Buscar

2012-tese-gscerqueira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 193 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 193 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 193 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA 
 
 
 
 
GILBERTO SANTOS CERQUEIRA 
 
 
 
 
EFEITOS FARMACOLÓGICOS E POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA 
HECOGENINA EM MODELOS ANIMAIS DE LESÃO GÁSTRICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2012 
 
1 
 
 
 
 
GILBERTO SANTOS CERQUEIRA 
 
 
 
 
 
EFEITOS FARMACOLÓGICOS E POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA 
HECOGENINA EM MODELOS ANIMAIS DE LESÃO GÁSTRICA 
 
 
Tese apresentada à Coordenação do Programa 
de Pós-graduação em Farmacologia do 
Departamento de Fisiologia e Farmacologia da 
Faculdade de Medicina da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Doutor em Farmacologia. 
 
 
 
 
Orientadora: 
 Profa. Dra. Glauce Socorro Barros Viana 
 
Co-orientadora 
 
Profa. Dra. Luzia Kalyne Almeida Moreira 
Leal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2012 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca de Ciências da Saúde 
C394a Cerqueira, Gilberto Santos. 
Atividade gastroprotetora do Hecogenina em modelos de lesão gástrica aguda / Gilberto Santos 
Cerqueira. – 2012. 
193 f. : il. color., enc. ; 30 cm. 
 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, 
Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Fortaleza, 2012. 
Orientação: Profa. Dra. Glauce Socorro Barros Viana. 
 
 
1. Agave. 2. Úlcera Gástrica. 3. Etanol. I. Título. 
 CDD: 615.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
GILBERTO SANTOS CERQUEIRA 
 
 
 
EFEITOS FARMACOLÓGICOS E POSSÍVEIS MECANISMOS DE AÇÃO DA 
HECOGENINA EM MODELOS ANIMAIS DE LESÃO GÁSTRICA 
 
Tese apresentada a Coordenação do Programa de Pós-graduação em Farmacologia 
como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Farmacologia. 
 
 
Aprovada em 14 / 12 / 2012 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
______________________________________________________________ 
Profa. Dra. Glauce Socorro de Barros Viana (Orientadora) 
Universidade Federal do Ceará 
 
______________________________________________________________ 
Profª. Dr. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal (Co-orientadora) 
Universidade Federal do Ceará 
 
______________________________________________________________ 
Profª. Drª. Gerly Anne de Castro Brito 
Universidade Federal do Ceará 
 
 
______________________________________________________________ 
Profª. Dr. Pedro Marcos Gomes Soares 
Universidade Federal do Ceará 
 
______________________________________________________________ 
Profa. Dra. Caden Souccar 
Universidade Federal de São Paulo 
 
 
______________________________________________________________ 
Profª. Dr. Saulo Rios Mariz 
Universidade Federal de Campina Grande 
 
 
 
4 
 
 
 
 
Dedico, 
 
 
 
À Deus em nome de Jesus Cristo, pela 
saúde e força. 
 
“Glorificai a Deus no vosso Corpo e no vosso 
Espírito, os quais pertencem a Deus” 
 
 
Aos meus pais Severino e Lourdes Cerqueira 
(In memorian) 
Pelo Amor, incentivo e apoio. 
 
 
A minha Esposa Ana Paula 
Minha musa inspiradora, uma mulher 
encantadora pela paciência, conselhos 
dedicação a mim e a nossa filha 
 
 
A minha filha Giovanna Maria, presente de 
Deus fonte das minhas lutas 
As minhas irmãs Elzeni e Suzana que aos 11 
anos tornaram-se minha mãe e que me 
proporcionaram a oportunidade de estudar. 
 
 
 
À MESTRE 
 
Profa. Dra. Glauce Viana, 
 
Pelos ensinamentos, conselhos e críticas 
 
 
À MESTRE 
 
Profa. Dra. Gerly Anne Brito, 
 
Pelos conhecimentos, incentivo e conselhos 
por ter sido uma mãe para mim 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Á Deus, pela minha fortaleza conhecedora das minhas virtudes é constante fonte de 
toda a coragem e motivação para superar as dificuldades. 
Aos meus familiares, aos meus pais Severino José e Lourdes; aos meus irmãos Suzy, 
Chuca, Gaspar, Roberto e Paulo; pela força e confiança que me deram em todos os momentos 
de minha vida. 
Aos meus pais, Severino José de Cerqueira e Lourdes Santos Cerqueira (In 
Memorian), pelo apoio, carinho, incentivo durante esses anos e por terem permitido sair cedo 
de casa trabalhar e estudar. 
À minha Esposa Ana Paula Fragoso Cerqueira (Painha) e minha filha Giovanna 
Maria (Nega Tingolé) pelo amor, carinho, compaixão, amizade e fraternidade e por 
agüentarem todos esses anos. 
Á minha orientadora, Profª. Drª. Glauce Socorro de Barros Viana, não somente 
por ter me aceitado como orientando, mas por acreditar em mim e ter confiado no meu 
potencial, mesmo diante de diversas circunstâncias e desafios. 
A minha querida Professora e Conselheira Profª. Drª. Gerly Anne de Castro 
Brito, pela ajuda, orientação, conselhos, amizade e por ter proporcionado grande parte dos 
resultados histopatológicos. 
Á Profª. Drª. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal pelas orientações, conselhos 
e paciência durante a pós-graduação. 
À Profª. Drª. Renata Carvalho Leitão por ter aceitado participar da minha banca 
examinadora de qualificação, pelos conhecimentos, orientações, paciência, e pela 
excelente contribuição de forma tão essencial para o enriquecimento deste trabalho. 
À todas outras professoras do Laboratório de Neurofarmacologia, profª. 
Francisca Cléa Florenço de Sousa, profª. Danielle Silveira Macedo pelo apoio, orientações 
e conselhos e em especial a profª. Silvânia Maria Mendes de Vasconcelos pela oportunidade 
de ministrar aulas de farmacologia na graduação durante esses quatros anos. 
Á doutora Caden Souccar pelo acolhimento e orientações durante a minha estada 
em seu Laboratório de Farmacologia Celular na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). 
 
À Profª Drª. Tais Maria Bauab e seu aluno Leonardo Gordula da UNESP 
Araraquara pelo teste de atividade contra Helicobacter pylory. 
 
Ao Saulo Mariz, pelo apoio científico, moral, espiritual, carinho nos momentos de 
sofrimento, na quais que mesmo a distância nos apoiou. 
Aos colegas do laboratório NEMPI Josiane, Elilce, Andrea e Socorro que 
participaram da realização dos experimentos histopatológicos, nos auxiliando em tudo que era 
necessário. 
Aos “amigos Nayrton, Emiliano, Rafaeli e Brinell grandes pesquisadores, pelas 
críticas e orientações” deste trabalho, pelos inúmeros bons momentos e alguns não tão bons 
assim que nossa amizade nos proporcionou. 
 
 
6 
 
 
 
 
Aos demais amigos de laboratório Alyne Mara, Kelly Rose, Eduardo, Sarah, 
Leonardo, Giuliana, Charliane, Taciana, Rafael, Danilo, Junia, Caca, Rufino, Eduardo, 
Edna, Valdécio pelo convívio agradável e colaborações em muitos momentos. 
Aos funcionários e amigos do laboratório Vilani, Arnaldo e Vandinha (LAFICA) 
sempre presentes e dispostos a ajudar. 
Às secretarias Aura e Márcia, por agüentar os aperreios e por serem amigas 
sempre dispostas a nos ajudar. 
Aos funcionários do Departamento de Fisiologia e Farmacologia: Ana Paula, 
Alana, Fernando, Haroldo. 
Aos técnicos de laboratório do Laboratório de Plantas Medicinais da UNIFESP 
Celso, Alex, Mador, Camila em especial a Vilma pelo apoio na realização dos experimentos. 
Aos queridos bolsistas e voluntários envolvidos nesse projeto Gabriela, Raoni, 
Junia, Susie, Josimar, Aline Monte, Mailson e Victor pela dedicação e colaboração 
inestimáveis, além da agradável relação ensino-aprendizagem; 
Ao Laboratório de Oncologia Experimental, em particular aos Professores Dr. 
Manoel Odorico de Moraes Filho, e ao Dr. Hemerson Yuri ,pelo apoio nos estudos de 
toxicidade in vitro. 
A coordenadora do Programa de Pós-graduação em Farmacologia Professora Drª Letícia 
Veras pelos conhecimentos e ajuda durante o doutorado. 
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia,Cirurgia, 
Patologia, Saúde Coletiva, Educação e Ciências Médicas que contribuíram para minha 
formação acadêmica. 
À CAPES (PROEX) e CNPq pelo apoio financeiro importantíssimo no 
desenvolvimento deste trabalho. 
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para este trabalho 
Muito obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter... 
calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu 
percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas 
e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu 
percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se 
assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. 
Cada um tem a sua própria história. Não compare a 
sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi 
o caminho que eles tiveram que trilhar na vida”. 
Clarice Lispector 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
RESUMO 
Este estudo investiga os efeitos gastroprotetores da hecogenina, uma saponina 
esteróide, isolada de Agave sisalana, em modelos experimentais de úlcera gástrica. 
Camundongos Swiss machos foram utilizados nos modelos de úlcera gástrica induzida 
pelo etanol e indometacina. Para identificarmos os mecanismos de ação da hecogenina, 
os papéis de óxido nítrico (NO), do grupos sulfidrilicos não protéicos (GSH), dos 
canais de K+ ATP e das prostaglandinas foram também investigados assim como 
determinações da peroxidação lipídica (TBARS) e dos níveis de nitrito no estômago de 
animais tratados com hecogenina e de grupos controle foram realizadas. Além disso, foi 
avaliado o efeito da hecogenina sobre a contagem de mastócitos, bem como sobre a 
liberação da mieloperoxidase (MPO), um biomarcador de inflamação foram estudados em 
neutrófilos humanos in vitro. Foram avaliados a atividade antimicrobina para o Helicobacter 
pylori e a expressão de COX-2, TNF-α, IL-1β, óxido nítrico sintase induzida (iNOS), NF-kB-
p50 NLS (sequência de localização nuclear) através da técnica de imunohistoquímica em 
modelo de úlcera gástrica agudo e crônico. Os nossos resultados mostraram que a hecogenina 
(15, 30,60 e 90 mg/ kg, p.o.) administrada de forma aguda, antes do etanol ou indometacina, 
exibiu um potente efeito gastroprotetor, bem como reduziu o número de mastócitos. Embora 
os pré-tratamentos com L-NAME, um inibidor de iNOS, e capsazepina, um agonista do 
receptor TRPV1, não foram capazes de reverter o efeio da hecogenina, este foi revertido 
por glibenclamida, um bloqueador de K
+
ATP e por indometacina no modelo de úlcera 
induzida por etanol. O pré-tratamento com hecogenina reduziu de modo significativo os 
níveis de GSH, peroxidação lipídica e nitrito no modelo de lesão gástrica induzida por etanol. 
A droga por si só aumentou a expressão de COX-2, e este efeito foi ainda melhor na 
presença de etanol tendo diminuido também a liberação de MPO. A hecogenina não 
demonstrou efeitos significativos sobre o modelo de ligadura do piloro e trânsito intestinal em 
camundongos. No modelo crônico, o tratamento com a hecogenina foi capaz de melhorar a 
cicatrização de úlceras gástricas induzidas pelo ácido acético promovendo significativa 
regeneração da mucosa gástrica. Ademais, hecogenina 90 mg/Kg diminuiu a marcação 
imunohistoquímica para TNF-α, NOSi, IL-1β, NF-kB-p50 NLS na mucosa gástrica tanto em 
experimento agudo como no crônico. Em conclusão, os resultados obtidos indicam que a 
hecogenina possui atividade gastroprotetora em modelos agudo e crônico e capacidade 
de promover cicatrização de úlcera da mucosa gástrica. Além disso, demonstramos que a 
hecogenina apresenta um efeito gastroprotetor significativo que parece ser mediado pela 
abertura de canais de K
+
ATP pela via COX- 2/PG. Além disso, as propriedades 
antioxidantes e anti-inflamatórias podem desempenhar um papel no efeito gastroprotetor 
da droga. Constata-se também que o efeito anti-úlcera pode ser devido às suas propriedades 
de aumentar o mecanismo de defesa da mucosas e através da supressão da inflamação 
mediada por TNF-α, NOSi, IL-1β, NF-kB. 
 
Palavras-chave: Agave sisalana; Gastroproteção; Hecogenina; Produtos Naturais. Saponina 
esteróidal; Ulcera Gásrica. 
 
 
 
. 
 
 
 
9 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This study investigates the gastroprotective effects of hecogenin, a steroid saponin isolated 
from Agave sisalana, on experimental models of gastric ulcer. Male Swiss mice were used in 
the models of ethanol- and indometacin-induced gastriculcer. To clarify the hecogenin 
mechanism of action, the roles of nitric oxide (NO), sulfhydryls (GSH), K
+
ATP channels and 
prostaglandins were also investigated, and measurements of lipid peroxidation (TBARS 
assay) and nitrite levels in the stomach of hecogenin-treated and untreated animals were 
performed. Furthermore, the effects of hecogenin on myeloperoxidase (MPO) release from 
human neutrophils were assessed in vitro. Our results showed that hecogenin (3.1, 7.5, 15, 30, 
60 and 90 mg/kg, p.o.) acutely administered, before ethanol or indomethacin, exhibited a 
potent gastroprotective effect. Although the pretreatments with L-NAME, an iNOS inhibitor, 
and capsazepine, a TRPV1 receptor agonist, were not able to reverse the hecogenineffect, this 
was reversed by glibenclamide, a K
+
ATP blocker, and indomethacin in the model of ethanol-
induced gastric lesions. The hecogenin pretreatment normalized GSH levels and significantly 
reduced lipid peroxidation and nitrite levels in the stomach, as evaluated by the ethanol-
induced gastric lesion model. The drug alone increased COX-2 expression and this effect was 
further enhanced in the presence of ethanol. It also decreased MPO release and significantly 
protected the gastric mucosa. In conclusion, we showed that hecogenin presents a significant 
gastroprotective effect that seems to be mediated by K
+
ATP channels opening and the COX-
2/PG pathway. In addition, its antioxidant and anti-inflammatory properties may play a role in 
the gastroprotective drug effect. 
Keywords: Hecogenin; Steroid saponin; Agave sisalana; Gastroprotection. Hecogenin. 
Gastric ulcer. Ethanol. Indomethacin. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Divisão anatômica do estômago e desenho mostrando elementos da mucosa 
gástrica............................................................................................................................... 
 
 
20 
Figura 2. Fisiopatologia da úlcera gástrica................................................................... 31 
Figura 3. Agave sisalana................................................................................................... 42 
Figura 4. Estrutura química da hecogenina....................................................................... 46 
Figura 5. Efeito da Hecogenina sobre a área ulcerada no modelo de indução de úlcera 
por etanol............................................................................................................................ 
 
 
71 
Figura 6. Efeito da hecogenina sobre a mucosa gástrica de camundongos submetidos 
às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não com hecogenina.................. 
 
 
75 
Figura 7. Efeito da hecogenina sobre número de mastócitos na mucosa gástrica de 
camundongos submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não 
com hecogenina.................................................................................................................. 
 
 
76 
Figura 8. Efeito da hecogenina sobre contagem de mastócitos na mucosa gástrica de 
camundongos submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não 
com hecogenina..................................................................................................................77 
Figura 9. Envolvimento do Óxido Nítrico (NO) no efeito gastroprotetor associado a 
hecogenina em modelos de úlcera induzida por etanol absoluto em camundongos......... 
 
79 
Figura 10 Fotomicrografias de imunohistoquímica para NOSi de estôamgos de 
camundongos..................................................................................................................... 
 
83 
Figura 11. Envolvimento dos canais de potássio ATP-dependentes (K
+
ATP) na 
gastroproteção induzida por hecogenina no modelo de úlcera induzida por etanol 
absoluto em camundongos................................................................................................. 
 
 
85 
Figura 12. Envolvimento da síntese de prostaglandinas no efeito gastroprotetor 
associado à hecogenina no modelo de úlcera induzida por etanol absoluto em 
camundongos.................................................................................................................... 
 
 
 
87 
Figura 13. Efeito da hecogenina no índice de úlceras modelo de úlceras gástricas 
induzido pelo estresse hipotérmico................................................................................. 
91 
Figura 14. Efeito da hecogenina sobre o número de úlcera no modelo de úlceras 
gástricas induzido pelo estresse hipotérmico..................................................................... 
91 
Figura 15. Efeito da hecogenina no modelo de úlceras gástricas induzido por etanol 
acidificado em camundongos............................................................................................. 
 
94 
Figura 16. Efeito da hecogenina no modelo de úlceras gástricas induzido por 
indometacina em camundongos......................................................................................... 
 
96 
 
 
 
11 
 
 
 
 
Figura 17. Efeitos de hecogenina sobre a liberação e atividade da mieloperoxidase em 
neutrófilos humanos estimulada por N-formil-metil-leucil-fenilalanina........................... 
 
100 
Figura 18. Efeito da hecogenina no transito intestinal de camundongos F1. Os 
resultados estão expressos como médias ± erro padrão das médias de 6 a 7 animais por 
grupos. ............................................................................................................................ 
 
 
101 
Figura 19. Figura imunohistoquímica para TNF-......................................................... 103 
Figura 20. Fotomicrografias de imunohistoquímica para COX-2 de estômagos de 
camundongos.................................................................. 
 
104 
Figura 21. Efeito da hecogenina sobre contagem de células positivas imunocoradas 
para COX-2, (3 animais de cada 
grupo)................................................................................................................................. 
 
107 
Figura 22. Figura imunohistoquímica para IL1-β............................................................. 
 
109 
Figura 23. Figura imunohistoquímica para NFkB........................................................... 111 
Figura 24. Efeito gastroprotetor da hecogenina no modelo de lesões gástricas crônicas 
induzidas por ácido acético a 20% em ratos..................................................................... 
 
113 
 
Figura 25. Aspecto Microscópico da mucosa gástrica de ratos tratados durante 8 dias 
com solução salina operados porém sem indução de úlcera gástrica ou seja grupo sham 
(A e B) ou mucosa gástrica de ratos submetidos úlcera crônica por ácido acético a 20% 
 
 
115 
 
Figura 26. Fotomicrografia de imunohistoquímica para NOSi..................................... 119 
Figura 27. Fotomicrografia de imunohistoquímica para TNF-α................................... 121 
Figure 25. Aspecto Microscópico da mucosa gástrica de ratos tratados durante 8 dias 125 
Figura 26. Fotomicrografia de imunohistoquímica para NOSi ....................................... 119 
Figura 27. Fotomicrografia de imunohistoquímica para TNF-α....................................... 121 
Figura 28. Fotomicrografia de imunohistoquímica para IL-1β........................................ 123 
Figura 29. Fotomicrografia de imunohistoquímica para COX......................................... 125 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Determinação do índice de lesões gástricas induzidas por indometacina 
segundo SZABO et al. (1985).............................................................................................. 
 
 
62 
Tabela 5. Escores das alterações histopatológicas na mucosa gástrica de camundongos 
submetidos às lesões gástricas induzidas por etanol pré-tratados ou não com hecogenina 
e NAC................................................................................................................................... 
 
 
74 
Tabela 6. Efeito da hecogenina sobre a concentração de nitrito/nitrato........................... 82 
Tabela 7. Papel dos Receptores Vanilóides (TRPV1), no efeito gastroprotetor da 
hecogenina em modelos de lesões gástricas induzidas pelo etanol em camundongos........ 
 
90 
Tabela 8. Efeito da hecogenina (10, 30 e 100 mg/Kg) sobre a secreção ácida gástrica..... 93 
Tabela 9. Efeito da hecogenina sobre os níveis de grupos sulfidrílicos não-protéicos 
(NP-SH), e peroxidação lipídica (MDA) em modelo de lesões gástricas induzidas por 
etanol em camundongos....................................................................................................... 
 
 
 
99 
Tabela 10. Análise microscópica dos estômagos de ratos submetidos ao modelo de 
ulcera crônico induzido pelo ácido acético a 
20%...................................................................................................................................... 
 
 
 
114 
Tabela 11. Avaliação da atividade da hecogenina frente ao Helicobacter pylori in vitro. 117 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
5-HT Serotonina 
ADP Adenosina Difosfato 
AINE Antiinflamatório não esteroidal 
ALT Enzima Alanina Aminotransferase 
ANOVA Análise de Variância 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
AST Enzima Aspartato Aminotransferase 
ATP Adenosina trifosfato 
BSA Albumina sérica bovina 
Cag Produtos associados ao gene da citotoxina 
CEPA Comitê de Ética Institucional 
CGRP Calcitonin Gene-related Peptide 
COX Ciclooxigenase 
DTNB ácido 5,5-ditiobis(2-nitrobenzóico) 
ECL Enterocromafin like cell 
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético 
EGF Fator de crescimento epidermal 
Egr-1 (fator de transcrição) 
eNOS NOS endotelial (tipo 3) 
EP1 Receptor de Prostaglandina tipo 1 
EP3 Receptor de Prostaglandina tipo 3 
EP4 Receptor de Prostaglandina tipo 4 
EPM Erro Padrão da Média 
ERO Espécie Reativa de Oxigênio 
EUA Estados Unidos da América 
g Grama 
GR Glutationa Redutase 
GS Glutationa Sintase 
GSH Glutationa reduzida 
GSH-px Glutationa Peroxidase 
GSSG Disulfeto Glutationa 
h Hora 
H2R Receptor Histamínico tipo 2 
HECO Hecogenina 
HE Hematoxilina-eosina 
i.p. Intraperitoneal 
ICAM Molécula de adesão intracelular 
IL Interleucina 
iNOS NOS induzida (tipo 2) 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
IP Receptor de Prostaglandina I 
KATP Canais de Potássio sensíveis a ATP 
Kg Kilograma 
L-NAME N
G
-Nitro-L-arginina-metiléster 
M3R Receptor colinérgico muscarínico M3 
MALT (linfoma) 
MAPK p38 Mytogen activated protein kinase 
mRNA Ácido ribonucléico mensageiro 
NAC N-acetilcisteína 
NADPH nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato 
NF-kB Fator nuclear κB 
nm Nanômetro 
nNOS NOS neuronal (tipo 1) 
NO Óxido Nítrico 
NOS Óxido Nítrico Sintetase 
NOS-II NOS indutível 
NSAID Nonsteroidal anti-inflammatory drugs 
p Nível de significância 
CYP2B1 Sub-família 2B, citocromo p450 
PBS Tampão fosfato 
PG Prostaglandina 
PGD2 Prostaglandina D2 
PGE2 ProstaglandinaE2 
PGF2 Prostaglandina F2 
PGI2 Prostaglandina I2 
pH Potencial hidrogeniônico 
PKG Proteínas Quinases G 
rpm Rotação por minuto 
SOD Superóxido Dismutase 
TGI Trato Gastrointestinal 
TNF Fator de necrose tumoral 
TRPV1R Receptor de Potencial Transiente Vanilóide 1 
UFC Universidade Federal do Ceará 
v.o. Via oral 
VacA Citotoxina Vacuolizante A 
VEGF Fator de crescimento derivado do endotélio 
VGCC Canais de Cálcio Voltagem Dependentes 
vs Versus 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 20 
1.1 Anatomia e fisiologia do Estômago........................................................................... 20 
1.2 Mecanismos da secreção ácida gástrica....................................................................... 22 
1.2.1 Barreira Muco-Bicarbonato........................................................................................... 23 
1.2.2 Microcirculação.............................................................................................................. 24 
1.2.3 Neurônios sensíveis à capsaicina e a proteção gástrica........................................ 25 
1.2.4 Prostaglândinas............................................................................................................... 26 
1.2.5 Óxido Nítrico (NO)......................................................................................................... 27 
1.2.6 Canais de Potássio ATP dependentes............................................................................. 28 
1.2.7 Sistema Antioxidante...................................................................................................... 29 
1.3 Fisiopatologia da Úlcera Péptica....................................................................................... 31 
1.4 Papel dos citocinas inflamatórios na úlcera gástrica .................................................. 32 
1.5 Helicobacter pylori………………………………………………………………………… 38 
1.6 Farmacoterapia da úlcera péptica................................................................................ 40 
1.7 Produtos naturais na proteção gástrica............................................................................... 42 
1.8 Agave sisalana e hecogenina.................................................................................... 43 
2 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA................................................................................ 48 
3 OBJETIVOS........................................................................................................................ 49 
3.1 Objetivo Geral.................................................................................................................... 50 
3.2 Objetivos Específicos........................................................................................................ 51 
4 MATERIAIS....................................................................................................................... 52 
4.1 Drogas e reagentes............................................................................................................. 53 
4.2 Animais ............................................................................................................................. 55 
5 MÉTODOS.......................................................................................................................... 56 
5.1 Investigação dos mecanismos gastroprotetores do hecogenina no modelo de lesão 
gástrica induzida por etanol.................................................................................................... 
 
57 
5.1.1 Estudo do envolvimento do óxido nítrico (NO)............................................................. 58 
5.1.2 Efeito sobre expressão da iNOS..................................................................................... 59 
5.1.3 Investigação do papel dos canais de potássio dependentes de ATP (KATP).................... 60 
5.1.4 Investigação do papel das prostaglandinas (PGs)........................................................... 60 
5.1.5 Investigação do papel de neurônios primários aferentes via receptor de potencial 
transiente vanilóide 1 (TRPV1)............................................................................................... 
 
61 
 
16 
 
 
 
 
5.1.6 Efeito protetor do Hecogenina na lesão gástrica induzida por Indometacina: curva 
dose-resposta.................................................................................................................. 
62 
5.1.7 Lesões gástricas induzidas por HCl/etanol.................................................................. 62 
5.1.8 Lesões gástricas induzidas por estresse hipotérmico............................................... 63 
5.2 Ligadura do piloro em camundongos...................................................................... 63 
5.3 Papel dos grupos sulfidrílicos não-protéicos (NP-SH) no efeito antioxidante e 
gastroprotetor da hecogenina em modelo de lesão gástrica induzida por etanol em 
camundongos........................................................................................................................... 
 
 
64 
5.4 Liberação de mieloperoxidase a partir de PMA-estimuladas neutrófilos humanos in 
vitro papel da Mieloperoxidase (MPO) no efeito antioxidante da hecogenina...................... 
 
65 
5.5 Papel da lipoperoxidação no efeito antioxidante e gastroprotetor da hecogenina em 
modelo de lesão gástrica induzida por etanol em camundongos............................................. 
 
65 
5.6 Análise da expressão de citocinas pró-
inflamatórias............................................................................................................................ 
 
65 
5.6.1 Análise da expressão de citocinas pró-inflamatórias ........................................... 65 
5.6.2 Avaliações da atividade anti-ulcerogênica em modelo de úlcera crônica 67 
5.6.3 Imunohistoquímica para TNF-α, IL-1, COX-2, NOSi e NFB para ulcera 
induzida por ácido acético................................................................................................. 
 
68 
5.6.4. Avaliações da atividade antimicrobiana contra Helicobacter pylory...................... 69 
5.7 Análise Estatística....................................................................................................... 70 
6 RESULTADOS................................................................................................................... 72 
6.1 Hecogenina reduz de forma dose-dependente as lesões gástricas induzidas por etanol 
em camundongos..................................................................................................................... 
73 
6.2 Hecogenina reduz os escore histopatológicos de lesão gástrica induzida por etanol 
em camundongos..................................................................................................................... 
75 
6.1 Hecogenina reduz o número de mastócitos na submucosa de estômagos de 
camundongos 
78 
6.3 Efeito gastroprotetor do Hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol 
papel do NO ............................................................................................................................ 
80 
6.4 Hecogenina reduz a concentração de nitrito/nitrato. 82 
6.4 Tratamento com Hecogenina diminui a imunomarcação para iNOS na mucosa gástrica 
induzida por etanol................................................................................................................... 
84 
6.6 Efeito gastroprotetor do Hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol é 
dependente da abertura dos canais de potássio ATP-dependentes............................. 
 
87 
 
17 
 
 
 
 
6.7 Avaliação do envolvimentoda síntese de prostaglandinas no efeito gastroprotetor 
da hecogenina no modelo de úlcera induzida por etanol absoluto 
88 
6.8 Efeito gastroprotetor do Hecogenina no modelo de lesão gástrica induzida por etanol 
em camundongos independe da ativação dos receptores TRPV1 nos neurônios 
aferentes................................................................................................................................... 
 
 
90 
6.8 Hecogenina reduz as lesões gástricas induzidas por estresse hipotérmico............... 92 
6.9 Hecogenina inibe a redução dos níveis de glutationa reduzida (GSH) na mucosa 
gástrica de camundongos com lesão gástrica induzida por etanol.......................................... 
 
92 
6.9 Hecogenina não altera a atividade anti-secretória gástrica no modelo de ligadura do 
piloro em camundongos.................................................................................................. 
 
94 
7.0 Hecogenina reduz as lesões gástricas induzidas pelo etanol acidificado..................... 95 
7.1.1 Hecogenina reduz de forma dose-depedente às lesões gástricas induzidas por 
Indometacina em camundongos......................................................................................... 
97 
7.1.2 Hecogenina aumenta os níveis de NP-SH e diminui a peroxidação lipídica 
(MDA) em modelo de lesões gástricas induzidas por etanol em camundongos............... 
99 
7.1.3 Hecogenina reduz a atividade da Mieloperoxidase (MPO)...................................... 101 
7.1.4 Hecogenina não altera a motilidade intestinal em camundongos....................... 103 
7.1.5 Análise da expressão de citocinas pró-inflamatórias e da expressão de enzimas 
induzidas pelo processo inflamatório agudo 
104 
7.1.6 Tratamento com Hecogenina aumenta a imunomarcação para COX-2 na mucosa 
gástrica de camundongos com lesão gástrica induzida pelo etanol................................... 
 
106 
7.1.7 Tratamento com Hecogenina diminui a imunomarcação para IL-1, na mucosa 
gástrica de camundongos com lesão gástraica induzida pelo etanol................................. 
 
109 
7.1.8 Tratamento com Hecogenina diminui a imunomarcação para NFB, na mucosa 
gástrica de camundongos com lesão gástraica induzida pelo etanol................................. 
 
111 
7.1.9 Hecogenina reduz as lesões gástrica induzida pelo ácido acético em modelo de 
úlcera crônica induzida pelo ácido acético a 20%............................................................ 
 
113 
7.1.10 Hecogenina reduz os escore das lesões histopatológica da mucosa gástrica de 
ratos tratados com ácido acético a 20%............................................................................. 
 
115 
7.1.11Hecogenina demonstra atividade anti-Helicobacter pylory in vitro.............................. 118 
8 DISCUSSÃO........................................................................................................................ 155 
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 156 
10 CONCLUSÃO................................................................................................................... 157 
METF 50 
* 
* 
18 
 
 
 
 
11 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 157 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
20 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Anatomia e fisiologia do estômago 
 
 O estômago está entre os primeiros órgãos a serem descritos por sacerdotes, médicos e 
anatomistas, havendo sido estudado funcionalmente pelos alquimistas, químicos e 
fisiologistas (ROSENFELD, 1985; MODLIN, 1990; SOYBEL, 2005). 
 O estômago localizado no epigástrio do abdômen, à esquerda da linha mediana do 
plano sagital mediano, situando-se caudalmente ao esôfago e cranialmente ao duodeno. É 
anatomicamente dividido em cárdia, fundo, corpo, antro e piloro (WILLARD, 1995; 
STURGES, 2001). O cárdia situa-se na junção do esôfago com o estômago e tem por função 
permitir a passagem de alimento e de água para o interior do estômago, e de impedir o refluxo 
gastroesofágico. Tanto o corpo quanto o fundo armazenam alimento e água, e podem dilatar-
se para acomodar o material alimentar. Além disso, o corpo secreta enzimas digestivas 
juntamente com ácido clorídrico (HCl). O antro é responsável pelo fracionamento mecânico 
do alimento e o piloro constitui-se em válvula muscular que limita as dimensões das 
partículas eliminadas para o duodeno e ajuda a evitar o refluxo gastroduodenal (WILLARD, 
1995). 
 A parede do estômago é composta de quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e 
serosa (DYCE et al., 1990). As anastomoses ocupam toda a região da camada submucosa do 
estômago, entre a camada muscular e a mucosa, sendo formadas por plexos entre pequenas 
artérias e também entre capilares e realizando interconexões entre os mesmos (WOMACK, 
1969; PROKOPIW,1991; ARAUJO et al., 2007). 
 No fundo e no corpo do estômago, observa-se maior suprimento sanguíneo devido ao 
maior número de anastomoses, ao passo que, no antro e na curvatura menor, a rede basal 
consiste de pequenos capilares tortuosos que se originam de arteríolas, oriundas da 
submucosa. Esses capilares são estreitos e possuem menor diâmetro do que em outras regiões 
do estômago. São mais separados entre si e apresentam poucas anastomoses entre os capilares 
ascendentes (PROKOPIW, 1991). 
 O estômago (Figura 1) tem as superfícies anterior e posterior, as curvaturas maior e 
menor e dois orifícios, a cárdia ou, mais precisamente chamando, o orifício cardíaco, e o 
piloro. O músculo circular de espessura do esfíncter pilórico é facilmente sentido (e é 
hipertrofiado, na condição de estenose pilórica infantil) (ELLIS, 2011). 
21 
 
 
 
 
No estomâgo, cada curvatura apresenta uma dobra reentrante e, ao longo de sua 
curvatura menor, é distinto um entalhe, a incisura angularis, que é produzida pelo arranjo das 
fibras musculares involuntárias da parede do estômago (CASTRO, 1985; ELLIS, 2011). As 
várias partes do estômago (Figura 1) são bem definidas, possuem diferenças fisiológicas e são 
utilizadas pelo endoscopista, radiologista ou cirurgião, na localização das patologias gástricas 
(ELLIS, 2011). 
 
 
Figura 1. Divisão anatômica do estômago e desenho mostrando elementos da mucosa 
gástrica. 
O fundo é a projeção do estômago acima e à esquerda do orifício cardíaco. O corpo do 
estômago passa do orifício cardíaco para a incisura, a parte do órgão que contém as células 
parietais que secretam HCl. A partir da incisura para o piloro, está o antro pilórico, região que 
produz o hormônio gastrina, responsável pela fase hormonal da secreção de ácido gástrico. O 
piloro é facilmente identificado por palpação do anel, muito diferente dos músculos do 
esfíncter, e também é marcado por uma veia constante (de Mayo), que atravessa por este nível 
(ELLIS, 2011). Ligado ao longo da curvatura menor situa-se o omento menor, enquanto que 
o omento maior pende para baixo, como um avental da curvatura maior. Estas dobras 
peritoneais contêm os vasos sanguíneos, os vasos linfáticos e o suprimento nervoso do 
estômago (ELLIS, 2011). 
 
 
22 
 
 
 
 
A barreira que protege a mucosa de autodigestão pelo suco gástrico é um dinâmico 
sistema de multicomponentes. A camada epitelial fornece uma barreira permeável, podendo 
reparar rapidamente danos superficiais, por um processo de migração celular, correspondendo 
à reepitelização ou reconstituição (ESTIVALLET et al., 1998) . 
A vascularização abundante propicia um suprimento de bicarbonato (HCO3
-
) por 
transporte transcelular e/ou difusão na camada de muco (ALLEN etal, 1993). O muco gel 
atua como barreira física contra a pepsina luminal e fornece uma camada estável que 
possibilita, na superfície, a neutralização do ácido pelo HCO3
-
. O muco secretado pela 
superfície das células epiteliais e das células mucosas possui uma importante função como 
lubrificante; uma armadilha para micróbios (WALLACE, 1989). 
O muco é considerado por Zaterka (1993) como um fator defensivo pré-epitelial, 
recobrindo o epitélio de revestimento juntamente com o bicarbonato secretado pelas células 
de revestimento e com os fosfolipídios, dispostos logo acima da membrana celular, 
responsáveis pela propriedade hidrófoba da superfície. O muco existe sob duas formas: o 
aderente e o solúvel. 
Uma das funções da camada de muco que reveste o sistema gástrico é o recolhimento de 
radicais livres altamente reativos derivados de oxigênio. Esse evento fornece proteção 
antioxidante para as camadas abaixo das células mucosas epiteliais, impedindo as lesões 
oxidativas. Quando o muco que recolhe as espécies ativas é fragmentado, há redução da 
viscosidade e das propriedades gel. Sob condições normais, a secreção de muco recuperaria 
essa perda. As células das camadas inferiores seriam somente danificadas por uma forte 
agressão externa (HALLIWELL; GUTERRIEDGE, 1989). 
1.2 Mecanismos da secreção ácida gástrica 
 
Dos órgãos que compõem o tubo digestivo, o estômago exerce papel de reservatório de 
alimento. Este sofrerá aí redução de tamanho em partículas menores, através da digestão que é 
sua mistura com o suco gástrico (PAPINI-BERTO; BURINI, 2001). 
A função principal do estômago é a de preparar o alimento para a digestão e absorção 
pelo intestino. Embora vários mediadores neurais e hormonais contribuam para a função 
23 
 
 
 
 
gástrica, a produção de ácido é o componente único e central da contribuição do estômago 
para o processo digestivo (RAMSAY; CARR, 2011). 
A fisiologia do ácido gástrico é um processo complexo que envolve o nervo 
parassimpático vago e uma variedade de hormônios, incluindo a gastrina, histamina, 
somatostatina e prostaglandinas (MERCER; ROBINSON, 2011). 
Os principais agentes que estimulam a secreção ácida incluem a gastrina, a acetilcolina e 
a histamina. A inibição é feita por somatostatina, fatores de crescimento epidérmico (EGF) e 
pelas prostaglandinas E2 e I2; estas últimas também estimulam as células superficiais a 
produzirem muco e bicarbonato (AIRES, 2008; GUYTON, 2006). 
As mucosas do corpo gástrico e, em menor medida, do fundo contêm as células 
parietais. Uma função da célula parietal é produzir o ácido gástrico, ativando a partir de 
pepsina o pepsinogênio; este ultimo auxilia a digestão da proteína e diminui a colonização 
bacteriana do estômago e duodeno. Além disso, as células parietias produzem o fator 
instrínseco, essencial para absorção da vitmaina B12 no íleo (MERCER; ROBINSON, 2011). 
 
1.3 Mecanismo de Defesa da Mucosa Gástrica 
1.3.1 Barreira muco/bicarbonato 
Uma das importantes defesas das células epiteliais gástricas consiste na secreção de 
uma camada de muco. Células secretoras de muco são abundantes na superfície da mucosa 
gástrica. Íons de bicarbonato são secretados pelas células epiteliais gástricas e retidos no 
muco, formando um gel de proteção que mantém a superfície mucosa a um pH de 6-7, apesar 
de haver um ambiente muito mais ácido (pH 1.2) na luz do estômago (RANG et al., 2007). A 
secreção de bicarbonato é regulada por diversos fatores, tais como prostaglandinas, 
óxido nítrico, neurônios aferentes sensíveis a capsaicina, peptídeos e fatores neuronais 
(AIHARA et al., 2007). 
Os fatores de proteção da mucosa como muco e bicarbonato, sendo secretado pelas 
células mucosas do estômago, atua como a primeira linha de defesa da mucosa gástrica e a 
protege de fatores agressores endógenos e exógenos, e se apresenta de forma viscosa, elástica, 
aderente, como um gel transparente, que contém 95% de água e 5% de glicoproteínas, 
recobrindo toda a superfície da mucosa gastrointestinal. O muco é capaz de agir como 
antioxidante e reduzir danos na mucosa, promovidos por radicais livres (REPETTO; 
LLESUY, 2002). O muco também tem um papel importante na cicatrização das úlceras, 
24 
 
 
 
 
acelerando a recuperação da mucosa lesada (MAITY et al., 2003). Em estudo realizados em 
ratos, observou-se uma relação inversa entre a espessura da camada de muco e a acidificação 
intracelular do epitélio gástrico (PHILLIPSON et al., 2002). 
O muco também tem um importante papel na prevenção da agressão mecânica ao 
epitélio e fornece um microambiente sobre a área lesionada que é rapidamente restituída 
(WALLACE et al., 1986). Em combinação com o bicarbonato secretado pelas células 
epiteliais superficiais, o muco tem um importante papel na proteção gástrica contra a lesão 
induzida por ácido e pepsina (ALLEN et al., 1980). A secreção de muco e o bicarbonato são 
alguns dos recursos regulados pela síntese de prostaglandinas. Assim, os anti-inflamatórios 
não-esteroidais (AINES) podem reduzir a secreção de muco e o bicarbonato, aumentando 
assim a susceptibilidade da mucosa à lesão, isso ocorre devido a inibiação da biosintese de 
prostaglândinas (WALLACE, 2001). 
 
1.3.2 Microcirculação 
 
A microcirculação é a porção do leito vascular em que os vasos têm diâmetro interno 
médio inferior ou igual a 100 µm. A chamada unidade microcirculatória inclui arteríolas, 
arteríolas terminais, meta-arteríolas, capilares (precedidos ou não do esfíncter pré-capilar) e 
vênulas pós-capilares (AGUIAR et al., 2007). 
O estudo da microcirculação, desde o início do século passado, vem permitindo a 
análise e diagnóstico de uma série de doenças que afetam a microcirculação, como diabetes 
mellitus e úlcera gástrica. 
A microcirculação da mucosa gástrica é alterada pelos mediadores secretados pelos 
nervos sensoriais aferentes, localizados na mucosa e submucosa gástrica. A difusão de ácido 
ou toxinas para a mucosa gástrica resulta em uma elevação do fluxo sangüíneo, que é 
essencial para limitar os danos e facilitar a reparação celular (WALLACE; GRANGER, 
1996). 
A elevação do fluxo sanguíneo é importante ao prover bicarbonato para a secreção 
tamponante das células epiteliais e para drenar o excesso de ácido, em momentos em que a 
barreira protetora da mucosa é rompida, ocorrendo uma redifusão de íons H
+
 para a mucosa 
(MAITY et al., 2003). 
A PGI2 (Prostaglândina 2) e o NO (Óxido nítrico) mantêm a viabilidade das células 
endoteliais e previnem a aderência de plaquetas e leucócitos às células endoteliais, o que 
25 
 
 
 
 
poderia comprometer a microcirculação gástrica (GUTH, 1992; LAINE et al., 2008). O 
sulfeto de hidrogênio (H2S), outro composto endógeno, também exerce efeito protetor da 
mucosa, similarmente ao NO, o qual reduz a expressão de fator de necrose tumoral alfa 
(TNFα), diminui a aderência de leucócitos e inibe lesões induzidas por AINES (LAINE et al., 
2008). 
 
1.3.3 Neurônios sensíveis à capsaicina e a proteção gástrica 
 
A capsaicina, o ingrediente picante da pimenta vermelha, tem sido utilizada desde a 
antiguidade como um tempero, apesar da sensação de queimação associados com sua 
ingestão. Mais de 50 anos atrás, Nikolaus Jancsó descobriu que a capsaicina pode 
seletivamente estimular neurônios aferentes primários nociceptivos (HOLZER, 2004). 
A investigação subsequente estabeleceu que as propriedades neurofarmacológicas da 
capsaicina eram devidas à ativação do receptor transiente potencial do tipo vaniloide 1 
(TRPV1), expressa por neurônios aferentes primários que inervam o intestino e outros órgãos 
(HOLZER, 2004; IMMKE; GAVVA, 2006). 
Esse tipo de receptor é sensível a capsaicina e também é ativado por calor nocivo, 
acidose e mediadores lipídicos intracelulares, tais como os produtos de lipoxigenase e 
anandamida (LEITE et al., 2011; IMMKE; GAVVA, 2006 ). Em animais,várias substâncias 
como a capsaicina, mostarda e ciclofosfamida, aplicadas a estruturas viscerais, podem 
provocar dor e comportamentos relacionados, envolvendo capsaicina nos neurônios aferentes 
primários. Essas substâncias são capazes de induzir dor, bem como reação inflamatória, 
quando estimuladas (Leite et al., 2011). 
A transmissão sináptica entre neurônios aferentes primários e neurônios do corno 
dorsal da medula espinhal é mediada principalmente por glutamato, atuando em receptores 
NMDA (N-metil-D-aspartato) e AMPA (α-amino-3-hidroxil-5-metil-4-isoxazoil ácido 
propiônico). Além disso, outras substâncias podem modular a transmissão na medula (ATP, 
prostaglandinas, substância P) (DOUBELL et al., 1999). Na medula, a transmissão dos sinais 
dolorosos, após a liberação dos neurotransmissores, envolve a participação de canais iônicos. 
Os principais canais envolvidos nesses efeitos são os canais de sódio, os canais de 
cálcio operados por voltagem e os canais de potássio (LEE et al., 2005). O receptor do tipo 
receptor transiente potencial vaniloide 1 (TRPV1) é um canal não-seletivo de cátion, expresso 
tanto no sistema nervoso central quanto no periférico (HAN et al., 2011). 
26 
 
 
 
 
No estômago, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) está presente nos 
terminais periféricos dos nervos aferentes sensíveis à capsaicina e exerce ação protetora. Estas 
terminações nervosas e os mediadores estão envolvidos com a resposta protetora da mucosa 
ao ácido luminal, incluindo aumento do fluxo sangüíneo da mucosa e da secreção de muco e 
bicarbonato (DEMBINSKI et al., 2005; MEDEIROS, 2009). 
A liberação de CGRP de neurônios sensoriais aferentes resulta na geração de NO, 
presumivelmente por células endoteliais que revestem as arteríolas submucosas (WALLACE; 
GRANGER, 1996), com um consequente aumento do fluxo sanguíneo, o que torna o 
estômago menos suscetível a danos (EVANGELISTA, 2006). Além disso, o CGRP liberado 
estimula a liberação de somatostatina pelas células D e, assim, inibe a secreção de histamina e 
gastrina, resultando em inibição da produção de ácido gástrico (KOMASAKA et al, 2002). 
 
1.3.4 Prostaglandinas 
 
As prostaglandinas (PGs) exercem efeitos inibitórios sobre a célula parietal; e a 
inibição da sua síntese pode resultar em um aumento da secreção ácida gástrica (WALLACE, 
2001). As PGs unem-se ao receptor de PGE2 na célula parietal e ativam uma proteína G 
inibitória (Gi), que inibe a enzima adenilato ciclase. As PGs endógenas modulam a secreção 
ácida pelo bloqueio do aumento de AMPc, estimulado por histamina dentro da célula parietal 
(ATAY et al., 2000). 
As prostaglandinas têm efeito na motilidade, secreção e citoproteção do trato 
gastrointestinal. As PGE2 podem influenciar de duas maneiras a secreção ácida gástrica. Em 
baixas concentrações, inibem a secreção ácida via interação com receptores EP3 e, em 
concentrações maiores, estimulam a secreção ácida por meio da interação com receptores 
EP4. Ambos os receptores estão presentes nas células parietais e nas células principais da 
mucosa gástrica (DING et al., 1997). No estômago, as prostaglandinas desempenham um 
papel vital na proteção gástrica, estimulando a secreção de muco e bicarbonato, mantendo o 
fluxo sanguíneos na mucosa, e regulando a renovação celular e reparação da mucosa 
(HAYLLAR; BJARNASON, 1995). Assim, a supressão da síntese de prostaglandinas por 
anti-inflamatório não-esteroidal (AINES) resulta em um aumento da susceptibilidade à lesão 
da mucosa gastroduodenal e ulceração (ANDRADE et al., 2007). 
 
 
27 
 
 
 
 
1.3.5 Óxido Nítrico 
 
A descoberta do óxido nítrico (NO), como um mensageiro molecular para os vários 
sistemas do organismo de mamíferos, revolucionou as pesquisas acerca da extensão de sua 
atividade biológica (FLORA FILHO; ZILBERSTEIN, 2002). Desde então, um crescente 
número de pesquisas quanto à molécula NO, na fisiopatologia humana e animal, se tem 
desenvolvido (QUEIROZ; BATISTA, 1998). 
 O óxido nítrico é sintetizado por três enzimas: as sintases do óxido nítrico, presentes 
em vários órgãos, entre entre os quais o estômago, pulmões, narinas, seios paranasais e 
coração (BUSH, 2008). A sintase indutível do óxido nítrico (inductive nitric oxide synthase, 
iNOS) é induzida em várias células, pela exposição de citocinas pró-inflamatórias e 
endotoxinas (ANDRADE et al., 2010). O óxido nítrico é gerado a partir da reação entre 
L-arginina e O2, catalisada pela enzima óxido nítrico sintetase (NOS), utilizando NADPH e 
BH4 como cofatores (PALMER; FERRIGE; MONCADA, 1987). Três diferentes cDNAs 
codificam três distintas isoformas da NOS. A NOS neuronal (nNOS ou NOS tipo 1), 
identificada constitutivamente nos neurônios; a endotelial (eNOS ou tipo 3), identificada 
constitutivamente do endotélio vascular e plaquetas; e a forma induzida (iNOS ou tipo 2), que 
é induzida por citocinas e/ou endotoxinas em uma variedade de células, incluindo-se 
macrófagos, linfócitos T, células endoteliais, miócitos, hepatócitos, condrócitos, neutrófilos e 
plaquetas (MACMICKING et al., 1997; DUSSE et al., 2003). 
 O óxido nítrico (NO) possui funções metabólicas altamente ativas, principalmente na 
regulação das atividades cardiovasculares. O NO formado nas células endoteliais promove 
vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, inibição da agregação e da adesão plaquetárias, 
redução da migração e adesão leucocitárias e diminuição da proliferação de células 
musculares lisas (TATSCH et al., 2011). 
 A produção constitutiva de NO é importante para manter a barreira protetora da mucosa 
gastrointestinal. Esse mecanismo protetor do NO pode ser devido a sua capacidade em 
aumentar o fluxo sangüíneo da mucosa e estabilizar a influência dos mastócitos (ALICAN et 
al., 1996). Entretanto, o excesso na produção de NO, associado com estados inflamatórios, é 
caracterizado pelo aumento da permeabilidade epitelial e perda da função da barreira de 
muco. Assim, os níveis de produção de NO, a isoforma geradora de NO e o estado redox das 
28 
 
 
 
 
células epiteliais podem determinar os efeitos do NO na permeabilidade da mucosa e proteção 
(SHAH et al., 2004). 
O NO atua ainda em sinergia com outros mediadores endógenos, como as 
prostaglandinas e os neuropeptídios, na proteção da mucosa gástrica, agindo de forma 
citoprotetora (TEPPERMAN; WHITTLE, 1992). Contudo, estudos mais recentes demonstram 
que o NO atua de maneira bifásica na resposta ulcerogênica da mucosa gastrointestinal, 
dependendo das isoformas da NOS, ou seja, o NO produzido pela NOS constitutiva 
apresentaria efeito protetor, e o NO originário da NOS induzível teria um efeito pró-
ulcerogênico (NISHIO et al., 2006). 
 Estudos clínicos têm demonstrado que a coadministração de agentes doadores de NO 
com AINE pode proteger contra a indução da úlcera pelos AINE, e a combinação aos AINE 
de uma molécula que libere NO pode resultar em menos dano à mucosa, quando comparada 
com os tradicionais inibidores de COX, e podem até aumentar a reparação do tecido mucoso 
(SHAH et al., 2002). 
 
1.3.6 Canais de Potássio ATP dependentes 
 
Os canais de potássio sensíveís ao ATP (K
+
ATP
) são canais de ligação importantes para 
a excitabilidade da membrana da célula, para seu estado celular bioenergético. São canais que 
se encontram normalmente fechados, somente entrando em ação na presença de baixos níveis 
de ATP. Supõe-se que sua abertura seja determinada pela diminuição da fosforilação 
oxidativa, o que os leva a funcionarem em condições fisiológicas adversas, como na isquemia 
miocárdica (BARBOSA et al., 2004). 
O canal KATP parece ser composto por duas unidades distintas: uma delas, denominada 
Kir6,2, constitui o canal propriamente dito, por onde fluem as correntes de K
+
. A outra é o 
receptor de sulfoniluréias (SUR1), que é provido de sítios de ligação para o referido fármaco, 
para ATP, MgADP e diazóxido,atuando com unidade regulatória. A glicose provoca a 
secreção de insulina via Katp, pelo aumento da relação ATP/ADP no citoplasma das células 
beta. Isto leva ao bloqueio de canais de K
+
 sensíveis ao ATP (KATP), redução da saída deste 
cátion da célula, despolarização celular, ativação da permeabilidade ao Ca2+ sensível à 
voltagem, entrada e acúmulo deste cátion nas células e consequente secreção de insulina 
(BOSQUERO et al., 1998). 
29 
 
 
 
 
Os canais de potássio foram identificados em vários tecidos, como o pâncreas, 
coração, fígado. Até mesmo no estômago alguns compostos, como o diazóxido, ativam e 
abrem os canais de potássio em diversos tecidos, causando hiperpolarização da membrana 
plasmática e redução da atividade elétrica (ASHCROFT; GRIBLLE, 2000; JAHANGIR et al., 
2001). O diazóxido, no estômago, inibe as lesões na mucosa gástrica, induzidas por etanol, 
enquanto a glibenclamida, um agente hipoglicemiante oral que estimula a secreção de insulina 
por bloquear os canais de potássio ATP-dependente, aumenta as lesões gástricas (TOROUDI 
et al., 1999; GUEDES et al., 2008). 
Os canais de KATP parecem estar envolvidos com o mecanismo de prostaglandinas 
endógenas e exógenas, vez que a gastroproteção promovida pelas prostaglandinas é inibida 
não apenas pela indometacina, mas também pela glibenclamida, uma droga inibidora dos 
canais de KATP (PESKAR et al., 2002). 
 
1.3.7 Sistema Antioxidante 
As espécies reativas de oxigênio (ERO) são moléculas reduzidas, transitórias e altamente 
reativas, produzidas no caminho metabólico de transformação do oxigênio molecular (O2) a 
água (H2O) (MEHDY et al., 1996.). A partir da adição de um simples elétron, o oxigênio 
molecular é convertido ao radical ou ânion superóxido (O2
.-
 ), um processo mediado, 
provavelmente, por peroxidases ou NAD(P)H oxidases associadas à membrana, ou mesmo 
por lipoxigenases, a partir de ácidos graxos e O2 (DOLATABADIAN; JOUNEGHANI, 
2009)). O superóxido formado pode passar por reações de óxido-redução ou ser "dismutado" 
e regenerar O2 e peróxido de hidrogênio (H2O2), o que pode ocorrer espontaneamente em pH 
neutro ou pela ação da enzima superóxido dismutase. O H2O2 formado pode sofrer diferentes 
transformações: reduzido ao radical hidroxil (OH·); convertido a H2O e O2 pela ação da 
catalase; convertido a H2O pela oxidação de moléculas substratos, como o ascorbato, via 
peroxidases (WOJTASZEK, 1997; BALDO et al., 2011). 
Evidências têm demonstrado que doenças inflamatórias ou distúrbios do metabolismo 
levam ao aumento do estresse oxidativo. Segundo Cutler (2005), estresse oxidativo é definido 
como um desequilíbrio entre os sistemas antioxidantes e espécies reativas de oxigênio 
(EROs), a favor dos últimos. As EROs, que incluem radicais livres, são continuamente 
produzidas no corpo e têm importante papel fisiológico, em baixas concentrações 
(ALMONDES et al., 2010). 
30 
 
 
 
 
Em altas concentrações, devido a sua alta reatividade, as EROs causam lesões 
irreversíveis por meio de alterações oxidativas em lipídios, proteínas e no DNA. Suspeita-se 
que alterações nestas estruturas estejam ligadas ao desenvolvimento de várias patologias 
humanas, incluindo-se a úlcera péptica, morte celular e câncer (CUTLER, 2005; 
ALMONDES, et al., 2010). Para limitar os efeitos maléficos das EROs, um sistema 
antioxidante de alta performance composto por um sistema enzimático e não-enzimático pode 
interagir com EROs e regular sua produção, diminuindo-a a limites fisiológicos. Se esta 
defesa antioxidante for superada pela produção de EROs ou não suficientemente provida via 
dieta ou suplementação, ocorre o estresse oxidativo (CUTLER, 2005). 
A degradação oxidativa é considerada como sendo um fator comum na patogênese de 
úlceras, por diferentes modelos experimentais e clínicos (SAIRAM et al., 2002). A atividade 
antioxidante foi descrita para vários produtos naturais como os triterpenos, tais como: α- e β-
amirina, ácido oleanólico, ácido ursólico e lupeol, entre outros compostos relacionados 
(ANDRIKOPOULOS et al., 2003.). 
Exisem varias evidências indicando que as substâncias naturais de plantas comestíveis e 
medicinais demonstram atividade antioxidante forte que pode atuar contra a toxicidade 
gástrica por vários agentes tóxicos (MADUREIRA et al., 2011). Um mecanismo de defesa 
importante envolve as enzimas antioxidantes, incluindo-se o superóxido desmutase, catalase, 
e a glutationa, que convertem as moléculas de oxigênio ativo em compostos não-tóxicos 
(YEH et al., 2012). 
Antioxidantes não-enzimáticos, tais como GSH, vitamina C e vitamina E, estão 
intimamente ligados um ao outro e têm um papel relevante na proteção da célula, a partir da 
peroxidação lipídica. O nível de esgotamento de GSH ocorre devido à eliminação de radicais 
tóxicos (HUANG et al., 2010). GSH atua como um antioxidante enzimático, tanto 
intracelularmente quanto extracelularmente, em conjunto com vários processos enzimáticos, 
reduzindo o peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos. 
O GSH atua como um varredor de radicais livres e substâncias tóxicas ingeridas com a 
comida ou produzidas diretamente no trato gastrointestinal (SHIRIN et al., 2001). Sob 
condições de estresse oxidativo, o GSH reduz as espécies reativas do oxigênio, sendo liberado 
na forma oxidada (GSSG). O aumento de GSSG durante o estresse oxidativo é geralment 
31 
 
 
 
 
transitório, pois é reduzido rapidamente pela glutationa redutase (DICKINSON; FORMAN, 
2002). 
1.4 Fisiopatologia da úlcera péptica 
Nas últimas décadas, a prevalência da doença ulcerosa péptica declinou no mundo 
ocidental. Entretanto, com incidência variando de 2 a 10/100.000 indivíduos, permanece 
como problema de saúde pública na sociedade moderna. A faixa de idade predominante na 
qual a úlcera duodenal ocorre é entre 20 e 50 anos, enquanto que a gástrica é mais comum em 
pacientes com mais de 50 anos (KOMEN et al., 2008; CASALI et al., 2012). 
A úlcera péptica constitui desordem do trato gastrintestinal que afeta milhões de 
pessoas em todo o mundo e têm sido, há bastante tempo, uma das causas mais importantes de 
morbidade e mortalidade (BIRDANE et al., 2007). Apesar de grandes avanços na 
compreensão da doença, sua etiologia ainda não foi completamente elucidada. O 
conhecimento da fisiopatologia da úlcera gástrica permanece incompleto (GLAVIN E 
SZABO, 1992). 
A úlcera gástrica é um processo multifacetado, incluindo a secreção de ácido, a 
produção de espécies reativas de oxigênio, a inibição das prostaglandinas e a degradação da 
matriz extracelular. As metaloproteinases de matriz (MMPs) têm a capacidade para clivar a 
matriz extracelular e remodelar? (RIOS et al., 2010; ROCHA et al., 2010; SONIS, 2008; 
GARAVITO; DEWITT, 1999; HAWKEY, 1999). 
Entre os diferentes fatores de úlcera péptica, lesões devidas a estresse, o consumo de 
álcool, infecção por Helicobacter pylori e a utilização de anti-inflamatórios não-esteróides 
têm sido indicados ao serem mediados, em grande parte, via geração de espécies reativas de 
oxigênio, em especial os radicais hidroxilados (- OH) (BANDYOPADHYAY et al., 2002). 
Por outro lado, a integridade da mucosa é mantida através de mecanismos de proteção, os 
quais incluem fatores pré-epiteliais: uma "barreira" epitelial, renovação celular contínua, por 
meio da proliferação de células progenitoras, fluxo sanguíneo contínuo através de microvasos 
da mucosa, uma "barreira" endotelial, inervações sensoriais e a geração de prostaglandinas e 
óxido nítrico (LAINE et al., 2008). 
32 
 
 
 
 
O epitelio gástrico possui um grande turnover de células: na manutenção de um 
equilíbrio bem regulado entre proliferação e apoptose, um rompimento desse equilíbrio é um 
passo inicial para um processo inflamatório ou uma neoplasia (MEEGAN et al., 2008). 
 
Figura 2. Fisiopatologia da úlcera gástrica. Fonte Rios, 2010 
 
1.5 Papel das citocinas inflamatóriasna úlcera gástrica 
Durante a patogênese da gastrite, o dano epitelial causado pela injúria celular inicial é 
seguido por produção local de citocinas, que conduz à inflamação, seguida de úlceração. 
Existem várias linhas de evidência que apontam para um componente inflamatório na úlcera 
gastroduodenal, com a produção de alguns mediadores inflamatórios, tais como: fator nuclear 
kB (NF-kB), ciclo-oxigenase-2 (COX-2) e citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina 1 
beta (IL-1β), IL-6 e factor de necrose tumoral α (TNF-α). 
As prostaglandinas são produzidas, a partir de fosfolipídios da membrana celular, por 
uma cascata enzimática. O processo tem início com a conversão de fosfolipídios em ácido 
araquidônico, pela enzima fosfolipase A2. O ácido araquidônico, por sua vez, é convertido em 
prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos, a partir das enzimas ciclooxigenases (COX) 
(MELGAÇO et al., 2010; RANG et al., 2004). 
A ciclooxigenase catalisa a conversão de ácido araquidônico em prostaglandinas H 2, o 
que serve como precursor comum para a síntese de prostaglandinas. Existem duas isoformas 
de ciclooxigenases, que exibem propriedades catalíticas semelhantes, mas diferem em termos 
de regulação da expressão (GARAVITO; DEWITT, 1999; HAWKEY, 1999). São, pois, 
33 
 
 
 
 
descritos dois tipos de ciclooxigenases: a COX-1 (ou constitutiva) e a COX-2 (ou induzida). 
A COX-1 é expressa na maioria dos tecidos e regula os processos celulares normais, como a 
produção de muco protetor gástrico, a inibição da secreção gástrica, a homeostase vascular, a 
agregação plaquetária e a manutenção da homeostase renal (MELGAÇO et al., 2010). 
A COX-2 é normalmente pouco detectada nos tecidos e costuma ser ativada nos 
processos inflamatórios, participando da ativação de mastócitos, macrófagos e células 
endoteliais. Também está presente no nível basal, em certos tecidos, mas sua expressão é 
sobrerregulada em resposta a estímulos inflamatórios ou mitogênicos (NASSAR et al., 2005). 
A COX-2 tem sua expressão inibida pelo uso de anti-inflamatórios não-esteroides e 
glicocorticóides (motivo pelo qual os corticóides têm potencial anti-inflamatório) (RAHMAN 
et al., 2006). 
No entanto, descobertas recentes demonstram que a COX-2 desempenha papel 
biológico mais complexo e mais amplo do que o mero envolvimento na inflamação e na dor 
(PESKAR, 2001). Entre esses papéis ocorrem no processo de cura de úlcera gástrica, no 
desenvolvimento renal, regulação da homeostase no sistema cardiovascular, ovulação e 
implantação dos óvulos (SCHMASSMANN et al., 1998; PARENTE E PERRETTI, 2003). 
Mais recentemente, uma nova isoforma da enzima COX, a COX-3, tem sido relatada 
(CHANDRASEKHARAN et al., 2002), a qual é uma variante da enzima COX-1 (COX-1b), 
mas carece completamente das atividades normais da COX, que levam à produção de 
eicosanóides (BOTTING; AYOUB, 2005). A COX-3 parece ser expressa no cérebro e está 
envolvida no mecanismo de ação do paracetamol (KIS et al., 2005). 
No desenvolvimento das úlceras gástricas, associadas ao uso de anti-inflamatórios 
não-esteróides (AINES), a inibição da COX-1 está ligada à diminuição do fluxo sanguíneo da 
mucosa, enquanto a inibição da COX-2 está relacionada com o aumento da aderência de 
leucócitos ao endotélio vascular local (WALLACE et al., 2000). Essas lesões estão 
relacionadas com aumento nos marcadores de infiltração de neutrófilos e intensa geração de 
radicais livres (SULEYMAN et al., 2009). 
Até pouco tempo, apenas a inibição da COX-1 estava associada à gastroproteção. 
Contudo, a ação lesiva à mucosa gástrica de drogas inibidoras altamente específicas para a 
COX-1 é consideravelmente menor e com características diferentes das lesões induzidas por 
drogas não-seletivas, como indometacina ou ibuprofeno. Na realidade, a COX-2 parece ser 
expressa em resposta à inibição da COX-1; assim, em situações normais, a administração de 
34 
 
 
 
 
inibidores seletivos de COX-2 apresenta pouca ou nenhuma toxidade gástrica. A inibição da 
COX-1 e COX- 2, ao mesmo tempo, por drogas seletivas diferentes produz, porém, grandes 
lesões gástricas, com características semelhantes àquelas produzidas pelos AINES 
tradicionais não-seletivos. Esses achados sugerem que ambos os tipos de COX devem estar 
suprimidos para que ocorram as lesões gástricas características dos AINEs (anti-inflamatórios 
não-esteroidais) (WALLACE et al., 2000; TANAKA et al., 2001; TANAKA et al., 2002). 
O papel da COX-2 na cicatrização de úlceras permaneceu debatido, ao longo dos anos, 
sendo ainda hoje inconclusivo. A cicatrização de úlceras é um processo ativo e complicado de 
reconstrução da arquitetura da mucosa, envolvendo o preenchimento do defeito da mucosa 
com proliferação e migração de células epiteliais e componentes conjuntivos (PERINI et al., 
2003). Já as prostaglandinas desempenham um papel fundamental no desencadeamento da 
proliferação celular e promoção de angiogênese, juntamente com várias outras funções 
necessárias para restaurarem a integridade da mucosa. Portanto, as enzimas COX-1 e COX-2, 
sendo os arquitetos da síntese de prostaglandinas, tornam-se um alvo óbvio para as 
modalidades de tratamento de úlcera gástrica e continuam a prender a atenção de 
pesquisadores e clínicos. 
Os inibidores seletivos da COX-2 (celecoxib, rofecoxib etc.) foram desenvolvidos 
como agentes anti-inflamatórios e evitam a adversidade de hemorragia gastrointestinal, 
poupando, assim, a produção de prostaglandinas E2 (PGE2), que é importante para a 
manutenção da integridade da mucosa gástrica (BERENGUER et al., 2002; COPPELI et al., 
2004). No entanto, com uma mudança de hipótese clássica, tornou-se também evidente que a 
COX-2 não só desempenha um importante papel no mecanismo regulativo de defesa da 
mucosa gástrica, mas também é crucial no processo de cicatrização da úlcera gástrica 
(SHIGETA et al., 1998; BRZOZOWSKI et al., 2001), produzindo prostaglandinas, que 
exercem ações anti-inflamatórias (GILROY et al., 1999). Tais achados tornaram-se de grande 
significado para os inibidores seletivos da COX-2, patenteando que, embora estes AINEs 
previnam o aparecimento de úlcera, podem também intensificar as úlceras pré-existentes, ao 
atrasar o processo de cicatrização. Os pesquisadores mostraram que os inibidores seletivos da 
COX-2 podem agravar as lesões gástricas, induzidas por isquemia de reperfusão 
(BRZOZOWSKI et al., 1999; MARICIC et al., 1999), por intermédio do atraso na 
cicatrização da úlcera, em ratos (MIZUNO et al. , 1997; LESCH et al., 1998; BRZOZOWSKI 
et al., 2001), e da inibição da angiogênese, proliferação de células epiteliais e maturação do 
35 
 
 
 
 
tecido de granulação na úlcera gástrica crônica. Estas observações levaram à noção de que a 
inibição de COX-2 não está associada com os danos gástricos em mucosa normal, mas pode 
ser prejudicial quando a defesa da mucosa gástrica for prejudicada (SCHMASSMANN et al., 
1998). 
A visão recente é ainda apoiada nas pesquisas, que sugerem ser a COX-2 mais 
expressa durante a cicatrização de lesões gástricas, enquanto inibidores COX-2 específicos 
causam um atraso na cicatrização de úlceras em ratos, destacando o papel fundamental desta 
isoenzima na cura da úlcera gástrica (TSUJI et al., 2002; MOTILVA et al., 2005). Não 
podemos descartar também a participação de outras citocinas na modulação da úlcera gástrica, 
como o TNF-α, IL-1, IL-6, o fator de transcrição NFB e o Óxido Nítrico. 
O fator de necrose tumoral-α (TNF-α) é uma citocina pró-inflamatória produzida por 
macrófagos, envolvida na patogênese de diversas doenças inflamatórias, assim como na 
resposta imunomediada a diversas infecções e processos inflamatórios (GOMES et al., 2012) 
O TNF-α é uma citocina com diversas funções imunológicas. Foi inicialmente identificado 
como um polipeptídio produzido por macrófagos durante infecções, doenças, cânceres, 
situações estas que contribuempara o desenvolvimento de caquexia. É também caracterizado 
por sua capacidade de induzir a necrose em células tumorais, de onde advém o nome fator de 
necrose tumoral (ROSE et al., 2004; PRADO et al., 2009). 
No processo de atividade pró-inflamatória, entre as diferentes citocinas que são 
produzidas, o fator de necrose tumoral (TNF-α) se destaca, por ser um modelo de citocinas 
pró-inflamatórias com efeitos múltiplos sobre os sistemas imune inato, adaptativo, bem como 
no endotélio vascular e na microcirculação (SHAH; MAYER, 2010; SANTOS-JUNIOR, 
2011). O fator de necrose tumoral estimula a fase de inflamação aguda, assim como a 
apoptose. Também aumenta a produção de outras citocinas, de pequenos peptídios, a secreção 
de elastase e colagenase, incrementa as propriedades de adesão molecular ao endotélio 
vascular e promove a acumulação de leucócitos no tecido (DANESE et al., 2005). Estas ações 
múltiplas definem a característica pleiotrópica do TNF-α, transformando-o em um alvo 
específico para o tratamento de doenças inflamatórias do trato gastrintestinal (SHIMIZU et al, 
2000). 
O aumento da produção de TNF-α pode ativar o NF-kB e provocar a liberação de 
outras citocinas pró-inflamatórias, amplificando assim o sinal inflamatório. Por esta razão, os 
efeitos prejudiciais causados pela liberação de TNF-α prolongam o processo inflamatório. Em 
36 
 
 
 
 
adição a seus efeitos pró-inflamatórios, o TNF-α também é uma citocina apoptótica (TUNG et 
al., 2011). A perda de controle da resposta inflamatória gástrica pode levar a um recrutamento 
de leucócitos inadequado para a mucosa do estômago e, por sua vez, para a lesão da mucosa 
gástrica. Ademais, o TNF-α se tem revelado por desempenhar um papel crucial na regulação 
da resposta imune e na promoção da liberação de outros mediadores pró-inflamatórios 
(HOLZER, 2001; PAVLICK et al., 2002). 
 Da mesma forma, a inibição da reação inflamatória diminui a geração de excesso de 
citoquinas pró-inflamatórias, como o TNF-α e iNOS derivada do NO, mediadores que 
realizam a defesa da mucosa gástrica e promovem a cicatrização da úlcera (SHIMIZU et al., 
2000;. HOLZER, 2001). 
A interleucina 1 (IL-1) é produzida por monócitos e macrófagos, tendo como principal 
atividade a de ser mediadora da inflamação associada ao TNF-α, de quem partilha muitas 
propriedades biológicas. Sua ação mais importante na inflamação se deve aos efeitos no 
endotélio, leucócitos e fibroblastos, bem como a indução das reações da fase aguda (ABBAS; 
LICHTMANN, 2005). No endotélio, a IL-1 induz várias mudanças, a maioria relacionada ao 
nível de transcrição de gene para síntese de: moléculas de adesão endotelial, atua como 
mediador químico para citocinas, fator de crescimento, óxido nítrico; aumenta a produção de 
enzimas associadas à remodelação de células da matriz; amplia a superfície trombogênica do 
endotélio e, quando associada ao TNF-α induz a resposta da fase aguda à infecção ou agressão 
tecidual (ABBAS; LICHTMANN, 2005). . 
A família da IL-1 tem três membros muito bem estudados: dois agonistas - IL-1α e IL-
1β - e o antagonista IL-1Ra. A IL-1Ra inibe a ação inflamatória induzida pela IL-1, ao 
bloquear a ligação de IL-1 ao receptor tipo I da IL-1 (IL-1RI) (DINARELLO, 1997; ARMAN 
et al., 2008). A interleucina 1, antagonista do receptor IL-1Ra, é uma molécula secretada, que 
se liga ao receptor IL-1, com avidez igual ou próxima daquela do agonista do receptor de IL-
1. Destes agonistas, o IL-1β é uma citocina pró-inflamatória com vários efeitos biológicos, 
atuando como inibidor potente da secreção de ácido gástrico (SONIS, 2004; YEOH et al., 
2008). 
Em animais com úlcera gástrica induzida por ácido acético houve um aumento 
significativo do EGF (fator de crescimento epidermal ) e da IL-1 e, após a indução de úlcera, 
ocorreu, porém, uma redução progressiva e lenta durante a fase de cicatrização da úlcera 
gástrica. O comportamento paralelo entre EGF e IL-1 sugere que esta citocina possa 
desempenhar um papel na estimulação da produção de EGF (PLBEBANI et al., 1995). 
37 
 
 
 
 
El-Omar et al. (2000) demonstram que as citocinas pró-inflamatórias, como 
interleucina-1 (IL-1B -31 C +, IL-1B -511 e IL-1RN ) foram associadas a um aumento 
significativo, com risco de uma resposta crônica hipocloridrica na infecção por H. pylori e 
câncer gástrico, em uma população caucasiana, presumivelmente por alteração dos níveis de 
IL-1β no estômago 
O fator de necrose tumoral alfa e a interleucina 6 ( IL-6) são citocinas responsáveis 
pela eclosão de diversas alterações clínicas na sepse, como a febre ou hipotermia, as 
alterações funcionais, como oligúria, taquipnéia, hipoxemia, taquicardia, hipotensão, acidose 
láctica e coagulopatia, entre outras. A expressão de IL-11 aberrante em epitélio gástrico pode 
levar a desajuste, dessa forma interrompendo a sinalização e a expressão de genes 
proliferativos citoprotectores e a ruptura da regulação do equilíbrio proliferativo/apoptose, 
que pode predispor à carcinogênese (MEEGAN et al., 2008). A suprarregulação de genes pelo 
NFkB pode resultar também na produção de citocinas pró-inflamatórias, incluindo o fator de 
necrose tumoral alfa (TNF-α), e interleucinas IL-1β e IL-6 (MEEGAN et al., 2008; SONIS, 
2004). 
O NF-kB é um importante regulador da atividade de citocinas e outras defesas 
biológicas. É o fator de transcrição que tem sido implicado a desempenhar um papel de 
guardião, na patogênese de doenças inflamatórias (SONIS, 2008 ). Trata-se de um 
heterodímero de subunidades p50 e p65/RelA ou p52, no citoplasma das células. O 
heterodímero p65/p50 é considerado como sendo a forma clássica e, no seu estado inativo, é 
ligado aos membros da classe dos inibidores kB (IkB) de proteínas que inibem a activação do 
NF-kB (SONIS, 2004; SONIS, 2008; MEEGAN et al., 2008). 
Por estimulação de um número de fatores de perturbação extracelulares, o dímero de 
NF-kB-IkB é sequencialmente fosforilado e ubiquinado por ativação de IKK (IkB quinase) e 
ubiquitina ligase. A forma ubiquinada é então degradada pelo proteosoma 26S. O NF-kB, em 
seguida, move-se a partir do citoplasma para o núcleo, onde pode ativar uma grande variedade 
de genes que desempenham um papel significativo na mucosa lesionada. 
A ativação de NF-kB é induzida por uma variedade de agentes, incluindo bactérias, 
vírus, citocinas, estresse oxidativo, e eliminadores de radicais livres. A radiação ionizante e a 
quimioterapia estomatotóxica também são reconhecidas como ativadoras potentes e 
consistentes de NF-kB (SONIS, 2002). 
A IL-6 é uma citocina pleiotrópica que desempenha uma série de funções nos 
processos imunes celulares e humorais relacionados à inflamação, defesa do hospedeiro e 
38 
 
 
 
 
lesão tecidual (FRANCISCO et al., 2006). A mesma é mediadora central da resposta de fase 
aguda e a principal citocina pró-coagulante, pois determina a produção e elevação das 
concentrações plasmáticas estimuladas pelo fígado de fibrinogênio, proteína amilóide A 
(SAA) e, em especial, da PCR (YUDKIN et al., 1999; VOLP et al., 2010) 
Alguns estudos têm indicado que a infecção pelo H. pylori induz inflamação por 
vários mecanismos, entre eles o contato direto com as células epiteliais, a estimulação e a 
liberação de citocinas. Pacientes infectados pelo H. pylori apresentam altos níveis de 
expressão e produção de IL1-B, IL-6, IL-8 e TNF-α (EL-OMAR et al., 2000 ; LADEIRA et 
al., 2003). 
Vários estudos relatam que o H. pylori ativa o gene NF-kB de células epiteliais da 
mucosa gástrica in vivo e in vitro. Este gene codifica um fator de transcrição que ativa a 
produção de interleucinas. A translocação nuclear de NF-kB é seguida do aumento da 
expressão de IL-8 (NAITO; YOSHIKAWA, 2002). A IL-8, potente ativadora de neutrófilos, 
tem seu nível de expressão gênica relacionado à intensidade da gastrite. In vitro, o H. pylori 
estimula a liberação de IL-8, e estes

Continue navegando

Outros materiais