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GENOGRAMA-E-AVALIAÇÃO-FAMILIAR

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 FAMÍLIA E O CICLO VITAL A FASE DE AQUISIÇÃO – TEORIA DO 
DESENVOLVIMENTO FAMILIAR ............................................................................... 4 
2.1 Aplicação da teoria do desenvolvimento familiar em estudos recentes
 15 
2.2 A família em constante mudança ....................................................... 17 
2.3 Da conjugalidade à parentalidade: características da transição ......... 18 
3 CONCEITO DE GENOGRAMA ................................................................ 21 
3.1 Estrutura e dinâmica familiar .............................................................. 23 
3.2 Montagem do genograma .................................................................. 28 
3.3 Simbologia do genograma .................................................................. 30 
3.4 O Uso do Genograma de Recursos ................................................... 35 
3.5 O Inquérito Apreciativo como forma de questionar............................. 36 
4 PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO .......... 38 
5 Genograma na Perspectiva Sistêmica ...................................................... 41 
5.1 A técnica do genograma na prática profissional ................................. 45 
6 AVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO FAMILIAR ..................................... 50 
7 Biblioteca .................................................................................................. 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 FAMÍLIA E O CICLO VITAL A FASE DE AQUISIÇÃO – TEORIA DO 
DESENVOLVIMENTO FAMILIAR 
 
Fonte: docsity.com 
A família é uma instituição social que muda ao longo do tempo, e várias formas 
de relações familiares têm sido observadas historicamente (Prado, 1981; Narvaz & 
Koller, 2006 apud RONCHI; 2011). Podemos dizer também, com base em Prado 
(1981 apud RONCHI; 2011), Narvaz e Koller (2006 apud RONCHI; 2011), que uma 
família é composta de relações que se expressam de diversas formas diferentemente 
de acordo com o tempo, o lugar e os papéis que cada um desempenha. Portanto, 
uma das perspectivas de estudo do aspecto familiar pode ser a teoria do "ciclo de vida 
familiar, ou seja, ciclo vital familiar” representada por pesquisadores americanos. 
Como Carter e McGoldrick e no Brasil, por Cerveny e Berthoud (Carter e McGoldrick, 
1995; Cerveny e Berthoud, 1997; 2002 apud RONCHI; 2011). 
Segundo Cerveny e Berthoud (1997; 2002 apud RONCHI; 2011), o ciclo vital 
de vida de uma família brasileira é dividido em quatro fases: aquisição, adolescência, 
maturidade e fase final. Considerando a escassez de estudos sobre o ciclo vital 
familiar, este estudo visa construir sobre Cerveny e Berthoud (1997; 2002 apud 
RONCHI; 2011). 
 
 
 
5 
 
Segundo Cerveny e Berthoud (1997 apud RONCHI; 2011), as pessoas que são 
membros da família estão em processo de aquisição em vários estágios do ciclo vital, 
mas o primeiro estágio do ciclo vital familiar recebe esse nome porque a aquisição é 
o mais central e específico. Então, o objetivo nessa fase é encontrar um lugar para 
morar, um emprego que dê condições de sobrevivência, utensílios domésticos que 
facilitem a vida, carro, plano de saúde e até complementações educacionais. As 
crianças pequenas também fazem parte da primeira fase, onde começam a adquirir 
seus próprios padrões familiares e as pessoas escolhem entre os padrões adquiridos 
em suas famílias de origem, aqueles que vão adotar em seu casamento. 
 Assim, esta etapa envolve a formação de um novo sistema marcado pelo 
casamento. O casamento não se limita ao conceito popular da união de duas pessoas, 
que adquirem as condições de paternidade, acreditam na possibilidade de uma união 
bem-sucedida e, portanto, na felicidade de seus parceiros. Uma vez que a família é 
vista como um sistema complexo, que se move através do tempo e no espaço com 
uma história completa, a ideia de união significa a fusão de dois sistemas familiares 
completos que redefinem os valores, costumes e tradições dos parceiros para 
construir um novo, RONCHI; (2011). 
A chegada do primeiro filho também é um marco importante na fase de 
aquisição, indicando uma mudança de papel no sistema familiar. O estudo de Lopes 
et al. (2006 apud RONCHI; 2011) foi realizado na região sul do Brasil para verificar se 
a existência de cerimônias de casamento estava associada entre presença de ritual 
de casamento e planejamento da primeira gravidez, o ritual do casamento esteve mais 
associado ao planejamento do primeiro filho, enquanto a ausência do ritual de 
casamento esteve mais associada à ausência de planejamento do primeiro filho. 
 Segundo os pesquisadores, um ritual de transição, como marcador da 
transição de jovens adultos solteiros para jovens adultos casados, pode indicar um 
vínculo afetivo mais forte entre os recém-casados, ressaltando a importância dos 
rituais familiares como símbolos de mudança. As formas de formação das famílias 
estão se expandindo e essas novas formas de relacionamento familiar estão 
transformando a sociedade. Por exemplo, Prado (1981 apud RONCHI; 2011) apontou 
que a família pode exercer poderosa influência sobre seus membros. 
 
 
6 
 
Portanto, as famílias mudam ao longo do tempo e passam por diferentes fases. 
Esse processo é historicamente conhecido como ciclo de vida familiar. Os pioneiros 
no uso da expressão foram os americanos, que nos anos que antecederam a Segunda 
Guerra Mundial estavam engajados na sociologia rural (GLICK & PARKE, 1964 apud 
FERNANDEZ; 2009). 
No entanto, o que torna este conceito notório são os sociólogos e O 
pesquisador do U.S. Bureau of the Census, Paul Glick, que estudou o comportamento 
das famílias americanas por mais de 40 anos. O conceito de ciclo de vida familiar 
adotado por Glick baseia-se no fato de que o modelo tradicional de família passa por 
várias etapas distintas em sua existência: a formação do núcleo familiar, a criação dos 
filhos e o ninho vazio (quando o último filho Sai da casa) e a dissolução (quando morre 
um dos cônjuges), FERNANDEZ; (2009). 
A introdução do conceito de ciclo de vida familiar e das expressões ninho cheio, 
ninho vazio e sobrevivente solitário no marketing. O pesquisador responsável foi o 
pesquisador americano LANSING (1957 apud FERNANDEZ; 2009), através de artigo 
de importância capital: (Consumer Finances Over the Life Cycle in Consumer 
Behaviour - Finanças do consumidor ao longo do ciclo de vida no comportamento do 
consumidor). 
 
 Os diferentes modelos de ciclo de vida familiar e também está 
relacionado com padrões de consumo/marketing 
 
Em relação aos modelos de ciclo de vida familiar são críticos para o marketing 
porque caracterizam as transições de estágio ou marcadorassociadas a mudanças 
nos padrões de consumo que são usados para definir segmentos de mercado 
potenciais, ou melhor, associadas a mudanças nos padrões de consumo, servindo 
para a definição de segmentos potenciais (WELLS & GUBAR, 1966 e GILLY & ENIS, 
1982 apud FERNANDEZ; 2009). 
Para KRISJANOUS (2000 apud FERNANDEZ; 2009) e WILKIE (1990 apud 
FERNANDEZ; 2009), o modelo de ciclo de vida, a vida familiar, desenvolvida por 
WELLS & GUBAR (1966 apud FERNANDEZ; 2009), incluindo os estágios tradicionais 
– tais como: jovem solteiro, casais jovens, ninho cheio, ninho vazio e a separação – 
continua sendo o mais prevalente entre os profissionais de marketing. 
 
7 
 
Confirmando a afirmação do citado autor, ENGEL et al. (2001 apud 
FERNANDEZ; 2009) é uma referência para o comportamento do consumidor, 
inspirada no modelo estabelecido por WELLS & GUBAR (1966 apud FERNANDEZ; 
2009), que divide o ciclo de vida familiar em 9 etapas: 
 Pessoas solteiras. 
 Pessoas Recém-casadas 
 Ninho cheio I – representa a chegada do primeiro filho. 
 Ninho cheio II - representa os filhos quando crianças e adolescentes. 
 Ninho cheio III - representa os filhos quando adolescentes e adultos. 
 Ninho vazio I – é sobre os filhos que deixam a casa dos pais para 
trabalha ou estudar. 
 Ninho vazio II - quando os pais são aposentados. 
 Sobrevivente tem a relação com a pessoa solitária não aposentado. 
 Sobrevivente tem a relação com a pessoa solitária aposentado. 
 
Apesar de ser popular entre os profissionais de marketing, o modelo de WELLS 
& GUBAR (1966 apud FERNANDEZ; 2009) tem sido criticado por levar em conta o 
modelo tradicional de família do pós-guerra em que as taxas de natalidade são altas 
(baby boom) e as taxas de divórcio são baixas. SCHANINGER & DANKO (1993 apud 
FERNANDEZ; 2009) desencarceram um outro modelo paradigmático, proposto por 
Duvall em 1971, que também foi criticado por não incorporar mudanças na estrutura 
familiar na segunda metade do século XX. 
Segundo os autores citados, o modelo de Duvall é de natureza 
desenvolvimentista, ou seja, trata a família como um sistema dinâmico de mudança 
de papéis, com estágios de desenvolvimento definidos em função dos principais 
eventos familiares, como casamento, nascimento, entrada à escola, partida dos filhos, 
aposentadoria e morte. O modelo ignora a idade do chefe da família, mas leva em 
consideração a idade do filho mais velho. De acordo com FERNANDEZ; (2009) o 
modelo Duvall distingue as seguintes fases, sobre os estágios: 
 Pessoas que são jovens e solteiras. 
 Casais que são jovens sem filhos. 
 Casais têm crianças até 6 anos (pré-escola). 
 Casais que têm crianças em idade escolar (entre 6 e 12 anos). 
 
8 
 
 Casais que contêm filhos adolescentes (entre 13 e 20 anos). 
 A fase do estágio de contração familiar (filhos partem de casa). 
 Ninho vazio que está relacionado a idade laborativa até a aposentadoria. 
 Ninho vazio que está relacionado a aposentadoria e a morte dos cônjuges. 
 
MCCARTHY (1976 apud FERNANDEZ; 2009), desenvolveu um amplo estudo 
baseada na pesquisa de ciclo de vida e nas escolhas habitacionais, não falando sobre 
o ciclo de vida familiar, mas sobre o ciclo de vida do residente ou morador. Para ele, 
o ciclo de vida dos moradores pode ser dividido em nove níveis. A vantagem do 
modelo utilizado pelos autores é que leva em consideração uma ampla gama de um 
leque de arranjos familiares possíveis, incluindo pais solteiros. Eles são: 
 Entra neste ciclo, todo aquele que for solteiro (a), jovem e sem filho. 
 Casais jovens sem filho. 
 Casais jovens e com filhos pequenos até 5 anos. 
 Casais jovens e com filhos mais velhos entre 6 e 18 anos. 
 Casais maduros e com filhos maiores que 18 anos. 
 Casais maduros e sem filhos morando junto. 
 Pessoas solteiras, viúvas, divorciadas, maduras e sem filhos morando 
junto. 
 Pessoas solteiras, viúvas, ou divorciadas com filhos morando junto. 
 E por fim temos os outros casos de pessoas que são (viúvas que vivem 
com os filhos casados e netos). 
As idades de 6 e 18 anos foram escolhidas porque representam O período em 
que uma criança entra ou sai da escola. De acordo com é um jovem com menos de 
45 anos; acima, é caracterizado como uma pessoa madura. A idade de 45 anos foi 
escolhida porque parece marcar uma mudança nos padrões de consumo entre os 
adultos. Além disso, é utilizado por outros autores como LANSING (1957 apud 
FERNANDEZ; 2009). 
 Pessoas solteiras e jovens. 
 Casais sem filhos. 
 Pessoas divorciadas que são jovens sem filho. 
 Casais jovens com filhos de (4-12 anos). 
 Pessoas divorciadas e jovens com filhos (4-12 anos). 
 
9 
 
 Casais de meia idade sem filhos. 
 Pessoas divorciadas de meia idade sem filhos. 
 Casais de meia idade com filhos adolescentes. 
 Pessoas divorciadas de meia idade com filhos adolescentes. 
 Casais de meia idade cujos filhos partiram. 
 Pessoas divorciadas de meia idade cujos filhos partiram. 
 Casais de idosos. 
 Pessoas divorciadas, viúvas ou idosas. 
O esquema abaixo ilustra a dinâmica do projeto de MURPHY & STAPLES 
(1979 apud FERNANDEZ; 2009): 
 
Fonte: wiki.ifsc.edu.br (Fonte: Adaptado de MURPHY & STAPLES, 1979 apud FERNANDEZ; 2009) 
(Representação esquemática do modelo de Murphy & Staples). 
No entanto, esse modelo ainda reconhece apenas os ciclos desencadeados 
pelo casamento, excluindo os pais solteiros que foram reconhecidos por MCCARTHY 
(1976 apud FERNANDEZ; 2009). STAPLETON (1980 apud FERNANDEZ; 2009) tenta 
resolver este problema ajustando uma nova estrutura do ciclo de vida familiar, para 
acomodar uma vida moderna e mais dinâmica, incluindo ciclos e reciclos de divórcio, 
viuvez e recasamento, levando em consideração a possibilidade de um indivíduo 
permanecer solteiro, com ou sem filhos. 
 
10 
 
Os autores destacam a importância da dinâmica de rearranjo domiciliar como 
impulsionadora da mudança habitacional. GILLY & ENIS (1982 apud FERNANDEZ; 
2009) também acrescentaram o celibato, casais que não podem ou não querem ter 
filhos e pais solteiros, em um diagrama de tempo em forma de matriz, bastante 
completo, com 14 estágios, inter-relacionados com divórcio/morte, casamento, 
entrada/saída dos filhos e envelhecimento, como mostra a Figura abaixo. 
 
Fonte: wiki.ifsc.edu.br (Adaptado de GILLY & ENIS 1982 apud FERNANDEZ; 2009) (Matriz de Gilly & 
Enis e os possíveis arranjos familiares). 
Alguns representantes da literatura de comportamento do consumidor, Como 
Hawkins et al. (2001 apud FERNANDEZ; 2009), qualificam que o modelo GILLY & 
ENIS (1982 apud FERNANDEZ; 2009) descreve de forma mais completa as etapas 
do ciclo de vida familiar moderno. 
Engel et al. (2001 apud FERNANDEZ; 2009) apontaram que até mesmo os 
lares que não são habitados por famílias tradicionais, como as descritas por GILLY & 
ENNIS (1982 apud FERNANDEZ; 2009), são afetadas por períodos de tempo e são 
muito Importância para o Marketing. Por exemplo, eles citam solteiros americanos, 
que representam ¼ dos novos compradores de casas novas. Isso significa uma 
mudança nos projetos: menos quartos, menos espaço na sala de jantar, mais espaço 
 
11 
 
na cozinha (transformada em sala de estar), suítes mais luxuosas, banheiros com spa 
e sala de entretenimento de alta tecnologia 
. De uma perspectiva puramente de marketing, BERKMAN (1997 apud 
FERNANDEZ; 2009) introduziu um modelo que agrada pela sua simplicidade 
conceitual. De acordo com as características distintivas dos padrões de consumo, os 
estágios são divididos objetivamente. São eles: 
 Pessoas solteiras e jovens. 
 Pessoas recém-casadas e sem filhos. 
 Os casais jovens com crianças. 
 Os casais com adolescentes. 
 Os casais maduros. 
Como referência conceitual, vale destacar também que são dignos de nota os 
Modelos de Pickvance e Speare, desenvolvido na década de 70. Ambos sãoresponsáveis por comprovar a relação entre CVF, consumo de habitações e 
mudanças residenciais (MCCARTHY, 1976 apud FERNANDEZ; 2009). 
 
Já em relação ao modelo de PICKVANCE (1974) é considerado 6 estágios: 
 As pessoas que são pré-casadas. 
 Casais sem filhos. 
 A relação do nascimento do primeiro filho (expansão). 
 A relação do nascimento do último filho. 
 Levando em consideração também a saída do primeiro filho (contração). 
 E por fim, o ninho vazio. 
 
Já para SPEARE (1970 apud FERNANDEZ; 2009), o FVC também é composto 
por 6 etapas, no entanto, considerando a idade dos membros da família: 
 Pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas até 45 anos. 
 Pessoas recém-casadas no ano de matrimônio. 
 Casais de até 45 anos e filho mais velho com até 5 anos de idade. 
 Casais com filhos em idade escolar, entre 5 e 18 anos. 
 Casais com mais de 45 anos em fase de contração familiar. 
 Pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas com mais de 45 anos. 
 
12 
 
Conforme FERNANDEZ; (2009) o mesmo autor concluiu em seu estudo, a 
propriedade (os inquilinos se mudam 4 a 5 vezes mais que os proprietários), a 
localização no ciclo de vida familiar e a duração das fases são os três principais fatores 
que determinam a realocação residencial. Também concluiu que, apesar da idade e 
do estágio os ciclos de vida parecem representar o mesmo conceito e não devem ser 
confundidos. Pessoas da mesma faixa etária, mas em estágios diferentes do ciclo de 
vida, comporta-se de forma diferente às mudanças de habitação. Portanto, pessoas 
no mesmo estágio de CVF, mas em idades diferentes, também se comportam de 
maneira diferente. Por exemplo, há menos pessoas que se casam mais tarde do que 
aquelas que se casam cedo. 
O erro na divisão das etapas do ciclo de vida pela idade, como apontado por 
SPEARE (1970 apud FERNANDEZ; 2009), ocorre em modelos desenvolvidos 
posteriormente, como no caso do modelo do trabalho de BURNS & GREBLER (1986 
apud FERNANDEZ; 2009), que agrupou o CVF por idade, dessa forma esse estágio 
foi descrito da seguinte maneira: 
 Estágio 25-34 anos: é o mais desorganizado da vida. Nesta fase, cerca 
de 50% dos agregados familiares têm crianças com menos de 12 
anos. Nos últimos anos, tem aumentado a proporção de lares com pai 
ou mãe solteiros (15% em 1984 apud FERNANDEZ; 2009). 
 Estágio 35-44 anos: o estágio no qual, para as pessoas que enquadram 
nessa fase a carreira profissional e a criação dos filhos é algo 
fundamental, essas duas características são assumidas como máxima 
importância. As decisões de mudança são influenciadas pela 
necessidade adicional de espaço e declinam sistematicamente com a 
idade, FERNANDEZ; (2009). 
 Estágio 45-54 anos: é o mais estável. Poucos divórcios e mortes podem 
garantir esse tipo de estabilidade. Apenas 15% dos casais possuem 
Crianças menores de 18 anos. Eles são mais propensos a atualizar sua 
casa com reformas do que realocar, ou seja, se mudar de habitação, 
FERNANDEZ; (2009). 
 Estágio 55-64 anos: Segundo os autores, esta é a etapa que oferece o 
menor potencial de exploração do mercado. Plano de alterações são 
adiadas para a fase final, FERNANDEZ; (2009). 
 
13 
 
 Estágio mais de 65 anos: A fase que coincide com a aposentadoria. 
Apenas 44% desse subgrupo são casais (ninho vazio), possuem 
características muito diferentes dos demais subgrupos e possuem 
enorme potencial de crescimento, pois a população mundial está 
envelhecendo e morrendo mais tarde, FERNANDEZ; (2009). 
De acordo com destaque, na obra citada, foram pontuadas as soluções 
apontadas pelos autores ao problema representado pelo envelhecimento da 
população. BURNS & GREBLER (1986 apud FERNANDEZ; 2009) idealizaram uma 
solução muito notáveis: a construção de quitinetes da avó (casa da avó) conjugadas 
ao apartamento dos filhos. A intenção do autor é resgatar a importância dos avós à 
família. Morando com os filhos, podem contribuir para a educação dos netos no lugar 
das babás. A solução proposta também aborda o problema do abandono de idosos 
em lares de idosos. 
KRISJANOUS (2001) outro pesquisador destacou a importância de estudar as 
necessidades específicas dos ninhos vazios no mercado imobiliário. A proporção da 
população idosa aumentou, Devido aos avanços da medicina e o consequente 
aumento da expectativa de vida, juntamente com o declínio das taxas de natalidade, 
está alimentando a demanda emergente por novos produtos imobiliários que são mais 
adequados para adultos mais velhos. O autor divide então o período do ninho vazio 
em três categorias com necessidades diferentes: jovens e idosos (65-74 anos), meia-
idade e idosos (75-84 anos) e velhos/velhos (85 anos e acima). 
GLICK (1977 apud FERNANDEZ; 2009) observou que o aumento na duração 
da fase de ninho vazio foi a mudança mais dramática observada no século 20. Para 
GIBLER (1998), o modelo de desenvolvimento familiar tradicional, com os seus 
estágios clássicos, vem sofrendo uma ruptura muito acentuada. Atrasos nos 
casamentos, filhos ilegítimos, divórcios e separações criam uma demanda por novas 
moradias diferentes daquelas exigidas nas fases clássicas do ciclo de vida. 
Como alertam SCHIFFMAN & KANUK (1997 apud FERNANDEZ; 2009), alguns 
eventos acontecem mudanças repentinas nas circunstâncias familiares, como a morte 
ou o divórcio de um dos cônjuges, que levem à necessidade imediata de uma nova 
casa (em caso de divórcio). Segundo os mesmos autores, considerando que os pais 
(homens) passarão mais tempo de lazer com os filhos, especula-se que estas novas 
 
14 
 
habitações deveriam satisfazer o binómio compacto, mas dispõe de boas áreas de 
lazer. 
Com tanta polêmica em torno do ciclo de vida familiar, o trabalho de 
SCHHANINGER & DANKO (1993 apud FERNANDEZ; 2009) é fundamental. Esses 
pesquisadores Americanos decidem se devem validar estatisticamente os modelos 
Desenvolvido por MURPHY & STAPLES (1979 apud FERNANDEZ; 2009) e GILLY & 
ENIS (1982 apud FERNANDEZ; 2009), que surgiram para suprir as supostas falhas 
dos modelos paradigmáticos de Duvall e WELLS & GUBAR (1966), efetivamente 
cumpriam com seu objetivo. 
SCHANINGER & DANKO (1993 apud FERNANDEZ; 2009) assumem que os 
melhores modelos para fins de segmentação de mercado são aqueles que produzem 
classes homogêneas que maximizam as diferenças entre os grupos enquanto ajustam 
eficientemente o maior número de casos a qualquer estágio de definição do modelo. 
Eles concluíram, portanto, que onde o modelo Gilly & Enis melhor explicava o 
fenômeno, apenas 0,5% dos casos se enquadravam na categoria "outros", em 
comparação com 19,4% para o modelo Murphy & Staples e 27,9% para o modelo 
Wells & Gubar 37,2% em modelo e modelo Duvall. 
OLIVEIRA (2004 apud FERNANDEZ; 2009) defende a substituição do conceito 
de ciclo de vida familiar através do conceito de carreiras habitacionais ou o ciclo de 
vida do lar, que seria a sequência de casas que uma família ocupa ao longo do tempo 
(o histórico de ocupação da família). 
Os seguintes estágios relacionam-se com as fases do ciclo de vida familiar: 
novo casal; família com filhos pequenos; filhos adolescentes; lançando os 
filhos e seguindo em frente. Na sociedade atual, o planejamento familiar não 
se delimita à vinculação de casar e posteriormente ter filhos. Desse modo, a 
transição da fase ‘jovens solteiros’, para a fase ‘novo casal’, modificou-se, 
pois há um prolongamento desse período, o que implica alteração das demais 
fases, já que os jovens solteiros estão mais tempo na casa dos pais e também 
há situações em que os jovens continuam solteiros, mas não moram com os 
pais (SANCHES e SILVA, 2016 apud SABINO; 2019). 
Dessa forma, de acordo com Carter e McGoldrick (1995 apud SABINO; 2019) 
apontam que as famílias são sistemas ao longo do tempo, e essa compreensão 
transgeracional abrange quatro ou três gerações. E dentro desse sistema, existem 
subsistemas emocionais que respondem a relacionamentospassados e presentes e 
predizem o futuro. Essas gerações são acomodadas simultaneamente no ciclo de 
vida, e cada membro entra e sai de uma fase do ciclo de vida. Assim, quando um 
 
15 
 
subsistema responde ao que lhe é passado, ele ressignifica os estressores verticais, 
criando a possibilidade de ocorrer mais uma etapa do ciclo familiar, alterando o futuro 
e criando um novo subsistema. 
2.1 Aplicação da teoria do desenvolvimento familiar em estudos recentes 
Atualmente, a teoria do desenvolvimento familiar facilita as interações dos 
pesquisadores com as famílias em diferentes estágios e é útil na identificação de suas 
famílias. Uma descrição da tarefa ou função e seus pontos fortes e fracos de 
desempenho, além de propor intervenções, medidas de prevenção e apoio. Seus 
conceitos, após a reformulação, têm servido como norteadores para estudos de 
diferentes profissionais, apud Pompermayer; et al., (2009). 
A aplicabilidade das teorias do desenvolvimento pode ser observada nos 
estudos de descoberta, principalmente no campo da saúde. Esses estudos 
mencionam que, considerando as etapas do ciclo vital familiar, a teoria auxilia os 
profissionais a visualizarem os mecanismos utilizados para lidar com a dor, a incerteza 
e a preocupação e as mudanças induzidas em suas vidas. Também ajuda a 
responsabilizar os profissionais de saúde por ajudar as famílias a superar crises no 
ciclo de vida familiar, orientando as famílias a descobrir novas soluções e reduzir ou 
aliviar dores emocionais, físicas e mentais, Pompermayer; et al., (2009). 
 No entanto, como relatam esses estudos, a teoria do desenvolvimento familiar 
apresenta lacunas em sua aplicabilidade no cotidiano dos profissionais de saúde, 
principalmente no que diz respeito aos processos saúde-doença. O conteúdo das 
crises situacionais, embora faça parte da teoria, não é muito detalhado e de difícil 
utilização. A teoria também pode ser usada para estudar o ciclo de vida familiar, 
carreiras familiares e compreender a dinâmica do desenvolvimento familiar. 
Pompermayer; et al., (2009). 
Embora reconhecendo a importância do desenvolvimento pessoal, o principal 
pilar do desenvolvimento familiar é a interação e organização de grupos de indivíduos 
por meio desses valores e normas sociais. Como pode ser visto ao longo do que já foi 
mencionado sobre a teoria do desenvolvimento familiar, a família representa um 
grande grupo social que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições, 
 
16 
 
sendo a única forma de organização social que absorve novos membros por 
nascimento, adoção ou casamento, Pompermayer; et al., (2009). 
Uma vez que existem vários tipos de famílias, para entendê-los é necessário 
estudar as interações e relações que se desenvolvem entre os diferentes subsistemas 
familiares, o contexto histórico, sociedade e economia, nas quais as famílias estão 
inseridas, assim como as diferentes origens culturais. Existem vários tipos de famílias 
e para compreender como funciona cada uma delas, é preciso estudar as interações 
e relações desenvolvidas entre os diferentes subsistemas familiares, o contexto 
histórico, social e econômico no qual as famílias encontram-se inseridas bem como 
os diferentes contextos culturais, Pompermayer; et al., (2009). 
O foco principal da teoria do desenvolvimento familiar é a análise familiar, as 
mudanças sistêmicas e padronizadas que as famílias experimentam e como elas se 
movem. Ao longo das diferentes fases da sua existência. É importante notar que esse 
desenvolvimento é definido por valores e crenças sociais, onde normas e valores são 
definidos por meio dos quais, as famílias se reproduzem. Assim, a família se 
desenvolve através de diferentes estágios em diferentes estruturas e funções 
familiares. Como teoria, o desenvolvimento familiar envolve a noção de que, ao longo 
do tempo, uma família deve passar por uma série de estágios cronologicamente 
previstos definidos por Transição previsível. A teoria concentra-se nas mudanças 
sistêmicas e padronizadas que as famílias experimentam à medida que passam por 
vários estágios do curso da vida, Pompermayer; et al., (2009). 
Durante a construção da teoria do desenvolvimento familiar, várias questões 
foram levantadas. Estas se baseiam nos padrões do ciclo de vida familiar e nas 
mudanças na experiência familiar. No que diz respeito à criação da família, a teoria 
do desenvolvimento familiar afirma que ela só pode ser produzida por meio do 
casamento, Pompermayer; et al., (2009). 
Também é importante destacar a condição da mulher na sociedade 
contemporânea, que até pouco tempo girava em torno da maternidade e da dedicação 
à família. Contudo, isso mudou ao longo dos anos, com uma mudança no ciclo de vida 
familiar devido a uma série de fatores, principalmente sociais e econômicos. Como 
exemplo, podemos tomar o exemplo do ciclo vital feminino em relação à maternidade, 
que no passado incluía a dedicação obstinada ao filho e à família; atualmente, 
observa-se que a maternidade e o cuidado familiar têm um período de tempo 
 
17 
 
menor posto que agora muitas delas estão inseridas no mercado de trabalho 
Pompermayer; et al., (2009). 
2.2 A família em constante mudança 
Na História do Brasil, a família é reconhecida como a instituição que moldou os 
padrões coloniais e determinou as normas de comportamento e as relações sociais 
desde os tempos coloniais (Samara, 2002 apud BION; 2012). O ritmo cíclico do tempo 
na sociedade tradicional rompe com a modernização social que tem um impacto 
decisivo na família. Os movimentos não têm mais as marcas seriais e repetitivas das 
sociedades tradicionais. 
As diferentes etapas da vida sucedem-se, os tradicionais que representam 
espaços sociais nos quais os indivíduos têm o potencial de articular experiências de 
mudança, perda ou ruptura (Sarti, 2001 apud BION; 2012). Importantes fenômenos e 
movimentos sociais, como a entrada da mulher no mercado de trabalho e sua maior 
participação no sistema financeiro doméstico, acabaram por criar uma nova imagem 
da família. 
 Sarti (2001 apud BION; 2012) aponta que duas circunstâncias históricas são 
conhecidas por terem contribuído para profundas mudanças na família: a entrada da 
mulher no mercado de trabalho do processo social estrutural no mundo 
contemporâneo – e o desenvolvimento de sociedades cada vez mais seguras, através 
de métodos contraceptivos, criando a possibilidade de escolha da maternidade. 
Ambas as circunstâncias redefiniram o lugar social da mulher, com consequências 
decisivas para as relações familiares, entre elas, a mudança no padrão de autoridade 
na família e de divisão de papéis familiares. (Wagner, Predebon, Mosmann & Verza 
2005 apud BION; 2012). 
No entanto, apesar das mudanças na estrutura familiar nos últimos anos, ainda 
existe o modelo de família em que a divisão tradicional do trabalho ainda é válida, o 
modelo de família em que os casais compartilham tarefas domésticas e educacionais, 
e, ainda, famílias nas quais as mulheres são as principais mantenedoras financeiras 
do lar, mesmo acumulando a maior responsabilidade pelo trabalho doméstico e 
educação dos filhos, (Fleck & Wagner, 2003 apud BION; 2012). 
 
 
18 
 
De uma perspectiva desenvolvimentista, o conceito de família hoje é, sem 
dúvida, sistêmico (Dessen, 1997 apud BION; 2012). A necessidade de uma 
perspectiva sistêmica para estudar as interações familiares e o desenvolvimento de 
relacionamentos só se tornou comum em meados da década de 1980 (Belsky, 1981 
apud BION; 2012). Dessen (1997 apud BION; 2012) destacou que adotar esse 
conceito significa considerar: 
 O sistema familiar é composto por vários subsistemas, incluindo: mãe e 
filho, pai e filho, irmão e irmão; 
 A relação que se desenvolve entre eles é única; 
 Passa pelos processos conforme os padrões relacionais são 
determinados e mantidos e eles podem mudar em cadaum dos 
subsistemas os mesmos precisam ser comparados; 
 Os subsistemas são interdependentes e para compreendê-los é 
necessário considerar todos os subsistemas que compõem a família; 
 Mudanças de desenvolvimento em qualquer membro da família podem 
desafiar todo o sistema. Essa transição, seja normativa (como matrícula 
escolar, adolescência e casamento) ou não normativo (doença, divórcio, 
acidente), muitas vezes conduzindo diretamente mudanças de 
desenvolvimento que, por sua vez, afetam os processos familiares. 
2.3 Da conjugalidade à parentalidade: características da transição 
O nascimento de um filho modifica a família de tal forma que esta etapa do ciclo 
vital familiar pode ser considerada aquela em que ocorrem as mudanças mais 
profundas no funcionamento familiar (BRADT, 1995; MAGAGNIN et al., 2003; 
MINUCHIN, 1981 apud SOARES; 2016). Essa transição é impressionante, pois a 
chegada concomitante de novos membros ao sistema era anteriormente caracterizada 
por díades. É a partir dessa transformação que o sistema não é mais um casal, mas 
uma condição familiar (HINTZ; BAGINSKI, 2012 apud SOARES; 2016). 
 
 
 
 
19 
 
Até então, o sistema composto por um único subsistema, o subsistema 
casamento composto por casais, precisa ser ajustado para criar espaço para novos 
membros sem a necessidade de haver prejuízos em sua relação conjugal de forma 
que permita que a continuidade da família seja mantida. O subsistema parental 
envolve uma nova ordem, que é estabelecida a partir do nascimento da criança, ou 
seja, para o primeiro filho, isso envolve novas tarefas, incluindo cuidados com a 
criança e socialização (MUNICHIN, 1981 apud SOARES; 2016). 
Essa adaptação, da transição para a parentalidade, leva ao estabelecimento 
de novos modos de interação que redefinem a relação do casal. O tempo, que antes 
voltado para interesses pessoais e conjugais, agora voltado para novos membros da 
família, levando à perda da exclusividade na relação conjugal (HINTZ; BAGINSKI, 
2012; MAGAGNIN et al., 2003 apud SOARES; 2016). 
A intimidade formada em casamentos sem filhos é entendida como um preditor 
da capacidade do cônjuge de responder às mudanças induzidas pela parentalidade, 
pois incentiva a continuidade no sistema. Os casais, se bem organizados, se 
desenvolverão nessa transição, tanto como família quanto como cônjuge, resultando 
em um maior sentimento de satisfação em seu relacionamento. No entanto, os ajustes 
nessa fase também podem afetar negativamente a intimidade do casal, pois um dos 
parceiros tem dificuldade em se ajustar ao relacionamento como cônjuge ou como pai, 
gerando desigualdade na relação (BRADT, 1995; MAGAGNIN et al., 2003 apud 
SOARES; 2016). 
Um estudo longitudinal de Menezes e Lopes (2007 apud SOARES; 2016) 
constatou que o engajamento emocional do casal antes do nascimento do bebê 
influenciou a manter o relacionamento conjugal. Acontece que a qualidade do 
relacionamento afetivo de um casal está relacionada à presença ou ausência de crises 
superáveis no sistema familiar e conjugal. Mesmo com as mudanças da transição para 
a parentalidade, os casais que apresentaram maior engajamento emocional na fase 
do bebê experimentaram maior companheirismo e vínculo, além de sentirem a 
continuidade do relacionamento conjugal. 
Por outro lado, aqueles com distanciamento emocional tinham mais dificuldade 
em manter um relacionamento e eram mais vulneráveis a crises de maior intensidade. 
Portanto, é compreensível que a transição para a parentalidade possa impulsionar as 
relações conjugais, como também apresentar declínio no exercício da conjugalidade, 
 
20 
 
sendo a qualidade da relação afetiva, anterior ao nascimento do bebê, um importante 
preditor para a manutenção de todo o sistema neste momento de crise, SOARES; 
(2016). 
Em sentido semelhante, os resultados de um estudo realizado por Hernandez 
e Hutz (2009 apud SOARES; 2016) acerca do ajustamento conjugal e 
emocional em gestantes primíparas no período de transição para a 
parentalidade, nos períodos pré e pós-natal, constataram a ocorrência do 
declínio no ajustamento conjugal após o nascimento do bebê. As mulheres 
investigadas relataram a experiência de considerável turbulência nas 
relações, além de perceberem transformações e mudanças na relação do 
casal. Os autores inferiram que a tendência deste declínio pode estar 
associada à aprendizagem de novos papéis, desenvolvimento de novos 
relacionamentos e reorganização daqueles já estabelecidos. 
Nesse sentido, os efeitos que surgem no relacionamento do casal podem surgir 
a partir do surgimento de novas funções durante a parentalidade intensa e contínua 
(HINTZ; Bakinsky, 2012 apud SOARES; 2016). Esses novos atributos marcam a 
passagem do sistema conjugal para a família e, para esses autores, essa é uma das 
dificuldades enfrentadas pelos novos pais, pois é considerada uma autoridade no 
mundo adulto. A entrada dos filhos no sistema familiar traz novas responsabilidades 
e exige uma nova reorganização dos indivíduos, nem sempre preparados para essa 
transição. 
Uma organização importante no desenvolvimento parental é a atribuição de 
papéis parentais, por meio do qual os cônjuges reorganizarão suas relações conjugais 
para abrir espaço para aprendizado e exercício por pais e mães, ou seja, o exercício 
da paternidade e maternidade. A adoção desses papéis envolve novos 
comportamentos que são percebidos de forma diferenciada entre os gêneros devido 
aos atributos sociais que carregam (Martins; ABREU; FIGUIREDO, 2014 apud 
SOARES; 2016). 
O mesmo autor destaca a mudança do padrão patriarcal, deslocando a figura 
paterna para um papel associado ao provedor da família, passando a se envolver mais 
e cuidar dos filhos. No entanto, reconhecem que muitos casais ainda tendem a adotar 
a tradicional divisão do trabalho após o nascimento da criança. Muitos casais se 
organizam de acordo com suas preferências de acordo com referenciais tradicionais, 
as mães assumem o papel principal de cuidadora e estão totalmente disponíveis para 
a criança, enquanto os pais assumem o papel secundário de provedor e apoio, mais 
fora do cuidado da criança, SOARES; (2016). 
 
21 
 
 As mudanças que ocorrem nas sociedades ocidentais mudaram os modelos 
de família centrados no homem, ampliando a participação e a participação das 
mulheres na sociedade e no mundo do trabalho e, portanto, mudando os 
comportamentos e atitudes masculinos em relação aos cuidados com os filhos que 
também foi modificado, SOARES; (2016). 
 No entanto, as mulheres ainda são as principais responsáveis por esse 
cuidado e pelas tarefas domésticas. Isso às vezes resulta em mulheres 
sobrecarregadas e mais insatisfeitas com o relacionamento conjugal após o 
nascimento do filho (CARTER; MCGOLDRICK, 1995; MARTINS et al., 2014 apud 
SOARES; 2016). 
No entanto, quando um homem se diferencia desse modelo patriarcal, a 
participação ativa em seu papel parental permite que sua paternidade seja construída 
e torna-se mais fácil expressar amor e cuidado com seus filhos. Além disso, seu 
desempenho nos afazeres domésticos antes era apenas deixado para a esposa; com 
o nascimento do bebê, pode tornar-se necessária, visto que agora o envolvimento 
com o bebê limita o tempo da mãe, diminuindo sua disponibilidade e disposição para 
essas tarefas, SOARES; (2016). 
 Essas atividades, quando realizadas em conjunto, refletem positivamente o 
relacionamento do casal. (MENEZES; LOPES, 2007 apud SOARES; 2016). Nesse 
sentido, destacam-se diversos fatores que podem influenciar a intensidade dessa 
crise e a probabilidade de superação. O exercício da paternidade e como A execução 
é o aspecto relevante que ajuda os casais a dispor de recursos socioemocionais para 
encontrar alternativas para atender às demandas criadas pelos novos momentos de 
convivência familiar. 
3 CONCEITO DE GENOGRAMA 
O Genograma contém um gráfico detalhandoda estrutura e da história familiar, 
é um mapa esquemático, porém, para ser elaborado, necessita de uma entrevista 
clínica extensiva e contínua para coletar e atualizar dados e informações sobre a 
família em diferentes períodos de vida. Portanto, para realizar seu potencial, há 
necessidade de formação de algum grau de vínculo entre profissionais e família. 
Assim, o uso de mapas genéticos (genogramas) também facilitará indiretamente a 
 
22 
 
formação de vínculos sugeridos pelas estratégias de saúde da família, VILLARDI; 
(2009). 
Genograma significa "uma árvore genealógica que registra informações sobre 
os membros da família e seus relacionamentos por pelo menos três gerações" 
(McGoldrick, 1987, p. 17 apud VILLARDI; 2009). De acordo com McGoldrick (1987 
apud VILLARDI; 2009), os genogramas apresentam informações em uma estrutura 
gráfica, fornecendo uma rápida gestalt de normas familiares complexas e uma grande 
fonte de hipóteses sobre como os problemas clínicos se relacionam com o contexto 
familiar e sua evolução, ou contexto ao longo do tempo. No entanto, apesar de seu 
uso generalizado por médicos e terapeutas, não há consenso sobre a maneira correta 
de usá-lo. 
O uso de mapas genéticos (genograma) no campo da terapia familiar é 
frequentemente associado à teoria dos sistemas familiares de Bowen (1979/1991 
apud VILLARDI; 2009). Bowen, quando começou a trabalhar com famílias, propôs o 
uso de gráficos familiares, que ajudariam a coletar e organizar dados importantes 
sobre sistemas familiares multigeracionais, e foi renomeado por Guerin, em 1972, 
para Genograma Familiar (Nichols & Schwartz, 1998 apud VILLARDI; 2009). 
Um Genograma representa um "mapa gráfico de histórias e padrões familiares 
mostrando a estrutura básica, demografia, funções e relacionamentos de uma família", 
configurando-se como um gráfico sumário dos dados coletados (McGoldrick & 
Gerson, 1995, p.145). O Genograma explica a estrutura familiar ao longo das 
gerações e os estágios do ciclo de vida familiar, bem como os movimentos emocionais 
associados a eles. 
O genograma tem a sua função principal de organizar os dados envolvendo as 
famílias durante a fase de avaliação e acompanhar a progressão dos relacionamentos 
e triângulos de relacionamento durante o tratamento. O modo como o Genograma é 
feito, possui as informações da família graficamente de forma a oferecer uma visão 
compreensiva dos complexos padrões familiares. Ao mesmo tempo, permite a criação 
de uma série de hipóteses sobre como os problemas clínicos familiares se relacionam 
com o ambiente, bem como a evolução do problema e do ambiente ao longo do tempo. 
(McGoldrick & Gerson, 1995 apud VILLARDI; 2009). 
Os Genogramas são baseados na suposição teórica de que o funcionamento 
dos membros familiares em diferentes níveis, físico, social e emocional, é 
interdependente, e quando uma parte do sistema familiar muda, todo o resto 
 
23 
 
é afetado (Marchetti-Mercer & Cleaver, 2000 apud VILLARDI; 2009). Autores 
como Carter e McGoldrick (1995 apud VILLARDI; 2009), salientam que certos 
padrões familiares, em uma mesma família, são recorrentes e, por essa 
razão, é possível fazer determinadas predições sobre os processos futuros 
que a família vivenciará baseando-se na utilização do Genograma. De acordo 
com Bowen (1979/1991 apud VILLARDI; 2009), deste modo, passado e 
presente são examinados para se obter possíveis informações sobre o futuro. 
De acordo com os Genogramas é possível acessar os principais mitos e 
crenças que ficam em torno da vida familiar. Tais mitos tendem a ser transmitidos de 
geração em geração e podem orientar a formação e o rompimento de relacionamentos 
(Asen & Tomson, 1997 apud VILLARDI; 2009). As informações coletadas por meio do 
Genograma podem incluir aspectos genéticos, médicos, sociais, comportamentais e 
culturais da família, sendo esclarecidos os seguintes dados: 
 Informações necessárias sobre os nomes e idades de todos os membros 
da família; 
 Datas concretas sobre, divórcios, nascimentos, casamentos, 
separações, mortes, abortos e outros acontecimentos significativos; 
 Também tem informações importantes das indicações datadas das 
atividades, ocupações, doenças, lugares de residências e mudanças no 
desenvolvimento vital; e 
 Relações entre os membros da família. Esses dados representam a 
estrutura da família e podem ser configurados como indicativos de sua 
função e da dinâmica. 
3.1 Estrutura e dinâmica familiar 
Segundo Kreppner e Von Eye (1989 apud VILLARDI; 2009), a formação de 
subsistemas, a definição de limites entre subsistemas e as relações entre os 
elementos do sistema são conceitos abstratos que facilitam a análise de fenômenos 
complexos de desenvolvimento familiar e mudanças comportamentais, filhos, 
membros da família ao longo da vida. 
 Essas abstrações referem-se à estrutura e dinâmica da família, que por sua 
vez caracterizam a configuração familiar. Cerveny e Berthoud (1997, 2002 apud 
VILLARDI; 2009) consideram características objetivas que permitem a alocação do 
grupo familiar como componentes da estrutura familiar, como número de 
componentes, gênero, idade, religião, moradia, nível econômico, ocupação, 
 
24 
 
escolaridade, tipo de casamento, tempo de casamento, pessoal cor, raça, etnia e 
origem cultural. 
Características subjetivas que envolvem a forma como os membros da família 
se relacionam fornecem evidências da dinâmica familiar. A forma como os membros 
da família se relacionam, como estabelecem e mantêm ligações, como lidam com 
problemas e conflitos, os rituais que nutrem, a qualidade das regras familiares, a 
definição das suas hierarquias e papéis são assumidos pelos membros da família. 
Para Minuchin (1982 apud VILLARDI; 2009), um dos principais meios de 
compreensão da estrutura e dinâmica das famílias é a análise dos subsistemas 
familiares. Uma pessoa pode participar de diferentes subsistemas nos quais terá 
diferentes níveis de poder, aprenderá diferentes habilidades e manterá diferentes 
relações complementares. 
Cada subsistema familiar desempenha e decreta as funções e necessidades 
específicas de cada um de seus membros, e o desenvolvimento das habilidades 
individuais adquiridas em cada subsistema depende do grau de autonomia que 
alcançam. De acordo com Andolfi et al (1984 apud VILLARDI; 2009), argumentam que 
a capacidade de mudar, participar, mover, separar e pertencer a diferentes 
subsistemas permite que os indivíduos expressem aspectos mais diferenciados de si 
mesmos, exercendo funções únicas, trocando e adquirindo funções com a família. 
Os subsistemas, por sua vez, são separados por limites e regras, cuja função 
é estabelecer seus próprios limites e regular as trocas estabelecidas entre eles, 
permitindo sua manutenção. Os limites são considerados claros quando são bem 
definidos o suficiente para permitir o contato entre membros de diferentes subsistemas 
e cumprir suas funções sem interferência indevida de outros, VILLARDI; (2009). 
Quando não há fronteiras entre os subsistemas, as fronteiras são consideradas 
descentralizadas, o que promove padrões emaranhados de funções na família. 
Quando há muitas restrições, os limites podem se tornar rígidos, promovendo modos 
desconectados com pouco ou nenhum contato entre os membros do subsistema, 
VILLARDI; (2009). 
Os autores também argumentam que em famílias emaranhada, ou seja, 
famílias com fronteiras dispersas, onde as ações e sentimentos de um membro podem 
afetar imediatamente outros membros, isso pode exacerbar o aumento do sentimento 
de pertencimento. Esse sentimento, por sua vez, significa um abandono significativo 
 
25 
 
da exploração autônoma e do domínio dos problemas, podendo ser um fator 
importante no desenvolvimento dos sintomas e na inibição das habilidades cognitivo-
emocionais e sociais. Em subsistemas ou famílias desconectadas, com limites rígidos, 
pode haverum senso distorcido de independência, falta de afeto e lealdade, 
pertencimento e interdependência, e a necessidade de altos níveis de estresse para 
obter apoio de outros membros, VILLARDI; (2009). 
Com a chegada dos filhos, as famílias ampliam as relações existentes ou 
alteram as estruturas internas, formando novos subsistemas por meio de relações 
binárias e ternárias dentro do sistema familiar (Kreppner & Von Eye, 1989 apud 
VILLARDI; 2009). Para esses autores, o número de relacionamentos que podem ser 
observados é o primeiro aspecto da estrutura familiar a ser considerado, e o aumento 
ou diminuição da probabilidade de relacionamentos é descrito como um ponto 
importante na caracterização da estrutura do sistema. 
A recorrência de certas formas de relacionamento entre certos membros da 
família produz padrões transacionais, padrões de relacionamentos que são 
incorporados no sistema familiar. Com base na experiência clínica e na literatura, 
definem-se os seguintes padrões transacionais: relações harmoniosas, relações muito 
próximas, ou superengajamento; relações de fusão e conflituosas; alianças; relações 
contraditórias; relações frágeis; relações distantes; interrupções; relações triangulares 
e uniões. VILLARDI; (2009). 
A literatura contribuiu com os seguintes conceitos: emaranhamento e rigidez de 
fronteira (Minuchin, 1985 apud VILLARDI; 2009); separação superenvolvimento, 
fusão, diferenciação e triangulação (Bowen, 1979/1991 apud VILLARDI; 2009); 
lealdade invisível (Boszormenyi-Nagy, 2003 apud VILLARDI; 2009); Watzlawick, 
Beavin e Jackson (1973 apud VILLARDI; 2009) define a comunicação disfuncional 
como aquela repleta de paradoxos, incompetência e não afirmação um do outro, 
simetria e complementaridade. Segue abaixo as definições de cada um dos padrões 
transacionais: 
 Relacionamento Harmonioso: Definido como uma experiência 
emocional entre dois ou mais membros da família que têm sentimentos 
positivos um pelo outro e têm interesses, atitudes ou valores recíprocos. 
Inclui as diferenças entre os membros entre si e de sua família de 
origem; 
 
26 
 
 Relação muito próxima ou envolvimento excessivo: Representa uma 
relação de fusão e dependência emocional entre os membros da família, 
ou seja, representa uma relação não diferenciada entre os membros; 
 O relacionamento fundido e conflitual: descrevem dependências 
emocionais próximas e relacionamentos conflitantes contínuos entre os 
membros da família, sem distinção entre eles. Embora o termo Aliança 
suscite interações positivas, trata-se de uma ligação baseada nas 
lealdades invisíveis que interferem, também, no processo de 
diferenciação, porém em menor grau que o superenvolvimento. 
 Relações de conflitos: caracterizadas por atritos constantes, o que 
gera muita ansiedade e desacordo no ambiente familiar, o que se traduz 
em dificuldades de comunicação, como desqualificação e não 
identificação da outra parte, podendo evoluir para padrões de 
comunicação simétricos que podem produzir violência; 
 Relacionamentos frágeis: descrevem relacionamentos que não 
apresentam conflito claro, mas apresentam risco de conflito durante 
condições adversas ou períodos de transição; 
 O relacionamento distante: característica de uma forma de 
relacionamento encontrada principalmente em famílias separadas, com 
limites rígidos. A relação entre os membros é caracterizada pelo menor 
contato e principalmente emocional; 
 Rompimento: descreve um relacionamento em que os membros 
permanecem conectados emocionalmente, mesmo que não estejam 
conectados; 
 A triangulação: Esta é uma configuração emocional de três pessoas 
em que a pessoa do "triângulo" cumpre a função periférica de mediar a 
tensão que existe entre os dois e "se encontra em estado de insegurança 
na ausência de conflito explícito, encontra-se em um estado de 
insegurança e mesmo de sofrimento emocional”. Em caso de conflito, o 
constrangimento ou dor é transferido para os membros da díade, 
enquanto o terceiro vê-se aliviado (Miermont, 1994, p.571 apud 
VILLARDI; 2009); 
 
27 
 
 A coalizão: Segundo Miermont (1994, p.144 apud VILLARDI; 2009), ela 
"consiste na aliança de duas pessoas contra uma terceira", também 
descrita como atributo específico da Tríade; 
Dessa maneira, embora frequentes, os padrões transacionais podem mudar ao 
longo do tempo, principalmente durante o período de transição que as famílias 
passam. Mudanças nos padrões de transação permitem a continuidade da família e, 
inversamente, a diferenciação de seus membros, VILLARDI; (2009). 
 
 A pesquisa com famílias 
 
O trabalho de pesquisa com famílias torna-se bastante complexo, 
principalmente quando se quer avançar em relação aos dados sociodemográficos e 
numéricos, que são, sem dúvida, fundamentais, mas por si só não são suficientes para 
estudar a complexidade desse grupo social. Considerando a diversidade de padrões 
familiares existentes no Brasil, bem como a diversidade de padrões de interação e 
comportamento e os sistemas simbólicos que contém, é muito perigoso pensar o 
grupo familiar como uma entidade única com uma função específica e definida. 
Segundo Bowen (1979 apud VILLARDI; 2009), a família é “uma combinação de 
sistemas emocionais e relacionais”. O termo "emoção" refere-se ao poder que motiva 
o sistema, e "relacionamento" refere-se à forma como ele é expresso. Este último 
inclui comunicação, interação e outros tipos de relacionamento (p. 33). 
A pesquisa qualitativa se destaca, assim, por focar em uma sequência 
específica de comportamento interpessoal, onde o comportamento de cada indivíduo 
é visualizado em uma sequência de interação que depende do comportamento de 
outros parceiros que interagem, ou seja, inclui o aspecto interações complexas nas 
relações familiares, sejam elas emocionais, relacionais e 
comunicacionais. Estudando amostras pequenas, a pesquisa qualitativa prioriza a 
regularidade, mas dá atenção especial às singularidades na análise de cada grupo 
familiar. Nos estudos com famílias, é importante não perder de vista a complexidade 
das relações que esse grupo social engloba, VILLARDI; (2009). 
 
 
 
28 
 
Independentemente de sua configuração, o maior número de detalhes possível 
deve ser considerado. Portanto, segundo o ditado de que o triângulo é a menor 
unidade de observação, é necessária uma relação de mapeamento para realizar a 
pesquisa familiar, VILLARDI; (2009). 
 De acordo com a teoria sistêmica, representada por Adolfi, Ângelo, Menghi e 
Nicolo-Corigliano (1984 apud VILLARDI; 2009), em um relacionamento dual (marido 
e mulher, mãe e filho, pai e filho), se ambas as partes envolvidas não estabeleceram 
um relacionamento com um terceiro não é possível haver diferenciação. Por sua vez, 
cada membro da família faz parte de uma rede de relações com sua família de origem. 
O termo diferenciação refere-se ao processo de autoexpressão do sujeito, que por 
sua vez é membro de um grupo familiar, que deve gradualmente se diferenciar do 
grupo familiar para alcançar a autonomia individual (Andorfi et al.). 
Para Andorfi et al. (1984 apud VILLARDI; 2009), a relação triangular é a menor 
unidade que constitui as conexões estruturais que ajudam a determinar o processo de 
diferenciação/ indiferenciação individual. A particularidade que cada família vivencia 
na formação e ruptura das relações triangulares influencia a transformação de sua 
estrutura e dinâmica. Portanto, estudá-los requer uma análise minuciosa dos 
triângulos e suas inter-relações. 
Para tanto, o genograma é uma importante ferramenta visual, pois pode ser 
utilizado para mapear tais redes de interação (McGoldrick & Gerson, 2005 apud 
VILLARDI; 2009). O genograma pode ser pensado como uma ferramenta para ajudar 
as famílias a se expressarem e se soma ao leque de ferramentas de coleta de dados, 
como apresentações orais de estudos de caso, histórias de vida e entrevistasreflexivas. 
3.2 Montagem do genograma 
Um mapa genético, ou seja, genograma pode ser conceituado como uma 
representação gráfica de uma constelação familiar, incluindo gerações, permitindo 
uma visão global da estrutura familiar e modelos de função familiar, tanto do ponto de 
vista cronológico quanto dinâmico. (Machado, et al; 2005 apud CORREIA; 2009). A 
construção do genograma pode ser feita de forma pedagogicamente fragmentada, tais 
 
29 
 
como o: esboço da estrutura familiar; registro de informações e planejamento das 
relações familiares. (Rodriguez et al; 2007 apud CORREIA; 2009). 
Também é encontrado como um genograma estrutural (representado por 
estrutura e informação) e genograma funcional. (Machado, et al; 2005 apud 
CORREIA; 2009). O aspecto estrutural do genograma representa a estrutura da 
família, disposta horizontal e verticalmente. As linhas verticais representam as 
gerações familiares, e segundo McGoldrick (1987 apud CORREIA; 2009), as 
informações sobre os membros da família devem ser registradas por pelo menos três 
gerações; logo o genograma mostrará de três a quatro linhas verticais dependendo 
da história familiar apresentada. 
 Por exemplo: a linha 1 pode corresponder aos avós de um paciente identificado 
(PI), a linha 2 pode corresponder a gerações de pais IP; a linha 3 pode corresponder 
à geração de PI e a linha 4 pode corresponder à descendência PI. As linhas 
horizontais representarão o número de indivíduos que compõem cada geração da 
família, e representar graficamente cada indivíduo por meio do registro das 
informações é o principal aspecto da construção de um genograma. O conteúdo de 
suas informações pode variar dependendo da finalidade do genograma, CORREIA; 
(2009). 
Segundo Rodrigues, et al (2007 apud CORREIA; 2009), deverá conter 
informações demográficas como: idade data de nascimento e óbitos; datas 
de casamentos, divórcios, separações; nível educacional quando necessário; 
ocupações; profissão; identificação de patologias e fatores de risco, assim 
como alcoolismo e drogadição; histórico de êxito e de fracasso familiar ou 
individual; identificação e padrões comportamentais, sempre respeitando a 
ordem cronológica dos fatos. Contudo em se tratando da aplicação do 
instrumento para a Saúde Mental torna-se de suma importância os registros 
detalhados de pontos conflitantes ou eventos desencadeantes de traumas 
relatados pelo paciente identificado. 
As características subjetivas trazidas pelos vínculos familiares referem-se à 
forma como os membros da família se relacionam. (Webdt, Crepald, 2008 apud 
CORREIA; 2009). Eles são representados por diferentes traços gráficos, cada um com 
sua própria representação. “Os genogramas funcionais complementam as 
informações obtidas das sobre a relação estrutural, e fornecem uma visão mais 
dinâmica, pois mostra como os membros da família se relacionam". (Machado et al; 
2005). Neste fragmento é que serão identificados os laços afetivos dos membros. As 
informações contidas no genograma. 
 
30 
 
3.3 Simbologia do genograma 
A representação gráfica usada aqui é consistente com a notação usada por 
McGoldrick, de acordo com a simbologia utilizada pelo mesmo, que foi estabelecida 
pela Comissão de Revisão Acadêmica do Genograma, e que definiu padrões para 
construção do genograma após um período de estudo de 1978 a 1998. (Gomes, 1999 
apud CORREIA; 2009). Dessa forma veja abaixo um exemplo de um genograma de 
acordo com o paciente identificado: 
 
De acordo com a imagem O paciente identificado PI, é representado pela 
repetibilidade da geometria. 
 
Fonte: unesav.com.br 
Para a identificação de óbitos, é necessário inserir um X no membro familiar 
correspondente. É importante anotar o ano de nascimento/óbito e/ou determinar a 
idade em que o membro faleceu e, se necessário, a causa da morte, CORREIA; 
(2009). 
 
Fonte: unesav.com.br 
Em relação ao estado civil, de acordo com o estado civil dos membros, os 
vínculos são estabelecidos entre os membros por meio de linhas verticais e 
horizontais. É importante registrar o relacionamento em ordem cronológica, por 
exemplo: ano do casamento, ano da separação, ano do divórcio, e também determinar 
a duração do casamento, CORREIA; (2009). 
 
31 
 
 
 
Fonte: unesav.com.br 
Para casamentos múltiplos, a ordem cronológica deve ser respeitada. 
 
 
Fonte: unesav.com.br 
A prole será representada por ordem de nascimento, seguindo símbolos 
específicos para gestações gemelares homozigotas e heterozigotas, abortos 
espontâneos e induzidos e casos de adoção, CORREIA; (2009). 
 
 
32 
 
Fonte: unesav.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: unesav.com.br 
O genograma é uma ferramenta que também permite a utilização de uma forma 
gráfica para a identificação de vínculos afetivos, bem como pontos de conflito nas 
relações familiares, e através de diferentes traços podemos visualizar o grau de 
emoção que existe entre os membros, CORREIA; (2009). 
 
 
Fonte: unesav.com.br 
A identificação dos núcleos familiares é importante para a construção do 
genograma, pois essas informações podem ser críticas para a terapia. A família 
 
33 
 
nuclear, que é composta por indivíduos que vivem no mesmo domicílio (Rodrigues et 
al., 2007 apud CORREIA; 2009), é representada por um círculo. 
 
Fonte: unesav.com.br 
Em ordem cronológica, o primeiro casamento em 1987 gerou dois filhos (um 
menino de 10 anos e uma menina de 8 anos), e em 2000, após 13 anos de casamento, 
houve um processo de separação, há processo de separação, onde a partir do 
genograma podemos identificar que o filho reside com o pai e a filha com a mãe. Em 
2003, a mãe casou-se pela segunda vez e teve uma filha de 4 anos. Vale ressaltar 
que as informações coletadas para a construção do genograma, especificamente em 
relação aos pacientes identificados para abordagens de tratamento individuais, que 
podem ser variáveis, ou seja, outros métodos construídos coletivamente. CORREIA; 
(2009). 
O genograma é uma ferramenta gráfica que pode ser utilizada por diversos 
profissionais, como médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, etc., pois 
ajuda a explicar as principais questões sociais, biológicas, emocionais e interpessoais. 
Os efeitos gráficos são úteis não só na observação do ambiente doméstico, mas 
também no indivíduo, pois o homem se angustia com a responsabilidade de ser no 
estabelecimento de si mesmo, porque está presente e vivo e por meio de suas 
relações com os outros, o homem se estabelece e é responsável por construir e cuidar 
dos outros, CORREIA; (2009). 
 
34 
 
Segundo Erthal, na construção do genograma é de suma importância a 
escuta empática por parte do profissional, devido a mobilização ocasionada 
nos pacientes na construção do instrumento, pois este se depara com sua 
história familiar, e faz com que entre em contato com seu projeto de vida e 
dentro da concepção fenomenológica existencial afirmamos que 
“conscientizar-se do projeto não significa apenas alterá-lo pode ser que isso 
o leve a mantê-lo. É uma escolha que a qualquer sentido leva o risco” (Erthal, 
1989, p. 57 apud CORREIA; 2009). 
Ainda de acordo com Erthal (1989 apud CORREIA; (2009), ao fazermos 
escolhas, damos sentido ao mundo à nossa existência, por isso, quando confrontados 
com suas histórias de vida familiar, refletidas no genograma, os indivíduos são 
estimulados a refletir sobre sua Vida. p. 7) mencionou: "Como sou responsável por 
mim e por todos, crio uma imagem particular de uma pessoa que escolho, escolho a 
mim mesmo, escolho essa pessoa”. Quando o paciente reflete sobre sua 
responsabilidade de escolher, manter ou não os padrões familiares encontrados no 
genograma. Sabe-se que os genogramas de linhagem contribuem para outras 
abordagens teóricas como a fenomenologia existencial de forma interdisciplinar, que 
é uma ferramenta utilizada na abordagemdos sistemas familiares, ou seja, 
abordagem sistêmica. 
Nessa abordagem, o homem é um ser livre, único e responsável pelo seu 
próprio ser (Aranha, 1993 apud CORREIA; 2009), e a abordagem fenomenológica 
procura descrever o fenômeno como ele é, sendo o próprio homem quem o descreve, 
de acordo com o sentido que deseja dar para o fenômeno, assim ao utilizarmos o 
genograma, o profissional estará observando o sentido de que o indivíduo atribui a 
sua vida e seus relacionamentos. 
Percebe – se também na utilização do genograma, a maneira como o indivíduo 
percebe o seu EU ideal, Erthal (1989 apud CORREIA; (2009) apontou que muitas 
pessoas criam uma auto-imagem idealizada de quem querem ser aceitando-se de 
forma irreal sem perceber seu potencial. 
Segundo Erthal, esta imagem idealizada pode tornar-se prejudicial à medida 
que origina angústia frente as escolhas fracassadas, o que fica 
potencializando em famílias cujo padrão de funcionamento é opressor, 
criando assim uma autoimagem negativa, a autoimagem é realizada a partir 
do significado que damos às nossas escolhas e estas desvelam o nosso ser, 
que formam nossos projetos de vida. “A imagem que o indivíduo cria de si 
mesmo, determina os comportamentos que desenvolve” (Erthal, 1989, p. 57 
apud CORREIA; 2009). 
 
35 
 
Muitas pessoas com transtornos mentais apresentam complexos de 
inferioridade em famílias com padrões de comportamento estereotipados, e o 
complexo de inferioridade é uma forma de fazer escolhas em programas 
comportamentais fracassados, afirmando: "Antecipando os julgamentos adversos dos 
outros, a escolha é o que incentiva seu comportamento, CORREIA; (2009). 
 Assim, uma imagem idealizada pode ser formada para compensar sua visão 
negativa de si mesmo” (Erthal, 1989, p. 62 apud CORREIA; 2009). Eles se tornarão, 
sem perceber seu potencial. Desta forma a utilização do genograma, exemplificados 
não apenas na abordagem sistêmica, mas também na teoria fenomenológica 
existencial, pode ser utilizado em outra abordagem teórica, pois o interesse principal 
é ajudar o indivíduo a encontrar seu papel e orientar teoricamente os diversos 
profissionais de áreas diferentes e em casos diferentes no uso de imagens do 
genograma. 
3.4 O uso do genograma de recursos 
A construção do genograma familiar é uma técnica amplamente utilizada pelos 
terapeutas familiares. Em geral, podemos definir um genograma como um padrão ou 
representação gráfica em uma árvore que inclui dados sobre a estrutura (quem faz 
parte de uma família; relações biológicas e jurídicas entre os membros), dados 
demográficos (datas de nascimento, datas de falecimento), casamento) e as relações 
familiares (conflitos ou alianças entre determinados membros). (Lewis, 1989; Hedges, 
2005 apud BRÁS; 2005). 
Com base nessa técnica clássica em terapia familiar, Lowe (20042005 apud 
BRÁS; 2005) propôs a construção do genograma da famíliar, mas com características 
diferentes. Portanto, os autores acreditam que, em vez de construir um genograma 
que apenas colete informações sobre a estrutura familiar, com ênfase particular na 
patologia, seria mais útil elaborar um genograma seria mais útil elaborar um 
genograma de recursos onde é também recolhida informação sobre os contextos de 
competência das famílias que procuram a terapia. 
 
 
 
36 
 
 Através desta técnica, é possível obter uma riqueza de informações positivas 
sobre as famílias (ou seja, aspectos de suas vidas que são agradáveis e funcionam 
bem) pode ser coletada em diferentes domínios (por exemplo, atividades profissionais, 
atividades de lazer, relacionamentos, etc.) (Lowe, 20042005 apud BRÁS; 2005). Além 
do genograma de recursos, é necessário considerar a construção de um genograma 
de sonhos. Dessa forma, os indivíduos são livres para expressar não apenas os 
recursos e habilidades que adquiriram e os sucessos que alcançaram, mas também 
seus sonhos e o que esperam alcançar no futuro. 
Por um lado, essas novas formas de usar os genogramas permitem que os 
terapeutas tenham uma visão mais apreciativa da família, podendo vê-la além dos 
problemas que ela apresentará. Por outro lado, torna as próprias famílias conscientes 
de seus próprios recursos e habilidades, e também faz com que compreendam como 
se sentem uns em relação aos outros. Ao implementar essas habilidades, as pessoas 
passam a ter uma visão mais positiva de si mesmas e, ao imaginar e expressar os 
objetivos que desejam alcançar no futuro, fica mais fácil mudar e atingir esses 
objetivos, BRÁS; (2005). 
3.5 O Inquérito Apreciativo como forma de questionar 
A linguagem e o diálogo são cruciais nos sistemas humanos. É através deles 
que comunicamos aos outros o que vemos e a nossa percepção do mundo e da 
realidade que nos rodeia (Gergen, 2001 apud BRÁS; 2005). A comunicação 
desempenha, assim, um papel importante, intervindo na construção das identidades 
pessoais, nas nossas relações com os outros, resultando em estruturas sociais e 
representando o processo pelo qual formulamos os nossos valores, crenças e 
objetivos. 
Segundo Pearce (1994, p. 75 apud BRÁS; 2005) "Quando nos comunicamos, 
não estamos apenas falando sobre o mundo, estamos participando de fato da criação 
do universo social". Com base nessa ideia, e dada a importância da linguagem em 
nossas vidas, a forma como nos comunicamos e as perguntas que fazemos na terapia 
é de extrema importância e pode servir como forma de ajudar as pessoas a identificar 
e utilizar seus recursos. O Inquérito Apreciativo (IA) pode ser uma das formas de o 
conseguir. 
 
37 
 
 O IA, desenvolvida por Cooperrider e Srivastva em 1987 (Cooperrider & 
Whitney, 1999 apud BRÁS; 2005), pode ser vista como o estudo e exploração do que 
há de melhor e do que “dá vida” aos sistemas humanos, quando estes funcionam na 
sua forma mais eficientes. 
Podem ser considerados oito pressupostos (Hammond, 1998; Neto et al, 
1999; Neto & Marujo, 2001 apud BRÁS; 2005), a partir dos quais o IA foi 
desenvolvido: a) em todas as sociedades, organizações ou grupos, existe 
sempre algo que funciona; b) quando nos focarmos em algo, isso torna-se a 
nossa realidade; c) a realidade é criada no momento e existem múltiplas 
realidades; d) ao colocarmos questões a uma pessoa, organização ou grupo, 
estamos a influenciá-los de alguma maneira; e) as pessoas sentem-se mais 
confiantes e confortáveis ao caminhar para o futuro (o desconhecido), quando 
trazem consigo partes do passado (o conhecido); f) se trouxermos connosco 
partes do passado, essas deverão ser as melhores; g) é importante valorizar 
as diferenças; h) a linguagem que usamos cria a nossa própria realidade. 
De uma maneira mais especifica, o IA se caracteriza por fazer perguntas 
positivas que permitem a geração de novas imagens do futuro evocadas pelo melhor 
do que aconteceu no passado e no presente. Assim, é uma técnica que, por meio da 
forma de fazer perguntas, aumenta a capacidade de um sistema de compreender, 
prever e aumentar seu potencial positivo (Cooperrider & Whitney, 1999 apud BRÁS; 
2005 apud BRÁS; 2005). 
O questionamento apreciativo é único na medida em que não se aplica de forma 
indiscriminada a todos os casos de perguntas, que são definidas pela conversa em 
andamento. No entanto, quatro etapas gerais podem ser identificadas ao longo do 
processo. (Cooperrider e Whitney, 1999; Fuller, Griffin e Ludema, 2000 apud BRÁS; 
2005): Descoberta, Sonho, Planejamento e Destino. 
A fase de descoberta consiste em procurar o que é “dá vida”, ou seja, uma 
avaliação dos pontos fortes do sistema; a segunda fase, a fase do sonho, visa explorar 
“o que pode ser”, convidando as pessoas a pensar sobre o que é positivo e imaginá-
lo melhor; os três estágios, planejamento, o objetivo é construir juntos, projetar o ideal, 
"O que queremos fazer?", "O que devemos fazer? ”. BRÁS;(2005). 
Por fim, a etapa final, a destinação, envolve o reconhecimento do que foi 
aprendido etransformado desde o início do processo, com o objetivo de concretizar o 
sonho declarado. Segundo Hedges (2005 apud BRÁS; 2005), é retirando o foco 
exploratório nas causas dos problemas do passado que é possível visualizar 
oportunidades futuras até então negligenciadas. Aplicar essa forma de 
questionamento à terapia familiar tem grandes vantagens, pois liberta as famílias dos 
 
38 
 
problemas que as levaram a procurar ajuda. Ao fazê-lo, é possível mostrar à família 
que possui forças e competências que podem não ter sido até agora reconhecidas 
pelos seus membros, podendo assim avançar num caminho que lhes permita atingir 
os objetivos a que se propõem. 
4 PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO 
 
Fonte: cuidateterapiasholisticas.com.br 
Para abordar os antecessores históricos da teoria dos sistemas, ou seja, Teoria 
Sistêmica, esta sessão terá como base o trabalho de Capra (2006 apud GOMES; et 
al., 2014), que traça momentos ao longo da história, que nomeadamente influenciou 
a formulação do movimento como pilar de sustentação do desenvolvimento do 
pensamento sistêmico. O autor inicia sua jornada nos tempos antigos salvando as 
mentes do filósofo grego Aristóteles, que acreditava que a matéria contém Todas as 
coisas, então a essência só pode se tornar real através da forma. A visão de mundo 
como espiritual, orgânico, característica da filosofia aristotélica, dominou o 
pensamento ocidental durante toda a Idade Média. 
Até os séculos XVI e XVII, graças às revoluções científicas trazidas pelas 
descobertas da física, astronomia e matemática, as visões medievais deram lugar a 
um entendimento de que o mundo funcionaria como uma máquina, regido por leis 
matemáticas precisas. Este momento,chamado de Mecanicismo Cartesiano, teve 
 
39 
 
como seus representantes mais notáveis Galileu Galilei, Copérnico, René Descartes, 
Francis Bacon e Isaac Newton. Dessa forma, o método de análise, um dos 
sinalizadores nessa revolução, cunhada por Descartes, ela contém o pressuposto de 
que ao decompor um fenômeno complexo em partes, pode-se compreender o 
comportamento do todo a partir das propriedades das partes, GOMES; et al., (2014). 
Modelos mecânicos, ou melhor, mecanicistas, tiveram sucesso em alguns 
experimentos, como o de William Harvey, pelo qual o fenômeno da circulação 
sanguínea pode ser explicado. Outros fisiologistas tentaram aplicar os mesmos 
modelos para entender funções corporais como digestão e metabolismo, mas não 
tiveram sucesso porque esses fenômenos envolviam processos químicos 
desconhecidos na época. Foi somente no século 18 que o pioneiro da química 
moderna, Antoine Lavoisier, confirmou que a importância dos processos químicos 
para o funcionamento dos organismos ao descobrir que a respiração é uma forma 
especializada de oxidação. Desde então, os modelos mecanicistas simplistas foram 
sendo abandonados, embora a essência da ideia cartesiana perdurasse, GOMES; et 
al., (2014). 
Contra o mecanismo cartesiano, surgiu o movimento romântico, que durou do 
final do século XVIII ao final do século XIX. A razão para retornar ao ideal aristotélico 
foi o foco renovado na natureza das formas orgânicas por poetas e filósofos 
românticos alemães como Immanuel Kant. Uma figura central nesse movimento foi 
Johann Wolfgang von Goethe, um dos primeiros a usar o termo morfologia para 
explicar o estudo da morfologia biológica. Do ponto de vista dinâmico. A natureza terá 
uma forma fluida e seguirá um padrão de relacionamentos em um todo grande, 
organizado e harmonioso. A preocupação primária dos biólogos torna-se biológica, 
então a composição da matéria torna-se secundária GOMES; et al., (2014). 
Na segunda metade do século XIX, melhorias no microscópio levaram a 
grandes avanços na biologia, salvando o pensamento mecanicista. Com a Teoria das 
Células, o foco dos biólogos mudou do organismo para a célula. Neste caso, Louis 
Pasteur apresentou sua Teoria Microbiana de acordo com a qual as bactérias seriam 
a única causa das doenças. Embora a biologia celular tenha feito grandes avanços na 
compreensão da estrutura e função de muitas subunidades, as atividades 
coordenadas que integram essas operações na função celular geral permanecem 
inexplicadas. Essa compreensão só foi possível no século XX, quando a biologia 
 
40 
 
orgânica ou organicismo surgiu como um movimento contra os mecanismos e se 
delineou como uma poderosa influência na construção do pensamento sistêmico, 
GOMES; et al., (2014). 
As ideias de Aristóteles, Goethe, Kant e Cuvier foram aprimoradas e 
influenciadas pela negação das ideias estruturais da mecânica cartesiana, como os 
métodos analíticos. De acordo com o conceito a concepção Organísmica, as 
propriedades essenciais do organismo pertencem ao todo, na medida em que 
nenhuma das partes possui essas propriedades, porque essas propriedades surgem 
da interação das partes. Portanto, a propriedade e o significado das partes só pode 
ser entendido a partir da organização do todo. O organicismo concentra-se na 
compreensão das relações organizacionais, cujo conceito foi posteriormente refinado 
pelo conceito de auto-organização, GOMES; et al., (2014). 
A ecologia é um ramo do pensamento sistêmico que surgiu na Escola de 
Biologia quando os biólogos começaram a estudar comunidades de organismos. 
Desde então, o conceito de ecossistema moldou todo o pensamento ecológico e 
impulsionou uma abordagem sistêmica da ecologia. Compreender os sistemas vivos 
como redes fornece uma nova perspectiva sobre a chamada hierarquia da natureza. 
Nesse sentido, segundo Capra (2006 apud GOMES; et al., 2014), a natureza não 
possui hierarquias, mas redes formadas dentro de outras redes. 
 Ao mesmo tempo em que nasceu a ecologia, a física quântica, proposta por 
Werner Heisenberg na década de 1920, contrariava as ideias newtonianas 
predominantes, de acordo com isso, todos os fenômenos físicos podem ser atribuídos 
às propriedades das partículas de material sólido rígido. Tal teoria sugere que os 
objetos de matéria sólida da física clássica se dissolvem em padrões probabilísticos 
semelhantes a ondas no nível subatômico, tais padrões não representam 
probabilidades das coisas, mas probabilidades inter-relacionadas, GOMES; et al., 
(2014). 
As partículas subatômicas não são coisas, são interconexões entre coisas, que 
por sua vez são interconexões entre outras coisas. Portanto, o mundo não pode ser 
dividido em unidades básicas de existência de maneira independente: Estes só 
podem ser entendidos em relação uns aos outros. Portanto, o todo determina o 
comportamento das partes. Também na década de 1920, durante a República de 
Weimar da Alemanha, a psicologia da Gestalt surgiu quando as ideias tendiam a negar 
 
41 
 
a fragmentação e o mecanismo e buscar a totalidade. Psicólogos liderados por Max 
Wertheimer e Wolfgang Köhler reconheceram que a existência de um todo irredutível 
é um aspecto fundamental da percepção, ou seja, o todo apresenta qualidades nas 
quais suas partes não existem, GOMES; et al., (2014). 
 O filósofo Christian von Ehrenfels afirmou que todo o Maior do que a soma de 
suas partes, esse princípio tornou-se central para a teoria dos sistemas. Uma década 
depois, o biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy propôs a Teoria Geral dos 
Sistemas e, em 1940, o matemático norte-americano Norbert Wiener começou a 
formular a cibernética. Duas teorias se desenvolveram em paralelo no século xx e 
estabeleceram limites o paradigma da teoria dos sistemas e a influência da teoria da 
comunicação humana criada por Gregory Bateson e Paul Watzlawick, GOMES; et al., 
(2014). 
5 GENOGRAMA NA PERSPECTIVA SISTÊMICA 
De acordo com uma abordagem sistêmica do cuidado domiciliar, voltada para 
o atendimento familiar Zuse, Rossato e Backes (2002 apud SANTOS; 2018) afirmam 
que as famílias se repetem e, dessa forma, o desenho do genograma facilita a 
percepção,

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