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2013-dis-jcsantos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS 
E GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
JOÃO CARLOS DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
CONSULTA DE ENFERMAGEM À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE ESTOMIA 
INTESTINAL: CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO E VALIDAÇÃO DE SEU 
CONTEÚDO 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza 
2013 
JOÃO CARLOS DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
CONSULTA DE ENFERMAGEM À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE ESTOMIA 
INTESTINAL: CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO E VALIDAÇÃO DE SEU 
CONTEÚDO 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Mestrado Profissional em Políticas Públicas e 
Gestão da Educação Superior da Universidade 
Federal do Ceará, como exigência final para a 
obtenção do título de Mestre em Políticas 
Públicas e Gestão da Educação Superior. Área 
de concentração: Gestão Estratégica em 
Instituição de Ensino Superior. 
 
Orientadora: Prof.ª Dra. Maria de Fatima de 
Souza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca de Ciências da Saúde 
S236c Santos, João Carlos dos 
 Consulta de enfermagem à pessoas em situação de estomia intestinal: construção de um 
instrumento e validação de seu conteúdo / João Carlos dos Santos. – 2013. 
98 f. : enc. ; 30 cm. 
 
 Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Mestrado Profissional em Políticas 
Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza, 2013. 
Área de concentração: Gestão Estratégica em Instituição de Ensino Superior. 
Orientação: Profa. Dra. Maria de Fatima de Souza 
 
 1. Enfermagem. 2. Colostomia. I. Título. 
 CDD: 617.55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO CARLOS DOS SANTOS 
 
 
CONSULTA DE ENFERMAGEM À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE ESTOMIA 
INTESTINAL: CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO E VALIDAÇÃO DE SEU 
CONTEÚDO 
 
 
 
 
Dissertação apresentada como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de 
Mestre em Políticas Públicas e Gestão da 
Educação Superior, outorgado pela 
Universidade Federal do Ceará. 
 
Dissertação aprovada em ____ /____ /2013. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
______________________________________ 
Prof.ª Dra. Maria de Fatima de Souza 
Presidente – Universidade Federal do Ceará/UFC 
 
 
 
_______________________________________ 
Prof.ª Dra. Maria do Socorro de Sousa Rodrigues 
Universidade Federal do Ceará/UFC 
 
 
_______________________________________ 
 Profa. Dra. Consuelo Helena Aires de Freitas Lopes 
Universidade Estadual do Ceará/UECE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais Antônio e Dalva Santos (in 
memoriam), que contemplam do céu mais esta 
vitória; 
Ana Paula, minha irmã, primeira da família a 
entrar na Universidade; 
Meus antepassados que não tiveram a 
experiência da vida acadêmica; 
Deusenir, minha esposa, e meus filhos 
Dandara Cristina, João Carlos Júnior e João 
Levi os quais muito amo; 
As pessoas portadoras de estomia intestinal 
para que este instrumento possa contribuir com 
a melhoria de sua qualidade de vida. 
AGRADECIMENTOS 
A Santíssima Trindade; Deus pai meu criador; Jesus Cristo meu Salvador pessoal 
e o Espírito Santo de sabedoria. 
A Maria, mãe do meu Salvador e minha mãe do céu que intercede por mim e por 
minha família. 
A universidade Federal do Ceará - UFC, minha segunda casa, responsável pela 
minha formação acadêmica em nível de pós graduação, após minha graduação, na minha 
primeira casa, a Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC – Ilhéus - BA. 
A professora Dra. Maria de Fátima de Souza, instrumento de Deus na minha vida 
acadêmica, pelo ensino, orientação e incentivo. 
Aos membros da banca, Profa. Dra. Maria do Socorro de Sousa Rodrigues e 
Profa. Dra. Consuelo Helena Aires de Freitas Lopes, pelas valiosas contribuições. 
 A professora Dra. Míria Conceição Lavinas Santos, membro da banca de 
qualificação pelas suas contribuições. 
 
As enfermeiras especialistas, Vânia Rodrigues Santos de Souza, Maria José 
Aguiar Santos, Yara Lanne Santiago, Maria Ângela Boccara de Paula, Miyoco Saito Sakuraba 
e Silvana Maria Lima Braga pela grandiosa contribuição e doação de seu tempo na análise do 
conteúdo do instrumento de atendimento a pessoa em situação de estomia intestinal, sem a 
qual este trabalho não teria sido realizado. 
A Enfermeira Vânia Rodrigues Santos de Souza, coordenadora de enfermagem da 
Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas – COPTRAF, do HUWC da UFC, e minha 
irmã de comunidade, pela sua contribuição na minha vida profissional. 
Ao Professor Dr. Paulo César de Almeida pela sua disponibilidade e ajuda na 
análise estatística. 
A Bibliotecária Rosane Maria Costa pela sua atenção e disponibilidade, sempre 
que a procurava prontamente me atendia e ajudava. 
Aos professores do mestrado POLEDUC, pelos ensinamentos. 
Aos colegas da turma do POLEDUC, pelo tempo que passamos juntos. 
Aos colegas do Hospital Universitário Walter Cantídio – HUWC, pelo incentivo. 
Aos meus familiares e amigos que partilham comigo meu crescimento 
profissional. 
Ao meu Formador Pessoal Cláudio Marinho, meus irmãos da Célula Nossa 
Senhora da Conceição Aparecida e os irmãos da Comunidade Católica Shalom que oraram 
por mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A enfermagem diferencia-se dos outros 
serviços humanos pela forma como ela 
focaliza os seres humanos”. 
Dorothea Orem 
 
RESUMO 
Estomias intestinais são intervenções cirúrgicas realizadas no cólon ou no intestino delgado, 
consistem na exteriorização de um segmento intestinal, através da parede abdominal, criando 
assim uma abertura artificial para a saída do conteúdo fecal. A consulta de enfermagem - 
atividade privativa do enfermeiro é utilizada prioritariamente para a promoção da saúde e da 
boa qualidade de vida. Um instrumento adequado à realização destas consultas contribui para 
um trabalho sistematizado que contemple as necessidades específicas de cada condição de 
saúde. Neste contexto objetivou-se com este estudo construir e validar o conteúdo de um 
instrumento para consulta de enfermagem, direcionado para pessoas em situação de estomia 
intestinal baseado na Teoria do Autocuidado de Orem por ser esta a teoria mais adequada. 
Trata-se de um estudo de desenvolvimento onde o instrumento para consulta de enfermagem 
foi construído com base na literatura, na Teoria de Orem e na experiência do pesquisador. 
Para a validação do conteúdo do instrumento, utilizou-se a metodologia de análise do 
conteúdo de instrumentos proposta por Pasquali. Esta análise é feita por especialistas na área 
em estudo que são denominados “juízes”, em face de sua tarefa consistir em ajuizar os itens 
do instrumento. Seis juízes participaram deste estudo, os questionários foram devolvidos em 
um prazo médio de nove dias. Utilizou-se para avaliação, estatística descritiva com resultados 
dados em frequência e porcentagem. Um percentual ≥ a 80% de concordância entre os juízes 
bem como a análise das observações e sugestões apresentadas por estes, resultou na 
manutenção, reformulação ou exclusão do item. Foram procedidas reformulações de alguns 
quesitos quando da elaboração do instrumento final, estas reformulações se ancoraram nos 
percentuais das respostas e nas observações e sugestões apresentadas pelos juízes. Nenhum 
quesito considerado irrelevante obteve percentual ou observações significativas que 
conduzissem à sua exclusão. O estudo demonstrou a inexistência de um instrumento padrão 
para consulta de enfermagem pra pacientes em situação de estomia intestinal; o método de 
validação de conteúdo de instrumentos por meio de avaliação por juízes se constitui um 
método adequadopara a consolidação de um instrumento para a aplicação na prática cotidiana 
profissional; a versão final do instrumento para consulta de enfermagem a pessoas em 
situação de estomia intestinal está pronto para ser utilizado na prática profissional; este 
instrumento foi submetido a processo de avaliação para validação do uso junto aos pacientes 
no ambulatório de proctologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade 
Federal do Ceará. 
Palavras-chave: Autocuidado. Consulta de enfermagem. Colostomia. 
ABSTRACT 
Intestinal ostomies are surgical interventions carried out in the colon or small intestine which 
consist in externalizing an intestinal segment through the stomach wall, therefore creating an 
artificial opening for the discharge of body waste. A nursing consultation, which is a nurse’s 
exclusive job, is used primarily to further improve health and good quality of life. An 
adequate instrument for these consultations will contribute to a systemized work which will 
meet the specific needs of each health condition. In this context, the objective of this study 
was to construct and validate the content of an instrument to be used in nursing consultation 
aimed at people suffering from intestinal stoma, based on Orem’s Self-care Theory, as this one 
has shown to be the most adequate theory. In this developmental study the instrument for 
nursing consultation was constructed based on literature, Orem’s theory and on the 
researcher’s experience. Pasquali’s methodology for analysis of the content of instruments 
was used to validate the content of the instrument. This analysis is done by specialists in the 
area studied who are called “judges” due to their task of judging the items of the instrument. 
Six judges took part in this study and the questionnaires were given back within an average of 
nine days. Descriptive statistics was used for evaluation and the results were given in 
frequency and percentage. A percentage ≥ 80% of agreement among the judges, together with 
the analysis of the observations and suggestions presented by them, resulted in maintaining, 
reformulating or excluding the item. Some questions were reformulated for the construction 
of the final instrument. These reformulations were based on the percentages of the answers, 
and on the observations and suggestions presented by the judges. Questions considered 
irrelevant received no significant percentage or observations which could lead to their 
exclusion. The study showed the inexistence of a standard instrument to be used in nursing 
consultation to patients suffering from intestinal stoma; that the method for validation of the 
content of instruments through evaluation by judges consists in an adequate method for the 
consolidation of an instrument to be used in the daily professional practice; the final version 
of the instrument to be used in nursing consultation to people suffering from intestinal stoma 
is ready to be used in the professional practice; this instrument has been submitted to a 
process of evaluation for validation of its use in patients attended to at the proctology ward at 
the Walter Cantídio University Hospital at the Federal University of Ceará. 
Keywords: Self-care. Nursing consultation. Colostomy 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 Respostas dos juízes na avaliação dos itens que compõem o 
instrumento avaliado quanto aos critérios adequação e relevância ....... 
 
55 
Tabela 2 Respostas dos juízes na avaliação dos quesitos que compõem o item 1 
do instrumento – “Dados de identificação” quanto aos critérios 
clareza e objetividade e relevância......................................................... 
 
57 
Tabela 3 Respostas dos juízes na avaliação dos quesitos que compõem o item 2 
do instrumento – “Exame Físico” quanto aos critérios clareza e 
objetividade e relevância........................................................................ 
 
59 
Tabela 4 Respostas dos juízes na avaliação dos quesitos que compõem o item 3 
do instrumento – “Requisitos Universais” quanto aos critérios clareza 
e objetividade e relevância.................................................................... 
 
61 
Tabela 5 Respostas dos juízes na avaliação dos quesitos que compõem o item 3 
do instrumento – “Requisitos de Desenvolvimento” quanto aos 
critérios clareza e objetividade e relevância.......................................... 
 
63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
itens que compõem o instrumento avaliado quanto ao critério 
adequação..................................................................................... 
 
56 
Gráfico 2 
 
Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
itens que compõem o instrumento avaliado quanto ao critério 
relevância...................................................................................... 
 
56 
Gráfico 3 
 
– Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação 
dos itens que compõem o instrumento avaliado quanto ao 
critério Clareza e objetividade..................................................... 
 
58 
Gráfico 4 Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
quesitos que compõem o item 1 – “Dados de identificação” 
quanto ao critério relevância......................................................... 
 
58 
Gráfico 5 
 
Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
itens que compõem o instrumento avaliado quanto ao critério 
Clareza e objetividade................................................................ 
 
60 
Gráfico 6 Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
quesitos que compõem o item 2 – “Exame Físico” quanto ao 
critério de relevância.................................................................... 
 
60 
Gráfico 7 
 
Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
itens que compõem o instrumento avaliado quanto ao critério 
Clareza e objetividade.................................................................. 
 
62 
Gráfico 8 Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
quesitos que compõem o item 3 – “Requisitos Universais” 
quanto ao critério de relevância.................................................... 
 
62 
Gráfico 9 
 
Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
itens que compõem o instrumento avaliado quanto ao critério 
Clareza e objetividade.................................................................. 
 
64 
Gráfico 10 Representação gráfica das respostas dos juízes na avaliação dos 
quesitos que compõem o item 4 – “Requisitos de 
Desenvolvimento” quanto ao critério de relevância..................... 
 
64 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 Distribuição das sugestões apresentadas pelos juiz.......................... 65 
Quadro 2 Distribuição dos itens e quesitos que compõem o instrumento para 
consulta de enfermagem .................................................................. 
 
69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABRASO Associação Brasileira de Ostomizados 
AC Autocuidado 
APECE Associação Portuguesa de Enfermeiros de Cuidados em Estomaterapia 
Art. Artigo 
Bpm Batimentos por minuto 
BVS Biblioteca Virtual em Saúde 
º C Grau Celsius 
CE Ceará 
COFEN Conselho Federal de Enfermagem 
COPTRAF Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas 
Dra. Doutora 
ECET European Council of Enterostomal Therapy 
ET Enfermeiro Estomaterapeuta 
ET Ti SOBEST Enfermeiro Estomaterapeuta Titulado 
EUA Estados Unidos da América 
FR Frequência Respiratória 
GAO Grupo de Apoio à Pessoa Ostomizada 
GARPO Grupo de Apoio e Reabilitação do Paciente Ostomizado 
HUWC Hospital Universitário Walter Cantídio 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística 
INCA Instituto Nacional do Câncer 
IOA Associação Internacional de Ostomizados 
Kg Quilograma 
LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe Ciências da Saúde 
Mm Hg Milímetros de Mercúrio 
Mrpm Movimentos respiratório por minuto 
MS Ministério da Saúde 
OMS Organização Mundial de Saúde 
P Pulso 
PA Pressão Arterial 
RHA Ruídos Hidro Aéreo 
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem 
SCIELO Scientific Electronic Library Online 
SOBEST Associação Brasileira de Estomaterapia: ostomias, feridas e incontinência 
Sra. Senhora 
SUS Sistema Único de Saúde 
T Temperatura 
UECE Universidade Estadual do Ceará 
UFC Universidade Federal do Ceará 
USP Universidade de São Paulo 
WCET Word Council of Enterostomal Therapists 
WHOQOL Group World Health Organization Quality of Life Group 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14 
1.1 O Contexto do Estudo.......................................................................................... 14 
1.2 Objetivos.............................................................................................................. 16 
1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 16 
1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 16 
2 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO...................................... 17 
2.1 Teorias em Enfermagem....................................................................................... 17 
2.2 A Teoria de Dorothea Orem................................................................................. 19 
3 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 23 
3.1 Contexto da Pessoa com Estomia Intestinal........................................................ 23 
3.2 Consulta de Enfermagem como Espaço de Promoção da 
Saúde.................................................................................................................... 
 
33 
3.3 Estomaterapia como Ciência................................................................................ 35 
3.4 Cuidados de Enfermagem em Estomia e sua Influencia na Qualidade de Vida.. 37 
3.5 Consulta de Enfermagem para Pessoas em Situação de Estomia Intestinal ....... 44 
4 METODOLOGIA.............................................................................................. 49 
4.1 Tipo de Estudo........................................................ ............................................ 49 
4.2 Os Caminhos Percorridos..................................................................................... 50 
4.3 Validação de Conteúdo de Instrumentos.............................................................. 52 
4.4 Métodos de Análise dos Dados .......................................................................... 53 
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................ 54 
6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 73 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 75 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 76 
 APÊNDICES 
 Apêndice A – Instrumento para Consulta de Enfermagem a Pessoas em 
Situação de Estomia Intestinal (proposta inicial) ........................................... 
 
86 
 Apêndice B – Carta Convite para os Juízes .................................................... 88 
 Apêndice C – Questionário para Avaliação dos Juízes .................................. 89 
 Apêndice D – Instrumento para Consulta de Enfermagem a Pessoas em 
Situação de Estomia Intestinal (final).............................................................. 
 
97 
14 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 O Contexto do Estudo 
 
 No exercício diário da minha vida profissional como enfermeiro e membro da 
Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas (COPTRAF) do Hospital Universitário 
Walter Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do Ceará (UFC), trabalhando na unidade 
de clínica cirúrgica, diretamente na assistência pós-operatória a pessoa portadora de estomia 
intestinal, pude constatar a necessidade de um atendimento sistematizado para esse tipo de 
paciente. Este atendimento sistematizado poderia repercutir diretamente nas condições com as 
quais a pessoa retornaria às atividades da vida cotidiana, tendo em vista que a estomia 
intestinal pode se constituir em uma nova maneira de viver, o que exigirá dela reaprender a 
conviver consigo mesma, adquirir conhecimentos novos e específicos, bem como o apoio 
psicológico para o enfrentamento da nova situação, com vistas a assegurar uma qualidade de 
vida a mais próxima possível do habitual. 
 Verifiquei que esta necessidade de atendimento poderia ser sistematizada pelo 
enfermeiro, em face desta deficiência, tornar a pessoa dependente dos profissionais da 
enfermagem e, muitas vezes, da estrutura hospitalar gerando custos adicionais tanto para a 
instituição como para o paciente. 
 Também pude evidenciar a fragilidade no cuidado a estes pacientes por falta de 
um instrumento adequadamente preparado, para ser utilizado durante as consultas de 
enfermagem, que contemple todas as demandas da pessoa em situação de estomia intestinal, 
com vistas a atender às necessidades de conhecimento deste, colaborando para a devolução à 
sociedade de um sujeito apto para desenvolver o seu autocuidado, suas atividades cotidianas e 
manter uma boa qualidade de vida. 
 O enfermeiro é um profissional que pode ajudar a pessoa ostomizada a adquirir 
autonomia no agir, aumentando a capacidade de enfrentar situações adversas e decidir sobre a 
sua vida e a sua saúde. A realização de ações educativas no decorrer de todas as etapas que 
envolvem o acompanhamento de pessoas em situação de estomia intestinal deve ocorrer no 
sentido de assegurar melhor aceitação e atitudes positivas diante da nova condição: “a de ser 
uma pessoa ostomizada”. 
 No Brasil a consulta de enfermagem foi legalizada com a Lei do Exercício 
Profissional da Enfermagem e regulamentada pela Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986 que, 
15 
 
 
 
de acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 1986), constitui-se em uma 
atividade privativa do enfermeiro que utiliza componentes do método científico para 
identificar situações de saúde/doença, prescrever e programar medidas de enfermagem que 
contribuam para a promoção, prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação do 
indivíduo, da família e da comunidade (COFEN, 1993). É um instrumento da prática de 
enfermagem na perspectiva da concretização de um modelo assistencial adequado às 
condições das necessidades de saúde da população. 
 A consulta de enfermagem possibilita a melhoria da compreensão e da aceitação 
da pessoa ostomizada e de seus familiares sobre a nova condição de vida, minimizando assim 
os fatores negativos que esta nova condição possa trazer a ele próprio e a seus familiares. 
Estas consultas são respaldadas por teorias que sustentam a prática profissional do enfermeiro. 
A escolha da Teoria do Autocuidado, de Dorothea Orem, vem de encontro com a 
problemática apresentada, pois a pessoa ostomizada não é considerada um doente e sim uma 
pessoa portadora de deficiência, que deve ser preparada para o retorno ao convívio social o 
mais próximo do habitual e retomar sua vida cotidiana. 
Uma busca na literatura impressa e por acesso via Biblioteca Virtual em Saúde 
(BVS), nas bases de dados das Ciências da Saúde, que compreende como fonte de 
informações: a Literatura Latino-americana e do Caribe Ciências da Saúde (LILACS), o 
Scientific Electronic Library Online (SCIELO), mostrouque a consulta de enfermagem ainda 
é realizada de forma incipiente e muito centrada no modelo de consulta médica, baseada, 
portanto, no caráter curativo tradicional. As atividades desenvolvidas pelos enfermeiros, 
quando existentes, restringem-se à anamnese, exame físico sumário das queixas e patologias e 
orientações voltadas para as queixas, medicações, procedimentos, etc., sempre com um 
caráter curativo, predominantemente individual, sem considerar, família e abordagens grupais 
que são conduzidas de acordo com o grau de conhecimento do enfermeiro que a realiza, visto 
não haver um protocolo específico para a assistência a estes pacientes. 
 A importância deste estudo está relacionada ao reconhecimento científico que se 
associa a um instrumento validado e utilizado nas consultas de enfermagem no HUWC da 
UFC, que constitui um hospital de ensino e recebe estudantes de cursos de graduação, pós-
graduação de diversas instituições de nível superior, além da residência multiprofissional da 
UFC. Logo, esta ação poderá ser disseminada entre os futuros profissionais e contribuir para o 
exercício de uma prática que poderá tornar-se referência para o atendimento de pessoas em 
situação de estomia intestinal, nas diversas instituições de saúde em que sejam atendidas 
16 
 
 
 
pessoas nestas mesmas condições, visando uma boa qualidade de vida do portador de estomia 
intestinal e a geração de indicadores da qualidade do serviço de enfermagem prestado no 
HUWC / UFC. 
 Intensificando minhas atividades na COPTRAF, deparei-me com o seguinte 
questionamento: Quais benefícios traria à pessoa em situação de estomia intestinal uma 
consulta de enfermagem sistematizada? Esta consulta atenderia a demanda de conhecimento 
necessário ao desenvolvimento do autocuidado da pessoa ostomizada? Um instrumento 
especificamente elaborado favoreceria a pessoa tornar-se apta para desenvolver o seu 
autocuidado e manter uma boa qualidade de vida? 
 Para responder a esses questionamentos, este trabalho tem o propósito de construir 
um instrumento para consulta de enfermagem a ser utilizado no ambulatório de 
coloproctologia do Hospital Universitário Walter Cantídio –HUWC - da Universidade Federal 
do Ceará – UFC, com pessoas em situação de estomia intestinal. Esse instrumento terá o seu 
conteúdo validado por especialistas na área de estomaterapia. 
 
1.2 Objetivos 
 
1.2.1 Objetivo geral: 
Construir um instrumento para consulta de enfermagem a pessoas em situação de 
estomia intestinal. 
 
1. 2.2 Objetivos Específicos: 
 Estruturar um instrumento de assistência de enfermagem para a consulta de 
enfermagem a pessoas em situação de estomia intestinal. 
Validar o conteúdo deste instrumento por meio de apreciação por enfermeiros 
especialistas denominados “juízes”. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO 
2.1 Teorias em Enfermagem 
 
Uma teoria é uma abstração da realidade entendida como uma organização de 
palavras ou outros símbolos que representam experiências perceptuais de objetos, 
propriedades ou eventos. Tal como um mosaico, uma teoria possui organização e padrões e, 
como abstração sistemática de realidade, ela também é orientada por propósitos. (CHINN; 
KRAMER, 1995). 
 
A enfermagem, no curso de sua história, esteve sempre dependente de outras 
ciências, portanto, sem um corpo de conhecimento próprio, o que fomentou nos enfermeiros, 
o desejo de conhecer a sua natureza e construir a sua identidade (ALMEIDA et. al. 2005). 
Para Raimondo et al. (2012), o fazer da enfermagem durante muitos anos foi 
apenas para resolução de problemas imediatos, sem aplicabilidade de teorias que 
fundamentassem seu fazer profissional, logo, sendo de modo intuitivo. Todavia, a influência 
de diversos fatores como os científicos, sociais, culturais, políticos e econômicos remeteram a 
enfermagem a um novo patamar reflexivo e a apropriação de uma fazer com bases científicas 
a partir da utilização das teorias no seu fazer profissional. 
A teoria de enfermagem é um instrumento de trabalho que ressalta o 
conhecimento científico, demonstrando as tendências das visões sobre o processo saúde - 
doença que embasam a prática do cuidado (PESSOA et al., 2006). 
As teorias de enfermagem explicitam a complexidade e multiplicidade dos 
fenômenos presentes no campo da saúde, também servem como referencial 
teórico/metodológico/prático aos enfermeiros na construção de conhecimentos, ao 
desenvolvimento de investigações e à assistência no âmbito da profissão (THOFEHM; 
LEOPARDI, 2002). 
No âmbito da educação em enfermagem, as teorias são, às vezes, apresentadas 
como um corpo de conhecimentos teóricos aprendidos além da arena da prática, isolando-a do 
trabalho cotidiano da enfermagem. Muito embora o desenvolvimento do ensino teórico na 
prática da enfermagem tenha sido focalizado nesta última década, a conexão prática/teoria 
ainda necessita ser explorada e articulada (DOAN; VARCOE, 2005). 
Para Schaurich e Crossetti (2010), as teorias podem ser consideradas aportes 
epistemológicos fundamentais à construção do saber e à prática profissional, auxiliam na 
18 
 
 
 
orientação dos modelos clínicos da enfermagem, possibilitam que os profissionais descrevam 
e expliquem aspectos da realidade assistencial, além de auxiliar no desenvolvimento da tríade 
teoria, pesquisa e prática na área, logo, objetiva consolidar a enfermagem como ciência e arte 
na área da saúde. 
O uso de teorias na enfermagem reflete um movimento da profissão em busca da 
autonomia e da delimitação de suas ações. Para Feijão (2011), as teorias servem de 
fundamentos para a prática, e o desenvolvimento destas teorias na enfermagem contribuem 
para a definição dos papéis da enfermagem como profissão, suas especificidades e seus 
saberes, como também para o desenvolvimento científico e autônomo de uma profissão que 
até recentemente era considerada uma ramificação do saber médico, no entanto, a 
incorporação das teorias na prática profissional do enfermeiro permanece incipiente. 
Há diversas Teorias de Enfermagem utilizadas no ensino e na prática dos 
enfermeiros, como a Teoria de Wanda de Aguiar Horta, Teoria das Necessidades Humanas 
Básicas, preconizado por Maslow; Teoria de Leininger, Teoria Cultural do Cuidado; Teoria de 
Martha Rogers, Teoria do Modelo Conceitual do Homem; Teoria de Sister Calista Roy, Teoria 
da Adaptação; Teoria de Imogenes King, Teoria Alcance dos Objetivos; Teoria Jean Watson, 
Teoria do Cuidado Transpessoal; Teoria de Hildegard E. Peplau, Teoria das Relações 
Interpessoais, dentre outras como de Orlando, Angel, Henderson, Roy e a Teoria de Dorothea 
Orem, Teoria do Autocuidado (MATOS et al. 2011; FAVERO et al 2009), que foi escolhida 
para este trabalho. 
Espera-se que através da aplicação dos pressupostos dessa teoria a pessoa 
ostomizada seja envolvida no processo do autocuidado, adquirindo autonomia e 
independência dos cuidados do enfermeiro tornando-se apta para o desenvolvimento do 
autocuidado, uma vez que ela deverá aprender a conviver com sua nova condição de 
ostomizada e através do autocuidado, buscar meios que lhe proporcione melhor qualidade de 
vida no âmbito familiar e social no qual está inserida, pois mesmo sendo considerada uma 
pessoa portadora de deficiência, com as orientações do profissional enfermeiro poderá 
adquirir habilidades psicomotoras e destreza manual para o desenvolvimento do autocuidado 
preconizado por Dorothea Orem em sua Teoria. 
A Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem afirma que a enfermagem tem como 
principal alvo a necessidade de ações de autocuidado do indivíduo e o fortalecimento e 
controle destas ações, numa base contínua para sustentar a vida e a saúde, recuperar-se de 
doenças ou ferimentos e se compatibilizar com seus efeitos (OREM, 2001 apud 
19 
 
 
 
RODRIGUES, 2006, p. 21). Por essa razão, neste estudo, trabalhamos com esta teoria, vistoser a pessoa em situação de estomia intestinal demandante de ações que a ajudem a promover 
o seu autocuidado. 
 
2.2 A Teoria de Dorothea Orem 
A Teoria do Autocuidado foi desenvolvida pela enfermeira Dorothea Elizabeth 
Orem que, em 1959, começou a trabalhar com o autocuidado para as pessoas com 
possibilidades de desempenhá-las independentemente da idade. (DUPAS et al, 1994, p. 20). 
Autocuidado é a prática de atividades que indivíduos iniciam e desempenham em 
favor de si na manutenção da vida, saúde, e bem-estar. Esse termo é composto pelo prefixo 
auto e o verbo cuidar, que se refere a (sozinho, sem ajuda, por iniciativa própria) e a favor de 
si mesmo, com o auto como o sujeito do verbo cuidar. Também tem a dupla conotação de 
cuidado (por si só) e (feito por alguém). Logo o portador de estomia é o agente do 
autocuidado, pois é o indivíduo que toma a ação. (OREM, 2001 apud RODRIGUES, 2006, p. 
21). 
A proposta de Orem se constitui em um modelo teórico composto por três teorias 
inter-relacionadas. Este modelo teórico tem como eixo central a teoria do autocuidado, sendo 
o autocuidado definido como uma função regulatória dos seres humanos. Há três teorias que 
se inter-relacionam na Teoria de Orem: a Teoria do Autocuidado - apresenta o conceito de 
autocuidado e como este se relaciona com o indivíduo, descreve conceitos de autocuidado, 
ação de autocuidado, demanda terapêutica de autocuidado e fatores condicionantes básicos 
que podem afetar na ação de autocuidado; a Teoria do Déficit de Autocuidado - a essência da 
teoria geral de Orem, pois demonstra quando os cuidados de enfermagem são 
imprescindíveis, isso ocorre quando há maior demanda do que capacidade e; a Teoria dos 
Sistemas de Enfermagem - descreve como a assistência será prestada. Essa teoria é 
classificada em três sistemas: 1. sistema totalmente compensatório, 2. sistema parcialmente 
compensatório e 3. sistema de apoio educação (BUB et al, 2006, p. 155; FOSTER; 
BENNETT, 2000, p. 84-87). 
Teoria do Autocuidado – Essa teoria apresenta três categorias/requisitos para o 
autocuidado que podem ser definidos como ações voltadas para a provisão do autocuidado - 
os requisitos universais; os requisitos de desenvolvimento do autocuidado e; os requisitos de 
autocuidado no desvio da saúde. 
20 
 
 
 
Os Requisitos Universais são definidos como ações voltadas para a provisão de 
autocuidado e estão voltados à processos de vida e à manutenção da integridade da estrutura e 
funcionamento humanos, comuns a todos seres humano. (FOSTER; BENNETT, 1993). 
Estão presentes em todos os indivíduos associados aos processos de vida e à 
manutenção da integridade da estrutura e funcionamento humano, categorizadas em 
oxigenação, alimentação e hidratação, atividade e repouso, eliminação, isolamento e interação 
social, risco à saúde e ao bem estar, promoção e desenvolvimento humano (TORRES et al., 
1999). 
Para Duppas et al. (1994) a Teoria de Orem abrange todos os níveis de prevenção, 
sendo prevenção primária aquela que se propõe a ajudar o indivíduo a encontrar as 
necessidades de autocuidado universal e de desenvolvimento. O níveis de prevenção 
secundária e terciária exigem intervenções associadas as alterações de saúde. 
Os Requisitos de Desenvolvimento do Autocuidado apresentam ações de 
autocuidado voltadas para os eventos sitiados nas diversas fases de desenvolvimento dos 
indivíduos (RAMOS et al., 2007). Este requisito refere-se a situações novas que ocorrem na 
vida do ser humano ou novos eventos com os quais ele deverá aprender a lidar como no caso 
da atividade laboral e atividade física. 
Teoria do Déficit do Autocuidado - Os Requisitos de autocuidado no desvio da 
saúde visam 1. Busca da garantia de assistência médica adequada; 2. Conscientização e 
atenção aos efeitos e resultados de condições e estados patológicos; 3. Execução efetiva de 
medidas prescritas pelo médico; 4. Conscientização e atenção, ou regulagem de efeitos 
desagradáveis ou maléficos de medidas prescritas de cuidados médicos; 5. Modificação do 
autoconceito (e da autoimagem) na aceitação de si como estando num estado especial de 
saúde e necessitando de formas específicas de cuidados de saúde; 6. Aprendizado da vida, 
associado aos efeitos de condições e estados patológicos, bem como de efeitos de medidas de 
diagnóstico e tratamento médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento 
contínuo do indivíduo (FOSTER; BENNETT, 1993, p. 92). 
Ainda para Foster e Bennett (1993), na teoria do déficit de autocuidado, Orem 
delineia quando há necessidade da atuação da enfermagem diante da incapacidade ou 
limitação do indivíduo realizar seu autocuidado e quando as pessoas necessitam incorporar 
medidas complexas para o autocuidado, onde seja necessário conhecimento e habilidades 
especializadas que necessitem de treinamento e das habilidade técnica do profissional 
enfermeiro. 
21 
 
 
 
Orem identifica cinco métodos de ajuda, no déficit de autocuidado 1. agir ou fazer 
para o outro; 2. guiar o outro; 3. apoiar o outro (física ou psicologicamente); 4. proporcionar 
um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se tornar capaz de satisfazer 
demandas futuras ou atuais de ação e 5. ensinar o outro. 
Para Farias e Nóbrega (2000), os requisitos de autocuidado no desvio da saúde 
estão relacionados aos problemas de ordem funcional, genética relacionada ao diagnóstico 
clínico e ao tratamento. 
Teoria de Sistemas de Enfermagem – Essa teoria classifica-se em três sistemas: 
Sistema totalmente compensatório; Sistema parcialmente compensatório e Sistema de apoio 
educação. O primeiro está representado por uma situação em que o indivíduo é incapaz de 
empenhar-se naquelas ações de autocuidado. O segundo está representado por uma situação 
em que tanto o enfermeiro quanto o paciente executam medidas ou outras ações de cuidado 
que envolvem tarefas de manipulação ou de locomoção. E no terceiro sistema de enfermagem, 
a pessoa consegue executar ou pode e deve aprender a executar medidas de autocuidado 
terapêutico (FOSTER; BENNETT, 1993). 
A Teoria de Sistemas de Enfermagem subsidiará a prática profissional do 
enfermeiro que identificará a maneira de atender a pessoa portadora de estomia intestinal, 
considerando o grau de dependência e a necessidade de autocuidado, bem como a capacidade 
desse de corresponder com a realização de práticas para seu autocuidado. 
Dorothea Orem define a concepção de pessoa, ambiente e enfermagem. Pessoa é 
um organismo biológico, racional e pensante, capaz de realizar ações de autocuidado. Para 
Orem, seres humanos diferem de outros seres vivos por sua capacidade de refletir acerca de si 
mesmos e de seu ambiente, capazes de desenvolver esforços para fazer coisas que trazem 
benefícios para si mesmos e para outros. O conceito de ambiente está centrado na sociedade 
formada por pessoas de um grupo social que devem ser ajudadas a restabelecer suas 
responsabilidades, cabendo à enfermagem o objetivo de ajudá-las a manter, por si mesmo, 
ações que vise o autocuidado, revertendo em benefícios próprio, e a enfermagem é o agente 
que proporciona ao indivíduo e/ou grupos assistência direta em seu autocuidado segundo sua 
necessidade. Para Orem, a enfermagem diferencia-se dos outros serviços humanos pela forma 
como ela focaliza os seres humano (SARAT, 2007). 
Sampaio et al. (2008) propõe a promoção do cuidado de enfermagem de forma 
holística através da aplicação da teoria do autocuidado com uma assistência direcionada para 
22 
 
 
 
as necessidades do paciente. Essa teoria ressalta a importância do engajamento do paciente no 
autocuidado. 
É da responsabilidade do enfermeiro promover o autocuidado, e levar o cliente a 
participar do seu autocuidado na medida de sua capacidade e de seu estado de saúde 
transformando-o em um agente de autocuidado (DIÓGENES E PAGLIUCA 2003).23 
 
 
 
3 REVISÃO DA LITERATURA 
 
3.1 Contexto da Pessoa com Estomia Intestinal 
 
A pessoa em situação de estomia intestinal é aquela vítima da violência por arma 
branca, de fogo ou perfuração abdominal por objetos perfurantes e outras doenças como 
neoplasia maligna que comprometem o aparelho intestinal, na qual poderá ser realizado o 
procedimento cirúrgico de estomia que pode ser temporária ou definitiva. Pessoa ostomizada 
é “aquela que, em decorrência de um procedimento cirúrgico, consiste na exteriorização do 
sistema (digestório, respiratório e urinário), possui um estoma que significa uma abertura 
artificial entre os órgãos internos com o meio externo” (BRASIL, 2009). 
Com o crescimento da população, o Brasil atingiu 190.732.694 pessoas no último 
censo demográfico de 2010, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE 2010). Frente ao aumento da população e da expectativa de vida, o Instituto Nacional 
do Câncer (INCA) afirma que houve um aumento de doenças crônico degenerativas, dentre 
elas o câncer, particularmente o câncer no intestino grosso ou delgado que é o maior causador 
das estomias, com uma estimativa de 30.140 casos, sendo 14.180 homens e 15.960 mulheres 
no ano de 2012 para este tipo de câncer (INCA 2012). Adicionalmente, causas externas como 
o aumento da violência urbana, acidentes de trânsito e violência por arma branca e arma de 
fogo, tendem a aumentar o número de pessoas que serão submetidas à estomia intestinal. 
Em estudos realizados por Silva et al. (2010) no estado do Ceará, o trauma 
abdominal destaca-se como uma das causas mais comuns de indicação das estomia intestinal. 
Estaticamente, as pessoa portadoras de estomia intestinal e/ ou urinárias, apesar de não 
constituir uma clientela expressiva em termos de saúde pública, merecem atenção especial dos 
profissionais da saúde, políticas públicas e programas de saúde com intervenções voltadas 
para a reabilitação que atendam tanto o fornecimento de dispositivos específicos para ser 
utilizado, como no atendimento psicossocial, pois esta nova condição, de ostomizado, 
influencia na qualidade de vida individual e familiar (SANTOS, 2000). 
Neste trabalho será utilizado o termo “pessoa em situação de estomia intestinal”, 
para definir a pessoa no pré ou pós-operatório de estomia intestinal. Pessoa ostomizada ou 
ostomizado como aquela que possui um estoma. E será utilizado o termo estoma ou estomia, 
que são termos adequados para a língua portuguesa no Brasil, segundo a Academia Brasileira 
de Letras, em consulta feita pela Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e 
24 
 
 
 
incontinência (SOBEST, 2013). 
 Estomias Intestinais, colostomia e ileostomia, são intervenções cirúrgicas 
realizadas, tanto no cólon (intestino grosso) como no intestino delgado, respectivamente e 
consiste na exteriorização de um segmento intestinal, através da parede abdominal, criando 
assim uma abertura artificial para a saída do conteúdo fecal (BRASIL, 2009). 
 A palavra estoma vem do grego “stocum” e significa abertura ou boca. 
Considera-se estomia a abertura cirúrgica de um órgão ou segmento com vistas à derivação 
e/ou infusão. É indicada nas situações de malformações congênitas e traumática. É adjuvante 
no tratamento de feridas complexas em região perineal e nas reconstruções cirúrgicas 
plásticas em períneo, incontinências anal ou urinária severa e irreversível, e doenças 
neoplásicas (INCA 2008). 
É um procedimento cirúrgico realizado há quase trezentos anos em tratamento 
ocasionado no colo e reto, sendo sua utilização difundida no tratamento de outras patologias 
cirúrgicas, como a obstrução intestinal por neoplasia, as complicações de doença diverticular 
e a Síndrome de Fournier. Esse procedimento, além de ser realizado pelo médico cirurgião 
especialista, também é realizado pelo cirurgião geral em situação de urgência (MARQUES; 
SILVA, 2006). 
Dependendo da etiologia da doença, pode ser indicada a realização de um estoma 
temporário (trauma abdominal com perfuração intestinal) ou definitivo (quando não existe a 
possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal, geralmente na situação de câncer) 
(GAMELLI, 2002). 
A realização de uma estomia intestinal tem como objetivo a exclusão total do 
trânsito fecal, a fim de evitar a contaminação dos tecidos adjacentes pelo extravasamento de 
fezes e permitir condições locais para a cicatrização completa da lesão. Tratando-se de estoma 
temporária, posteriormente, o trânsito intestinal será restabelecido através da reconstrução 
intestinal (CARREIRO et al., 2000). 
Para Simões et al. (2000), a maioria dos pacientes que são submetidos a 
colostomia intestinal é posteriormente submetido a uma nova intervenção cirúrgica para a 
reconstrução do trânsito intestinal, denominada de decolostomia. 
 Embora os estomas intestinais sejam mais frequentes em adultos, também 
podem ocorrer em crianças, geralmente é atribuído a malformações congênitas, onde a 
cirurgia é realizada no período neonatal, o que demanda necessidade importante de 
informações da parte dos profissionais de saúde para a obtenção de um adequado 
25 
 
 
 
conhecimento e cooperação por parte dos pais (CARVALHO, 2003). 
Silva e Shimizu (2006) relatam que as pessoas ostomizadas, devido à alteração da 
imagem corporal e da autoimagem, apresentam o sentimento de medo, solidão e impotência, e 
por isso costumam evitar locais públicos e o convívio social. As autoras consideram que esse 
sentimento é devido à falta de informação para o autocuidado e o estigma, por julgar-se 
diferente, o que leva a esse tipo de comportamento social. Em decorrência disso, alguns 
pacientes preferem aposentar-se, passam por desorganização emocional intensa, perdem o 
prazer de viver e vivenciam sentimentos de medo, angústia, solidão. 
Para Espadinha e Silva (2011), os efeitos psicológicos surgem quando o 
ostomizado perde o controle sobre ato de evacuar após uma cirurgia, que é voluntário e 
controlável, ocorrendo um efeito profundo quer no corpo, quer na compreensão e integração 
do fenômeno, fazendo surgir múltiplas dúvidas, insegurança e reações diversas, ocasionando 
problemas de ordem física, emocional e relacional. Tudo isso leva a pessoa ostomizada a 
depara-se com múltiplos problemas relacionados com a perda da continência fecal e a 
necessidade de utilizar um dispositivo coletor de fezes. 
O paciente que é submetido a um procedimento considerado agressivo como a 
colostomia ou a ileostomia, tem alteração na fisiologia gastrointestinal, autoestima, imagem 
corporal, além de outras modificações em sua vida, o que representa um desafio para o 
cuidado pelo enfermeiro (SONOBE et al., 2002). 
Na visão de Maruyama (2009), acontecem repercussões na vida da pessoa com 
estoma, como a necessidade de uso de bolsas de colostomias, dependência aos cuidados 
profissionais de modo contínuo e modificação no modo viver nos âmbitos pessoal, familiar, 
profissional, social e cultural. 
Para Batista et al. (2011) o ostomizado necessita utilizar uma bolsa de coleta de 
fezes aderida ao abdome devido a comunicação do intestino para a parte de fora do corpo. 
Estes autores observaram que a percepção da pessoa portadora de colostomia sobre a bolsa 
coletora está intimamente ligada a sentimentos negativos como medo, insegurança, mutilação, 
sofrimento, afetando a sua rede social de trabalho e de lazer e a sua sexualidade. 
Esses efeitos tornam-se mais aparentes quando o paciente é submetido ao 
procedimento de urgência sem ter tido um preparo prévio do que seria realizado, deparando-
se no pós-operatório com uma parte do seu intestino posicionado na parede abdominal por 
onde ele, durante certo período e/ou definitivamente irá eliminar fezes, diferentemente da 
vivência anterior, considerada normal e aceita pela sociedade, apresentando vários 
26 
 
 
 
sentimentos, reações e comportamentos,desde a negação até a aceitação. 
Bellato et al. (2007) realizou estudos das repercussões da estomia na vivência 
familiar e as consequências que ela tem para a vida das próprias pessoas e suas famílias, e 
conclui que os profissionais de saúde e enfermagem devem compreender como é viver a 
condição de ostomizado na dimensões familiar, para poder pensar em um cuidado de 
enfermagem que atenda, de modo efetivo, às necessidades das pessoas ostomizadas. 
Para Santos (1999), as pessoas submetidas a uma ostomia intestinal vivenciam 
uma situação de estresse, devido ao enorme impacto emocional, tanto pela doença como pelo 
tratamento, o que acarreta profundas mudanças em seu estilo de vida. Esse stress é vivenciado 
desde o momento do diagnóstico, perpassa pelo internamento e vai até a alta hospitalar, 
quando ele se deparará com a falta do aparato existente no ambiente hospitalar. 
Autores relatam que as dificuldades relacionadas à sexualidade são devido às 
alterações na imagem corporal, pois o procedimento cirúrgico pode causar algumas 
disfunções fisiológicas no homem, como a redução ou perda da libido, diminuição ou 
ausência da capacidade de ereção, alteração da ejaculação e, na mulher, a redução ou perda da 
libido, dores durante o ato sexual, entre outras. Mostram ainda que boa parte das dificuldades 
sexuais também têm origem psicológica, devido à vergonha frente ao parceiro, sensação de 
estar sujo e repugnante (SOUZA et al., 1997; SILVA; TEIXEIRA, 1997). 
Estudos de Andrade et al. (1997) constataram queda na qualidade de vida do 
ostomizado em consequência da mudança na sua sexualidade, devido principalmente a 
diminuição ou ausência das relações sexuais e ressalta a atuação do profissional no 
desenvolvimento de um trabalho que promova uma gradativa aceitação do ostomizado pelo 
seu parceiro. Logo, a importância da intervenção profissional para a pessoa em situação de 
estomia intestina desde a fase diagnóstica e a fase pré- operatória precoce, a fim de promover 
uma boa evolução no decorrer das etapas de reabilitação, tanto do paciente como do seu 
parceiro. 
Com relação às mulheres, Martins et al. (2011) afirmam que a presença de um 
estoma em um corpo feminino, acarreta grandes repercussões sobre a vida da mulher pois 
escapa dos padrões de beleza preconcebidos e pode ser visto como assexuado e improdutivo, 
podendo trazer sérias limitações em sua vida, especialmente quando esta se encontra em fase 
reprodutiva. O enfermeiro deve direcionar a assistência de enfermagem além do aspecto 
técnico para os aspectos mais subjetivos que entrelaçam a vida humana não considerando que 
a sexualidade não faça parte da saúde humana. A construção de tecnologias de cuidado de 
27 
 
 
 
enfermagem que auxiliem na promoção da qualidade de vida dessas mulheres pode ser 
desenvolvida pelo enfermeiro. 
Paula et al. (2009) ao identificar os fatores que influenciam na sexualidade do 
ostomizado, valorizados e trabalhados, por profissionais especializados, ajudará a pessoa e o 
parceiro na adaptação às novas condições, na busca de novas estratégias de enfrentamento 
inclusive para uma vida sexual ativa e prazerosa, auxiliando nos processos de adaptação e 
reabilitação. 
Deve haver capacitação permanente dos profissionais que compõem a equipe de 
saúde e o conhecimento dos significados atribuídos à sexualidade pelo ostomizado e a 
inclusão da sexualidade no leque de orientações na rotina de atendimento da equipe que o 
assiste, contribuindo para melhorar qualidade de vida da pessoa ostomizada. 
É importante um elo de confiança muito grande entre o profissional enfermeiro, o 
paciente e seu parceiro ou parceira no sentido de diálogo de como acontece a vivência da 
sexualidade no casal, compreender como era a vivência da sexualidade antes da estomia e 
como passará a viver diante da nova condição. 
Em relação ao paciente com estomia definitiva, Silva e Shimizu (2006) falam 
sobre a dificuldade da reinserção do ostomizado no mercado de trabalho devido à insegurança 
para continuar cuidando da estomia e ainda trabalhar, o que os leva a pedir aposentadoria 
precocemente por invalidez. A ausência de atividade laborativa pode levá-los à ociosidade e 
ao isolamento social, o que contribuirá para prejudicar ainda mais sua qualidade de vida. 
Souza (2011), relatando sobre a pessoa com colostomia temporária, cita que esta 
pessoa com vivência de colostomia temporária apresenta mudanças no cotidiano da sua vida. 
As alterações são nos hábitos de vida, destacando-se a alimentação, o sono e o controle das 
eliminações intestinais, devido a incapacidade de controle fecal associada à necessidade da 
utilização dos dispositivos coletores de fezes que requerem uma nova forma de viver. 
 A condição do ostomizado temporário difere do ostomizado definitivo, pois no 
primeiro há a perspectiva futura do fechamento da mesma, diferentemente do ostomizado que 
terá que aprender a conviver pelo resto da vida com o estoma. 
No relacionamento dos profissionais, com o ostomizado temporário, deve-se ter 
prudência ao lidar com seu diagnóstico, pois pode acontecer frustação deste quanto ao 
fechamento do estoma, quando há um laudo médico contrário que indique a necessidade de 
tornar-se um ostomizado definitivo, e neste sentido a pessoa ostomizada já deve ser 
trabalhado desde o momento do diagnóstico médico para não haver surpresas desagradáveis 
28 
 
 
 
no decorrer do tratamento. 
A realidade das pessoas portadoras de estoma intestinal exige das autoridades a 
adoção de políticas públicas para o seu atendimento. Nesse sentido o Ministério da Saúde, 
cria a Portaria nº 400, de 16 de novembro de 2009, que estabelece Diretrizes Nacional e cria 
Serviços para Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas no âmbito do Sistema Único de 
Saúde (SUS), a serem observadas em todas as unidades federadas. Esse Serviço é classificado 
em Atenção às Pessoas Ostomizadas I e Atenção às Pessoas Ostomizadas II, sendo que o 
primeiro deverá realizar ações de orientação para o autocuidado, prevenção de complicações 
nas estomias e fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança 
e o segundo II deverá realizar ações de orientação para o autocuidado, prevenção e tratamento 
de complicações nas estomias, fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de 
proteção e segurança e capacitação de profissionais (BRASIL, 2009). 
Anualmente cerca de 1,4 milhão de pessoas utilizam os serviços no SUS 
conforme a Portaria nº 400, de 16 de novembro de 2009 e outras diretrizes do MS, sendo 
atendidos por equipes formadas por médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, e 
nutricionista, para intervenções especializadas, orientações para o autocuidado, prevenção de 
complicações nas estomias, além da prescrição e fornecimento das bolsas coletoras e 
adjuvantes de proteção e segurança (BRASIL 2013). 
Para Fernandes et al. (2010), o Programa de Atenção à Pessoa Ostomizada não 
pode ser apenas um centro de concessão de equipamentos e adjuvantes e é importante que os 
pacientes conheçam o papel da equipe multidisciplinar na recuperação e reabilitação precoces. 
Outra política pública que favoreceu a pessoa ostomizada foi o Decreto nº 5.296 
/2004, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das 
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e define deficiência física 
como sendo uma alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, 
acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, 
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, 
hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, 
nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades 
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (BRASIL,2004). 
Este Decreto contempla a pessoa portadora de estomia no contexto de pessoas 
com deficiência ou mobilidade reduzida, assegurando a essas os mesmos direitos observados 
29 
 
 
 
aos portadores de deficiências, entretanto, diferentemente dos demais, os portadores de 
estomias intestinais ainda não possuem um elemento identificador de sua deficiência capaz de 
torná-la usuária efetiva dos direitos que lhe são assegurados como o uso prioritário de 
assentos de transporte público; estacionamentos; prioridade em filas instituições como banco, 
supermercado, estabelecimentos públicos e/ou privados ou outros locais reservados para 
pessoas com deficiência. 
O Projeto de Lei nº 5384/2005 cria o Símbolo Nacional da Pessoa Ostomizada, 
este Projeto de Lei tramita no Congresso Nacional desde 07/06/2005 aguardando o parecer na 
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara de Deputados (ABRASO, 
2012). É necessário que os organismos associativos dos estomizados pressionem os 
parlamentares para a imediata aprovação do referido Projeto de Lei, para que o mecanismo de 
utilização do símbolo, a exemplo do símbolo dos idosos e gestantes, possa ser oficialmente 
disseminado e as pessoas possam usufruir do seu direito por meio da utilização de adesivos e 
também de sinalizadores como carteirinhas que os possam identificar sem causar nenhum 
constrangimento. 
Ainda no que se refere à acessibilidade e inclusão, é importante a construção de 
banheiros adequados para a pessoa portadora de ostomia intestinal, a começar pelos 
estabelecimentos públicos, escolas, universidades e principalmente nos hospitais que prestam 
atendimento a pessoa ostomizada. 
Campanhas de divulgação nos meios de comunicação devem ser conduzidas no 
sentido de tornar conhecido o símbolo nacional da pessoa ostomizada e o mesmo deve ser 
afixado em lugar de boa visualização e em todos os espaços de utilização dos mesmos. 
 
 
Figura 1-Símbolo Nacional de Pessoa Ostomizada 
 
Entretanto, mesmo com a existência destas políticas, não é assegurado a essas 
pessoas o pleno gozo dos direitos que lhes são concedidos pela legislação, tendo em vista as 
30 
 
 
 
inúmeras questões já atadas aqui. 
Com o objetivo de contribuir com campanhas de divulgação e luta dos direitos e 
conquistas da pessoa ostomizada e de minimizar os sentimentos negativos que assolam os 
portadores de estomas intestinais, Zampieri e Jatobá (1997) ressaltam a importância da 
criação de núcleos e associações de pessoas portadoras de estoma. Esses mesmos autores 
ressaltam ainda a criação da primeira associação de pessoas portadoras de estomas na cidade 
de Fortaleza - Ceará em 1975, com o objetivo de oferecer aos portadores de estomas 
intestinais assistência interdisciplinar, no contexto psicossocial procede o fornecimento de 
equipamentos e acessórios necessários para a manutenção dos cuidados corporais, com vista à 
readaptação precoce e ao autocuidado tornando-se, assim, sujeitos independentes e capazes de 
uma total reintegração social. Esta associação é denominada “Clube dos Ostomizados do 
Brasil”. 
As associações de ostomizados estão presentes em vários estados do país, estão 
ligadas nacionalmente a Associação Brasileira de Ostomizados (ABRASO) e 
internacionalmente a Associação Internacional de Ostomizados (IOA) - entidade que reúne 
sessenta e quatro países, fundada em 1975, para fazer cumprir seus direitos dos estomizados 
como os que estão descritos no documento “Declaração dos Direitos dos Ostomizados” onde 
apresenta as necessidades especiais dos ostomizados e os cuidados que eles requerem. Essas 
pessoas precisam receber informações e cuidados que os capacitem a viver uma vida 
autônoma e independente e participar de todos os processos decisórios. É objetivo declarado 
da Associação Internacional de Ostomizados que essa Declaração de Direitos seja 
reconhecida em todos os países do mundo (ABRASO, 2012). 
Nessas associações também se formam grupos de auto ajuda que contribuem para 
valorizar a autoimagem do ostomizado, superar os estigmas, preconceitos e elevar autoestima, 
além de contribuir para o autocuidado. 
Crema e Silva (1997) ressaltam a importância dos núcleos e associações de 
ostomizados, pois são representantes junto às instituições públicas do governo, dos portadores 
de estomia, além de auxiliá-los na readaptação precoce e ao autocuidado, tornando-os 
independentes e propiciando sua reintegração social. 
Silva e Shimizu (2006) consideram a associação dos ostomizados um espaço onde 
eles podem colocar suas angústias e sentimentos e serem compreendidos por seus pares. Local 
onde os profissionais de saúde devem estimular pessoas ostomizadas a frequentarem a fim de 
trabalhar a melhoria da sua qualidade de vida. 
31 
 
 
 
Pereira e Pelá (2006) identificaram em um grupo de ostomizados definitivos a 
importância das atividades grupais na busca da aceitação, pois para eles, nos grupos, eles 
interagem com outras pessoas nas mesmas situações, eles veem no grupo um espaço para 
conversar, fortalecer laços e fazer novas amizades. Também no grupo, aprendem a superar a 
solidão, compartilham alegrias, afetos, amor e tristezas, o que se torna um incentivando a 
aprender a conviver com a nova condição. Para as autoras, o trabalho em grupo é um 
excelente espaço para a atuação do enfermeiro, está em franca expansão e promete 
consolidar-se na prática de enfermagem. 
Martins et al. (2005) desenvolveram um trabalho no Grupo de Apoio à Pessoa 
Ostomizada (GAO), em Santa Catarina, onde se realizaram ações de saúde fundamentadas na 
parceria, que se expressaram por meio da troca de vivências e saberes entre profissionais, 
usuários, familiares e profissionais compartilhando técnicas, conhecimentos, vivências que é 
condição sine qua non para a melhoria da qualidade de vida. Logo, é necessária a defesa e 
manutenção dos direitos humanos das pessoas ostomizadas e a capacitação dos profissionais e 
usuários, para que assimilem a nova realidade da pessoa submetida à cirurgia de estomia. 
Estudos realizados por Para Freitas e Pelá (2000) com Portadores de Colostomia 
Definitiva e seus acompanhantes (parceiros sexuais e familiares), no - Grupo de Apoio e 
Reabilitação do Paciente Ostomizado - GARPO, durante as reuniões na Escola de 
Enfermagem de Ribeirão Preto – USP, demonstraram que tanto o sujeito portador de 
colostomia como seu parceiro sexual necessitam de informações a respeito de sua sexualidade 
e que os profissionais da saúde necessitam de preparo específico, no sentido de atender aos 
questionamentos concernentes à sexualidade, sobretudo com referência aos sujeitos 
portadores de colostomia, logo perceberam que os enfermeiros, necessitam de preparo para 
intervir junto à integridade geral e sexual do casal ostomizado. 
Dessa forma os ostomizados se organizam para fazer valer os direitos 
conquistados não somente no serviço público, como também na iniciativa privada, a exemplo 
da conquista de equipamentos coletores que através da Lei nº 12.738, de 30 de novembro de 
2012 que torna obrigatório o fornecimento de bolsas de colostomia, ileostomia e urostomia, 
de coletor de urina e de sonda vesical pelos planos privados de assistência à saúde. Tais 
conquistas são comemoradas no Dia Nacional dos Ostomizados, dia 16 de novembro, data da 
fundação da ABRASO, através da Lei 11.506 em 19 de julho de 2007 e, internacionalmente, 
03 de outubro no dia mundial do ostomizado data comemorada a partir do ano de 1993. 
(BRASIL, 2007, 2012; ABRASO, 2012). 
32 
 
 
 
 No Estado do Ceará, por meio da Secretaria Estadual da Saúde e em Fortaleza 
por meio da Prefeitura Municipal, através do Programa de Atenção ao Paciente Ostomizado, 
1.200 e 900 ostomizados estão cadastrados respectivamente. A entrega de bolsas coletoras é 
feita na capital e em municípios do interior do Estado. As pessoas ostomizados utilizam entre 
10e 15 bolsas coletoras por mês o que totaliza entre 21.000 e 31.500 bolsas distribuídas em 
um mês no estado do Ceará (CEARÁ, 2013) (FORTALEZA, 2013). 
São direitos dos ostomizados: 
1. Receber aconselhamento pré-operatório para assegurar que ele tenha pleno 
conhecimento dos benefícios da cirurgia e dos fatos essenciais sobre viver com um 
ostoma; 
2. Ter um ostoma bem feito e bem localizado, com consideração integral e adequada ao 
conforto do paciente; 
3. Receber apoio médico e profissional experiente e cuidados de enfermagem 
especializada em ostomas nos períodos pré e pós-operatório, tanto no hospital como na 
sua comunidade; 
4. Receber apoio e informação para o benefício da família, cuidadores e amigos, a fim 
de aumentar o entendimento sobre as condições e adaptações que são necessárias para 
se alcançar um padrão de vida satisfatório com um ostoma; 
5. Receber informações completas e imparciais sobre todos os fornecimentos e produtos 
relevantes disponíveis em seu país; 
6. Ter acesso irrestrito à variedade de produtos acessíveis para ostomia; 
7. Receber informações sobre sua Associação Nacional de Ostomizados e os serviços e 
apoio que podem ser oferecidos; 
8. Estar protegido de toda e qualquer forma de discriminação; 
9. Estar seguro de que toda informação pessoal relacionada à sua cirurgia de ostomia 
será tratada com discrição e confidencialidade para manter sua privacidade e que 
nenhuma informação sobre sua condição clínica será divulgada por qualquer pessoa que 
a possua, para entidades envolvidas com a fabricação, comércio ou distribuição de 
materiais relacionados à ostomia; nem poderá ser divulgada para qualquer pessoa que se 
beneficiará, direta ou indiretamente, por causa de sua relação com o mercado de 
produtos de ostomia, sem o consentimento expresso do ostomizado. 
 
 
33 
 
 
 
3.2 Consulta de Enfermagem como Espaço de Promoção da Saúde 
 
A denominação Consulta de Enfermagem foi criada em 1968 por enfermeiros que 
participaram de um Curso de Planejamento de Saúde da Fundação de Ensino especializado de 
Saúde Pública no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, em fevereiro de 1972, a consulta de 
enfermagem é implantada no ambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre sob a 
coordenação da Professora Léa Muxfeldt, chefe do serviço. Tal implantação sofreu muita 
resistência de profissionais de outras áreas, porém conseguiu se consolidar e até hoje é 
oferecida no serviço com a mesma estrutura de consulta das demais áreas de atuação do 
ambulatório (GALPERIN; PORTELLA, 1990). 
A consulta de enfermagem compõe-se de histórico de enfermagem 
(compreendendo a entrevista), exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição e 
implementação da assistência e evolução de enfermagem, em todos os níveis de assistência à 
saúde. A obrigatoriedade da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE em 
unidades de saúde pública e privada segue o artigo 2° da Resolução COFEN nº 272/ 2002. 
(COFEN, 1993 e 2002). A SAE é um recurso através do qual o enfermeiro pode demonstrar 
seus conhecimentos científicos, técnicos e humanos para com o paciente e planejar seus 
cuidados através da prescrição de enfermagem. Através de um roteiro sistematizado de 
levantamento de dados sobre a situação de saúde do ser humano, torna possível a 
identificação dos seus problemas o que compõe uma das etapas do processo de enfermagem 
(LIMA et al. 2009; PIVOTTO et al 2004) 
Para Luz et al. (2009) e Santos (2000) a consulta de enfermagem tem como 
propósito, assistir ao cliente e sua família de forma holística, e contribuir para maior 
independência dos serviços de saúde e deve ser uma atividade integrada às ações de outros 
profissionais da área da saúde. 
De acordo com a Lei nº 7.498/86 e o Decreto nº 94.406/87, Art. 8 – o enfermeiro 
exerce todas as atividades de enfermagem cabendo-lhe: I- Privativamente: e) Consulta de 
enfermagem; f) Prescrição da assistência de enfermagem (COFEN, 1987). 
Para Galperin e Portella (1990), "É uma atividade utilizada por profissionais 
capacitados para fornecer parecer, instrução ou examinar determinada situação a fim de 
decidir sobre um plano de ação sobre sua área de conhecimento em relação às necessidades 
apresentadas pelo cliente", sendo utilizada prioritariamente para promoção da saúde e da boa 
qualidade de vida do indivíduo. No campo gerencial, atua especificamente com a supervisão 
34 
 
 
 
de saúde, é em forma de ações combinadas qualitativas e quantitativas, sistemáticas e 
completas, de modo a se efetuarem em uma sucessão ordenada, lógica e de acordo com 
critérios pré-estabelecidos pelo sistema. Portanto possui metodologia própria, onde as ações 
realizadas constituem o Processo de Enfermagem (GALPERIN; PORTELLA 1990). 
Para realizar uma consulta, o enfermeiro precisa estar preparado para atender às 
demandas do cliente, aceitando seus valores, lembrando que o mesmo faz parte de um núcleo 
familiar e social, que é um ser holístico constituído de corpo, mente, e espírito, deve lembrar 
ainda que a saúde é resultado de necessidades humanas atendidas (ADAMI et al., 1989). 
Para Lopes et al. (1999), durante o processo de interação, algumas vezes, será 
necessário negociar (valores culturais) e/ou fazer contratos para uma efetiva adesão ao que é 
prescrito (cuidados e/ou terapêutica). Ou seja, é preciso procurar, ao longo da consulta, 
desenvolver uma aliança terapêutica, ir complementando (relembrando) as questões tratadas 
anteriormente para seguir adiante ou retomar a discussão. 
De acordo com Vanzin e Nery (1996), durante a consulta de enfermagem, é 
necessário considerar, em relação à determinação das necessidades prioritárias, os problemas 
relacionados à sobrevivência e a segurança básica (problemas ameaçadores); os problemas 
reais (quando o cliente ou família solicita ajuda); os problemas e as necessidades não 
reconhecidos pelo cliente ou família (conforme o grau de gravidade, estes problemas podem 
ter precedência sobre os anteriores) e os problemas ou necessidades potenciais (para 
planejamento de atendimento futuro). 
No fechamento da consulta é essencial combinar a periodicidade necessária para 
os retornos. Assim como, fazer referência a outras instituições de saúde, agendamento de 
exames e encaminhamento a outros profissionais, lembrando que a assistência de enfermagem 
não deve ser centrada na doença nem no indivíduo hospitalizado, mas nas pessoas que 
demonstrem ou manifestem dificuldade e necessidade do autocuidado (FORNAZIER E 
SIQUEIRA 2006). 
Oliveira et al. (2012), destacam a importância da consulta de enfermagem como 
estratégia tecnológica de cuidado importante e resolutiva. Têm vantagens na assistência 
prestada como facilidade na promoção da saúde, o diagnóstico e o tratamento precoces, além 
da prevenção de situações evitáveis e promoção da saúde. Consideram a consulta de 
enfermagem como uma tecnologia leve-dura que pode utilizar o trabalho morto, mas que 
predomina o trabalho vivo relacional e permite que o paciente desenvolva habilidades de 
autocuidado próprias para a melhoria da sua qualidade de vida. Através dela, o enfermeiro 
35 
 
 
 
possui completa autonomia para desenvolver estratégias de cuidados voltadas para a 
promoção da saúde do paciente e da família visando o autocuidado. 
 
3.3 Estomaterapia como Ciência 
 
A história da estomaterapia moderna começa em 1958, nos Estados Unidos da 
América (EUA), na Cleveland Clinic Foundation, com o coloproctologista Rupert Turnbull e 
sua jovem paciente Norma Gill, ileostomizada em decorrência de retocolite ulcerativa. Neste 
mesmo ano de 1958, Rupert Turnbull contratou Norma Gil como “técnica em ostomia” sendo 
esta sua paciente e pessoa ileostomizada, para exercer funções na Cleveland Clinic 
Foundation. Apesar dessa não ter formação na área da saúde, inicia-se oficialmente a 
Estomaterapia - Enterostomal Therapy em que entero = intestino e stomal= estoma. Norma 
Gil é considerada a primeira Enfermeira Estomaterapêuta, e Rupert Turnbull o pai da 
Estomaterapia (PERRISÉ, 2007 apud APECE, 2013). 
O primeiro centro de treinamento em estomaterapia foi criado na Cleveland Clinic 
Foundation, em 1961. A partir dessa data a estomaterapia ganhou vulto e diversos cursos 
foram criados em várias localidades. (APECE, 2013). 
Em 1970, Norma Gil viu o significado de Enterostomal Therapy como uma 
especialidade de enfermagem reconhecida internacionalmente e adotada na Austrália, Canadá, 
Grã-Bretanha, Nova Zelândia e África do Sul. Norma Gill defendia que os profissionais de 
saúde interessados em cuidar da pessoa com estoma deveriam unir-se em uma associação 
mundial. Com o crescimento da especialidade, em 1975, iniciou um movimento para 
organizar um grupo formal e entra em contato com outros pioneiros internacionais nos EUA, 
Inglaterra, Canadá e França com interesse em cuidar de pessoas com estoma e em 18 de Maio 
de 1978, quando 30 estomaterapeutas, representando 15 países e 20 representantes da 
indústria realizaram o primeiro congresso de dois dias em Milão na Itália onde é fundado o 
World Council of Enterostomal Therapists (WCET). Esta reunião foi realizada em conjunto 
com a Associação Internacional de Ostomizados (IOA). Norma Gill foi a primeira presidente 
do WCET. O seu objetivo principal, entre outros, é a promoção da identidade e normatização 
da especialidade no mundo e o intercâmbio entre os seus membros (WCET apud APECE, 
2013). 
No Brasil, o curso de especialização em estomaterapia, recebeu este nome pela 
Associação Brasileira de Estomaterapia, é um curso de pós-graduação Lato Senso 
36 
 
 
 
reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), referendado pela Sociedade 
Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) - associação multidisciplinar que tem contribuído para 
o crescimento científico e político da especialidade, e credenciada pelo WCET. O primeiro 
curso foi instituído em 1990, na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). 
Atualmente, o Brasil possui vários cursos espalhados em estados do sul (Paraná), sudeste (São 
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), nordeste (Ceará e Pernambuco) e norte (Amazonas) 
(SANTOS 2006). 
A estomaterapia é uma especialidade da prática do enfermeiro que recebe o título 
de Enfermeiro Estomaterapeuta (ET), assim estabelecido para a enfermagem pelo WCET. No 
Brasil este título é conferido, exclusivamente pela SOBEST, somente aos enfermeiros pós-
graduados em cursos de especialização que sejam reconhecidos tanto pela SOBEST quanto 
pelo WCET e aos enfermeiros que tiverem aprovação em prova de título realizada pela 
SOBEST (ET Ti SOBEST). (YAMADA et al., 2008). 
O curso de estomaterapia em Fortaleza é ministrado na Universidade Estadual do 
Ceará UECE- que é referendado pela SOBEST e credenciado junto ao WCET e a SOBEST, 
Seção CE - que foi fundada em 10 de março de 2003 – é oficializada em 26 de abril de 2004, 
sendo aprovada em 18 de maio de 2004 (SOBEST, 2013). 
Para Cesaretti e Guidi (1994), o crescente avanço científico e tecnológico ocorrido 
ao longo do tempo tem influenciado o exercício da enfermagem e determinado nova postura 
na atuação profissional do enfermeiro, como a ampliação de conhecimentos técnicos e 
científicos, com cursos de atualização e especialização, como o curso de estomaterapia. 
Gamelli e Zago (2002) ressaltam que diante da complexidade do tratamento e da 
reabilitação do ostomizado, o estomaterapeuta é o profissional habilitado para o planejamento, 
implementação e avaliação do cuidado do paciente. Esses autores identificaram em seus 
estudos, que o cuidado e o ensino do paciente/família para a alta hospitalar são processos 
fundamentais para o sucesso da reabilitação do ostomizado, porém, está muito aquém do 
almejado, pois é realizado por enfermeiros generalistas ou de outras especialidades, que não a 
estomaterapia, logo, faz se necessário à qualificação do enfermeiro que atua com o paciente 
ostomizado para a prestação deste cuidado. 
Em 2003 foi fundado o European Council of Enterostomal Therapy (ECET), uma 
organização aberta à participação de todos os profissionais europeus de saúde envolvidos no 
cuidado à pessoa com ostomia (SANTOS 2006). 
Em Portugal, as primeiras enfermeiras Estomaterapeutas formaram – se em 
37 
 
 
 
universidades espanholas, francesas e inglesas, cujos cursos de estomaterapia eram e 
continuam a ser acreditados pelo WCET, com o “Titulo Próprio de Experto Universitario En 
Estomaterapia”. As primeiras consultas de Estomaterapia em Portugal surgiram em 1991. A 
Estomaterapia é uma área diferenciada de cuidados de saúde, que integram o saber científico - 
técnico, princípios de relação de ajuda e através da informação, ensino e aconselhamento, 
permite à pessoa que irá ou foi submetida a uma ostomia prosseguir a nível pessoal, familiar, 
profissional e social, com as necessárias modificações, o mais rápido possível, concretizando 
objetivos e metas pré-estabelecidos (APECE, 2013). 
 
3.4 Cuidados de Enfermagem em Estomia e sua Influencia na Qualidade de Vida 
 
Em estudo de Gemelli e Zago (2002), foi observado que a pessoa ostomizada e 
seus familiares apresentavam dificuldades para a continuidade do cuidado após a alta 
hospitalar em todos os níveis quer seja nos aspectos físicos, emocionais e sociais. 
Para Michelone e Santos (2004), a perda do controle da eliminação de fezes e 
gases, condição mandatória para a vida em sociedade, pode acarretar o isolamento psicológico 
e social, afetando as relações interpessoais nas quais está inserida a pessoa portadora de 
ostomia intestinal, logo, comprometendo a qualidade de vida desta pessoa. 
Santos (2000) cita que alguns pacientes, após a cirurgia, passam por um momento 
de luto, onde pode dificultar o início do autocuidado. É importante o enfermeiro identificar 
esse momento, para depois entrar com o ensino do autocuidado com o estoma instalado. 
Mendonça et al. (2007), relatam que o déficit de conhecimento dos pacientes é 
expresso quando eles observam em seu abdome uma parte do intestino exteriorizada, 
mostrando dificuldade em aceitar sua nova condição. 
Martins e Alvim (2012), em sua pesquisa, observaram sucesso no processo 
educativo de ostomizados e maior habilidade, segurança e autonomia dos cuidados 
relacionados à manutenção de sua estomia, avaliando, modificando hábitos, transformando a 
sua realidade. 
A autonomia e a qualidade de vida poderão ser alcançadas pelo paciente portador 
de estomia intestinal com a oferta por parte dos profissionais de saúde, particularmente o 
enfermeiro, de conhecimentos específicos da sua nova condição de vida como ostomizado. 
No que se refere à criança ostomizada, Carvalho (2003) ressalta a importância 
38 
 
 
 
dessa em assumir o autocuidado, porém a higiene deve ser rigorosa, assim como a perfeita 
adaptação da bolsa ao estoma, para evitar o extravasamento de fezes e o odor desagradável. 
O autocuidado conduzirá o ostomizado a autonomia e liberdade do sentimento de 
baixa autoestima e dos estigmas devido a sua nova condição, uma vez que ele aprenda a 
cuidar de si, tornando-se independente da assistência dos profissionais da saúde e/ou de 
cuidadores bem como, desempenhando ações em prol de si próprias se sentirá útil na 
sociedade, o que lhe oferecerá qualidade de vida. 
A qualidade de vida da pessoa portadora de ostomia é profundamente alterada 
quando se acrescenta ao estoma a doença de base associada ao câncer que, segundo 
Michelone e Santos (2004),
 
devido à doença há alteração de todos os aspectos da vida do 
indivíduo como alterações da integridade físico-emocional por desconforto, dor, desfiguração, 
dependência e perda da autoestima e pode acarretar profundas alterações no modo de viver 
habitual. 
Essa afirmativa é confirmada por Oliveira et al. (2010) que evidenciaram que a 
maioria dos pacientes

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