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1- PESQUISAR OS MECANISMOS DE DEFESA CONTRA AS BACTÉRIAS -> Bactérias extracelulares - Inicialmente induzem a inflamação que resulta em destruição tecidual no sítio da infecção -Produção de toxinas como endotoxinas, que são componentes das paredes bacterianas ou podem ser também exotoxinas, que são ativamente secretadas pelas bactérias, muitas delas são citotóxicas e destroem células por vários mecanismos bioquímicos, outras interferem nas funções celulares normais sem destruir a célula e outras estimulam a produção de citocinas que causam a doença Imunidade inata ➔ Ativação do complemento: é ativado na ausência de anticorpos pelo peptidoglicano, que é o principal componente da parede celular das bactérias gram-positivas. Nas gram-negativas o LPS(lipopolissacarídeos) ativam a via alternativa complemento. As bactérias que expressam manose na sua superfície podem ligar-se à lectina de ligação a manose, que ativa a via complemento pela via das lectinas. Consequências da ativação do complemento: opsonização e aumento da fagocitose de bactérias, além disso, o complexo ataque à membrana causa lise à bactéria, principalmente as mais suscetíveis por terem paredes celulares delgadas. Liberação de subprodutos que estimulam as respostas inflamatórias por recrutamento e ativação de leucócitos ➔ Ativação de fagócitos e inflamação: Os fagócitos utilizam vários receptores de superfície para reconhecer bactérias extracelulares. Alguns desses receptores participam na ativação de fagócitos como resultado do encontro com microorganismos, promovendo a fagocitose; outros estimulam as atividades microbianas dos fagócitos(principalmente TLR); outros promovem tanto a fagocitose como a ativação de fagócitos(receptores Fc e de complemento). Além disso, as células dendríticas e os fagócitos ativados pelos microrganismos secretam citocinas que induzem o infiltrado leucocitário nos sítios de inflamação. Os leucócitos recrutados ingerem e destroem a bactéria Imunidade adaptativa As respostas de anticorpos contra bactérias extracelulares são dirigidas contra antígenos da parede celular e toxinas secretadas e associadas à célula que podem ser polissacarídeos ou proteínas. Os polissacarídeos são independentes do time prototípicos e a imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa contra bactérias encapsuladas ricas em polissacarídeos. Os mecanismos efetores empregados pelos anticorpos para combater a infecção incluem neutralização, opsonização e fagocitose, além da ativação da via complemento. - A neutralização é mediada por isótipos IgG, IgM e IgA(principalmente no lumem de tecidos das mucosas) de alta afinidade - A opsonização pode algumas subclasses de IgG - A ativação do complemento pela IgM e por subclasses de IgG Antígenos podem também ativar células TCD4+ auxiliares(helper) produzem citocinas indutoras de inflamação local, aumentando as atividades fagocíticass e microbicidas de macrófagos e neutrófilos e estimulando a produção de anticorpos ➔ Bactérias intracelulares -Possuem capacidade de sobreviver e mesmo de replicar dentro de fagócitos Imunidade inata - Inicialmente os fagócitos e neutrófilos e depois os macrófagos ingerem e tentam destruir esses microrganismos, mas essas bactérias são resistentes a degradação dentro dos fagócitos - Essas bactérias ativam as células NK pela indução da expressão de ligantes ativadores das células NK em células infectadas e pela estimulação de células dendríticas e macrófagos para a produção de IL-2 e IL-5, ambas citocinas ativadoras de células NK que produzem IFNgama que ativa os macrófagos e promove a morte da bactéria fagocitada - Essa imunidade inata geralmente não controla as infecções e a erradicação requer a imunidade adaptativa mediada por células Imunidade adaptativa - 2-Compreender mecanismo de patogenicidade bacteriano dando enfoque à atuação da H. pylori; O que é patogenicidade? É a capacidade de um microrganismo causar dano (doença) em um hospedeiro. http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/MicrobiologiaeImunologia/aula_patog enicidade.pdf http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/05/Patog%C3%AAnese-das-doen%C3%A 7as-bacterianas-2017.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4128790/mod_resource/content/1/Patogenici dade%202017.pdf H PYLORI http://www.scielo.br/pdf/%0D/jbpml/v39n4/18547.pdf Resposta imunológica em adultos http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/MicrobiologiaeImunologia/aula_patogenicidade.pdf http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/MicrobiologiaeImunologia/aula_patogenicidade.pdf http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/05/Patog%C3%AAnese-das-doen%C3%A7as-bacterianas-2017.pdf http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/05/Patog%C3%AAnese-das-doen%C3%A7as-bacterianas-2017.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4128790/mod_resource/content/1/Patogenicidade%202017.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4128790/mod_resource/content/1/Patogenicidade%202017.pdf http://www.scielo.br/pdf/%0D/jbpml/v39n4/18547.pdf Intenso infiltrado de neutrófilos associado a períodos de acloridria(ausência de ácido clorídrico no suco gástrico). A infecção crônica é caracterizada por um infiltrado de células antiflamatórias na lâmina da mucosa gástrica. Resultam mediadores de resposta inflamatória como ativador paquentário e proteínas de superfície que estão envolvidos no recrutamento de neutrófilos e leucócitos mononucleares, como macrófagos e monócitos para o sítio de infecção, uma vez que essa fase apresenta redução na produção de ácido, tornando benéfico para bactéria e facilitando o processo de colonização gástrica. A ação neutrofílica é persistente, porém, ineficaz na eliminação da H.pylori, devido à ação de enzimas bacterianas, como a catalase e superóxido dismutase, que protegem a bactéria. 9 As células mononucleares e os neutrófilos em resposta a infecção pela H. pylori, liberam radicais livres de oxigênio, que juntamente com a redução nos níveis de antioxidantes levam ao stress com lesão oxidativa, importante na modificação estrutural do DNA e desequilíbrio do sistema de transdução de sinais das células epiteliais gástricas, considerado carcinogênico. Embora a resposta celular seja predominante na infecção por H. pylori a resposta humoral também é observada, normalmente uma resposta humoral sistêmica e estável, predominantemente do tipo IgG; no entanto, na inflamação crônica observa-se presença de anticorpos específicos, também do tipo IgA contra o patógeno. Ambos têm sido usados para diagnosticar a infecção da H. pylori no soro e saliva dos pacientes, sendo que estes anticorpos diminuem somente após a eliminação da infecção, o que ,raramente, ocorre espontaneamente. A presença de estruturas bacterianas capazes de mimetizar estruturas do hospedeiro, conferindo proteção à ação da resposta imune é um ponto crucial nos mecanismos de escape bacterianos. A H.pylori pode induzir a produção de anticorpos que reconhecem antígenos presentes na mucosa gástrica normal do próprio hospedeiro. Estudos demonstraram que o LPS da bactéria contém antígenos Lex e Ley de grupos sangüíneos. Estas evidências indicam uma provável correlação entre o reconhecimento destes antígenos pelo sistema imune do hospedeiro e a indução de gastrite pela bactéria. 3-Entender a relação entre AINES e Úlceras; Muitos AINEs são derivados do ácido carboxílico e se encontram na forma não ionizada no lúmen gástrico e, dessa maneira, podem ser absorvidos pela mucosa gástrica. Com a mudança de pH ácido para neutro, no interior da mucosa, a droga ionizada é armazenada temporariamente no interior das células epiteliais, o que causa dano às mesmas. Entretanto, esse dano "tópico" não parece ser de fundamental importância para a patogênese da sintomatologia ulcerosa. Essa última se deve principalmente a uma consequência da inibição sistêmica da atividade COX-1 da mucosa gastrointestinal (GI). Mesmo a administração intramuscular ou intravenosa de aspirina ou outros AINEs pode causar úlceras gástricas ou duodenais. Por inibirem a COX-1, os AINEs impedema síntese de prostaglandinas gástricas, conforme Marcen et al (2016), especialmente PGI2 e PGE2(prostaglandina mediador eicosanoide sintetizado nas células endoteliais pela ação da enzima ciclo-oxigenase sobre o ácido araquidônico na via metabólica conhecida como cascata do ácido araquidónico), que servem como agentes citoprotetores da mucosa gástrica. Estes eicosanóides agem inibindo a secreção ácida pelo estômago, aumentando o fluxo sanguíneo na mucosa gástrica e promovendo a secreção de muco citoprotetor. A inibição da sua síntese, portanto, acarreta ao estômago uma maior suscetibilidade às lesões; cujo aspecto característico, com infiltrado inflamatório, levou ao uso da denominação de gastropatia por AINE. Além disso, diminui a adesividade plaquetária, aumentando os riscos de sangramento. A indometacina, o sulindac e o meclofenamato sódico apresentam acentuada recirculação enteropática, o que aumenta os efeitos tóxicos destes fármacos. Tais especificidades dos AINES se evidenciam pelo fato de mais de 40% dos consumidores desses medicamentos apresentarem sintomas referidos ao trato gastrointestinal durante o tratamento, sendo os mais frequentes o refluxo gastroesofágico e sintomas dispépticos, dentre outros Úlceras causadas por AINEs Os antiinflamatórios não hormonais podem induzir a lesões do TGI, principalmente no estômago, através de vários mecanismos. Existe uma ação tópica, onde formas ionizadas do medicamento podem se acumular no interior de células epiteliais provocando lesão. A eficiência da camada de gel mucoso como proteção também parece estar diminuída pela perda da hidrofobicidade induzida pelos AINEs(11). Bem descrito com a aspirina, este efeito tópico parece deixar de existir nos usuários crônicos em decorrência de uma adaptação da mucosa a esta ação (citoproteção adaptativa). O principal mecanismo patogênico dessas substâncias é a redução sistêmica da síntese de prostaglandinas através da inibição da cicloxigenase (COX). As prostaglandinas endógenas regulam o fluxo sangüíneo da mucosa, a regeneração de epitélio e a secreção de muco, bicarbonato e HCl. Sua inibição enfraquece a defesa mucosa contra agentes da luz predispondo a lesões. Os AINEs também induzem a síntese de TNF e leucotrienos que estimulam a adesão de neutrófilos ao endotélio da microcirculação gástrica(12). Esta adesão provoca lesões por obstrução do fluxo e liberação de proteases e radicais livres de oxigênio. Uma vez que a COX-1 é constitutiva e a COX-2 é pró-inflamatória, tem se desenvolvido AINEs cada vez mais seletivos para a COX-2, como o rofecoxib e o celecoxib. Apesar de existirem alguns estudos que mostram que estes compostos provoquem menos complicações da doença ulcerosa em relação aos AINEs não seletivos, existe pelo menos um estudo de longa duração que não mostrou vantagem do celecoxib sobre o diclofenaco(13). Além disso, estes medicamentos podem não ter efeito antiagregante plaquetário eficiente e o uso concomitante de ácido acetilsalicílico em baixa dose parece anular qualquer benefício em termos de redução de lesões. É possível também que a COX-2 tenha papel relevante na restauração da integridade da mucosa, explicando estes achados(14). O impacto destes modernos antiinflamatórios na história da úlcera péptica ainda está indefinido ÚLCERA PÉPTICA ASSOCIADA A ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES (AINES) AINEs são hoje considerados como uma causa estabelecida de úlcera péptica, podendo ocorrer após administração oral ou sistêmica das drogas e com praticamente todos os antiinflamatórios23(B). Acredita-se que AINEs promovem lesão gastroduodenal por dois mecanismos independentes, ou seja, diretamente por efeito tóxico direto, em nível epitelial, sobre os mecanismos de defesa da mucosa gastroduodenal, resultando em aumento da permeabilidade celular, inibição do transporte iônico e da fosforilação oxidativa, e, sistemicamente, enfraquecendo os mecanismos de defesa através da inibição da cicloxigenase, enzimachave na síntese das prostaglandinas(D). Desta forma, AINEs causam uma redução significativa nos teores de prostaglandinas das mucosas. Sabe-se que as prostaglandinas E e A protegem a mucosa gástrica através de seus efeitos Tabela 2 Opções terapêuticas na erradicação do HP 1) Inibidor de bomba protônica (omeprazol 20 mg ou lansoprazol 30 mg ou pantoprazol 40 mg ou rabeprazol 20 mg ou esomeprazol 20 mg) ou RBC + Claritromicina 500 mg + Amoxicilina 1.000 mg, duas vezes por dia por sete ou dez dias Constitui um dos regimes mais empregados de todo o mundo, com índices de erradicação próximos a 90%15,16(D)17(A). Bem tolerado, com poucos efeitos adversos, apresenta como inconveniente seu custo ainda elevado para a população brasileira. 2) Inibidor de bomba protônica (omeprazol 20 mg ou lansoprazol 30 mg ou pantoprazol 40 mg ou rabeprazol 20 mg ou esomeprazol 40 mg) uma vez ao dia durante sete dias + Furazolidona 200 mg três vezes ao dia + Azitromicina 500 mg uma vez ao dia, durante os três primeiros dias. Índices de erradicação próximos a 80% têm sido alcançados21(B). Bem tolerado, embora apresente efeitos adversos, especialmente náuseas em aproximadamente 30% dos pacientes. Tem custo razoável e implica em menor quantidade de comprimidos ao dia, com a azitromicina sendo ingerida à noite com o estômago vazio. Pelo efeito disulfiram-like da furazolidona, deve-se evitar o uso de bebidas alcoólicas 24h antes, durante e 48h após o tratamento. 3) Inibidor de bomba protônica (omeprazol 20 mg ou lansoprazol 30 mg ou pantoprazol 40 mg ou rabeprazol 20 mg ou esomeprazol 40 mg) uma vez ao dia durante sete dias + Furazolidona 200 mg duas vezes ao dia + claritromicina 500 mg duas vezes ao dia, durante sete dias. Estudos têm demonstrado índices de erradicação próximos a 90% com este regime. Úlcera Péptica 7 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina estimulantes sobre a produção de muco e secreção de bicarbonato, enquanto aumentam o fluxo sangüíneo mucoso e reduzem o turnover celular. Recentemente, têm sido identificados dois tipos de cicloxigenase (COX): COX-1, com funções fisiológicas estabelecidas, ou seja, quando ativada, promove a produção de prostaciclina que, liberada no endotélio vascular, tem ação antitrombogênica, enquanto, na mucosa gástrica, induz citoproteção, e COX-2, encontrada em macrófagos, fibroblastos e células epiteliais e induzida em locais de inflamação25(D). O reconhecimento destes dois tipos de cicloxigenase descortina a possibilidade, a ser no futuro estudada, de que inibidores específicos COX-2 reduzam a dor e a inflamação sem lesar o estômago. A prevalência da úlcera gástrica em usuários crônicos de AINEs tem variado de 9% a 13% e, da úlcera duodenal, entre 0% e 19%. O risco relativo calculado de um usuário crônico destas drogas desenvolver úlcera gástrica ou duodenal é 46 e 8 vezes, respectivamente, maior que a população normal11(D). Os sintomas dispépticos nos usuários crônicos de AINEs são freqüentes, sendo impossível identificar clinicamente aqueles portadores de ulceração. A sintomatologia é mais comum nas primeiras semanas de tratamento, declinando com o passar do tempo, independentemente do tratamento. A úlcera induzida por AINEs produz menos sintomas que a úlcera causada por HP. De fato, 30% a 40% dos pacientes com úlceras induzidas por AINEs são assintomáticos e, entre aqueles que desenvolvem hemorragia digestiva, até 60% o fazem silenciosamente, em contraste com os 25% de hemorragias assintomáticas observadas nos não-usuários de antiinflamatórios11(D). Como a maioria dos usuários de AINEs não apresenta complicações e se beneficia do tratamento, torna-se necessário identificar, entre o imenso número de pacientes que utilizam tais drogas, aqueles que são portadores de fatores predisponentes a complicações pelo seu uso prolongado. É improvável que algum subgrupo de usuários de AINEs esteja isento do risco de complicações advindas de seu emprego. Os fatores que cursam com risco claramente aumentado de complicações são: • História prévia de úlcerapéptica ou sangramento digestivo26,27(B); • Idade superior a 60 anos, especialmente em mulheres26(B); • Dose, duração e tipo do antiinflamatório: quanto maior a dosagem empregada, maior o risco de complicações gastrointestinais. Existem algumas evidências sugerindo que o risco de desenvolvimento de úlcera e outras complicações depende também da duração do tratamento, sendo o primeiro mês de tratamento o período mais vulnerável para complicações28(A). • Co-administração de corticosteróides e anticoagulantes: enquanto o uso combinado de corticosteróides e AINEs está associado a um risco duas a três vezes maior de complicações gastrointestinais, o uso de antiinflamatórios isolado reduz tal risco pela metade11(D). TRATAMENTO DA ÚLCERA ASSOCIADA A AINES O principal mecanismo de toxicidade dos AINEs envolve a inibição da síntese de prostaglandinas com conseqüente surgimento de erosões na mucosa gastroduodenal, as quais são agravadas pela presença da secreção ácida do estômago. Assim, uma abordagem racional Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 8 Úlcera Péptica para a úlcera induzida por AINEs deve incluir o emprego de anti-secretores e/ou prostaglandinas24(D 4-Desdobrar as etapas do processo cicatricial; http://www.scielo.br/pdf/abcd/v20n1/10.pdf Fase inflamatória Esta fase se inicia imediatamente após a lesão, com a liberação de substâncias vasoconstritoras, principalmente tromboxana A2 e prostaglandinas, pelas membranas celulares. O endotélio lesado e as plaquetas estimulam a cascata da coagulação. As plaquetas têm papel fundamental na cicatrização. Visando a hemostasia, essa cascata é iniciada e grânulos são liberados das plaquetas, as quais contêm fator de crescimento de transformação beta - TGF-β (e também fator de crescimento derivado das plaquetas [PDGF], fator de crescimento derivado dos fibroblastos [FGF], fator de crescimento epidérmico [EGF], prostaglandinas e tromboxanas), que atraem neutrófilos à ferida. O coágulo é formado por colágeno, plaquetas e trombina, que servem de reservatório protéico para síntese de citocinas e fatores de crescimento, aumentando seus efeitos. Desta forma, a resposta inflamatória se inicia com vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, promovendo a quimiotaxia (migração de neutrófilos para a ferida). Neutrófilos são as primeiras células a chegar à ferida, com maior concentração 24 horas após a lesão. São atraídos por substâncias quimiotáticas liberadas por plaquetas. Os neutrófilos aderem à parede do endotélio mediante ligação com as selectinas (receptores de membrana). Neutrófilos produzem radicais livres que auxiliam na destruição bacteriana e são gradativamente substituídos por macrófagos. Os macrófagos migram para a ferida após 48 - 96 horas da lesão, e são as principais células antes dos fibroblastos migrarem e iniciarem a replicação. Têm papel fundamental no término do desbridamento iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição é a secreção de citocinas e fatores de crescimento, além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz extracelular, fundamentais para a transição para a fase proliferativa. Fase proliferativa A fase proliferativa é constituída por quatro etapas fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até o término da segunda semana. http://www.scielo.br/pdf/abcd/v20n1/10.pdf A epitelização ocorre precocemente. Se a membrana basal estiver intacta, as células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias. Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora. A angiogênese é estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada. A parte final da fase proliferativa é a formação de tecido de granulação. Os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser ativados para sair de seu estado de quiescência. O fator de crescimento mais importante na proliferação e ativação dos fibroblastos é o PDGF. Em seguida é liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida. Entre os fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial podem ser citados o PDGF, que induz a proliferação celular, a quimiotaxia e a síntese matricial; o fator epidérmico, que estimula a epitelização; o fator transformador alfa, responsável pela angiogênese e pela epitelização; o fator fibroblástico, que estimula a proliferação celular e angiogênese e o fator transformador beta, responsável pelo aumento da síntese matricial Fase de maturação ou remodelamento A característica mais importante desta fase é a deposição de colágeno de maneira organizada, por isso é a mais importante clinicamente. O colágeno produzido inicialmente é mais fino do que o colágeno presente na pele normal, e tem orientação paralela à pele. Com o tempo, o colágeno inicial (colágeno tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão. Estas mudanças se refletem em aumento da força tênsil da ferida. A reorganização da nova matriz é um processo importante da cicatrização. Fibroblastos e leucócitos secretam colagenases que promovem a lise da matriz antiga. A cicatrização tem sucesso quando há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise da matriz antiga, havendo sucesso quando a deposição é maior. Mesmo após um ano a ferida apresentará um colágeno menos organizado do que o da pele sã, e a força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em torno de 80% após três meses Importância do colágeno O colágeno é a proteína mais abundante do tecido conectivo em fase de cicatrização. As várias diferenças na sua composição química determinam as suas funções biológicas. Foram descritas até o presente 19 isoformas (tipos) de colágeno, codificadas por um único gene. Os tipos de fibras colágenas do tecido conjuntivo são helicoidais, com seqüência tripeptídica repetitiva composta de glicina-X-Y, sendo X representada pela prolina e Y pela hidroxiprolina. A rica presença de glicina e prolina é necessária para que uma molécula madura de colágeno assuma a estrutura de tripla hélice. O colágeno tipo I é o mais freqüente, é sintetizado pelos fibroblastos, e é mais predominante em ossos e tendões. O tipo III é mais comumente encontrado em tecidos moles, como vasos sangüíneos, derme e fáscia. A derme sã contém aproximadamente 80% de colágeno tipo I e 20 % de colágeno tipo III. Já o tecido de granulação expressa 30 a 40 % de colágeno do tipo III, sendo considerado colágeno imaturo. A degradação do colágeno se inicia precocemente e é muito ativa durante o processo inflamatório. A sua digestão ocorre em ambiente extracelular e é mediada por colagenases específicas. São conhecidos quatro tipos de colagenases: as séricas (elastase, catepsina C e proteinase neutra) e as metaloproteinases. A atividade das colagenases é controlada por citocinas liberadas principalmente por células inflamatórias, endoteliais, fibroblastos e queratinócitos. A formação da matriz extracelular é, pois, resultante de um balanço entre a deposição (síntese) e degradação de colágeno. O colágeno é o principal componente da matriz extracelular dos tecidos. Estrutura-se em rede densa e dinâmica resultante da sua constante deposição e reabsorção. A quantidade de colágeno modifica-se no cólon durante o pós-operatório de anastomoses colônicas, principalmente na região peri-anastomótica. Essa variação é resultado da interação entre sua síntese, fixação e degradação no tecido cicatricial. Na Figura 1, adaptada de Witte e Barbul,pode-se observar a evolução da cicatrização das escaras, onde se observa a correlação entre o aparecimento do colágeno maduro e o aumento da resistência tênsil da ferida. Fatores que influenciam a cicatrização Fatores locais Vários fatores podem influenciar negativamente a cicatrização, dentre eles os principais são: isquemia, infecção, técnica cirúrgica, corpo estranho e edema / pressão tecidual elevada. Fatores sistêmicos Sistemicamente, diversos fatores podem afetar de alguma maneira a cicatrização, dentre eles pode-se citar: diabete melito, deficiências vitamínicas, hipotiroidismo, doenças hereditárias (síndrome de Ehler-Danlos), alterações da coagulação, idade, trauma grave, queimaduras, sepse, insuficiência hepática e renal, insuficiência respiratória, tabagismo, radioterapia, desnutrição e o uso de corticosteróides, drogas antineoplásicas, ciclosporina A, colchicina e penicilamina. Estudos experimentais comprovaram que a nicotina compromete o processo cicatricial. Skinovsky estudou, em 2000 e 2005, a influência a injeção de nicotina subcutânea na cicatrização das anastomoses de intestino delgado em ratos, e concluiu que os animais que receberam nicotina apresentaram cicatrização deficiente quando comparados ao grupo controle. Confirmando esses dados, Alves, em 2006, mostrou a cicatrização tecidual deficiente em ratos lactentes de mães que receberam nicotina subcutânea durante a gestação, representada pela redução da força de tração, da deposição de colágeno tipo III, da angiogênese e dos miofibroblastos . Diversos medicamentos também foram avaliados. Em 2003, Bonin avaliou o efeito dos inibidores de bomba de prótons na cicatrização das anastomoses gástricas e concluiu que, juntamente com o aumento do pH intragástrico, ocorre melhora da cicatrização, com aumento da força de ruptura e da deposição de colágeno tipo III9,10. Ainda na avaliação da cicatrização das anastomoses gástricas, em 2004, Trubian estudou o efeito do octreotide subcutâneo e concluiu que ele não altera a cicatrização gástrica. Entretando, Urdiales, em 2006, estudou o octreotide na cicatrização de anastomoses colônicas e concluiu que há melhora na deposição de colágeno tipo III, da força de ruptura e da força máxima de tração, melhorando a cicatrização. Com as crescentes indicações para cirurgia no paciente com câncer, Vizzotto e Soares avaliaram a cicatrização das anastomoses após a injeção de quimioterápicos intraperitoneais e concluíram não haver diferenças significativas entre os grupos estudados. Ainda se falando de pacientes oncológicos, Ferreira, em estudo experimental concluiu que radioterapia pré-operatória e pós-operatória diminui a força necessária à ruptura total das anastomoses colônicas e a área percentual ocupada pelo colágeno tipo I (maduro) no 4º e 8º dia de pós-operatório. A desnutrição protéica pode prejudicar a cicatrização de feridas por prolongar a fase inflamatória, diminuir a síntese e a proliferação fibroblástica, angiogênese e síntese de colágeno e proteoglicanos. Pode ainda reduzir a força tênsil de feridas, limitar a capacidade fagocítica de leucócitos e aumentar a taxa de infecção de feridas. Em 2004, Coelho-Lemos et al publicaram um estudo que avaliou a cicatrização de ratos neonatos de matrizes desnutridas e concluíram que a desnutrição intra-útero reduz a força na ferida abdominal desses ratos e que a deposição de colágeno é maior nestes animais, sugerindo que a ferida seja prioridade biológica. Gonçalves et al.24 demonstraram, em 2005, que a desnutrição reduz a força de ruptura e a porcentagem de deposição de colágeno maduro nas anastomoses colônicas no 5º dia do pós-operatório. Também que a realimentação pré-operatória por sete dias aumenta Adaptado de Witte & Barbul, 199761. Figura 1 - Fases da cicatrização a força de tração e a porcentagem de colágeno maduro24. Complementando o estudo de Gonçalves, Schmitz, em 2006, avaliou o efeito da suplementação com glutamina na cicatrização de anastomoses colônicas e concluiu que a suplementação leva a melhora da cicatrização com aumento da força máxima de tração e da deposição de colágeno tipo III46. Partindo do princípio da manipulação nutricional, diversos estudos foram realizados com fitoterápicos, mostrando seus efeitos na cicatrização. Dentre os fitoterápicos estudados, podem ser citar a Passiflora edulis (maracujá); Orbignya phalerata (babaçu) e a Jotropha gossypiifolia L.(pião roxo) e a Schimus terebinthifolius raddi (aroeira). Todos mostraram, de alguma forma, melhora na cicatrização da parede abdominal, anastomoses colônicas e gástricas, mediante avaliação histológica e ou da força de ruptura 5-Conhecer as etiopatogenia(causas) das úlceras pépticas Úlceras causadas por AINEs Os antiinflamatórios não hormonais podem induzir a lesões do TGI, principalmente no estômago, através de vários mecanismos. Existe uma ação tópica, onde formas ionizadas do medicamento podem se acumular no interior de células epiteliais provocando lesão. A eficiência da camada de gel mucoso como proteção também parece estar diminuída pela perda da hidrofobicidade induzida pelos AINEs(11). Bem descrito com a aspirina, este efeito tópico parece deixar de existir nos usuários crônicos em decorrência de uma adaptação da mucosa a esta ação (citoproteção adaptativa). O principal mecanismo patogênico dessas substâncias é a redução sistêmica da síntese de prostaglandinas através da inibição da cicloxigenase (COX). As prostaglandinas endógenas regulam o fluxo sangüíneo da mucosa, a regeneração de epitélio e a secreção de muco, bicarbonato e HCl. Sua inibição enfraquece a defesa mucosa contra agentes da luz predispondo a lesões. Os AINEs também induzem a síntese de TNF e leucotrienos que estimulam a adesão de neutrófilos ao endotélio da microcirculação gástrica(12). Esta adesão provoca lesões por obstrução do fluxo e liberação de proteases e radicais livres de oxigênio. Uma vez que a COX-1 é constitutiva e a COX-2 é pró-inflamatória, tem se desenvolvido AINEs cada vez mais seletivos para a COX-2, como o rofecoxib e o celecoxib. Apesar de existirem alguns estudos que mostram que estes compostos provoquem menos complicações da doença ulcerosa em relação aos AINEs não seletivos, existe pelo menos um estudo de longa duração que não mostrou vantagem do celecoxib sobre o diclofenaco(13). Além disso, estes medicamentos podem não ter efeito antiagregante plaquetário eficiente e o uso concomitante de ácido acetilsalicílico em baixa dose parece anular qualquer benefício em termos de redução de lesões. É possível também que a COX-2 tenha papel relevante na restauração da integridade da mucosa, explicando estes achados(14). O impacto destes modernos antiinflamatórios na história da úlcera péptica ainda está indefinido Relação entre H. pylori e AINEs A interação entre o uso de AINEs e a infecção pelo H. pylori é motivo de muita controvérsia e estudos conflitantes. Apesar de serem considerados fatores independentes na gênese de úlceras, a relação entre ambos ainda não está clara. Como a bactéria estimula a síntese de prostaglandinas, poderia amenizar as lesões induzidas pelos antiinflamatórios. Há estudos, porém, que sugerem que este possível aumento de prostaglandinas seria insuficiente para um efeito protetor. Outro aspecto que sugere uma interação negativa entre estes fatores é de que a inibição ácida induzida por inibidores de bomba de prótons (IBPs) é maior nos portadores da bactéria. O risco de úlceras parece ser menor nos infectados que usam AINEs mais omeprazol, comparados aos H. pylori negativo. Por outro lado, numa recente metanálise que incluiu 1.625 pacientes que usavam antiinflamatórios, atribuiu-se um risco de ocorrência de úlcera 3,5 vezes maior nos pacientes portadores de H. pylori em relação aos negativos(15). Há um estudo que mostra que a erradicação da bactéria reduz o risco de úlceras em pacientes que vão iniciar tratamento com AINEs. Contudo, há um outro trabalho que não mostra redução de risco com a erradicação em usuários crônicos desses medicamentos. Outrascausas de úlcera As úlceras não relacionadas ao H. pylori estão aumentando em países desenvolvidos(2). Com melhores condições de vida e a conseqüente redução da prevalência da infecção está diminuindo o número de úlceras decorrentes da bactéria. Como o número de pacientes com úlceras de outras etiologias permanece estável, uma proporção cada vez maior desses casos será diagnosticada. Algumas doenças sistêmicas estão associadas a maior incidência de ulcerações pépticas: insuficiência renal crônica, litíase urinária, cirrose hepática, doença pulmonar obstrutiva crônica, hiperparatireoidismo, deficiência de alfa-1-antitripsina e mastocitose sistêmica. Em pacientes imunodeprimidos podem ocorrer ulcerações relacionadas à infecção por toxoplasma, citomegalovírus e alguns tipos de fungos. A tuberculose, a sífilis e a doença de Crohn podem, muito raramente, manifestarem-se por lesões gastroduodenais. Pessoas submetidas a situações de estresse não fisiológico têm maior incidência de lesões gástricas agudas, como gastropatia hemorrágica e úlceras. Pacientes em ventilação mecânica, em choque, com coagulopatias graves e grandes queimados são considerados de maior risco. Na síndrome de Zollinger-Ellison as ulcerações ocorrem em decorrência de hiperacidez provocada por tumores secretores de gastrina. Os tumores se localizam principalmente no pâncreas e parede duodenal. Pacientes com a síndrome têm em geral úlceras duodenais de difícil tratamento e podem ter diarréia. O diagnóstico se baseia na dosagem de gastrina sérica e deve ser pensado em pacientes com úlceras refratárias ao tratamento, não associadas ao H. pylori ou ao uso de AINEs, com úlceras pós-bulbares ou com muitas recorrências. Está associado a neoplasia endócrina múltipla tipo 1. ÚLCERA PÉPTICA IDIOPÁTICA Em uma ínfima parcela de pacientes ulcerosos não se consegue identificar a presença de HP nem o uso de ácido acetilsalicílico ou outros antiinflamatórios. Nestas circunstâncias, torna-se prudente ainda uma re-investigação cuidadosa do emprego de antiinflamatórios. Por vezes, o próprio paciente desconhece que, entre os medicamentos por ele utilizados, incluem-se aqueles de potencial gastrotóxico. Importante também excluir com segurança a presença de HP como agente causal do quadro ulceroso, realizando, sempre que possível, sua pesquisa através de mais de um método sensível e específico de diagnóstico. Entre as causas raras de ulceração gástrica ou duodenal, estão a síndrome de ZollingerEllison, a doença de Crohn de localização gastroduodenal, estados hipercalcêmicos, linfomas, mastocitose sistêmica e outras infecções por Helicobacter heilmannii, citomegalovírus ou herpes simples. Quando todas estas possibilidades etiológicas são afastadas, consideramos a úlcera como idiopática. Um estudo escocês envolvendo 435 portadores de úlcera péptica, após cuidadosa investigação, encontrou apenas seis pacientes em que um agente etiológico não foi definido(C). Recentemente, alguns estudos têm descrito aumento da prevalência de úlceras idiopáticas, especialmente nos EUA, Canadá e Austrália, em que a prevalência da infecção por HP vem apresentando queda nas últimas décadas, porém, as explicações para este fenômeno ainda são controversas(B)
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