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ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 56 7. FORÇAS INTERNAS 7.1 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS COM FORÇAS INTERNAS As forças internas têm a função de manter unidas as diversas partes de um corpo. Estas forças não afetam o equilíbrio externo do corpo já que elas atuam sempre aos pares (ação e reação). Para resolver problemas com forças internas basta lembrar-se desta observação: Quando um corpo rígido está em equilíbrio, cada uma das suas partes também deve estar em equilíbrio isoladamente. Para exemplificar o trabalho com forças internas vamos considerar a estrutura representada na Fig. (7.1a). a) b) Figura 7.1 – Ilustração de problema com forças internas. A Fig. (7.1b) apresenta o diagrama de corpo livre da estrutura. Considerando-se este diagrama e que o objeto suspenso pesa 2 kN, pode-se escrever as equações de equilíbrio abaixo °⋅=→=°⋅−→=∑ 30sen030sen0 TATAF xxX (1) °⋅+=→=°⋅−−→=∑ 30cos2030cos20 TATAF yyY (2) kN 87,2,kN 5,0AkN 10830sen220 x ==→=→=⋅°⋅+⋅−→=∑ yA ATTM (3) A este conjunto de equações se dá o nome de equações de equilíbrio externo do corpo. Nota- se que não há forças internas nestas equações porque estas não afetam o equilíbrio externo do Ax B C E F D Ay P T B C E F D G A 11 1 1 7 60o 2 kN ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 57 corpo. Neste problema apenas com as equações de equilíbrio externo obteve-se os valores das reações. É importante ressaltar que nem sempre isto ocorre. Vamos considerar que o próximo objetivo do problema é obter as reações nas articulações B, C e E. Estas articulações mantém as barras unidas impedindo duas translações e deixando a rotação livre. Para resolver-se o problema deve-se romper as articulações colocando-se duas reações no seu lugar. A Fig. (7.2) ilustra um diagrama de corpo livre para cada uma das barras que forma a estrutura. Deve-se observar que as reações de uma articulação, que une duas barras, devem ser opostas de modo a se eliminarem, segundo a Terceira Lei de Newton, quando as barras são unidas novamente. Figura 7.2 – Diagramas de corpo livre de cada uma das partes da estrutura. Considerando que a estrutura está em equilíbrio, pode-se afirmar que cada uma das partes que a formam também estão em equilíbrio. Logo, pode-se escrever um conjunto de equações de equilíbrio para cada um das partes ilustradas na Fig. (7.2). Barra horizontal xxxxX CECEF =→=−→=∑ 00 (4) 2020 −=→=−−→=∑ yyyyY ECCEF (5) kN 2CkN 401220 y =→=→=⋅+⋅−→=∑ yyC EEM (6) Barra Vertical xxxxX BCBCF =→=°⋅−+−→=∑ 030sen15,00 (7) kN 4087,2230cos10 =→=+−+°⋅−→=∑ yyY BBF (8) kN 4B,kN 4C0230sen1165,00 xx ===→=⋅°⋅−⋅+⋅−→=∑ xxB ECM (9) C E P Cx Ex Cy Ey Ax B D Ay T Cx By Cy Bx B By Ey Bx Ex ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 58 Embora as equações escritas já permitam resolver o problema, apresenta-se a seguir o conjunto de equações correspondentes à barra inclinada. xxxxX EBEBF =→=−→=∑ 00 (10) yyyyY EBEBF =→=−→=∑ 00 (11) yyxB EEEM =→=⋅−⋅→=∑ xE0110 (12) Pode-se observar que foram escritas 12 equações de equilíbrio, das quais as 3 primeiras são externas. Para cada articulação são escritas 3 equações de equilíbrio, o que totaliza as 9 equações restantes. Com este conjunto de 12 equações deve-se resolver um problema de 9 incógnitas, logo 3 equações podem ser descartadas. Não há uma regra geral sobre qual conjunto de equações deve ser descartado. Caso seja necessário obter o valor da força que atua na barra BE deve-se fazer kN 6,544 22 =+=BEF na direção da barra. Sempre que tivermos uma barra bi-rotulada com as forças agindo apenas nas rótulas, estas forças terão resultante obrigatoriamente com a orientação da barra. Este resultado pode ser demonstrado de modo genérico fazendo-se Pelo teorema de Varignon tem-se lRlAlA yx )sen(sencos αβαα −=− Como a barra está em equilíbrio, a expressão acima deve ser igual a zero. Como R e l são não nulos tem-se 0)sen( =−αβ ou seja β = α. Logo conclui-se que a força resultante R terá obrigatoriamente a direção da barra. Este resultado pode ser aplicado de modo direto nos problemas. Por exemplo, no exercício ilustrado na Fig. (7.1), a barra BE poderia ter sua influência representada por uma força FBE que tem a direção da barra. Exemplo 1. Para a estrutura do tipo “mão francesa”, determinar as reações dos vínculos, bem como as forças em cada uma das barras. α β RAx Ay B l α ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 59 A B HA HB VB P C a b c 1 2 3 A HA P Cb 2 F1 F3 A B HA HB VB a F2 F3 Solução: Para obtermos as reações dos vínculos basta escrever as equações de equilíbrio externo. BAX HHF =→=∑ 0 (1) PVF BY =→=∑ 0 (2) 00 =⋅+⋅−→=∑ AB HaPbM a PbH A = Quando a > b , as reações HA e HB têm valores inferiores a P. Logo a situação ideal é ba ≥ . Para determinar as forças que atuam em cada uma das barras vai-se romper as articulações e representar um diagrama de corpo livre para cada uma das barras. Como todas as barras que formam o corpo são bi- rotuladas e têm cargas apenas nas articulações, vai-se empregar o resultado anteriormente demonstrado. Logo cada uma das barras vai ser substituída por uma força. 00 3 =+−→=∑ Fc b a PbFX (1) P a cF =3 000 1131 =→⋅−=→=+−→=∑ FPa c c aPFF c aPFFY (2) P a bFF c bFFF c bHHF BAX =→=→=+−+−→=∑ 23223 00 A barra número 1 não sofre ação de nenhuma força segundo a orientação desta barra. 7.2 MÁQUINAS SIMPLES Máquinas simples são mecanismos projetados para transmitir e/ou modificar forças. Estas máquinas podem ser simples ferramentas, como por exemplo uma alavanca ou um alicate, ou podem ter um mecanismo mais complexo como, por exemplo, o de uma retroescavadeira. Problemas que envolvem máquinas são resolvidos rompendo-se as articulações que unem as diversas partes da máquina ou seja aplicam-se os mesmos procedimentos anteriores. No entanto, neste tipo de problema, as equações de equilíbrio externo geralmente não levam a resultados práticos. ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 60 Análise de um alicate comum. Um alicate, Fig. (7.3), é uma ferramenta útil para apertar, manipular e esmagar objetos (arames, pregos, parafusos). O seu princípio de funcionamento é baseado na “regra” da alavanca, ou seja, aplica-se uma força P, de menor intensidade, a uma distância b de um ponto de apoio com o objetivo de obter uma força Q, de maior intensidade, a uma distância a do ponto de apoio. Para que o alicate cumpra a sua função é necessário que o giro em torno do ponto de apoio, que é a articulação representada na Fig. (7.3), seja livre e que a distância b seja maior que a distância a. Esta última conclusão é obtida matematicamente escrevendo-se as equações de equilíbrio para o problema. Figura 7.3 – Alicate comum. Em primeiro lugar, vamos identificar as forças que atuam no problema. Tem-se duas forças ativas externas P aplicadas pela pessoa que usa o alicate. Esta força P gera duas forças Q reativas, que são as forças que vão pressionar o objeto. Deste conjunto de forças tem-se como resultado um sistema de forças auto-equilibrado. Neste caso, as equações de equilíbrio externo não servem para resolver o problema. Um diagrama de corpo livre mais próximo da realidade deveria representar as forças Q com um ângulo em relação a vertical, de modo que elas fossem normais à lâmina de corte. Esta força seria, então, decomposta numa componente vertical Q1 e numa componente horizontal Q2. Para que o objeto não seja expulso do alicate, quando este é pressionado, deve- se considerar o atrito existente entre o objeto e a lâmina de corte. Neste caso, tem-se uma força FA paralela à lâmina de corte, que pode ser decomposta numa componente horizontal FA2 e numa componente vertical FA1. A componente FA2 deve equilibrar Q2 e a componente FA1 atua favorecendo o esmagamento do objeto. É importante ressaltar que as forças Q2, FA2 e FA1 são de pequeno valorjá que o ângulo com relação a vertical deve ser pequeno. Além disso, estas forças são variáveis a medida que se pressiona o objeto com o alicate. A Fig. (7.4) faz uma ilustração do diagrama de corpo livre do objeto com estas considerações. Representou-se as forças de atrito num detalhe para que a ilustração ficasse mais clara. a b Q Q Articulação (giro livre) P P Q Q ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 61 Figura 7.4 – Diagrama de corpo livre do objeto considerando a forma real de aplicação das forças. Como o alicate resulta num sistema de forças auto-equilibrado, deve-se romper a sua articulação e analisar apenas uma das partes para se obter uma relação entre as forças de entrada e saída. Rompendo-se a articulação, deve-se acrescentar duas forças internas que representam o seu funcionamento. A Fig. (7.5) apresenta o diagrama de corpo livre de uma das partes. Figura 7.5 – Diagrama de corpo livre de uma das partes do alicate. Escrevendo-se as equações de equilíbrio para a parte detalhada obtém-se 00 =→=∑ xX AF QPAF yY +=→=∑ 0 P a bQQaPbM A =→=⋅+⋅−→=∑ 00 Q Q1 Q2 Q2 Q1Q FA2 FA2 FA2 FA1 FA a b P Q Ay Ax ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 62 Das equações de equilíbrio pode-se concluir que o pino não exerce força na direção horizontal. Este resultado é válido mesmo considerando o modo de aplicação da força Q ilustrado na Fig. (7.5). O pino deve resistir a soma das forças de entrada e saída. A relação b/a é o fator de multiplicação da ferramenta (um termo mais genérico seria função de transformação da máquina). Deste resultado nota-se que se o objetivo é Q > P então deve-se ter b > a. Para ilustrar melhor este resultado, vamos considerar as dimensões de um alicate encontrado no comércio; a = 2 cm (objeto posicionado no centro da lâmina de corte) e b = 13 cm (posição mais comum de uso do alicate). Neste caso, tem-se um fator de multiplicação de 6,5 vezes. 7.3 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Um cilíndro pesa 2 kN e é suspenso por um par de tenazes conforme ilustrado na Fig. (7.6). Determine as forças exercidas sobre a tenaz nos pontos D e C. Figura 7.6 – Esquema de uma tenaz. A Fig. (7.6) apresenta também o diagrama de corpo livre do cilíndro. As forças verticais que a tenaz aplica no cilíndro são obtidas diretamente considerando que o problema é simétrico (basta dividir 2 kN por 2). Novamente tem-se um problema com sistema de cargas auto-equilibrado. Para resolve-lo deve-se romper a articulação C e analisar apenas uma das partes. Apresenta-se a seguir o diagrama de corpo livre de uma das partes e as suas correspondentes equações de equilíbrio. A B C D E 2 kN 15 0 m m 30 0 m m 200 mm 250 mm D E 2 kN 1 kN 1 kN Dx Ex ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 63 B C 1 kN 1 kN Dx Cx Cy xxX DCF =→=∑ 0 00110 =→=+−→=∑ yyY CCF 0300112511000 =⋅−⋅+⋅→=∑ xC DM kN 75,0=xD e kN 75,0=xC A força que atua no ponto D da tenaz pode ser representada apenas por uma resultante R fazendo-se kN 25,1175,0 2222 =+=+= yxD DDR °== 1,53 75,0 1arctanθ 2) Encontrar as forças reativas externas e as forças internas atuantes nas conexões dos componentes da empilhadeira representada na Fig. (7.7), sabendo que o peso a ser levantado é de 5 kN. Figura 7.7 – Esquema de uma empilhadeira. Solução: A Fig (7.8) apresenta o diagrama de corpo livre da empilhadeira. Nota-se que neste caso as equações externas podem ser úteis na solução do problema. É importante ressaltar que a roda representada no ponto D tem reação apenas na direção x. Os vínculos representados pelos pontos A, B e C são articulações. As reações dos pontos C e B não são representadas neste diagrama porque elas são forças internas neste caso. 1,5 m 0,5 m 1 m A B C D E 5 kN ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 64 A B C D E 5 kN B 5 kN B C Equações de equilíbrio externo: xxx ADF =→=∑ 0 kN50 =→=∑ yy AF 05210 =⋅+⋅→=∑ xA DM Dx = 10 kN e Ax = 10 kN Figura 7.8 – Diagrama de corpo livre da empilhadeira Para responder as demais questões do exercício deve-se romper a empilhadeira nas suas articulações. Equilíbrio interno – parte 1 xxx EBF =→=∑ 0 kN50 =→=∑ yy BF kN5,2015,050 =→=⋅+⋅−→=∑ xxB EEM Bx = 2,5 kN Equilíbrio interno – parte 2 kN5,1205,2100 =→=−+→=∑ xxx CCF 05,01075,05,05,275,050 =⋅+−⋅−⋅−→=∑ cC FM Fc = 0 (Fc é a força feita pelo cilíndro hidráulico). kN5050 =→=−+→=∑ ycyy CFCF A força nula no cilíndro hidráulico indica que este somente é necessário para colocar o braço da empilhadeira numa determinada posição, mas não para mantê-lo nesta posição. ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 65 P A Fy Fx Bx 3) Calcule o valor da força que comprime o objeto M na prensa representada na Fig. (7.9). Considere que a força P é aplicada perpendicularmente a barra AF, que tem um eixo fixo em F. Na posição representada no esquema, o tirante BC é perpendicular a FB e divide o ângulo ECD em duas partes iguais. Figura 7.9 – Esquema de uma prensa. Solução: Verifica-se novamente que as equações de equilíbrio externo não colaboram na solução do problema. O procedimento adotado, então, é romper as articulações que ligam as partes da prensa. Inicialmente representa-se, ao lado, o diagrama de corpo livre da alavanca. Como BC é um tirante, a força nele tem a mesma direção do tirante ou seja By é igual a zero. Considerando-se as equações de equilíbrio da alavanca pode-se escrever 010010002000 =⋅+⋅−→=∑ xF BM NBx 2000= Como o tirante BC transmite força apenas na direção do tirante pode-se representar a força de 2000 N diretamente no ponto C como ilustrado na figura apresentada na próxima página. P C A B D E F AF= 1000 mm FB = 100 mm P = 200 N α α =110 α ENG 01156 – Mecânica - Aula 07 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 66 2000 N FCD FCE A força de 2000 N aplicada pelo tirante na rótula C, deve ser equilibrada pelas forças que atuam nas barras CE e DC. Como estas barras são birotuladas, e as forças atuam apenas nas rótulas, sabe-se que as forças nas rótulas têm obrigatoriamente a direção da barra. Logo, pode-se representar o esquema a seguir. CDCECDCEy FFFFF =→=+−→=∑ 0coscos0 αα Este resultado também pode ser obtido diretamente pela simetria do problema. NFFF oCECEx 8,524011sen2 20000sen220000 ==→=−→=∑ α A força de esmagamento é a projeção na direção vertical da força de 5240,8 N ou seja NForça o 514411cos8,5240 ≅⋅= P C A B D E F α α 2000 N 2000 N
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