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E-BOOK Os melhores repertórios para você escrever sobre qualquer tema de redação do ENEM! PARA 2022 97 REDAÇÕES MODELO ENEM LISTA DE TEMAS QUE O PROFINHO FEZ PRA VOCÊ 01. Conscientização dos jovens para a prevenção do consumismo 02. Democratização do acesso ao Ensino Superior no Brasil 03. Garantia da dignidade do trabalhador doméstico no Brasil 04. O papel da família na formação afetiva de crianças em questão no Brasil 05. Os impactos da desigualdade no acesso à internet para o sistema educacional brasileiro 06. Os desafios da implementação do ensino domiciliar no Brasil 07. A importância do aleitamento materno na primeira infância 08. A importância do letramento digital na Terceira Idade 09. A importância do uso da tecnologia no combate à criminalidade 10. Alternativas para combater a pobreza menstrual entre mulheres de baixa renda no Brasil 11. Alternativas para combater os crimes cibernéticos na sociedade brasileira 12. Alternativas para prevenir a violência doméstica contra crianças no Brasil 13. Alternativas para prevenir a violência no ambiente escolar 14. Alternativas para promover o acesso igualitário à prática de atividades físicas 15. Alternativas para diminuir os impactos do lixo eletrônico no Brasil 16. Formas de combater o tráfico de pessoas no Brasil 17. Meios para garantir a aposentadoria no Brasil 18. O problema da dependência química no Brasil contemporâneo 19. O problema da prática de perseguição sistemática na internet em questão no Brasil 20. O problema da violência durante o parto 21. Os desafios da alfabetização de crianças indígenas no Brasil 22. Os desafios da educação financeira para a sociedade brasileira 23. Os desafios das políticas de moradia no Brasil 24. Os desafios do acesso à cultura no Brasil 25. Os desafios do combate à evasão escolar no Brasil 26. Os desafios do combate ao assédio moral no serviço público 27. Os desafios do combate à obesidade infantil no Brasil 28. A importância da prevenção ao suicídio no Brasil 29. A importância da redução do consumo de plástico pelo brasileiro 30. Como combater os crimes de pedofilia no Brasil? 31. A importância da leitura na infância 32. Os desafios do combate ao tabagismo entre os brasileiros 33. Os desafios do ensino a distância no Brasil 34. A contribuição da música para o aprendizado dos estudantes brasileiros 35. Os obstáculos da inclusão do autista no Brasil 36. O problema do consumo excessivo de açúcar pelo brasileiro 37. A importância das campanhas de vacinação no Brasil 38. O problema da alienação parental no Brasil 39. O poder de transformação social do esporte no Brasil 40. Caminhos para combater a depressão entre os brasileiros 41. HIV: um desafio para a saúde pública e para a sociedade 42. Os obstáculos para a doação de sangue no Brasil 43. O papel da família na educação de crianças e de adolescentes no Brasil 44. A importância do trabalho voluntário em momentos de crise 45. O problema da ansiedade entre os jovens 46. Alternativas para combater a pirataria entre os brasileiros 47. O advento das informações falsas no Brasil contemporâneo 48. Os desafios da gestão do lixo no Brasil 49. Os desafios dos brasileiros na luta contra o câncer 50. O histórico desafio do respeito às leis pela população brasileira 51. O problema do esgotamento profissional em questão no Brasil 52. As dificuldades da inclusão do idoso no mercado de trabalho em questão no Brasil 53. Os desafios para os profissionais das futuras gerações em questão no Brasil 54. Caminhos para garantir a alfabetização na primeira infância 55. O problema da cultura do cancelamento e da hostilidade nas redes sociais 56. O desafio da inclusão às pessoas com deficiência no Brasil contemporâneo 57. Por que o preconceito linguístico é um paradoxo no Brasil? 58. O problema do "bullying" nas escolas brasileiras 59. Os desafios do deslocamento nas cidades em questão no Brasil 60. A importância do combate aos maus-tratos aos animais 61. O problema do desperdício de comida entre os brasileiros 62. Crianças em situação de rua como combater esse problema no Brasil 63. Efeitos sociais da gravidez na adolescência em questão no Brasil 64. O brasileiro valoriza a construção da saúde coletiva 65. O drama do desaparecimento de crianças no Brasil 66. O problema da superexposição de crianças e de adolescentes nas redes sociais 67. O problema da violência contra os idosos 68. Doação de órgãos: a importância dessa prática solidária 69. O problema da violência urbana em questão no Brasil. 70. O papel da tecnologia na formação educacional do brasileiro 71. A importância da prática de atividades físicas para a saúde dos brasileiros 72. O que o Brasil precisa aprender para lidar com o novo Coronavírus 73. O problema da automedicação entre os brasileiros 74. A importância da cultura do autocuidado entre os brasileiros 75. A questão do porte de armas em discussão no Brasil 76. A construção da responsabilidade socioambiental no brasileiro 77. A crise do sistema carcerário em questão no Brasil contemporâneo 78. A distribuição agrária em questão no Brasil do século XXI 79. A importância do desenvolvimento do civismo e da ética na sociedade 80. A importância da valorização do patriotismo pelos jovens brasileiros 81. A importância do respeito à diversidade de gênero no Brasil 82. A representatividade da mulher no esporte em discussão no Brasil 83. As causas e as consequências da poluição no Brasil 84. Como alcançar o desenvolvimento de que o Brasil precisa 85. Desemprego um problema histórico com reflexos na contemporaneidade 86. O desafio da aceitação à diversidade familiar no Brasil 87. O papel social do ensino médio no Brasil contemporâneo 88. O problema da exclusão digital da terceira idade em discussão na sociedade brasileira 89. Os desafios da ciência brasileira no século XXI 90. Os desafios do envelhecimento populacional para a sociedade brasileira 91. Os desafios para a inclusão digital do idoso em questão no Brasil 92. Os limites do uso da tecnologia pelas crianças 93. Violência nos estádios brasileiros como superar essa triste realidade 94. Os limites da liberdade de expressão entre os brasileiros 95. O problema da crise hídrica em questão no Brasil 96. Os desafios do acesso igualitário ao saneamento básico 97. A redução da maioridade penal em questão no Brasil 1 TEMA - Conscientização dos jovens para a prevenção do consumismo No contexto da Revolução Industrial, o conceito de Sociedade de Consumo nasceu para explicar um fenômeno comum na contemporaneidade: em vez de comprar para viver, os indivíduos vivem para consumir. Nesse sentido, o problema apontado no século XIX representa um comportamento nocivo e aflige sobretudo a juventude brasileira. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata a forte influência midiática e a inércia estatal no ensino da inteligência emocional para prevenir consumismo. Diante desse cenário, a manipulação da mídia motiva o consumismo do jovem. A esse respeito, Theodor Adorno – expoente filósofo alemão – desenvolveu o conceito de Indústria Cultural, segundo o qual os veículos midiáticos buscam influenciar o comportamento do público alvo, de forma constante e reiterada. Todavia, substancial parcela da juventude se mostra incapaz de perceber e de prevenir a influência denunciada por Adorno, que ocorre diariamente em todos os veículos de telecomunicação. Assim, enquanto não houver senso crítico diante de um comercial de TV, o comportamento compulsivo de rapazes e de moças para o consumo será a regra. Ademais, o filósofo francês Guy Debord, em seu conceito Sociedade do Espetáculo, aponta que as relações sociais contemporâneas influenciam a população a viver um falso padrão de vida plena e perfeita. Todavia, o Poder Público brasileiro, em vez de conscientizar os jovens para o consumo,permanece inoperante e se torna conivente com o problema criticado por Debord. Inclusive, a carência de políticas públicas para desenvolver, na juventude, um comportamento de compra inteligente e maduro evidencia que o Estado se preocupa mais com os impostos arrecados pelo consumismo do que com a dignidade do jovem. Desse modo, se a omissão estatal se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para o jovem: a compra compulsiva. É urgente, portanto, que as escolas – responsáveis pela transformação social – ensinem rapazes e moças a ter senso crítico diante da persuasão midiática para o consumo, por meio de projetos pedagógicos, como palestras e ações comunitárias, capazes de orientar essa população a comprar com responsabilidade. Essa iniciativa terá a finalidade de romper a inércia do Estado na construção da inteligência para o consumo do jovem e de garantir que a Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, deixe de ser, em breve, uma realidade no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 2 TEMA – Democratização do acesso ao Ensino Superior no Brasil Em 1808, Dom João VI trouxe o embrião da formação acadêmica para o Brasil: a faculdade de medicina da Bahia, com o intuito de atender às necessidades da minoria nobre que se alocava no país. Nesse sentido, o Ensino Superior, que começou restrito à nobreza, ainda se mantém como um privilégio, já que não há democratização do acesso às universidades na nação tupiniquim. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata não apenas a invisibilidade dos estudantes carentes, mas também a desigualdade social decorrente dessa exclusão. Diante desse cenário, durante o período do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, foi criado o Exame Nacional do Ensino Médio, cujo foco, anos depois, seria garantir que todos os alunos da formação básica tivessem acesso à faculdade. Todavia, é uma utopia considerar que os estudantes contemporâneos tenham justo acesso às vagas das universidades, já que o ensino básico se mostra precário: as escolas carecem de professores, de estrutura adequada e de qualidade efetiva de aulas. Assim, enquanto a falta da capacitação educacional de base for a regra, as faculdades continuarão sendo um direito restrito às classes dominantes, tal como ocorria no governo FHC – e ainda ocorre. Ademais, a falta de acesso às academias superiores de ensino potencializa a desigualdade social. Sobre isso, a Organização das Nações Unidas desenvolveu um IDH – índice que afere o desenvolvimento humano dos indivíduos – e considerou que a educação e a renda são determinantes para a vida digna. Ocorre que, ao ser excluído do Ensino Superior, o estudante será subjugado a um círculo vicioso de escassez: com menos oportunidades de emprego, sua vida estará subjugada à carência ainda mais profunda de recursos. Desse modo, a formação acadêmica poderá interromper esse círculo cruel, mas ainda há abismos sociais que separam os alunos de baixa renda do sonho de cursar a faculdade. Portanto, o Ministério da Educação deve melhorar a educação básica e a formação dos alunos em idade de vestibular, por meio de projetos pedagógicos, a exemplo de oficinas pré-vestibulares comunitárias e aulas gratuitas capazes de capacitar os alunos de baixa renda a acessar o Ensino Superior. Essa iniciativa terá a finalidade de ampliar as oportunidades dos estudantes carentes e de interromper o círculo vicioso de escassez. Assim, diferentemente do que ocorria na época de Dom João XVI, o acesso à universidade passará a ser, de fato, um direito de todos e não mais um privilégio da nobreza. Professor Vinícius Oliveira 3 TEMA - Garantia da dignidade do trabalhador doméstico no Brasil Em abril de 2022, a mídia brasileira trouxe luz a casos de empregadas domésticas que viviam há anos em regime exploratório constante, o que se enquadrou como trabalho análogo à escravidão. Sob essa lógica, as tristes histórias reveladas na TV representam grave problema e simbolizam que a falta da dignidade no trabalhador do lar ainda é uma realidade cruel, mas comum. Com efeito, a solução do problema passa pelo combate não só da subserviência humana, bem como da omissão estatal na garantia de direitos trabalhistas. Diante desse cenário, a exploração desumana de mão de obra representa grave retrocesso. Nesse sentido, o Período Colonial – importante fase de construção do comportamento do brasileiro – foi marcado pela submissão do negro, sobretudo das mulheres, ao serviço doméstico sem qualquer garantia de dignidade. Essa cruel exploração ainda se mantém nos lares brasileiros, já que muitos empregados domésticos, cuja maioria é mulher negra tal como era no século XVI, ainda são invisibilizados e privados de direitos trabalhistas, a exemplo do controle de jornada. Não é razoável que, mesmo 500 anos depois, a sociedade ainda conviva com a realidade arcaica típica do descobrimento do Brasil. Ademais, Getúlio Vargas – conhecido como pai dos pobres – promulgou a CLT: legislação garantidora de importantes direitos trabalhistas. Ocorre que, a garantia conquistada desde a Era Vargas ainda não se entende efetivamente aos colaboradores do lar, já que muitos ainda não são remunerados por suas horas-extras e sequer têm a sua carteira assinada. Assim, as políticas públicas trabalhistas se mostram insuficientes, e, enquanto a omissão do Estado na efetivação dos direitos laborais domésticos se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para o século XXI: a falta de dignidade no trabalho. É urgente, portanto, que medidas sejam tomadas para combater a submissão do trabalhador doméstico. Nesse viés, as escolas – responsáveis pela transformação social – devem desconstruir a invisibilidade dos empregados do lar, por meio de projetos pedagógicos, como ações comunitárias capazes de reverter a postura retrógrada da sociedade. Essa iniciativa teria a finalidade de romper a inércia do Estado e de garantir que o Brasil seja uma nação justa, solidária e, de fato, libre da exploração. Professor Vinícius Oliveira 4 TEMA - O papel da família na formação afetiva de crianças em questão no Brasil Em 1980, o psiquiatra Richard Gardner desenvolveu o conceito conhecido como Síndrome da Alienação Parental, que acomete meninos e meninas submetidos à hostilidade no contexto parental. Nesse sentido, o problema denunciado por Gardner afeta as crianças brasileiras, já que as famílias, em regra, se mostram incapazes de contribuir com a formação afetiva dos pequenos. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata não só a invisibilidade social associada a esse grupo vulnerável, mas também a omissão familiar na educação emocional. Diante desse cenário, a carência afetiva fragiliza a dignidade humana das crianças. A esse respeito, a filósofa alemã Simone de Beauvoir desenvolveu o conceito de invisibilidade social, segundo o qual algumas minorias são tratadas como se não existissem e suas necessidades básicas são ignoradas pela sociedade. Nesse viés, muitas crianças convivem com a triste realidade apontada por Beauvoir, já que, embora dependam de cuidados, sofrem pela indiferença daqueles que lhes deveriam oferecer carinho e amparo. Assim, se a formação afetiva não for a regra, meninos e meninas continuarem tratados como órfãos em seus próprios lares. Ademais, Peter Sífneos – expoente médico norte-americano – desenvolveu um conceito conhecido como “cegueira emocional”, e, a partir dele, denuncia o fato de que, a criança, ao ser exposta a uma realidade hostil, pode perder a capacidade de demonstrar afeto. Dessa maneira, meninos e meninas brasileiros são prejudicados pela cegueira emocional e podem reproduzir o círculo vicioso de alienação parental: uma criança que não ama será um adulto despreparado para contribuir para a formação afetiva de seus filhos,que, por sua vez, serão incapazes de demonstrar carinho. Nesse viés, enquanto a omissão da família for a regra, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para os lares: a carência afetiva. É urgente, portanto, que medidas sejam tomadas para valorizar a formação emocional infantil. Nesse sentido, as escolas – responsáveis pela transformação social – devem desconstruir a invisibilidade infantil, por meio de projetos pedagógicos, como gincanas lúdicas com a participação dos pais e de psicólogos capazes de ajudar na união no lar. Essa iniciativa teria a finalidade de solucionar a omissão familiar e de garantir que o Brasil seja uma nação solidária, afetuosa e, de fato, livre da alienação parental. Professor Vinícius Oliveira 5 TEMA - Os impactos da desigualdade no acesso à internet para o sistema educacional brasileiro A ordem constitucional vigente, inaugurada em outubro de 1988, guia- se pelo propósito de construção de uma sociedade livre, justa e solidária, de modo a assegurar o bem-estar, a igualdade e a justiça como valores supremos. Contudo, mesmo diante desses preceitos na Constituição Federal, bem como do direto à educação, os casos de desigualdade no acesso à internet persistem nas escolas brasileiras. Assim, a fim de mitigar este problema, há de se combater a escassez de recursos, bem como a omissão do Estado. Diante desse cenário, a falta de internet no ambiente escolar motiva a perpetuação da invisibilidade social. Nesse sentido, no Período Colonial, a educação estava restrita à minoria detentora do poder econômico -- conhecida como aristocracia -- e a população carente era excluída. A esse respeito, a sociedade contemporânea sofre exclusão analógica -- ou ainda mais grave -- do que aquela vivida na colônia, já que todos os dias muitos estudantes são invisibilizados e impedidos de usufruir da rede mundial de computadores. Essa desigualdade contribui para a manutenção de uma nação injusta, retrógrada e cruel. Desse modo, se a invisibilidade for a regra, a educação tecnológica será a exceção. Ademais, a omissão do Estado dá ensejo à desigualdade no acesso à educação no ciberespaço. Sobre isso, John Locke – expoente sociólogo inglês – desenvolveu o conceito conhecido como Contrato Social, segundo o qual a população cede sua confiança ao Estado, que, em contrapartida, deve garantir direitos indispensáveis para a cidadania. Ocorre que a proteção prevista por Locke não se estende a muitos estudantes brasileiros, que são subjugados a uma educação offline, sem internet, sem computadores e, não raro, sem acesso à própria escola. Assim, enquanto a inércia estatal se mantiver o Brasil será obrigado a conviver com um dos maiores problemas para o estudante: a educação deficiente. Portanto, para combater a desigualdade no acesso à internet, as escolas, em parceria com o Ministério da Educação, devem atualizar a educação brasileira, por meio da modificação da sua infraestrutura pedagógica, com a compra de computadores, a instalação de banda larga e a implementação de laboratórios de informática. Essa iniciativa teria a finalidade de romper a inércia estatal e fazer com que os alunos sejam instruídos a partir das novas tecnologias, de sorte que a sociedade brasileira experimente, de fato, o amparo constitucional proposto em 1988. Professor Vinícius Oliveira 6 TEMA – Implementação do ensino domiciliar no Brasil Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo garante a educação a todos. Entretanto, a dificuldade de implementação do ensino domiciliar impede que os brasileiros usufruam desse direito constitucional. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata não só a invisibilidade dos estudantes de baixa renda, mas também a omissão do Estado. Diante desse cenário, a desigualdade educacional fragiliza a dignidade humana dos alunos. Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos Humanos – promulgada em 1948 pela ONU – assegura que todos os indivíduos fazem jus a direitos básicos, a exemplo do acesso ao sistema educacional de qualidade. Ocorre que, no Brasil, os estudantes de baixa renda estão distantes de vivenciar o benefício previsto pelas Nações Unidas, sobretudo por conta da falta de políticas públicas capazes de implementar o ensino domiciliar de forma efetiva. Assim, se os estudantes de baixa renda continuarem tratados como invisíveis, os direitos firmados em 1948 permanecerão como privilégios. Ademais, a inércia estatal inviabiliza a efetiva implementação da educação domiciliar. A esse respeito, o filósofo inglês John Locke desenvolveu o conceito de “Contrato Social”, a partir do qual os indivíduos deveriam confiar no Estado, que, por sua vez, garantiria direitos inalienáveis à população. Todavia, a falta de treinamento da família para o ensino evidencia que o Poder Público se mostra incapaz de cumprir o contrato de Locke, na medida em que as autoridades escolares não capacitam pais e mães para ensinar os filhos em casa, o que representa grave problema. Desse modo, enquanto a omissão estatal se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com uma das mais cruéis mazelas para os alunos de baixa renda: a carência educacional. É urgente, portanto, que medidas sejam tomadas para incentivar o “homeschooling”. Nesse sentido, as escolas – responsáveis pela transformação social – devem ensinar a sociedade a reivindicar melhorias em relação ensino domiciliar, por meio de projetos pedagógicos, como oficinas e ações comunitárias. Essa iniciativa terá a finalidade de romper a inércia do Estado e de garantir que o tratamento digno previsto pelas Nações Unidas deixe de ser, em breve, uma utopia no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 7 TEMA – A importância do aleitamento materno na primeira infância Em 1988, representantes do povo — reunidos em Assembleia Constituinte — instituíram um Estado Democrático, a fim de assegurar a proteção à infância como valor supremo de uma sociedade fraterna. Entretanto, o descaso com o aleitamento materno nos primeiros anos da vida impede que as crianças experimentem o direito constitucional na prática. Com efeito, há de se perceber a importância do leite para a saúde, bem como desconstruir a omissão do Estado. Diante desse cenário, a Organização Mundial da Saúde defende que as propriedades nutritivas do leite materno colaboram para o desenvolvimento do sistema imunológico e para o equilíbrio hormonal — fundamental para o fortalecimento das sinapses neurais. Ocorre que, seja por imprudência, seja por incapacidade biológica das mães, substancial parcela das crianças não usufrui dos benefícios essenciais do leite materno previstos pela OMS e, consequentemente, torna-se susceptível a diversas doenças ao longo da vida. Desse modo, enquanto a amamentação não for tratada como regra, a saúde de meninos e de meninas será a exceção. Ademais, a carência de aleitamento evidencia a omissão do Estado. Nesse viés, o Estatuto da Criança e do Adolescente — legislação promulgada em 1990 — assegura o acesso ao leite materno às crianças nos primeiros anos da vida. Todavia, embora haja previsão no ECA, o Brasil se mostra incapaz de promover políticas públicas efetivas que garantam condições dignas para que as lactantes amamentem seus filhos – a exemplo de bancos de leite e de segurança laboral para as mães. Assim, enquanto o direito de amamentar se mantiver como privilégio, meninos e meninas não receberão o alimento mais importante para a primeira infância: o leite materno. Há de se perceber, portanto, a relevância da amamentação. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, responsável pela qualidade de vida da população, deve valorizar o aleitamento e garanti-lo de forma digna, por meio de políticas públicas, como a disponibilização de clínicaspopulares que disponham de bancos de leite materno. Essa iniciativa teria a finalidade de auxiliar as lactantes que não foram capazes de produzir leite e contribuiria para que o direito de amamentar os filhos deixe de ser, em breve, um privilégio. Professor Vinícius Oliveira 8 TEMA – A importância do letramento digital na Terceira Idade Em 2015, Elon Musk – bilionário sul-africano e entusiasta da tecnologia – desenvolveu uma escola cujo ensino seria focado no digital: a Ad Astra. Elon entende que a Quarta Revolução Industrial exige atualização de toda sociedade. Todavia, a terceira idade brasileira está distante de vivenciar a importância da evolução proposta pelo bilionário, seja pela indiferença social, seja pela omissão do Estado na garantia do direito à educação do idoso. Diante desse cenário, a filósofa Simone de Beauvoir disserta, em sua obra “A Velhice”, que as sociedades modernas promovem a invisibilidade social do idoso, o que contribuiu para a marginalização daqueles que chegaram à Terceira Idade. Nesse viés, a falta de inclusão digital potencializa a invisibilidade denunciada por Beauvoir, colabora para visão inferiorizada da população senil e representa obstáculo para a valorização dessa importante parcela da sociedade. Assim, enquanto a indiferença ao idoso for a regra, o letramento digital será a exceção. Ademais, no mesmo ano na criação da escola de Elon Musk, o Governo brasileiro promulgou o Estatuto do Idoso, que garante – ao menos na teoria – o direito à educação do idoso, bem como a sua integração com a vida moderna. Ocorre que a realidade da Terceira Idade ainda é analógica, e o Estado brasileiro, ao contrário do que prevê o Estatuto do Idoso, não tem desenvolvido políticas públicas capazes de conferir a devida importância ao letramento digital desse grupo. Desse modo, não é razoável que a educação tecnológica seja um privilégio negado à população senil brasileira. É urgente, portanto, que o letramento digital do idoso seja tratado com a devida importância. Nesse sentido, o Ministério da Tecnologia deve combater a exclusão e tornar visível a necessidade tecnológica da população senil, por meio de da criação de centros comunitários capazes de ensinar a terceira idade manusear aparelhos eletrônicos, como “tablets” e “smartphones”. Essa iniciativa teria a finalidade de desconstruir a omissão do Estado, de modo que o projeto de Elon Musk seja, em breve, uma realidade entre os idosos. Professor Vinícius Oliveira 9 TEMA - A importância do uso da tecnologia no combate à criminalidade Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo garante o direito à segurança. Entretanto, a subutilização da tecnologia no combate à criminalidade impede que os brasileiros usufruam desse direito constitucional. Com efeito, a desconstrução da involução digital, bem como do despreparo do Estado são iniciativas capazes de fazer com que o problema seja tratado com a devida importância. Diante desse cenário, a desatualização da polícia dificulta o combate aos delitos. Nesse sentido, em 1996, o sequestro e a morte da menina Amber Hagerman motivaram os Estados Unidos a desenvolver um aviso sonoro capaz de comunicar o rapto de crianças, em massa e de forma sincronizada com as mídias sociais. Por sua vez, o Brasil ainda está distante da inteligência aplicada nos EUA, já que não possui a tecnologia necessária para solucionar os crimes de forma rápida e segura. Inclusive, como prova desse grave retrocesso, até 2019, não havia um cadastro unificado de pessoas desaparecidas para agilizar a resolução dos sequestros no Brasil. Assim, a falta de estratégias inovadores evidencia o atraso da nação verde-amarela, e, se a involução digital for a regra, o combate eficaz à criminalidade será a exceção. Ademais, a Quarta Revolução Industrial – marcada pelo surgimento da robótica – representa o estágio mais avançado da evolução digital e pode cooperar significativamente para as necessidades da atual geração. Ocorre que o Estado brasileiro se mostra desatualizado, já que utiliza pouco – ou nada – a inteligência artificial e a nanotecnologia proporcionadas pela Revolução 4.0. Nesse sentido, as inovações não recebem a devida importância, e as autoridades policiais combatem os crimes de forma analógica e retrógrada. Dessa forma, enquanto a polícia não for atualizada, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para os cidadãos: a criminalidade. É urgente, portanto, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com os estados federativos ofereçam a atualização necessária à polícia, por meio de projetos estratégicos, como a compra de “drones” e de “softwares” avançados que sejam capazes de auxiliar no cotidiano dos agentes de segurança. Essa iniciativa teria a finalidade de mitigar o despreparo na resolução dos conflitos e de garantir que o Brasil seja uma nação segura e, de fato, de livre de qualquer forma de criminalidade. Professor Vinícius Oliveira 10 TEMA - Alternativas para combater a pobreza menstrual entre mulheres de baixa renda no Brasil | VERSÃO 2021 A produção ficcional "Round 6" ilustra uma sociedade distópica, cujos personagens convivem com a desigualdade e com a extrema escassez de recursos. Com efeito, a distopia se torna realidade na medida em que, todos os dias, milhões de meninas utilizam trapos de pano e pedaços de papelão para fazer a própria higiene genital -- o que reproduz o terrível cenário da ficção coreana. Nesse sentido, a solução da pobreza menstrual pressupõe que o Estado interrompa esse jogo de opressão e que valorize a dignidade feminina. Durante a Idade Média, uma vez por mês as moças eram obrigadas a se isolar socialmente para gerenciar a própria menstruação com trapos de tecidos que controlavam o sangue – o que era motivo de humilhação e de vergonha. Com efeito, essa situação degradante experimentada há mais de mil anos ainda é a realidade de muitas mulheres brasileiras. Nesse sentido, a solução da pobreza menstrual entre a população de baixa renda pressupõe que combata a omissão do Estado e que se valorize a dignidade humana. Diante desse cenário, Norberto Bobbio – expoente filósofo italiano – defende, em sua olha "Estado, governo e sociedade", a ideia segundo a qual as instituições públicas são incapazes de suprir as demandas dos indivíduos que estão sob a responsabilidade estatal. Nesse viés, o presidente do Brasil confirma a incapacidade denunciada por Bobbio, ao negar deliberada e intencionalmente a oferta de absorventes às jovens carentes, ainda que o Poder Legislativo lhes tenha assegurado esse direito. Assim, não é razoável que, embora seja extremamente básica, a higiene feminina também seja um privilégio no país que insiste na ilusão de ser solidário. Ademais, ao negar absorventes às jovens, o Estado se mostra indiferente à dignidade, prevista pela primeira vez há mais de dois séculos. Nesse sentido, o Iluminismo, em 1789, garantiu a vida digna a todos os indivíduos, independentemente do sexo. Porém, as moças de baixa renda ainda não conhecem o direito consolidado pelos iluministas, haja vista que a população feminina carente não dispõe de insumos mínimos para a sua higiene genital básica. Dessa maneira, enquanto a pobreza menstrual se mantiver, as mulheres carentes serão obrigadas a conviver com a mais grave violação de direitos: a falta de dignidade humana. Desse modo, é inconcebível que a desigualdade social seja tão cruel a ponto de fazer com que a pobreza menstrual se torne a regra no Brasil. Portanto, o Ministério Público – órgão responsável pela proteção das minorias – deve zelar pela dignidade humana das mulheres carentes e cobrar ações efetivas do Estado, por meio de políticaspúblicas, como ações comunitárias com distribuição gratuita de insumos de higiene feminina. Essa iniciativa teria a finalidade de mobilizar as autoridades no sentido de garantir a vida digna que foi negada a moças de baixa renda, de modo que o Brasil deixe de ser uma sociedade distopia e passe, de fato, a ser uma nação livre, justa e solidária. Desse modo, é inconcebível que a desigualdade social seja tão cruel a ponto de fazer com que a pobreza menstrual se torne a regra no Brasil. Portanto, o Ministério Público – órgão responsável pela proteção das minorias – deve zelar pela dignidade humana das mulheres carentes e cobrar ações efetivas do Estado, por meio de políticas públicas, como ações comunitárias com distribuição gratuita de insumos de higiene feminina. Essa iniciativa teria a finalidade de mobilizar as autoridades no sentido de garantir a vida digna que foi negada a moças de baixa renda, de modo que o Brasil deixe de nutrir uma mentalidade medieval e seja, de fato, uma nação livre, justa e solidária. Professor Vinícius Oliveira REDAÇÃO COM “ROUND 6” REDAÇÃO COM IDADE MÉDIA 11 TEMA – Alternativas para combater os crimes cibernéticos na sociedade brasileira A Constituição Federal de 1988 – documento da liberdade, da dignidade e da justiça social no Brasil – assegura a todos o direito à privacidade e à integridade moral. Entretanto, a perpetuação de crimes cibernéticos no Brasil evidencia que nem todos experimentam as garantias previstas na Carta Magna. Diante de tal cenário, a solução do problema depende de estratégias que desconstruam a omissão do Estado e a sensação de impunidade. À vista disso, a inércia das autoridades públicas permite a manutenção de infrações no ciberespaço. Nesse sentido, Norberto Bobbio – expoente filósofo italiano – defendeu, em sua obra “Dicionário de política”, que as instituições estatais modernas se mostram incapazes de solucionar as demandas decorrentes de crimes cometidos na sociedade. A esse respeito, os delitos virtuais se encaixam no problema denunciado pelo filósofo, na medida em que o Estado não dispõe de políticas públicas eficazes para reprimir os infratores que atuam virtualmente. Assim, enquanto a carência estatal for a regra, a segurança digital será a exceção. Ademais, a sensação de impunidade dá ensejo a novos crimes virtuais. Nesse viés, Steve Jobs – criador da Apple e entusiasta da tecnologia – defendia que a internet deve servir para o benefício das relações humanas e contribuir para a coesão social. Ocorre que a atuação de “hackers” corrompe o ideal proposto por Jobs, na medida em que faz da internet um ambiente hostil, principalmente, em razão da falta de punição para aqueles que cometem furto de dados, invasão de privacidade e pedofilia digital. Desse modo, enquanto a impunidade se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas contemporâneos: os cibercrimes. Cabe, portanto, ao Ministério Público promover campanhas, em parceria com as delegacias, com o intuito de intensificar ações educativas que visem desconstruir os delitos virtuais. O “Parquet” deve, ainda, ajudar no combate aos crimes cibernéticos, por meio das ações judiciais pertinentes, a exemplo da ação penal pública, a fim de garantir a punição dos infratores que atuam na rede mundial de computadores. Assim, todos poderão, de fato, experimentar a dignidade idealizada na Carta Política. Professora Natália Teixeira e professor Vinícius Oliveira 12 TEMA - Alternativas para prevenir a violência doméstica contra crianças no Brasil Em 2021, a sociedade ficou marcada por um triste episódio envolvendo agressões a crianças: o assassinato de Henry Borel, que, embora seja cruel, não é raro no Brasil. Nesse sentido, a violência doméstica contra meninos e meninas representa grave problema e pode motivar outros casos como o de Henry. Com efeito, para prevenir a hostilidade, há de se criar alternativas para valorizar a dignidade humana infantil, bem como combater o assédio moral dentro dos lares. Diante desse cenário, a violência doméstica contra as crianças fragiliza a sua integridade. A esse respeito, no contexto do Iluminismo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi um dos primeiros tratados internacionais a considerar meninos e meninas como hipossuficientes — indivíduos que dependem de proteção dos pais e do Estado. Ocorre que o Poder Público e a família se mostram incapazes de proteger a infância, tal como estabeleciam os iluministas no século XVIII. Desse modo, a persistência do abandono parental, do assédio sexual e das faces cruéis da violência contra as crianças representa grave retrocesso. Assim, não é razoável que, em vez de ser um ambiente seguro, os lares simbolizem lugares hostis e traumáticos. Ademais, a manipulação emocional sobre a criança dá lugar a prejuízos psicológicos. Sobre isso, o médico Peter Sifneos nomeou como “Alexitimia” o conceito clínico conhecido popularmente como “cegueira emocional”, segundo o qual o relacionamento tóxico com os genitores pode provocar na criança a perda da capacidade de demonstrar afeto. Nesse sentido, muitas famílias são imprudentes com os filhos e, assim, são responsáveis por ocasionar consequências irreparáveis como a síndrome definida por Sifneos. Desse modo, enquanto os maus-tratos não forem evitados, a sociedade terá de conviver com um dos piores obstáculos para o desenvolvimento: o caos familiar. É urgente, portanto, que as escolas — responsáveis pela transformação social — devem contribuir para a garantia da dignidade humana na infância, por meio de projetos pedagógicos, como palestras e ações abertas à comunidade, capazes de proteger a infância. Essa iniciativa teria a finalidade de repudiar os casos cruéis de agressão doméstica, a exemplo do abandono parental e do assédio sexual. Assim, será possível garantir que episódios tristes como o da morte do menino Henry deixem de ser, em breve, realidade no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 13 TEMA – Alternativas para prevenir a violência no ambiente escolar Em 2011, o Brasil ficou marcado por uma das mais graves tragédias da história: o Massacre de Realengo, que ceifou a vida de 11 alunos da escola carioca Tasso da Silveira. Nesse sentido, a violência no ambiente escolar se mostra grave problema e permite a ocorrência de episódios cruéis como o de 2011. Com efeito, as alternativas para prevenir a insegurança nas instituições do ensino pressupõem que se desconstrua a maldade humana e a omissão do Estado. Diante desse cenário, a filósofa Hannah Arendt desenvolveu o conceito conhecido como Banalidade do Mal, segundo o qual as atitudes cruéis são parte do cotidiano moderno e tornam as relações sociais cada vez mais caóticas. Nesse viés, substancial parcela dos estudantes brasileiros manifesta na prática a cultura de hostilidade definida por Arendt, o que se mostra grave problema e motiva os casos de violência em suas faces mais perversas – “bullying”, ofensas a professores, depredação de patrimônio. Dessa forma, não é razoável que o Brasil ainda se mantenha incapaz de prevenir a violência nas escolas. Ademais, John Locke – filósofo conhecido como pai do liberalismo – construiu a tese de que os indivíduos cedem sua confiança ao Estado, que, em contrapartida, deve garantir direitos aos cidadãos. Todavia, a ideia de Locke está distante de ser a realidade nas escolas, haja vista a falta de iniciativa das autoridades em evitar conflitos, garantir a segurança e a paz no ambiente escolar, o que permite a ocorrência de histórias cruéis como a experimentada por alunos em Realengo. Assim, enquanto a inércia do Estado se mantiver, os estudantes serão obrigados a conviver com um dos mais graves problemas para a sociedade contemporânea: a violência nas escolas. Para mitigar, portanto, as diversas faces da hostilidadenas instituições de ensino, as próprias escolas – responsáveis pela transformação social – devem desconstruir a maldade presente no ambiente estudantil, por meio de projetos pedagógicos, como gincanas e ações comunitárias capazes de promover a harmonia. Essa iniciativa teria a finalidade de reafirmar o papel da escola na mediação dos conflitos e de garantir que o Brasil seja uma nação solidária e, de fato, livre da violência na escola. Professor Vinícius Oliveira 14 TEMA - Alternativas para promover o acesso igualitário à prática de atividades físicas. No século IV antes de Cristo, Hipócrates já defendia que a anatomia humana exige motricidade: constante movimento do corpo. Todavia, na contemporaneidade, a tese do pai da medicina encontra obstáculo na extrema desigualdade social que afeta substancial parcela dos brasileiros. Com efeito, para democratizar a prática de atividades físicas, há de se promover o acesso à renda e a políticas públicas que deem alternativas para que todos possam realizar exercícios. Diante desse cenário, a prática de atividades físicas é um privilégio não estendido à população pobre. Sobre isso, no século XIX, o Barão de Coubertin – aristocrata e idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna – decidiu estimular a inclusão da educação física nas escolas de Paris, com objetivo de promover a qualidade de vida. Ocorre que a iniciativa de Coubertin se mostrou excludente, o que se perpetua na sociedade contemporânea, sobretudo nas nações subdesenvolvidas, nas quais o Brasil se inclui. Inclusive, não há como ter tempo de qualidade para o esporte quando as longas jornadas de trabalho e a escassez de recursos são a regra. Assim, a desigualdade é obstáculo para a cultura desportiva, e, se não houver mudança nessa realidade cruel, os exercícios físicos continuarão restrito à minoria detentora do poder econômico. Ademais, uma alternativa possível para democratizar as atividades físicas é estimular a criação de políticas públicas desportivas. A esse respeito, a Organização Mundial da Saúde, em 2020, sugeriu a prática de exercícios diários por 30 minutos, a fim de estimular a saúde da população mundial. Todavia, o Poder Público brasileiro tem mostrado poucas iniciativas para implementar a orientação das Nações Unidas no dia a dia dos brasileiros. Faltam ciclovias, academias populares e praças com aparelhagem adequada, que, de fato, poderiam fazer com que a sugestão da OMS deixasse de ser teoria. Portanto, as prefeituras, em parceria com o Ministério da Saúde, devem democratizar a prática de exercícios, por meio de políticas públicas, como academias populares itinerantes, que sejam capazes de garantir a igualdade de acesso às atividades físicas. Essa iniciativa do Estado incluiria acompanhamento com profissionais de educação física e seriam custeadas com verbas oriundas da iniciativa privada. Assim, a finalidade dessa iniciativa seria promover a efetiva qualidade de vida de todos os brasileiros, de modo que o elitismo da cultura desportiva, pregado pelo Barão de Coubertin, dê lugar, em breve, à igualdade. Professor Vinícius Oliveira 15 Tema – Alternativas para diminuir os impactos do lixo eletrônico no Brasil A nanotecnologia – inteligência digital popularizada no final do século XX – possibilitou o desenvolvimento de aparelhos eletrônicos de dimensões cada vez menores. Todavia, ao passo que o tamanho dos dispositivos diminui, um grave problema cresce com frequência: o lixo eletrônico. Com efeito, para que se diminuam os impactos desses resíduos, há de se aumentar a durabilidade dos dispositivos, bem como ampliar as políticas públicas de manejo dos rejeitos digitais. Diante desse cenário, o curto tempo de vida útil do aparelho motiva o seu descarte precoce. A esse respeito, o conceito de obsolescência programada – nascido após a Crise de 1929 – representa a atitude deliberada de criar dispositivos que se tornem irrelevantes em pouco tempo. Em teoria, essa manobra move a economia, mas, em contrapartida, manifesta uma das mais cruéis consequências para o planeta: o lixo eletrônico. Inclusive, é incoerente que a tecnologia evolua para se tornar cada vez mais frágil, poluente e desumana. A esse respeito, enquanto a ambição pelo lucro for a regra, o Brasil continuará sendo o país que mais produz e-lixo na América Latina, tal como a ONU denunciou em 2019. Além disso, os dispositivos eletrônicos – a exemplo dos celulares – possuem pequenos capacitores com conteúdo poluente, como o mercúrio. Esse composto químico, se administrado de forma improvisada, pode se misturar ao solo e à água dos rios, o que pode provocar a bioacumulação – fenômeno no qual substâncias químicas são assimiladas pelo organismo. Nesse sentido, a poluição causada pelo descarte irresponsável de aparelhos tecnológicos representa grave problema, e, embora o e-lixo prejudique a saúde da população, ainda são insuficientes as políticas públicas de gestão dos resíduos eletroeletrônicos, que seria capaz de interromper a bioacumulação e preservar a qualidade de vida coletiva, o que, todavia, ainda não tem sido prioridade no Brasil. Portanto, o Brasil precisa buscar alternativas para reduzir os impactos do lixo eletrônico. Nesse sentido, as escolas – responsáveis pela reformulação da mentalidade social – devem ensinar a população a descartar corretamente os dispositivos danificados, por meio de projetos pedagógicos, como ações comunitárias e oficinas capazes de mostrar a destinação adequada do e-lixo. Essa iniciativa teria a finalidade de reduzir o impacto ambiental dos resíduos sólidos eletrônicos, de modo que a sociedade brasileira seja conhecida como nação limpa, consciente e, de fato, sustentável. Professor Vinícius Oliveira 16 TEMAS – Formas para combater o tráfico de pessoas no Brasil Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo garante o direito à dignidade humana. Entretanto, o tráfico de pessoas impede que os brasileiros usufruam desse benefício constitucional. Com efeito, as formas para combater esse problema pressupõem que se repudie a histórica exploração e que se valorize o tratamento digno. Diante desse cenário, o Período Colonial foi marcado pela remoção forçada de pessoas, com objetivo de explorá-las nos engenhos de cana. Esse fenômeno, embora amplamente combatido, ainda se mostra presente na sociedade, que se acostumou a explorar indivíduos. Nesse sentido, o tráfico de pessoas evidencia grave retrocesso, já que, mesmo no século XXI, a mazela da Colônia se repete e milhares de brasileiros vivem a cruel realidade do contrabando humano. Assim, uma forma de combater o problema seria garantir o direito à proteção e à segurança, que têm sido distribuídos como privilégios. Ademais, a perpetuação do tráfico de pessoas fragiliza a dignidade humana de forma irreparável. Sobre isso, em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi um dos primeiros tratados internacionais a garantir o tratamento adequado a todos os indivíduos, com especial proteção aos grupos vulneráveis. Todavia, a prática deplorável da remoção forçada de brasileiros evidencia que a sociedade contemporânea ainda tem sido incapaz de colocar em prática um dos direitos mais básicos previstos desde o século XVIII – a dignidade. Logo, enquanto a falta de segurança se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para as vítimas: o comércio humano. É urgente, portanto, que o Ministério Público — responsável pela proteção dos grupos vulneráveis —combata o tráfico de pessoas, por meio de políticas públicas, como o envio de autoridades policiais a locais alvos de denúncias de receptação de vítimas. Essa iniciativa teria a finalidade de desconstruir a culturade exploração de pessoas e de garantir que o Brasil seja uma nação justa, solidária e que seja capaz de garantir, de fato, a dignidade humana. Professor Vinicius Oliveira 17 TEMA – Meios para garantir a aposentadoria no Brasil Em 1789, o Iluminismo consolidou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, garantindo, pela primeira vez, a cidadania a todos. Entretanto, a precariedade do sistema de previdência mostra que a população brasileira ainda é incapaz de experimentar os ideais iluministas na prática. Com efeito, para garantir o direito à aposentadoria, há de se combater o desemprego e o privilégio de autoridades públicas. Diante desse cenário, a falta de oportunidade de emprego fragiliza o sistema de previdência. A esse respeito, a Constituição Federal de 1988 assegura a todos os brasileiros o direito à aposentadoria no país. Entretanto, o atual contexto de desemprego sistêmico — resultado da crise econômica instalada no país em 2015 — impede que parte da população experimente as garantias constitucionais, uma vez que a insuficiência de postos de ofício inviabiliza o cumprimento do tempo de contribuição obrigatória para obtenção de benefícios previdenciários. Assim, enquanto as altas taxas de desemprego forem a regra, a garantia prevista na Constituição Federal de 1988 será a exceção. Ademais, o favorecimento de membros do Estado se mostra nocivo ao sistema previdenciário. Nesse viés, Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra "Raízes do Brasil", ensina que o brasileiro tem inabilidade nata separar o interesse público dos anseios particulares. Ocorre que a característica denunciada pelo historiador evidencia-se no Regime Especial de Previdência, na medida em que muitas autoridades públicas garantem seus direitos privilegiados no Legislativo, a exemplo da aposentadoria vitalícia cedida a militares, em detrimento do bem-estar da população, cujos benefícios previdenciários são insuficientes. Dessa maneira, a manutenção da assistência desproporcional aos políticos contribui para a perpetuação de um dos mais graves problemas para a sociedade: o falho sistema previdenciário. Impende, portanto, que o direito à aposentadoria seja, de fato, garantido no Brasil. Nesse sentido, o Ministério do Trabalho deve minimizar o impacto do desemprego na obtenção de previdência, por meio de geração de postos de ofícios, como incentivos ao crescimento empresarial, a fim de viabilizar o cumprimento do tempo de contribuição obrigatório. A população, por sua vez, pode exigir regimes de previdência igualitários entre sociedade e autoridades públicas, por intermédio de protestos, com apoio de ONGS e das redes midiáticas, para que sejam asseguradas a cidadania e a erradicação da previdência imprópria. Professor Vinícius Oliveira 18 TEMA – O problema da dependência química no Brasil contemporâneo A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento a proteção à saúde. Portanto, não é razoável que a dependência química ainda represente um problema no país, o que vai de encontro ao princípio republicano. Com efeito, a construção de uma sociedade que valoriza o bem-estar social pressupõe que se combate o consumo de drogas. Diante desse cenário, persiste a omissão das autoridades públicas acerca da dependência química. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman desenvolveu o conceito de Instituição Zumbi, segundo o qual o Estado perdeu a sua função social, mas manteve — a qualquer custo — a sua forma. Nesse viés, o SUS se enquadra na teoria das instituições zumbis, na medida em que não há campanhas efetivas de combate ao uso de drogas — lícitas e ilícitas — e é ineficiente no acompanhamento dos dependentes. Assim, enquanto o problema denunciado por Zygmunt Bauman for a regra, o enfraquecimento do uso de drogas será a exceção. Ademais, há de se desconstruir a cultura histórica de consumo de entorpecentes, cuja consequência é a dependência química. Nesse sentido, o Movimento de Contracultura — estabelecido em meados do século XX — utilizava as drogas como estratégia de subversão social, herdada do Movimento Hippie norte-americano. Essa prática imprudente se perpetua no Brasil contemporâneo e pode ser recebida no comportamento de indivíduos de todas as faixas etárias que usam substâncias capazes de acarretar vícios, o que pode ser irreversível. Dessa forma, se a inconsequência experimentada no Movimento Hippie se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas de saúde pública: a dependência química. Impende, portanto, que o Brasil contemporâneo não seja um país de dependentes químicos. Para isso, o Ministério da Saúde, responsável pela qualidade de vida da população, deve realizar campanhas efetivas de combate ao uso de drogas, por meio da divulgação dos riscos irreversíveis de algumas substâncias, como a cocaína e a nicotina, para que haja estímulo a práticas saldáveis. Por sua vez, os indivíduos podem realizar debates, por intermédio das mídias sociais, capazes de desconstruir a imprudência cultural acerca do consumo de entorpecentes, como havia no Movimento Hippie, a fim de que o combate à dependência química deixe de ser, no país, apenas teoria. Professor Vinicius Oliveira 19 TEMA – O problema da prática de perseguição sistemática na internet em questão no Brasil INTRODUÇÃO COM A CONSTITUIÇÃO INTRODUÇÃO COM GEORGE ORWELL Em 1988, representantes do povo – reunidos em Assembleia Constituinte – instituíram o Estado Democrático, a fim de garantir a privacidade e a segurança como valores supremos de uma sociedade fraterna. Entretanto, a prática da perseguição sistemática na internet impede que os brasileiros experimentem esse direito constitucional na prática. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata não só a maldade humana, mas também a omissão estatal. Na obra distópica “1984”, George Orwell descreve uma sociedade manipulada, cujas casas e ruas são povoadas por teletelas instaladas com um único objetivo: a vigilância constante. Entretanto, a crítica feita pelo autor inglês ganha sentido com o advento da prática da perseguição sistemática pela internet e evidencia que o Brasil compartilha traços da distopia de Orwell. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata não só a maldade humana, mas também a omissão estatal. Diante desse cenário, a hostilidade dá ensejo à perseguição sistemática na “web”. A esse respeito, Hannah Arendt – expoente filósofa alemã – desenvolveu o conceito conhecido como Banalidade do Mal, segundo o qual as atitudes cruéis se mostram comuns entre os indivíduos e tornam as relações humanas cada vez mais hostis. Nesse sentido, a vigilância permanente – denominada “stalking” – simboliza a crueldade repudiada por Arendt: os agressores perseguem suas vítimas dentro e fora do ciberespaço e constroem um ambiente de opressão constante, o que representa grave problema no Brasil. Assim, enquanto a maldade humana for a regra, a dignidade e a privacidade serão a exceção. Nesse sentido, assim como em “1984”, o Estado brasileiro se torna responsável pela conduta criminosa do “stalking”, ainda que por omissão. Sobre isso, o filósofo italiano Norberto Bobbio, em seu “Dicionário de política”, denuncia que as autoridades públicas se mostram incapazes de suprir as demandas da sociedade, a exemplo da segurança. Nesse viés, a polícia brasileira se enquadra na crítica de Bobbio e, ainda que haja lei capaz de punir os “stalkers”, o Estado tem sido ineficaz no combate à perseguição reiterada no ciberespaço, o que contribuiu para a impunidade dos agressores e motiva novos casos. Logo, se a inércia estatal se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas contemporâneos: a opressão cibernética.Portanto, o Ministério Público – responsável pela garantia dos direitos constitucionais – deve combater a prática da vigilância sistemática na rede e garantir a dignidade dos indivíduos, por meio de parcerias com as delegacias de polícia especializadas em crimes virtuais. Essa iniciativa do MP faria o Estado deixar a situação de omissão acerca do problema e teria a finalidade de construir um ambiente cibernético saudável e respeitoso. Assim, o Brasil será conhecido como nação justa, digna e, de fato, livre da perseguição sistemática. Professor Vinícius Oliveira 20 TEMA – O problema da violência durante o parto Na Antiguidade, os maiores sofrimentos eram comparados às dores de parto, que ficaram consolidadas na história como uma das piores sensações desde a mitologia clássica. Entretanto, na contemporaneidade, a violência obstétrica subjuga as mulheres brasileiras ao mesmo sofrimento experimentado séculos atrás, haja vista a omissão do Estado e a falta de respeito à dignidade humana por parte do SUS. Diante desse cenário, persiste a indiferença das autoridades acerca da violência obstétrica. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman desenvolveu o conceito de Instituições Zumbis, segundo o qual o Estado perdeu a sua função social, mas manteve — a qualquer custo — a sua forma. Nesse viés, o Poder Público brasileiro se enquadra na teoria das Instituições Zumbis, na medida em que não impõe políticas públicas efetivas capazes de garantir às mães o cuidado e o respeito requeridos no parto. Assim, enquanto o problema denunciado por Zygmunt Bauman for a regra, os nascimentos humanizados serão a exceção. Ademais, a violência obstétrica evidencia a desvalorização da dignidade humana pelo SUS. Nesse viés, em 1789, o Iluminismo consolidou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, garantindo pela primeira vez a dignidade humana a todos. Ocorre que o Sistema Único de Saúde se mostra incapaz de aplicar o ideal iluminista durante o parto e, mesmo séculos depois, não estende às mulheres a dignidade garantida em 1789, o que se mostra grave problema social capaz de fragilizar a saúde das mulheres e de seus bebês. Desse modo, não é razoável que a nação que almeja o desenvolvimento enfrente este retrocesso: a violência no parto. Impende, portanto, que o desrespeito obstétrico seja repudiado no Brasil. Para isso, o Poder Executivo, responsável pela manutenção da saúde pública, deve fiscalizar, com rigor, a postura das autoridades médicas, por meio de visitas regulares nos hospitais, para que a omissão e a indiferença estatais sejam desconstruídas. Por sua vez, os indivíduos podem, com frequência, denunciar a falta de dignidade humana a que são submetidos às mulheres, como a ausência de informação devido à mãe, por intermédio de conteúdos e discussões nas mídias sociais, a fim de que o Brasil deixe as dores da mitologia clássica e construa partos humanizados. Professor Vinicius Oliveira 21 TEMA - Os desafios da alfabetização de crianças indígenas no Brasil Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo garante o direito à educação e à cultura. Todavia, a falta de acesso à alfabetização mostra que, para as crianças indígenas, a garantia constitucional representa uma utopia. Com efeito, a imposição da língua portuguesa e a carência de políticas públicas que preservem as culturas nativas são os desafios do letramento infantil dessa minoria étnica. Diante desse cenário, Lima Barreto – expoente autor pré-modernista – foi incompreendido em sua época ao defender o Tupi como idioma padrão do Brasil. Para o autor, o vernáculo português não seria original da nação brasileira e, embora tenham passado quase 100 anos da morte do escritor, a sociedade é incapaz de perceber a imposição da língua europeia sobre o país verde- amarelo. Nesse sentido, as crianças indígenas são a população mais afetada pelo problema denunciado por Barreto, já que meninos e meninas de etnias silvícolas são obrigados a ler e a escrever o português: fato que pode, aos poucos, causar o cruel apagamento do seu idioma nativo. Ademais, faltam políticas públicas que garantam, de fato, o letramento isonômico das crianças indígenas. Nesse viés, o filósofo italiano Norberto Bobbio denunciou, em sua obra “Dicionário de política”, que as instituições públicas modernas são incapazes de suprir as demandas da sociedade. A esse respeito, o Estado brasileiro se enquadra na crítica feita por Bobbio, haja vista a falta de preparo dos professores em ensinar as crianças silvícolas a serem proficientes em suas próprias línguas. Assim, enquanto a omissão estatal se mantiver, os povos indígenas serão obrigados a conviver com um dos mais graves problemas da história do Brasil: a aculturação. Portanto, há de se superar os desafios na alfabetização de crianças indígenas no país. Para isso, o Ministério da Educação e as escolas – responsáveis pela transformação social do indivíduo – devem proteger as línguas nativas, a exemplo do Tupi, bem como capacitar profissionais que ensinem meninos e meninas a escrever em seus próprios idiomas. Essa iniciativa ocorreria por meio de projetos pedagógicos de formação continuada, como minicursos on-line para todos os professores do Brasil, com a finalidade de evitar o processo de aculturação indígena. Desse modo, o Brasil poderá ser conhecido como nação livre, justa e, de fato, isonômica. Professor Vinícius Oliveira 22 TEMA - Os desafios da educação financeira para a juventude brasileira Em 1929, os EUA viveram uma das mais graves crises da história: a Grande Depressão, que obrigou a sociedade a desenvolver consciência no manejo do dinheiro. Entretanto, a juventude brasileira está distante de construir a educação financeira imposta pela Quebra da Bolsa, seja pela extrema pobreza que assola o Brasil, seja pela defasagem do sistema educacional. À vista desse problema, a formação do Brasil foi marcada por uma colônia de exploração, que, desde o século XVI, promove desigualdade de renda e miséria. Nesse sentido, o jovem acostumou-se a viver com recursos escassos, e o planejamento financeiro não é a prioridade em uma nação marcada pela exploração colonial, que ainda se perpetua de forma negativa. Assim, a inabilidade em lidar com o dinheiro prejudica a juventude e decorre da histórica cultura de pobreza, na medida em que é inviável ter planejamento financeiro quando não há o que se administrar. Ademais, o padrão de escola que ainda está vigente no Brasil baseia- se no modelo da Revolução Industrial inglesa do século XVIII, que impõe a uniformização do comportamento para se chegar à submissão do indivíduo. Essa subserviência se manifesta desta forma no Brasil: os jovens não são estimulados a terem sucesso financeiro, mas sim a dependerem dos seus empregadores. Antes, a educação financeira daria a possibilidade de rapazes e moças emergirem socialmente e de exigirem melhores condições de emprego e de vida, o que no Brasil não era – e ainda não é – o interesse das classes dominantes. Os desafios da educação financeira, portanto, devem ser assumidos pelos indivíduos e pela escola. Esta deve problematizar a histórica cultura de pobreza, que ainda permanece enraizada na sociedade, por meio de eventos pedagógicos, como aulas e palestras, capazes de mostrar a necessidade de organizar os gastos, sobretudo em tempos de crise. Essa iniciativa teria a finalidade de motivar homens e mulheres, desde a infância e juventude, a aprender a administrar o dinheiro, de modo que a Grande Depressão permaneça apenas na história. Professor Vinícius Oliveira 23 TEMA – Os desafios das políticas de moradia no Brasil No dia 1º de maio de 2018, a sociedade brasileirapresenciou o desabamento de um edifício abandonado que servia de abrigo para centenas de indivíduos em São Paulo. Esse desastre levantou um assunto até então silenciado: a desigualdade de moradia, que se mostra grave problema social e representa obstáculo para o desenvolvimento da nação. Diante desse cenário, persiste no Brasil a desigualdade histórica de acesso à terra. Nesse viés, em 1850, foi estabelecida a Lei de Terras, cujo conteúdo visava evitar que a população carente se apropriasse da propriedade rural, o que subjugou as classes de menor renda a viver em moradias improvisadas e indignas. Entretanto, a desigualdade estabelecida em 1850 ainda produz efeitos negativos no Brasil contemporâneo e pode ser percebida no número substancial de moradores de rua ou em situação habitacional precária de comunidades carentes. Desse modo, é incoerente que a nação brasileira, mesmo objetivando ser potência desenvolvida, permaneça indiferente ante o problema da distribuição de moradia em território nacional. Ademais, além da desigualdade histórica, persiste a omissão do poder público na oferta de políticas isonômicas de acesso à propriedade. A esse respeito, o neoliberalismo — doutrina adotada no Brasil desde o final do século XX — defende que os indivíduos devem buscar o seu próprio progresso por intermédio de esforço individual e sem intervenção do Estado. Todavia, a população de rua ou em situação precária não é capaz de progredir por si mesma, de modo que a ideologia neoliberal aplicada à moradia colabora para o aumento da desigualdade habitacional e social. Assim, enquanto a inércia do Estado for a regra, o progresso de quem não possui moradia será a exceção. A catástrofe de 1º de maio, portanto, poderia ter sido evitada caso a gestão de propriedade não fosse negligenciada no Brasil. Para mitigar esse problema, o Ministério Público, responsável pela manutenção do Estado de Direito, deve identificar quais propriedades urbanas estejam sem função social, por meio de fiscalizações, com apoio das prefeituras, a fim de destinar espaços inabitados à população carente. Por sua vez, os indivíduos devem cobrar políticas efetivas do Estado, como ampliação do aluguel social, por intermédio de debates nas mídias sociais, com auxílio de campanhas na televisão, cuja finalidade seria desconstruir a grave desigualdade habitacional, bem como contribuir para que o acesso à moradia deixe de ser um problema silenciado. Professor Vinicius Oliveira 24 TEMA - Os desafios do acesso à cultura no Brasil Em 1922, Mário de Andrade colaborou para a realização da Semana de Arte Moderna, cujo objetivo era valorizar as manifestações culturais do Brasil. Todavia, quase cem anos depois, a iniciativa do escritor modernista se mostra distante de ser efetivada, na medida em que a diversidade cultural brasileira não é acessível a todos, o que deve ser desconstruído sob pena de prejuízos ao desenvolvimento nacional. Diante desse cenário, as produções culturais brasileiras tendem a valorizar somente o lucro. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra "Cultura Líquida", propôs a teoria da Espetacularização da Cultura, segundo a qual as nações pós-modernas priorizam manifestações artísticas grandiosas, capazes de constituir espetáculos e gerar potencial econômico. Nesse contexto, a tese do sociólogo se aplica ao Brasil, na medida em que as grandes produções recebem mais investimentos do que as manifestações locais, que ficam negligenciadas. Assim, é incoerente que, mesmo sendo considerado multicultural, o país permita o enfraquecimento das culturas locais. Ademais, a maioria da população acessa manifestações artísticas incapazes de formar senso crítico. Nesse sentido, o conceito de Indústria Cultural, formulado por Theodor Adorno — filósofo alemão do século XX — denuncia que as produções culturais veiculadas pela mídia não valorizam a diversidade e são esvaziadas de criticidade. Tal estratégia midiática busca oferecer a todos a mesma compreensão da realidade, o que ocorre, inclusive, no Brasil, haja vista os veículos midiáticos — sobretudo a televisão — não incentivarem a reflexão crítica e buscarem homogeneizar os comportamentos dos brasileiros. Desse modo, enquanto o esvaziamento crítico se mantiver, o país será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas denunciados por Adorno: a alienação social. Impende, portanto, que valorização cultural proposta por Mário de Andrade seja acessível a todos. Para que isso ocorra, o Ministério da Educação e Cultura deve estimular os estudantes a observar as produções veiculadas na mídia, por meio de campanhas nas escolas, realizadas com a participação de familiares, a fim de estimular a criatividade coletiva. Os indivíduos, por sua vez, podem veicular conteúdos capazes de divulgar culturas locais marginalizadas, como os festivais de xilogravura do Nordeste, por intermédio das mídias sociais, para que seja minimizada a desvalorização desses movimentos. A partir da ação conjunta entre Estado e sociedade, serão alcançados os objetivos da Semana de Arte Moderna. Professor Vinicius Oliveira 25 TEMA – Meios para combater a evasão escolar no Brasil Em 1996, foi fundada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, cuja função inicial era modernizar o ensino básico no Brasil e estimular os indivíduos se manterem ativos no processo pedagógico. Todavia, a alarmante evasão escolar evidencia que a meta da LDB está distante de ser a realidade de crianças e de adolescentes. Com efeito, as estratégias para manter os alunos no ciclo pedagógico pressupõem que se combata a desatualização das aulas e que se garanta a ampliação da perspectiva de vida dos estudantes. Diante desse cenário, a educação brasileira é inspirada no modelo da Revolução Industrial do século XVIII, que reproduzia dentro da escola o formato de uma pequena fábrica. Nesse viés, os estudantes eram submissos, dependentes e estimulados a obedecer, a fim de se tornarem bons operários no futuro. Mesmo após séculos de evolução, esse formato antigo ainda se perpetua no Brasil, mostra-se defasado e incapaz de reter o adolescente no processo pedagógico. Assim, enquanto as escolas brasileiras se mantiverem como fábricas, tal como era no século XVIII, a evasão escolar continuará como uma triste realidade entre os estudantes. Ademais, o distanciamento entre teoria e prática é obstáculo para a manutenção dos educandos no sistema. A esse respeito, em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire defende que a escola deve ter íntima relação com a realidade dos alunos e não ficar restrita ao universo teórico – problema conhecido como academicismo. Todavia, o Ensino Médio contemporâneo vai de encontro à ideologia de Freire, haja vista a deficiência dos métodos desenvolvidos nas escolas, capazes de criar abismos entre a sala de aula e a sociedade. Nesse sentido, o distanciamento denunciado pelo pedagogo acarreta um dos mais graves problemas do Ensino Médio brasileiro: a fragilidade do seu papel social e, consequentemente, o abandono escolar. Impende, portanto, que a educação cumpra, de fato, o seu papel nos últimos anos do ensino básico. Para isso, o Ministério da Educação – responsável pela atualização do ensino – deve desconstruir o modelo ultrapassado de aulas, por meio da flexibilização do currículo, como propõe a Base Nacional Comum Curricular, para que a diversidade cognitiva dos alunos seja valorizada. Por sua vez, os próprios estudantes, com auxílio dos professores, podem realizar pesquisas e seminários relacionando a teoria aprendida em aula com o seu próprio contexto, como ocorre em nações desenvolvidas, a fim de combater o problema do academicismo e garantir que o ambiente seja mais interessante e, em breve, livre da evasão escolar. Professor Vinícius Oliveira 26 TEMA: Os desafios do combate ao assédiomoral no serviço público Em março de 2019, a Câmara dos Deputados tornou crime as condutas imorais e opressivas entre o patrão – o agressor – e o funcionário – a vítima. Tal atitude foi considerada pelo ordenamento jurídico brasileiro como ofensa reiterada à integridade do indivíduo. Todavia, o assédio moral repudiado pelos deputados ainda se mostra grave mazela entre os servidores públicos. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata a maldade humana e que se valorize a dignidade dos colaboradores. À vista desse problema, Hannah Arendt – expoente filósofa alemã – desenvolveu o conceito conhecido como Banalidade do Mal, segundo o qual a hostilidade está enraizada no cotidiano da população. Nesse viés, o problema denunciado por Arendt também se relaciona com a sociedade brasileira, haja vista que o serviço público se mostra competitivo, bem como frequentes humilhações aos funcionários por parte dos patrões. Assim, enquanto o assédio moral for a regra, o respeito será a exceção. Ademais, o ambiente laboral tóxico fragiliza a dignidade humana. Nesse sentido, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – instituída na Revolução Francesa – estabeleceu que todos os indivíduos fazem jus a condições de tratamento digno. Ocorre que o Brasil está distante de vivenciar o respeito no serviço público, o que separa a nação do tratado internacional. Desse modo, se a falta de dignidade nas repartições estatais se mantiver, a população será obrigada a conviver com um dos mais graves problemas para as vítimas: o assédio moral. É urgente, portanto, que medidas sejam tomadas para mitigar o desrespeito nas repartições. Para isso, os órgãos de corregedoria – responsável pela segurança dos servidores – devem combater os casos de hostilidade e de competitividade no ambiente de trabalho. Essa iniciativa ocorreria por meio de políticas públicas, como fiscalização de conduta dos chefes de repartições, a fim de desestimular o autoritarismo e de garantir que o Brasil seja uma nação justa, igualitária e, de fato, livre de assédio moral. Professor Vinícius Oliveira 27 TEMA - Os desafios do combate à obesidade infantil no Brasil Em 1988, representantes do povo, reunidos em Assembleia Constituinte, estabeleceram dois direitos: a saúde e a proteção à infância. Ocorre que a epidemia de obesidade infantil impede que meninos e meninas usufruam de ambos os direitos constitucionais. Nesse sentido, o combate à doença no Brasil passa pela reeducação alimentar e pela desconstrução do culto midiático aos alimentos ultra processados. Diante desse cenário, os hábitos alimentares das crianças inviabilizam a luta contra a obesidade. Nesse viés, a indústria alimentícia baseia seus produtos a partir da gordura hidrogenada — capaz de aumentar o sabor, a durabilidade e reduzir o custo da produção. Todavia, a saúde infantil fica prejudicada ao consumir alimentos industrializados, já que ocorre aumento do colesterol ruim, conhecido como LDL. Dessa forma, não é razoável que meninos e meninas brasileiros estejam vulneráveis à insegurança alimentar. Nesse sentido, o filósofo alemão Theodor Adorno desenvolveu o conceito de Indústria Cultural, segundo o qual a publicidade utiliza a persuasão constante, a fim de moldar um comportamento de compra. O problema é que as crianças estão muito mais suscetíveis às cores, às músicas e às demais estratégias denunciadas por Adorno e não possuem discernimento das consequências de uma alimentação irresponsável, baseada em “fast-foods”. Assim, enquanto o culto à comida superprocessador se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com uma das mais graves doenças do século: a obesidade infantil. Para combater o problema, portanto, as escolas — no exercício do seu papel social — devem contribuir com a reeducação alimentar das crianças, por meio de projetos pedagógicos como oficinas e aulas lúdicas, capazes de mostrar as consequências negativas dos “fast-foods”. Essa iniciativa poderia se chamar “Crescendo com saúde” e teria a finalidade de construir hábitos alimentares sadios, de sorte que, em breve, o Brasil experimente uma sociedade justa, solidária e livre da obesidade infantil. Professor Vinícius Oliveira 28 TEMA – A importância da prevenção ao suicídio no Brasil Em 1994, Mike Emme — rapaz norte-americano de apenas 17 anos — tirou a própria vida e motivou o início de uma das campanhas mais relevantes para a sociedade: o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. Todavia, o combate ao problema não se mostra efetivo no Brasil, o que faz surgir, a cada dia, outros “mikes”, seja pela inabilidade social em discutir acerca do suicídio, seja pela pouca importância dada aos transtornos mentais daqueles que buscam a morte voluntária. Diante desse cenário, Johann Goethe — fundador do Ultrarromantismo europeu — relacionou a ideação suicida aos sentimentos do eu-lírico, em sua obra “Sofrimentos do Jovem Werther”. Para o escritor, tirar a própria vida seria o símbolo da fuga existencial: conceito reproduzido por outros autores. Ocorre que a romantização do suicídio proposta por Goethe se converteu em indiferença no imaginário da sociedade brasileira, de modo que a morte voluntária não recebe a devida importância, o que se mostra grave problema social. Nesse viés, não é razoável que os brasileiros menosprezem a ideação suicida e sejam omissos aos comportamentos que a revelem. Ademais, a omissão às doenças psiquiátricas dá lugar à busca pela morte voluntária. Sobre isso, no século XVIII, o suicídio passou a ser tratado como uma atitude derivada de distúrbios mentais, a exemplo da depressão. Nesse sentido, o médico francês Philippe Pinel foi pioneiro em propor o tratamento medicalizado daqueles que tentam subtrair a própria vida. Entretanto, substancial parcela dos brasileiros é indiferente aos avanços da psiquiatria, promovidos no século XVIII. Essa atitude omissa representa obstáculo para que a campanha do Setembro Amarelo cumpra seus objetivos, e, enquanto o silêncio da sociedade se mantiver, o mundo será obrigado a conviver com o mal do século: o suicídio. O problema que ceifou a vida de Mike Emme precisa, pois, receber a devida importância no Brasil. Para que isso ocorra, as escolas — no exercício do seu papel social — devem desconstruir a visão reducionista do suicídio e dar mais visibilidade aos distúrbios mentais, a exemplo da depressão. Essa iniciativa aconteceria por meio de um projeto pedagógico, que poderia se chamar “Cada vida conta”, no qual os indivíduos seriam estimulados a compartilhar suas angústias, a fim de receber o devido tratamento e, dessa forma, fortalecer a saúde mental e retomar, portanto, a vontade pela vida. Professor Vinícius Oliveira 29 TEMA – A importância da redução do consumo de plástico pelo brasileiro Em 1988, representantes do povo — reunidos em Assembleia Constituinte — instituíram um Estado Democrático, a fim de assegurar o direito ao equilíbrio ambiental e a sustentabilidade como valores supremos de uma sociedade fraterna. Entretanto, a pouca importância dada à necessidade de redução do consumo de plástico torna a aplicação desses direitos constitucionais uma utopia, seja pela manutenção da cultura de excessos, seja pela omissão da sociedade Diante desse cenário, o consumismo inviabiliza a utilização consciente de plástico. A esse respeito, no século XIX, surgiu o conceito de Sociedade de Consumo, que critica o fato de praticamente todas as relações sociais serem baseadas em compra. Nesse sentido, o comportamento de parcela da população brasileira se relaciona à realidade consumista denunciada há mais de 100 anos, de sorte que homens e mulheres estão submissos ao gasto inconsciente, que demanda embalagens e insumos produzidos com material plástico. Logo, é incoerente que, mesmo sendo nação pós-moderna,ainda se perpetue a falta de conscientização socioambiental. Ademais, em 1992, a Organização das Nações Unidas promoveu um evento conhecido como “Cúpula da Terra” e elaborou a Política da Sustentabilidade — reduzir, reutilizar, reciclar — com objetivo de desestimular o comportamento poluente. Nesse contexto, embora o Brasil busque ser um país desenvolvido, a população tem sido incapaz de se comportar de forma sustentável com relação a embalagens e a insumos cuja matéria prima seja o plástico. Com isso, substancial parcela dos brasileiros se mostra indiferente à redução proposta pela ONU. Além disso, essa negligência demonstra pouca — ou nenhuma — responsabilidade com o meio ambiente. No entanto, se homens e mulheres se mantiverem inertes, o uso excessivo desse material não biodegradável continuará sendo a regra. Impende, pois, que a redução do consumo de plástico seja tratada com importância no Brasil. Dessa maneira, o Ministério do Meio Ambiente, cuja função é adotar o uso sustentável dos recursos naturais, deve combater, de forma eficaz, a cultura de excessos presente na contemporaneidade, por intermédio de palestras comunitárias, realizadas uma vez por semana, que poderiam chamar “Na medida certa”. Essa iniciativa teria a finalidade de ensinar a necessidade de redução dos compostos não biodegradáveis, além de mitigar a omissão do Estado. Assim, o real objetivo da “Cúpula da Terra” será, de fato, colocado em prática no século XXI. Professor Vinícius Oliveira 30 TEMA – Como combater os crimes de pedofilia no Brasil? O romance "Lolita" — obra russa produzida em 1955 — narra a terrível relação sexualizada entre uma criança e um homem, que coloca na menina o apelido que dá nome ao livro. Todavia, narrativas repugnantes como a de "Lolita" são comuns fora da ficção e representam na prática um dos mais graves problemas da sociedade: a pedofilia. Assim, para mitigar essa mazela, há de se combater o silêncio da família e do Estado. Diante desse cenário, não há como mitigar a exploração sexual infantil velada se os responsáveis se mantiverem omissos. Nesse viés, desde a Era Vargas, as crianças são consideradas hipossuficientes — grupos vulneráveis dependentes de cuidados integrais — e tiveram a proteção consolidada no artigo 6° da atual Constituição. Ocorre que substancial parcela das famílias brasileiras é incapaz de oferecer o cuidado historicamente consolidado por Vargas e pela Carta Magna vigente. Inclusive, os agressores costumam ser justamente aqueles que deveriam cuidar da integridade da criança. Com efeito, os abusos a meninos e a meninas se mostram atitudes cruéis e, se não forem combatidos a tempo, terão consequências irreparáveis à formação infantil. Ademais, a OMS classificou a pedofilia como um transtorno mental, a fim de evidenciar que a exploração sexual às crianças não deve ser vista apenas como um crime, mas também como um desvio psiquiátrico do agressor. Todavia, a ineficiência do combate à pedofilia pelo Estado brasileiro é incompatível com a relevância proposta pela Organização Mundial da Saúde, de modo que campanhas nas mídias sociais — a exemplo do Maio Laranja — são insuficientes para garantir a proteção da infância e da dignidade humana. Desse modo, é incoerente que, mesmo sendo Estado Democrático de Direito, o Brasil ainda permita que as crianças protagonizem lolitas em suas próprias realidades. A pedofilia, portanto, precisa ser repudiada pelas famílias e pelo Poder Público. Nesse sentido, o Ministério Público, com o auxílio das autoridades escolares, deve ensinar a população a combater esse crime, por meio de projetos pedagógicos, como oficinas e palestras, capazes de orientar pais e responsáveis a identificar os casos de pedofilia dentro dos seus próprios lares. Essa iniciativa teria a finalidade de problematizar a omissão familiar e reafirmar a presença do Estado na repressão a esse crime, de sorte que meninos e meninas vivam, de fato, em uma sociedade livre, justa e responsável. Professor Vinícius Oliveira 31 TEMA – A importância da leitura na infância A literacia familiar — ato de ler para os filhos — tem origem na Europa renascentista, a partir da invenção da imprensa, por Gutenberg. Essa prática melhora a qualidade da alfabetização e permite o contato prematuro entre obras as literárias e as crianças. Todavia, aquilo que é realidade entre os europeus, no Brasil, mostra-se uma utopia, já que a extrema desigualdade social e a alienação parental impedem que leitura receba a devida importância, sobretudo na infância. De início, não há como promover o contato com os livros em uma sociedade marcada pela fome. A esse respeito, no século XVI, durante o período da Colônia de Exploração, apenas a aristocracia — organização composta pelos nobres — tinha acesso à leitura e à alfabetização de qualidade. Ocorre que, no Brasil contemporâneo, a população pobre ainda é excluída da possibilidade de ler, o que reproduz a marginalização iniciada no século XVI. Assim, a escassez de recursos e a extrema desigualdade social tornam a literacia familiar uma realidade distante. Sob outra análise, o escritor realista Eça de Queirós, em sua obra “O Primo Basílio”, critica a instituição familiar moderna e revela as suas crises e a perda da sua função social. Com efeito, os lares brasileiros exemplificam a falência denunciada por Eça, de modo que é inviável ser leitor em um ambiente marcado pela agressão à mulher, pela falta de afeto e pela ausência parental. Desse modo, enquanto os lares brasileiros forem desestruturados, as crianças serão incapazes de perceber a importância de uma das práticas mais relevantes para a humanidade: a leitura. Para solucionar o problema, portanto, as prefeituras, em parceria com as escolas de nível fundamental, devem buscar romper a marginalização histórica acerca da leitura, por meio da realização de projetos pedagógicos, como “workshops” e gincanas criativas que receberiam o nome de “Aprendi no livro”. Essa iniciativa dos municípios teria a finalidade de mostrar aos pais e às mães a importância de manter um ambiente saudável, que possibilite o contato com os contos fantásticos e com as histórias. Assim, a literacia familiar deixará de ser uma realidade restrita à Europa, e meninos e meninas poderão conhecer, enfim, o poder de transformação da leitura. Professor Vinícius Oliveira 32 TEMA – Os desafios do combate ao tabagismo entre os brasileiros Em 1955, a indústria tabagista lançava a sua principal campanha com o objetivo de incentivar o consumo de cigarro: o “cowboy” da Marlboro. Com efeito, o hábito de fumar fomentado desde o século passado representa grave problema de saúde pública. Desse modo, é urgente não só que os fumantes brasileiros compreendam as consequências negativas do fumo, mas também que o interesse das grandes empresas do setor dê lugar ao bem-estar da coletividade. Diante desse cenário, é incoerente que, mesmo com todas as consequências nocivas, ainda haja cultura de fumantes no Brasil. Nesse viés, a combustão do tabaco gera aproximadamente 2000 compostos químicos, como hidrocarbonetos, substâncias poluentes e cancerígenas. Ocorre que a população fumante desconhece — ou ignora — os efeitos dessas substâncias tóxicas para o organismo humano. Dessa forma, não é razoável que o prazer momentâneo de um cigarro dê lugar ao câncer de pulmão, ao enfisema pulmonar e a diversas doenças letais. Sob outra análise, a Lei Antifumo, publicada em 2011, prevê estratégias para desestimular o consumo de cigarros e garante a integridade, inclusive, dos fumantes passivos. Nesse viés, a influência da indústria tabagista brasileira ainda é um obstáculo para que a legislação brasileira alcance plenamente seus objetivos. A esse respeito, os cigarros sem fumaça e a facilitação do contrabando dos maços são estratégias cruéis que desqualificamas campanhas antitabagismo no Brasil. Assim, enquanto os interesses das grandes empresas tabagistas se mantiverem vivos, ainda haverá “cowboys” da Marlboro na sociedade brasileira. O consumo de cigarros precisa, portanto, ser combatido no Brasil. Para isso, o Ministério da Saúde deve apresentar à sociedade os malefícios do fumo, por meio de infográficos e de documentários, como depoimentos de indivíduos que desenvolveram doenças pulmonares, a fim de eliminar a prática do tabagismo. Inclusive, o próprio MS precisa fiscalizar as empresas que comercializam maços de forma irregular, por intermédio do envio de fiscais aos centros de distribuição desses produtos, de sorte que a nação brasileira construa, de fato, uma sociedade saudável e livre dos malefícios do tabaco. Professor Vinícius Oliveira 33 TEMA – Os desafios do ensino a distância no Brasil Em 1975, era fundada a pioneira em educação remota no Brasil: a TVE. Seguindo o caminho aberto pelo jornalista Roquette-Pinto, a emissora deu início à história da EAD no país e levou conhecimento aos quatro cantos da nação verde-amarela. Todavia, a implementação sistemática do ensino a distância, iniciada por Roquette-Pinto, apresenta desafios que passam não só pela dificuldade da cultura de autoaprendizagem, mas também pela falta de recursos básicos da população. Diante desse cenário, o sistema educacional vigente no Brasil é inspirado no modelo iluminista e impõe a submissão intelectual do estudante à figura do professor, que seria o detentor do conhecimento. Nesse sentido, o aluno, desde o iluminismo, acostumou-se a ser passivo no processo de aquisição do conhecimento, realidade que inviabiliza a autoaprendizagem característica do ensino a distância. Assim, enquanto houver mentalidade passiva por parte dos estudantes, a educação remota não alcançará seus objetivos. Ademais, outro grave obstáculo que impede a implementação do EAD é a carência de recursos básicos da população. Acerca disso, a proposta de sistematização do ensino a distância esbarra na falta de urbanização e na miséria extrema de alguns locais negligenciados, como o município de Melgaço, no Pará — menor IDH do Brasil. Nesse viés, não há como aprender, presencial ou remotamente, convivendo com a fome e com ausência de serviços básicos, assim como ocorre na cidade paraense. Assim, antes de usufruir dos benefícios das videoaulas e dos conteúdos on-line, o saneamento e a alimentação precisam ser oferecidos a todos. Urge, portanto, que o Ministério da Educação modifique a mentalidade dos estudantes, por meio de projetos de iniciação científica, que estimulem os alunos a desenvolver a autoaprendizagem, a fim de desconstruir a passividade histórica do ensino. Por sua vez, o Ministério Público Federal precisa fiscalizar a oferta de serviços básicos, como saneamento e alimentação, por intermédio de visitas a locais carentes. A iniciativa do MPF teria a finalidade de garantir que o ensino a distância encontre condições favoráveis para sua implementação, de modo que o papel social da TVE seja realidade em todos os locais do país. Professor Vinícius Oliveira 34 TEMA – A contribuição da música para o aprendizado dos estudantes brasileiros Em 1770, nascia um dos músicos mais reconhecidos da história: Ludwig van Beethoven — alemão que, desde a infância, mostrava grande interesse pelo piano, que lhe ajudara a vencer os obstáculos que se impunham. De forma análoga, o contato com a música é capaz de ampliar os horizontes dos estudantes brasileiros, tal como houve com o artista, o que pode contribuir, inclusive, com a formação educacional dos estudantes. Todavia, a carência de incentivo do Estado e da família inviabiliza o surgimento de novos beethovens entre os alunos. Sob uma primeira análise, a música potencializa a atividade cognitiva cerebral. À vista disso, o fenômeno das sinapses neurais consiste na ligação entre os neurônios — células responsáveis pelo funcionamento do cérebro. Esse processo ocorre na infância, de sorte que práticas artísticas, como cantar ou tocar um instrumento, são capazes de estimular essas conexões neuronais. Todavia, o Estado, materializado na figura das escolas, mostra-se incapaz de perceber o potencial de transformação que a música pode oferecer aos estudantes, que perdem a oportunidade de desenvolver ainda mais sinapses neurais. Assim, a formação educacional poderia ser mais interessante e mais produtiva, caso os instrumentos e as melodias fizessem parte da rotina escolar. De outro modo, os pais de Beethoven estimulavam a música desde a infância: realidade que não se reproduz no cotidiano contemporâneo. Nesse viés, a educação será de fato libertadora quando a família assumir o seu papel na formação dos filhos, ideia que foi defendida por Paulo Freire na obra “Pedagogia do Oprimido”. Ocorre que os responsáveis não compreendem — ou sequer conhecem — a relevância da música sobre a educação de meninos e de meninas, e muitas famílias consideram essa manifestação artística como antagonista da aprendizagem escolar. Assim, é incoerente que os pais desejem a melhor formação aos filhos, mas não estimulem o contato com a arte sonora desde a infância. Há de se valorizar, portanto, a música no processo educacional desde os primeiros anos da vida. Nesse sentido, as escolas, com apoio dos pais e das mães dos estudantes, devem realizar projetos pedagógicos, como oficinas musicais que estimulem a atividade cerebral dos alunos e ajudem-nos a melhorar a concentração e a memória. Essa iniciativa poderia se chamar “Aumentando a nota” e teria a finalidade de mostrar às famílias a importância da arte sonora no ensino, para que, assim como propôs Paulo Freire, a educação passe a ser, de fato, transformadora. Professor Vinícius Oliveira 35 TEMA – Os obstáculos da inclusão do autista no Brasil A série "The Good Doctor" narra os conflitos e os preconceitos vividos pelo Dr. Shaun Murphy no contexto de um grande hospital norte-americano. Com efeito, as dificuldades sofridas pelo protagonista são a realidade de muitos autistas fora da ficção, o que representa grave obstáculo à verdadeira inclusão social desse grupo e exige medidas para desconstruir as posturas discriminatórias e para promover a verdadeira inclusão. Diante desse cenário, é urgente que o indivíduo contemporâneo repudie a intolerância àqueles que apresentam Transtornos do Espectro Autista. Sob essa análise, o sociólogo Gilberto Freyre defende, na obra “Casa- grande e Senzala”, que, durante a formação colonial, as diferenças eram vistas com repulsa. Assim, aqueles que divergiam do padrão eram — e ainda são — marginalizados. Ora, sempre que alguém relaciona a palavra autista a uma piada ou a um preconceito, fica nítido que a intolerância e a discriminação denunciadas por Freyre ainda permanecem como cruel realidade. Portanto, não é razoável que a sociedade do século XXI manifeste posturas arcaicas em relação à população com TEA. De outra parte, Aristóteles desenvolveu o conceito de isonomia, segundo o qual as pessoas deveriam se ajustar às condições das outras. Entretanto, apesar de o brasileiro ser mundialmente conhecido por ser um povo receptivo, substancial parcela ainda nutre uma grave mazela social: a dificuldade de praticar a isonomia aristotélica. Nesse sentido, é justamente por essa característica social negativa que a população autista ainda está distante de experimentar a isonomia proposta pelo filósofo grego. Desse modo, enquanto o autismo for visto como doença — e não como uma característica — a verdadeira inclusão ainda permanecerá distante. Medidas devem, pois, ser tomadas para que os indivíduos com autismo sejam tratados com dignidade. Para isso, as escolas precisam, com urgência, desconstruir o histórico preconceito enraizado desde o Brasil Colônia, por meio de eventospedagógicos, como aulas e palestras, realizados com a participação de pessoas com TEA. Essa iniciativa teria a finalidade de promover a efetiva inclusão, de forma isonômica, de modo que os conflitos experimentados por Shaun Murphy sejam, em breve, apenas ficção. Professor Vinícius Oliveira 36 TEMA – O problema do consumo excessivo de açúcar pelo brasileiro Desde a Antiguidade Clássica, a Índia ficou conhecida por produzir a cana, matéria prima de onde era extraído um dos insumos mais cobiçados do mundo na época: o açúcar. Entretanto, o consumo excessivo desse produto representa grave problema de saúde pública e, ao contrário do que ocorria na Antiguidade, não deve ser supervalorizado pela população. Antes, há de se repensar os hábitos alimentares, bem como a cultura de utilização desse ingrediente comum nas refeições. Diante desse cenário, quando o organismo humano consome grande quantidade de açúcar, o fígado transforma o excedente em gordura, e o pâncreas libera maior quantidade de insulina. Ocorre que essas disfunções se mostram nocivas a longo prazo: a gordura produzida forma tecido adiposo, cujo excesso causa o problema da obesidade. Inclusive, a imprudência no consumo desmesurado dessa substância pode promover resistência à insulina e desenvolver diabetes — doença que pode ser irreversível e levar à morte. Assim, a presença da sacarose no cotidiano brasileiro oferece mais riscos do que benefícios. Ademais, a cultura de consumo de açúcar prejudica a saúde da população. Nesse viés, desde o século XVII, a economia do Brasil baseou-se na produção agroindustrial da cana, e, naquele momento, houve forte incentivo do “ouro branco” — como ficou conhecido após o processo de refino — adquirido por todas as classes sociais. Todavia, esse costume enraizado desde o Período Colonial traz consequências negativas, e o consumo desmesurado é considerado problema de saúde pública pela OMS. Dessa forma, não é razoável que, nas mesas brasileiras, ainda seja comum este perigoso ingrediente: o açúcar. Para que a sociedade modifique seus hábitos cotidianos, portanto, as escolas devem combater o consumo de doces desde os primeiros anos da infância, por meio de projetos pedagógicos, como oficinas capazes de mostrar os impactos do açúcar ao organismo, a exemplo da obesidade e da diabetes. Essa iniciativa das autoridades escolares, em conjunto com o Ministério da Educação, teria a finalidade de desconstruir o culto ao açúcar iniciado na Antiguidade Clássica e perpetuado no Brasil Colônia, de sorte que, em breve, os indivíduos possam usufruir de uma alimentação menos calórica e, consequentemente, mais saudável. Professor Vinícius Oliveira 37 TEMA – A importância das campanhas de vacinação no Brasil Em 1952, o médico virologista Jonas Salk desenvolveu a vacina contra a poliomielite e contribuiu para a erradicação da doença em 1980. Entretanto, a negligência às campanhas de vacinação fragiliza a conquista de Salk e prejudica toda a sociedade. Com efeito, a efetiva cobertura vacinal pressupõe que se combata não só a rejeição às campanhas, mas também a falsa impressão de que as doenças deixaram de existir. Diante desse cenário, a resistência popular às vacinas inviabiliza o controle de enfermidades. A esse respeito, o sanitarista Oswaldo Cruz implantou em 1904 políticas de imunização, que foram repudiadas pela população da época, o que motivou a Revolta da Vacina. Ocorre que a rejeição enfrentada pelo médico ainda é a realidade e evidencia grave retrocesso capaz de prejudicar a saúde pública brasileira de forma irreparável. Nesse sentido, não é razoável que, mesmo sendo nação pós-moderna, ainda se mantenha o repúdio à vacinação comum há mais de 100 anos. Ademais, a baixa adesão às campanhas se deve à ilusão de que as doenças deixaram de existir. Nesse viés, o médico Maurice Hilleman desenvolveu a vacina tríplice viral em 1963, fundamental para que o sarampo fosse eliminado do Brasil em 2016. Todavia, a doença combatida por Hilleman voltou a ser um problema para os brasileiros, já que substancial parcela da população nutre a atitude imprudente e inconsequente de rejeitar a prevenção. Assim, enquanto a falsa impressão de inexistência dos vírus se mantiver, a sociedade contemporânea será obrigada a conviver com um dos mais graves obstáculos para a saúde pública: a reemergência de doenças. As campanhas de vacinação, portanto, precisam receber a devida importância. Para isso, o Ministério da Educação deve desconstruir as notícias falsas, como as que invalidam a eficácia das vacinas, por meio de aulas de biologia realizadas com frequência, para que a rejeição às campanhas deixe de ser realidade no país. Por sua vez, os indivíduos — no exercício do seu senso crítico — podem evidenciar que os vírus e demais agentes etiológicos não deixaram de existir. Essa iniciativa social seria feita por intermédio de discussões na internet, a fim de que o combate iniciado por Jonas Salk, enfim, deixe de ser apenas teoria. Professor Vinícius Oliveira 38 TEMA – O problema da alienação parental nos lares brasileiros Na década de 80, Richard Gardner — psiquiatra norte-americano — conceituou como Síndrome da Alienação Parental o distúrbio infantil provocado pela persuasão negativa de algum genitor exercida sobre a criança contra outro parente. Com efeito, esse problema descrito por Gardner representa grave mazela social, na medida em que afeta o desenvolvimento de substancial parcela da população infanto-juvenil. Dessa forma, como solução do entrave, há de se desconstruir o individualismo, a fim de mitigar os prejuízos psicológicos. Sob uma primeira análise, o egoísmo dos pais prejudica o relacionamento saudável dos filhos. Nesse viés, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão — baseada nos ideais iluministas — entende que a família deve assegurar o bem-estar de meninos e de meninas: critério fundamental para a garantia de condições dignas de humanidade. Ocorre que, em muitos lares brasileiros, as famílias são incapazes de compreender o papel que exercem na promoção da dignidade humana desses pequenos indivíduos e são indiferentes. Esse fenômeno cruel vai de encontro à legislação internacional iluminista, haja vista a irresponsabilidade de se utilizar da criança como forma de punir o cônjuge ou parente. Dessa forma, é incoerente que os genitores, embora responsáveis pelo bem-estar dos filhos, sejam justamente aqueles que lhe prejudicam. De outra parte, a manipulação emocional sobre a criança dá lugar a prejuízos psicológicos. A esse respeito, o médico Peter Sifneos nomeou como “Alexitimia” o conceito clínico conhecido popularmente como “cegueira emocional”, segundo o qual o relacionamento tóxico com os genitores pode provocar na criança a perda da capacidade de demonstrar afeto. Nesse sentido, muitas famílias são imprudentes com o comportamento antes os filhos e, assim, são responsáveis por ocasionar consequências irreparáveis como a síndrome definida por Sifneos. Desse modo, enquanto a dominação negativa sobre os jovens se mantiver, a sociedade terá de conviver com um dos piores obstáculos para o desenvolvimento: a perpetuação da alienação parental. Impende, pois, que a síndrome abordada por Richard Gardner deixe de ser realidade no Brasil. Para isso, as escolas devem contribuir para combater o individualismo presente entre as famílias, por meio de um projeto pedagógico composto por palestras e oficinas que chamem os pais à ação. Essa iniciativa se chamaria “Lar saudável de verdade” e teria a finalidade de orientar os responsáveis a garantir a saúde afetiva das crianças e, com sorte, construir uma sociedade justa, solidária e livre da alienação. Professor Vinícius Oliveira 39 TEMA – O poder de transformação social do esporte no Brasil No século VIII antesde Cristo, a Antiguidade grega criou o conceito de Paz Olímpica, cuja função era apaziguar a guerra, proteger a população e garantir a civilidade durante os jogos. Com efeito, o esporte mudou a história da Grécia e ainda, na contemporaneidade, é capaz de transformar a trajetória dos brasileiros, seja por dar visibilidade social a grupos marginalizados, seja por promover a igualdade. Diante desse cenário, a filósofa Simone de Beauvoir desenvolveu o conceito de Invisibilidade Social, segundo o qual alguns grupos são intencionalmente excluídos e ficam vulneráveis à criminalidade. Nesse sentido, o esporte representa uma estratégia para reverter a indiferença denunciada por Beauvoir, de sorte que oferece novas perspectivas de vida e valores para homens e mulheres marginalizados. Dessa forma, em uma nação marcada pela desigualdade e pela escassez de recursos, o desporto é mais do que uma atividade: é uma esperança. Ademais, Nelson Mandela — ex-presidente da África do Sul — decidiu sediar, em 1995, a Copa do Mundo de Rúgbi e promoveu a união social dentro dos estádios, onde brancos e negros ficaram de um mesmo lado com objetivos iguais. Nesse viés, ainda que depois de décadas, substancial parcela dos cidadãos é incapaz de reproduzir o ideal proposto por Nelson Mandela e subverte a ideologia do esporte: em vez de usar os jogos para desconstruir o racismo, fomentam a injúria racial e o preconceito. Desse modo, se a falta de empatia se mantiver, as arenas serão ambientes hostis e sem uma das mais importantes funções do desporto: a transformação social. Impende, portanto, que o esporte tenha, de fato, poder de mudança no Brasil. Dessa maneira, o Ministério da Educação, no exercício do seu papel social, deve zelar pela prática inclusiva e igualitária de atividades esportivas, por intermédio da implementação de um projeto extracurricular nas escolas, realizado uma vez por semana, que poderia chamar “Virando o jogo”. Essa iniciativa teria a finalidade de combater a cultura de hostilidade e de ensinar que o preconceito não deve estar presente na sociedade. Assim, o ideal de inclusão proposto por Nelson Mandela deixará, enfim, de ser uma utopia no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 40 TEMA – Caminhos para combater a depressão entre os brasileiros Em 1792, o médico francês Philippe Pinel desenvolveu estudos acerca do Transtorno Depressivo e contribuiu para que essa doença fosse tratada com prioridade. Todavia, a negligência em torno da depressão mostra que a sociedade brasileira ainda está distante de experimentar a conquista iniciada por Pinel. Com efeito, desconstruir a visão reducionista sobre o transtorno e a valorizar a saúde mental são caminhos possíveis para combater o problema. Sob uma primeira análise, as características da depressão foram relacionadas a sentimentos durante o século XIX, sobretudo pelos escritores da Geração Ultrarromântica, cujo expoente era Álvares de Azevedo. Esse autor romântico construía seus textos vinculando a ideação suicida ao amor, o que contribuiu para que a tristeza depressiva fosse romantizada. Ocorre que o imaginário contemporâneo brasileiro ainda nutre a visão equivocada e reducionista de que esse transtorno mental grave é uma sensação passageira, tal como descreviam os poetas românticos, o que inviabiliza o reconhecimento da doença pelo paciente. Assim, não é razoável que a depressão seja negligenciada pela sociedade contemporânea. De outra parte, é urgente que o brasileiro valorize a sua saúde mental, cuja deficiência dá ensejo à depressão. Nesse viés, na obra “O Mal-estar da Civilização”, Sigmund Freud desenvolveu o conceito de Cultura de Sucesso, segundo o qual o indivíduo moderno deve ter êxito em todas as tarefas que se propõe a fazer, e essa imposição seria capaz de subjugá-lo ao mal-estar da modernidade. Essa busca frustrada pelo sucesso constante, tal como Freud descreveu, se mostra frequente no Brasil, e a sua principal consequência é a depressão. Nesse sentido, é necessário que a Cultura de Sucesso — denunciada pelo Pai da Psicanálise — dê lugar ao bem-estar da mente, sob pena de uma das mais graves doenças mentais segundo a OMS: a depressão. Para combater o transtorno, portanto, o Ministério da Saúde, em parceria com as escolas, deve desconstruir a visão romantizada que associa depressão a um sentimento, por meio de eventos pedagógicos, como aulas e palestras que mostrem as consequências hormonais da doença psiquiátrica. Essa iniciativa teria finalidade de trazer à tona a importância do autocuidado e do bem-estar da mente pela sociedade brasileira, de sorte que o mal-estar descrito por Freud, em breve, dê lugar à saúde mental valorizada por Philippe Pinel. Professor Vinícius Oliveira 41 TEMA – HIV: um desafio para a saúde pública e para a sociedade Em 1969, o mundo conheceu o evento que entraria para a história como símbolo de liberdade social: o “Festival de Woodstock”, que reuniu mais de 400 mil “hippies” em busca da sexualidade livre. Todavia, a liberalidade sexual pregada naquela época deu lugar ao HIV — vírus que ainda se mostra um desafio para sociedade e para a saúde pública. Com efeito, para combatê- lo, há de se desconstruir o preconceito e a desinformação. De início, os estereótipos acerca da AIDS dificultam o efetivo controle da doença. A esse respeito, a minissérie brasileira “Hebe” retrata o período dos anos 80, em que a sociedade associava a síndrome aos gays e às prostitutas. Ocorre que essa associação denunciada na produção ficcional ainda permeia o imaginário coletivo e representa grave problema, de modo que os pacientes soropositivos são marginalizados. Assim, não é razoável que os cidadãos com HIV tenham de combater não só o vírus, mas também o preconceito. Sob outra análise, o Brasil adotou, em 1996, a distribuição gratuita de medicamentos antirretrovirais — remédios que, embora não eliminem o vírus, impedem a sua transmissão. Todavia, o tratamento iniciado em 96 é incapaz de atingir a eficácia social, já que o preconceito e o estigma ao vírus impedem que os contaminados conheçam o seu status sorológico e, consequentemente, não buscam tratamento e propagam o HIV. Dessa forma, enquanto a desinformação se mantiver, os brasileiros serão obrigados a conviver com um dos mais graves problemas de saúde pública: a AIDS. O combate ao HIV, portanto, precisa deixar de ser um desafio. Nesse viés, as escolas — entidades responsáveis pela atualização da mentalidade social — devem contribuir para que os indivíduos não façam juízo de valor negativo das pessoas com AIDS, por meio de “workshops” e palestras liderados por indivíduos com o vírus. Essa iniciativa teria a finalidade de combater a desinformação e motivar que homens e mulheres usem preservativos, façam o teste e identifiquem a doença. Desse modo, a epidemia de HIV dará lugar à responsabilidade, e o Brasil será conhecido como nação justa, solidária e, de fato, livre do preconceito. Professor Vinicius Oliveira 42 TEMA - Os obstáculos para a doação de sangue no Brasil A produção ficcional “Sob pressão” narra, em um dos episódios, a história de pacientes que dependem de transfusão sanguínea, mas não podem recebê-la em função da escassez dos estoques do hospital. Entretanto, os obstáculos da doação de sangue fazem com que os brasileiros protagonizem, fora da ficção, o drama narrado na série, o que se mostra grave problema. Com efeito, há de se desconstruir a indiferença dos indivíduos, bem como a ineficiência do Estado. Diante desse cenário, é preciso combater o individualismo, cujo excesso prejudica as ações solidárias. A esse respeito, Adam Smith — considerado pai do liberalismo — entendia que apenas a busca pelos interesses pessoais levaria a sociedade ao progresso, de modo que a benevolência humana representaria fraqueza. Ocorre que, no Brasil,o egocentrismo idealizado por Smith ainda se perpetua na contemporaneidade, na medida em que substancial parcela da população é indiferente à necessidade de adesão aos projetos de doação de sangue. Além disso, esse grave problema afeta diretamente os pacientes que esperam a transfusão sanguínea para preservação da vida. Logo, é incoerente que, mesmo sendo nação pós-moderna, a cultura individualista continue sendo a regra, visto que a solidariedade será exceção. Nesse sentido, em 1948, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu que as autoridades são — ou deveriam ser — responsáveis pela manutenção do bem-estar público. Nesse contexto, embora o Brasil busque ser Estado desenvolvido, as ações governamentais de estímulo ao ato de doar sangue têm sido incapazes de sensibilizar os cidadãos, o que vai de encontro ao que foi proposto pela OMS. Ademais, essa falta de assistência estatal provoca a escassez dos bancos de sangue, e, muitas vezes, tem por consequência um prejuízo irreparável: a morte. Assim, a omissão do Estado dá lugar às campanhas de doações frágeis, e, enquanto o descaso das autoridades se mantiver, o país será obrigado a conviver com um número de doadores bem menor do que a real demanda exige. Há de se mitigar, portanto, os obstáculos para a doação de sangue. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, cuja função é garantir direitos aos cidadãos, deve desconstruir, com urgência, o individualismo acerca dessa atitude solidária, por meio de políticas públicas que estimulem os indivíduos a doar, como a criação de um cadastro para a coleta sanguínea gratuita em domicílio, bem como postos itinerantes. Essa iniciativa teria a finalidade de aumentar a oferta de sangue nos hospitais, de aprimorar a eficiência do Estado e de contribuir para que o drama narrado em “Sob pressão” seja, em breve, apenas ficção. Professor Vinícius Oliveira 43 TEMA – O papel da família na educação de crianças e de adolescentes em questão no Brasil Professor Vinícius Oliveira VERSÃO A Em 1988, representantes do povo — reunidos em Assembleia Constituinte — instituíram um Estado Democrático, a fim de assegurar o direito à educação como valor supremo de uma sociedade fraterna. Entretanto, a falta de comprometimento da família revela que nem todas as crianças e os adolescentes brasileiros experimentam esse direito na prática. Com efeito, a falta do papel familiar coloca em risco não só a formação escolar dos jovens, mas também o seu convívio social. Sob uma primeira análise, a omissão dos pais afeta a situação educativa do público infanto-juvenil. A esse respeito, no século XX, Paulo Freire defendeu, em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, que a família mostra-se opressora ao depositar aa responsabilidade da educação dos filhos sobre as escolas e os profissionais de ensino. Ocorre que, mesmo depois de décadas, a ideia defendida pelo pedagogo ainda é a realidade, na medida em que há crianças e adolescentes como se estivessem órfãos em suas próprias casas, o que representa um grave problema social e é capaz de causar o esgotamento físico e psicológico dos professores, cada vez mais sobrecarregados pela carência de compromisso dos pais. Logo, é incoerente que, mesmo sendo nação pós-moderna, a educação até agora não consiga ser libertadora, tal como Freire resguarda. De outra parte, a ausência da educação na família dá lugar à má formação social dos jovens. Nesse sentido, Zygmunt Bauman desenvolveu, em seu livro “Modernidade Líquida”, o conceito de Instituições Zumbis, segundo o qual visa descrever, metaforicamente, a falência das grandes instituições da modernidade, já que mantiveram a sua forma, mas perderam a sua essência — a exemplo das organizações familiares. Nesse contexto, embora o Brasil busque ser Estado desenvolvido, substancial parcela dos responsáveis é incapaz de educar a juventude, o que corrobora com a concepção de Bauman e constitui cruel desdobramento na sociedade civil, visto que a inexistência da prática de disciplina é fatos preponderantes na formação moral e da ética. No entanto, enquanto o descuido com os valores for a regra, o país será obrigado a conviver com uma triste realidade: indivíduos antiéticos e imorais. Impende, pois, que o acesso pleno à educação seja, de fato, assegurado. Dessa maneira, o Ministério da Educação, no exercícios do seu papel civil, deve modificar a mentalidade dos familiares acerca da formação educacional, por meio de projetos de políticas públicas nas grandes mídias, capazes de delimitar aos responsáveis qual é a sua própria função dentro dos desenvolvimentos dos jovens, a fim de minimizar a sobrecarga dos professores, bem como estimular o ensino de princípios morais para o convívio social harmônicos. Assim, serão garantidos os direitos de um Estado Democrático, e o Brasil será justo, livre e solidário. VERSÃO B Em “Matilda” — produção ficcional norte- americana —, a protagonista é uma criança que cresceu em um ambiente desestruturado e em meio a pais indiferentes ao seu desenvolvimento. Com efeito, fora da ficção, esse problema ainda é realidade, haja vista que substancial parcela das famílias brasileiras não cumpre o seu papel na educação dos filhos. Nesse sentido, hão de ser analisados os prejuízos não só para a construção educativa, mas também para o convívio social dos jovens. Sob uma primeira análise, a omissão familiar prejudica a formação educacional das crianças e dos adolescentes. A esse respeito, Paulo Freire — renomado educador brasileiro —, em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, abordou que a família mostra-se opressora ao depositar a responsabilidade da educação dos filhos sobre as instituições escolares. Ocorre que essa indiferença dos pais ao processo educativo dos jovens, como retratado por Freire, evidencia cruel mazela para esses indivíduos no Brasil. Tal descaso afeta a relação família-escola, em que se mostra necessário que os responsáveis participem efetivamente na construção e no desenvolvimento educacional dos filhos. Desse modo, é incoerente que os pais sejam omissos em um país que requer ajuda da família na educação. De outra parte, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman desenvolveu o conceito de Instituições Zumbis, segundo o qual a família perdeu sua função social, mas manteve — a qualquer custo — a sua forma. Nesse viés, os lares brasileiros se enquadram na teoria denunciada por Bauman, na medida em que perderam a capacidade de educar e de agregar valores sociais aos seus filhos. Além disso, essa falha pode gerar graves consequências para a formação social das crianças e dos adolescentes, como o aumento da criminalidade, da gravidez na adolescência e do consumo de álcool. Dessa maneira, enquanto a ausência familiar se mantiver, os jovens serão obrigados a conviver com um dos piores obstáculos para a modernidade: a má formação social. Impende, pois, que as famílias cumpram o seu papel na educação de crianças e de adolescentes. Para isso, as instituições de ensino, em parceria com as famílias, devem proporcionar o efetivo vínculo família- escola, por meio de projetos nas próprias escolas capazes de impulsionar a participação ativa da família no processo educativo. Essa iniciativa terá a finalidade de desconstruir a omissão dos pais e reduzir os prejuízos causados na formação educacional e social dos jovens. Assim, as dificuldades enfrentadas por Matilda, mesmo fora da ficção, deixarão de ser realidade. 44 TEMA – A importância do trabalho voluntário em momentos de crise A Organização das Nações Unidas estabeleceu a Agenda Global do Desenvolvimento: 17 objetivos para estimular ações humanitárias globais até 2030. Entretanto, a indiferença ao trabalho voluntário representa um obstáculo à meta proposta pela ONU, o que pode potencializar a desigualdade principalmente em momentos de crise. Com efeito, individualismo e omissão do Estadosão problemas relacionados à falta de incentivo a ações benevolentes. Em primeiro plano, a falta de empatia — comum nas sociedades modernas — representa obstáculo ao voluntariado. A esse respeito, no século XVIII, Adam Smith entendia que a benevolência impediria o progresso, e as nações apenas se desenvolveriam a partir da busca das suas ambições individuais. Todavia, mesmo depois de séculos, a ideologia meritocrática do pai do liberalismo permanece no imaginário dos indivíduos, que rejeitam ações humanitárias e o voluntariado justamente por causa da visão individualista. Assim, enquanto for imposta a meritocracia, a benevolência será a exceção, sobretudo em contextos de crise. Sob outra análise, há de se incentivar o trabalho voluntário, fundamental em sociedades onde as ambições capitalistas são a regra. Nesse viés, a partir de 1970, as nações passaram a adotar o neoliberalismo, segundo o qual o Estado deve se omitir intencionalmente para que as empresas privadas vendam serviços básicos, como saúde e educação. Ocorre que a população carente é incapaz de pagar por benefícios, tal como impõe a lógica neoliberal, o que mostra a relevância das ações humanitárias e da benevolência para sanar a ausência estatal e garantir que a população pobre tenha acesso a serviços que deveriam ser seus direitos. Dessa forma, a ausência do voluntariado colabora para aprofundar a miséria e a desigualdade social. É urgente, portanto, que as ações humanitárias deixem de ser a exceção e passem a ser a regra nas sociedades. Para isso, os próprios indivíduos devem se envolver em atividades filantrópicas, por meio da distribuição de alimentos e de serviços comunitários de saúde. Essa iniciativa social poderia se chamar “Solidariedade Presente” e teria a finalidade de desconstruir o individualismo e de problematizar a omissão do Estado na oferta de serviços públicos. Assim, a partir da ação do cidadão, os objetivos traçados pela ONU deixarão de ser, em breve, uma realidade distante. Professor Vinícius Oliveira 45 TEMA – O problema da ansiedade entre os jovens brasileiros Em 1988, representantes do povo – reunidos em Assembleia Constituinte – instituíram o Estado de Direito, a fim de assegurar a saúde e o bem-estar como valores supremos de uma sociedade fraterna. Entretanto, a persistência da ansiedade entre os jovens impede que os direitos constitucionais sejam aplicados na prática. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combatam o acúmulo de tarefas, bem como o uso irresponsável da tecnologia. Diante desse cenário, o excesso de atribuições diárias motiva a ansiedade na juventude. A esse respeito, a Terceira Revolução Industrial permitiu os indivíduos acumulassem atividades e otimizassem o tempo para os estudos e para o trabalho. Ocorre que, no Brasil, o ideal imposto pela Revolução Informacional promoveu — e ainda promove — o esgotamento físico e psicológico dos jovens, o que inviabiliza uma saúde mental adequada. Além disso, essa rotina intensa dessa população faz com que parte dos cidadãos tenha a necessidade de se medicar com remédios ansiolíticos. Logo, é incoerente que, mesmo sendo nação pós-moderna, a sociedade viva uma cultura de excessos, o que torna as moças e os rapazes cada vez mais ansiosos. Ademais, a Nomofobia — distúrbio de comportamento — consiste na angústia pela falta de contato com dispositivos digitais, o que evidencia o vício pela informação constante e provoca ainda mais a ansiedade. Com efeito, substancial parcela dos jovens brasileiros é afetada por esse problema clínico, de modo que a persistência da nomofobia pode acarretar o Transtorno da Ansiedade Generalizada. Dessa forma, o TAG representa não só uma grave crise individual, mas também um desafio para a saúde pública. Assim, enquanto o uso imprudente dos aparelhos eletrônicos se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com uma das mais sérias síndromes do século XXI: a ansiedade. É urgente, portanto, que a juventude experimente a saúde mental. Para isso, as escolas devem colaborar para desconstruir o excesso de tarefas diárias, bem como o uso desmesurado dos celulares, por meio de um projeto pedagógico que poderia se chamar “Juventude sem ansiolíticos” e que orientaria rapazes e moças a planejar melhor o dia e a reduzir o tempo de tela nos “smartphones”. Essa iniciativa teria a finalidade de valorizar a saúde mental, combater a nomofobia e construir uma sociedade, de fato, livre da ansiedade. Professor Vinícius Oliveira 46 TEMA - Alternativas para combater a pirataria entre os brasileiros Em 1988, representantes do povo — reunidos em Assembleia Constituinte — instituíram um Estado Democrático, a fim de assegurar os direitos autorais como valor supremo de uma sociedade fraterna. Entretanto, a pirataria vai de encontro à determinação constitucional e representa uma estratégia ilegal entre os brasileiros. Com efeito, as alternativas para combater o problema passam pela valorização do senso de coletividade e pela garantia do acesso à renda. Sob uma primeira análise, persiste entre os cidadãos o desejo constante de se beneficiar a qualquer custo. A esse respeito, Sérgio Buarque de Holanda desenvolveu, em sua obra “Raízes do Brasil”, o conceito de Cordialidade, que consiste na cultura enraizada de buscar situações que favoreçam os interesses individuais, independentemente das consequências. Nesse viés, a pirataria é uma das faces do jeitinho brasileiro, denunciado pelo sociólogo, na medida em que muitos indivíduos se acostumaram a consumir produtos do comércio ilegal. Logo, é incoerente que a infração às leis faça parte do comportamento cultural do brasileiro. Nesse sentido, desde o Período Colonial, parte considerável da população é excluída do acesso a condições financeiras dignas, o que obrigou — e ainda obriga — o indivíduo pobre a encontrar formas alternativas de acessar cultura e entretenimento. Nesse sentido, os crimes de pirataria, embora sejam injustificáveis sob o ponto de vista legal, representam opções para que homens e mulheres carentes consigam assistir a um filme ou ouvir uma produção musical. Inclusive, os altos impostos que incidem sobre bens e serviços colaboram para que a arte e o lazer sejam consumidos apenas pela minoria, assim como ocorria no Brasil Colônia. Assim, enquanto a concentração de renda for a regra, o brasileiro será obrigado a conviver com este grave problema: a pirataria. Há de se pensar, portanto, em alternativas para mitigar o consumo de produtos e de serviços não originais. Dessa maneira, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, cuja função é realizar a defesa das minorias e formular políticas de inclusão, deve estimular o senso de coletividade dos indivíduos, com o apoio de assistentes sociais, por intermédio de debates realizados nas comunidades, a fim de desconstruir a cultura de Cordialidade. Essa iniciativa poderia se chamar “Ética é legal” e teria a finalidade de discutir a desigualdade social, de sorte que a sociedade não contribua com as ações antiéticas. Assim, o problema denunciado por Sérgio Buarque de Holanda deixará de ser um costume no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 47 TEMA – O advento das informações falsas no Brasil contemporâneo No século XV, Johannes Gutenberg deu início à imprensa e democratizou o acesso à informação por meio de seu invento. Entretanto, na contemporaneidade, a invenção de Gutenberg cedeu lugar à de Zuckerberg: o “Facebook”, que, junto às outras mídias sociais, propaga notícias parciais. Com efeito, o advento das informações falsas se mostra grave problema à sociedade democrática seja pela sua influência imperceptível, seja pelos prejuízos ao interesse público. Diante desse cenário, informações inverídicas funcionam como discurso de controle simbólico. A esse respeito, o sociólogo francês Michel Foucaultdefendia que as estruturas linguísticas são capazes de impor verdades aos interlocutores. Assim, as fontes que veiculam informações infundadas reafirmam pontos de vista e motivam as ações dos indivíduos, mesmo sem provas concretas. Nesse contexto, as notícias falsas que circulam na mídia e internet brasileiras exercem poder sobre os indivíduos, justamente porque toda linguagem é dotada de ideologia, segundo Foucault. Ocorre que significativa parcela da sociedade brasileira ainda não compreende o poder de controle do discurso. De outra parte, a disseminação de notícias falsas pode prejudicar os interesses nacionais. Nesse sentido, em 1995, chegaram a Nelson Mandela boatos segundo os quais haveria atentados durante a Copa de Rúgbi. Essas informações não se concretizaram, e a África do Sul sediou os jogos, cuja função foi unir brancos e negros após a vigência do Apartheid. Porém, em oposição ao exemplo de Mandela, muitos cidadãos brasileiros permanecem superestimando conteúdos políticos e sociais infundados, de modo que, enquanto a cultura de indiferença à veracidade de informações se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver diariamente com um dos mais graves problemas para a pós-modernidade: as notícias falsas. Impende, pois, que a cultura da desinformação seja combatida na contemporaneidade brasileira. Sob esse aspecto, as escolas e a Agência Lupa – pioneira em “fact-checking” no Brasil – devem ensinar os cidadãos a questionar a veracidade de todos os conteúdos veiculados, por meio de oficinas práticas de aferição de verossimilhança, a exemplo do tipo de fonte e linguagem utilizada no conteúdo a ser checado. Essa iniciativa poderia se chamar “Fato ou Fake” e teria a finalidade de estimular o senso crítico dos indivíduos. Com isso, seriam preservados os interesses nacionais, e o Brasil deixará de ter, na prática, a verdade fragilizada. Professor Vinícius Oliveira 48 TEMA – Os desafios da gestão do lixo no Brasil Em 1988, representantes do povo — reunidos em Assembleia Constituinte — instituíram um Estado Democrático, a fim de assegurar um meio ambiente ecologicamente equilibrado como valor supremo de uma sociedade fraterna. Entretanto, a gestão ineficiente do lixo revela que nem todos experimentam esse direito constitucional na prática. Com efeito, como solução do entrave, há de analisar a importância da administração dos resíduos, bem como a necessidade de desconstruir a omissão do Governo. Diante desse cenário, a decomposição dos rejeitos ocorre por um fenômeno químico chamado anaerobiose, que gera gases extremamente poluentes como o CO2 e uma substância altamente tóxica: o chorume. Nesse sentido, esse processo traz efeitos negativos para a sociedade brasileira, na medida em que esses gases afetam a qualidade de vida dos indivíduos e podem provocar doenças, desde a asma até mais graves como o câncer de pulmão. Além disso, o chorume acarreta a contaminação da água, do solo e dos lençóis freáticos, e evidencia que não só a coletividade é prejudicada, como também todo o ecossistema entra em desequilíbrio, o qual vai de encontro à garantia da Constituição. Desse modo, não é razoável que, embora o país almeje tornar-se nação desenvolvida, ainda persista a má gestão do lixo. De outra parte, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estabeleceu, em 2012, o índice de resíduos produzidos no mundo e verificou que na sociedade brasileira, mais de 90% dessa produção provém da mineração e da agropecuária. Todavia, o Poder Público se mostra indiferente ao dado exposto pela ONU, de modo que se mantém silente diante de atividades e de grandes empresas produtoras de resíduos sólidos em maior quantidade em razão de interesse econômico. Dessa forma, é incoerente que as autoridades insistam em responsabilizar a população enquanto os setores mais poluentes continuam sem fiscalização. Impende, pois, que a gestão do lixo deixe de ser um desafio no Brasil. Para isso, o Ministério do Meio Ambiente precisa, com urgência, fomentar novas medidas eficazes, por meio de legislação que garanta a punição e a ação dos responsáveis pelos resíduos gerados e descartados em locais irregulares. Essa iniciativa poderia se chamar “Sociedade consciente” e seria capaz de combater os danos causados pela decomposição dos detritos ao ecossistema e à saúde da população, cuja finalidade seria desconstruir a inércia do Governo motivada pelo interesse econômico. Assim, os cidadãos brasileiros poderão viver em uma sociedade livre, justa e solidária. Professor Vinícius Oliveira 49 Tema – Os desafios dos brasileiros na luta contra o câncer No ano 2000, a atriz Carolina Dieckmann protagonizou uma das cenas mais icônicas da teledramaturgia nacional: o momento em que a personagem Camila perde seus cabelos para o câncer. Nesse viés, substancial parcela dos brasileiros se sensibiliza com a ficção, mas é incapaz de reconhecer o drama de indivíduos reais que lutam diariamente contra a doença. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se combata a ineficiência do Estado, bem como a rejeição da sociedade. Diante desse cenário, as falhas do SUS tornam a situação das pessoas com câncer ainda mais complicada. A esse respeito, ainda que o Artigo 6° da Constituição Federal assegure o direito à saúde, a oncologia de qualidade se restringe a quem pode pagar por ela. Tal omissão se manifesta na falta de acesso a médicos e a procedimentos importantes para o tratamento de carcinomas — quimioterapia, radioterapia, hemodiálise. Desse modo, não é razoável que a saúde prevista da Carta Magna deixe de ser um direito de todos e se torne um privilégio de poucos. Assim, enquanto a ineficácia do Sistema Único de Saúde se mantiver, o combate ao câncer continuará sendo uma luta cruel. Outro desafio na luta contra o câncer tem origens culturais: o preconceito. Sobre isso, na Idade Média, os indivíduos associavam os tumores a questões espirituais, e a sociedade da época evitava, inclusive, pronunciar palavras do campo semântico da doença. Essa repulsa social à discussão, embora simbolize uma mentalidade medieval, ainda persiste entre o povo brasileiro, o que evidencia o imaginário retrógrado e preconceituoso em relação ao câncer. Assim, enquanto a repulsa ao diálogo se mantiver, não haverá como estabelecer a cultura de autocuidado e de combate ao problema de forma precoce. Para que o drama protagonizado por Carolina Dieckmann, portanto, seja discutido no Brasil, as escolas devem ensinar os alunos e os familiares a buscar a medicina preventiva, por meio um projeto pedagógico, com oficinas e minicursos que sejam capazes de ensinar a população a identificar os cânceres de forma precoce. Essa iniciativa poderia se chamar “Autocuidado presente” e teria a finalidade de ampliar a discussão sobre o assunto, de modo que o indivíduo seja estimulado a cuidar de si mesmo e a exigir ações efetivas do Estado, como aumento da oferta de médicos oncologistas na rede SUS. Assim, o preconceito medieval dará lugar, de fato, à valorização da vida. Professor Vinícius Oliveira 50 TEMA – O histórico desafio do respeito às leis pela população brasileira Em 1748, o filósofo Montesquieu desenvolveu a obra “O Espírito das Leis”, segundo a qual as sociedades devem obedecer às normas instituídas, sob pena de haver desequilíbrio social. Entretanto, parcela dos indivíduos contemporâneos é incapaz de aplicar a ideia de Montesquieu, na medida em que a cultura de transgressão às leis se mostra um problema cada vez mais comum, seja pelo costume histórico de transgressão, seja pela indiferença ao Estado de Direito. Diante desse cenário, a desobediência às normas fragiliza a democracia. Sobre isso, Hans Kelsen — filósofo do século XX — desenvolveu a ideia de que há hierarquia entre as leis, e a vontade do povo deve ser submissa às normas de um Estado Democráticode Direito. Ocorre que a sociedade contemporânea subverte a proposta de Kelsen: os cidadãos colocam suas vontades acima das normas legais instituídas pelo Estado, o que fortalece a cultura de transgressão e motiva a existência de um falso Estado de Direito. Nesse viés, não é razoável que a hierarquia estabelecida Hans Kelsen seja tratada com indiferença em uma nação que almeja tornar-se desenvolvida. Nesse sentido, a “Cordialidade” — fenômeno popularmente conhecido como “jeitinho brasileiro” — é um conceito criado por Sérgio Buarque de Holanda e caracteriza o cidadão que busca burlar as normas para benefício próprio. Nesse viés, substancial parcela dos indivíduos pratica a “Cordialidade” definida pelo sociólogo, que nada tem a ver com educação, e, pelo contrário, diz respeito a atitudes antiéticas. Com efeito, essa característica nociva do brasileiro representa um grave comportamento histórico, e, enquanto se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais sérios problemas para a cidadania: o desrespeito às leis. A ideologia de Montesquieu, portanto, precisa ser colocada em prática no Brasil. Nesse sentido, as autoridades municipais devem ensinar o respeito ao Estado de Direito e à cidadania, por meio de uma campanha com palestras e oficinas comunitárias de valorização às normas. Essa iniciativa ocorreria em locais públicos, poderia se chamar “Respeito é legal” e teria a finalidade de desconstruir o histórico comportamento do “jeitinho brasileiro”, de sorte a estimular que o Brasil experimente, de fato, o espírito das leis. Professor Vinícius Oliveira 51 TEMA – O problema do esgotamento profissional em questão no Brasil Em 1974, o psicanalista Herbert Freudenberger desenvolveu o conceito de Burnout, que ficou conhecido como Síndrome do Esgotamento Profissional, cuja principal característica é o estresse e o desânimo crônicos. Todavia, o problema descrito pelo médico não recebe a devida importância na contemporaneidade e exige cuidadosa análise acerca do excesso de tarefas e da instabilidade do mercado de trabalho. Diante desse cenário, a Terceira Revolução Industrial, marcada pelo uso de tecnologias da robótica e da informática, possibilitou que os indivíduos acumulassem tarefas e otimizassem ao máximo o tempo de produção no trabalho. Ocorre que o excesso de atribuições diárias, imposto pela Revolução Informacional, pode ser nocivo, prejudicar o trabalhador e contribuir para o esgotamento do indivíduo, já que o lazer e o bem-estar são negligenciados por muitos empregadores e empregados. Assim, enquanto a saúde mental não for valorizada, o trabalhador contemporâneo será obrigado a conviver com um dos principais problemas ocupacionais: o esgotamento profissional. Ademais, as crises econômicas favorecem a prevalência da Síndrome de Burnout. A esse respeito, a Grande Depressão — maior crise da história — trouxe instabilidade ao mercado de trabalho a partir de 1929 e deixou claro que o medo do desemprego pode ser a causa para problemas psiquiátricos. Nesse sentido, o esgotamento profissional é um desses cruéis desdobramentos da recessão econômica, tal como ocorreu na Crise de 29, na medida em que o indivíduo vivencia constante instabilidade e competitividade no mercado laboral, o que se mostra grave obstáculo à saúde mental do trabalhador. Para que a síndrome de Burnout, portanto, seja combatida, o Ministério Público do Trabalho deve combater, com urgência, os serviços com jornada exaustiva, como os que ultrapassam as 8 horas permitidas pela lei, por meio de visitas regulares a empresas cujos profissionais manifestem esgotamento. Essa iniciativa do MPT teria a finalidade de promover a valorização da saúde física e mental dos indivíduos, que passariam a lidar melhor com as crises, bem como com a situação de instabilidade e de competitividade do mercado laboral. Dessa forma, o fenômeno descrito por Freudenberger deixará de ser um problema no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 52 TEMA – As dificuldades da inclusão do idoso no mercado de trabalho em questão no Brasil No longa-metragem “Um Senhor Estagiário”, o personagem Ben é um idoso aposentado que se torna estagiário sênior de um site de modas, por meio de um programa comunitário, a fim de se sentir novamente parte da sociedade. Entretanto, a narrativa otimista da ficção representa uma utopia no Brasil – país marcado pela exclusão da população senil. Nesse sentido, hão de ser combatidas a indiferença social e a precária inserção tecnológica dos idosos. Diante desse cenário, Simone de Beauvoir — filósofa do século XX —, em sua obra “A Velhice”, desenvolveu o conceito de Invisibilidade Social, segundo o qual existe um processo de apagamento da figura do idoso. Ocorre que a cruel ideia denunciada pela autora ainda é reforçada na sociedade brasileira, tendo em vista que os idosos são marginalizados e não são admitidos nas empresas por serem tidos como incapazes de desenvolver tarefas. Tal fato é observado igualmente na ficção, ao passo que Ben é tratado inicialmente com indiferença por sua chefe. Desse modo, é incoerente que essa exclusão seja regra em uma sociedade em constante processo de envelhecimento. Ademais, não só a indiferença social, mas a escassa inserção tecnológica também afasta o idoso da oportunidade de emprego. Nesse viés, a partir do século XX, a Terceira Revolução Tecnológica — período de crescimento da informática — exigiu constante aperfeiçoamento frente à tecnologia. Todavia, substancial parcela da terceira idade no Brasil não acompanhou a evolução científica advinda da Revolução Técnico-Informacional, o que reflete diretamente o nocivo ideal de indivíduo obsoleto para o ambiente laboral e fragiliza a inclusão dos idosos. Com efeito, enquanto a falta de incentivo e de apoio ao aprimoramento tecnológico dessa parte da população se mantiver, a sociedade brasileira continuará a conviver com uma das mais incoerentes mazelas para os indivíduos: a precária inserção laboral. As empresas devem, portanto, promover a reintegração desses indivíduos no mercado laboral, por meio de oportunidades de emprego associadas a cursos que capacitem a terceira idade a exercer as funções dos trabalhos aos quais for destinada. Essa iniciativa teria a finalidade de desconstruir a invisibilidade dos idosos. O Ministério da Ciência e da Tecnologia, por sua vez, pode fomentar projetos sociais, por meio de atividades comunitárias, como aulas e oficinas capazes de ensinar o uso de aparelhos eletrônicos, para o aprimoramento tecnológico e, assim, valorizar a inclusão no trabalho da população senil — antes marginalizada. Professor Vinícius Oliveira 53 TEMA – Os desafios para os profissionais das futuras gerações em questão no Brasil A produção cinematográfica “Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg, narra uma realidade distópica em que humanos convivem com robôs e com tecnologias nunca vistas pela sociedade. Fora da ficção, o futuro anunciado por Spielberg se aproxima da sociedade contemporânea e será capaz de reconfigurar uma das áreas mais importantes para a sociedade: o trabalho. Com efeito, as habilidades fundamentais para o profissional das futuras gerações passam pelo desenvolvimento da inteligência emocional e pela constante capacidade de aprender. A Revolução 4.0 — conceito alemão criado no século XXI — consiste no conjunto de tecnologias inovadoras que transformarão o cotidiano, os relacionamentos e, sobretudo, o trabalho. Entretanto, substancial parcela dos brasileiros se mostra despreparada para os desafios com os quais as próximas gerações serão obrigadas a conviver. Assim, as habilidades necessárias para o trabalhador do futuro passam pela capacidade de aprender, bem como pelo desenvolvimento da inteligência emocional. Diante desse cenário industrializado, aprender a aprender:essa será uma das mais importantes características do trabalhador do futuro. Ocorre que o atual sistema de ensino é baseado no modelo ultrapassado do Iluminismo, que insiste em tratar os alunos como dependentes e em considerar o professor como único detentor do conhecimento. Esse formato educacional — fundado no século XVIII — ainda está vigente e é incapaz de estimular os estudantes a criar o conhecimento de forma ativa e constante, o que inviabiliza o desenvolvimento da atualização fundamental para as futuras profissões. Ademais, as máquinas serão capazes, a curto prazo, de desenvolver tarefas operacionais com maestria, tal como se vê na ficção de Spielberg. Portanto, as habilidades exigidas aos indivíduos não serão técnicas, mas sim comportamentais, o que obriga o trabalhador a aprimorar sua inteligência emocional. Esse termo foi descrito pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman e consiste na capacidade de relacionar-se com o outro de forma saudável, delegar tarefas e evitar o esgotamento profissional. Todavia, a proposta de Goleman ainda não é a realidade no mercado de trabalho atual, marcado pela ansiedade, pelo estresse e pela competitividade hostil. Nesse sentido, na Revolução 4.0, as máquinas serão capazes, a curto prazo, de desenvolver tarefas operacionais com maestria. Portanto, as habilidades exigidas aos indivíduos não serão técnicas, mas sim comportamentais, o que obriga o trabalhador a aprimorar sua inteligência emocional. Esse termo foi descrito pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman e consiste na capacidade de relacionar-se com o outro de forma saudável, delegar tarefas e evitar o esgotamento profissional. Todavia, a proposta de Goleman ainda não é a realidade no mercado de trabalho atual, marcado pela ansiedade, pelo estresse e pela competitividade hostil. Os profissionais precisam, portanto, estar preparados para os desafios das próximas gerações. Nesse viés, as escolas — no exercício do seu papel social — devem estimular o autoaprendizado dos alunos, por meio de eventos pedagógicos, como oficinas e minicursos, que direcionem tarefas a serem realizadas sem auxílio do professor. Essa iniciativa poderia se chamar “Inovação presente” e teria a finalidade de motivar os alunos a aprender de forma autônoma e a desenvolver inteligência emocional, escassa na contemporaneidade, mas fundamental ao mercado de trabalho, que será, em breve, reconfigurado. Professor Vinícius Oliveira 54 Tema – Caminhos para garantir a alfabetização na primeira infância A obra literária “Revolução dos Bichos”, de George Orwell, ilustra uma sociedade separada em classes: aqueles que sabiam ler controlavam os analfabetos. A crítica do autor evidencia as consequências nocivas da falta de letramento, que, fora da ficção, é a realidade de muitos brasileiros. Com efeito, um caminho possível para garantir a alfabetização na primeira infância pressupõe redução da desigualdade social histórica, bem como da defasagem educacional. Diante desse cenário, a concentração de renda dificulta que meninos e meninas tenham acesso ao sistema educacional nos primeiros anos da vida. Nesse viés, durante o período da Colônia de Exploração, apenas a aristocracia — organização composta pelos nobres — tinha acesso à leitura e à alfabetização. Ocorre que, no Brasil contemporâneo, isso ainda persiste, visto que as crianças em situação de extrema pobreza não têm o privilégio de dar prioridade aos estudos, em virtude da escassez de comida e de recursos para a sua permanência na escola. Assim, essa desigualdade evidencia um retrocesso e retoma a cruel realidade da colônia, e, enquanto tal problema se mantiver, o letramento não será garantido aos brasileiros na primeira infância. Nesse sentido, Paulo Freire desenvolveu a obra “Pedagogia do Oprimido” e defendeu que a educação seria libertadora, bem como capaz de oferecer novas perspectivas aos indivíduos marginalizados. Todavia, a alfabetização tardia — aquela que ocorre após os 6 anos — pode prejudicar o ideal proposto pelo pedagogo, já que o analfabetismo evidencia a defasagem educacional, inviabiliza a entrada no ensino superior e no mercado de trabalho. Inclusive, aqueles que são incapazes de escrever o próprio nome também serão privados de reivindicar melhorias de vida e estarão submissos à opressão denunciada por Freire, de modo que, embora o Brasil almeje tornar-se desenvolvido, é incoerente manter seu povo analfabeto. Há de se buscar, portanto, alternativas para garantir o letramento na primeira infância. Para isso, as escolas, em parceria com as prefeituras, devem cooperar para solucionar a escassez de recursos — principalmente de alimento das crianças —, por meio de projetos sociais que garantam refeições básicas e que sejam capazes de criar um ambiente favorável para a alfabetização até os 6 anos de idade. Essa iniciativa poderia se chamar “Alfabetização no tempo certo” e teria a finalidade de promover o acesso ao ensino de qualidade, de modo que meninos e meninas possam, em breve, experimentar a educação libertadora proposta por Paulo Freire. Professor Vinícius Oliveira 55 TEMA – O problema do discurso de ódio nas redes sociais em questão no Brasil Em 2006, o mundo presenciava o surgimento do “Twitter”, um microblog on-line, cujo objetivo era disseminar a maior quantidade de informações de forma rápida a fim de potencializar a interação social. Entretanto, a mídia social norte-americana possibilitou a ocorrência de um dos mais sérios fenômenos da contemporaneidade: o discurso de ódio, que representa grave problema, seja por fragilizar a dignidade humana das vítimas, seja por evidenciar a maldade humana. Diante desse cenário, a “hashtag” “MeToo” foi criada para denunciar crimes de assédio e de exploração sexual, mas foi subvertida, já que os usuários da rede passaram a criticar outros usuários cujas opiniões divergiam das suas. Com efeito, a cultura do cancelamento é, hoje, um novo nome para um velho problema: o discurso de ódio, que condena aqueles com posicionamentos diferentes e fragiliza o direito à liberdade de expressão. Inclusive, os agentes do discurso ofensivo se apoiam na aparente impunidade das redes sociais para tecer os mais cruéis comentários, o que prejudica a dignidade humana e vai de encontro ao Estado Democrático de Direito. Inclusive, George Orwell desenvolveu a obra “1984” e ilustrou uma sociedade hostil que, a cada dia, dedicava dois minutos diante da teletela para xingar e agredir verbalmente os inimigos do Partido — movimento chamado de “Dois minutos de ódio”. Fora da ficção, os usuários da rede reproduzem esse mesmo comportamento do livro “1984” e se colocam diariamente diante das telas dos “smartphones” para hostilizar outros indivíduos. Ocorre que, em vez de criticar por apenas dois minutos, como narrou Orwell, as agressões ocorrem por horas, por dias ou, até mesmo, por semanas. Assim, a cultura do cancelamento evidencia uma das mais graves mazelas sociais: a maldade humana. As redes sociais precisam, portanto, valorizar a interação humana e não o oposto. Nesse sentido, as escolas, cuja função é promover a cidadania, deve contribuir para desestimular a agressão na internet, por meio de um projeto pedagógico composto por palestras e oficinas, que receberiam o nome de “Cancelamento mata”. Essa iniciativa teria a finalidade de mostrar os prejuízos à dignidade humana e combater a maldade entre indivíduos de todas as faixas etárias, de sorte que seja possível viver, em breve, em uma sociedade solidária, justa e livre de qualquer cultura de hostilidade. Professor Vinícius Oliveira 56 TEMA - O desafio da inclusão às pessoas com deficiência no Brasil contemporâneo. Em 1988, representes do povo ― unidos em Assembleia Constituinte ― instituíram um Estado Democrático, a fim de assegurar o direito à dignidade humanacomo valor supremo de uma sociedade fraterna. Entretanto, a constante exclusão social das pessoas com deficiência revela que nem todos experimentam esse direito na prática. Com efeito, há de se desconstruir a cultura do preconceito, bem como a omissão do Estado à efetiva inclusão dos indivíduos com limitações. Diante desse cenário, até meados do século XX, era comum que a família internasse definitivamente as crianças deficientes em clínicas de isolamento, e, inclusive, havia comerciais na televisão que fomentavam a internação vitalícia, considerada benéfica ao “demente” ― expressão frequente naquele momento. Ocorre que esse tratamento discriminatório permanece enraizado na sociedade e se manifesta por meio de atitudes e de linguagem preconceituosas e, até mesmo, pela indiferença às pessoas com deficiência, que, segundo o IBGE, representam 25% da população brasileira. Todavia, é paradoxal que a sociedade civil seja incapaz de conviver com diferenças tão comuns, mesmo na pós-modernidade. Ademais, o Estado busca oferecer a integração, mas é incipiente no trabalho de inclusão aos deficientes. Nesse contexto, o Estatuto da Pessoa com Deficiência deixa implícito que o simples fato de agregar uma criança com Síndrome de Down ao contexto escolar não assegura o pleno desenvolvimento cognitivo, de modo que, além do acesso físico ― a integração ―, é necessária a acessibilidade atitudinal ― a inclusão. No entanto, enquanto o preconceito aos deficientes se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para essa parcela da população: a dignidade fragilizada. Urge, portanto, que o direito à igualdade seja, de fato, assegurado na prática, como prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nesse sentido, o Ministério Público Federal deve denunciar ao Poder Judiciário os casos de exclusão àqueles que possuem limitações físicas ou cognitivas, por meio de ações judiciais contra ilegalidade e desrespeito ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, visando a desestimular a manutenção do preconceito a essa minoria social. A iniciativa do MPF teria a finalidade de garantir o Estado Democrático de Direito e de assegurar que o direito à inclusão deixe de ser, em breve, uma utopia no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 57 TEMA – Alternativas para combater o preconceito linguístico no Brasil Em 1955, João Cabral de Melo Neto escreveu a obra “Morte e vida severina” e objetivou promover a valorização dos falares regionais e da pluralidade da língua. Entretanto, substancial parcela dos brasileiros se mostra incapaz de aceitar a diversidade linguística retratada pelo autor modernista, e, justamente por isso o preconceito linguístico se mostra um paradoxo no Brasil. Nesse sentido, para que essa contradição seja desfeita, há de se valorizar a linguagem dos grupos excluídos, bem como combater a imposição da norma gramatical. Diante desse cenário, em 1948, a ONU estabeleceu que um dos principais direitos de um indivíduo é a sua cultura linguística — conhecida como Patrimônio Imaterial — e seria fundamental à dignidade humana. Ocorre que os frequentes discursos de ódio acerca das variantes linguísticas consideradas de baixo prestígio representam grave problema e vão de encontro àquilo que as Nações Unidas declararam como indispensável: a liberdade da língua. Nesse viés, é incoerente que o Brasil seja conhecido como nação multicultural, mas ainda mantenha o preconceito linguístico como prática comum e capaz de fragilizar o Patrimônio Imaterial garantido em 1948. De outra parte, enquanto se mantiver a prescrição do conceito de certo e de errado, haverá preconceito linguístico. A esse respeito, Marcos Bagno — um dos mais importantes linguistas brasileiros — entende que a língua possui a função social da comunicabilidade e deve colaborar para a inclusão dos grupos marginalizados. Todavia, a visão de que existe uma única variante correta impede que a ideologia de Bagno seja a realidade na nação, que consegue ser, ao mesmo tempo, multicultural e preconceituosa. Assim, é paradoxal que a linguagem deixe de ter objetivo de comunicação e para se tornar instrumento de opressão. O preconceito linguístico é, portanto, uma contradição que deve ser, urgentemente, combatida. Assim, as escolas precisam desestimular a visão normativa do certo e do errado, por meio de projetos pedagógicos, como aulas e palestras, capazes de mostrar que as variantes da língua são importantes patrimônios imateriais e não podem ser objeto de riso ou de brincadeiras ofensivas. Essa iniciativa poderia se chamar “Cada língua conta” e teria a finalidade de desconstruir o paradoxo de uma nação que é multicultural, mas que insiste em manter o assédio linguístico como prática comum. Professor Vinícius Oliveira 58 TEMA – O problema do "bullying" nas escolas brasileiras Em 2011, o Brasil ficou marcado pelo triste episódio do Massacre de Realengo, protagonizado por um ex-aluno da escola Tasso da Silveira que havia sido vítima de intimidação sistemática. Todavia, ainda são comuns os casos de “bullying” nas instituições de ensino, o que pode motivar histórias cruéis como a dez anos atrás. Com efeito, para desestimular o problema, há de se combater a cultura de hostilidade, bem como a omissão do Estado. Diante desse cenário, a violência nas escolas evidencia a maldade humana. A esse respeito, Hannah Arendt desenvolveu o conceito conhecido como Banalidade do Mal, segundo o qual as atitudes cruéis são parte do cotidiano moderno e tornam as relações sociais cada vez mais caóticas. Nesse viés, a prática do “bullying” representa a maldade denunciada pela filósofa alemã e é capaz de prejudicar não só a vítima, mas toda a comunidade escolar. Dessa forma, enquanto, nas escolas, a Banalidade do Mal for a regra, a cultura de paz será exceção. Ademais, John Locke — filósofo conhecido como Pai do Liberalismo — construiu a tese de que os indivíduos cedem sua confiança ao Estado, que, em contrapartida, deve garantir segurança aos cidadãos. Ocorre que a ideia de Locke está distante de ser a realidade nas escolas brasileiras, já que muitas se omitem acerca dos casos de intimidação sistemática. Dessa forma, o silêncio de diretores e de professores permite a ocorrência de histórias como o Massacre de Realengo, e, se a inércia das autoridades escolares se mantiver, os estudantes serão obrigados a conviver com um dos mais graves problemas para alunos e alunas brasileiros: o “bullying”. Portanto, para que as instituições de ensino sejam, de fato, um local seguro, diretores e professores devem combater a cultura de hostilidade enraizada, por meio de eventos pedagógicos, como aulas e oficinas capazes de promover a interação entre os alunos. Essa iniciativa poderia se chamar “Escola Presente” teria a finalidade de mostrar que as autoridades escolares não se omitem ante a prática do “bullying”, de sorte que os estudantes possam usufruir, em breve, de uma comunidade justa, solidária e livre de qualquer violência. Professor Vinícius Oliveira 59 TEMA  Os desafios do deslocamento nas cidades em questão no Brasil. Em 1956, Juscelino Kubitschek — ex-presidente do Brasil — estimulou a instalação de empresas automobilísticas para implementar uma das estratégias que seria, segundo ele, responsável por desenvolver o país: o rodoviarismo. Todavia, o modelo de deslocamento nas cidades baseado no carro, ao contrário do que JK pretendia, mostra-se insuficiente, precário e com obstáculos que não só potencializam a desigualdade, mas também incentivam o consumismo. Diante desse cenário, o deslocamento urbano baseado em veículos automotores fomenta a divisão de classes. À vista disso, em 1850, Dom Pedro II criou a Lei de Terras, que ampliou o abismo entre os negros e a posse de propriedades privadas, já quea compra de territórios era realidade distante dos escravos recém-libertos. Estratégia análoga à do imperador ocorre com a mobilidade urbana: o Poder Público garante que os indivíduos se desloquem, desde que o cidadão brasileiro compre o seu próprio carro, o que se mostra inviável à população carente e potencializa a desigualdade, tal como houve no século XIX. Assim, é incoerente que o Estado seja indiferente às necessidades básicas da população. De outra parte, o culto ao carro se mostra um desafio à gestão da mobilidade no meio urbano. A esse respeito, o filósofo Theodor Adorno desenvolveu o conceito de Indústria Cultural, segundo o qual a mídia veicula conteúdos de forma constante e persuasiva, a fim de orientar o comportamento de compra da sociedade. Nesse viés, a preferência da população por carros é motivada pelo constante discurso midiático denunciado por Adorno e reafirma a ideologia imprópria e egoísta, que eleva os veículos automotores a objetos de prestígio. Assim, enquanto a supervalorização do carro for a regra, os cidadãos serão obrigados a conviver com um dos maiores desafios do meio urbano: o trânsito caótico. Portanto, o deslocamento nas cidades brasileiras apresenta obstáculos que impedem a sua eficiência. Para solucioná-los, os governadores dos estados, em parceria com as prefeituras, devem investir em ferrovias, por meio da construção e da ampliação dos transportes de massa, como trens e metrôs. A iniciativa estatal poderia se chamar “Mobilidade presente” e teria a finalidade de melhorar o deslocamento público, de modo a não só torná-lo democrático aos mais pobres, mas também desestimular a supervalorização do carro. Assim, a partir da criação de uma estratégia de transporte urbano inclusivo, o Brasil será, de fato, uma sociedade livre, justa e solidária. Professor Vinícius Oliveira 60 TEMA - A importância do combate aos maus-tratos aos animais A Declaração Universal dos Direitos dos Animais – promulgada em 1978 pela ONU — assegura às espécies domésticas e silvestres o tratamento com dignidade e respeito. Entretanto, os frequentes casos de exploração impedem que lhes sejam assegurados esses direitos na prática. Com efeito, não é razoável que, mesmo a sociedade civil brasileira persista em negar direitos civis aos animais. Diante desse cenário, os maus tratos vão de encontro à legislação nacional e internacional. A esse respeito, em 1961, o então presidente Jânio Quadros promulgou a lei que proíbe expressamente o desenvolvimento de competições baseadas na mutilação e na morte de galos, cachorros, pássaros — conhecidas como rinhas. Entretanto, mesmo após a vigência da lei de Jânio, ainda existem no país locais que utilizam animais para a diversão humana e os submetem a condições degradantes, o que deve ser desconstruído sob pena de prejuízos para a sociedade e a biodiversidade. Ademais, o desrespeito aos animais pode colocar em risco o equilíbrio ambiental. Nesse contexto, a Arara Azul — conhecida espécie em extinção — alimenta-se das sementes da árvore Manduvi e faz seus ninhos na cavidade do tronco dessa planta, cuja existência é importante à biodiversidade do Pantanal. Ocorre que a retirada da Arara Azul do habitat natural coloca em risco a perpetuação da própria ave, bem como interfere na dispersão das sementes da Manduvi, o que é capaz de modificar negativamente a dinâmica das espécies. Todavia, enquanto a exploração a animais se mantiver, o Brasil estará impossibilitado de experimentar um dos direitos mais importantes assegurados pelo artigo 225 da Carta Magna: o equilíbrio ambiental. Portanto, para que o respeito aos animais seja, de fato, assegurado na prática, a ONG WWF-Brasil, por meio de campanhas na mídia televisiva e na internet, deve veicular breves documentários capazes de mostrar aos indivíduos os prejuízos advindos da exploração às espécies silvestres, bem como repudiar os maus tratos aos animais domésticos, com a finalidade de orientar a sociedade civil a colocar em prática os direitos propostos pela ONU. Essa iniciativa da WWF-Brasil é importante, porque problematizaria a função de entretenimento dos animais, aumentaria sua valorização e colaboraria para que o respeito às espécies deixasse de ser, no Brasil, um direito fragilizado. Professor Vinícius Oliveira 61 TEMA – O problema do desperdício de comida entre os brasileiros Em 1988, representantes do povo, reunidos em Assembleia Constituinte estabeleceram a alimentação como um fundamento básico e indispensável à dignidade humana. Todavia, a persistência da fome no Brasil — motivada pelo desperdício de comida — evidencia que a sociedade torna o direito constitucional em uma utopia. Com efeito, há de se combater o consumo irresponsável pelos indivíduos, bem como a omissão do Estado. A respeito desse problema, a formação colonial exploratória e desigual do Brasil contribuiu para que o excesso de alimento à mesa estivesse relacionado ao sucesso, o que motiva o brasileiro a produzir mais comida do que é capaz de consumir. Ocorre que a cultura imprópria do desperdício representa grave mazela construída desde o século XVI, que poderia ser revertida em alimentação para os 5,2 milhões de indivíduos que passam fome, segundo o IBGE (2018). Nesse viés, é incoerente que o descarte de comida seja a regra em uma nação majoritariamente pobre. Ademais, o Estado se mostra omisso ao desperdício. A esse respeito, segundo o filósofo John Locke, os indivíduos confiam suas necessidades no Estado, que, em contrapartida, deve — ou deveria — garantir direitos básicos à população, tal como a alimentação. Todavia, o Poder Público brasileiro, que poderia reaproveitar a comida desperdiçada de bares e restaurantes, permanece inerte e incapaz de cumprir a ideologia de Locke e oferecer o mínimo para indivíduos marginalizados: as refeições básicas, indispensáveis para a subsistência digna. Para que o desperdício de comida deixe de ser realidade, os cidadãos, no exercício do seu senso crítico, devem evitar o desperdício, por meio da cocção planejada dos seus próprios alimentos, a fim de desestimular a cultura de fartura e o descarte de comida. O Poder Executivo, por sua vez, precisa garantir as refeições básicas daqueles que passam fome, regulamentando a distribuição das comidas que sobram de bares e de restaurantes, o que atualmente é proibido. Essa iniciativa desconstruiria a omissão do Estado e contribuiria para que o direito à alimentação deixasse de ser, no Brasil, um privilégio. Professor Vinícius Oliveira 62 TEMA – Crianças em situação de rua: como combater esse problema no Brasil? O poema “O Bicho”, de Manuel Bandeira, narra uma cena ao mesmo tempo cruel e comum: pessoas que vivem nas ruas e reviram o lixo para sobreviver. Entretanto, episódios como esse se tornam ainda mais dramáticos quando são crianças as protagonistas dessa situação de rua, o que torna urgente que se garanta a dignidade humana e que se combata o individualismo. Diante desse cenário, a ONU promulgou em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual todos os indivíduos fazem jus a condições de humanidade. Todavia, a falta de moradia, de vestuário e de higiene, bem como a carência de serviços básicos subtrai da infância a dignidade garantida pelas Nações Unidas. Nesse viés, meninos e meninas que vivem em logradouros públicos são marginalizados, o que colabora para a sua progressiva vulnerabilidade, ao contrário do que prevê a legislação internacional. Dessa forma, é incoerente que, mesmo no século XXI, as crianças sejam obrigadas a fazer das ruas o seu lar. Ademais, a omissão da sociedade dá lugar a narrativas análogas ao poema modernista. Nesse viés, Simone de Beauvoir — expoente filósofa francesa — desenvolveu o conceito conhecido como invisibilidade social, que consiste na estratégia racionalde ignorar grupos em vulnerabilidade. Ocorre que o egoísmo denunciado por Beauvoir aprofunda desigualdades sociais e é ainda mais cruel para este grupo: as crianças em situação de rua, que, embora sejam obrigadas a trabalhar, são incapazes de prover o próprio sustento. Assim, invisibilidade é sinônimo de agressão e violenta diariamente meninos e meninas que foram impedidos de ter um lar. A moradia deve ser, portanto, uma garantia da infância, tal como defendem as Nações Unidas. Nesse sentido, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos deve combater a vulnerabilidade infantil, por meio da confecção de um cadastro de crianças em situação de rua e da oferta de casas- lares disponíveis para receber meninos e meninas, com abrangência nacional e divulgação pela grande mídia. Essa iniciativa teria a finalidade de garantir dignidade humana às crianças e dar publicidade à carência sofrida por elas, de sorte que os indivíduos sejam sensibilizados, deixem de ser omissos e, enfim, contribuam para que as crianças deixem de protagonizar “O Bicho”, de Manuel Bandeira. Professor Vinícius Oliveira 63 TEMA – Efeitos sociais da gravidez na adolescência em questão no Brasil A Organização das Nações Unidas estabeleceu a data 26 de setembro para ser o Dia Mundial de Combate à Gravidez na Adolescência e lançou campanhas a serem aplicadas pelos países membros. Todavia, o Brasil não possui estratégias para desestimular a gestação precoce, que representa grave problema. Assim, os efeitos sociais dessa realidade têm como consequência a evasão escolar e deixam claro o despreparo da sociedade verde-amarela. À vista desse problema, o abandono à escola para cuidar da gestação precoce é um dos principais efeitos sociais sofridos pelas meninas. Nesse sentido, Paulo Freire — expoente cientista da educação — desenvolveu a obra “Pedagogia do Oprimido”, segundo a qual a escola é capaz de mudar a realidade das pessoas e ampliar seus horizontes. Ora, as adolescentes que engravidam e largam as salas de aulas estão impedidas de experimentar a liberdade descrita por Freire e estarão fadadas a serem oprimidas pela sociedade com baixos salários e com a dependência do marido, tal como é denunciado no livro “Pedagogia do Oprimido”. Inclusive, os altos índices de gravidez na adolescência equiparam o Brasil a nações onde a exploração sexual é a regra. A esse respeito, a OMS fez um levantamento dos níveis de gestação precoce e chegou à conclusão de que o Afeganistão — local em que o casamento e o abuso infantil acontecem livremente — possui 90 meninas grávidas a cada 1000. O Brasil, por sua vez, aproxima-se do país islâmico segundo a Organização Mundial da Saúde, com 72 meninas gestantes, o que significa que a nação brasileira ainda vive em grave retrocesso e está distante de ser considerada uma sociedade evoluída. Há de se mitigar, portanto, os casos de gravidez precoce no Brasil. Nesse viés, as escolas devem orientar meninos e meninas de 10 a 19 anos acerca do momento adequado para o início da vida sexual, com foco no uso de preservativos. Essa iniciativa poderia se chamar “Momento certo” e aconteceria por meio de projetos pedagógicos, como aulas e palestras, a fim de evitar os efeitos sociais negativos, como a evasão escolar. A partir dessas ações, o Brasil deixará de estar próximo de nações com alto índice de gestação precoce, e haverá redução dos níveis de gravidez em momento errado. Professor Vinícius Oliveira 64 TEMA - O cidadão brasileiro valoriza a manutenção da saúde coletiva? Em 1988, representantes do povo, reunidos em Assembleia Constituinte estabeleceram o bem-estar e a vida saudável fundamentos básicos e indispensáveis à dignidade humana. Todavia, substancial parcela dos brasileiros se mostra incapaz de valorizar a saúde coletiva, que seria fundamental para a manutenção do direito constitucional. Com efeito, a solução do problema pressupõe que se respeitem as campanhas de prevenção de doenças e que se fomente a cultura de autocuidado. Nesse sentido, a falta de adesão aos métodos de prevenção de doenças inviabiliza a busca pela qualidade de vida. Nesse viés, a Revolta da Vacina no começo do século XX representou a resistência da sociedade da época às campanhas. Anos depois, nós reproduzimos o mesmo comportamento retrógrado e colocamos a nossa própria integridade em risco. Assim, é incoerente que, mesmo após décadas de evolução científica, ainda sejam comuns o comportamento antivacinação. Ademais, a falta de cultura de autocuidado dificulta a manutenção da saúde coletiva. Sobre isso, o conceito de "self-care", vinculado inicialmente aos cuidados femininos, diz respeito à nossa capacidade de perceber a necessidade de cuidados médicos constantes. Ocorre que a nossa sociedade não tem, em regra, acesso a médicos, a enfermeiros e a hospitais. Desse modo, não há como exigir do brasileiro o costume da valorização da saúde coletiva se o contato com os profissionais qualificados está restrito a quem pode pagar por eles. Desse modo, enquanto a elitização se mantiver, os cidadãos serão obrigados a conviver com este grave problema: a falta de cuidados com a saúde. Para que o direito ao bem-estar e à saúde seja, portanto, realidade no país, o Ministério da Saúde deve, com eficácia, difundir informações e sensibilizar a população, por meio de uma campanha na mídia que alerte sobre os riscos da postura antivacinação e da falta de autocuidado. Essa iniciativa poderia se chamar “Cuidar é o melhor remédio”, seria composta de ações comunitárias, como eventos lúdicos nas praças e locais públicos, e teria dupla finalidade: alertaria a sociedade sobre a importância das vacinas e levaria o brasileiro a valorizar, de fato, a saúde coletiva. Professor Vinícius Oliveira 65 TEMA – O drama do desaparecimento de crianças no Brasil A produção infantil “Procurando Nemo”, embora seja uma animação lúdica, ilustra um sério problema presente entre os indivíduos fora da ficção: o desaparecimento de pessoas. Com efeito, a situação se torna ainda mais cruel quando as crianças protagonizam a triste história de Nemo. Nesse viés, para que os sumiços não sejam uma regra, há de se desconstruir a omissão estatal, bem como a indiferença da sociedade. Nesse sentido, o enfrentamento do problema pelas autoridades carece de agilidade. A esse respeito, os EUA instituíram uma ferramenta chamada de Alerta Amber, capaz de disparar mensagens simultâneas em todos os veículos midiáticos e de radiodifusão, o que potencializa as chances de encontrar crianças sequestradas. Entretanto, o Brasil não possui estratégias de combate imediato, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos. Inclusive, até 2019, não havia sequer um cadastro que unificasse os casos de desaparecimento infantil, o que evidencia o despreparo da polícia. Assim, enquanto a omissão do Estado for a regra, pais e mães continuarão órfãos dos próprios filhos. Ademais, há quem se emocione com o sumiço de Nemo, mas seja indiferente aos casos reais de crianças desaparecidas. Nesse sentido, o UNICEF — órgão da ONU especializado em infância — defende que os principais motivos para o rapto são o tráfico internacional de órgãos, a exploração sexual e os trabalhos forçados. Ocorre que esse problema denunciado pelas Nações Unidas não tem sido capaz de sensibilizar a população brasileira, de sorte que ainda persiste a falta de empatia com aqueles que tiveram seus filhos sequestrados. Nessa perspectiva, não há como construir uma sociedade livre, justa e solidária sem o enfrentamento coletivo ao desaparecimento de crianças. O Brasil precisa, portanto, solucionar a cruel realidade de meninos e meninas que são diariamente subtraídos de suas famílias. Para isso, a Polícia Federal deve destinar tratamento mais célere aos casos, por meio de estratégias eficazes de enfrentamento, como a criaçãode delegacias especializadas e de um alarme que denuncie, em tempo real, o desaparecimento de crianças. Essa iniciativa teria a finalidade de agilizar a busca dentro das primeiras horas, bem como dar visibilidade nacional aos casos, de sorte que a indiferença da sociedade seja convertida em auxílio comunitário. Assim, a partir da mobilização social, meninos e meninas deixarão, em breve, de ser protagonistas da angústia de Nemo. Professor Vinícius Oliveira 66 TEMA – O problema da superexposição de crianças e de adolescentes nas redes sociais Fundado em 2010, o Instagram tornou-se uma das maiores mídias de compartilhamento de fotos e de vídeos do mundo. Embora tenha sido criado para o entretenimento, a rede social de Zuckerberg potencializou um grave problema comum no Brasil: a superexposição entre crianças e adolescentes, motivada pela busca excessiva por prestígio na internet e que torna possíveis os crimes cibernéticos. Diante desse cenário, a constante busca por prestígio nas mídias sociais favorece a superexposição infantojuvenil. A esse respeito, o filósofo francês Guy Debord, em sua obra "Sociedade do Espetáculo", defende que as relações sociais são medidas por imagens que podem oferecer falsa perfeição. Nesse sentido, as fotos postadas nas redes sociais, em regra de forma excessiva, confirmam o fenômeno denunciado por Debord e colaboram para construir a necessidade de status, cujas vítimas são meninos e meninas – em fase de formação social. Ocorre que a superexposição pode causar baixa autoestima e depressão naqueles que não alcançam a perfeição imposta no ciberespaço. Nesse sentido, a exposição excessiva favorece a ocorrência de crimes, e as vítimas são as minorias mais vulneráveis: crianças e adolescentes. A esse respeito, o ex-presidente Getúlio Vargas saiu da vida para a história com a criação do Código Penal brasileiro, que, décadas depois, passou a tratar dos cibercrimes. Entretanto, embora haja punição para aqueles que cometem delitos na web, o Código Penal ainda é incapaz de coibir a ação de criminosos que se aproveitam das localizações e das fotos postadas em tempo real. Inclusive, os delitos podem extrapolar o universo digital e se manifestar de forma presencial, tal como pedofilia e sequestros, que poderiam ser evitados a partir do uso responsável das mídias. Os excessos nas redes sociais devem, portanto, ser desconstruídos entre os brasileiros. Para isso, os pais de crianças e de adolescentes devem evitar a ultra exposição, evitando nutrir a cultura de prestígio imposta nas mídias, e, principalmente, não veiculando fotos das crianças e localizações dos jovens, a fim de evitar problemas comuns na contemporaneidade, como a busca pelo status e os crimes cibernéticos. Assim, a nação verde-amarela deixará de ser, enfim, uma sociedade de espetáculo. Professor Vinícius Oliveira 67 TEMA – O problema da violência contra os idosos no Brasil Em 1909, Filippo Tommaso Marinetti — fundador da vanguarda futurista –— divulgou o “Manifesto Futurista”: documento cujo conteúdo estabelecia a destruição da memória passada e defendia não haver qualquer beleza na velhice. Com efeito, a ideologia de Marinetti manifesta-se no imaginário daqueles que praticam com violência contra os idosos, o que representa grave problema social. Assim, para que a agressão dê lugar ao respeito, há de se descontruir a indiferença da sociedade e a omissão do Estado. Diante desse cenário, a violência simbólica, embora não seja evidente, afeta a dignidade humana da população senil. A esse respeito, na obra “A Velhice”, Simone de Beauvoir — expoente escritora do século XX — desenvolveu o conceito de invisibilidade social, que consiste na indiferença crônica sofrida pelos idosos. Nesse viés, a Terceira Idade é agredida de forma cruel quando não é percebida ou quando as suas necessidades não são tratadas com atenção, o que manifesta na prática a invisibilidade denunciada por Beauvoir. Desse modo, não é razoável que homens e mulheres ignorem a existência daqueles cuja idade depende de atenção. Nesse sentido, o silêncio do Estado permite a manutenção de posturas cruéis contra a população sênior. Sobre isso, em 2003, foi sancionado o Estatuto do Idoso, que prevê tratamento digno e isonômico, como a garantia da integridade física e a proteção à discriminação. Todavia, poucas aplicações práticas têm sido estendidas de fato aos lares dos brasileiros mais velhos, na medida em que as cidades carecem de delegacias especializadas para acolher denúncias de maus-tratos e de desrespeito, o que torna o Estatuto uma utopia. Nesse sentido, enquanto a omissão estatal se mantiver, a população senil será obrigada a conviver com uma das mais graves mazelas sociais: a violência. É incoerente, portanto, que o Estado Democrático de Direito ceda lugar à cruel ideologia de Marinetti. Para mitigar esse problema, o Poder Legislativo deve combater a invisibilidade social acerca do tratamento à Terceira Idade e garantir que essa parcela marginalizada receba as garantias previstas em seu Estatuto. Isso ocorreria por meio da criação um projeto que se chamaria “Idoso Visível” e que destinaria cuidados específicos, como atendimento psicológico e delegacias especializadas no combate à violência contra os mais velhos. Essa iniciativa teria a finalidade de garantir que o Brasil passe a ser, enfim, uma sociedade justa, solidária e livre de toda forma de agressão aos idosos. Professor Vinícius Oliveira 68 TEMA: Doação de órgãos: a importância dessa prática solidária Em 1954, o médico Joseph Edward Murray realizou o primeiro transplante de órgão vital, que lhe garantiu o Prêmio Nobel de Medicina. Entretanto, a substancial parcela dos brasileiros se mostra indiferente à conquista de Murray, de modo que não há cultura de doadores no Brasil. Assim, para modificar esse problema, a desinformação da sociedade e a omissão do Estado devem ser desconstruídos. Diante desse cenário, a falta de conhecimento inviabiliza as doações viscerais. Nesse sentido, a morte encefálica – quadro clínico definitivo – consiste na perda total e irreparável das funções cerebrais, que deve ser aferida por dois médicos capacitados. Não obstante, muitas famílias, no momento da dor em função da perda de um parente, são incapazes de compreender a morte encefálica e nutrem a falsa expectativa de que o paciente voltará à vida, o que representa grave obstáculo à doação dos seus órgãos. Todavia, não é razoável que a falta de informação a respeito da falência cerebral dê lugar a filas de transplante cada vez maiores. Ademais, em 1968 foi promulgada a primeira lei que estabeleceu a doação consentida, segundo a qual a decisão final estaria sob a responsabilidade exclusiva da família. Ocorre que são insuficientes e ineficazes as ações do Estado em incentivar o consentimento familiar, previsto desde 1968 e sem o qual haverá cada vez mais prejuízos àqueles que dependem de órgãos e, consequentemente, a saúde pública será fragilizada. Dessa maneira, enquanto não houver efetivas campanhas, aqueles que dependem da doação serão obrigados a conviver com esta triste realidade: a constante espera por um transplante. Para incentivar, portanto, a prática solidária das doações, o Ministério da Saúde, no exercício do seu papel social, deve ensinar a população o que é a morte encefálica, por meia veiculação de conteúdos nas mídias sociais e televisivas, como fotos e vídeos capazes de mostrar que a perda das funções cerebrais é irreparável. Inclusive, essa orientação teria a finalidade de motivar as famílias brasileiras a consentir na doação de órgãos e de tecidos, de modo que, no Brasil, Edward Murray tenha a sua conquista valorizada. Professor Vinícius Oliveira 69 TEMA - O problema da violência urbana no Brasil A Declaração Universal dos DireitosHumanos — promulgada em 1948 pela ONU — assegura a todos os indivíduos o direito à paz e ao bem-estar social. Entretanto, os frequentes casos de violência urbana no Brasil impedem que os brasileiros experimentem esse direito internacional na prática. Com efeito, não é razoável que a falta de segurança pública e a violência ainda sejam tão comuns no país que pretende alcançar a posição de Estado desenvolvido. Diante desse cenário, a Organização das Nações Unidas, em 2015, comparou o número de mortes violentas intencionais do Brasil com a Síria e chegou à conclusão de que as aproximadas 250 mil mortes em 5 anos de guerra no Oriente Médio foram superadas pelas 280 mil mortes de brasileiros, no mesmo período de 5 anos. Nesse sentido, o Brasil, mesmo em tempos de paz, é mais violento do que uma nação em intenso conflito armado, o que deixa implícito que o Estado Democrático experimenta uma guerra não oficial, cujos números são tão — ou mais — cruéis do que os da Síria. Ademais, em 1966, o então presidente Castelo Branco instituiu os autos de resistência, que são documentos capazes de justificar as mortes cometidas pelos policiais militares. A motivação desses autos era justificar execuções extra-judiciais a indivíduos que se opunham à ditadura e evitar a punição às autoridades. Ocorre que a impunidade iniciada em 66 ainda produz efeitos e reflete nos excessos cometidos pela PM brasileira. Porém, enquanto a polícia permanecer amparada pelos autos de resistência, a sociedade será obrigada a viver diariamente com um dos mais graves problemas do Estado Democrático de Direito: a sensação de insegurança. Urge, portanto, que o direito à paz e ao bem-estar social sejam, de fato, assegurados na prática, como prevê a Declaracação Universal dos Direitos Humanos. Nesse sentido, o Ministério Público Federal deve propor o fim dos autos de resistência e fiscalizar a atividade policial, por meio de ações judiciais contra ilegalidade e abuso de poder da PM. Essa iniciativa teria a finalidade de reduzir a sensação de insegurança nas cidades e minimizar os número de mortes violentas intencionais. Inclusive, a fiscalizaçao do MPF é importante porque esse órgão tem a função constitucional de garantir o Estado Democrático de Direito e evitar que se perpetue, no Brasil, a guerra não oficial. Professor Vinícius Oliveira 70 Tema – O papel da tecnologia na formação educacional do brasileiro Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo garante o direito à educação. Entretanto, a desigualdade no acesso à tecnologia evidencia que os brasileiros ainda estão distantes de viver a realidade idealizada pela Carta Magna. Com efeito, a solução do problema depende de estratégias que reduzam a pobreza e que democratizem os recursos digitais. Diante desse cenário, durante o Período Colonial brasileiro, apenas a aristocracia – a minoria rica da época – tinha acesso a recursos que tornavam possível o aprendizado e a aquisição de conhecimento, e a população pobre era excluída do sistema educacional. De forma análoga, a situação do século XVI ainda se reproduz no Brasil: alunos carentes não dispõe de internet de qualidade e de dispositivos eletrônicos, indispensáveis para o aprendizado na Era Digital. Desse modo, é inviável usufruir dos benefícios da internet e das videoaulas enquanto recursos básicos, como alimentação e saneamento, continuarem sendo privilégios – e não direitos. Ademais, a omissão do Estado na democratização da tecnologia impede o acesso dos estudantes à educação na Indústria 4.0. Esse termo se refere à Quarta Revolução Industrial e tem relação com o advento da inteligência artificial e da imersão digital, que simplificou a disseminação do conhecimento ao redor do mundo. Todavia, essa evolução ainda não alcança a todos os brasileiros, em virtude da carência de políticas públicas, como a oferta de computadores nas escolas, acesso à internet de qualidade e falta de qualificação dos professores adaptados às videoaulas. Nesse viés, o Brasil, embora busque ser nação desenvolvida, ainda não dispõe de iniciativas que democratizem a tecnologia. Para que a tecnologia, portanto, cumpra o seu papel na formação educacional, as escolas e o Ministério da Tecnologia devem contribuir para a redução da desigualdade social, por meio de projetos que ofereçam refeições diárias aos alunos e que criem um ambiente favorável para o estudo digital. Essa iniciativa poderia se chamar “Escola digital” e teria a finalidade de possibilitar que meninos e meninas tenham acesso à tecnologia no ambiente escolar, de sorte que a transformação prevista na Revolução 4.0 deixe de ser, em breve, uma utopia no Brasil. Professor Vinícius Oliveira 71 TEMA – A importância da prática de atividades físicas para a saúde dos brasileiros Na Grécia Antiga, Hipócrates — conhecido como pai da medicina — entendia que a anatomia humana exige o constante movimento do corpo, e a inatividade iria de encontro à natureza do ser humano. Entretanto, substancial parcela dos indivíduos faz da inércia um costume, de modo que o sedentarismo se tornou um grave problema e exige que se desconstrua o excesso de atribuições diárias e as consequências nocivas à saúde. Diante desse cenário anunciado por Hipócrates, o acúmulo de tarefas no cotidiano motiva a falta de atividades físicas. Nesse viés, no final do século XX, a Terceira Revolução Industrial possibilitou o acúmulo de atividades e tornou confortável a vida das pessoas. Todavia, o excesso de conforto possibilitado pela Revolução Tecnológica pode ser prejudicial e tornar sedentários os indivíduos que se apoiam na tecnologia e são indiferentes a caminhadas e outras atividades físicas fundamentais. Nesse sentido, enquanto o conforto excessivo for a regra, a atividade física será a exceção. Nesse sentido, o sedentarismo possibilita o desenvolvimento de diversas doenças. A esse respeito, a Organização Mundial da Saúde relacionou a vida sedentária como causa para obesidade, capaz de acarretar falhas na produção de insulina — diabetes — e alta pressão arterial – hipertensão. Ocorre que substancial parcela da população se mostra indiferente às informações veiculadas pela OMS, não pratica atividades físicas e é inconsequente em relação à própria saúde, o que pode ter consequências nocivas irreversíveis. Assim, se o sedentarismo se mantiver, a sociedade será obrigada a conviver com um dos mais graves problemas para os cidadãos: as competições de saúde. Para combater o problema do sedentarismo, portanto, os próprios indivíduos devem organizar suas atribuições diárias, por meio de planejamentos capazes de identificar prioridades, a fim de minimizar o excesso de tarefas e possibilitar a prática de atividades. O Poder Executivo, por sua vez, precisa estimular as atividades físicas e exercícios regulares, por intermédio de projetos comunitários, como academias populares, para prevenir o desenvolvimento de doenças, a exemplo da diabetes e da hipertensão. Assim, a proposta de Hipócrates será valorizada, e o sedentarismo deixará de ser um problema moderno. Professor Vinícius Oliveira 72 TEMA – O que o Brasil precisa aprender para lidar com o novo Coronavírus? Em 1988, foi criado o Sistema Único de Saúde com objetivo de garantir que todos os brasileiros tivessem acesso a médicos e a hospitais. Todavia, a pandemia da COVID-19 mostra que o SUS, embora seja o maior do mundo, ainda apresenta fragilidades. Com efeito, o novo Coronavírus mostra que não só o Estado precisa melhorar suas políticas públicas, assim como os indivíduos devem ser mais responsáveis acerca da prevenção a doenças. Nesse sentido, o pai do liberalismo político, John Locke, desenvolveu o conceito conhecido como Contrato Social, segundo o qual os cidadãosdevem confiar nas autoridades públicas, que, em contrapartida, devem garantir direitos naturais, dos quais a vida é o principal. Ora, durante a pandemia da COVID-19, o Poder Público brasileiro, ao contrário do ideal de Locke, tem sido incapaz de garantir a manutenção da vida de substancial parcela da população. Inclusive, a enfermidade revelou ineficiências do SUS que estavam ocultas e que devem, urgentemente, ser solucionadas. Inclusive, o povo brasileiro precisa utilizar a experiência caótica com o novo coronavírus para desenvolver uma prática que é – ou deveria ser – básica: o autocuidado. Nesse viés, esse conceito, inicialmente relacionado à saúde feminina, refere-se a atitudes individuais que podem garantir a manutenção da saúde e, até mesmo, da própria vida. Entretanto, durante o período de quarentena da COVID-19, houve indivíduos que frequentavam bares e praias normalmente, o que facilitou a proliferação da doença respiratória. Assim, enquanto a nação verde-amarela não perceber a relevância do autocuidado, estará vulnerável a infecções tão ou mais graves do que a causada pelo coronavírus. Urge, portanto, que a sociedade brasileira, de fato, aprenda com a pandemia. Nesse sentido, o Poder Legislativo precisa solucionar a crise do SUS, por meio de investimentos em hospitais, como a ampliação de emergência e a criação de novos leitos, a fim de garantir que o combate às doenças seja eficaz. Os cidadãos, por sua vez, devem praticar o autocuidado, por intermédio de ações simples, como o respeito à quarentena, bem como a constante higiene das mãos. Essa iniciativa básica poderá evitar o colapso de saúde pública e contribuir para que, em breve, a pandemia da COVID-19, permaneça apenas na história. Professor Vinícius Oliveira 73 TEMA - O problema da automedicação entre os brasileiros A Constituição Federal de 1988 — norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro — assegura a todos a saúde e o bem-estar. Entretanto, o aumento dos casos de consumo de remédios sem a orientação médica demonstra que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática. Com efeito, há de se desconstruir a ineficiência do SUS, bem como orientar a população sobre os riscos da resistência bacteriana. Diante desse cenário, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma, em “Modernidade Líquida”, que algumas instituições — dentre elas o Estado — perderam sua função social, mas conservaram sua forma a qualquer custo e se configuram “instituições zumbis”. Essa metáfora foi proposta por Bauman e serve para mostrar que algumas instituições públicas — a exemplo do SUS — são incapazes de desempenhar seu papel social e acabam por delegar à população a solução de problemas. Assim, a fragilidade do Sistema Único de Saúde é uma das causas para a cultura de automedicação, que se mostra grave problema na contemporaneidade. Ademais, a administração irrestrita de medicação pode favorecer o surgimento das chamadas superbactérias. Nesse contexto, a presença de antibióticos em dose inadequada e sem orientação médica permite a replicação dos genes na estrutura dos vírus, e, de acordo com as orientações neodarwinistas, são capazes de selecionar a bactéria mais resistente e dificultar o tratamento da doença. Tal processo ocorreu com a bactéria KPC, que passou pela seleção natural e hoje se mostra um dos mais graves patógenos presentes no ambiente hospitalar. No entanto, enquanto a automedicação se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para a saúde dos indivíduos: as superbactérias. Urge, portanto, que o direito à saúde e ao bem-estar seja, de fato, assegurado na prática, como prevê a Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, por meio das mídias, como os canais abertos de televisão, deve veicular conteúdos capazes de valorizar a data comemorativa do uso racional de medicamentos — cinco de maio — e mostrar as consequências nocivas da automedicação, como a seleção natural de superbactérias, visando a motivar a sociedade civil a repudiar a administração autônoma de remédios. Essa iniciativa da ANS é importante porque problematizaria a ineficiência do SUS e colaboraria para que houvesse, no Brasil, o incentivo à medicação saudável. Professor Vinícius Oliveira 74 Tema - A importância da cultura do autocuidado entre os brasileiros O National Health Service — sistema de saúde do Reino Unido — desenvolveu o conceito de “self-care”, que, em tradução livre, seria "cuidar se si mesmo". Apesar de inicialmente estar relacionado à saúde feminina, sobretudo nos testes de câncer de mama, o autocuidado deve — ou deveria — ser uma prática comum a todos. Com efeito, ao contrário da proposta do NHS, os indivíduos são indiferentes à própria saúde, seja pela alimentação inadequada, seja pelo uso imprudente de medicamentos. Diante desse cenário, produtos ultra processados, derivados de óleos vegetais e gorduras hidrogenadas são sinônimos para alimentos com poucos nutrientes e capazes de aumentar a produção do colesterol ruim, tecnicamente chamado de LDL. Ocorre que o sabor atraente e o baixo custo fazem com que esses insumos sejam a regra entre a população global, o que impede a cultura de autocuidado, já que o colesterol ruim (LDL) pode acarretar prejuízos irreparáveis, como a diabetes. Ademais, o autocuidado não pode ser confundido com automedicação. A esse respeito, a partir do ano 2000, os EUA identificaram bactérias que haviam sofrido mutações genéticas em decorrência do uso indiscriminado de remédios. Essa prática imprudente de administrar substâncias por conta própria, que motivou o surgimento das superbactérias, é justamente o oposto do que se espera do conceito de “self-care” e coloca em risco não só o indivíduo, mas também a saúde pública. Assim, apesar de o acesso a médicos ser um obstáculo, a prática da automedicação oferece mais riscos do que benefícios. Para que haja cultura de autocuidado, portanto, o Ministério da Saúde deve desestimular o consumo excessivo de comidas ultra processadas, por meio da divulgação midiática das suas consequências nocivas à saúde, como o aumento do colesterol, a fim de que a população modifique seus hábitos alimentares. Por sua vez, os próprios indivíduos precisam repudiar a automedicação, por intermédio da busca por profissionais especializados, em vez de realizar pesquisas na internet. Essa iniciativa individual teria a finalidade de evitar que haja resistência bacteriana, de modo que o conceito de “self-care” seja realidade entre os cidadãos. Professor Vinícius Oliveira 75 TEMA – A questão do porte de armas em discussão no Brasil No século XVII a.C., o Código de Hamurabi determinava que a população fizesse a justiça por si mesma, o que ficou conhecido como lei de talião. Todavia, após a criação do Estado Democrático de Direito, a ideologia “olho por olho, dente por dente”, criada antes de Cristo, tornou-se imprópria. Nesse sentido, não é razoável promover autotutela na segurança, sob pena de fragilizar o equilíbrio social e potencializar a maldade. Diante desse cenário, o conceito de Contrato Social — criado pelo filósofo John Locke — propõe que o Estado deveria substituir a vontade da população, de modo a garantir direitos a todos. Nesse viés, caso os cidadãos assumam o porte de armas e façam a própria segurança, haverá desequilíbrio do Contrato Social, o que representa prejuízo irreversível e fragiliza a ordem social — escassa na contemporaneidade. Dessa forma, a ordem pública deve ficar a cargo de agentes preparados para a tarefa, o que, entretanto, tem sido exceção. Ademais, o porte de armas evidenciaria a maldade humana. A esse respeito, a filósofa Hannah Arendt disserta que as atitudes cruéis fazem parte do cotidiano moderno de homens e de mulheres, o que define o conceito conhecidocom Banalidade do Mal. Ocorre que a liberação social de armas de fogo poderia potencializar a hostilidade, tornar a crueldade denunciada por Arendt cada vez mais presente e fragilizar de forma irreparável a harmonia coletiva que ainda resta. Desse modo, é incoerente que a nação busque ser pacífica, mas insista em distribuir armas indiscriminadamente. Para que a lei de talião, portanto, permaneça no passado, os indivíduos devem repudiar a flexibilização do porte de armas, por meio de discussões nas mídias sociais que mostrem as possíveis consequências da autotutela, como a quebra do Contrato Social, de Locke, e o aumento da Banalidade do Mal, de Arendt. Essa iniciativa teria a finalidade de pressionar as autoridades a garantirem a segurança e, assim, reafirmar o verdadeiro Estado de Direito. Professor Vinícius Oliveira 76 TEMA – A construção da responsabilidade socioambiental no brasileiro Em 1992, a ONU promoveu a Conferência da Terra e lançou metas a serem aplicadas pelos países, a fim de preservar o meio ambiente. Entretanto, a iniciativa das Nações Unidas não foi efetiva, já que, em regra, a sociedade ainda carece de responsabilidade ambiental. Com efeito, para desenvolvê-la, há de se combater não só o interesse privado das autoridades, bem como a omissão dos indivíduos. Diante desse cenário, o conceito conhecido como "Cordialidade" foi criado em 1936 por Sérgio Buarque de Holanda e diz respeito à inabilidade de valorizar o interesse coletivo. Ocorre que não há como desenvolver a responsabilidade socioambiental com atitudes cordiais por parte do poder público, que se omite ante os impactos ambientais promovido por grandes empresas — agronegócio, construtoras, mineradoras. Nesse sentido, enquanto a coletividade não for privilegiada pelo Estado, serão comuns episódios graves, tais como os de Mariana e de Brumadinho. Ademais, a indiferença dos indivíduos acerca da sustentabilidade mostra-se obstáculo para a preservação ambiental. A esse respeito, o filósofo contratualista Jean-Jacques Rousseau defendia a tese segundo a qual os cidadãos seriam os responsáveis por todos os rumos da sociedade democrática. Todavia, os indivíduos contemporâneos são incapazes de colocar em prática a responsabilidade descrita por Rousseau, abandonando à própria sorte ecossistemas e biomas. Assim, não é razoável que a inércia social dê lugar a um dos mais graves problemas para as presentes — e futuras — gerações: o desequilíbrio ambiental. A Conferência da Terra, portanto, precisa ser, de fato, efetivada pela sociedade. Nesse sentido, na condição de fiscal da lei, o Ministério Público deve, por meio da Ação Civil Pública, processar as autoridades que permitem que grandes empresas explorem o meio ambiente com pouca — ou nenhuma —responsabilidade. A iniciativa do MP teria a finalidade de problematizar, com veemência, as questões ambientais, e, assim, mobilizar todos os indivíduos, desconstruindo-lhes a inércia e colocando a responsabilidade socioambiental em prática. Professor Vinícius Oliveira 77 TEMA - A crise do sistema carcerário em questão no Brasil contemporâneo Graciliano Ramos, em sua obra póstuma “Memórias de um cárcere”, descreve a situação insalubre a que foi submetido em 1936 quando foi preso por Vargas no porão de um navio. Entretanto, os conflitos experimentados pelo escritor modernista não se restringem à ficção, mas se aplicam à contemporaneidade brasileira e refletem a ineficiência do atual sistema prisional, cuja crise se mostra grave problema social e deve ser modificada. A Declaração Universal dos Direitos Humanos — promulgada em 1948 pela ONU — assegura a todos os indivíduos o direito à dignidade humana. Entretanto, a crise do sistema carcerário impede que os presos experimentem esse direito internacional na prática. Com efeito, não é razoável que a péssima condição dos presídios seja comum no país que pretende alcançar a restauração dos detentos, bem como a posição de Estado desenvolvido. Diante desse cenário, o sistema carcerário ineficiente é um obstáculo à ressocialização. A esse respeito o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em sua obra “Modernidade Líquida”, desenvolveu o conceito de “Instituição Zumbi”, segundo qual o Estado mantém — a todo custo — a sua forma, porém perdeu sua função social, estabelecida pela lei. Nesse contexto, a atual estrutura penitenciária configura-se como “Instituição Zumbi”, na medida em que deveria ressocializar o preso, mas se mostra incapaz de fazê-lo. Todavia, é contraditório que o poder público seja indiferente à função social do sistema carcerário. Ademais, os problemas das prisões fomentam a cultura de violência. Nesse sentido, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2013, teceu críticas contundentes à gravidade estrutural dos cárceres brasileiros, em virtude da superlotação das celas, da mutilação dos presos, e das condições insalubres do ambiente prisional — condições enquadradas no conceito jurídico de Estado de Coisas Inconstitucional. Ocorre que as circunstâncias caóticas apontadas pela Corte Interamericana contribuem para manutenção da cultura de violência dentro e fora dos presídios. Contudo, enquanto o caos do sistema carcerário brasileiro se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para a sociedade civil: a violência. Impende, portanto, que o direito à dignidade humana seja, de fato, assegurado na prática, como prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Sob essa ótica, o Ministério Público Federal, por meio de ações judiciais avaliadas com prioridade pelo Poder Judiciário, deve assegurar as condições de salubridade e segurança, além de incentivar o estudo e o trabalho do preso. A iniciativa do MPF teria finalidade de promover a ressocialização de presidiários e mitigar a cultura de violência. Com isso, a situação do sistema carcerário seria modificada e colaboraria para que os detentos deixassem de ter, no Brasil, sua dignidade fragilizada. Professor Vinícius Oliveira 78 TEMA – A distribuição agrária em questão no Brasil do século XXI A República Federativa do Brasil constitui-se Estado Democrático de Direito e tem como objetivo fundamental a redução da pobreza extrema e das desigualdades sociais. Entretanto, a desigualdade na distribuição agrária no Brasil do século XXI põe em risco a aplicabilidade plena desse princípio. Todavia, é paradoxal que o poder público permaneça indiferente à fragilização dos direitos da sociedade civil. Diante desse cenário, a concentração fundiária é um problema histórico que continua produzindo efeitos na contemporaneidade. A esse respeito, o período da República Oligárquica foi marcado pela concentração do poder na figura dos grandes proprietários de terra, que exploravam os trabalhadores por intermédio da propriedade — prática conhecida como coronelismo. Inclusive, embora date de séculos anteriores, esse período da história provoca reflexos negativos na contemporaneidade, visto que as relações sociais no campo ainda permanecem sob controle dos “coronéis” contemporâneos. No entanto, não é razoável que o Estado seja incapaz de mitigar essa desigualdade histórica que afeta toda a população brasileira. Nesse sentido, significativa parcela do Poder Legislativo é composta por agroempresários, o que impossibilita a eficácia na distribuição igualitária de terras. Nesse contexto, a discussão em torno da reforma agrária passou a integrar a esfera legislativa com o Estatuto da Terra, de 1964 — ainda em vigor. Contudo, a reforma agrária é negligenciada pelo Congresso, que persiste em adiar a aprovação do projeto de lei. Porém, é contraditório que, mesmo na vigência do Estado Democrático de Direito, o coronelismo persista em subjugar a vontade daquele que detém o poder: o povobrasileiro. Urge, portanto, que a desigualdade na distribuição agrária deixe de ser a realidade na República Federativa do Brasil. Nesse sentido, a sociedade civil organizada, por meio de denúncias nas mídias sociais, deve listar os nomes dos parlamentares cuja postura seja contrária — ou omissa — à redistribuição igualitária de terras, visando a expor a conduta dos deputados e senadores que vão de encontro aos interesses coletivos. Com isso, haveria demonstração de engajamento social a favor da reforma e repercutiria positivamente, porque mostraria ao Congresso que não são mais aceitos, no Brasil, os coronéis contemporâneos. Professor Vinícius Oliveira 79 TEMA - A importância do desenvolvimento do civismo e da ética na sociedade Na produção ficcional “A Dona do Pedaço”, a personagem Josiane, que insiste em ser chamada de “Jô”, é o retrato de um indivíduo esvaziado de quaisquer valores morais e que busca sempre o benefício próprio. Nesse viés, fora das telas, o comportamento anticívico e antiético de Jô manifesta-se no cotidiano de substancial parcela da sociedade e exige que se desconstruam a crise de civismo e a relativização dos valores. Diante desse cenário, quando Aristóteles classificou o ser humano como um “Animal Político”, o filósofo teve a intenção de mostrar que homens e mulheres costumam se relacionar de forma harmônica, a fim de manter sua sobrevivência. Ocorre que o conceito grego não se apresenta como realidade na sociedade contemporânea, em virtude das diversas crises de civismo, como a intolerância racial, os discursos de ódio e a ganância humana. Assim, o indivíduo deixou de ser um “Animal Político” para buscar seus próprios interesses e vontades, o que prejudica todo o tecido social. Nesse sentido, a figura da personagem Josiane evidencia uma forte e comum característica do brasileiro: a falta de ética. A esse respeito, Thomas Hobbes, conhecido filósofo inglês, produziu a obra “O Leviatã”, onde descreve o ser humano como dotado de vontades e de ambições, capazes de justificar atitudes incorretas, desde que elas sejam benéficas a quem as pratica. Ora, é justamente por essa relativização denunciada por Hobbes que o brasileiro convive com a pirataria normalmente, mas critica com veemência a corrupção do Congresso: atitudes igualmente criminosas. Urge, portanto, que os próprios indivíduos, no exercício do seu senso crítico, coloquem fim à crise de civismo e à relativização da ética, por meio da busca por atitudes corretas diárias, como o repúdio à intolerância racial e à pirataria. Nesse sentido, a rejeição ao que é errado teria a finalidade de reconstruir o tecido social fragilizado pela ganância humana, como denunciou Hobbes n”O Leviatã”, de modo que homens e mulheres deixem de protagonizar diariamente as atitudes levianas de Josiane. Professor Vinícius Oliveira 80 TEMA - A importância da valorização do patriotismo pelos jovens brasileiros Na obra “1984”, George Orwell criticava a postura dos cidadãos de Oceania, que, segundo o autor, praticava uma “espécie de patriotismo primitivo” –- idolatravam o Governo independentemente das suas atrocidades. Nesse sentido, parcela da juventude brasileira manifesta esse comportamento ilustrado na distopia e é incapaz de valorizar o real e consciente amor à pátria. Com efeito, há de se desconstruir a alienação dos jovens e a visão equivocada de patriotismo. Diante desse cenário, a juventude brasileira, em regra, preocupa-se pouco — ou nada — com os rumos do país, o que é potencializado pelo constante consumo de conteúdos esvaziados de senso crítico: manobra conhecida como Indústria Cultural. Esse conceito foi criado por Theodor Adorno e denuncia o fato de a mídia veicular conteúdos banais, como programas de auditório, que desestimulam as críticas sociais. Nesse sentido, muitos jovens contemporâneos consomem esses conteúdos vazios e são incapazes de estimular posturas patrióticas, o que representa grave obstáculo ao desenvolvimento nacional e consolida a Indústria Cultural no Brasil. Ademais, durante Copa de 1970, Emílio Garrastazu Médici utilizou o futebol para legitimar a sua imagem e o seu governo, de modo a vincular o espírito patriótico à figura do presidente. Com efeito, civismo e patriotismo estão relacionados ao interesse público e não a uma autoridade, como Médici tentou impor, e a manutenção dessa distorção se mostra um problema irreversível à sociedade, de modo que, enquanto a visão distorcida de amor à pátria se mantiver, a juventude continuará com visão equivocada de patriotismo. O espírito patriótico demonstrado no movimento Diretas Já precisa, portanto, ser reascendido entre a juventude. Nesse sentido, os próprios jovens devem problematizar, com veemência, a alienação social, por meio de atividades pedagógicas, como aulas e discussões organizadas. Essa iniciativa teria a finalidade de mobilizar os próprios jovens e desconstruir visões equivocadas de patriotismo. Assim, a partir do desenvolvimento do senso crítico, os jovens brasileiros experimentarão, em breve, o verdadeiro civismo. Professor Vinicius Oliveira 81 TEMA - A importância do respeito à diversidade de gênero no Brasil Em 1789, o Iluminismo consolidou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, garantindo pela primeira vez a dignidade humana a todos. Entretanto, os frequentes casos de homofobia mostram que a sociedade brasileira está distante de experimentar os ideais iluministas na prática. Com efeito, o combate a essa forma de preconceito pressupõe que se desconstrua a omissão do Estado e o sexismo cultural. Diante desse cenário, a homofobia fragiliza o direito à dignidade humana daqueles que fogem à dicotomia de gênero – homem ou mulher. Nesse contexto, há ineficiência do Código Penal brasileiro na classificação do crime de homofobia, que, inclusive, até 2012, era categorizado como simples agressão. Aliás, quando são vítimas de violência, travestis, transgêneros, “drag queens” sentem-se oprimidas pelos próprios agentes policiais, o que impede o prosseguimento das denúncias. Com efeito, a criação do Disque 100 (Disque Direitos Humanos) não tem sido suficiente para assegurar às minorias de gênero a verdadeira garantia ao direito à dignidade humana, previsto no artigo 5º da Carta Magna. Nesse sentido, em 1916, foi promulgado o primeiro Código Civil brasileiro, que colocava a figura masculina em posição de superioridade. Esse machismo institucionalizado ainda persiste como uma das principais causas para a intolerância de gênero no Brasil e motiva atos de homofobia, praticados sobretudo por homens, segundo pesquisa do IBGE em 2015. Inclusive, a violência de gênero é mais praticada por homens justamente porque há legitimação cultural – e estatal – para a superioridade masculina e para o heterocentrismo. Entretanto, enquanto o sexismo se mantiver, a sociedade brasileira será obrigada a conviver diariamente com um dos piores problemas para a contemporaneidade: a homofobia. Urge, portanto, que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária seja, de fato, assegurada na prática, como prevê a Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, o Ministério Público Federal, por meio de ações judiciais avaliadas pelo Poder Judiciário com prioridade, deve denunciar os casos de agressões motivadas por questões de gênero, visando a desestimular futuros casos de preconceito, advindos inclusive dos próprios agentes de segurança. A iniciativa do MPF é importante porque essa entidade tem a função constitucional de garantir o Estado Democrático de Direito e evitar que se perpetue, no Brasil, a diversidade fragilizada. Professor Vinicius Oliveira 82 TEMA – A representatividade da mulher no esporte em discussão no Brasil Em 1948, a velocista Melânia Luz consagrou-se como a primeira mulhernegra a integrar a delegação dos Jogos Olímpicos e tornou-se símbolo do empoderamento feminino no mundo. Todavia, a presença da mulher no esporte ainda se mostra frágil no Brasil, de modo que o feito da atleta representa a exceção — e não a regra. Com efeito, a solução do problema passa pela desconstrução não só do machismo histórico, bem como da hegemonia do gênero masculino. Diante desse cenário, Gilberto Freire, em sua obra “Casa-grande e senzala”, descreve os costumes sociais centrados na figura do homem branco, que seria o dominador não só da sua propriedade, mas também de todas as áreas da sociedade. Nesse sentido, a prevalência do masculino, denunciada por Freire, cooperou — e ainda coopera — para o apagamento da mulher e para o desprestígio das suas atividades, a exemplo do esporte. Inclusive, o machismo histórico é o motivo para que as atletas estejam em posição desfavorável em relação aos homens. Desse modo, não é razoável que a nação ainda mantenha o pensamento retrógrado denunciado pelo sociólogo. Ademais, não há como valorizar o esporte feminino em uma sociedade que, por séculos, negou direitos civis às mulheres. Nesse viés, o Código Civil de 1916 proibia que as brasileiras tivessem direito de votar e de exercer a posse sobre a propriedade: garantias fundamentais à cidadania. Anos depois, embora o Código do início do século XX tenha sido revogado, ainda persiste a desvalorização das atletas, e, enquanto o imaginário social não for atualizado, histórias como a de Melânia Luz continuarão sendo pouco — ou nada — comuns. Há de se valorizar, portanto, a representatividade da mulher no esporte. Para isso, as escolas devem contribuir para a desconstrução do machismo histórico, por meio de projetos pedagógicos, como oficinas e eventos desportivos capazes de estimular a igualdade entre moças e rapazes. Essa iniciativa se inspiraria na história de Melânia Luz e poderia se chamar “À luz da igualdade”, cuja finalidade seria construir o empoderamento feminino no esporte, de modo que o Brasil seja conhecido como nação livre, justa e, de fato, igualitária. Professor Vinícius Oliveira 83 TEMA - As causas e as consequências da poluição no Brasil No ano de 1992, acontecia no Rio de Janeiro a Cúpula da Terra — popularmente conhecida como Eco-92 —, em que foram desenvolvidos os 3 RS da Sustentabilidade: reduzir, reutilizar, reciclar. Todavia, substancial parcela dos brasileiros se mostra incapaz de entender a relevância dos 3 RS, o que representa grave problema contemporâneo. Nesse sentido, há de se desconstruir a histórica cultura de indiferença ambiental, bem como as consequências nocivas à saúde. Diante desse cenário, a obra “Casa-grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, defende que a formação do brasileiro baseou-se na colônia de exploração dos recursos naturais e na irresponsabilidade com a terra e com os demais indivíduos. Essa prática de exploração excessiva, denunciada por Freyre, ainda se manifesta nas atitudes imprudentes dos brasileiros que poluem o meio ambiente todos os dias, por meio do descarte irresponsável de materiais não biodegradáveis, como o plástico comum. Dessa forma, não é razoável que o Brasil almeje tornar-se nação desenvolvida, mas mantenha atitudes típicas da colônia. Ademais, a Organização Meteorológica Mundial — responsável por monitorar as condições climáticas do planeta — afirmou em 2018 que a constante emissão de gases poluentes fez a atmosfera terrestre perder a capacidade de autodepuração, que consiste no retorno às suas condições normais de temperatura e de pressão. Ocorre que os brasileiros permanecem indiferentes às consequências negativas apontadas pela OMM e não se mobilizam para reduzir a queima de gasolina, cujos gases poluem a natureza de forma irreparável. Assim, enquanto a indiferença à poluição for a regra, os brasileiros serão obrigados a conviver com um dos mais graves problemas ambientais: as alterações climáticas. Para combater a poluição, portanto, as prefeituras, com auxílio do Ministério do Meio Ambiente, devem buscar desconstruir a histórica cultura de indiferença ambiental, por meio eventos populares, como palestras abertas à comunidade, a fim de mobilizar a população para reduzir o consumo de materiais poluentes, a exemplo de papel e plástico. Desse modo, as consequências negativas à saúde serão mitigadas, e as iniciativas propostas na Eco-92 deixarão de ser, no Brasil, apenas teoria. Professor Vinícius Oliveira 84 TEMA – Como alcançar o desenvolvimento de que o Brasil precisa? Em 1988, Ulysses Guimarães estabeleceu, no artigo 3º da Carta Magna, que a República deveria ser capaz de garantir o desenvolvimento nacional. Entretanto, décadas se passaram, e os indivíduos estão distantes de ver a promessa do artigo 3º fora da teoria, o que prejudica toda a sociedade. Para alcançar o desenvolvimento proposto por Guimarães, há de se desconstruir a cultura de intolerância e a histórica desigualdade social. Diante desse cenário, o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, na obra Casa-grande e Senzala, desenvolveu a tese segundo a qual a identidade do brasileiro foi construída a partir do senhor de engenho — branco, patriarca e católico. Ocorre que aqueles que fogem às características padronizadas no Brasil colônia são vítimas de preconceito enraizado desde o século XVI, o que representa grave problema e perpetua a realidade intolerante da casa-grande. Nesse sentido, não é razoável que, mesmo objetivando ser nação desenvolvida, a sociedade brasileira ainda mantenha a cultura de intolerância própria ao Brasil colonial. Ademais, a desigualdade social inviabiliza os objetivos traçados para o sucesso da nação. A esse respeito, em 1850, Dom Pedro II impediu que as camadas sociais mais pobres tivessem acesso às terras devolutas — propriedade do Estado. Essa iniciativa excludente do imperador promoveu — e ainda promove — as disparidades econômicas e a pobreza extrema, com as quais o progresso nacional torna-se inviável. Ora, enquanto a desigualdade incentivada em 1850 se mantiver, o Brasil não experimentará um dos benefícios fundamentais para a sociedade: o progresso nacional. Para alcançar, portanto, o desenvolvimento de que o Brasil precisa, os cidadãos devem repudiar a cultura de intolerância — iniciada no período colonial — e os padrões que motivam o preconceito, por meio de debates nas mídias sociais, a fim de contribuir para o progresso nacional. As escolas, por sua vez, poderiam realizar atividades pedagógicas, por intermédio das aulas de história e de atualidades, com capacidade de mostrar as origens da desigualdade social. Essa iniciativa teria a finalidade de evidenciar os obstáculos que impedem o avanço do Brasil, de modo que a Carta Magna deixe de ser apenas teoria. Professor Vinícius Oliveira 85 TEMA - Desemprego: um problema histórico com reflexos na contemporaneidade Em 1936, o filme “Tempos Modernos” denunciou, por meio de Charlie Chaplin, as crises vividas pela população operária que perdeu seus postos de trabalho. Nesse viés, quase cem anos depois, o problema denunciado por Chaplin se manifesta nos milhões de indivíduos que convivem com o desemprego e exige cuidadosa análise acerca das mazelas sociais decorrentes da falta de trabalho e das causas do problema. Diante desse cenário, o excesso de pessoas em busca de uma vaga de emprego inviabiliza o desenvolvimento social. A esse respeito, o conceito sociólogo Exército Industrial de Reserva — criado no século XIX — diz respeito à grande oferta de indivíduos buscando trabalho, o que os torna suscetíveis a subempregos. Ora, o desemprego motiva a perpetuação desse fenômeno do século XIX e subjuga homens e mulheres a condições degradantes, fragilidade de direitos trabalhistas, salários indignos. Desse modo, se o Exército Industrial de Reserva for a regra,as desigualdades sociais serão cada vez mais reafirmadas. Ademais, dentre as causas do problema, está a inovação tecnológica, que motiva o desaparecimento de determinados empregos. Nesse sentido, a Terceira Revolução Industrial promoveu automação de processos antes feitos por trabalhadores e passou a exigir constante aperfeiçoamento individual. Ocorre que substancial parcela da população em idade ativa se mostra despreparada e incapaz de acompanhar o aprimoramento imposto pela Terceira Revolução, cujos efeitos cruéis tornam o trabalhador obsoleto. Assim, enquanto a falta de aperfeiçoamento se mantiver, a sociedade conviverá com esta triste realidade: o desemprego. Para efetivar, portanto, o acesso a empregos dignos, o Poder Executivo deve estimular empregadores, como empresários e microempreendedores, a contratar pessoas em idade ativa, por meio de isenções fiscais, a fim de reduzir o Exército de Reserva e as mazelas sociais advindas dele. As escolas, por sua vez, podem desenvolver a capacitação da comunidade, por intermédio de aulas com orientações de diversas áreas, capazes de mostrar a necessidade de capacitação profissional, colaborando para que os problemas denunciados por Chaplin sejam, em breve, apenas ficção. Professor Vinícius Oliveira 86 TEMA - O desafio da aceitação à diversidade familiar no Brasil No século XIX, Eça de Queiroz escreveu “Primo Basílio”, que narra a história de Jorge e Luisa, personagens de uma família tradicional portuguesa, onde a mulher era subserviente; e o homem, provedor. Entretanto, esse retrato burguês se impõe à sociedade brasileira, e a sua imposição se mostra grave problema social na contemporaneidade. Com efeito, a construção de uma sociedade que valoriza a diversidade familiar pressupõe ação conjunta entre população e poder público. Diante desse cenário, a prescrição de um modelo único de família vai de encontro à evolução da sociedade. A esse respeito, no início do século XIX, a legislação brasileira considerava que somente o casamento poderia estabelecer uma família. Na sequência, o poder público passou a aceitar que mães registrassem sozinhas os filhos, apesar de a sociedade da época manter o preconceito às mães solteiras, considerando-as prostituas. Hoje, a lei já aceita as famílias homossexuais, porém há grande crítica popular à união de casais homoafetivos. Todavia, é contraditório que, mesmo na pós- modernidade, ainda haja preconceito aos lares que fogem ao padrão tradicional. Nesse sentido, a influência religiosa é obstáculo à aceitação à diversidade familiar. Nesse contexto, no Concílio de Trento, a igreja católica emitiu vários decretos dogmáticos que orientaram o pensamento da população durante toda a Idade Média e reafirmaram a figura do patriarca e da mulher subserviente. Porém, é contraditório que a sociedade brasileira imponha o estereótipo do patriarca medieval e, ao mesmo tempo, busque ser considerada Estado desenvolvido. Dessa forma, enquanto a influência religiosa se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver diariamente com um dos mais graves problemas à contemporaneidade: o preconceito às novas famílias. Impende, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para que o respeito à diversidade familiar deixe de ser um desafio. Cabe aos indivíduos realizar debates, por meio das redes sociais, com vistas a incentivar práticas de respeito e de valorização às novas famílias. Ao Ministério Público, por sua vez, promover a defesa da ordem jurídica e a garantia dos direitos individuais contra a influência religiosa, por intermédio de ações judiciais pertinentes em caso de desrespeito aos lares que fogem ao padrão imposto. Com isso, a garantia constitucional à igualdade deixará de ser, no Brasil, um direito negligenciado. Professor Vinicius Oliveira 87 TEMA - O papel social do ensino médio no Brasil contemporâneo Em 1996, foi fundada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que reestruturava o Ensino Médio brasileiro, a fim de ser eficaz para os alunos. Entretanto, as constantes falhas dos últimos anos da educação básica evidenciam que a reforma de 1996 não se mostra eficaz, o que exige a desconstrução da sua desatualização e do seu academicismo. Diante desse cenário, o sistema educacional do Brasil é inspirado no formato europeu de 1789, baseado no Iluminismo, cuja ideologia impunha aos alunos igualdade a todo custo, que, inclusive, era um dos princípios da Revolução Francesa. Ocorre que a heterogeneidade da população brasileira contemporânea torna impróprio o modelo do século XVIII, na medida em que não valoriza a diversidade cognitiva e socioeconômica dos estudantes do Ensino Médio, o que os prejudica e os distancia da educação ideal. Assim, o papel social dos últimos anos da educação básica não se efetivará enquanto a escola mantiver a ideologia do século XVIII, e o tratamento isonômico — valorização das diferenças — for negligenciado. Ainda nesse sentido, o distanciamento entre teoria e prática é obstáculo para a formação dos educandos do Ensino Médio. A esse respeito, em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire defende que a escola deve ter íntima relação com a realidade dos alunos e não ficar restrita ao universo teórico – problema conhecido como academicismo. Todavia, o Ensino Médio contemporâneo vai de encontro à ideologia de Freire, haja vista a deficiência dos métodos desenvolvidos nas escolas, capazes de criar abismos entre a sala de aula e a sociedade. Nesse sentido, o distanciamento denunciado pelo pedagogo acarreta um dos mais graves problemas do Ensino Médio brasileiro: a fragilidade do seu papel social. Impende, portanto, que a educação cumpra, de fato, o seu papel nos últimos anos do ensino básico. Para isso, o Ministério da Educação deve, com urgência, desconstruir o modelo ultrapassado de aulas, por meio da flexibilização do currículo, como propõe a Base Nacional Comum Curricular, para que a diversidade cognitiva dos alunos seja valorizada. Por sua vez, os próprios estudantes, com auxílio dos professores, podem realizar pesquisas e seminários relacionando a teoria aprendida em aula com o seu próprio contexto, como ocorre em nações desenvolvidas, a fim de combater o problema do academicismo. Dessa forma, a reforma de 1996 se tornará eficaz para os alunos do Ensino Médio. Professor Vinícius Oliveira 88 TEMA - O problema da exclusão digital da terceira idade em discussão na sociedade brasileira Steve Jobs — empresário e fundador da Apple — defendia que todos os indivíduos ao redor do mundo deveriam dominar um dos mais recursos mais importantes para a vida em comunidade: a tecnologia. Todavia, a ideia de Jobs não é a realidade de substancial parcela dos idosos, que são frequentemente marginalizados da Era Digital. Assim, para superar os desafios da inclusão tecnológica, há de se analisar a indiferença com que são tratados, bem como a falta de relacionamento afetivo. Diante desse cenário, a filósofa Simone de Beauvoir disserta, em sua obra “A Velhice”, que as sociedades modernas promovem a invisibilidade social do idoso. Esse conceito se relaciona com o fato cruel de a terceira idade ser considerada irrelevante para a sociedade e incapaz de praticar os atos da vida comum. Nesse viés, a falta de inclusão digital potencializa a invisibilidade denunciada por Beauvoir, colabora para visão inferiorizada da população senil e representa obstáculo para a valorização dessa importante parcela da sociedade. Ora, enquanto a indiferença ao idoso for a regra, a inclusão digital será a exceção. Ademais, o uso da tecnologia não se resume a entretenimento: é uma forma de relacionamento humano, a que substancial parcela dos idosos não tem acesso. A esse respeito, a Terceira Revolução Industrial reconfigurou as relações humanas, de modo que o contato com o outro passou a serintermediado pela tecnologia. Nesse sentido, as inovações trazidas pela Revolução Tecnológica colaboram para excluir da vida em sociedade aqueles que não conseguiram se adequar à Era Digital: os idosos. Ocorre que a exclusão digital também acarreta a falta de relacionamento afetivo — fundamental para qualidade de vida em qualquer idade. Urge, portanto, que a inclusão digital do idoso deixe de ser um desafio. Nesse sentido, o Ministério da Tecnologia deve combater a exclusão e tornar visível a necessidade tecnológica da população senil, por meio de da criação de centros comunitários capazes de ensinar a terceira idade manusear aparelhos eletrônicos, como “tablets” e “smartphones”. Essa iniciativa teria a finalidade de possibilitar que os idosos estabeleçam relacionamentos afetivos com a comunidade que os cerca, de modo que a marginalização vivenciada pelo personagem Carl seja, em breve, apenas ficção. Professor Vinícius Oliveira 89 TEMA - Os desafios da ciência brasileira no século XXI Em maio de 1900, o Brasil presenciava a fundação do Instituto Oswaldo Cruz, cujo objetivo era desenvolver estudos científicos de combate à Peste Bubônica. A criação da Fiocruz foi relevante naquele momento e evidencia a importância da ciência brasileira, que, todavia, tem recebido pouca importância na contemporaneidade. Com efeito, há de se combater a inércia das autoridades, bem como estimular o pesquisador no país. Diante desse cenário, os laboratórios de biomedicina são responsáveis por atenuar os vírus a fim de desenvolver vacinas. Esse processo consiste em introduzir no organismo partículas virais com baixo potencial patogênico, de modo que o sistema imunológico produza células de memória — linfócitos T — que potencializam a resposta do antígeno. No entanto, o funcionamento deficitário dos laboratórios, em virtude do investimento reduzido, não permite a pesquisa necessária para o desenvolvimento satisfatório de vacinas, o que se mostra grave problema para o país. Ademais, há pouco – ou nenhum – suporte para manter os pesquisadores no Brasil. Nesse contexto, cientistas formados em instituições brasileiras decidem emigrar para países desenvolvidos, a fim de buscar melhores condições para pesquisas importantes, a exemplo da genotipagem. Esse processo conhecido como êxodo científico representa grave prejuízo ao Brasil e, enquanto o baixo fomento aos cientistas se mantiver, o país será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas para a ciência: o retrocesso. Para que pesquisadores e laboratórios sejam, portanto, valorizados no Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, deve investir pesquisa e fornecer equipamentos aos laboratórios periodicamente, por meio da concessão de benefícios, como bolsas, auxílios e proventos, com vistas a garantir a remuneração dos pesquisadores, a fim de evitar o êxodo científico. A iniciativa da CAPES é importante para desenvolver o progresso científico e evitar que se perpetue, no Brasil, a ciência negligenciada. Professor Vinícius Oliveira 90 TEMA - Os desafios do envelhecimento populacional para a sociedade brasileira A Declaração Universal dos Direitos Humanos — promulgada em 1948 pela ONU — assegura o direito à saúde, à renda e ao tratamento respeitoso às pessoas idosas. Entretanto, os problemas em torno do envelhecimento da população colocam em risco esses direitos internacionais. Com efeito, a construção de uma sociedade que valoriza o idoso pressupõe ação efetiva do Estado, bem como o combate ao preconceito da sociedade. Diante desse cenário, os problemas no sistema político de saúde são obstáculo para a qualidade do envelhecimento. A esse respeito, o artigo 196 da Constituição Federal assegura a todos o direito à saúde, mas não estabelece quaisquer políticas de cuidados específicos para idosos. Ademais, de acordo com dados do Ministério da Saúde de 2016, das 156 faculdades de medicina do país, apenas 1 tem curso de geriatria. Ocorre que a expectativa de vida da população senil será de 81, em 2020 segundo o IBGE, e o país ainda não dispõe de um sistema de saúde preparado para a demanda. Portanto, não é razoável que o Estado não tome iniciativas para lidar com o envelhecimento. Nesse sentido, o escritor alemão Franz Kafka, em sua obra “A metamorfose”, faz alusão à sociedade contemporânea na relação homem- trabalho: o protagonista Gregor Samsa, quando impossibilitado de trabalhar e gerar lucro à família, se metamorfoseia em um “inseto monstruoso” — expressão que inicia o primeiro capítulo. Analogicamente, a metáfora de Kafka se aplica à velhice na contemporaneidade: quando envelhece, o cidadão perde sua função social e se transforma em um indivíduo sem utilidade ao capitalismo, assim como aconteceu com o Gregor. No entanto, enquanto a preconceito ao idoso se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver diariamente com um dos mais graves problemas para essa parcela da população: o desrespeito. Impende, portanto, que sociedade e instituições públicas cooperem para superar os desafios do envelhecimento. Cabe aos indivíduos realizar debates, por meio das redes sociais, com vistas a incentivar práticas de respeito e de valorização aos idosos. Ao Ministério Público, por sua vez, promover a defesa da ordem jurídica e a garantia dos direitos da população senil, por intermédio de ações judiciais pertinentes em caso de falta de serviços básicos garantidos constitucionalmente. Assim, o país caminhará para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Professor Vinicius Oliveira 91 TEMA - Os desafios para a inclusão digital do idoso em questão no Brasil No filme “Up, altas aventuras”, o protagonista Carl é um idoso que vive sozinho e isolado, rodeado por pessoas que almejam enviá-lo a um asilo. Embora seja uma obra ficcional, o longa-metragem retrata características que se assemelham à atual conjuntura, pois, assim como na obra, a figura do idoso se encontra marginalizada, já que não conseguem acompanhar um dos mais importantes recursos da contemporaneidade: a tecnologia. Assim, os desafios a serem superados passam não só pela indiferença social, mas também pela falta de possiblidade de relacionar com os outros indivíduos por meio da tecnologia. Diante desse cenário, a filósofa Simone de Beauvoir disserta, em sua obra “A Velhice”, que as sociedades modernas promovem a invisibilidade social do idoso, o que contribuiu para a marginalização daqueles que chegaram à Terceira Idade. Nesse viés, a falta de inclusão digital potencializa a invisibilidade denunciada por Beauvoir, colabora para visão inferiorizada da população senil e representa obstáculo para a valorização dessa importante parcela da sociedade. Assim, enquanto a indiferença ao idoso for a regra, o letramento digital será a exceção. Ademais, o uso da tecnologia não se resume a entretenimento: é uma forma de relacionamento humano, a que substancial parcela dos idosos não tem acesso. A esse respeito, Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web (WWW), entendia que a Era Digital reconfiguraria as relações humanas, de modo que o contato com o outro seria intermediado pela tecnologia. Nesse sentido, a afirmação de Lee se concretizou e colaborou para excluir da vida em sociedade aqueles que não conseguiram se adequar à Era Tecnológica: os idosos. Ocorre que a exclusão digital também acarreta a falta de relacionamento humano — fundamental para qualidade de vida em qualquer idade. Urge, portanto, que a inclusão digital do idoso deixe de ser um desafio. Nesse sentido, o Ministério da Tecnologia deve combater a exclusão e tornar visível a necessidade tecnológica da população senil, por meio de da criação de centros comunitários capazes de ensinar a terceira idade manusear aparelhos eletrônicos, como “tablets” e “smartphones”. Essa iniciativa teriaa finalidade de possibilitar que os idosos estabeleçam relacionamentos afetivos com a comunidade que os cerca, de modo que a marginalização vivenciada pelo personagem Carl seja, em breve, apenas ficção. Professor Vinícius Oliveira 92 TEMA - Os limites do uso da tecnologia pelas crianças Steve Jobs e Bill Gates, além de ter em comum a sua contribuição para a Era Digital, proibiram seus filhos de consumir tecnologia na infância, justamente porque reconheciam o potencial nocivo dessa prática para as crianças. Entretanto, esse cuidado não é a realidade da maioria dos lares brasileiros, que são permissivos em relação ao contato dos pequenos com os recursos tecnológicos. Com efeito, há de se diminuir o tempo de exposição das crianças aos dispositivos, bem como garantir a efetiva proteção à infância. Diante desse cenário, o consumo excessivo de tecnologia dá lugar ao surgimento de uma geração doente. A esse respeito, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu diretrizes sobre o tempo ideal para o uso de recursos digitais pelas crianças de um a cinco anos de idade que não pode passar de 60 minutos. Ocorre que a sociedade se mostra indiferente à recomendação da OMS, e a irresponsabilidade social é capaz de provocar consequências nocivas à saúde infantil — fotofobia, sedentarismo e crise de ansiedade. Nesse viés, não é razoável que os indivíduos, desde os primeiros anos da infância, já estejam fadados a desenvolver problemas psiquiátricos, às vezes irreparáveis. Nesse sentido, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão — criada em 1789 — classificou, pela primeira vez, as crianças como sujeitos de direitos e garantiu a elas a proteção necessária a sua dignidade. Entretanto, a imersão imprudente na Era Digital pode colocar em risco a qualidade de vida assegurada desde o século XVIII, uma vez que ocorrem diversos conflitos, como exposição excessiva, baixa autoestima e depressão. Assim, enquanto o uso excessivo da tecnologia se mantiver, as crianças estarão fadadas a conviver com um dos piores problemas para a infância: as crises psicossociais. O uso da tecnologia pelas crianças deve, portanto, ser limitado. Nesse viés, a família deve restringir o tempo de tela das crianças, por meio do incentivo a atividades lúdicas, como prática de esportes e brincadeiras offline, a fim de garantir a efetiva proteção à infância, de sorte a construir um ambiente saudável para o desenvolvimento de meninos e de meninas. Assim, o cuidado demonstrado por Steve Jobs e Bill Gates passará a ser a realidade contemporânea, garantindo, pois, a saúde digital. Professor Vinícius Oliveira 93 TEMA - Violência nos estádios brasileiros: como superar essa triste realidade? Nos Jogos Olímpicos de 2004, um irlandês interrompeu a prova do maratonista Vanderley Cordeiro, que, por sua vez, permaneceu na competição e demonstrou substancial espírito esportivo. Entretanto, a postura amistosa do atleta não é a realidade na maioria dos estádios brasileiros, o que exige desconstrução da maldade humana e da competitividade hostil. Nesse sentido, a filósofa Hannah Arendt desenvolveu, em sua obra “Eichmann em Jerusalém”, o conceito da Banalidade do Mal, segundo o qual as atitudes cruéis se tornaram parte do convívio social e se banalizaram na sociedade. Ocorre que, no Brasil, a agressividade denunciada por Arendt ainda se perpetua no imaginário contemporâneo e fomenta os casos de violência esportiva em suas faces mais desumanas. Esse problema fragiliza o bem-estar dos indivíduos e representa grave mazela social. Logo, não é razoável que, mesmo sendo nação pós-moderna, os conflitos humanos descritos pela escritora sejam tratados com indiferença. Ademais, é preciso que o contexto esportivo deixe de ser sinônimo de competitividade hostil. Nesse sentido, Nelson Mandela — ex-presidente da África do Sul — decidiu sediar, em 1995, a Copa do Mundo de Rúgbi e promoveu a união social dentro dos estádios, onde brancos e negros ficaram de um mesmo lado com objetivo iguais. Entretanto, embora o Brasil busque ser Estado desenvolvido, ainda é incapaz de reproduzir os ideais propostos por Mandela. Nesse viés, as histórias degradantes nas competições e a extrema insegurança torna inviável o progresso nacional. Assim, enquanto as atitudes imorais forem a regra, as arenas brasileiras conviverão com este obstáculo: a violência. Para superar, portanto, os conflitos nos estádios, os indivíduos devem repudiar a maldade banalizada, presente nas arenas esportivas, como as injúrias raciais e os insultos verbais, por meio de debates nos núcleos sociais, a fim de construir relações de empatia e de respeito. Por sua vez, o Ministério da Justiça precisa promover políticas públicas nas competições, por intermédio da distribuição de agentes de segurança, para que desconstruir a competitividade hostil e, assim, demonstrar, tal como Vanderley Cordeiro, o espírito esportivo. Professor Vinícius Oliveira 94 TEMA – Os limites da liberdade de expressão entre os brasileiros Em 1789, o Iluminismo consolidou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, garantindo que os indivíduos expressassem suas opiniões de forma livre. Entretanto, os excessos da liberdade de expressão mostram que o Brasil é incapaz de experimentar os ideais iluministas de forma adequada. Com efeito, para garantir limites, há de se combater o discurso de ódio e as notícias falsas. Diante desse cenário, a cultura de intolerância motiva o uso impróprio da liberdade de expressão. A esse respeito, o sociólogo Gilberto Freyre ensina, em "Casa-grande e Senzala", que a sociedade impõe diversos padrões sociais, e quem lhes desobedece é alvo de preconceito. Ocorre que, no Brasil, a intolerância denunciada por Freyre é banalizada sob justificativa da liberdade de expressão, mesmo sendo ofensiva àqueles que são alvo de crítica, o que se mostra obstáculo à convivência social. Assim, não é razoável que o discurso de ódio permaneça sob a sombra da liberdade de expressão. Ademais, a falta de limites dá lugar às notícias fadas. Nesse viés, no século XX, o Michael Foucault afirmava que toda linguagem é dotada de ideologia e pode influenciar os indivíduos sem que eles percebam — fenômeno conhecido como Controle Simbólico. Nesse sentido, os brasileiros são imprudentes e inconsequentes no poder da linguagem descrito por Foucault e usam sua liberdade para expressar informações falsas e manipularas, o que representa grave prejuízo à sociedade. Desse modo, enquanto a população for indiferente às consequências das "Fake News", o poder simbólico da linguagem continuará sendo utilizado com pouca — ou nenhuma — responsabilidade. Impende, portanto, que os indivíduos passem a respeitar limites acerca da sua liberdade de expressão. Nesse sentido, os próprios cidadãos devem, com urgência, desconstruir a cultura de preconceito, como as mensagens ofensivas e xingamentos, por meio de discussões nas mídias sociais, para que ninguém seja alvo de discurso de ódio. Por sua vez, o Ministério Público, responsável pela manutenção do Estado de Direito, precisa combater com prioridade a divulgação de notícias falsas, por intermédio das ações judiciais pertinentes contra aqueles que veiculam "Fake News", de modo que deixe de ser comum, no Brasil, s liberdade subvertida. Professor Vinícius Oliveira 95 TEMA – O problema da crise hídrica em questão no Brasil O escritor modernista Graciliano Ramos escreveu a obra “Vidas Secas” e relatou o drama de Fabiano e Sinhá Vitória motivado pela escassez de água. Todavia, o problema da crise hídrica contemporânea obriga a população brasileira a protagonizar fabianos e sinhás vitórias e se mostra grave prejuízo à sociedade. Com efeito, a gestão efetiva pressupõe o racionamento da água nos processos industriais ea valorização da dignidade humana. Diante desse cenário, o consumismo representa obstáculo para o racionamento hídrico. Nesse viés, popularizado no século XX, o conceito conhecido como “Água Virtual” define a quantidade de recursos hídricos envolvidos na produção dos alimentos, a exemplo do leite em pó, que demanda 4500 litros de água para cada quilo de leite, segundo a Agência Nacional de Águas. Ocorre que substancial parcela dos brasileiros é imprudente e inconsequente nas suas práticas de consumo, o que se mostra grave problema social. Assim, enquanto houver indiferença acerca da água gasta nos insumos, tal como ocorre com o leite industrializado, o Brasil conviverá com a escassez hídrica. Ademais, a carência de água fragiliza a dignidade humana dos indivíduos. A esse respeito, a ONU estabeleceu a data 22 de março para ser o Dia Mundial da Água e consolidou a ideia de que a disponibilidade desse recurso seria fundamental para erradicação da pobreza. Todavia, o governo brasileiro ainda se mostra incapaz de distribuir a água de forma satisfatória, o que prejudica a dignidade humana de parcela da população e distancia a sociedade do objetivo das Nações Unidas. Dessa forma, não é razoável que o Brasil tenha a meta de se tornar nação desenvolvida, mas negligencie um direito que deve – ou deveria – ser comum a todos: o acesso à água. Impende, pois, que a gestão hídrica deixe de ser um problema. Nesse sentido, os indivíduos devem colaborar para a redução do consumo da água virtual, por meio da escolha de alimentos não processados, como o leite natural, para que se estimule, com prioridade, a produção de insumos que demandem menos recursos hídricos. Por sua vez, O Ministério Público precisa intervir nas condições indignas vividas por aqueles que não têm acesso à água, por intermédio de processos judiciais avaliados com urgência pelo Poder Judiciário, a fim de a escassez denunciada por Graciliano Ramos seja, em breve, apenas ficção. Professor Vinícius Oliveira 96 TEMA – Os desafios do acesso igualitário ao saneamento básico “Parasita” — produção ficcional sul-coreana — retrata os desafios enfrentados pela família Kim, que, excluída de qualquer política de tratamento básico, vive em situação deplorável. Entretanto, esse drama não se resume à ficção, na medida em que a falta de acesso igualitário ao saneamento ainda é realidade entre os brasileiros, o que representa cruel mazela social. Com efeito, a solução do problema passa pela valorização da dignidade humana e da resolução da ineficiência história. Diante desse cenário, a crise sanitária inviabiliza o efetivo tratamento digno de humanidade. A esse respeito, a OMS estabeleceu em 2019, por meio da Agenda 2030, que tratar o esgoto é condição fundamental para a dignidade. Ocorre que 50% dos brasileiros, em contexto de desigualdade social, não dispõem de acesso ao saneamento mínimo necessário garantido pela OMS — de acordo com dados do Ministério da Saúde. Essa carência fere a integridade desses indivíduos, que são expostos diariamente ao risco de contaminação de graves doenças. Dessa maneira, não é razoável que a escassez de recursos sanitários permaneça em um país que almeja o desenvolvimento nacional. Ademais, o médico Oswaldo Cruz — responsável pelas políticas sanitárias — implementou medidas como a coleta de lixo e o tratamento de esgoto: caminhos imprescindíveis para o equilíbrio ambiental. Todavia, a revolução iniciada no século passado é incapaz de favorecer toda a população na contemporaneidade, haja vista a omissão e a ineficiência de um Poder Público que assegura, na teoria, a igualdade no acesso aos procedimentos essenciais, e, no entanto, os projetos não são postos em prática. Além disso, essa atitude do Estado evidencia cruel retrocesso para uma sociedade que antes fora beneficiada pela conquista de Oswaldo Cruz. Dessa forma, enquanto a negligência do Governo se mantiver, substancial parcela dos cidadãos brasileiros terá de conviver com um dos piores obstáculos sociais: a ausência de direitos básicos. Impende, portanto, que a igualdade do saneamento deixe de ser um desafio no Brasil. Para isso, o Ministério das Cidades deve, com urgência, promover a dignidade humana dos indivíduos, por intermédio de políticas sanitárias eficazes, como a limpeza urbana e o tratamento de resíduos sólidos, de esgoto e de água, com foco nas regiões mais carentes, capazes de equalizar o acesso ao essencial. Essa iniciativa poderia se chamar “Saneamento Presente” e teria a finalidade de romper com a inércia das autoridades e com as dificuldades históricas, e assim, os cidadãos poderão deixar de viver, tal como no filme sul-coreano, como parasitas. Professor Vinícius Oliveira 97 TEMA – A redução da maioridade penal em questão no Brasil A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento a proteção à infância e à adolescência. Portanto, não é razoável que seja reduzida a maioridade penal, o que iria de encontro ao princípio republicano. Com efeito, a construção de uma sociedade que valoriza a segurança pública pressupõe cuidadosa análise acerca da crise do sistema prisional, bem como das verdadeiras causas da criminalidade. Diante desse cenário, o atual sistema prisional seria incapaz de ressocializar o menor infrator. Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos Humanos — promulgada em 1948 pela ONU — garante a todos a dignidade humana. Todavia, as condições precárias dos presídios brasileiros fragilizam diariamente a vida digna dos detentos, o que afetaria substancialmente os menores e não colaboraria para a sua reintegração. Assim, a redução da maioridade penal não solucionaria os problemas de segurança, na medida em que não garantiria aos adolescentes o tratamento digno previsto pelas Nações Unidas em 1948, inviabilizando, portanto, a transformação social daqueles que cometem delitos antes dos 18 anos de idade. Por outro lado, a manutenção da maioridade penal não deve servir subsídio para a impunidade. A esse respeito, o Estatuto da Criança e do Adolescente tem — ou deveria ter — a finalidade de punir menores infratores, entretanto, não cumpre a sua função, já que a sua principal medida socioeducativa — a internação — se mostra ineficiente. Nesse viés, o ECA estabelece que o adolescente deve ficar internado pelo prazo máximo de três anos, sendo liberado aos 21 anos em qualquer caso, o que possibilita a certeza da impunidade. Desse modo, enquanto a menoridade penal for sinônimo de ausência de punição efetiva, a sociedade será obrigada a conviver com um dos mais graves problemas para o Brasil contemporâneo: a violência. Logo, a redução da maioridade não solucionaria os problemas de segurança. Para que a solução seja alcançada, os indivíduos devem realizar debates, por meio de mídias sociais, capazes de mostrar a precariedade do sistema prisional, com a veiculação de imagens que denunciem a falta de condições dignas dos detentos, para que sejam nítidos os possíveis prejuízos a adolescentes que ali estivessem. Por sua vez, o Ministério Público precisa intervir nas medidas socioeducativas, por intermédio de fiscalizações, com frequência, às casas de internação, a fim de que a efetiva ressocialização de menores deixe de ser, no Brasil, uma realidade distante. Professor Vinicius Oliveira CAPAS SUMÁRIO REDAÇÕES MODELO 97 REDAÇÕES MODELO ATUALIZADAS EM JUNHO 2022