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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA GILBERTO SANTOS CERQUEIRA EFEITOS FARMACOLÓGICOS E POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA HECOGENINA EM MODELOS ANIMAIS DE LESÃO GÁSTRICA FORTALEZA 2012 1 GILBERTO SANTOS CERQUEIRA EFEITOS FARMACOLÓGICOS E POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA HECOGENINA EM MODELOS ANIMAIS DE LESÃO GÁSTRICA Tese apresentada à Coordenação do Programa de Pós-graduação em Farmacologia do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Farmacologia. Orientadora: Profa. Dra. Glauce Socorro Barros Viana Co-orientadora Profa. Dra. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal FORTALEZA 2012 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde C394a Cerqueira, Gilberto Santos. Atividade gastroprotetora do Hecogenina em modelos de lesão gástrica aguda / Gilberto Santos Cerqueira. – 2012. 193 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Fortaleza, 2012. Orientação: Profa. Dra. Glauce Socorro Barros Viana. 1. Agave. 2. Úlcera Gástrica. 3. Etanol. I. Título. CDD: 615.1 3 GILBERTO SANTOS CERQUEIRA EFEITOS FARMACOLÓGICOS E POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA HECOGENINA EM MODELOS ANIMAIS DE LESÃO GÁSTRICA Tese apresentada a Coordenação do Programa de Pós-graduação em Farmacologia como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Farmacologia. Aprovada em 14 / 12 / 2012 BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________ Profa. Dra. Glauce Socorro de Barros Viana (Orientadora) Universidade Federal do Ceará ______________________________________________________________ Profª. Dr. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal (Co-orientadora) Universidade Federal do Ceará ______________________________________________________________ Profª. Drª. Gerly Anne de Castro Brito Universidade Federal do Ceará ______________________________________________________________ Profª. Dr. Pedro Marcos Gomes Soares Universidade Federal do Ceará ______________________________________________________________ Profa. Dra. Caden Souccar Universidade Federal de São Paulo ______________________________________________________________ Profª. Dr. Saulo Rios Mariz Universidade Federal de Campina Grande 4 Dedico, À Deus em nome de Jesus Cristo, pela saúde e força. “Glorificai a Deus no vosso Corpo e no vosso Espírito, os quais pertencem a Deus” Aos meus pais Severino e Lourdes Cerqueira (In memorian) Pelo Amor, incentivo e apoio. A minha Esposa Ana Paula Minha musa inspiradora, uma mulher encantadora pela paciência, conselhos dedicação a mim e a nossa filha A minha filha Giovanna Maria, presente de Deus fonte das minhas lutas As minhas irmãs Elzeni e Suzana que aos 11 anos tornaram-se minha mãe e que me proporcionaram a oportunidade de estudar. À MESTRE Profa. Dra. Glauce Viana, Pelos ensinamentos, conselhos e críticas À MESTRE Profa. Dra. Gerly Anne Brito, Pelos conhecimentos, incentivo e conselhos por ter sido uma mãe para mim 5 AGRADECIMENTOS Á Deus, pela minha fortaleza conhecedora das minhas virtudes é constante fonte de toda a coragem e motivação para superar as dificuldades. Aos meus familiares, aos meus pais Severino José e Lourdes; aos meus irmãos Suzy, Chuca, Gaspar, Roberto e Paulo; pela força e confiança que me deram em todos os momentos de minha vida. Aos meus pais, Severino José de Cerqueira e Lourdes Santos Cerqueira (In Memorian), pelo apoio, carinho, incentivo durante esses anos e por terem permitido sair cedo de casa trabalhar e estudar. À minha Esposa Ana Paula Fragoso Cerqueira (Painha) e minha filha Giovanna Maria (Nega Tingolé) pelo amor, carinho, compaixão, amizade e fraternidade e por agüentarem todos esses anos. Á minha orientadora, Profª. Drª. Glauce Socorro de Barros Viana, não somente por ter me aceitado como orientando, mas por acreditar em mim e ter confiado no meu potencial, mesmo diante de diversas circunstâncias e desafios. A minha querida Professora e Conselheira Profª. Drª. Gerly Anne de Castro Brito, pela ajuda, orientação, conselhos, amizade e por ter proporcionado grande parte dos resultados histopatológicos. Á Profª. Drª. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal pelas orientações, conselhos e paciência durante a pós-graduação. À Profª. Drª. Renata Carvalho Leitão por ter aceitado participar da minha banca examinadora de qualificação, pelos conhecimentos, orientações, paciência, e pela excelente contribuição de forma tão essencial para o enriquecimento deste trabalho. À todas outras professoras do Laboratório de Neurofarmacologia, profª. Francisca Cléa Florenço de Sousa, profª. Danielle Silveira Macedo pelo apoio, orientações e conselhos e em especial a profª. Silvânia Maria Mendes de Vasconcelos pela oportunidade de ministrar aulas de farmacologia na graduação durante esses quatros anos. Á doutora Caden Souccar pelo acolhimento e orientações durante a minha estada em seu Laboratório de Farmacologia Celular na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). À Profª Drª. Tais Maria Bauab e seu aluno Leonardo Gordula da UNESP Araraquara pelo teste de atividade contra Helicobacter pylory. Ao Saulo Mariz, pelo apoio científico, moral, espiritual, carinho nos momentos de sofrimento, na quais que mesmo a distância nos apoiou. Aos colegas do laboratório NEMPI Josiane, Elilce, Andrea e Socorro que participaram da realização dos experimentos histopatológicos, nos auxiliando em tudo que era necessário. Aos “amigos Nayrton, Emiliano, Rafaeli e Brinell grandes pesquisadores, pelas críticas e orientações” deste trabalho, pelos inúmeros bons momentos e alguns não tão bons assim que nossa amizade nos proporcionou. 6 Aos demais amigos de laboratório Alyne Mara, Kelly Rose, Eduardo, Sarah, Leonardo, Giuliana, Charliane, Taciana, Rafael, Danilo, Junia, Caca, Rufino, Eduardo, Edna, Valdécio pelo convívio agradável e colaborações em muitos momentos. Aos funcionários e amigos do laboratório Vilani, Arnaldo e Vandinha (LAFICA) sempre presentes e dispostos a ajudar. Às secretarias Aura e Márcia, por agüentar os aperreios e por serem amigas sempre dispostas a nos ajudar. Aos funcionários do Departamento de Fisiologia e Farmacologia: Ana Paula, Alana, Fernando, Haroldo. Aos técnicos de laboratório do Laboratório de Plantas Medicinais da UNIFESP Celso, Alex, Mador, Camila em especial a Vilma pelo apoio na realização dos experimentos. Aos queridos bolsistas e voluntários envolvidos nesse projeto Gabriela, Raoni, Junia, Susie, Josimar, Aline Monte, Mailson e Victor pela dedicação e colaboração inestimáveis, além da agradável relação ensino-aprendizagem; Ao Laboratório de Oncologia Experimental, em particular aos Professores Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho, e ao Dr. Hemerson Yuri ,pelo apoio nos estudos de toxicidade in vitro. A coordenadora do Programa de Pós-graduação em Farmacologia Professora Drª Letícia Veras pelos conhecimentos e ajuda durante o doutorado. A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia,Cirurgia, Patologia, Saúde Coletiva, Educação e Ciências Médicas que contribuíram para minha formação acadêmica. À CAPES (PROEX) e CNPq pelo apoio financeiro importantíssimo no desenvolvimento deste trabalho. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para este trabalho Muito obrigado! 7 "Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Cada um tem a sua própria história. Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida”. Clarice Lispector 8 RESUMO Este estudo investiga os efeitos gastroprotetores da hecogenina, uma saponina esteróide, isolada de Agave sisalana, em modelos experimentais de úlcera gástrica. Camundongos Swiss machos foram utilizados nos modelos de úlcera gástrica induzida pelo etanol e indometacina. Para identificarmos os mecanismos de ação da hecogenina, os papéis de óxido nítrico (NO), do grupos sulfidrilicos não protéicos (GSH), dos canais de K+ ATP e das prostaglandinas foram também investigados assim como determinações da peroxidação lipídica (TBARS) e dos níveis de nitrito no estômago de animais tratados com hecogenina e de grupos controle foram realizadas. Além disso, foi avaliado o efeito da hecogenina sobre a contagem de mastócitos, bem como sobre a liberação da mieloperoxidase (MPO), um biomarcador de inflamação foram estudados em neutrófilos humanos in vitro. Foram avaliados a atividade antimicrobina para o Helicobacter pylori e a expressão de COX-2, TNF-α, IL-1β, óxido nítrico sintase induzida (iNOS), NF-kB- p50 NLS (sequência de localização nuclear) através da técnica de imunohistoquímica em modelo de úlcera gástrica agudo e crônico. Os nossos resultados mostraram que a hecogenina (15, 30,60 e 90 mg/ kg, p.o.) administrada de forma aguda, antes do etanol ou indometacina, exibiu um potente efeito gastroprotetor, bem como reduziu o número de mastócitos. Embora os pré-tratamentos com L-NAME, um inibidor de iNOS, e capsazepina, um agonista do receptor TRPV1, não foram capazes de reverter o efeio da hecogenina, este foi revertido por glibenclamida, um bloqueador de K + ATP e por indometacina no modelo de úlcera induzida por etanol. O pré-tratamento com hecogenina reduziu de modo significativo os níveis de GSH, peroxidação lipídica e nitrito no modelo de lesão gástrica induzida por etanol. A droga por si só aumentou a expressão de COX-2, e este efeito foi ainda melhor na presença de etanol tendo diminuido também a liberação de MPO. A hecogenina não demonstrou efeitos significativos sobre o modelo de ligadura do piloro e trânsito intestinal em camundongos. No modelo crônico, o tratamento com a hecogenina foi capaz de melhorar a cicatrização de úlceras gástricas induzidas pelo ácido acético promovendo significativa regeneração da mucosa gástrica. Ademais, hecogenina 90 mg/Kg diminuiu a marcação imunohistoquímica para TNF-α, NOSi, IL-1β, NF-kB-p50 NLS na mucosa gástrica tanto em experimento agudo como no crônico. Em conclusão, os resultados obtidos indicam que a hecogenina possui atividade gastroprotetora em modelos agudo e crônico e capacidade de promover cicatrização de úlcera da mucosa gástrica. Além disso, demonstramos que a hecogenina apresenta um efeito gastroprotetor significativo que parece ser mediado pela abertura de canais de K + ATP pela via COX- 2/PG. Além disso, as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias podem desempenhar um papel no efeito gastroprotetor da droga. Constata-se também que o efeito anti-úlcera pode ser devido às suas propriedades de aumentar o mecanismo de defesa da mucosas e através da supressão da inflamação mediada por TNF-α, NOSi, IL-1β, NF-kB. Palavras-chave: Agave sisalana; Gastroproteção; Hecogenina; Produtos Naturais. Saponina esteróidal; Ulcera Gásrica. . 9 ABSTRACT This study investigates the gastroprotective effects of hecogenin, a steroid saponin isolated from Agave sisalana, on experimental models of gastric ulcer. Male Swiss mice were used in the models of ethanol- and indometacin-induced gastriculcer. To clarify the hecogenin mechanism of action, the roles of nitric oxide (NO), sulfhydryls (GSH), K + ATP channels and prostaglandins were also investigated, and measurements of lipid peroxidation (TBARS assay) and nitrite levels in the stomach of hecogenin-treated and untreated animals were performed. Furthermore, the effects of hecogenin on myeloperoxidase (MPO) release from human neutrophils were assessed in vitro. Our results showed that hecogenin (3.1, 7.5, 15, 30, 60 and 90 mg/kg, p.o.) acutely administered, before ethanol or indomethacin, exhibited a potent gastroprotective effect. Although the pretreatments with L-NAME, an iNOS inhibitor, and capsazepine, a TRPV1 receptor agonist, were not able to reverse the hecogenineffect, this was reversed by glibenclamide, a K + ATP blocker, and indomethacin in the model of ethanol- induced gastric lesions. The hecogenin pretreatment normalized GSH levels and significantly reduced lipid peroxidation and nitrite levels in the stomach, as evaluated by the ethanol- induced gastric lesion model. The drug alone increased COX-2 expression and this effect was further enhanced in the presence of ethanol. It also decreased MPO release and significantly protected the gastric mucosa. In conclusion, we showed that hecogenin presents a significant gastroprotective effect that seems to be mediated by K + ATP channels opening and the COX- 2/PG pathway. In addition, its antioxidant and anti-inflammatory properties may play a role in the gastroprotective drug effect. Keywords: Hecogenin; Steroid saponin; Agave sisalana; Gastroprotection. Hecogenin. Gastric ulcer. Ethanol. Indomethacin. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Divisão anatômica do estômago e desenho mostrando elementos da mucosa gástrica............................................................................................................................... 20 Figura 2. Fisiopatologia da úlcera gástrica................................................................... 31 Figura 3. Agave sisalana................................................................................................... 42 Figura 4. Estrutura química da hecogenina....................................................................... 46 Figura 5. Efeito da Hecogenina sobre a área ulcerada no modelo de indução de úlcera por etanol............................................................................................................................ 71 Figura 6. Efeito da hecogenina sobre a mucosa gástrica de camundongos submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não com hecogenina.................. 75 Figura 7. Efeito da hecogenina sobre número de mastócitos na mucosa gástrica de camundongos submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não com hecogenina.................................................................................................................. 76 Figura 8. Efeito da hecogenina sobre contagem de mastócitos na mucosa gástrica de camundongos submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não com hecogenina..................................................................................................................77 Figura 9. Envolvimento do Óxido Nítrico (NO) no efeito gastroprotetor associado a hecogenina em modelos de úlcera induzida por etanol absoluto em camundongos......... 79 Figura 10 Fotomicrografias de imunohistoquímica para NOSi de estôamgos de camundongos..................................................................................................................... 83 Figura 11. Envolvimento dos canais de potássio ATP-dependentes (K + ATP) na gastroproteção induzida por hecogenina no modelo de úlcera induzida por etanol absoluto em camundongos................................................................................................. 85 Figura 12. Envolvimento da síntese de prostaglandinas no efeito gastroprotetor associado à hecogenina no modelo de úlcera induzida por etanol absoluto em camundongos.................................................................................................................... 87 Figura 13. Efeito da hecogenina no índice de úlceras modelo de úlceras gástricas induzido pelo estresse hipotérmico................................................................................. 91 Figura 14. Efeito da hecogenina sobre o número de úlcera no modelo de úlceras gástricas induzido pelo estresse hipotérmico..................................................................... 91 Figura 15. Efeito da hecogenina no modelo de úlceras gástricas induzido por etanol acidificado em camundongos............................................................................................. 94 Figura 16. Efeito da hecogenina no modelo de úlceras gástricas induzido por indometacina em camundongos......................................................................................... 96 11 Figura 17. Efeitos de hecogenina sobre a liberação e atividade da mieloperoxidase em neutrófilos humanos estimulada por N-formil-metil-leucil-fenilalanina........................... 100 Figura 18. Efeito da hecogenina no transito intestinal de camundongos F1. Os resultados estão expressos como médias ± erro padrão das médias de 6 a 7 animais por grupos. ............................................................................................................................ 101 Figura 19. Figura imunohistoquímica para TNF-......................................................... 103 Figura 20. Fotomicrografias de imunohistoquímica para COX-2 de estômagos de camundongos.................................................................. 104 Figura 21. Efeito da hecogenina sobre contagem de células positivas imunocoradas para COX-2, (3 animais de cada grupo)................................................................................................................................. 107 Figura 22. Figura imunohistoquímica para IL1-β............................................................. 109 Figura 23. Figura imunohistoquímica para NFkB........................................................... 111 Figura 24. Efeito gastroprotetor da hecogenina no modelo de lesões gástricas crônicas induzidas por ácido acético a 20% em ratos..................................................................... 113 Figura 25. Aspecto Microscópico da mucosa gástrica de ratos tratados durante 8 dias com solução salina operados porém sem indução de úlcera gástrica ou seja grupo sham (A e B) ou mucosa gástrica de ratos submetidos úlcera crônica por ácido acético a 20% 115 Figura 26. Fotomicrografia de imunohistoquímica para NOSi..................................... 119 Figura 27. Fotomicrografia de imunohistoquímica para TNF-α................................... 121 Figure 25. Aspecto Microscópico da mucosa gástrica de ratos tratados durante 8 dias 125 Figura 26. Fotomicrografia de imunohistoquímica para NOSi ....................................... 119 Figura 27. Fotomicrografia de imunohistoquímica para TNF-α....................................... 121 Figura 28. Fotomicrografia de imunohistoquímica para IL-1β........................................ 123 Figura 29. Fotomicrografia de imunohistoquímica para COX......................................... 125 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Determinação do índice de lesões gástricas induzidas por indometacina segundo SZABO et al. (1985).............................................................................................. 62 Tabela 5. Escores das alterações histopatológicas na mucosa gástrica de camundongos submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não com hecogenina e NAC................................................................................................................................... 74 Tabela 6. Efeito da hecogenina sobre a concentração de nitrito/nitrato........................... 82 Tabela 7. Papel dos Receptores Vanilóides (TRPV1), no efeito gastroprotetor da hecogenina em modelos de lesões gástricas induzidas pelo etanol em camundongos........ 90 Tabela 8. Efeito da hecogenina (10, 30 e 100 mg/Kg) sobre a secreção ácida gástrica..... 93 Tabela 9. Efeito da hecogenina sobre os níveis de grupos sulfidrílicos não-protéicos (NP-SH), e peroxidação lipídica (MDA) em modelo de lesões gástricas induzidas por etanol em camundongos....................................................................................................... 99 Tabela 10. Análise microscópica dos estômagos de ratos submetidos ao modelo de ulcera crônico induzido pelo ácido acético a 20%...................................................................................................................................... 114 Tabela 11. Avaliação da atividade da hecogenina frente ao Helicobacter pylori in vitro. 117 13 LISTA DE SIGLAS 5-HT Serotonina ADP Adenosina Difosfato AINE Antiinflamatório não esteroidal ALT Enzima Alanina Aminotransferase ANOVA Análise de Variância ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária AST Enzima Aspartato Aminotransferase ATP Adenosina trifosfato BSA Albumina sérica bovina Cag Produtos associados ao gene da citotoxina CEPA Comitê de Ética Institucional CGRP Calcitonin Gene-related Peptide COX Ciclooxigenase DTNB ácido 5,5-ditiobis(2-nitrobenzóico) ECL Enterocromafin like cell EDTA Ácido etilenodiaminotetracético EGF Fator de crescimento epidermal Egr-1 (fator de transcrição) eNOS NOS endotelial (tipo 3) EP1 Receptor de Prostaglandina tipo 1 EP3 Receptor de Prostaglandina tipo 3 EP4 Receptor de Prostaglandina tipo 4 EPM Erro Padrão da Média ERO Espécie Reativa de Oxigênio EUA Estados Unidos da América g Grama GR Glutationa Redutase GS Glutationa Sintase GSH Glutationa reduzida GSH-px Glutationa Peroxidase GSSG Disulfeto Glutationa h Hora H2R Receptor Histamínico tipo 2 HECO Hecogenina HE Hematoxilina-eosina i.p. Intraperitoneal ICAM Molécula de adesão intracelular IL Interleucina iNOS NOS induzida (tipo 2) 14 IP Receptor de Prostaglandina I KATP Canais de Potássio sensíveis a ATP Kg Kilograma L-NAME N G -Nitro-L-arginina-metiléster M3R Receptor colinérgico muscarínico M3 MALT (linfoma) MAPK p38 Mytogen activated protein kinase mRNA Ácido ribonucléico mensageiro NAC N-acetilcisteína NADPH nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato NF-kB Fator nuclear κB nm Nanômetro nNOS NOS neuronal (tipo 1) NO Óxido Nítrico NOS Óxido Nítrico Sintetase NOS-II NOS indutível NSAID Nonsteroidal anti-inflammatory drugs p Nível de significância CYP2B1 Sub-família 2B, citocromo p450 PBS Tampão fosfato PG Prostaglandina PGD2 Prostaglandina D2 PGE2 ProstaglandinaE2 PGF2 Prostaglandina F2 PGI2 Prostaglandina I2 pH Potencial hidrogeniônico PKG Proteínas Quinases G rpm Rotação por minuto SOD Superóxido Dismutase TGI Trato Gastrointestinal TNF Fator de necrose tumoral TRPV1R Receptor de Potencial Transiente Vanilóide 1 UFC Universidade Federal do Ceará v.o. Via oral VacA Citotoxina Vacuolizante A VEGF Fator de crescimento derivado do endotélio VGCC Canais de Cálcio Voltagem Dependentes vs Versus 15 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 20 1.1 Anatomia e fisiologia do Estômago........................................................................... 20 1.2 Mecanismos da secreção ácida gástrica....................................................................... 22 1.2.1 Barreira Muco-Bicarbonato........................................................................................... 23 1.2.2 Microcirculação.............................................................................................................. 24 1.2.3 Neurônios sensíveis à capsaicina e a proteção gástrica........................................ 25 1.2.4 Prostaglândinas............................................................................................................... 26 1.2.5 Óxido Nítrico (NO)......................................................................................................... 27 1.2.6 Canais de Potássio ATP dependentes............................................................................. 28 1.2.7 Sistema Antioxidante...................................................................................................... 29 1.3 Fisiopatologia da Úlcera Péptica....................................................................................... 31 1.4 Papel dos citocinas inflamatórios na úlcera gástrica .................................................. 32 1.5 Helicobacter pylori………………………………………………………………………… 38 1.6 Farmacoterapia da úlcera péptica................................................................................ 40 1.7 Produtos naturais na proteção gástrica............................................................................... 42 1.8 Agave sisalana e hecogenina.................................................................................... 43 2 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA................................................................................ 48 3 OBJETIVOS........................................................................................................................ 49 3.1 Objetivo Geral.................................................................................................................... 50 3.2 Objetivos Específicos........................................................................................................ 51 4 MATERIAIS....................................................................................................................... 52 4.1 Drogas e reagentes............................................................................................................. 53 4.2 Animais ............................................................................................................................. 55 5 MÉTODOS.......................................................................................................................... 56 5.1 Investigação dos mecanismos gastroprotetores do hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol.................................................................................................... 57 5.1.1 Estudo do envolvimento do óxido nítrico (NO)............................................................. 58 5.1.2 Efeito sobre expressão da iNOS..................................................................................... 59 5.1.3 Investigação do papel dos canais de potássio dependentes de ATP (KATP).................... 60 5.1.4 Investigação do papel das prostaglandinas (PGs)........................................................... 60 5.1.5 Investigação do papel de neurônios primários aferentes via receptor de potencial transiente vanilóide 1 (TRPV1)............................................................................................... 61 16 5.1.6 Efeito protetor do Hecogenina na lesão gástrica induzida por Indometacina: curva dose-resposta.................................................................................................................. 62 5.1.7 Lesões gástricas induzidas por HCl/etanol.................................................................. 62 5.1.8 Lesões gástricas induzidas por estresse hipotérmico............................................... 63 5.2 Ligadura do piloro em camundongos...................................................................... 63 5.3 Papel dos grupos sulfidrílicos não-protéicos (NP-SH) no efeito antioxidante e gastroprotetor da hecogenina em modelo de lesão gástrica induzida por etanol em camundongos........................................................................................................................... 64 5.4 Liberação de mieloperoxidase a partir de PMA-estimuladas neutrófilos humanos in vitro papel da Mieloperoxidase (MPO) no efeito antioxidante da hecogenina...................... 65 5.5 Papel da lipoperoxidação no efeito antioxidante e gastroprotetor da hecogenina em modelo de lesão gástrica induzida por etanol em camundongos............................................. 65 5.6 Análise da expressão de citocinas pró- inflamatórias............................................................................................................................ 65 5.6.1 Análise da expressão de citocinas pró-inflamatórias ........................................... 65 5.6.2 Avaliações da atividade anti-ulcerogênica em modelo de úlcera crônica 67 5.6.3 Imunohistoquímica para TNF-α, IL-1, COX-2, NOSi e NFB para ulcera induzida por ácido acético................................................................................................. 68 5.6.4. Avaliações da atividade antimicrobiana contra Helicobacter pylory...................... 69 5.7 Análise Estatística....................................................................................................... 70 6 RESULTADOS................................................................................................................... 72 6.1 Hecogenina reduz de forma dose-dependente as lesões gástricas induzidas por etanol em camundongos..................................................................................................................... 73 6.2 Hecogenina reduz os escore histopatológicos de lesão gástrica induzida por etanol em camundongos..................................................................................................................... 75 6.1 Hecogenina reduz o número de mastócitos na submucosa de estômagos de camundongos 78 6.3 Efeito gastroprotetor do Hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol papel do NO ............................................................................................................................ 80 6.4 Hecogenina reduz a concentração de nitrito/nitrato. 82 6.4 Tratamento com Hecogenina diminui a imunomarcação para iNOS na mucosa gástrica induzida por etanol................................................................................................................... 84 6.6 Efeito gastroprotetor do Hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol é dependente da abertura dos canais de potássio ATP-dependentes............................. 87 17 6.7 Avaliação do envolvimentoda síntese de prostaglandinas no efeito gastroprotetor da hecogenina no modelo de úlcera induzida por etanol absoluto 88 6.8 Efeito gastroprotetor do Hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol em camundongos independe da ativação dos receptores TRPV1 nos neurônios aferentes................................................................................................................................... 90 6.8 Hecogenina reduz as lesões gástricas induzidas por estresse hipotérmico............... 92 6.9 Hecogenina inibe a redução dos níveis de glutationa reduzida (GSH) na mucosa gástrica de camundongos com lesão gástrica induzida por etanol.......................................... 92 6.9 Hecogenina não altera a atividade anti-secretória gástrica no modelo de ligadura do piloro em camundongos.................................................................................................. 94 7.0 Hecogenina reduz as lesões gástricas induzidas pelo etanol acidificado..................... 95 7.1.1 Hecogenina reduz de forma dose-depedente às lesões gástricas induzidas por Indometacina em camundongos......................................................................................... 97 7.1.2 Hecogenina aumenta os níveis de NP-SH e diminui a peroxidação lipídica (MDA) em modelo de lesões gástricas induzidas por etanol em camundongos............... 99 7.1.3 Hecogenina reduz a atividade da Mieloperoxidase (MPO)...................................... 101 7.1.4 Hecogenina não altera a motilidade intestinal em camundongos....................... 103 7.1.5 Análise da expressão de citocinas pró-inflamatórias e da expressão de enzimas induzidas pelo processo inflamatório agudo 104 7.1.6 Tratamento com Hecogenina aumenta a imunomarcação para COX-2 na mucosa gástrica de camundongos com lesão gástrica induzida pelo etanol................................... 106 7.1.7 Tratamento com Hecogenina diminui a imunomarcação para IL-1, na mucosa gástrica de camundongos com lesão gástraica induzida pelo etanol................................. 109 7.1.8 Tratamento com Hecogenina diminui a imunomarcação para NFB, na mucosa gástrica de camundongos com lesão gástraica induzida pelo etanol................................. 111 7.1.9 Hecogenina reduz as lesões gástrica induzida pelo ácido acético em modelo de úlcera crônica induzida pelo ácido acético a 20%............................................................ 113 7.1.10 Hecogenina reduz os escore das lesões histopatológica da mucosa gástrica de ratos tratados com ácido acético a 20%............................................................................. 115 7.1.11Hecogenina demonstra atividade anti-Helicobacter pylory in vitro.............................. 118 8 DISCUSSÃO........................................................................................................................ 155 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 156 10 CONCLUSÃO................................................................................................................... 157 METF 50 * * 18 11 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 157 19 INTRODUÇÃO 20 1 INTRODUÇÃO 1.1 Anatomia e fisiologia do estômago O estômago está entre os primeiros órgãos a serem descritos por sacerdotes, médicos e anatomistas, havendo sido estudado funcionalmente pelos alquimistas, químicos e fisiologistas (ROSENFELD, 1985; MODLIN, 1990; SOYBEL, 2005). O estômago localizado no epigástrio do abdômen, à esquerda da linha mediana do plano sagital mediano, situando-se caudalmente ao esôfago e cranialmente ao duodeno. É anatomicamente dividido em cárdia, fundo, corpo, antro e piloro (WILLARD, 1995; STURGES, 2001). O cárdia situa-se na junção do esôfago com o estômago e tem por função permitir a passagem de alimento e de água para o interior do estômago, e de impedir o refluxo gastroesofágico. Tanto o corpo quanto o fundo armazenam alimento e água, e podem dilatar- se para acomodar o material alimentar. Além disso, o corpo secreta enzimas digestivas juntamente com ácido clorídrico (HCl). O antro é responsável pelo fracionamento mecânico do alimento e o piloro constitui-se em válvula muscular que limita as dimensões das partículas eliminadas para o duodeno e ajuda a evitar o refluxo gastroduodenal (WILLARD, 1995). A parede do estômago é composta de quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa (DYCE et al., 1990). As anastomoses ocupam toda a região da camada submucosa do estômago, entre a camada muscular e a mucosa, sendo formadas por plexos entre pequenas artérias e também entre capilares e realizando interconexões entre os mesmos (WOMACK, 1969; PROKOPIW,1991; ARAUJO et al., 2007). No fundo e no corpo do estômago, observa-se maior suprimento sanguíneo devido ao maior número de anastomoses, ao passo que, no antro e na curvatura menor, a rede basal consiste de pequenos capilares tortuosos que se originam de arteríolas, oriundas da submucosa. Esses capilares são estreitos e possuem menor diâmetro do que em outras regiões do estômago. São mais separados entre si e apresentam poucas anastomoses entre os capilares ascendentes (PROKOPIW, 1991). O estômago (Figura 1) tem as superfícies anterior e posterior, as curvaturas maior e menor e dois orifícios, a cárdia ou, mais precisamente chamando, o orifício cardíaco, e o piloro. O músculo circular de espessura do esfíncter pilórico é facilmente sentido (e é hipertrofiado, na condição de estenose pilórica infantil) (ELLIS, 2011). 21 No estomâgo, cada curvatura apresenta uma dobra reentrante e, ao longo de sua curvatura menor, é distinto um entalhe, a incisura angularis, que é produzida pelo arranjo das fibras musculares involuntárias da parede do estômago (CASTRO, 1985; ELLIS, 2011). As várias partes do estômago (Figura 1) são bem definidas, possuem diferenças fisiológicas e são utilizadas pelo endoscopista, radiologista ou cirurgião, na localização das patologias gástricas (ELLIS, 2011). Figura 1. Divisão anatômica do estômago e desenho mostrando elementos da mucosa gástrica. O fundo é a projeção do estômago acima e à esquerda do orifício cardíaco. O corpo do estômago passa do orifício cardíaco para a incisura, a parte do órgão que contém as células parietais que secretam HCl. A partir da incisura para o piloro, está o antro pilórico, região que produz o hormônio gastrina, responsável pela fase hormonal da secreção de ácido gástrico. O piloro é facilmente identificado por palpação do anel, muito diferente dos músculos do esfíncter, e também é marcado por uma veia constante (de Mayo), que atravessa por este nível (ELLIS, 2011). Ligado ao longo da curvatura menor situa-se o omento menor, enquanto que o omento maior pende para baixo, como um avental da curvatura maior. Estas dobras peritoneais contêm os vasos sanguíneos, os vasos linfáticos e o suprimento nervoso do estômago (ELLIS, 2011). 22 A barreira que protege a mucosa de autodigestão pelo suco gástrico é um dinâmico sistema de multicomponentes. A camada epitelial fornece uma barreira permeável, podendo reparar rapidamente danos superficiais, por um processo de migração celular, correspondendo à reepitelização ou reconstituição (ESTIVALLET et al., 1998) . A vascularização abundante propicia um suprimento de bicarbonato (HCO3 - ) por transporte transcelular e/ou difusão na camada de muco (ALLEN etal, 1993). O muco gel atua como barreira física contra a pepsina luminal e fornece uma camada estável que possibilita, na superfície, a neutralização do ácido pelo HCO3 - . O muco secretado pela superfície das células epiteliais e das células mucosas possui uma importante função como lubrificante; uma armadilha para micróbios (WALLACE, 1989). O muco é considerado por Zaterka (1993) como um fator defensivo pré-epitelial, recobrindo o epitélio de revestimento juntamente com o bicarbonato secretado pelas células de revestimento e com os fosfolipídios, dispostos logo acima da membrana celular, responsáveis pela propriedade hidrófoba da superfície. O muco existe sob duas formas: o aderente e o solúvel. Uma das funções da camada de muco que reveste o sistema gástrico é o recolhimento de radicais livres altamente reativos derivados de oxigênio. Esse evento fornece proteção antioxidante para as camadas abaixo das células mucosas epiteliais, impedindo as lesões oxidativas. Quando o muco que recolhe as espécies ativas é fragmentado, há redução da viscosidade e das propriedades gel. Sob condições normais, a secreção de muco recuperaria essa perda. As células das camadas inferiores seriam somente danificadas por uma forte agressão externa (HALLIWELL; GUTERRIEDGE, 1989). 1.2 Mecanismos da secreção ácida gástrica Dos órgãos que compõem o tubo digestivo, o estômago exerce papel de reservatório de alimento. Este sofrerá aí redução de tamanho em partículas menores, através da digestão que é sua mistura com o suco gástrico (PAPINI-BERTO; BURINI, 2001). A função principal do estômago é a de preparar o alimento para a digestão e absorção pelo intestino. Embora vários mediadores neurais e hormonais contribuam para a função 23 gástrica, a produção de ácido é o componente único e central da contribuição do estômago para o processo digestivo (RAMSAY; CARR, 2011). A fisiologia do ácido gástrico é um processo complexo que envolve o nervo parassimpático vago e uma variedade de hormônios, incluindo a gastrina, histamina, somatostatina e prostaglandinas (MERCER; ROBINSON, 2011). Os principais agentes que estimulam a secreção ácida incluem a gastrina, a acetilcolina e a histamina. A inibição é feita por somatostatina, fatores de crescimento epidérmico (EGF) e pelas prostaglandinas E2 e I2; estas últimas também estimulam as células superficiais a produzirem muco e bicarbonato (AIRES, 2008; GUYTON, 2006). As mucosas do corpo gástrico e, em menor medida, do fundo contêm as células parietais. Uma função da célula parietal é produzir o ácido gástrico, ativando a partir de pepsina o pepsinogênio; este ultimo auxilia a digestão da proteína e diminui a colonização bacteriana do estômago e duodeno. Além disso, as células parietias produzem o fator instrínseco, essencial para absorção da vitmaina B12 no íleo (MERCER; ROBINSON, 2011). 1.3 Mecanismo de Defesa da Mucosa Gástrica 1.3.1 Barreira muco/bicarbonato Uma das importantes defesas das células epiteliais gástricas consiste na secreção de uma camada de muco. Células secretoras de muco são abundantes na superfície da mucosa gástrica. Íons de bicarbonato são secretados pelas células epiteliais gástricas e retidos no muco, formando um gel de proteção que mantém a superfície mucosa a um pH de 6-7, apesar de haver um ambiente muito mais ácido (pH 1.2) na luz do estômago (RANG et al., 2007). A secreção de bicarbonato é regulada por diversos fatores, tais como prostaglandinas, óxido nítrico, neurônios aferentes sensíveis a capsaicina, peptídeos e fatores neuronais (AIHARA et al., 2007). Os fatores de proteção da mucosa como muco e bicarbonato, sendo secretado pelas células mucosas do estômago, atua como a primeira linha de defesa da mucosa gástrica e a protege de fatores agressores endógenos e exógenos, e se apresenta de forma viscosa, elástica, aderente, como um gel transparente, que contém 95% de água e 5% de glicoproteínas, recobrindo toda a superfície da mucosa gastrointestinal. O muco é capaz de agir como antioxidante e reduzir danos na mucosa, promovidos por radicais livres (REPETTO; LLESUY, 2002). O muco também tem um papel importante na cicatrização das úlceras, 24 acelerando a recuperação da mucosa lesada (MAITY et al., 2003). Em estudo realizados em ratos, observou-se uma relação inversa entre a espessura da camada de muco e a acidificação intracelular do epitélio gástrico (PHILLIPSON et al., 2002). O muco também tem um importante papel na prevenção da agressão mecânica ao epitélio e fornece um microambiente sobre a área lesionada que é rapidamente restituída (WALLACE et al., 1986). Em combinação com o bicarbonato secretado pelas células epiteliais superficiais, o muco tem um importante papel na proteção gástrica contra a lesão induzida por ácido e pepsina (ALLEN et al., 1980). A secreção de muco e o bicarbonato são alguns dos recursos regulados pela síntese de prostaglandinas. Assim, os anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES) podem reduzir a secreção de muco e o bicarbonato, aumentando assim a susceptibilidade da mucosa à lesão, isso ocorre devido a inibiação da biosintese de prostaglândinas (WALLACE, 2001). 1.3.2 Microcirculação A microcirculação é a porção do leito vascular em que os vasos têm diâmetro interno médio inferior ou igual a 100 µm. A chamada unidade microcirculatória inclui arteríolas, arteríolas terminais, meta-arteríolas, capilares (precedidos ou não do esfíncter pré-capilar) e vênulas pós-capilares (AGUIAR et al., 2007). O estudo da microcirculação, desde o início do século passado, vem permitindo a análise e diagnóstico de uma série de doenças que afetam a microcirculação, como diabetes mellitus e úlcera gástrica. A microcirculação da mucosa gástrica é alterada pelos mediadores secretados pelos nervos sensoriais aferentes, localizados na mucosa e submucosa gástrica. A difusão de ácido ou toxinas para a mucosa gástrica resulta em uma elevação do fluxo sangüíneo, que é essencial para limitar os danos e facilitar a reparação celular (WALLACE; GRANGER, 1996). A elevação do fluxo sanguíneo é importante ao prover bicarbonato para a secreção tamponante das células epiteliais e para drenar o excesso de ácido, em momentos em que a barreira protetora da mucosa é rompida, ocorrendo uma redifusão de íons H + para a mucosa (MAITY et al., 2003). A PGI2 (Prostaglândina 2) e o NO (Óxido nítrico) mantêm a viabilidade das células endoteliais e previnem a aderência de plaquetas e leucócitos às células endoteliais, o que 25 poderia comprometer a microcirculação gástrica (GUTH, 1992; LAINE et al., 2008). O sulfeto de hidrogênio (H2S), outro composto endógeno, também exerce efeito protetor da mucosa, similarmente ao NO, o qual reduz a expressão de fator de necrose tumoral alfa (TNFα), diminui a aderência de leucócitos e inibe lesões induzidas por AINES (LAINE et al., 2008). 1.3.3 Neurônios sensíveis à capsaicina e a proteção gástrica A capsaicina, o ingrediente picante da pimenta vermelha, tem sido utilizada desde a antiguidade como um tempero, apesar da sensação de queimação associados com sua ingestão. Mais de 50 anos atrás, Nikolaus Jancsó descobriu que a capsaicina pode seletivamente estimular neurônios aferentes primários nociceptivos (HOLZER, 2004). A investigação subsequente estabeleceu que as propriedades neurofarmacológicas da capsaicina eram devidas à ativação do receptor transiente potencial do tipo vaniloide 1 (TRPV1), expressa por neurônios aferentes primários que inervam o intestino e outros órgãos (HOLZER, 2004; IMMKE; GAVVA, 2006). Esse tipo de receptor é sensível a capsaicina e também é ativado por calor nocivo, acidose e mediadores lipídicos intracelulares, tais como os produtos de lipoxigenase e anandamida (LEITE et al., 2011; IMMKE; GAVVA, 2006 ). Em animais,várias substâncias como a capsaicina, mostarda e ciclofosfamida, aplicadas a estruturas viscerais, podem provocar dor e comportamentos relacionados, envolvendo capsaicina nos neurônios aferentes primários. Essas substâncias são capazes de induzir dor, bem como reação inflamatória, quando estimuladas (Leite et al., 2011). A transmissão sináptica entre neurônios aferentes primários e neurônios do corno dorsal da medula espinhal é mediada principalmente por glutamato, atuando em receptores NMDA (N-metil-D-aspartato) e AMPA (α-amino-3-hidroxil-5-metil-4-isoxazoil ácido propiônico). Além disso, outras substâncias podem modular a transmissão na medula (ATP, prostaglandinas, substância P) (DOUBELL et al., 1999). Na medula, a transmissão dos sinais dolorosos, após a liberação dos neurotransmissores, envolve a participação de canais iônicos. Os principais canais envolvidos nesses efeitos são os canais de sódio, os canais de cálcio operados por voltagem e os canais de potássio (LEE et al., 2005). O receptor do tipo receptor transiente potencial vaniloide 1 (TRPV1) é um canal não-seletivo de cátion, expresso tanto no sistema nervoso central quanto no periférico (HAN et al., 2011). 26 No estômago, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) está presente nos terminais periféricos dos nervos aferentes sensíveis à capsaicina e exerce ação protetora. Estas terminações nervosas e os mediadores estão envolvidos com a resposta protetora da mucosa ao ácido luminal, incluindo aumento do fluxo sangüíneo da mucosa e da secreção de muco e bicarbonato (DEMBINSKI et al., 2005; MEDEIROS, 2009). A liberação de CGRP de neurônios sensoriais aferentes resulta na geração de NO, presumivelmente por células endoteliais que revestem as arteríolas submucosas (WALLACE; GRANGER, 1996), com um consequente aumento do fluxo sanguíneo, o que torna o estômago menos suscetível a danos (EVANGELISTA, 2006). Além disso, o CGRP liberado estimula a liberação de somatostatina pelas células D e, assim, inibe a secreção de histamina e gastrina, resultando em inibição da produção de ácido gástrico (KOMASAKA et al, 2002). 1.3.4 Prostaglandinas As prostaglandinas (PGs) exercem efeitos inibitórios sobre a célula parietal; e a inibição da sua síntese pode resultar em um aumento da secreção ácida gástrica (WALLACE, 2001). As PGs unem-se ao receptor de PGE2 na célula parietal e ativam uma proteína G inibitória (Gi), que inibe a enzima adenilato ciclase. As PGs endógenas modulam a secreção ácida pelo bloqueio do aumento de AMPc, estimulado por histamina dentro da célula parietal (ATAY et al., 2000). As prostaglandinas têm efeito na motilidade, secreção e citoproteção do trato gastrointestinal. As PGE2 podem influenciar de duas maneiras a secreção ácida gástrica. Em baixas concentrações, inibem a secreção ácida via interação com receptores EP3 e, em concentrações maiores, estimulam a secreção ácida por meio da interação com receptores EP4. Ambos os receptores estão presentes nas células parietais e nas células principais da mucosa gástrica (DING et al., 1997). No estômago, as prostaglandinas desempenham um papel vital na proteção gástrica, estimulando a secreção de muco e bicarbonato, mantendo o fluxo sanguíneos na mucosa, e regulando a renovação celular e reparação da mucosa (HAYLLAR; BJARNASON, 1995). Assim, a supressão da síntese de prostaglandinas por anti-inflamatório não-esteroidal (AINES) resulta em um aumento da susceptibilidade à lesão da mucosa gastroduodenal e ulceração (ANDRADE et al., 2007). 27 1.3.5 Óxido Nítrico A descoberta do óxido nítrico (NO), como um mensageiro molecular para os vários sistemas do organismo de mamíferos, revolucionou as pesquisas acerca da extensão de sua atividade biológica (FLORA FILHO; ZILBERSTEIN, 2002). Desde então, um crescente número de pesquisas quanto à molécula NO, na fisiopatologia humana e animal, se tem desenvolvido (QUEIROZ; BATISTA, 1998). O óxido nítrico é sintetizado por três enzimas: as sintases do óxido nítrico, presentes em vários órgãos, entre entre os quais o estômago, pulmões, narinas, seios paranasais e coração (BUSH, 2008). A sintase indutível do óxido nítrico (inductive nitric oxide synthase, iNOS) é induzida em várias células, pela exposição de citocinas pró-inflamatórias e endotoxinas (ANDRADE et al., 2010). O óxido nítrico é gerado a partir da reação entre L-arginina e O2, catalisada pela enzima óxido nítrico sintetase (NOS), utilizando NADPH e BH4 como cofatores (PALMER; FERRIGE; MONCADA, 1987). Três diferentes cDNAs codificam três distintas isoformas da NOS. A NOS neuronal (nNOS ou NOS tipo 1), identificada constitutivamente nos neurônios; a endotelial (eNOS ou tipo 3), identificada constitutivamente do endotélio vascular e plaquetas; e a forma induzida (iNOS ou tipo 2), que é induzida por citocinas e/ou endotoxinas em uma variedade de células, incluindo-se macrófagos, linfócitos T, células endoteliais, miócitos, hepatócitos, condrócitos, neutrófilos e plaquetas (MACMICKING et al., 1997; DUSSE et al., 2003). O óxido nítrico (NO) possui funções metabólicas altamente ativas, principalmente na regulação das atividades cardiovasculares. O NO formado nas células endoteliais promove vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, inibição da agregação e da adesão plaquetárias, redução da migração e adesão leucocitárias e diminuição da proliferação de células musculares lisas (TATSCH et al., 2011). A produção constitutiva de NO é importante para manter a barreira protetora da mucosa gastrointestinal. Esse mecanismo protetor do NO pode ser devido a sua capacidade em aumentar o fluxo sangüíneo da mucosa e estabilizar a influência dos mastócitos (ALICAN et al., 1996). Entretanto, o excesso na produção de NO, associado com estados inflamatórios, é caracterizado pelo aumento da permeabilidade epitelial e perda da função da barreira de muco. Assim, os níveis de produção de NO, a isoforma geradora de NO e o estado redox das 28 células epiteliais podem determinar os efeitos do NO na permeabilidade da mucosa e proteção (SHAH et al., 2004). O NO atua ainda em sinergia com outros mediadores endógenos, como as prostaglandinas e os neuropeptídios, na proteção da mucosa gástrica, agindo de forma citoprotetora (TEPPERMAN; WHITTLE, 1992). Contudo, estudos mais recentes demonstram que o NO atua de maneira bifásica na resposta ulcerogênica da mucosa gastrointestinal, dependendo das isoformas da NOS, ou seja, o NO produzido pela NOS constitutiva apresentaria efeito protetor, e o NO originário da NOS induzível teria um efeito pró- ulcerogênico (NISHIO et al., 2006). Estudos clínicos têm demonstrado que a coadministração de agentes doadores de NO com AINE pode proteger contra a indução da úlcera pelos AINE, e a combinação aos AINE de uma molécula que libere NO pode resultar em menos dano à mucosa, quando comparada com os tradicionais inibidores de COX, e podem até aumentar a reparação do tecido mucoso (SHAH et al., 2002). 1.3.6 Canais de Potássio ATP dependentes Os canais de potássio sensíveís ao ATP (K + ATP ) são canais de ligação importantes para a excitabilidade da membrana da célula, para seu estado celular bioenergético. São canais que se encontram normalmente fechados, somente entrando em ação na presença de baixos níveis de ATP. Supõe-se que sua abertura seja determinada pela diminuição da fosforilação oxidativa, o que os leva a funcionarem em condições fisiológicas adversas, como na isquemia miocárdica (BARBOSA et al., 2004). O canal KATP parece ser composto por duas unidades distintas: uma delas, denominada Kir6,2, constitui o canal propriamente dito, por onde fluem as correntes de K + . A outra é o receptor de sulfoniluréias (SUR1), que é provido de sítios de ligação para o referido fármaco, para ATP, MgADP e diazóxido,atuando com unidade regulatória. A glicose provoca a secreção de insulina via Katp, pelo aumento da relação ATP/ADP no citoplasma das células beta. Isto leva ao bloqueio de canais de K + sensíveis ao ATP (KATP), redução da saída deste cátion da célula, despolarização celular, ativação da permeabilidade ao Ca2+ sensível à voltagem, entrada e acúmulo deste cátion nas células e consequente secreção de insulina (BOSQUERO et al., 1998). 29 Os canais de potássio foram identificados em vários tecidos, como o pâncreas, coração, fígado. Até mesmo no estômago alguns compostos, como o diazóxido, ativam e abrem os canais de potássio em diversos tecidos, causando hiperpolarização da membrana plasmática e redução da atividade elétrica (ASHCROFT; GRIBLLE, 2000; JAHANGIR et al., 2001). O diazóxido, no estômago, inibe as lesões na mucosa gástrica, induzidas por etanol, enquanto a glibenclamida, um agente hipoglicemiante oral que estimula a secreção de insulina por bloquear os canais de potássio ATP-dependente, aumenta as lesões gástricas (TOROUDI et al., 1999; GUEDES et al., 2008). Os canais de KATP parecem estar envolvidos com o mecanismo de prostaglandinas endógenas e exógenas, vez que a gastroproteção promovida pelas prostaglandinas é inibida não apenas pela indometacina, mas também pela glibenclamida, uma droga inibidora dos canais de KATP (PESKAR et al., 2002). 1.3.7 Sistema Antioxidante As espécies reativas de oxigênio (ERO) são moléculas reduzidas, transitórias e altamente reativas, produzidas no caminho metabólico de transformação do oxigênio molecular (O2) a água (H2O) (MEHDY et al., 1996.). A partir da adição de um simples elétron, o oxigênio molecular é convertido ao radical ou ânion superóxido (O2 .- ), um processo mediado, provavelmente, por peroxidases ou NAD(P)H oxidases associadas à membrana, ou mesmo por lipoxigenases, a partir de ácidos graxos e O2 (DOLATABADIAN; JOUNEGHANI, 2009)). O superóxido formado pode passar por reações de óxido-redução ou ser "dismutado" e regenerar O2 e peróxido de hidrogênio (H2O2), o que pode ocorrer espontaneamente em pH neutro ou pela ação da enzima superóxido dismutase. O H2O2 formado pode sofrer diferentes transformações: reduzido ao radical hidroxil (OH·); convertido a H2O e O2 pela ação da catalase; convertido a H2O pela oxidação de moléculas substratos, como o ascorbato, via peroxidases (WOJTASZEK, 1997; BALDO et al., 2011). Evidências têm demonstrado que doenças inflamatórias ou distúrbios do metabolismo levam ao aumento do estresse oxidativo. Segundo Cutler (2005), estresse oxidativo é definido como um desequilíbrio entre os sistemas antioxidantes e espécies reativas de oxigênio (EROs), a favor dos últimos. As EROs, que incluem radicais livres, são continuamente produzidas no corpo e têm importante papel fisiológico, em baixas concentrações (ALMONDES et al., 2010). 30 Em altas concentrações, devido a sua alta reatividade, as EROs causam lesões irreversíveis por meio de alterações oxidativas em lipídios, proteínas e no DNA. Suspeita-se que alterações nestas estruturas estejam ligadas ao desenvolvimento de várias patologias humanas, incluindo-se a úlcera péptica, morte celular e câncer (CUTLER, 2005; ALMONDES, et al., 2010). Para limitar os efeitos maléficos das EROs, um sistema antioxidante de alta performance composto por um sistema enzimático e não-enzimático pode interagir com EROs e regular sua produção, diminuindo-a a limites fisiológicos. Se esta defesa antioxidante for superada pela produção de EROs ou não suficientemente provida via dieta ou suplementação, ocorre o estresse oxidativo (CUTLER, 2005). A degradação oxidativa é considerada como sendo um fator comum na patogênese de úlceras, por diferentes modelos experimentais e clínicos (SAIRAM et al., 2002). A atividade antioxidante foi descrita para vários produtos naturais como os triterpenos, tais como: α- e β- amirina, ácido oleanólico, ácido ursólico e lupeol, entre outros compostos relacionados (ANDRIKOPOULOS et al., 2003.). Exisem varias evidências indicando que as substâncias naturais de plantas comestíveis e medicinais demonstram atividade antioxidante forte que pode atuar contra a toxicidade gástrica por vários agentes tóxicos (MADUREIRA et al., 2011). Um mecanismo de defesa importante envolve as enzimas antioxidantes, incluindo-se o superóxido desmutase, catalase, e a glutationa, que convertem as moléculas de oxigênio ativo em compostos não-tóxicos (YEH et al., 2012). Antioxidantes não-enzimáticos, tais como GSH, vitamina C e vitamina E, estão intimamente ligados um ao outro e têm um papel relevante na proteção da célula, a partir da peroxidação lipídica. O nível de esgotamento de GSH ocorre devido à eliminação de radicais tóxicos (HUANG et al., 2010). GSH atua como um antioxidante enzimático, tanto intracelularmente quanto extracelularmente, em conjunto com vários processos enzimáticos, reduzindo o peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos. O GSH atua como um varredor de radicais livres e substâncias tóxicas ingeridas com a comida ou produzidas diretamente no trato gastrointestinal (SHIRIN et al., 2001). Sob condições de estresse oxidativo, o GSH reduz as espécies reativas do oxigênio, sendo liberado na forma oxidada (GSSG). O aumento de GSSG durante o estresse oxidativo é geralment 31 transitório, pois é reduzido rapidamente pela glutationa redutase (DICKINSON; FORMAN, 2002). 1.4 Fisiopatologia da úlcera péptica Nas últimas décadas, a prevalência da doença ulcerosa péptica declinou no mundo ocidental. Entretanto, com incidência variando de 2 a 10/100.000 indivíduos, permanece como problema de saúde pública na sociedade moderna. A faixa de idade predominante na qual a úlcera duodenal ocorre é entre 20 e 50 anos, enquanto que a gástrica é mais comum em pacientes com mais de 50 anos (KOMEN et al., 2008; CASALI et al., 2012). A úlcera péptica constitui desordem do trato gastrintestinal que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e têm sido, há bastante tempo, uma das causas mais importantes de morbidade e mortalidade (BIRDANE et al., 2007). Apesar de grandes avanços na compreensão da doença, sua etiologia ainda não foi completamente elucidada. O conhecimento da fisiopatologia da úlcera gástrica permanece incompleto (GLAVIN E SZABO, 1992). A úlcera gástrica é um processo multifacetado, incluindo a secreção de ácido, a produção de espécies reativas de oxigênio, a inibição das prostaglandinas e a degradação da matriz extracelular. As metaloproteinases de matriz (MMPs) têm a capacidade para clivar a matriz extracelular e remodelar? (RIOS et al., 2010; ROCHA et al., 2010; SONIS, 2008; GARAVITO; DEWITT, 1999; HAWKEY, 1999). Entre os diferentes fatores de úlcera péptica, lesões devidas a estresse, o consumo de álcool, infecção por Helicobacter pylori e a utilização de anti-inflamatórios não-esteróides têm sido indicados ao serem mediados, em grande parte, via geração de espécies reativas de oxigênio, em especial os radicais hidroxilados (- OH) (BANDYOPADHYAY et al., 2002). Por outro lado, a integridade da mucosa é mantida através de mecanismos de proteção, os quais incluem fatores pré-epiteliais: uma "barreira" epitelial, renovação celular contínua, por meio da proliferação de células progenitoras, fluxo sanguíneo contínuo através de microvasos da mucosa, uma "barreira" endotelial, inervações sensoriais e a geração de prostaglandinas e óxido nítrico (LAINE et al., 2008). 32 O epitelio gástrico possui um grande turnover de células: na manutenção de um equilíbrio bem regulado entre proliferação e apoptose, um rompimento desse equilíbrio é um passo inicial para um processo inflamatório ou uma neoplasia (MEEGAN et al., 2008). Figura 2. Fisiopatologia da úlcera gástrica. Fonte Rios, 2010 1.5 Papel das citocinas inflamatóriasna úlcera gástrica Durante a patogênese da gastrite, o dano epitelial causado pela injúria celular inicial é seguido por produção local de citocinas, que conduz à inflamação, seguida de úlceração. Existem várias linhas de evidência que apontam para um componente inflamatório na úlcera gastroduodenal, com a produção de alguns mediadores inflamatórios, tais como: fator nuclear kB (NF-kB), ciclo-oxigenase-2 (COX-2) e citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina 1 beta (IL-1β), IL-6 e factor de necrose tumoral α (TNF-α). As prostaglandinas são produzidas, a partir de fosfolipídios da membrana celular, por uma cascata enzimática. O processo tem início com a conversão de fosfolipídios em ácido araquidônico, pela enzima fosfolipase A2. O ácido araquidônico, por sua vez, é convertido em prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos, a partir das enzimas ciclooxigenases (COX) (MELGAÇO et al., 2010; RANG et al., 2004). A ciclooxigenase catalisa a conversão de ácido araquidônico em prostaglandinas H 2, o que serve como precursor comum para a síntese de prostaglandinas. Existem duas isoformas de ciclooxigenases, que exibem propriedades catalíticas semelhantes, mas diferem em termos de regulação da expressão (GARAVITO; DEWITT, 1999; HAWKEY, 1999). São, pois, 33 descritos dois tipos de ciclooxigenases: a COX-1 (ou constitutiva) e a COX-2 (ou induzida). A COX-1 é expressa na maioria dos tecidos e regula os processos celulares normais, como a produção de muco protetor gástrico, a inibição da secreção gástrica, a homeostase vascular, a agregação plaquetária e a manutenção da homeostase renal (MELGAÇO et al., 2010). A COX-2 é normalmente pouco detectada nos tecidos e costuma ser ativada nos processos inflamatórios, participando da ativação de mastócitos, macrófagos e células endoteliais. Também está presente no nível basal, em certos tecidos, mas sua expressão é sobrerregulada em resposta a estímulos inflamatórios ou mitogênicos (NASSAR et al., 2005). A COX-2 tem sua expressão inibida pelo uso de anti-inflamatórios não-esteroides e glicocorticóides (motivo pelo qual os corticóides têm potencial anti-inflamatório) (RAHMAN et al., 2006). No entanto, descobertas recentes demonstram que a COX-2 desempenha papel biológico mais complexo e mais amplo do que o mero envolvimento na inflamação e na dor (PESKAR, 2001). Entre esses papéis ocorrem no processo de cura de úlcera gástrica, no desenvolvimento renal, regulação da homeostase no sistema cardiovascular, ovulação e implantação dos óvulos (SCHMASSMANN et al., 1998; PARENTE E PERRETTI, 2003). Mais recentemente, uma nova isoforma da enzima COX, a COX-3, tem sido relatada (CHANDRASEKHARAN et al., 2002), a qual é uma variante da enzima COX-1 (COX-1b), mas carece completamente das atividades normais da COX, que levam à produção de eicosanóides (BOTTING; AYOUB, 2005). A COX-3 parece ser expressa no cérebro e está envolvida no mecanismo de ação do paracetamol (KIS et al., 2005). No desenvolvimento das úlceras gástricas, associadas ao uso de anti-inflamatórios não-esteróides (AINES), a inibição da COX-1 está ligada à diminuição do fluxo sanguíneo da mucosa, enquanto a inibição da COX-2 está relacionada com o aumento da aderência de leucócitos ao endotélio vascular local (WALLACE et al., 2000). Essas lesões estão relacionadas com aumento nos marcadores de infiltração de neutrófilos e intensa geração de radicais livres (SULEYMAN et al., 2009). Até pouco tempo, apenas a inibição da COX-1 estava associada à gastroproteção. Contudo, a ação lesiva à mucosa gástrica de drogas inibidoras altamente específicas para a COX-1 é consideravelmente menor e com características diferentes das lesões induzidas por drogas não-seletivas, como indometacina ou ibuprofeno. Na realidade, a COX-2 parece ser expressa em resposta à inibição da COX-1; assim, em situações normais, a administração de 34 inibidores seletivos de COX-2 apresenta pouca ou nenhuma toxidade gástrica. A inibição da COX-1 e COX- 2, ao mesmo tempo, por drogas seletivas diferentes produz, porém, grandes lesões gástricas, com características semelhantes àquelas produzidas pelos AINES tradicionais não-seletivos. Esses achados sugerem que ambos os tipos de COX devem estar suprimidos para que ocorram as lesões gástricas características dos AINEs (anti-inflamatórios não-esteroidais) (WALLACE et al., 2000; TANAKA et al., 2001; TANAKA et al., 2002). O papel da COX-2 na cicatrização de úlceras permaneceu debatido, ao longo dos anos, sendo ainda hoje inconclusivo. A cicatrização de úlceras é um processo ativo e complicado de reconstrução da arquitetura da mucosa, envolvendo o preenchimento do defeito da mucosa com proliferação e migração de células epiteliais e componentes conjuntivos (PERINI et al., 2003). Já as prostaglandinas desempenham um papel fundamental no desencadeamento da proliferação celular e promoção de angiogênese, juntamente com várias outras funções necessárias para restaurarem a integridade da mucosa. Portanto, as enzimas COX-1 e COX-2, sendo os arquitetos da síntese de prostaglandinas, tornam-se um alvo óbvio para as modalidades de tratamento de úlcera gástrica e continuam a prender a atenção de pesquisadores e clínicos. Os inibidores seletivos da COX-2 (celecoxib, rofecoxib etc.) foram desenvolvidos como agentes anti-inflamatórios e evitam a adversidade de hemorragia gastrointestinal, poupando, assim, a produção de prostaglandinas E2 (PGE2), que é importante para a manutenção da integridade da mucosa gástrica (BERENGUER et al., 2002; COPPELI et al., 2004). No entanto, com uma mudança de hipótese clássica, tornou-se também evidente que a COX-2 não só desempenha um importante papel no mecanismo regulativo de defesa da mucosa gástrica, mas também é crucial no processo de cicatrização da úlcera gástrica (SHIGETA et al., 1998; BRZOZOWSKI et al., 2001), produzindo prostaglandinas, que exercem ações anti-inflamatórias (GILROY et al., 1999). Tais achados tornaram-se de grande significado para os inibidores seletivos da COX-2, patenteando que, embora estes AINEs previnam o aparecimento de úlcera, podem também intensificar as úlceras pré-existentes, ao atrasar o processo de cicatrização. Os pesquisadores mostraram que os inibidores seletivos da COX-2 podem agravar as lesões gástricas, induzidas por isquemia de reperfusão (BRZOZOWSKI et al., 1999; MARICIC et al., 1999), por intermédio do atraso na cicatrização da úlcera, em ratos (MIZUNO et al. , 1997; LESCH et al., 1998; BRZOZOWSKI et al., 2001), e da inibição da angiogênese, proliferação de células epiteliais e maturação do 35 tecido de granulação na úlcera gástrica crônica. Estas observações levaram à noção de que a inibição de COX-2 não está associada com os danos gástricos em mucosa normal, mas pode ser prejudicial quando a defesa da mucosa gástrica for prejudicada (SCHMASSMANN et al., 1998). A visão recente é ainda apoiada nas pesquisas, que sugerem ser a COX-2 mais expressa durante a cicatrização de lesões gástricas, enquanto inibidores COX-2 específicos causam um atraso na cicatrização de úlceras em ratos, destacando o papel fundamental desta isoenzima na cura da úlcera gástrica (TSUJI et al., 2002; MOTILVA et al., 2005). Não podemos descartar também a participação de outras citocinas na modulação da úlcera gástrica, como o TNF-α, IL-1, IL-6, o fator de transcrição NFB e o Óxido Nítrico. O fator de necrose tumoral-α (TNF-α) é uma citocina pró-inflamatória produzida por macrófagos, envolvida na patogênese de diversas doenças inflamatórias, assim como na resposta imunomediada a diversas infecções e processos inflamatórios (GOMES et al., 2012) O TNF-α é uma citocina com diversas funções imunológicas. Foi inicialmente identificado como um polipeptídio produzido por macrófagos durante infecções, doenças, cânceres, situações estas que contribuempara o desenvolvimento de caquexia. É também caracterizado por sua capacidade de induzir a necrose em células tumorais, de onde advém o nome fator de necrose tumoral (ROSE et al., 2004; PRADO et al., 2009). No processo de atividade pró-inflamatória, entre as diferentes citocinas que são produzidas, o fator de necrose tumoral (TNF-α) se destaca, por ser um modelo de citocinas pró-inflamatórias com efeitos múltiplos sobre os sistemas imune inato, adaptativo, bem como no endotélio vascular e na microcirculação (SHAH; MAYER, 2010; SANTOS-JUNIOR, 2011). O fator de necrose tumoral estimula a fase de inflamação aguda, assim como a apoptose. Também aumenta a produção de outras citocinas, de pequenos peptídios, a secreção de elastase e colagenase, incrementa as propriedades de adesão molecular ao endotélio vascular e promove a acumulação de leucócitos no tecido (DANESE et al., 2005). Estas ações múltiplas definem a característica pleiotrópica do TNF-α, transformando-o em um alvo específico para o tratamento de doenças inflamatórias do trato gastrintestinal (SHIMIZU et al, 2000). O aumento da produção de TNF-α pode ativar o NF-kB e provocar a liberação de outras citocinas pró-inflamatórias, amplificando assim o sinal inflamatório. Por esta razão, os efeitos prejudiciais causados pela liberação de TNF-α prolongam o processo inflamatório. Em 36 adição a seus efeitos pró-inflamatórios, o TNF-α também é uma citocina apoptótica (TUNG et al., 2011). A perda de controle da resposta inflamatória gástrica pode levar a um recrutamento de leucócitos inadequado para a mucosa do estômago e, por sua vez, para a lesão da mucosa gástrica. Ademais, o TNF-α se tem revelado por desempenhar um papel crucial na regulação da resposta imune e na promoção da liberação de outros mediadores pró-inflamatórios (HOLZER, 2001; PAVLICK et al., 2002). Da mesma forma, a inibição da reação inflamatória diminui a geração de excesso de citoquinas pró-inflamatórias, como o TNF-α e iNOS derivada do NO, mediadores que realizam a defesa da mucosa gástrica e promovem a cicatrização da úlcera (SHIMIZU et al., 2000;. HOLZER, 2001). A interleucina 1 (IL-1) é produzida por monócitos e macrófagos, tendo como principal atividade a de ser mediadora da inflamação associada ao TNF-α, de quem partilha muitas propriedades biológicas. Sua ação mais importante na inflamação se deve aos efeitos no endotélio, leucócitos e fibroblastos, bem como a indução das reações da fase aguda (ABBAS; LICHTMANN, 2005). No endotélio, a IL-1 induz várias mudanças, a maioria relacionada ao nível de transcrição de gene para síntese de: moléculas de adesão endotelial, atua como mediador químico para citocinas, fator de crescimento, óxido nítrico; aumenta a produção de enzimas associadas à remodelação de células da matriz; amplia a superfície trombogênica do endotélio e, quando associada ao TNF-α induz a resposta da fase aguda à infecção ou agressão tecidual (ABBAS; LICHTMANN, 2005). . A família da IL-1 tem três membros muito bem estudados: dois agonistas - IL-1α e IL- 1β - e o antagonista IL-1Ra. A IL-1Ra inibe a ação inflamatória induzida pela IL-1, ao bloquear a ligação de IL-1 ao receptor tipo I da IL-1 (IL-1RI) (DINARELLO, 1997; ARMAN et al., 2008). A interleucina 1, antagonista do receptor IL-1Ra, é uma molécula secretada, que se liga ao receptor IL-1, com avidez igual ou próxima daquela do agonista do receptor de IL- 1. Destes agonistas, o IL-1β é uma citocina pró-inflamatória com vários efeitos biológicos, atuando como inibidor potente da secreção de ácido gástrico (SONIS, 2004; YEOH et al., 2008). Em animais com úlcera gástrica induzida por ácido acético houve um aumento significativo do EGF (fator de crescimento epidermal ) e da IL-1 e, após a indução de úlcera, ocorreu, porém, uma redução progressiva e lenta durante a fase de cicatrização da úlcera gástrica. O comportamento paralelo entre EGF e IL-1 sugere que esta citocina possa desempenhar um papel na estimulação da produção de EGF (PLBEBANI et al., 1995). 37 El-Omar et al. (2000) demonstram que as citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1 (IL-1B -31 C +, IL-1B -511 e IL-1RN ) foram associadas a um aumento significativo, com risco de uma resposta crônica hipocloridrica na infecção por H. pylori e câncer gástrico, em uma população caucasiana, presumivelmente por alteração dos níveis de IL-1β no estômago O fator de necrose tumoral alfa e a interleucina 6 ( IL-6) são citocinas responsáveis pela eclosão de diversas alterações clínicas na sepse, como a febre ou hipotermia, as alterações funcionais, como oligúria, taquipnéia, hipoxemia, taquicardia, hipotensão, acidose láctica e coagulopatia, entre outras. A expressão de IL-11 aberrante em epitélio gástrico pode levar a desajuste, dessa forma interrompendo a sinalização e a expressão de genes proliferativos citoprotectores e a ruptura da regulação do equilíbrio proliferativo/apoptose, que pode predispor à carcinogênese (MEEGAN et al., 2008). A suprarregulação de genes pelo NFkB pode resultar também na produção de citocinas pró-inflamatórias, incluindo o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), e interleucinas IL-1β e IL-6 (MEEGAN et al., 2008; SONIS, 2004). O NF-kB é um importante regulador da atividade de citocinas e outras defesas biológicas. É o fator de transcrição que tem sido implicado a desempenhar um papel de guardião, na patogênese de doenças inflamatórias (SONIS, 2008 ). Trata-se de um heterodímero de subunidades p50 e p65/RelA ou p52, no citoplasma das células. O heterodímero p65/p50 é considerado como sendo a forma clássica e, no seu estado inativo, é ligado aos membros da classe dos inibidores kB (IkB) de proteínas que inibem a activação do NF-kB (SONIS, 2004; SONIS, 2008; MEEGAN et al., 2008). Por estimulação de um número de fatores de perturbação extracelulares, o dímero de NF-kB-IkB é sequencialmente fosforilado e ubiquinado por ativação de IKK (IkB quinase) e ubiquitina ligase. A forma ubiquinada é então degradada pelo proteosoma 26S. O NF-kB, em seguida, move-se a partir do citoplasma para o núcleo, onde pode ativar uma grande variedade de genes que desempenham um papel significativo na mucosa lesionada. A ativação de NF-kB é induzida por uma variedade de agentes, incluindo bactérias, vírus, citocinas, estresse oxidativo, e eliminadores de radicais livres. A radiação ionizante e a quimioterapia estomatotóxica também são reconhecidas como ativadoras potentes e consistentes de NF-kB (SONIS, 2002). A IL-6 é uma citocina pleiotrópica que desempenha uma série de funções nos processos imunes celulares e humorais relacionados à inflamação, defesa do hospedeiro e 38 lesão tecidual (FRANCISCO et al., 2006). A mesma é mediadora central da resposta de fase aguda e a principal citocina pró-coagulante, pois determina a produção e elevação das concentrações plasmáticas estimuladas pelo fígado de fibrinogênio, proteína amilóide A (SAA) e, em especial, da PCR (YUDKIN et al., 1999; VOLP et al., 2010) Alguns estudos têm indicado que a infecção pelo H. pylori induz inflamação por vários mecanismos, entre eles o contato direto com as células epiteliais, a estimulação e a liberação de citocinas. Pacientes infectados pelo H. pylori apresentam altos níveis de expressão e produção de IL1-B, IL-6, IL-8 e TNF-α (EL-OMAR et al., 2000 ; LADEIRA et al., 2003). Vários estudos relatam que o H. pylori ativa o gene NF-kB de células epiteliais da mucosa gástrica in vivo e in vitro. Este gene codifica um fator de transcrição que ativa a produção de interleucinas. A translocação nuclear de NF-kB é seguida do aumento da expressão de IL-8 (NAITO; YOSHIKAWA, 2002). A IL-8, potente ativadora de neutrófilos, tem seu nível de expressão gênica relacionado à intensidade da gastrite. In vitro, o H. pylori estimula a liberação de IL-8, e estes
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