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S IS T E M A D E IN F O R M A Ç Õ E S D E M A R K E T IN G J O S E L M O R E Z E N D E JOSELMO REZENDE Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6539-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 3 9 4 Código Logístico 58950 Vivemos um momento único na transformação dos negócios. Diversas oportunidades se apresentam para as organizações e novos negócios são criados enquanto outros deixam de existir. As organizações possuem acesso a informações como nunca se viu antes, pois estão disponíveis de forma gratuita na web. O conhecimento não é mais centralizado ou monopolizado, nem mesmo possui alto custo, já que os computadores deixaram de ser grandes investimentos e passaram a ser somente um componente a mais na implantação dos sistemas informatizados das organizações. Nesse contexto, entender os dados gerados no mercado e transformá-los em informações consistentes para a tomada de decisão nas organizações, deixando- as disponíveis na hora certa para o indivíduo certo, ainda é um desafio. Implantar um Sistema de Informações de Marketing (SIM) nas empresas é complexo, pois envolve não somente infraestrutura, mas também pessoas, processos e conhecimento de onde buscar dados efetivos. Dentro desse cenário, esta obra tem por objetivo trazer um panorama sobre o SIM no ambiente empresarial. Sistema de Informações de Marketing Joselmo Rezende IESDE 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: INGARA/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ R356s Rezende, Joselmo Sistema de Informações de Marketing / Joselmo Rezende. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 122 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6539-4 1. Marketing - Administração. 2. Serviços de informação. 3. Sistemas de recuperação da informação - Comercialização. I. Título. 19-61537 CDD: 658.8 CDU: 658.8 Joselmo Rezende Mestre em Administração Estratégica com ênfase em Marketing pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). MBA em Gestão Empresarial Estratégica pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Marketing pela Faculdade Católica de Administração e Economia (FAE). Graduado em Administração pela FAE. Professor no ensino superior e executivo de negócios em empresas nacionais e multinacionais nos segmentos automobilístico, tecnológico, educacional e de serviços. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 9 1.1 Conceito de sistema de informações 10 1.2 Micro e macroambiente 14 1.3 A informação nas organizações 19 1.4 Evolução e classificação dos sistemas de informações 22 1.5 A função do Sistema de Informações de Marketing 27 2 Modelos de Sistema de Informações de Marketing 32 2.1 Modelo de Kotler 33 2.2 Modelo de Mattar e Santos 35 2.3 Modelo de Rochas e Coquard 37 2.4 Modelo de Semenik e Bamossy 39 2.5 Modelo de Sandhusen 40 2.6 Modelo de Chiusoli e Ikeda 42 3 Pesquisas mercadológicas 47 3.1 Conceitos e visão de pesquisa 48 3.2 Informações quantitativas e qualitativas 53 3.3 Pesquisa quantitativa 57 3.4 Pesquisa qualitativa 58 3.5 Coolhunting e pesquisa de tendências 62 4 Processo decisório de gestão com base em informações 69 4.1 Definição de dados e informações 70 4.2 Conversão de dados em informações 73 4.3 Previsão e mensuração de resultados 75 4.4 Tipos de decisões 78 4.5 Mundo digital e a influência no processo decisório 81 SUMÁRIO 5 Tecnologias e o Sistema de Informações de Marketing 86 5.1 Banco de dados 87 5.2 Data warehouse 90 5.3 Data mining 93 5.4 Database marketing e a segmentação do mercado 95 5.5 Indústria 4.0 99 6 Desempenho e aplicação do Sistema de Informações de Marketing nas empresas 105 6.1 Avaliação da produtividade e aplicabilidade dos sistemas 106 6.2 Sistemas de informação 109 6.3 Ética aplicada à coleta de dados e informações 113 6.4 Alta gestão e o Sistema de Informações de Marketing 116 APRESENTAÇÃO Vivemos um momento único na transformação dos negócios. Diversas oportunidades se apresentam para as organizações e novos negócios são criados enquanto outros deixam de existir. As organizações possuem acesso a informações como nunca se viu antes, pois estão disponíveis de forma gratuita na web. O conhecimento não é mais centralizado ou monopolizado, nem mesmo possui alto custo, já que os computadores deixaram de ser grandes investimentos e passaram a ser somente um componente a mais na implantação dos sistemas informatizados das organizações. Nesse contexto, entender os dados gerados no mercado e transformá-los em informações consistentes para a tomada de decisão nas organizações, deixando-as disponíveis na hora certa para o indivíduo certo, ainda é um desafio. Implantar um Sistema de Informações de Marketing (SIM) nas empresas é complexo, pois envolve não somente infraestrutura, mas também pessoas, processos e conhecimento de onde buscar dados efetivos. Dentro desse cenário, esta obra tem por objetivo trazer um panorama sobre o SIM no ambiente empresarial. No Capítulo 1, apresentamos os conceitos iniciais do SIM e as definições de autores e pesquisadores do tema. Refletiremos também sobre como trabalhar as informações nas organizações e sua importância na tomada de decisão. Abordaremos o SIM sob os aspectos dos micro e macroambientes, e veremos como esse sistema funciona, bem como sua evolução e classificação. No Capítulo 2, conheceremos os modelos de SIM de diferentes autores. O objetivo é entender suas características e sua complexidade; desse modo, poderemos analisar a realidade das organizações a fim de implantar o modelo mais adequado e orientado à realidade. Já no Capítulo 3, discutiremos conceitos gerais sobre a pesquisa de mercado e a obtenção e geração de informações relativas à tomada de decisão, assim como suas fontes, procedimentos apropriados e os tipos de pesquisa e informações coletadas. No Capítulo 4, veremos conceitos ampliados sobre dados e informações, e entenderemos de que maneira devemos investigá-los nas empresas e no ambiente de marketing. Discutiremos também o modo de transformar dados em informações pertinentes à tomada de decisão e os diferentes tipos de decisões que podemos tomar. Apresentaremos, ainda, o ambiente tecnológico com o qual nos deparamos atualmente. No Capítulo 5, nosso conhecimento sobre banco de dados, data warehouse, data mining, database marketing, indústria 4.0 e tecnologias utilizadas no SIM será ampliado, uma vez que cada um desses sistemas, assim como suas definições, possui pontos distintos e peculiares com relação às características técnicas e a seu uso dentro das empresas. Por fim, no Capítulo 6, focaremos a questão ética da coleta de informações e sua aplicabilidade no dia a dia das organizações; entenderemos a sua importância na coleta de informações, bem como os principais pontos da nova Lei de Proteção de Dados, vigente no Brasil desde 2018. Enfim, esta obra tem por objetivo contribuir para os estudos sobre os Sistemas de Informações de Marketing e servir como suporte a quem trabalha com eles, que atua em áreas de inteligência ou que pretende se aprofundar no tema. Bons estudos! Conceitose componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 9 A informação, no planejamento estratégico dos negócios e na atuação das empresas no mercado competitivo atual, é um fato, pois aquele que a possui tem um lugar privilegiado no mercado e dentro das organizações. Isso está diretamente relacionado à evolução da economia, cujo início deu-se no século XVIII com o advento da era industrial, sucedendo-a, depois, a nova revolução na década de 1970, com a introdução da internet, chegando aos dias atuais, em que se alicerça na informação e no conhecimento. Porém, essa era da informação é mais do que apenas um momento de mercado; é, sim, uma estratégia assertiva no desenvolvimento dos negócios. As informações se tornaram o grande diferencial competitivo e estratégico das empresas, trazendo grandes consequências na tomada de decisão. Além disso, ocupam uma posição de destaque nas decisões organizacionais por diversos motivos, principalmente pelo aumento da concorrência, pela disputa do consumidor, pelo uso de novas tecnologias que pode chegar à personalização do atendimento e do produto, bem como pela desterritorialização dos mercados mundiais. Neste primeiro capítulo, discutiremos os conceitos iniciais do Sistema de Informações de Marketing (SIM) e as definições dos grandes autores e pesquisadores do tema, além de compreender como trabalhar as informações nas organizações e sua importância nas tomadas de decisão. Abordaremos o SIM sob os aspectos dos micro e macroambientes e veremos como esse sistema funciona, além de conhecer sua evolução e classificação. Este é o início da jornada que propomos para que você, até o final desta obra, tenha domínio sobre o SIM e sobre como aplicar os modelos apresentados dentro das empresas. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 1 10 Sistema de Informações de Marketing 1.1 Conceito de sistema de informações Vídeo A informação é a base do plano de qualquer negócio. Um planeja- mento se inicia com uma série de dados coletados, tanto internamente (informações de vendas, produtividade, custos de mão de obra, ma- nufatura e matéria-prima, entre outras) como externamente (políticas públicas, taxas, impostos, concorrência, legislação, comportamento do consumidor, tendências do mercado, e tantas outras). Faz-se necessário organizar e sistematizar esse arcabouço de dados coletados e transformá-los em informações palpáveis e consistentes para a tomada de decisão dentro da organização. De acordo com Choo (2003, p. 27), a informação é um componente intrínseco de quase tudo que uma organização faz. Sem uma clara compreensão dos pro- cessos organizacionais e humanos pelos quais a informação se transforma em percepção, conhecimento e ação, as empresas não são capazes de perceber a importância de suas fontes e tec- nologias de informação. Além disso, Alves (2018, p. 25) destaca que em um sistema há uma entrada, um processamento e uma saída: “o que sai nunca é igual ao que entra”. Dessa forma, as entradas são dados (registros não tratados) e as saídas são informações que passaram por um processamento. Eleutério (2015) ressalta que as informações permeiam todos os níveis da organização: no nível operacional, são utilizadas em casos cotidianos; no nível tático, são tratadas de maneira mais detalhada e produzem efeitos mais amplos; e, por fim, no nível estratégico, são utilizadas em situações complexas e incertas, com a elaboração de cenários, previsões, tendências e análises que causam impactos nos rumos da empresa. Segundo Choo (2003), existem três áreas distintas para a criação e o uso da informação, nas quais ela desempenha papéis estratégicos para o crescimento e adaptação da empresa. A primeira área é aquela em que a empresa usa a informação para significar as mudanças do ambiente externo, sejam elas informações do mercado, governos ou consumidores. A segunda área diz respeito à criação, à organização e ao processamento da informação para gerar novos conhecimentos por meio do aprendizado; e a terceira se refere ao uso estratégico da infor- mação para tomada de decisões importantes. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 11 As diversas informações coletadas, tratadas e divulgadas dentro das organizações seguem fluxos formais, que são embasados em normas, procedimentos e processos, e fluxos informais, iniciados espontanea- mente pelas pessoas. Os sistemas de informações tendem a zerar os fluxos informais, normatizando as informações e sua distribuição, con- forme a necessidade (ELEUTÉRIO, 2015). Com relação ao Sistema de Informações de Marketing (SIM), a de- finição mais antiga vem de Cox e Good (1967 apud KHAUAJA; HAMZA, 2008, p. 61): “um complexo estruturado e interagente de pessoas, máquinas e procedimentos destinados a gerar um fluxo ordenado e contínuo de dados, coletados de fontes internas e externas à empresa, para uso como base na tomada de decisões em áreas de responsabili- dade específicas de marketing”. Notamos que, desde esse primeiro conceito, os autores já propu- nham que o SIM tem componentes humanos e máquinas interagindo entre si de maneira ordenada e contínua, partindo do pressuposto de que devem existir processos e procedimentos desenhados para que o modelo funcione. Kotler baseou-se no modelo de Cox e Good com a interação de pes- soas, equipamentos e procedimentos, deixando mais explícito esse fator. Para o autor, o SIM é “um conjunto que consiste de pessoas, equipamentos e procedimentos para reunir, classificar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias, oportunas e precisas para os tomadores de decisões de marketing” (KOTLER, 1995, p. 121). Assim, Kotler (1995) reforça o resultado final desse sistema no que concerne à entrega de resultados “necessários, oportunos e precisos” no momento da tomada de decisão, ressaltando que o SIM deve dar suporte às decisões de marketing e não somente fornecer informações genéricas. Khauaja e Hamza (2008, p. 61) citam Kimball (1996), que define o SIM como um “sistema abrangente, flexível, formal e contínuo, dese- nhado para suprir um fluxo organizado de informações relevantes a fim de guiar a tomada de decisões em marketing” de uma empresa. Segundo as autoras, Kimball se preocupou com a flexibilidade do siste- ma e sua adequação a situações distintas. Isso porque, para o autor, o SIM deve ser flexível e contínuo, dando a percepção de que o sistema deve permitir variáveis e condicionantes que se adequem às mudanças organizacionais e de mercado constantes e contínuas, sem permitir a 12 Sistema de Informações de Marketing quebra do fluxo, mesmo que alterações venham a acontecer ao longo do caminho. Outra definição de SIM vem de Wierenga et al. (1999), que pro- puseram um modelo denominado Marketing Management Support Systems (MMSS), ou, em português, sistema de apoio à administração de marketing. Trata-se de um sistema mais complexo e fundamentado em teorias e modelos anteriores. Segundo os autores, ele é um conjunto completo de ferramentas que dá suporte a decisões financeiras e de marketing para os gestores das organizações. O sistema proposto por Wierenga et al. (1999) não foge dos mo- delos anteriores quanto às ferramentas necessárias para dar suporte às decisões de marketing e, ainda, abrange as decisões de impacto financeiro na organização. Os autores também destacam que esse sistema deve ser encabeçado pela alta direção ou CEO da empresa, ressaltando que esse envolvimento o fará ser aceito e implantado. A importância do envolvimento da alta administração está no fato de que ela deve se envolver na implementação e na cultura dentro da empresa, com vistas a criar um Sistema de Informações de Marketing que respalde suas tomadas de decisão. Além disso, o SIM envolve di- versos outros sistemas internos, como relatórios de vendas, internos financeiros, de produção, de custos e de informações externas (por exemplo, mercados-alvo,canais de vendas, público-alvo e forças do macroambiente). Segundo Alves (2018), o Sistema de Informações de Marketing, com- posto de diversos subsistemas, é uma “atitude organizacional” que visa coletar e trabalhar dados para transformá-los em informações úteis. A junção dessas informações e de outras tantas que venham a aparecer deve ser inserida em um sistema que permita sua análise e distribuição para a tomada de decisão dos gestores. O papel do SIM é avaliar a necessidade de informações dos gesto- res, buscando desenvolver as mais úteis e distribuí-las no momento adequado (KOTLER, 1995). Essas informações serão desenvolvidas com base nos registros e sistemas citados anteriormente, proporcionando o cruzamento das informações e gerando cenários de decisões para a alta administração, conforme disposto na figura a seguir. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 13 Figura 1 Lógica da coleta de dados, tratamento pelo SIM e entrega das informações. Recebimento das informações Tratamento da base Validação das informações Elaboração de relatórios Encaminhamento aos interessados Sistema de informações Recebimento das informações Análise Execução do plano/ações Tomadores de decisão Mercado Nichos potenciais Governo Concorrência Posicionamento de marcas Consumidor Índices e expectativas futuras Canais de vendas Macroambiente Produção Custos Investimentos Tecnologias Recursos humanos Financeiros Subsistemas internos Dados En tr ad a In fo rm aç õe s Fonte: Elaborada pelo autor. Nesse contexto, Alves (2018) acentua que o SIM deve dar suporte às decisões do composto de marketing (preço, produto, praça e promo- ção), como definição de composição do produto, nome, posicionamento de mercado, preço adequado em relação à concorrência, melhor forma de entrega e como ele deve ser comunicado para o mercado utilizando os canais mais efetivos. O autor também aponta que “um Sistema de Informações de Marketing é fundamental para que a empresa possa manter o alicerce concreto de informações que vão integrar os depar- tamentos, com o objetivo de melhorar o fluxo gerencial e apoiar os processos e as operações empresariais” (ALVES, 2018, p. 21). Por fim, é necessário que as informações do sistema sejam valida- das, considerando os aspectos destacados por Alves (2018): • analisar sua fonte; • contrapô-las a outras fontes; • confirmar sua veracidade; • averiguar se ela é realmente útil; • verificar se ela é completa. De modo geral, vimos então que os SIM são integrados, sistemá- ticos, com seus fluxos desenhados e que integram os indivíduos aos equipamentos a fim de proporcionar resultados consistentes e preci- sos para a tomada de decisão nas empresas. Por sua vez, tais dados devem estar dispostos no momento em que forem requeridos pela alta administração. 14 Sistema de Informações de Marketing 1.2 Micro e macroambiente Vídeo As organizações vivem em ambientes competitivos, e os mercados demandam cada vez mais alta performance delas. Sua perpetuidade e longevidade requerem que a alta administração tenha domínio do ne- gócio e acesso às informações, as quais precisam ser compreendidas e transformadas em planos estratégicos e ações táticas, planejadas e revisadas constantemente. As informações devem ser atualizadas quase em tempo real, assim como os dados históricos, que permitem identificar sazonalidades e fatores externos ou internos em períodos distintos, que influenciam os resultados. Tais informações são provenientes dos micro e macroam- bientes nos quais as empresas estão inseridas e necessitam de moni- toramento constante. 1.2.1 Microambiente Para Alves (2018), o microambiente de uma organização é compos- to de clientes, concorrentes e fornecedores. Kotler (1995) reforça que esses elementos são os agentes que afetam a habilidade da empresa em produzir produtos e serviços. Ainda, para Reichelt (2013), o microambiente de uma organização envolve aspectos mais próximos à empresa, de modo que ela pode influenciá-los, mas não os controlar. O autor também destaca os intermediários de marketing, públicos, fornecedores e concorrentes. O Quadro 1, a seguir, ilustra esses agentes. Quadro 1 Agentes do microambiente organizacional Agentes/aspectos Definição/tipos Exemplos de informações extraídas Fornecedores Organizações externas que fornecem serviços ou produtos para a organização Custos de transformação Custos indiretos Custos diretos, tais como transporte Subcontratações em períodos de pico Intermediários de marketing Redes varejistas Redes atacadistas Representantes Distribuidores Custos de distribuição por canal de vendas Valor consumidor final (Continua) Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 15 Agentes/aspectos Definição/tipos Exemplos de informações extraídas Consumidores Leads Prospects Clientes Potencial de venda de um produto com foco no perfil do consumidor Comportamento de compra Régua de vendas para fidelização do cliente Concorrentes Concorrentes diretos Substitutos Novos entrantes Preços praticados no mercado Performance de vendas da concorrência Estratégias de vendas Promoções Ofertas de produtos similares que substituem a oferta inicial Novos concorrentes que buscam atender às necessidades deixadas pelos concorrentes atuais do mercado Públicos Comunidade Clientes Sindicatos Mídia Informações sobre perfil de consumidor Nichos de consumidores Influências de sindicatos e políticas salariais Retorno das mídias mais acessadas e com melhor performance Fonte: Elaborado pelo autor. Os fornecedores influenciam diretamente o custo de um produ- to ou serviço, uma vez que fazem parte do processo produtivo, seja ofertando matéria-prima, conjuntos semiconstruídos, componentes ou peças. Eles também influenciam indiretamente os custos quando não fazem parte do processo produtivo, pois compõem o custo operacional das organizações em serviços, como limpeza e vigilância. Já os intermediários de marketing influenciam os custos de ope- rações de uma empresa, principalmente o entendimento dos canais de distribuição e comercialização definidos estrategicamente. Muitas vezes, a mudança do canal interfere na tabela e política de preços, na contratação de novos serviços ou novas tecnologias, na mão de obra ou, mesmo, na simples modificação dos componentes de custos e nos investimentos em infraestrutura, não contemplados anteriormente. Os consumidores determinam o quanto estão dispostos a pagar por um produto ou serviço. Costumamos dizer que não existe um pro- duto/serviço caro ou barato, mas sim um preço honesto. Se o consumi- dor se sente confortável em comprar um determinado item, é porque se sente recompensado em satisfazer seu desejo. Qualquer organiza- ção, independentemente de tamanho ou mercado atuante, deve en- tender quem são seus consumidores e definir seu consumidor ideal, consumidor ideal: ou persona, é o consumidor mais característico de sua organização. Glossário 16 Sistema de Informações de Marketing assim como sua “jornada de compras”, pois a compreensão do perfil e do processo de compras ajudará o planejamento da empresa. Em relação aos concorrentes, devemos acompanhar a movimen- tação do mercado atuante e as estratégias dos concorrentes diretos. Também, é preciso entender quais são os concorrentes substitutos, ou seja, as empresas que ofertam produtos com os benefícios das linhas principais de um segmento (ALVES, 2018), ou mesmo produtos com benefícios distintos, mas que podem substituir os principais quando o consumidor decidir satisfazer outra necessidade imediata. Por fim, relacionados aos consumidores, os públicos são agen- tes que interferem na organização direta ou indiretamente e podem interferir drasticamente em seu posicionamento, comercialização e estratégias. Os públicos próximos da empresa demandam informações que podem interferir no consumo. A ideia de público não é estudarsomente um grupo de consumidores, mas as referências de consu- midores (públicos) com características comuns, que interferem nas decisões de consumo, como influenciadores. Assim, acompanhar, conhecer e se relacionar com os públicos é de extrema importância e um fator estratégico. 1.2.2 Macroambiente Se no microambiente a organização pode interferir ou exercer al- guma influência, no macroambiente já não existe essa possibilidade. Entretanto, é de extrema relevância o olhar das empresas para esse outro ambiente, uma vez que ele pode interferir significativamente nas suas estratégias. O macroambiente é representado pelas forças demográficas, econô- micas, físicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais que afe- tam suas vendas ou lucros (KOTLER, 1995). Alves (2018) destaca que esse ambiente é composto de informações que influenciam o microambiente e engloba forças distantes da empresa, mas que influenciam todo o am- biente. De acordo com Reichelt (2013, p. 66), “o macroambiente envolve aspectos que a empresa não pode influenciar”. Devemos analisar e acompanhar o macroambiente para prevermos tendências e oportunidades futuras, reduzindo ameaças e localizando mais oportunidades de negócios. Scherer (2015, p. 60) reforça que é “imprescindível fazer uma previsão do futuro para antecipar problemas e ultrapassar a mera perspectiva de sobrevivência para as empresas”. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 17 Os principais fatores do macroambiente são: ambiente demográfico e econômico e O fator demográfico se refere à densidade populacional por regiões, à taxa de crescimento da população, a pirâmides etárias, à população economicamente ativa etc. Já os fatores econômicos são os estágios da economia, se ela está em crescimento ou recessão, qual é a renda e o endividamento da população, as políticas monetárias, o histórico de preços de mercadorias e serviços (inflação ou deflação) etc. ambiente sociocultural Diz respeito a crenças, valores e normas que definem os gostos e preferências dos consumidores quanto à cultura local/regional. O ambiente sociocultural determina o comportamento de uma sociedade, e as organizações precisam acompanhá-lo e entendê-lo. Por exemplo, ao chegar ao Brasil, o McDonald’s se deparou com um cenário um pouco diferente no tocante ao consumo: os brasileiros não eram acostumados a grandes consumos de refrigerantes, o que obrigou a rede a reduzir seus copos no país. Da mesma forma, a sobremesa quente de banana foi desenvolvida para nosso mercado, uma vez que existia uma preferência por esse produto. ambiente físico e tecnológico Nesse ambiente, precisamos entender o nível em que a empresa se encontra quanto à implantação de tecnologias nos processos produtivos, administrativos, comerciais etc., como o mercado está e qual automação ele utiliza. Essa avaliação implica mudanças não somente na tecnologia, como sistemas e softwares, mas também nos investimentos em hardware e equipamentos. Nesse contexto, precisamos entender a economia do meio ambiente, sistemas de reciclagem de materiais do processo produtivo e administrativo, quais são as tecnologias disponíveis, legislação específica e treinamentos e adaptações necessárias ao processo. ambiente político e legal Diz respeito a decisões governamentais nos níveis federal, estadual e municipal. Elas são capazes de afetar as atividades e operações da empresa, além da legislação sobre políticas salariais, direitos do consumidor, construções, embalagens, linhas de crédito, impostos e tantos outros aspectos legais que podem influenciar a operação de uma empresa. Esse é um dos fatores que mais pode barrar a evolução de uma organização. Muitas vezes, políticas públicas interferem de maneira positiva, mas há casos em que acordos sindicais, políticas de demissões e controle de preços, por exemplo, impedem o crescimento das organizações. 18 Sistema de Informações de Marketing Enfim, o macroambiente exerce influência direta na operação de uma organização e pode mudar processos, direcionar investimentos e alterar sua estrutura. Assim, acompanhar esses fatores, analisar mudanças e prever cenários reduz as incertezas e prepara melhor a empresa para o futuro. Para compreendermos melhor a relação entre o micro e o ma- croambiente de uma empresa, a figura a seguir ilustra uma síntese: Ambiente sociocultural Ambiente físico e tecnológico Ambiente político e legal Ambiente demográfico e econômico Intermediários de marketing PúblicosFornecedores Concorrentes Sistema de organização e implementação de marketing Sistema de controle de marketing Sistema de planejamento de marketing Sistema de informações de marketing Promoção PreçoPraça Produto Consumidores- -alvo Fonte: Adaptada de Kotler, 1995. Na Figura 2, portanto, podemos observar os agentes e fatores que influenciam uma empresa interna e externamente. Figura 2 Fatores que influenciam a estratégia de marketing da empresa Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 19 1.3 A informação nas organizações Vídeo Qualquer atividade gerencial dentro de uma empresa depende di- retamente da manipulação e do controle das informações, e o dia a dia de um gestor consiste em controlá-las e analisá-las para a tomada de decisões. Essas práticas orientam a organização, de um lado, para a efi- ciência operacional e, de outro, para a tomada de decisões estratégicas com vistas ao futuro. As informações permeiam todos os níveis de uma organização, se- jam operacionais, táticos ou estratégicos. Assim, compreender seu im- pacto no resultado das empresas é essencial ao sucesso do negócio, sobretudo na integração das áreas funcionais, cada vez mais interde- pendentes (ELEUTÉRIO, 2015). Eleutério (2015) destaca que as informações são manipuladas em um processo cíclico, sendo necessário primeiro identificar sua neces- sidade, aquisição, armazenamento, distribuição e organização. Isto é, a informação somente é importante se for relevante para uma deter- minada área organizacional, se for recebida e organizada quando soli- citada e entregue ao tomador de decisão. Além disso, Sugahara (2009) cita que a informação sempre está associada a algum tipo de sistema, o qual é manipulado pelo homem para a obtenção de certo benefício. Assim, precisamos organizar, manipular e utilizar a informação no mo- mento certo e para a pessoa certa na tomada de decisão. A informação como fator de produção permite que as empresas acrescentem valor ao produto, partindo da criação, com as informa- ções que fornece, passando pela produção, venda e características do produto e dados de vendas, e chegando ao pós-venda, com o correto atendimento e prestação de serviços (ALMEIDA, 1994). A informação deveria, então, ser tratada como matéria-prima para todo o processo decisório nas empresas. Almeida (1994) também apresenta um modelo de fluxos de in- formações de uma organização e destaca que, em cada um deles, devemos considerar dois componentes: a informação de atividade e a informação de convívio. Enquanto a informação de atividade garan- te o funcionamento da empresa, como a emissão de pedidos, notas e custos de produção, a informação de convívio permite aos indivíduos conviver e influenciar seu comportamento. 20 Sistema de Informações de Marketing Se, por um lado, a informação de convívio é indispensável para a exis- tência da empresa, por outro, a de atividade é indispensável para seu funcionamento (ALMEIDA, 1994). Sendo assim, ambas devem ser traba- lhadas e orientadas para que as operações e relações interpessoais se- jam harmônicas e focadas nos objetivos e perpetuidade da organização. Ao avaliarmos quais são os grandes fluxos de informações de uma empresa, segundo Almeida (1994), podemos citar três deles, didatica- mente dispostos na Figura 3: Figura 3 Os três fluxos de informaçõesde uma empresa Empresa Fluxo de informação produzida pela empresa e destinada a ela Fluxo de informação coletada externamente à empresa e utilizada por ela Fluxo de informação produzida pela empresa e destinada ao mercado Me rca do Fonte: Almeida, 1994, p. 71. A interpretação da Figura 3 é enriquecida e mais bem explicada no quadro a seguir, que relaciona os três grandes fluxos de informações com os tipos apresentados. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 21 Quadro 2 Localização das realizações em informação INFORMAÇÃO GRANDES FLUXOS TIPOS DE INFORMAÇÃO ATIVIDADE CONVÍVIO Interno (da empresa para a empresa) Nota de pedido interno Situação de estoque Informação de gestão Informação contábil Procedimentos de gestão Diferentes funções informatizadas Newsletter da empresa Comunicação informal Ideias De dentro para fora da empresa Pedido de compra Fatura para o cliente Comunicação ao cliente Oferta de emprego Catálogo de produtos Publicidade Relatório anual para os acionistas Conferências em universi- dades Artigos de mídia Patrocínio De fora para dentro da empresa Fatura do fornecedor Extratos de bancos Pedido dos clientes Leis e regulamentações Intervenção de um consultor Catálogo do fornecedor Relações pessoais Participação em seminários Planos da concorrência Fonte: Almeida, 1994, p. 72. A informação, então, deveria ser considerada como matéria-prima dentro do processo decisório em uma organização. Sua disponibilidade e acesso a uma maior quantidade significam que uma melhor decisão será tomada (CALLADO, 2012). Assim, é imprescindível que os gestores de uma empresa saibam claramente qual é a função da informação na operação diária. É importante também identificar de onde vêm as informações (se são geradas fora ou dentro da empresa), qual seu uso, em qual área interna ou externa ela é útil e em qual momento ela deve ser considerada para uma tomada de decisão. Segundo Almeida (1994), a informação é algo que deve ser admi- nistrado, pois permite uma vantagem competitiva no mercado. Ela pode prevenir mudanças no mercado, entrada de novos players, estra- tégia dos concorrentes, orientações e alterações de normas governa- mentais, de legislação, dentre outros fatores. Para Sugahara (2009), a 22 Sistema de Informações de Marketing informação reduz a incerteza, sendo um conhecimento gravado sob a forma escrita, oral ou audiovisual. Isso reforça a ideia de que ela deve estar associada a um sistema, seja ele manual ou automatizado. Então, um dos passos a tomar, quando conhecemos uma informação e como ela será utilizada, é identificar o melhor sistema para tratá-la e, assim, obter o melhor resultado. Eleutério (2015) reforça que as informações permeiam os níveis operacional (utilizadas em operações cotidianas, previsíveis e de efei- to imediato), tático (tratadas de maneira detalhada e analítica, produ- zindo efeitos mais amplos) e estratégico (utilizadas em situações mais complexas e incertas que envolvem o desenvolvimento de cenários, previsões e tendências), formando a base do processo decisório e de- terminando, muitas vezes, o curso das ações de uma organização. As- sim, a compreensão do impacto das informações nos resultados das empresas é essencial para o sucesso do negócio. Por fim, para o autor, as informações formam elos entre as equipes internas e servem como fator motivacional nas organizações. Dessa forma, o uso correto das informações em todos os fluxos apresentados e nos níveis adequados e o sistema certo para seu trata- mento reduzem os ruídos e as divergências internas e melhoram os flu- xos de trabalho, bem como a relação da organização com o mercado. 1.4 Evolução e classificação dos sistemas de informações Vídeo Como vimos anteriormente, a informação está relacionada dire- tamente a um sistema, seja ele informatizado ou manual, sendo im- possível trabalhar com informações dentro de uma organização sem utilizar um sistema adequado para coletá-las, recebê-las, manipulá-las, armazená-las e distribuí-las aos interessados. Além disso, devemos identificar a importância e relevância de uma informação para uma empresa; uma vez feito isso, devemos encontrar o melhor sistema para trabalhá-la. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 23 1.4.1 Evolução dos sistemas de informações O computador, como equipamento de processamento de dados, surgiu em 1945 com o Electronic Numerical Integrator and Computer (Eniac), considerado o primeiro computador capaz de ser reprogra- mado. Criado na época da Segunda Guerra Mundial pela U.S. Army Ordnance Corps, ele tinha por objetivo calcular tabelas de fogo da arti- lharia inimiga. Porém, a computação como conhecemos hoje teve início apenas cerca de duas décadas mais tarde (VEIGA, 2006). O nascimento da era da informação veio entre o final da década de 1950 e o início da década de 1960, com a International Business Machines Corporation (IBM). Em 1959, a IBM lançou o 1401, que fazia algumas aplicações orien- tadas a negócios, como inventários, controle de estoque, registos de pagamentos e vendas, estatísticas e emissão de relatórios periódicos. Assim, as aplicações desse computador eram voltadas a controles e ge- ração rápida de informações, o que deu início aos sistemas de informa- ções organizacionais. Mais tarde, em 1965, a IBM lançou o System 360 (VEIGA, 2006; ELEUTÉRIO, 2015), que se conectava a uma rede por meio de linhas telefônicas e permitia a gravação de dados em discos rígidos. Logo na sequência, a IBM, por solicitação da National Aeronautics and Space Administration (NASA), desenvolveu o Information Management System (IMS – em português, sistemas de informações gerenciais), que apresentou uma técnica capaz de organizar um gran- de volume de dados e sua rápida localização no banco de dados. De acordo com Veiga (2006, p. 6), “estes sistemas eram usados essen- cialmente para produzir relatórios predefinidos de interesse para o negócio, como relatório de lucros, balanços, estatísticas e relatórios de vendas”. Eleutério (2015) destaca que os sistemas de informações organiza- cionais passaram por quatro ondas de evolução, que foram possíveis graças aos avanços da tecnologia digital. A primeira onda – infância – corresponde à fase dos mainframes e dos primeiros sistemas de informações produzidos no início da década de 1960. Basicamente, eles eram desenvolvidos por equipes internas por uma necessidade específica, com linguagem Cobol ou Fortran 1 , e impul- sionaram o aprimoramento de bancos de dados e discos rígidos para ar- quivamento de grandes quantidades de informações (ELEUTÉRIO, 2015). O JOGO da Imitação. Direção: Morten Tyldum. EUA: Black Bear Pictures, Bristol Automotive, 2014. 114 min. O filme conta a história de Alan Turing, considera- do o criador do primeiro computador. O enredo se concentra nos anos em que Turing participou da criação de máquinas que decodificavam as men- sagens criptografadas trocadas entre os mem- bros do Eixo e ajudaram a acabar com a Segunda Guerra Mundial. Filme O Cobol é uma linguagem de programação orientada a sistemas corporativos e comerciais, pois apresenta grande facilidade para lidar com documentos e linguagem fácil e acessível para administradores. Já a Fortran é uma linguagem alto nível, desenvolvida nos anos 1950 para otimizar a velocidade das máquinas. Sua linguagem também é bastante eficiente, mas seu uso está voltado à comunidade científica em áreas que exigem aplicações intensivas, como engenharia e ciência da computação. 1 24 Sistema de Informações de Marketing A segunda onda – pré-adolescêcia – teve início na década de 1980, com o surgimento dos minicomputadores e computadores pessoais. Eles colocaram a tecnologia na mesa de trabalho, permitindo que pessoas empregassem recursos de informática nas atividades profis- sionais e pessoais. Já a terceira geração – adolescência –ocorreu a partir do surgimento das redes de dados corporativas, pelo rápido desenvolvimento do hardware e software e das tecnologias de comuni- cação. Houve uma disseminação dos computadores em larga escala, e as empresas começaram a procurar soluções de mercado, e não mais de desenvolvimentos internos (ELEUTÉRIO, 2015). A quarta geração – fase adulta – foi marcada pelo advento da World Wide Web (WWW – em português, rede mundial de computado- res, ou internet) na década de 1990. Com a disseminação da internet e das plataformas on-line, a competição ficou mais acirrada. Surgiram as redes sociais, o comércio eletrônico, a mídia não controlada por grandes grupos e a liberdade para o usuário produzir conteúdo. Nes- se novo ambiente, a empresa se viu na obrigação de manter-se em contato constante com clientes e fornecedores (ELEUTÉRIO, 2015). A partir desse período, as necessidades dos clientes mudaram, os pro- cessos de negócio das organizações foram redesenhados e surgiram as data warehouses. Sistemas de informações organizacionais – guia prático para projetos em cursos de adminis- tração, contabilidade e informática. A apresentação de slides desse livro, feita pelo pró- prio autor, Denis Alcides Rezende, mostra diversos gráficos e conceitos de sistemas que podem aprofundar seus estudos. Rezende, um estudioso na área de sistemas de infor- mações, competitividade e cidades inteligentes, é um dos autores utilizados como referência nesta obra. Você pode ver a apresentação em: https:// bit.ly/2DnO6u7. Acesso em: 28 nov. 2019. Slides data warehouse: depósito de dados relacionados ao histórico de transações de uma organização. Glossário 1.4.2 Classificação dos sistemas de informações Os sistemas de informações podem ser classificados de diversas formas, contribuindo para o planejamento de atividades, planos estra- tégicos e desenvolvimento de soluções que sejam mais adequadas à realidade da organização. Eleutério (2015) sublinha que as mais usuais são as classificações por abrangência, que consideram os depar- tamentos organizacionais, e por nível decisório, que consideram os níveis funcionais. Relativamente a esta última classificação, podemos utilizar a pirâmide funcional, como demonstra a Figura 4. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 25 Figura 4 Tipos de sistema de informações e níveis funcionais Sistema de apoio aos executivos Alta gestãoSAE Sistema de apoio às decisões Gerência sênior Nível estratégico SIS SAD Sistema de informações gerenciais Gerência intermediária SIG SPT Sistema de processamento de informações Nível operacional Dados Informações Conhecimento Fonte: Elaborada por Eleutério, 2015, p. 100. Na Figura 4, vemos o Sistema de Processamento de Informações (SPT), que serve para automatizar o nível operacional, coletar as infor- mações de rotinas diárias e registrar os dados fornecidos diariamen- te. Esses dados abastecem as bases necessárias para outros sistemas, tornando o SPT um verdadeiro guardião de dados corporativos. O Sis- tema de Informações Gerencial (SIG) é uma gestão intermediária, res- ponsável pelo controle e coordenação das operações, com o objetivo de ter uma operação com desempenho que atenda às expectativas da organização. Para o nível estratégico, temos dois sistemas: o Sistema de Apoio às Decisões (SAD) e o Sistema de Apoio aos Executivos (SID). Enquanto o SAD tem a função de dar suporte à solução de problemas complexos e pontuais, o SAE identifica oportunidades e ameaças para o desenvolvimento dos negócios (ELEUTÉRIO, 2015). Rezende (2007) também apresenta outras quatro formas de classificação: • Segundo o suporte e as decisões: refere-se aos níveis decisórios operacional (que contempla as transações rotineiras e controla os dados das operações e funções organizacionais), gerencial (que controla os grupos de dados das operações, transformando- -os em dados agrupados para gestão), e estratégico (que possui informações gráficas amigáveis e observa as particularidades de cada organização). Quais procedimentos são rea- lizados em uma empresa para gerar e distribuir informações? Atividade 1 26 Sistema de Informações de Marketing Figura 5 Classificação de um sistema de informações segundo o nível decisório Sistemas de informações empresariais Sistema de Processamento de Transações (SPT) Registra os dados produzidos pela operação Sistema de Informações Gerenciais (SIG) Informações gerenciais, planejamento e gestão de operações Sistema de Informações Estratégicas (SIE) Sistema de Apoio à Decisão (SAD) Apoio às decisões complexas, simulações, modelagem de problemas Sistema de Apoio aos Executivos (SAE) Visão estratégica dos negócios, indicadores críticos de desempenho Quanto ao nível decisório Fonte: Elaborada por Eleutério, 2015, p. 99. • Segundo a forma evolutiva: o sistema pode ser manual, meca- nizado, informatizado, automatizado, ou gerencial e estratégico. O primeiro, como o próprio nome diz, não possui nenhum recur- so tecnológico; o segundo utiliza a tecnologia da informação de maneira mecânica, sem valor agregado; e o terceiro usa recursos de modo inteligente e com valor agregado. Já os sistemas auto- matizados usam recursos de automação comercial, bancários e industriais. Por fim, os gerenciais e estratégicos são sistemas para a alta direção. • Segundo a abrangência da organização: considera os gru- pos ou departamentos organizacionais ou interorganizacionais. Assim, a classificação pode ser organizada por uma determinada pessoa (informação pessoal), por um grupo de pessoas ou por um grupo de departamentos (de um grupo ou departamental), por um grupo de sistemas utilizados pela empresa (informação organizacional), ou por sistemas usados por toda a organização e por um grupo de outras empresas ou parceiros (informação interorganizacional). Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 27 Figura 6 Classificação de um sistema de informações segundo a abrangência Sistemas de informações empresariais Departamento (funcionais) Destina-se a suprir a demanda de um departamento específico Integrados (ERP) Integra as informações de todas as áreas de uma organização Interorganizacionais Integra as informações de várias empresas Quanto à abrangência Fonte: Eleutério, 2015, p. 96. • Segundo a entrada na organização: é feita de acordo com o desenvolvimento, aquisição e manutenção ou adaptação do sis- tema. O desenvolvimento se refere às atividades de projetos, elaboração e implantação de novos sistemas. A aquisição está relacionada à administração de compras, tais como pesquisa de mercado, análise de fornecedores e de informações e contrata- ção de um prestador de serviços de software. Por fim, a manu- tenção ou adaptação diz respeito às atividades de melhoria ou ajustes dos sistemas existentes. Enfim, as formas de classificação dos sistemas de informações po- dem variar de acordo com o lugar. O importante é entender a maturi- dade e a complexidade das operações da empresa. Assim, os sistemas de informações a serem implantados corresponderão às expectativas da gestão, serão de grande utilidade ao controle das atividades e deci- sões diárias e servirão de grande suporte às decisões estratégicas. 1.5 A função do Sistema de Informações de Marketing Vídeo Como vimos anteriormente, os SIM são fundamentais para manter a integração entre os departamentos de uma organização, melhorar o fluxo gerencial e apoiar os processos e, principalmente, as tomadas de decisões, seja no âmbito operacional, de gestão ou estratégico. De acordo com Alves (2018, p. 21, grifos do original), o Sistema de Informações de Marketing é uma ferramenta que pode colocar ordem na casa, possibilitando às empresas geren- ciar informações de forma eficaz e, com isso, ter condições de tomar decisões assertivas. 28 Sistema de Informações de Marketing O SIM, segundoAlves (2018), oferece suporte aos processos de to- mada de decisão e auxilia no gerenciamento das informações internas, ou necessidades, e externas, reduzindo assim o grau de incerteza e ris- cos (ALVES, 2018). Para o autor, são três as funções do SIM: • identificação das informações necessárias, válidas e legítimas; • distribuição das informações com um fluxo definido que ela deve seguir dentro da empresa; • geração de informações, manipuladas pelo sistema e criadas para a tomada de decisão. De maneira similar, para Veiga (2006), as funções estão relaciona- das com os objetivos pretendidos para a utilização dos sistemas de in- formações, dando uma dimensão de escalabilidade ao projeto. Assim, temos os relacionamentos descritos na Figura 7 a seguir. Figura 7 Funções e objetivos dos sistemas de informações Processamento de transações e exceções Pesquisa e análise de informações Detecção do foro informal que melhora o relacionamento com clientes e stakeholders Processamento de dados Automatizar processos básicos Eficiência Sistemas de informações estratégicas Afetar a estratégia do negócio Competitividade Sistemas de informação de gestão Satisfazer necessidades de informação Eficácia Sistemas de informações de relacionamento Aperfeiçoar relacionamento com clientes e outros stakeholders Relacionamento ObjetivosFunção Fonte: Adaptada de Veiga, 2006, p. 9. Quais são os tipos de decisão que você precisa tomar no seu dia a dia e quais informações são necessárias para fazer isso? Atividade 2 Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 29 Na Figura 7, vemos que as três funções se referem a objetivos específicos relacionados à eficiência, eficácia, competitividade e rela- cionamentos. Para cada função do sistema, Veiga (2006) apresenta um objetivo e interliga os resultados obtidos. Por exemplo, o processa- mento de dados é uma função do processamento de informações que determina a eficiência do sistema e se relaciona com os sistemas de informações de relacionamentos com os públicos de interesse (stakeholders). Além disso, Reichelt (2013) destaca que um bom SIM pode trazer vantagem competitiva de três formas: • Melhor definição do mercado em que se pretende atuar. • Melhor definição da oferta; uma vez que se conhece o mercado, pode-se aperfeiçoar o desenvolvimento dos produtos ou serviços. • Melhor execução do planejamento de marketing, visto que o SIM permite mensurar com maior rapidez os resultados, melhorando o planejamento e as correções futuras. Ao analisarmos os sistemas de informações, estes devem: • Reconhecer as informações necessárias. Isto é, devem reco- nhecer de maneira clara a organização e suas variáveis internas e externas, e investigar os envolvidos no processo e quais fato- res, dados e informações influenciam o resultado. Isso envolve tanto os setores operacionais quanto os mais estratégicos, além de uma análise do ambiente interno, como tecnologia disponí- vel para a organização, capacidades de produção e atendimento, limitações e outras informações disponíveis, e do ambiente ex- terno, como mercado, concorrentes, legislação, influenciadores, consumidores. • Gerar as informações necessárias. Não há sentido em gerar informações que não sejam compatíveis com a necessidade da organização. Esse fator é importante, pois não desperdiçamos esforços na geração da informação e identificamos o nível da in- formação que será utilizada; ou seja, podemos gerar a mesma informação para níveis diferentes de atuação dentro da empresa. Assim, a mesma informação pode ir ao nível operacional, estraté- gico ou de gestão, porém sua forma e detalhamento serão entre- gues de modo diferente em função da necessidade de cada área. Você utiliza 100% das informa- ções que recebe para tomada de decisões? Sobram informações que não utiliza ou faltam infor- mações e você necessita solicitar que sejam complementadas? Atividade 3 30 Sistema de Informações de Marketing • Distribuir as informações segundo um fluxo predeterminado. Outro ponto importante é eliminar os fluxos informais de informação, tornando um fluxo predeterminado a fonte oficial da organização. Para que esse fluxo aconteça, é necessário ter procedimentos bem definidos, que sejam do conhecimento de todos. Por fim, vale lembrar que a definição do SIM vai muito além daquela de equipamentos e softwares, pois ele envolve equipes, processos, in- vestimentos e, principalmente, uma preocupação organizacional com a perpetuidade da organização no mercado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os sistemas de informações se mostraram essenciais para o desenvol- vimento de negócios, deixando de ser um simples emissor de relatórios, como no início de seu uso, para ser uma ferramenta de apoio à tomada de decisões estratégicas dentro de uma empresa. O aumento da competitividade, o aparecimento de novas tecnologias, o aumento do número de informações, a internet, as tecnologias disrup- tivas e o aparecimento de novos negócios, cada vez mais, aumentaram a competitividade das organizações e exigiram informações que sejam mais assertivas e minimizem os riscos. Os sistemas de informações não possuem um modelo fechado, rígido e estático. Pelo contrário, devem ser compostos de sistemas informacionais que sejam flexíveis, adaptáveis e escalonáveis, uma vez que os negócios são dinâmicos. Outro ponto importante é o fator humano. A tecnologia e os colaboradores devem se relacionar, uma vez que o sistema de informa- ções deve estar integrado às rotinas da organização. É importante entendermos que o SIM não existe sem a integração de homem, máquina, sistemas e processos definidos. A falta de um desses itens compromete o resultado final não somente no quesito da definição das informações necessárias para tomada de decisão, como o correto fluxo da informação dentro da empresa, definição das ferramentas neces- sárias para implementar o sistema, procedimentos para o correto fluxo de informações, seus responsáveis e os tomadores de decisões, como na correta coleta desses dados. Por fim, para utilizar um sistema de informações, é fundamental enten- der sua necessidade, o fluxo interno das informações, quem irá utilizar a informação gerada e quando ela será utilizada. Conceitos e componentes do Sistema de Informações de Marketing (SIM) 31 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. C. Administração estratégia da informação. Revista de Administração, São Paulo, v. 29, n. 3, p. 66-75, 1994. ALVES, E. B. Sistemas de informações em marketing. Curitiba: InterSaberes, 2018. CALLADO, A. C. Sistemas de informação e estratégia em organizações agroindustrais. Economia Global e Gestão, Lisboa, v. 17 n. 1, p. 9-24, 2012. CHOO, C. W. A organização do conhecimento – como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003. ELEUTÉRIO, M. A. Sistemas de informações gerenciais na atualidade. Curitiba: InterSaberes, 2015. KHAUAJA, D. M. R.; HAMZA, K. M. O sistema de informações de marketing no mercado industrial. Gestão & Regionalidade, São Caetano do Sul, v. 24, n. 72, p. 59-72, 2008. KOTLER, P. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 1995. REICHELT, V. P. Fundamentos de marketing. Curitiba: InterSaberes, 2013. REZENDE, D. A. Sistemas de informações organizacionais – guia prático para projetos em cursos de administração, contabilidade e informática. São Paulo: Atlas, 2007. SCHERER, F. L. Análise do ambiente de marketing: um estudo aplicado em uma cooperativa do setor de agronegócios da região centro-oeste do Rio Grande do Sul. Revista de Gestão e Organizações Cooperativas, Santa Maria, v. 2, n. 4, p. 59-70, 2015. SUGAHARA, C. R. A informação dos sistemas de informação gerenciais como elemento determinante no apoio a tomada de decisão em hospitais. TransInformação, Campinas, v. 21, n. 2, p. 117-122, 2009. VEIGA, F. J. A. Evolução dos sistemas de informação. Coimbra: Universidadede Coimbra, 2006. Disponível em: http://student.dei.uc.pt/~fveiga/GSI/Evolucao_Sist_Inf.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019. WIERENGA, B. et al. The success of marketing management support systems. Marketing Science, INFORMS, v. 18, n. 3, p. 196-207, 1999. GABARITO 1. Deve-se perceber quais processos, fluxos e procedimentos estão predefinidos para a circulação das informações, desde as informações de RH até as informações estratégicas e de mercado, as fontes utilizadas, os fluxos de distribuição e as formas de distribuição. 2. Você deve desenhar quais são as decisões diárias e quais informações são pertinentes para tomar cada uma delas. O desenho deve ter um começo, meio e fim, demonstrando como uma informação é utilizada para a tomada de decisão. Com esse exercício, será possível perceber se as informações que chegam são completas, corretas e efetivas para as tomadas de decisões. Esse mapeamento pode ser por meio de fluxos. A partir disso, será possível criar procedimentos operacionais e melhorar os processos informacionais. 3. Você deve analisar, na rotina, se as informações que recebe são completas e necessárias. Esse mapeamento permite medir a eficiência do processo e corrigir sistemas e procedimentos para a melhoria de suas atividades. 32 Sistema de Informações de Marketing Transformar dados em informação relevante para a tomada de decisão não é uma tarefa simples, e a forma mais adequada de prover os membros da empresa de informações é por meio de um Sistema de Informações de Marketing (SIM). Para tanto, não basta recolhermos informações dos ambientes organizacionais e coletar dados de vendas, custos, produção e ações de marketing. O responsável pelo SIM deve, antes de tudo, conhecer os processos decisórios da organização, os tomadores de decisões, além de quais informações são relevantes e quando elas devem ser geradas. Assim, devemos conhecer modelos de SIM diversos, a fim de entender sua complexidade para que possamos ver a realidade das organizações e implantar o modelo que seja mais adequado e orientado à sua realidade e complexidade. Logo, neste capítulo, apresentaremos modelos de diferentes autores em contextos variados. Cabe destacar a existência de diversos autores que apresentaram modelos de SIM. Dentre tantos, selecionamos aqueles que apresentam modelos diferenciados e que nos permitem ter uma visão ampla das perspectivas do modelo em questão. Da mesma forma, você encontrará descrições concisas dos modelos, o que permite conhecer e ter uma visão holística dos sistemas, bem como dos pontos mais importantes de cada um. Ressaltamos que todos os modelos apresentados partem do princípio de coleta, tratamento e distribuição da informação. Assim, envolvem processos, máquinas, sistemas de tratamento de informações, capital humano e tomadores de decisões para que exista, principalmente, uma cultura de tomada de decisão com base em informações precisas. Modelos de Sistema de Informações de Marketing 2 Modelos de Sistema de Informações de Marketing 33 2.1 Modelo de Kotler Vídeo O primeiro modelo que discutiremos é o SIM apresentado por Kotler (1995). O autor expõe o sistema em três grandes grupos: gerên- cia de marketing, responsável pelas análises, controles, implementação e planejamento; Sistema de Informações de Marketing, que coleta as informações do terceiro grupo; e ambiente de marketing, composto de mercado-alvo, canais de marketing, concorrência, públicos e forças macroambientais. Figura 1 Sistema de Informações de Marketing – Modelo de Kotler Análise Planejamento Implementação Controle Mercados-alvo Canais de marketing Concorrentes Públicos Forças macroambientais Gerência de marketing Ambiente de marketingSistema de Informações de Marketing Desenvolvimento de informações Avaliação das necessidades de informação Registro interno Análise de apoio às decisões de marketing Inteligência de marketing Pesquisa de marketing Decisões e comunicação de marketing Distribuição das informações Fonte: Kotler, 1995, p. 122. Dentro do sistema de informações apresentado por Kotler, desta- camos o subsistema de desenvolvimento de informações, no qual, além da coleta de dados externos ao ambiente de marketing, são reu- nidos os registros internos e o nível mais básico usados pelos gerentes de marketing, como registros de pedidos, vendas, preços, níveis de es- toque e contas a receber. 34 Sistema de Informações de Marketing Já a inteligência de marketing é “um conjunto de procedimentos e fontes usados por administradores para obter informações diárias sobre os desenvolvimentos pertinentes no ambiente de marketing” (KOTLER, 1995, p. 124). Em outras palavras, as informações são obtidas no dia a dia, estão no ambiente externo à organização e colaboram no desenvolvimento das atividades internas. A pesquisa de marketing consiste na coleta, análise e apresenta- ção de dados de maneira planejada e sistemática sobre uma situação específica enfrentada por uma organização. A coleta e a observação ocorrem devido a uma necessidade específica: informações que pos- sam colaborar nos planejamentos futuros, e não diários. Isso se dá por meio de avaliação de um produto, pela pesquisa de consumidor ou, então, pela análise de um determinado volume de vendas em um seg- mento, por exemplo. Diferentemente de um sistema de monitoramen- to, a pesquisa é disparada pela necessidade específica da organização. Ainda segundo o autor, o apoio às decisões de marketing é um “conjunto coordenado de dados, sistemas, ferramentas e técnicas com software e hardware de apoio pelos quais uma organização reúne e in- terpreta informações relevantes” (KOTLER, 1995, p. 138). Isto é, ele reúne recursos necessários para interpretar e apresentar de modo claro as infor- mações para tomada de decisão, ajudando os gerentes nesse processo. Por fim, os registros internos constituem o banco de dados res- ponsável pelas operações internas da organização, como volume de vendas, registro de clientes, registros financeiros, entre outros. Elas fornecem informações para a inteligência de marketing e informações de apoio às decisões de marketing; também interagem com as pes- quisas de marketing, criando um grande banco de informações e de inteligência. Por meio desse modelo, o gerente de marketing, responsável pelo SIM, é capaz de: analisar as informações geradas; controlar o processo; elaborar o planejamento adequado à realidade da organização dian- te do cenário desenhado pelas informações externas e internas; e im- plementar os projetos e planos aprovados. O resultado pode ser visto no ambiente de marketing (mercado, público-alvo, concorrência e ma- croambiente), e o processo é realizado de modo ininterrupto. CHIUSOLI, C. L.; IKEDA, A. A. Sistema de informação de marketing. São Paulo: Atlas, 2010. No Capítulo 5, Chiusoli e Ikeda apresentam diversos modelos de SIM além dos apresentados neste livro, como os mo- delos de Mincioti, Kimbal, Sisodia, entre outros. Livro Modelos de Sistema de Informações de Marketing 35 Segundo Kotler (1995), os administradores examinam o ambiente de quatro maneiras: Exposição geral das informações. Os administrado- res não possuem um objetivo espe- cífico. Esforço limitado, mas não estrutu- rado, para obter informações ou para um propósi- to específico. Esforço delibera- do acompanhado de um plano, procedimento ou metodologia para obtenção de informações específicas. Exposição direta. Não envolve uma busca ativa e nem uma área ou tipo de informação identificada. VISÃO INDIRETA BUSCA INFORMAL BUSCA FORMAL VISÃO CONDICIONADA Tais visões e esforços são contemplados nesse modelo, uma vez que o sistema integra visões internas e externas da organização, além de sistemas de pesquisa e sistemas de monitoramento, necessários para a obtenção de informações para a tomada de decisões. Segundo Kotler (1995), os administradores examinam o ambiente de quatro maneiras. Expliquecada uma e dê um exemplo. Atividade 1 2.2 Modelo de Mattar e Santos Vídeo O ambiente de negócios vem sofrendo mudanças contínuas e aceleradas, principalmente com o advento das novas tecnologias, do consumidor virtual e de organizações baseadas somente no ambiente virtual, com as mudanças econômicas mundiais e com as novas políti- cas. Tudo isso reforça a necessidade de uma gestão eficaz e correta de informações. Para reduzirmos o risco de erros, precisamos conhecer essas variá- veis, que envolvem dois importantes aspectos, de acordo com Mattar (1986): Condição necessária, mas não suficiente. Envolve desde saber dar valor ao uso da informação e triar a certa até saber interpretá-la corretamente. DISPONIBILIDADE DE INFORMAÇÃO COM QUALIDADE USO DA INFORMAÇÃO Para Mattar e Santos (2003), não existe um SIM padronizado ou único. Ele deve ser implementado segundo a realidade da organização, além de atender às funções de reunir, processar e disseminar dados e informa- ções externas e internas à empresa, relevantes para a tomada de decisão. 36 Sistema de Informações de Marketing De acordo com os autores, o processo de decisão em uma empresa pode ser classificado em três tipos: informações para análise da situa- ção; informações sobre as variáveis de decisão de marketing; e infor- mações sobre medidas de desempenho. Ele deve ser bem elaborado e diagnosticar os fatores-chave de sucesso da categoria de produto ou setor empresarial, assim como suas potencialidades e vulnerabilidades (produtos, concorrentes e segmento), vantagens e desvantagens com- petitivas. É importante, ainda, identificar as ameaças e oportunidades, as características do comportamento do cliente, o tamanho, a evolução e a segmentação do mercado, além do comportamento e posiciona- mento dos principais concorrentes (MATTAR; SANTOS, 2003). Figura 2 Sistema de Informações de Marketing – Modelo de Mattar e Santos Fonte de dados Macroambiente Concorrentes Empresa Mercado Usuários Analisam Planejam Organizam Decidem Executam Controlam Coleta de dados Processamento Sistema de monitoração ambiental Sistema de informações competitivas Sistema de informações internas Sistema de pesquisa de marketing Monitora Avalia Seleciona Condensa Trata Classifica Armazena Atualiza Recupera Analisa Interpreta Dissemina DADOS INFORMAÇÕES Fonte: Adaptado de Mattar; Santos, 2003, p. 124. Como podemos ver na Figura 2, esse modelo apresenta quatro sub- sistemas na etapa de coleta de dados: monitoramento ambiental (ou sistema de inteligência), sistema de informações competitivas, sistema de informações internas (ou sistema de contabilidade gerencial) e sis- tema de pesquisa de marketing. O sistema de monitoramento ambiental coleta as informações no macroambiente de marketing da empresa e mantém os executivos Modelos de Sistema de Informações de Marketing 37 informados. Esse sistema coleta informações não sistematizadas e es- porádicas, assim como informações constantes e sistematizadas. Por meio do seu monitoramento, é possível atualizar os executivos sobre mudanças do macroambiente em todas as suas variáveis, como mu- danças da concorrência, alterações de normas e leis realizadas pelo governo, movimentação da concorrência, entre tantos outros. O sistema de informações competitivas mantém os usuários do SIM informados e atualizados sobre a concorrência, obtendo o máximo de informações de caráter público possíveis. Já o sistema de informa- ções internas indica aos executivos o desempenho de marketing da empresa para que possam controlar parte da atividade. Além das in- formações de vendas e resultados, o sistema deve gerar informações sobre potencialidades da própria empresa. Destacamos que, nesse subsistema, os relatórios gerados devem agilizar o processo de decisão nos diversos níveis de sua estrutura. O sistema de pesquisa de marketing fornece informações so- bre problemas específicos e esporádicos identificados ao longo do processo. Diferente do sistema de monitoramento ambiental, nesse sistema é necessário definir um problema ou objetivo específico para que seja resolvido. Enfim, no modelo de Mattar e Santos (2003) todos os dados devem ser processados para gerar informações concretas e relevantes para a tomada de decisões. Notamos que, assim como no modelo de Kotler, as decisões são retornadas para o macroambiente de marketing e tornam-se fontes de dados para nova coleta, processamento e gera- ção de informações relevantes para a tomada de decisão futura. Ressaltamos os subsistemas de coleta de dados por sua impor- tância dentro do SIM proposto por Mattar e Santos (2003), uma vez que contemplam desde a coleta e o monitoramento das fonte de dados até a etapa de disseminação das informações, para os usuários analisarem, planejarem, organizarem, deci- direm, executarem e controlarem as informações processadas pelos subsistemas de coleta de dados. Atenção 2.3 Modelo de Rochas e Coquard Vídeo Como já destacado anteriormente, o SIM é a base para a diferen- ciação de atuação da empresa no mercado, pois o uso de um sistema permite maior competitividade para a organização, planejamento e controle mais efetivos das atividades. O modelo apresentado nesta seção tem uma preocupação maior com as informações sobre produto, mercado, ações comerciais e ou- tras contempladas pela pesquisa de campo (CHIUSOLI; IKEDA, 2010). Seu foco está no planejamento, monitorando constantemente as ativi- dades comerciais das organizações, buscando informações de pesqui- 38 Sistema de Informações de Marketing sas de notoriedade da marca pela penetração e referência dela para o consumidor, analisando a performance e a qualidade do mix de ven- das, além do market share, importante para responder a ações de recu- peração de mercado. O modelo de SIM apresentado por Rochas e Coquard tem um foco grande nos resultados mercadológicos, possibilitando que as organiza- ções alterem suas estratégias e táticas para manter ou aumentar sua posição mercadológica. Figura 3 Sistema de Informações de Marketing – Modelo de Rochas e Coquard Outras informações (pesquisas): - Notoriedade - Imagem Objetivos da comunicação Planos de publicidade Objetivos de venda Planos de ações promocionais Segmentos-alvo Planos de vendas Ação Informações sobre produtos: - Composto de produtos - Evolução do composto de produtos - Atividades Informações sobre mercado: - Penetração - Segmentação - Market share Informações sobre ações comerciais: - Penetração - Cobertura - Prospecção - Eficácia - Intermediários - Ações promocionais Resultados/Objetivos de vendas Aceitação dos intermediários Resultados das ações promocionais Plano de marketing Sistema de Informação de Marketing Co nt ro le Pl an ej am en to An ál is es Fonte: Chiusoli; Ikeda, 2010, p. 74. Podemos notar, com base na Figura 3, que Rochas e Coquard apre- sentam um sistema de informações com ênfase nas atividades de pla- nejamento, análise e controle. A inclusão do plano de marketing no sistema de informações demonstra que há uma preocupação com o controle do resultado do planejamento, assim como uma necessidade Modelos de Sistema de Informações de Marketing 39 de mudanças constantes no planejamento alinhadas com os resulta- dos. Além disso, Mattar (1986) destaca que os autores se preocupam em separar as atividades de análise, planejamento e controle, além de enfatizar as informações de planejamento, mas não as de controle. Portanto, nesse modelo, a preocupação está nas informações sobre produto, mercado, ações comerciais e outras que a pesquisa de campo possa contemplar (CHIUSOLI; IKEDA, 2010). 2.4 Modelo de Semenik e Bamossy Vídeo Para Semenik e Bamossy (1995, p. 88), o SIM é “um complexo es- truturado e interativo de pessoas e máquinas, projetado para gerar informações pertinentes numa base contínua e a partir de fontes in- ternas e externas da empresa, para dar suporte ao processo decisóriode marketing”. Podemos notar, assim, que mais autores apresentam o SIM como um sistema que integra equipamentos e máquinas e, neces- sariamente, recorre a subsistemas e procedimentos para que o proces- so possa acontecer de maneira contínua e integrada. Figura 4 Sistema de Informações de Marketing – Modelo de Semenik e Bamossy Informações geradas Entrada de dados: Fontes de informações Análise de dados Saída de dados Resultados Análise de oportunidades de marketing (previsões de vendas, tamanho do mercado e tendências de consumo) 1 Identificação de oportunidades 1 Planejamento estratégico 2 Avaliação de desempenho 3 Planejamento do marketing mix (produto, preço, distribuição e comunicação) 2 Implementação das estratégias de marketing (segmentação, diferenciação, posicionamento e competitividade) 3 Controle: dados de desempenho (custos, vendas, lucros e participação de mercado) 4 Análise quantitativa e qualitativa 1 O consumidor (demografia, estilo de vida, atitudes, necessidades, intenções e comportamentos) 1 Sistema de marketing (distribuidores, atacadistas, varejistas e fornecedores) 2 Ambiente (concorrência, tendências culturais, político-legislativo, tecnologia e economia) 3 Operações internas (pesquisa e desenvolvimento, produção, administração, força de vendas, registros financeiros) 4 Atividades e registros internos da organização (dados secundários) 1 Sistema de acompanhamento do ambiente (dados secundários) 2 Projeto de pesquisa de mercado (dados primários) 3 Fonte: Semenik; Bamossy, 1995, p. 89. 40 Sistema de Informações de Marketing Neste modelo, temos, primeiro, as fontes de informações. Elas podem ser fontes primárias (projetos de pesquisas de mercado), ela- boradas para gerar dados adequados à necessidade de informações específicas dos tomadores de decisão, ou secundárias (dados inter- nos da organização e sua operação), cuja relevância é verificada pelo gestor do SIM. A segunda fase é composta pelas informações geradas a partir dos dados primários e secundários. Segundo os autores, as informações mais pertinentes se referem aos clientes, pois, a partir deles, a organi- zação pode ser competitiva e bem-sucedida em atender às necessida- des do mercado e dos consumidores. Uma vez completada essa etapa, são realizadas várias análises de dados, tanto com técnicas qualitati- vas, que usam informações não numéricas, quanto quantitativas, que enfatizam dados e métodos estatísticos e de probabilidade, a fim de gerar informações relevantes para a tomada de decisão. Feitas as análises, ocorre a saída de dados. São gerados dados e in- formações para as análises de oportunidades, de decisões sobre o mix de marketing (preço, produto, promoção e praça) e de estabelecimento de estratégias de segmentação, posicionamento e competitividade no mer- cado. Há também o acompanhamento de dados de desempenho que per- mitam corrigir ou melhorar o planejamento e as decisões tomadas. Na última etapa, temos os resultados e podemos, então, identificar as oportunidades de mercado, corrigir, melhorar ou alterar o planeja- mento estratégico e avaliar o desempenho no mercado de acordo com as decisões tomadas. 2.5 Modelo de Sandhusen Vídeo Para Sandhusen (2010, p. 132), em um sistema de marketing efi- ciente, as funções de vendas, pesquisa, propaganda etc. “interagem de forma sinérgica com outros sistemas internos e externos, incluindo outros departamentos, grupos de clientes, distribuidores e agentes externos, para alcançar metas organizacionais atendendo às necessi- dades dos clientes-alvo”. O SIM trabalha em conjunto para satisfazer o mercado-alvo (nessa visão, falamos das necessidades dos consu- midores e dos objetivos da organização). Sandhusen (2010, p. 157) define um SIM como: Modelos de Sistema de Informações de Marketing 41 No vídeo Case de Sucesso: Coelbra implanta o SAP Business One, publicado pelo canal ALFA Sistemas de Gestão, é explicado que o crescimento de 40% ao ano obrigou a organização Coelbra a buscar um software que desse acesso à informa- ção em tempo real, dire- tamente nos dispositivos móveis dos gestores. Disponível em: https://youtu. be/4hEsN91G8SA. Acesso em: 4 dez. 2019. Vídeoum sistema integrado de dados, análise estatística, modelos e formatos de exibição dependente de tecnologia de hardware e software de computador, que junta, classifica, avalia, armaze- na e distribui informação precisa e oportuna para a utilização pelos executivos de marketing a fim de aperfeiçoar o planeja- mento, a organização, a implementação e o controle. Podemos perceber que o autor ressalta a importância da integra- ção dos recursos humanos e tecnológicos, bem como a necessidade de tratamento da informação e sua distribuição correta. É colocada, assim, a necessidade de processos e procedimentos para que elas ocorram de forma oportuna. Figura 5 Sistema de Informações de Marketing – Modelo de Sandhusen Pedidos Input (estimado) Gerente Registro internoOutput dos sistemas(impressora e monitor) Armazenamento de dados e informações Unidade de processamento eletrônico de dados Custos da empresa Mercado (relatórios regulares de vendas e estudos de propósitos especiais) Ambiente Construção do modelo e análise (programas, planos, mercado-alvo, compostos, elemento individual do composto) Análise de vendas e custo (para controle e planejamento) Interação dos Gerentes Fluxo de dados O SIM imaginado pelo gerente de marketing Fonte: Chiusoli; Ikeda, 2010, p. 82. Nesse modelo, temos um esforço grande de planejamento estraté- gico, pois toda e qualquer interação do gerente necessita de informa- ções para o posicionamento e promoção dos objetivos de interesse. 42 Sistema de Informações de Marketing Podemos identificar quatro subsistemas que suportam a visão do gerente de marketing no modelo apresentado por Sandhusen: Todo e qualquer registro contábil interno da empresa, como lucros, gastos, compras, vendas por áreas, vendedores e clientes. CONTABILIDADE INTERNA Informações de marketing obtidas de jornais, revistas, relatórios, exposições, feiras e vendedores. INTELIGÊNCIA DE MARKETING Auxílio aos administradores na tomada de decisão, incluindo a utilização de mo- delos e gráficos. Forma sistemática de coletar, re- gistrar e analisar dados relativos a problemas e oportunidades de marketing, podendo ser constan- te ou pontual. CIÊNCIA DE MARKETING PESQUISA Além disso, nesse modelo, fazemos a leitura da parte inferior para a superior, em que são gerados relatórios regulares de vendas e do ambiente de marketing. Eles são armazenados num repositório de da- dos e informações, onde são compilados, tratados e transformados em informações e, posteriormente, reportados como outputs do sistema, para o gerente, e análises de vendas e custos. Esses resultados servem como base para a construção do modelo e para a análise de programas, planos e ações do mercado que vêm por meio de pedidos do gerente. 2.6 Modelo de Chiusoli e Ikeda Chiusoli e Ikeda (2010) definem que o SIM trata de organizar dados analisados por relatórios e modelos estatísticos, transformando núme- ros brutos em informações, dando subsídios ao gerente de marketing. Para os autores, a base desse processo consiste em: • Sistema: toda estrutura que trata dos dados brutos, informa- ções, relatórios e modelos estatísticos, satisfazendo os objetivos de marketing. Os dados são extraídos de várias fontes, internas e externas, tratados por meio de relatórios ou modelos estatísticos Vídeo Modelos de Sistema de Informações de Marketing 43 e, por fim, resultam em informações que embasam as decisões de marketing. • Informação: obtida a partir dos dados definidos como números brutos não tratados pelo sistema. Auxilia a tomada de decisões. • Marketing: é responsável por tomar decisões quanto a produ- tos, consumidor, forças de vendas, mercado e outras informa- ções que influenciam
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