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Thais Alves Fagundes CASCATA DE COAGULAÇÃO HEMOSTASIA Processos responsáveis por manter da fluidez do sangue e prevenir perda em caso de ruptura de vasos. AVALIAÇÃO DAS DOENÇAS HEMORRÁGICAS História clínica: Sangramentos: · Mucosa: epistaxe, gengivorragia · Sangramentos traumático e pós-cirúrgico, menstruais, articulares, musculares Doenças associadas e uso de medicamentos: · Insuficiência hepática: fígado é responsável pela síntese de fatores da coagulação. · Doença renal crônica · Hipotireoidismo · Infiltração medular · Transfusão maciça · Corticoterapia prolongada História familiar: · Hemofilia: doença hemorrágica Exame físico: Primária (fase vascular e plaquetária): Defeito na cascata de coagulação relacionado com plaquetas ou às células do baço. · Petéquias/equimoses · Sangramento imediatamente após trauma · Sangramento de mucosas · Compressão local diminui sangramento Secundária (fase plasmática ou proteica): Defeito na cascata de coagulação relacionado com fatores e proteínas produzidas pelo fígado, que formam o coágulo. · Hemartrose: derrame de sangue no interior de uma articulação. · Sangramento intra-muscular · Sangramento tardio e prolongado Solicitação e interpretação de exames laboratoriais: Primária (fase vascular-plaquetária): · Endotélio · Plaquetas Secundária (fase plasmática ou proteica): · Fatores pró-coagulantes Terciária (fibrinólise) Diagnóstico FASES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Hemostasia: Vasoconstrição Atividade plaquetária Coagulação sanguínea Fibrinólise Fase vásculo-plaquetária (fase primária) Vasoconstrição: Contração da musculatura lisa da parede vascular, diminui o fluxo e pressão no vaso. Mecanismos: · Contração miogênica local pela lesão direta da parede · Liberação de autacoides plaquetários (tromboxano A2) e do tecido lesado · Reflexo nervoso desencadeado por impulsos sensoriais Formação do tampão plaquetário: · Colágeno exposto na parede do vaso sanguíneo danificado, liga-se às plaquetas e as ativa. · Fatores plaquetários são liberados, pelas plaquetas ativadas. · Fatores plaquetários atraem mais plaquetas. · Plaquetas agregam-se formando o tampão plaquetário. Adesão, secreção e agregação: Adesão plaquetária ao colágeno: 1ª etapa da hemostasia. Ocorre 1-3 segundos após a lesão vascular. Adesão de proteínas de superfície das plaquetas ao colágeno. Receptores de adesão são integrinas, que se ligam ao citoesqueleto das plaquetas. Participa o fator de von Willebrand (FvW), produzido por células endoteliais e megacariócitos. Função do FvW: · Mediar a adesão das plaquetas ao subendotélio lesado: Ponte entre receptores da plaqueta (glicoproteína Ib e IIb/IIIa) e subendotélio lesado. · Manter os níveis plasmáticos do fator VIII: FvW liga-se a fator VIII (proteína procoagulante) retardando a sua degradação. · Ausência do FvW: · Alteração na adesão plaquetária (fase primária da cascata de coagulação) · Degradação precoce do fator VIII (fase secundária da cascata de coagulação) Secreção plaquetária: Proteínas contráteis alteram a forma das plaquetas após liberação do conteúdo dos grânulos: · ADP · PAF (fator de ativação plaquetário) · Serotonina (vasoconstritores) Produção de tromboxano A2 (vasoconstritor) dos fosfolípides de membrana das plaquetas. Agregação plaquetária: Formação do tampão plaquetário provisório, suficiente para pequenos vasos. Agregação das plaquetas é evento de retroalimentação positiva. Mas só ocorre onde há colágeno exposto. Plaquetas Célula-tronco mieloide origina o megacariócito Megacariócito sofre desfragmentação, originando plaquetas, que são pequenos fragmentos do megacariócito. Megacariócito é responsável pela produção de grânulos proteicos, que passam a fazer parte das plaquetas. · Plaquetas inativas: forma de disco · Plaquetas ativadas: adquirem forma ampliada, liberação de grânulos, que atraem mais plaquetas. Avaliação laboratorial da fase vásculo-plaquetária Plaquetograma Esfregaço sanguíneo (hematocospia) Tempo de sangramento Curva de agregação plaquetária Prova do Laço Fase vásculo-plaquetária (fase primária) Variáveis pré-analíticas: · Anticoagulante: EDTA (pseudo trombopenia induzida pelo EDTA) ou citrato de sódio (mais indicado) · Uso do garrote: não pode ultrapassar o tempo de uso do garrote, para não haver ativação dessa cascata · Homogeneização: para evitar excesso de anticoagulante em contato com alguma célula Plaquetograma / hemograma: citômetro fluxo ou contagem em câmara · Número · Volume · Maturidade (conteúdo de RNA): quanto mais RNA, mais imatura a plaqueta, o que afeta sua ativação. Avaliação do esfregaço de sangue periférico: · Grumos plaquetas: falta de homogeneização ou agregação devido ao EDTA. · Plaqueta gigante: doenças autoimunes com anticorpos anti-plaquetas. · Plaquetose: excesso de plaquetas e propensão a formar coágulos. Tempo de sangramento (tempo de sangria): Teste específico para homeostasia primária. Medida da função plaquetária in vivo. Duração de uma pequena hemorragia provocada artificialmente por incisão de dimensões padronizadas na pele. · Usado durante muito tempo como teste “global” para avaliar hemostasia primária. · Em desuso, por padronização precária (baixa sensibilidade/especificidade, pouca reprodutibilidade). · Não diferencia alterações da fase primária, plaquetárias das vasculares. · Indicado no pré-operatório, na pesquisa de púrpura ou coagulopatia (doença de Von Willebrand) Técnica de Ivy: · Insuflar uma pressão constante de 40 mmHg com o esfigmomanômetro durante o teste. · Escolher uma região abaixo da dobra do cotovelo. · Realizar assepsia do local e fazer três incisões, padronizadas para 1 mm. · Acionar o cronômetro. A cada 30 segundos, absorver o sangue com um papel de filtro. TS: drogas (AAS), doença von Willebrand, doenças congênitas ou adquiridas que alterem a função plaquetária. Curva de agregação plaquetária: Tempo que as plaquetas levam para agregarem-se entre si no plasma recalcificado in vitro. · Plasma recalcificado, isto é, coloca-se um fator agregante (colágeno, ristocetina, adrenalina e ADP). · Medida da agregação plaquetária por meio da avaliação da passagem de um feixe de luz pelo tubo. ↑: alteração da função plaquetária (doença de Von Willebrand) Prova do laço: Avaliação da fragilidade capilar. · Indicado na dengue atualmente. Técnica: · Avaliação da pressão arterial máxima e mínima e insuflar o esfigmomanômetro até o valor médio. · Retirar depois de 5 min em adultos e 3 min em crianças. · Desenhar um quadrado (2,5 cm x 2,5 cm). · Avaliar a quantidade de pontos vermelhos presentes. · Positivo se ≥ 20 em adultos e ≥ 10 em crianças. FASES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Fase plasmática ou proteica (fase secundária) Consolidação do tampão plaquetário pelo acréscimo da “rede” de fibrina Necessário para estancar sangramentos em vasos maiores. · Fase primária: colágeno exposto, agregação plaquetária e vasoconstrição, formando o tampão frouxo. · Fase secundária: trombina ativa fibrinogênio, que quebra a fibrina, ativada pelo fator XIII, formando o tampão reforçado. · Fator tecidual exposto. · Reforça a agregação plaquetária. Forma trombina, que converte o fibrinogênio em fibrina. · Coágulo: tampão plaquetário reforçado. · Fase terciária: · Crescimento celular e reparo do tecido. · Fibrina lentamente dissolvida pela plasmina, dissolvendo o coágulo. · Parede do vaso sanguíneo íntegra Fibrina: · Formação de fibras de fibrina. · Formadas a partir do fibrinogênio (presente inativado no plasma, síntese hepática) pela ação da trombina. Trombina: · Formação de trombina. · Formada a partir da quebra da protrombina (presente no plasma), pelo complexo de protrombinase. · Trombina e complexo de protrombinase: síntese hepática, vitamina K atua como cofator. · Deficiência de vitamina K (desnutrição, diarreia, úlcera) interferem na cascata de coagulação. Avaliação laboratorial da fase secundária Coagulação Fase plasmática ou proteica (fase secundária) Variáveis pré-analíticas:· Cuidados na colheita do sangue · Anticoagulante citrato de sódio (proporção correta) · Centrifugação · Tempo de execução do teste TTPa (ou PTTa) e TP (ou PT): Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa): Medida da integridade da via intrínseca e via comum da cascata da coagulação: · Via intrínseca (fatores VIII, IX, XI e XII) · Via comum (fibrinogênio – fator I, protrombina – fator II, fatores V e X) · Relativamente mais sensível às deficiências dos fatores VIII e IX (hemofilia A e B, respectivamente) Técnica: · Amostra é colocada no túbulo, com cálcio, cefalina (tromboplastina parcial) e ativador de sílica. · Medida do tempo para formação do coágulo. · Comparar o tempo do paciente com o tempo de referência (25-35 segundos). Tempo de protrombina (TP): Medida da integridade da via extrínseca e via comum da cascata da coagulação: · Via extrínseca (fatores VII) · Via comum (fibrinogênio – fator I, protrombina – fator II, fatores V e X) Técnica: · Amostra é colocada no túbulo, com cálcio e tromboplastina. · Medida do tempo para formação do coágulo. · Comparar o tempo do paciente com o tempo de referência (11-13 segundos). · Pacientes que não usam anticoagulante oral devem ser monitorados pelo valor de referência. · Resultado expresso em segundos, juntamente com o valor do controle normal. RNI (razão de normatização internacional): · Método de calibração do tempo de protrombina. · Com o objetivo de reduzir a variação no resultado de TP, entre os diferentes laboratórios clínicos. · Pacientes que usam anticoagulante oral devem ser monitorados pelo valor do RNI. · Quanto maior o valor do RNI mais anticoagulado o paciente está. Causas de prolongamento isolado do TTPa Quadros hereditários: · Com manifestação hemorrágica: · Hemofilias A e B · Deficiência de fator XI · Sem manifestação hemorrágica: · Deficiência de fator XII · Deficiência de pré-calicreína · Deficiência de cininogênio (↑ PM) Quadros adquiridos: · Uso de heparina · Inibidor adquirido do fator VIII, IX ou XI Causas de prolongamento isolado do TP Quadro hereditário: · Deficiência de fator VII Quadros adquiridos: · Doença hepática · Deficiência de vitamina K · Inibidor adquirido de fator VII Causas de prolongamento combinado do TP e TTPa Quadros hereditários: · Deficiência de fator V · Deficiência de fator X · Deficiência de fator II · Hipofibrinogenemia · Afibrinogenemia · Disfibrinogenemia Quadros adquiridos: · Doença hepática · Deficiência de vitamina K · Uso de anticoagulante oral · Uso de heparina · Inibidor adquirido de fator II, V ou X FASES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Fibrinólise (fase terciária da hemostasia) Conserva a patência (capacidade de manter uma via desobstruída) do vaso no local da lesão. · Crescimento celular e reparo do tecido. · Fibrina lentamente dissolvida pela plasmina, dissolvendo o coágulo. · Dissolução do coágulo pela plasmina. · Plasminogênio no plasma é retido no coágulo. · Liberação lenta (dias) de ativador de plasminogênio tecidual (AP-t) pelo tecido lesado. · Parede do vaso sanguíneo íntegra Avaliação laboratorial da fase terciária - fibrinólise Ativador do plasminogênio tecidual (tPA) Ativador do plasminogênio uroquinase-like (uPA) Plasminogênio ativado e quebrado em plasmina (degrada fibrina e fibrinogênio intacto) Produtos de degradação da fibrina (PDFs), que interferem com a polimerização da fibrina e função plaquetária
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