada 
Partículas cimentadas 
por calcita Ordem 5 
TEXTULARIIDA 
Tipicamente unilocular 
ou tubular ramificado 
Ordem 2 
ASTRORHIZIDA 
Multicamaral 
Tipicamente 
plano-espiral 
Ordem 3 
LITUOLIDA 
Trocoespiral Ordem 4 
TROCHAMMINIDA 
Calcita Aragonita 
Cristais 
microgranulares 
Ordem 6 
FUSULINIDA 
(extinto) 
Cristais com c-
eixo de 
alongamento 
Alto-Mg calcita 
Ordem 7 
MILIOLIDA 
Espículas largas na 
matriz Ordem 8 
CARTERINIDA 
Baixo- Mg 
calcita 
Tipicamente 
único cristal ou 
vários cristais 
Ordem 9 
SPIRILLINIDA 
Numerosos 
cristais pequenos 
Parede mono-
lamelar Ordem 10 
LAGENIDA 
Parede bi-lamelar 
Bentônico 
Planctônico Ordem 13 
GLOBOGERINIDA 
outra Favusellacea 
Tipicamente alto 
trocoespiral ou seriada 
Ordem 11 
BULIMINIDA 
Tipicamente baixo 
trocoespiral, plano-
espiral, ou anular 
Ordem 12 
ROTALIIDA 
Duas câmaras 
ORDEM 14 
INVOLUTINIDA 
Muitas câmaras 
Bentônico Ordem 15 
ROBERTINIDA 
Planctônico Ordem 
13 
GLOBIGERINIDA 
taxa Recente 
(Favusellacea, 
Ordem 16 
SILICOLOCULINIDA 
7 
 
Os gêneros Ammonia e Elphidium, incluindo o grupo dos aglutinantes, são comuns em 
ambientes restritos (dependendo das condições e localização geográfica). No caso das 
lagunas, a ocorrência destes gêneros pode ser descrito segundo Loeblich & Tappan (1988): 
 
- Gênero Ammonia → pertencente à família Rotaliidae, possui teca biconvexa, com baixo 
enrolamento trocoespiral, de 3 a 4 giros, lado espiral evoluto, lado umbilical involuto. 
Ocorrência: Mioceno ao Recente. São cosmopolitas. 
 
- Gênero Elphidium → pertencente à família Elphidiidae, possui teca larga, lenticilar, plano-
espiral enrolada, involuta ou parcialmente evoluta, bi-umbonada, pode possuir umbilico de 
cada lado, sete a vinte câmaras de enrolamento. Ocorrência: Eoceno ao Recente. São 
cosmopolitas. 
 
- Ordem Lituolida, possui paredes aglutinadas, com partículas aderidas por selantes 
proteináceos ou matriz mineralizada, enrolamento trocoespiral, arranjos também em série. 
 
 
3.2 FATORES ABIÓTICOS NO AMBIENTE LAGUNAR 
 
 Os fatores abióticos como salinidade, oxigênio dissolvido, fluxo orgânico, pH e 
energia hidrodinâmica (Fig. 2 e 3), são os principais responsáveis pela distribuição dos 
foraminíferos bentônicos no ambiente lagunar, dentre os quais podem ser descritos: 
 
 
● Salinidade: pode variar desde salobra a hipersalina. Condiciona as funções vitais para 
os foraminíferos, sendo responsável pelas modificações morfológicas. Cada espécie 
tem um limite crítico para o seu desenvolvimento e atividades vitais (Reddy & Rao, 
1984). 
 
● Oxigênio dissolvido: a concentração depende da temperatura e salinidade da água. Em 
águas oceânicas, o alcance é a partir de zero no em torno de 8,5 ml 1-1; 379 µM. Parte 
do alcance é anóxico (zero de oxigênio dissolvido), desóxico (0,2-1,0 ml 1-1; 9-45 µM) 
e óxico (>1,0 ml 1-1; > 45 µM). Quando o ambiente é óxico, não há stress de oxigênio 
(Murray, 2006). 
8 
 
 
● Disponibilidade de alimento (fluxo orgânico): grande parte dos foraminíferos retira 
alimento através de plantas marinhas microscópicas, simbiose com algas, incluindo 
diatomáceas e cianobactérias. Segundo Nixon (1995), existe uma classificação 
relacionada à produtividade alimentar anual. Oligotrófico: ambientes com baixa 
concentração de nutrientes (na zona eufótica) ou baixo suprimento alimentar 
(pertencente à zona eufótica); produção < 100g Corg m
-2 y-1. Mesotrófico: abundância 
moderada de nutrientes; intermediário, entre oligotrófico e eutrófico; produção entre 
100-300 g Corg m
-2 y-1. Eutrófico: ambiente do qual o fluxo de nutrientes é muito alto. 
 
● pH: a água do mar tem pH de 8,1. As oscilações comuns variam entre 7,8-8,3. Em 
alguns estuários, baías e lagunas, a quantidade de CO que se origina devido a 
decomposição de materiais orgânicos ou aporte de água doce (pH baixo) podem 
provocar aumento na acidez. Este aumento na acidez ataca e dissolve as tecas calcárias 
(Boltovskoy, 1965). 
 
● Energia hidrodinâmica: a energia hidrodinâmica pode selecionar certos grupos de 
foraminíferos. Registros de média a alta energia hidrodinâmica favorecem 
foraminíferos calcários, enquanto que ambientes de baixa energia hidrodinâmica, 
proporcionam microfauna mais aglutinante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Interação dos fatores abióticos nas lagunas. 
 
 
Tendência ao 
ambiente restrito 
(laguna) 
Distribuição preferencial 
de espécies calcárias 
(Ammonia/ Elphidium) e/ 
ou aglutinantes 
Tendência ao 
ambiente de mar 
aberto 
Distribuição 
preferencial de espécies 
calcárias 
Fluxo orgânico 
(nível de eutrofização) 
+ - 
Oxigênio dissolvido 
- + 
pH 
Energia do ambiente 
- 
 
+ 
 
- + 
9 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Esquema de laguna hiper e hiposalina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Laguna hipersalina 
 
 Laguna hiposalina 
Oxigênio dissolvido 
+ - 
Salinidade 
+ - 
10 
 
4. ÁREA DE ESTUDO 
 
4.1 DEFINIÇÕES LAGUNARES 
 
O termo laguna originou-se do Latim ‘Lacūna’, significando lagoa ou poça (veja 
também ‘Lacus’, lagoa). A palavra veneziana ‘Laguna’ derivou-se a partir do termo Latim e 
amplo no texto literário italiano, a partir do século XVI, com o sentido de bacia costeira rasa 
conectada ao mar (Pisani, 1960). Este termo está presente no léxico inglês desde 1612; sendo 
que a palavra originou-se do italiano ‘Laguna’, devido ao primeiro uso como referência da 
Laguna de Venice (Serjeantson 1936). 
 
Phleger (1969), define lagunas costeiras como corpos de água rasos, geralmente 
orientados paralelamente à costa, separados do oceano pelas barreiras arenosas e conectados 
ao oceano por uma ou mais enseadas restritas. Segundo Davies (1980), as lagunas são 
produzidas pela ação costeira gerando enseadas, entre a barreira arenosa e a costa original. 
 
Mendes (1984), define lagunas como corpos de água costeiros rasos, que mantêm 
conexão mais ou menos restrita com o mar aberto, por serem isolados deste por restingas 
(barrier, spit), ilhas-barreiras (barrier islands) ou recifes-barreiras. A energia hidrodinâmica 
no ambiente lagunar é moderada a baixa, sendo as atividades das correntes geralmente 
pequenas, e o processo predominanteé o deposicional. 
 
Segundo Kjerfve (1994), as lagunas costeiras são corpos de água, geralmente 
orientados paralelamente à costa, separados do oceano pela barreira arenosa, conectados ao 
oceano por uma ou mais enseadas restritas, na(s) qual(quais) permanecem abertas, pelo menos 
de forma intermitente, e possuem profundidade que raramente excede poucos metros. A 
laguna pode ou não estar sujeita a mistura das marés, e a salinidade pode variar de água doce 
a hipersalino, dependendo do balanço hidrológico. As lagunas são formadas como resultado 
do aumento do nível do mar durante o Holoceno e a construção das barreiras costeiras por 
processos marinhos. 
 
11 
 
Lagunas costeiras são geralmente consideradas efêmeras em uma escala de tempo 
geológico, evoluem e são preenchidas internamente em um curto período de tempo. Os 
processos evolutivos variam de acordo com a configuração do ambiente. Como as lagunas 
ocorrem na maioria das latitudes e ocupam um local de transição entre o continente e o mar, 
sua evolução morfodinâmica é variável (Cooper, 1994). 
 
 De acordo com Esteves (1998), as lagunas ou lagos costeiros são ecossistemas cujos 
tamanhos variam desde pequenas depressões, preenchidas com água pluvial e/ou marinha, de 
caráter temporário, até corpos d’ água de grandes extensões. 
 
As lagunas costeiras, segundo Miranda et al. (2002), são corpos de água em geral 
rasos (1 a 10 m de profundidade), que podem ser forçadas pelas descargas de água doce, pela 
tensão de cisalhamento do vento e, em menor intensidade, pela maré, visto que os balanços de 
precipitação-evaporação são importantes para a circulação. 
 
Segundo Amador (1997), no litoral do Estado do Rio de Janeiro, distribui-se uma das 
maiores concentrações de lagunas costeiras do Brasil, originalmente mais de 300, incluindo 
desde pequenos e efêmeros brejos, até grandes lagoas. No litoral da Baía de Guanabara por 
exemplo, ocorrem cinco tipos de lagunas costeiras: 1-) Lagunas produzidas pela barragem de 
estuários, enseadas, baías, e braços de mar por cordões de restingas associados ao máximo 
transgressivo holocênico; 2-) Lagunas geradas pela sedimentação e compartimentação de 
lagunas maiores; 3-) Lagunas embutidas em sistemas costeiros de dupla restinga de barreiras; 
4-) Lagunas de maré e 5-) Lagoas resultantes de meandros abandonados de cursos fluviais. 
 
 
4.2 EVOLUÇÃO LAGUNAR 
 
De acordo com Cooper (1994), existem vários mecanismos no processo de evolução 
lagunar que envolve um ou mais processos de importância diferenciada e particulares de cada 
laguna, entre os quais podem ser destacados: Segmentação, Acreção Vertical, Progradação 
Fluvial de Delta, Acreção Lateral e Sedimentação Marinha. 
 
● Segmentação: neste processo, uma única laguna é convertida internamente a uma série 
de sub-lagunas isoladas. Isto surge através da reorientação da linha costeira lagunar 
12 
 
por erosão e deposição que assume um equilíbrio com ondas internas (Fig. 4). Ex: 
Laguna dos Patos, RS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 – Modelo de evolução lagunar através da segmentação: A) Abertura lagunar, B) e C) 
Progresso da segmentação (Cooper, 1994). 
 
● Acreção Vertical: a acreção vertical na laguna é mediada pela razão e natureza do 
suprimento sedimentar. Os sedimentos lagunares podem originar a partir do oceano ou 
continente ou partículas biogênicas produzidas internamente pela laguna. A deposição 
de águas calmas de silte e argila ocorre nas lagunas de forma análoga ao ambiente de 
pró-delta, onde o material é transportado pelo rio. 
 
● Progradação Fluvial de Delta: o crescimento de deltas fluviais internamente nas 
lagunas é um mecanismo pelo qual o volume da laguna pode ser reduzido. O tamanho 
do delta e a morfologia dependem largamente do volume dos sedimentos 
transportados pelo rio e o nível de energia interno lagunar. 
 
● Acreção Lateral: a redução do espelho d’água lagunar devido ao crescimento da 
vegetação é um problema generalizado na gestão da zona costeira. Este aparecimento 
é mais comum na zona climática, na qual é favorável ao crescimento rápido do 
13 
 
vegetal. Nas áreas subtropicais, os pântanos são mais comuns para a invasão no 
ambiente lagunar. 
 
● Sedimentação Marinha: a deposição sedimentar na laguna pode surgir através da 
progradação do delta de maré, onde ocorre o suprimento de areia próximo à costa; e 
barreira overwash, através de eventos associados às tempestades, que introduz 
quantidades significativas de sedimentos marinhos na laguna. 
 
 
4.3 CLASSIFICAÇÃO GEOMÓRFICA E SALINIDADE 
 
De acordo com as subdivisões geomórficas das lagunas em sufocada, restrita e 
vazada, propostas por Kjerfve (1986), as morfologias dos sistemas lagunares de Maricá e 
Saquarema (Fig. 5) aproximam-se da classificação de Laguna sufocada, pois ambas 
apresentam uma entrada de canal para o oceano, tempo de residência longo e forçantes de 
ventos dominantes, embora não apresentem alta energia de onda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Imagem satélite de Maricá e Saquarema, Rio de Janeiro. (Google, 2010 a). Disponível em: 
<http://www.google.com.br>. 
 
42° 49’ W 42° 33’ W 
22°50’ S 
22°58’ S 
0 2,4 4,8 7,2 9,6 km 
Brasil 
Complexo lagunar de Maricá 
Complexo lagunar de Saquarema 
14 
 
Quanto ao grau de salinidade, segundo Miranda et al. (2002), a laguna de Maricá é 
classificada como hiposalina, pois a salinidade mensurada no fundo e superfície encontram-se 
no entorno de 7 ‰, enquanto que a laguna de Saquarema é hipersalina, pois a salinidade 
registrada no fundo e superfície encontram-se no entorno de 42 ‰. Este caráter hipersalino da 
laguna de Saquarema, contrastando com o a laguna de Maricá, relaciona-se provavelmente a 
presença do canal da Barra Franca (canal de comunicação com o mar) e ao baixo índice de 
pluviosidade na faixa correspondente a laguna de Saquarema, conforme Barbiére & Coe Neto 
(1999) e CPRM (2001) (Fig. 6). 
 
Segundo Nimer (1979), o clima da região de Maricá é classificado como tropical 
quente, superúmido, com subseca, sendo a temperatura média anual 23,2°C. A média das 
máximas do mês mais quente (fevereiro) é de 32,2°C e das mínimas do mês mais frio (julho) 
é de 15,1°C, sendo a precipitação média anual de 1.230,8 mm. 
 
A região de Saquarema, juntamente com Iguaba Grande e Cabo Frio, está inclusa entre 
os cinco regimes anuais com índice de pluviosidade média anual menor que 1000 mm, sendo 
que o território de Saquarema possui média anual de 934,4 mm (Barbiére & Coe Neto, 1999). 
A hipersalinidade das lagunas de Saquarema e Araruama relaciona-se ao baixo índice 
pluviométrico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 – Mapa de pluviosidade da área de estudo (CPRM, 2001). 
 
15 
 
4.4 LAGUNA DE MARICÁ 
 
Na laguna de Maricá a sua sedimentação contém camadas de areia-lamosa, com 
excesso de compactação argilosa. A laguna de Maricá, também denominada de sistema 
lagunar Maricá-Guarapina, dista cerca de 60 km da cidade do Rio de Janeiro, e possui um 
total de 38 km2, sendo composto pelas lagunas de Maricá (19,5 km2), Barra (9,0 km2), Padre 
(3,0 km2) e Guarapina (6,5 km2), incluindo dois canais artificiais, São Bento e Ponta Negra 
(Fig. 7) (EIA, 1998; FEEMA, 1995). Na laguna de Maricá, a profundidade pode alcançar até 
3,0 m (Barroso et al. 2000). As margens internas deste sistema revelam em seu delineamento 
irregular, um antigo litoral recortado, com promontórios de rochas cristalinas que avançam 
para o mar e falésias vermelhas talhadas em ângulos vivos (Lamego, 1945). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 - Localização do sistema Maricá-Guarapina: A) Laguna de Maricá, B) Laguna da Barra, C) Laguna 
do Padre e D) Laguna de Guarapina (Google, 2011 a). Disponível em: <http://www.google.com.br>. 
 
 
Na laguna da Barra, as águas próximas das margens são rasas, com pouca 
profundidade.Para o centro, a profundidade aumenta até 1,5 m. Esta laguna, antigamente, nas 
proximidades do canal da Barra (denominado também de Barra da Emergência ou 
sangradouro), periodicamente se abria para o mar e fornecia significativa produção pesqueira. 
22° 54’ S 
22° 58’ S 
42° 52’ W 
A B 
C 
D 
0 1,5 3,0 4,5 6,0 km 
42° 43’ W 
Canal de 
São Bento 
Canal de 
Ponta Negra 
 Barra da Emergência 
Oceano Atlântico 
16 
 
Esse canal possuia 80 m na montante e 120 m a jusante, sendo o comprimento do canal cerca 
de 100 m. Posteriormente, devido a inundações e problemas sanitários, como a exemplo da 
ocorrência de malária, o canal da Barra da Emergência foi aterrado pelo Departamento 
Nacional de Obras e Saneamento (Oliveira et al. 1955). 
 
O regime interno do nível da água na laguna da Barra, desde antigamente até 1950 
praticamente não mudou e não apresentou alteração de influência com o mar. Na laguna de 
Guarapina, com a finalidade de saneamento na região (diminuição de focos de mosquitos), foi 
construído o canal de Ponta Negra, em forma de S, com 1500 m de comprimento. O nível 
batimétrico médio da laguna de Guarapina é 1,5 m e o nível máximo é de 1,86 m após chuvas 
(Oliveira et al. 1955). 
 
A bacia de drenagem associada ao sistema lagunar Maricá-Guarapina é composta 
pelos rios Vigário, Ubatiba e Caranguejo. O Rio Vigário (ou Roncador) possui 23,1 km de 
comprimento, se abre numa encosta aterrada por sedimentos marinhos do Pleistoceno Inferior 
e desemboca na lagoa de Maricá. O Rio Ubatiba (ou Fundo) possui 15,6 km de comprimento, 
e após receber os afluentes Ludigério e Itapeteíu passa a denominar-se de Mombuca, e 
desemboca na laguna de Maricá. O Rio Caranguejo (ou Doce), com 11,5 km, cujos principais 
tributários são o Engenho Novo e o Padreco, desemboca na laguna de Guarapina (EIA, 1998). 
 
A cobertura vegetal nas margens da laguna de Maricá é formada por macrófitas 
aquáticas fixas e livres (flutuantes), as quais possuem grande importância no processo da 
sedimentação, pois promove a precipitação da biomassa de sedimentos ricos em matéria 
orgânica, que influenciam os processos sucessionais de colmatação da laguna a partir de suas 
margens para a porção interna, diminuindo assim o espelho d’água (Simões Filho et al. 1993). 
 
 
4.5 LAGUNA DE SAQUAREMA 
 
O sistema lagunar de Saquarema é formado por quatro sub-lagunas, Urussanga, 
Jardim, Boqueirão e Fora, sendo o canal de comunicação da laguna de Fora com o mar 
designado de Barra Franca (Fig. 8). As lagunas de Fora e de Urussanga, ocupam duas antigas 
enseadas bem maiores que as de Maricá. As margens setentrionais de Saquarema são 
17 
 
A 
B 
C 
D 
0 3 6 9 12 km 
elevadas, devido à sua constituição gnáissica, as meridionais são baixas e delimitadas por 
restingas (Lamego, 1945). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Localização das lagunas de Saquarema: A) Urussanga, B) Jardim, C) Boqueirão e D) Fora ou 
Saquarema (Google, 2010 b). Disponível em: <http://www.google.com.br>. 
 
A laguna de Saquarema tem uma área aproximada de 21,2 km2, profundidade média 
de 1,15 m, estende-se por cerca de 11,8 km ao longo do litoral. Nas pontas estão os sacos de 
Urussanga ou Mombaça (12,6 km2) e Fora (6 km2), e no meio, os de Jardim (2 km2) e 
Boqueirão (0,6 km2). O saco de Urussanga, o maior de todos, é circundado por brejos ao norte 
e recebe os rios Mato Grosso (ou Roncador), Tingui e o Jundiá. O saco Jardim recebe o rio 
Seco, que em todo o seu baixo curso é ladeado por brejos. O saco do Boqueirão não tem rios 
afluentes. No saco de Saquarema ou de Fora, deságuam os rios Padre e Bacaxá. Estreitos 
manguezais são observados principalmente nas margens norte dos sacos Jardim e de Fora 
(Azevedo, 2005; Guimarães, 2007) (Fig. 9). 
 
 
 
 
22° 53’ S 
22° 57’ S 
42° 29’ W 42° 35’ W 
Canal da 
Barra Franca 
Brasil 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 – Sistema lagunar de Saquarema e seus principais afluentes (CIDE, 2001). 
 
Existem três bacias principais de W para E compondo o sistema lagunar de 
Saquarema, a bacia do Mato Grosso-Tinguí, a bacia do rio Seco e a bacia do rio Padre. A 
primeira bacia drena para a laguna de Urussanga, enquanto a laguna de Fora recebe águas da 
bacia do rio Padre. O rio Seco, que atualmente tem uma descarga muito pequena, deságua na 
laguna do Jardim (Rima, 2000). 
 
A área da bacia de drenagem corresponde aproximadamente a 215 km2 e possui dois 
tipos de influências climáticas: um clima sub-úmido seco a leste, que determina períodos 
prolongados de estiagem, com forte insolação e temperaturas elevadas, e a presença da Serra 
do Mato Grosso a oeste, que tem processos orográficos que influenciam principalmente a 
bacia de drenagem dos rios que desembocam na lagoa de Urussanga ou Mombaça (Moreira, 
1989; Barros, 2003). 
 
A laguna de Saquarema é conectada ao mar por uma passagem transitória que é 
fortemente influenciada pela alternância de águas continentais e marinhas, sendo a salinidade 
variável, conforme a abertura do canal da Barra. O nível da laguna de Fora sofre variações 
diárias consoantes as condições de maré. Se a salinidade elevar-se muito no saco de 
Urussanga é provável que as espécies de peixes de água doce sejam eliminadas (Resub lagos, 
2001). 
19 
 
Devido à ocupação desordenada em Saquarema, em conjunto com efeitos naturais, o 
canal da Barra Franca teve e ainda tem, uma tendência de se fechar, impedindo a entrada de 
organismos marinhos e consequente declínio da produção pesqueira, aumentando o aporte de 
despejos domésticos na laguna de Fora, e favorecendo, assim, o desequilíbrio ambiental 
(Carmouze et al. 1991). Com a finalidade de melhorar a qualidade da água e a atividade de 
navegação, o Departamento de Obras e Saneamento tem realizado atividades de dragagem no 
canal (Fig. 10). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 – (A) e (B) Canal da Barra Franca de Saquarema (SERLA, 2001). 
 
 
4.6 CORDÃOS ARENOSOS DE MARICÁ E SAQUAREMA 
 
Segundo Perrin (1984), durante a penúltima transgressão, o mar se estendia até a rocha 
in situ alterando-a, sendo que a progressão desta alteração estava facilitada pelas fraturas que 
afetavam o embasamento durante vários episódios tectônicos e climáticos. A subsidência 
constituiu um outro fator também responsável pela formação das atuais lagunas em Maricá. 
 
Oliveira et al. (1955), relataram que a formação de restingas de areia em Maricá 
ocorreu após a Era Cenozoica, período Terciário. As ondas do Oceano Atlântico 
arrebentavam, aproximadamente, onde hoje são as praias de Araçatiba, Boqueirão, Cajú, etc. 
O que foram antigas baías, enseadas, sacos oceânicos, que eram abertos ao mar, hoje são 
sacos de lagunas, completamente separados do oceano por uma faixa de areia. O esporão de 
areia da restinga foi iniciado em Itaipuaçu, crescendo de oeste para leste, fechando até 
Zacarias (que foi Ilha e transformou-se em península) até Ponta Negra. 
A B 
20 
 
 
Flexor et al. (1984) pesquisaram a ocorrência das planícies quaternárias no litoral 
brasileiro, incluindo a costa do Rio de Janeiro. Neste trabalho, os autores descreveram a 
origem e formação dos cordões litorâneos como consequência do rebaixamento do nível 
médio relativo do mar e aporte de areia proveniente da plataforma proximal. A presença de 
esporões arenosos ao longo da margem intra-cordões é facilmente reconhecida no litoral da 
laguna de Maricá. 
 
Os sistemas lagunares de Maricá e Saquarema formaram-se pela migração do pontal 
arenoso. As correntes que margeavam as águas da enseada promoveram a movimentação das 
mesmas em circulação fechada, tangenciando os depósitos de areias ao feixe circulante, 
formando assim, o cordão arenoso (Lamego, 1974) (Fig. 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – Formação das lagunas da região fluminense segundo Lamego (1974).21 
 
Segundo Muehe, (1984), Perrin (1999) e Turcq et al. (1999), os cordões litorâneos e 
lagunas associadas à área de Maricá se formaram por ocasião da transgressão holocênica 
apresentando caráter progradacional. Em trechos próximos a presente área ocorreu dois 
cordões paralelos, um mais interno e mais antigo, e outro mais recente associado à praia atual. 
A formação da primeira barreira arenosa da laguna de Maricá possui origem pleistocênica, 
seguido por uma segunda barreira arenosa de origem holocênica. Este último originou duplos 
cordões e lagunas intra-cordões associadas (série de pequenas lagunas colmatadas). Em certos 
setores da restinga de Maricá, o perfil é dissimétrico e a frente é relativamente abrupta. 
 
Silva et al. (2010) realizaram pesquisas utilizando sete perfis de GPR na barreira 
arenosa da laguna de Maricá, indicando cinco unidades deposicionais sobre o embasamento 
Pré-Cambriano (com espessura total do pacote superior a 20 metros). Esta barreira arenosa 
interna possui idade pleistocênica de 40880 ± 1420 anos A.P. (Fig. 12). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 – Perfilagem da barreira arenosa da laguna de Maricá (Silva & Silva, 2010). 
 
 Os dados, segundo os autores, apresentaram evidências do avanço da barreira 
pleistocênica (40880±1420 anos A.P.) sobre a unidade lamosa basal (43300±1280 anos A.P., 
46240±3210 anos A.P. e 40280±2580 anos A.P.), que se assenta sobre o embasamento, 
apontando para uma importante transgressão marinha no Pleistoceno, seguido de regressão 
marinha, representado por uma sucessão de estratos progradantes (Fig. 13 e 14). 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 – Unidades da barreira arenosa da laguna de Maricá (Silva et al. 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14 – Detalhamento dos seis perfis na barreira arenosa da laguna de Maricá (Silva et al. 2010). 
 
 
Conforme Silva et al. (2010); Silva & Silva, (2010), acima do embasamento pré-
Cambriano, incluindo a unidade I (rochas do embasamento) encontra-se a camada de lama 
(unidade III) constituída por depósito paleolagunar que indica uma barreira-lagunar mais 
antiga. Este ambiente costeiro sofreu uma transgressão e assim uma sequência de 
retrogradação desenvolvida com barreiras arenosas (unidades II e IV) em cima de lamas 
24 
 
lagunares e embasamento. Como resultado desta importante transgressão, a retrogradação da 
barreira alcançou muito longe a porção continental interna proporcionando um aumento na 
barreira interna. Posteriormente, a barreira progradou como mostra vários refletores com 
downlaps quase completamente em toda a seção transversal, na qual indica queda do nível do 
mar. Acima disso, outra barreira-lagunar foi estabilizada como consequência do aumento do 
nível do mar: a lama lagunar (unidade V), foi coberta pela barreira arenosa (unidade IV). 
Assim, os dados presentes evidenciam uma importante transgressão do mar sobre a rocha pré-
existente (embasamento) fornecendo um aumento a um antigo sistema de barreira-laguna, na 
qual gradualmente retrogradou, seguido por uma regressão do mar forçando a progradação do 
sistema costeiro; e outra transgressão formando uma nova barreira-lagunar (expressão 
planície lagunar e sistema de barreira arenoso externo) que ainda possui continuidade para 
retrogradação (Fig. 14). 
 
Em alguns trechos da barreira arenosa interna, provavelmente próxima ao perfil 7 (Fig. 
12), ocorre um estreitamento da mesma e um avanço da planície lagunar para a região da 
laguna (Silva & Silva, 2010). 
 
Segundo Lamego (1940), a coloração esbranquiçada da areia que forma a barreira 
arenosa “é resultante da mais prolongada ação da chuva sobre a formação, removendo a fina 
camada de óxido de ferro dos grãos de areia” e, sendo assim, quanto maior o tempo de 
exposição mais branca é a areia (Fig. 15). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 - Principais elementos geomórficos da planície central de Maricá (Foto: Desirée Guichard, 2009. 
Silva & Silva, 2010). 
25 
 
A laguna de Saquarema foi seccionada pelo avanço de esporões. Neste caso, esse 
sistema tomou a direção das colinas que separavam duas antigas enseadas. Formam 
atualmente as lagunas de Urussanga e a de Fora, ligadas por outras duas menores, a do 
Boqueirão e a do Jardim. A laguna de Jaconé que até a década de 50 não possuía nenhuma 
comunicação com a de Saquarema, também se achava ligada, a esse grande lençol líquido. 
Isolada da laguna de Jaconé pela progressão de um esporão em seu interior, formou-se uma 
pequena planície fluvio-marinha (Guimarães, 2007). 
 
Segundo Turcq et al. (1999), o processo de formação do sistema lagunar de 
Saquarema possui origem correspondente ao episódio do nível do mar anterior ao Holoceno, 
relacionado à barreira interna, seguido de flutuações holocênicas do nível do mar, 
correspondentes à barreira externa, além de rochas cristalinas do Pré-cambriano. 
 
 
4.6.1 Leques de arrombamento ou leques de washover 
 
Os leques de arrombamento são oriundos de ondas de ressaca, geradas por eventos de 
tempestade em direção ao continente e resultam da acumulação sedimentar transportada pelo 
mar próximo a praia em direção a porção interna da barreira arenosa ou sentido pós-praia 
(Labuz, 2009). Os leques de arrombamento são importantes componentes do registro 
estratigráfico costeiro, pois perfazem porcentagens significativas de depósitos de ilhas 
barreiras, sendo importantes na compreensão da dinâmica das barreiras arenosas (Davis & 
Kuhn, 1985; Carter, 1988). 
 
O alcance e/ou extensão do leque de arrombamento e as respostas na morfologia da 
barreira dependem da interação de determinadas variáveis, como: (1) intensidade, alcance e 
duração das ondas de tempestades; (2) ação construtiva e destrutiva das ondas de tempestades; 
(3) diferença de nível d’água entre oceano e lagoa/ laguna, e (4) variações na batimetria da 
porção submarina da praia e da “shoreface” (Morton & Sallenger, 2003). Segundo Sedgwick 
& Davies (2003), a preservação do potencial da unidade de tempestade e da fácies do leque de 
arrombamento como inteiro, depende de vários fatores, incluindo razão da bioturbação, 
frequência do espraiamento, espessura da unidade, magnitude e razão das mudanças do nível 
do mar. 
 
26 
 
A estratigrafia dos depósitos dos leques de arrombamentos reflete os processos de 
espraiamento e o subsequente retrabalhamento (Fig. 16). Em geral, a fácies transgressiva do 
espraiado pode ser descrita como uma série de unidades que recobrem a fácies de backbarrier. 
Esta unidade do espraiado pode ser planar ou possui características como resultado da 
progradação sedimentar para o interior da baía. A laminação Foreset pode ocorrer na margem 
distal do leque, dependendo do nível da água no momento da deposição (Schwartz, 1975). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16 – Estratigrafia do modelo geral do leque de arrombamento, mostrando (A) laminação Foreset 
durante a deposição subaquosa e (B) areia laminada-planar em leques de arrombamento supramaré (Schwartz, 
1975). 
 
O sistema de barreira arenoso da laguna de Maricá possui registros de leques de 
arrombamento localizados a partir da planície lagunar, atravessando a barreira interna até 
alcançar a laguna. Estes leques de arrombamentos encontram-se mais no sentido leste e 
próximo da laguna da Barra. 
 
 
4.7 VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR 
 
Martin et al. (1979), utilizaram vários tipos de indicadores como incrustações de 
vermetídeos, corais, algas coralináceas, entre outros e possibilitaram o delineamento da curva 
de variação do nível do mar ocorrida nos últimos 7.000 anos A.P. para Salvador, Bahia (Fig. 
Estratificação horizontal Estratificação Foreset 
Estratificação horizontal 
Praia 
Praia 
Crista 
da 
duna 
Crista 
daduna 
Zona 
aérea 
Zona aérea 
degrau degrau 
degrau 
Espraiado 
Espraiado 
27 
 
17). Posteriormente, este modelo de curva foi utilizado por vários autores e aplicado para 
outras localidades ao longo do litoral brasileiro (Fig. 18). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17 – (A) Curva relativa do nível do mar plotado para Salvador com 14C, idade em anos A.P. (B) e 
idade calibrada da curva do nível do mar (Martin et al. 1979). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 18 – Curva relativa do nível do mar no Holoceno construída para vários setores do leste e sul da 
costa brasileira (Martin et al. 1987). 
14C Anos A.P. X 1000 
Calibração Anos A.P. X 1000 
Nível do mar (m) 
Nível do mar (m) 
A 
B 
Brasil 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
14
C Anos A.P. X 1000 
Rio Fogo 
Baía de Todos os Santos 
Rio Doce 
Rio Paraíba do Sul 
 Baía de Paranaguá 
Rio Jequitinhonha 
28 
 
Dominguez et al. (2000), seguindo o modelo de Martin et al. (1979) expuseram a 
curva de variação do nível do mar, mostrando que por volta de 5100 anos A.P. o nível do mar 
alcançou 5 metros acima do nível do mar atual e a medida que foi passando deixou como 
principal evidência geológica os chamados terraços marinhos holocênicos e pleistocênicos. 
Após o máximo de 5.100 anos A.P., o nível do mar não desceu de maneira regular, mas foi 
interrompida por duas importantes oscilações de alta frequência que ocorreram em 4.200-
3.600 e 2.900-2.400 anos A.P. (Fig. 17). 
 
Segundo Dias et al. (2009), a utilização de indicadores geológicos e biológicos, entre 
Búzios e Cabo Frio, Rio de Janeiro, registraram aumento do nível do mar de até 10 km da 
linha da costa atual, e as datações com carbono-14 puderam indicar avanço do mar de até 3,0 
m acima do nível do mar atual, há 5000 anos A.P. 
 
As variações do nível do mar resultam de um conjunto de fatores como: movimentos 
tectônicos, isostáticos, movimento do geóide continental, incluindo variações do volume das 
águas dos oceanos em função das glaciações e deglaciações. Durante o último evento 
transgressivo, os cursos fluviais foram afogados e transformados em desembocaduras de 
estuários, posteriormente, formaram-se as ilhas barreiras que isolaram alguns sistemas de 
lagunas (Suguio et al. 1985). Segundo Martin et al. (2003), estudos realizados na paleolaguna 
Cananéia-Iguape, São Paulo, com conchas lagunares durante o período de máxima 
transgressão, indicaram que a evolução das lagunas costeiras pode ser controlada 
essencialmente pelas variações do nível do mar. 
 
Segundo Martin et al. (1996) durante o período de submersão (aumento relativo do 
nível do mar), as ilhas-barreiras e sistemas lagunares foram dominantes e os rios puderam 
alcançar áreas protegidas, lagunas e estuários, possibilitando a construção de deltas. Em 
contraste, a queda do nível do mar, criou condições altamente desfavoráveis para a gênese e 
manutenção das ilhas-barreiras e sistemas lagunares. Lagunas e baías tornaram-se emergentes, 
e planícies de cristas de praia rapidamente progradaram, resultando em uma camada de areia 
regressiva. 
 
A curva de variação do nível do mar proposto por Angulo & Lessa (1997), manteve 
basicamente um padrão de altura médio do nível do mar (máximo de aproximadamente 3,5 m) 
similar a curva proposta por Martin et al. (1979), mas com algumas diferenças quanto às 
29 
 
oscilações. Segundo Angulo & Lessa (1997) e Angulo et al. (2005), a curva do nível do mar é 
mais retilínea, devido à exclusão de ruídos de datações e consequente pseudointerpretação de 
paleoníveis marinhos (Fig. 19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19 – Curva de variação do nível do mar proposto por Angulo & Lessa (1997). 
 
 
4.8 UNIDADES GEOLÓGICAS E COBERTURA QUATERNÁRIA DE MARICÁ E SAQUAREMA 
 
Segundo FEEMA (1995) e Penha (1999) dentre as unidades geológicas mais 
importantes para a área de estudo de Maricá e Saquarema (Fig. 20), destacam-se: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 20 – Geologia e aspectos da zona costeira fluminense, Estado do Rio de Janeiro (Penha, 1999). 
 
● Unidade Palmital - ocorre ao longo da costa de Maricá e norte de Saquarema. Esta 
unidade apresenta contato transicional com a unidade São Fidélis e de maneira mais 
brusca com a unidade Tinguí e Maricá. Caracteriza-se por apresentar um relevo arrasado 
e bastante acidentado, bordejante ao limite E da laguna de Maricá. Sob o ponto de vista 
da litologia, é constituída por (sill) -bi- pg gnaisse, de granulação fina e média, 
avermelhado e mesocrático. O gnaisse mostra-se profundamente estremeado por veios 
quartzo-feldspáticos, delgados, leucossomáticos, tangenciados por material 
melanossomático, rico em biotita e sillimanita fibrosa. Quando alterada, esta rocha cede 
lugar a um solo avermelhado, extraído com saibro. 
 
● Unidade São Fidelis – As rochas de São Fidelis são alongadas, orientadas NE-SW, 
normalmente bem conservadas. As rochas expostas de São Fidélis são encontradas no 
leste da cidade de Maricá. São Fidélis é litologicamente caracterizado pela existência de 
alumínio enriquecido com gnaisse (paragnaisse). 
Unidades Geológicas 
1 – Gnaisse Facoidal 
2 – Cassorotiba 
3 – Tinguí 
4 – Maricá 
5 – São Fidélis 
6 – Palmital 
7 – Região dos Lagos 
8 – Granito Cajú 
 9 – Depósitos Aluviais 
10 – Depósitos litorâneos 
- Diques Diabásios 
- Fratura/ Falhas 
 
31 
 
 
● Unidade Granito Cajú - é descrito nas folhas de quadrante de Maricá e Saquarema, com 
sete corpos de formas e tamanhos diferentes. O Granito cajú está localizado 
imediatamente ao NE de Maricá, onde forma a Serra do Cajú e Serra do Espraiado, na 
divisa entre as bacias de drenagem dos rios Caranguejo e Ubatiba. Trata-se de um sistema 
de rochas de granulação média a fina, de cor rosa onde são encontradas intrusões 
pegmatíticas, xenólitos, gnaisses migmatíticos e gnaisses biotíticos. A textura é granular 
xenomórfica e algumas vezes hipodiomórfica ou porfirítica e normalmente homogênea. 
Petrograficamente, trata-se de granito isotrópico biotítico, hololeucocrático a leucocrático 
com uma composição que varia de granítico a quartzo-monzonítico. Os aspectos 
mineralógicos desta rocha são relativamente simples e compostos de quartzo, alki-
feldspato, plagioclásio, mica, minerais opacos, zircônio e apatita. 
 
● Unidade Maricá - ocorre no perímetro da APA (Área de Preservação Ambiental) de 
Maricá, no Morro do Mololô e marrotes adjacentes, apresenta um cenário marcante de 
vegetação típica de Mata Atlântica com vegetação de restinga de Maricá. 
Litologicamente é caracterizada por gd (gd) -bi- gnaisse granodioríticos a quatzo-
dioríticos. Apresenta pequenos porfiroblastos arredondados de k-feldspato, nas partes 
onde há exposição de afloramentos. Suas rochas são sempre migmatizadas, homogêneas, 
com estrutura nebulítica. Diques de bi-granitos, hololeucráticos aparecem localmente 
cortando estas rochas, provavelmente, relacionadas ao magmatismo do Granito Cajú 
(unidade litológica predominante na localidade de Cajú-Maricá-RJ). Todavia, 
especificamente ao Morro do Mololô e imediações, nota-se uma total decomposição da 
rocha matriz, que cedeu lugar a um solo amarronzado, por vezes avermelhado, areno-
argiloso, granulometria média, onde se desenvolve exuberante vegetação característica da 
Mata Atlântica. 
 
● Unidade Região dos Lagos – presente em Saquarema e Araruama. Esta unidade é 
litologicamente composta de migmatitos heterogêneos na forma de bi-mi-pg gnaisses e 
hb-bi-mi-pg-gnaisses. As rochas são acinzentadas, tem granulometria média a fina com 
veios leucocráticos, graníticos e pegmatíticos formando uma estrutura estromatolítica. 
Anfibólitos lenticulares dobrados e esticados segundo

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