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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO EE540 – TEORIA ELETROMAGNÉTICA Ondas Planas Prof. Lucas Heitzmann Gabrielli Ondas eletromagnéticas (Sadiku 10.1, 10.2) Um importante resultado dos trabalhos de Maxwell na organização das equações eletromagnéticas foi a previsão da existência de ondas eletromagnéticas, confirmada apenas mais tarde por Hertz. As leis de Faraday e Ampère associam uma variação espacial nos campos elétrico e magnético as variações temporais dos fluxos magnético e elétrico, respectivamente. Em conjunto essas equações resultam em campos que sustentam um ao outro, originando o que chamamos de onda eletromagnética. Em geral, ondas são um meio capaz de transportar energia e informação. Equação de onda Consideramos um meio simples e sem fontes (𝓙 = 𝜌 = 0) e utilizamos as leis de Faraday e Ampère para obtermos a equação de onda homogênea: ∇2𝓔 − 𝜇𝜀∂ 2𝓔 ∂𝑡2 = 0 Analisemos o caso simples em que toda variação espacial ocorre apenas na direção 𝑧: ∂2𝓔 ∂𝑧2 − 𝜇𝜀∂ 2𝓔 ∂𝑡2 = 0 É fácil verificar que essa equação possui solução da forma: 𝓔(𝑧, 𝑡) = 𝓔+(𝑢𝑡 − 𝑧) + 𝓔−(𝑢𝑡 + 𝑧) onde 𝑢 = 1√𝜇𝜀 e 𝓔 + e 𝓔− são funções quaisquer. Propagação ℰ−(𝑢𝑡 + 𝑧) ℰ+(𝑢𝑡 − 𝑧) 𝑢Δ𝑡 −𝑢Δ𝑡 𝑧 𝑓 As dependências com 𝑢𝑡 ± 𝑧 indicam que as funções ℰ+ e ℰ− transladam ao longo do eixo 𝑧 com o decorrer do tempo. Como indicado na figura ao lado, o sinal negativo implica em um movimento na direção positiva de 𝑧, e o oposto ocorre para o sinal positivo. Fica claro que 𝑢 representa a velocidade da onda, pois se acompanharmos um ponto constante ℰ+(𝑟0) ou ℰ−(𝑟0) ao longo do tempo, sua posição será: 𝑢𝑡 ∓ 𝑧 = 𝑟0 ⇔ ⇔ d𝑧 d𝑡 = ±𝑢 Domínio da frequência (Cheng 8-1, 8-2; Sadiku 10.4, 10.5) No domínio da frequência a equação de onda anterior tem a forma da equação homogênea de Helmholtz: ∇2𝐄 + 𝑘2𝐄 = 0 onde 𝑘 = 𝜔√𝜇𝜀. Em coordenadas cartesianas essa equação é equivalente a 3 equações escalares independentes de Helmholtz, uma para cada componente do vetor 𝐄: ∂2𝐸𝑥 ∂𝑥2 + ∂ 2𝐸𝑥 ∂𝑦2 + ∂ 2𝐸𝑥 ∂𝑧2 + 𝑘2𝐸𝑥 = 0 ∂2𝐸𝑦 ∂𝑥2 + ∂2𝐸𝑦 ∂𝑦2 + ∂2𝐸𝑦 ∂𝑧2 + 𝑘2𝐸𝑦 = 0 ∂2𝐸𝑧 ∂𝑥2 + ∂ 2𝐸𝑧 ∂𝑦2 + ∂ 2𝐸𝑧 ∂𝑧2 + 𝑘2𝐸𝑧 = 0 Solução fasorial Consideramos uma solução para, por exemplo, 𝐸𝑥, em que o campo não varia ao longo dos planos 𝑥𝑦 (planos 𝑧 constante), de modo que ∂𝐸𝑥∂𝑥 = ∂𝐸𝑥 ∂𝑦 = 0. A equação de Helmholtz torna-se simplesmente: ∂2𝐸𝑥 ∂𝑧2 + 𝑘2𝐸𝑥 = 0 cujas soluções são obtidas facilmente: 𝐸𝑥(𝑧) = 𝐸 +𝑥 (𝑧) + 𝐸 − 𝑥 (𝑧) = 𝐸 + 0 𝑒 −𝑖𝑘𝑧 + 𝐸−0 𝑒 𝑖𝑘𝑧 As constantes 𝐸+0 = |𝐸 + 0 |𝑒 𝑖𝜑+ e 𝐸−0 = |𝐸 − 0 |𝑒 𝑖𝜑− são em geral complexas e devem ser determinadas pelas condições de contorno do problema em questão. Observe que a solução instantânea obedece a forma geral que analisamos anteriormente com dependência temporal senoidal (já que estamos trabalhando com fasores agora): ℰ+𝑥 (𝑧, 𝑡) = ℜ{𝐸 + 0 𝑒 −𝑖𝑘𝑧𝑒𝑖𝜔𝑡} = |𝐸+0 | cos(𝜔𝑡 − 𝑘𝑧 + 𝜑 +) Velocidade de fase Como visto anteriormente, essa solução representa uma onda propagante no sentido de 𝑧 positivo. Acompanhando um ponto de fase específica 𝜑0, obtemos imediatamente a velocidade de fase 𝑢𝑝 da onda: 𝜔𝑡 − 𝑘𝑧 + 𝜑+ = 𝜑0 ⇒ 𝑢𝑝 = d𝑧 d𝑡 = 𝜔 𝑘 = 1√𝜇𝜀 A velocidade de fase não depende diretamente da frequência, apenas dos materiais (que, como sabemos, dependem da frequência). Em especial no vácuo não há dispersão, e a velocidade de fase torna-se a famosa constante 𝑐 = 1√𝜇0𝜀0 = 2,9979 × 108 m/s 𝑢𝑝 = 𝑐 √𝜇𝑟𝜀𝑟 Onda senoidal 𝐸 +𝑥 (𝑧) = 𝐸 + 0 𝑒 −𝑖𝑘𝑧 ℰ+𝑥 (𝑧, 𝑡) = |𝐸 + 0 | cos(𝜔𝑡 − 𝑘𝑧 + 𝜑 +) |𝐸 +𝑥 | = |𝐸 + 0 | [V/m] : amplitude 𝜔 [rad/s] : frequência angular 𝑘 [rad/m] : número de onda ou constante de fase 𝑓 = 𝜔 2𝜋 [Hz] : frequência 𝑇 = 2𝜋 𝜔 [s] : período 𝜆 = 2𝜋 𝑘 [m] : comprimento de onda 𝑢𝑝 = 𝜔 𝑘 = 𝜆𝑓 [m/s] : velocidade de fase 𝑡 = 0 𝑇4 𝑇 2 𝑧 ℰ+𝑥 (𝑧, 𝑡) Espectro eletromagnético http://xkcd.com/273/ http://xkcd.com/273/ Efeito Doppler (Cheng 8-2.1) 𝐴 𝐴′ 𝐵 𝐮 𝑟0 |𝐮|Δ𝑡 𝑟′ 𝜃 𝑟′ = √𝑟20 + (|𝐮|Δ𝑡) 2 − 2𝑟0|𝐮|Δ𝑡 cos 𝜃 𝑓′ = (1 − |𝐮| 𝑐 cos 𝜃) −1 𝑓 ≅ (1 + |𝐮| 𝑐 cos 𝜃) 𝑓 Quando o transmissor e o receptor se aproximam (𝜃 ≅ 0) a frequência percebida na recepção será maior que a transmitida (blue shifted). O oposto ocorre quando transmissor e receptor se afastam (𝜃 ≅ 𝜋): a frequência detectada é menor que a transmitida (red shifted). Solução de ondas planas (Cheng 8-2.2, 8-2; Sadiku 10.5) A solução de ondas planas para a equação de Helmholtz vetorial pode ser escrita a partir de um caso mais geral da solução para o problema mais simples estudado anteriormente: 𝐄(𝐫) = 𝐄0𝑒−𝑖𝐤⋅𝐫 = 𝐄0𝑒−𝑖𝑘𝑥𝑥𝑒−𝑖𝑘𝑦𝑦𝑒−𝑖𝑘𝑧𝑧 onde 𝐫 = 𝑥𝐚𝑧 + 𝑦𝐚𝑧 + 𝑧𝐚𝑧, 𝐄0 = |𝐄0|𝑒𝑖𝜑 é um vetor complexo constante e definimos o número de onda vetorial 𝐤 = 𝑘𝑥𝐚𝑥 + 𝑘𝑦𝐚𝑦 + 𝑘𝑧𝐚𝑧. É fácil verificarmos por substituição que esta é uma solução possível, desde que: |𝐤|2 = 𝑘 2𝑥 + 𝑘 2 𝑦 + 𝑘 2 𝑧 = 𝑘 2 Definimos também o vetor unitário na direção de 𝐤: 𝐚𝑘 = 𝐤 𝑘 ⇔ 𝐤 = 𝑘𝐚𝑘 Plana por quê? A única dependência de 𝐄(𝐫) = 𝐄0𝑒−𝑖𝑘𝐚𝑘⋅𝐫 com a posição 𝐫 aparece no produto interno com a direção 𝐚𝑘, ou seja, o campo terá fase e amplitude constantes em todas as regiões onde 𝐚𝑘 ⋅ 𝐫 for constante. 𝐚𝑘 ⋅ 𝐫 = 𝑑 ⇒ ⇒ 𝐄(𝐫) = 𝐄0𝑒−𝑖𝑘𝑑 = |𝐄0|𝑒𝑖(𝜑−𝑘𝑑) Imediatamente identificamos o lugar geométrico 𝐚𝑘 ⋅ 𝐫 = 𝑑 como o plano a uma "distância" 𝑑 da origem na direção 𝐚𝑘 (𝑑 pode ser negativo, implicando a direção oposta). Assim, vemos que essa solução tem frente de onda (lugar geométrico de fase constante) plana, daí seu nome. 𝐚𝑘 𝑑 𝐫 𝑥 𝑦 𝑧 Campos transversais Utilizando a Lei de Gauss (no meio homogêneo e sem fontes): ∇ ⋅ (𝜀𝐄0𝑒−𝑖𝐤⋅𝐫) = 0 ⇔ ⇔ − 𝑖𝐤 ⋅ 𝐄0𝑒−𝑖𝐤⋅𝐫 = 0 ⇔ ⇔ 𝐤 ⊥ 𝐄0 Se calcularmos o campo magnético correspondente: 𝐇(𝐫) = − 1 𝑖𝜔𝜇 ∇ × 𝐄(𝐫) = 1 𝜂 𝐚𝑘 × 𝐄(𝐫) Vemos assim que 𝐄, 𝐇 e 𝐤 formam um triedro direito. Como ambos os campos elétrico e magnético são perpendiculares à direção de propagação, esse tipo de onda é chamada TEM (transverse electromagnetic). 𝜂 = √𝜇 𝜀 [Ω] : impedância intrínseca do meio (no vácuo: 𝜂0 = 376,7 Ω ≅ 120𝜋 Ω) Polarização (Cheng 8-2.3; Balanis 4.4) Linear 𝐤 = 𝑘𝐚𝑧 𝐄 = 𝐸0𝐚𝑥𝑒−𝑖𝑘𝑧 𝐇 = 𝐸0𝜂 𝐚𝑦𝑒 −𝑖𝑘𝑧 Circular esquerda 𝐤 = 𝑘𝐚𝑧 𝐄 = 𝐸0(𝐚𝑥 + 𝑖𝐚𝑦)𝑒−𝑖𝑘𝑧 𝐇 = 𝐸0𝜂 (𝐚𝑦 − 𝑖𝐚𝑥)𝑒 −𝑖𝑘𝑧 A polarização é definida pela relação de magnitudes e defasagem entre as componentes do vetor campo elétrico (ou magnético) no plano transversal da onda. Ela reflete o desenho que a ponta do vetor de campo descreve ao longo do tempo em um determinado plano transverso. • Linear • Circular esquerda ou direita • Elíptica esquerda ou direita Esfera de Poincaré (Balanis 4.4.4) Considerando-se a onda com propagação no sentido 𝐚𝑧, seu estado de polarização pode ser representado unicamente por um ponto na superfície de uma esfera através da longitude 2𝜏 e latitude 2𝜉 . O ângulo 𝜏 é a inclinação da elipse de polarização e é medido do eixo 𝑥 ao eixo maior da elipse (0 ≤ 𝜏 ≤ 𝜋), enquanto 𝜉 é o arco-tangente da razão entre os eixos menor e maior. Por convenção 𝜉 > 0 para polarização à esquerda e 𝜉 < 0 para polarização à direita, de modo que −𝜋4 ≤ 𝜉 ≤ 𝜉 4 . |𝐄+𝑥 | |𝐄+𝑦 | 𝜏 𝜉 ℰ+𝑥 ℰ+𝑦 𝜋 4 𝜋 8 𝜉=0 − 𝜋8 − 𝜋4 𝜏=0 − 𝜋4 − 𝜋 2 − 3𝜋4 𝜋 Meio com perdas (Cheng 8-3; Sadiku 10.3) Em um meio homogêneo e sem fontes impressas (𝐉𝑖 = 0, 𝜌𝑖 = 0), mas possivelmente com perdas, obtemos a seguinte equação de onda: ∇2𝐄 + 𝜔2𝜇 (𝜀 − 𝑖𝜎 𝜔 ) 𝐄 = 0 Note que apesar de não termos fontes impressas, temos correntes de condução 𝐉 = 𝜎𝐄. Tanto na equação de onda quanto na lei de Ampère fica clara a equivalência entre um meio condutor (𝜎 ≠ 0) e um dielétrico com perdas (ℑ{𝜀} ≠ 0). Separamos as partes reale imaginária de 𝜀 = 𝜀′ − 𝑖𝜀″ e agrupamos as perdas dielétricas com a condutividade para obter 𝜎ef = 𝜎 + 𝜔𝜀″: 𝜀 − 𝑖𝜎 𝜔 = 𝜀′ − 𝑖 (𝜀″ + 𝜎 𝜔 ) = 𝜀′ − 𝑖𝜎ef 𝜔 Solução da equação de onda com perdas Consideramos agora apenas o caso em que as partes real e imaginária do vetor de onda (que agora será complexo) apontam na mesma direção e sentido. Sem perda de generalidade escolhemos essa direção como sendo 𝐚𝑧. Usamos agora a notação mais comum em problemas de guiamento substituindo 𝑘 (ou, para ser exato, 𝑖𝑘) pela constante de propagação complexa 𝛾 = 𝑖𝑘 = 𝛼 + 𝑖𝛽 , com 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ. Substituindo essa solução na equação de onda obtemos: 𝐄(𝐫) = 𝐄0𝑒−𝛾𝑧 ⇒ ⇒ 𝛾2𝐄0𝑒−𝛾𝑧 − 𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)𝐄0𝑒−𝛾𝑧 = 0 ⇔ ⇔ 𝛾 = ±√𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀) 𝛼 [Np/m] : constante de atenuação 𝛽 [rad/m] : constante de fase Solução da equação de onda com perdas A escolha do sinal ± indica apenas que a onda pode propagar-se em ambos os sentido ao longo de 𝑧, de modo que a solução completa é: 𝐄 = 𝐄+0 𝑒 −𝛾𝑧 + 𝐄−0 𝑒 +𝛾𝑧 = 𝐄+0 𝑒 −𝛼𝑧𝑒−𝑖𝛽𝑧 + 𝐄−0 𝑒 +𝛼𝑧𝑒+𝑖𝛽𝑧 𝐇 = − 1 𝑖𝜔𝜇 ∇ × 𝐄 = 𝛾 𝑖𝜔𝜇 𝐚𝑧 × 𝐄 = 1 𝜂 𝐚𝑧 × 𝐄 Com 𝛾 e 𝜂 dados por: 𝛾 = 𝛼 + 𝑖𝛽 = √𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀) = 𝑖𝜔√𝜇𝜀′ (1 − 𝑖 𝜎ef 𝜔𝜀′ ) 1 2 𝜂 = 𝑖𝜔𝜇 𝛾 = √ 𝑖𝜔𝜇 𝜎 + 𝑖𝜔𝜀 = √ 𝜇 𝜀′ (1 − 𝑖 𝜎ef 𝜔𝜀′ ) − 12 Dielétricos de baixas perdas (Cheng 8-3.1; Sadiku 10.4) Este caso ocorre quando 𝜇 ∈ ℝ e 𝜎ef ≪ 𝜔𝜀′, tipicamente em bons isolantes. Comumente consideramos 𝜎 = 0 e 𝜀″ ≪ 𝜀′, de modo que aplicando uma expansão em série para 𝛾 obtemos: 𝛾 = 𝑖𝜔√𝜇𝜀′√1 − 𝑖𝜀 ″ 𝜀′ ≅ 𝑖𝜔√𝜇𝜀′ [1 − 𝑖 𝜀 ″ 2𝜀′ + 1 8 (𝜀 ″ 𝜀′ ) 2 ] 𝛽 ≅ 𝜔√𝜇𝜀′ [1 + 1 8 (𝜀 ″ 𝜀′ ) 2 ] 𝛼 ≅ 𝜔𝜀 ″ 2 √ 𝜇 𝜀′ Uma maneira de especificar as perdas de um meio dielétrico é utilizando a tangente de perdas, definida como: tan 𝛿𝑑 = 𝜎ef 𝜔𝜀′ ou, se 𝜎 = 0, tan 𝛿𝑑 = 𝜀″ 𝜀′ Bons condutores (Cheng 8-3.2; Sadiku 10.6) Um bom condutor é um meio com 𝜇 ∈ ℝ e 𝜎ef ≫ 𝜔𝜀′. Assim: 𝛾 = 𝑖𝜔√𝜇𝜀′√1 − 𝑖 𝜎ef 𝜔𝜀′ ≅ (1 + 𝑖)√𝜔𝜇𝜎ef 2 𝛼 ≅ 𝛽 ≅ √𝜔𝜇𝜎ef 2 Nos condutores é útil o conceito de profundidade de penetração 𝛿𝑐, definida como a distância para a qual a amplitude do campo decai de um fator 𝑒−1, ou seja, 𝛿𝑐 = 1𝛼 ≅ √ 2 𝜔𝜇𝜎ef . Ainda para o caso de bons condutores observamos pela expressão da impedância que o campo magnético é atrasado 45° em relação ao campo elétrico: 𝜂 = √ 𝜇 𝜀′ (1 − 𝑖 𝜎ef 𝜔𝜀′ ) − 12 ≅ (1 + 𝑖)√ 𝜔𝜇 2𝜎ef = √ 𝜔𝜇 𝜎ef 𝑒𝑖 𝜋4 Gases ionizados (Cheng 8-3.3) Um caso de interesse especial em propagação atmosférica é o da ionosfera (de 50 km a 500 km de altitude aproximadamente), composta por gases ionizados produzidos quando a radiação ultravioleta do Sol é absorvida pelos átomos e moléculas que a compõem. Consideramos o caso de um gás ionizado (plasma) com uma densidade volumétrica de elétrons 𝑁 sob efeito de um campo elétrico harmônico 𝐄. Sendo 𝑚0 a massa do elétron e 𝑒0 sua carga (em módulo), temos a seguinte equação de movimento: −𝑒𝐄 = 𝑚0 d2𝐫 d𝑡2 = −𝑚0𝜔2𝐫 De onde podemos obter o vetor de polarização do do meio e sua constante dielétrica: 𝐏 = 𝑁 𝐩 = −𝑁𝑒0𝐫 = − 𝑁𝑒20 𝑚0𝜔2 𝐄 Gases ionizados Podemos então calcular a constante dielétrica do meio como: 𝜀 = 𝜀0 [1 − ( 𝜔𝑝 𝜔 ) 2 ] = 𝜀0 [1 − ( 𝑓𝑝 𝑓 ) 2 ] onde 𝑓𝑝 = 𝜔𝑝 2𝜋 = 1 2𝜋√ 𝑁𝑒20 𝑚0𝜀0 ≅ (9 Hz) √ 𝑁 . Assim, considerando 𝜎 = 0 e 𝜇 = 𝜇0: 𝛾 = 𝑖𝜔 𝑐 √1 − ( 𝑓𝑝 𝑓 ) 2 𝜂 = 𝜂0 √1 − (𝑓𝑝𝑓 ) 2 Notamos que há propagação quando 𝑓 > 𝑓𝑝, mas caso contrário 𝛾 ∈ ℝ e haverá atenuação sem propagação, formando-se o que é chamado onda evanescente. A frequência em que ocorre a mudança da onda propagante para a evanescente (neste caso 𝑓𝑝) é a frequência de corte. Expressões para diferentes meios Caso geral Baixas perdas Condutores Gás ionizado 𝜀, 𝜇 ∈ ℂ 𝜇 ∈ ℝ 𝜇 ∈ ℝ 𝜇 = 𝜇0 , 𝜎 = 0 𝜎 ∈ ℝ 𝜀″ ≪ 𝜀′ 𝜎ef ≫ 𝜔𝜀′ 𝜀 = 𝜀0 [1 − (𝑓𝑝/𝑓) 2] 𝛼 ℜ {√𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)} 𝜔𝜀 ″ 2 √ 𝜇 𝜀′ √𝜔𝜇𝜎ef 2 𝜔 𝑐 √𝑓 2 𝑝 𝑓 2 − 1 , 𝑓 < 𝑓𝑝 𝛽 ℑ {√𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)} 𝜔√𝜇𝜀′ [1 + 1 8 (𝜀 ″ 𝜀′ ) 2 ] √𝜔𝜇𝜎ef 2 𝜔 𝑐 √1 − 𝑓 2𝑝 𝑓 2 , 𝑓 > 𝑓𝑝 𝜂 √ 𝑖𝜔𝜇 𝜎 + 𝑖𝜔𝜀 √ 𝜇 𝜀′ (1 + 𝑖 𝜀 ″ 2𝜀′ ) (1 + 𝑖)√ 𝜔𝜇 2𝜎ef 𝜂0 √1 − 𝑓 2 𝑝 𝑓 2 𝑢𝑝 𝜔 𝛽 1 √𝜇𝜀′ [1 − 1 8 (𝜀 ″ 𝜀′ ) 2 ] √ 2𝜔 𝜇𝜎ef 𝑐 √1 − 𝑓 2 𝑝 𝑓 2 , 𝑓 > 𝑓𝑝 Velocidade de grupo (Cheng 8-4) Um sinal que transporta informação não pode ser formado por uma única frequência (por que?), mas geralmente por um pequeno espectro de frequências centradas ao redor de alguma portadora. A velocidade de grupo é a velocidade de propagação do grupo de frequências (envelope do pacote de ondas). 𝐸(𝑧, 𝑡) = 𝐸0 cos[(𝜔0 + Δ𝜔)𝑡 − (𝛽0 + Δ𝛽)𝑧] + 𝐸0 cos[(𝜔0 − Δ𝜔)𝑡 − (𝛽0 − Δ𝛽)𝑧] = = 2𝐸0 cos(Δ𝜔𝑡 − Δ𝛽𝑧) cos(𝜔0𝑡 − 𝛽0𝑧) Considerando Δ𝜔 ≪ 𝜔0, teremos uma oscilação de alta frequência com argumento 𝜔0𝑡 − 𝛽0𝑧 envolta por um envelope de baixa frequência dado por Δ𝜔𝑡 − Δ𝛽𝑧. Se calcularmos a velocidade do envelope teremos: 𝑢 = d𝑧 d𝑡 = Δ𝜔 Δ𝛽 Velocidade de grupo slope: 𝑢𝑝 = 𝜔𝛽 > 𝑐 slope: 𝑢𝑔 = d𝜔d𝛽 < 𝑐 𝛽 𝜔 0 𝜔𝑝 𝛽 = 𝜔𝑐 𝛽 = 𝜔𝑐 √1 − 𝜔 2𝑝 𝜔2 Para o caso geral de um espectro contínuo de frequências ao redor de uma portadora podemos chegar a uma expressão similar, que definimos como a velocidade de grupo: 𝑢𝑔 = ( d𝛽 d𝜔 ) −1 A velocidade de grupo representa a velocidade de transmissão de sinais de banda estreita. Para o caso do gás ionizado, por exemplo: 𝑢𝑔 = ( d𝛽 d𝜔 ) −1 = 𝑐√1 − 𝑓 2𝑝 𝑓 2 , para 𝑓 > 𝑓𝑝 Transmissão de potência (Cheng 8-5; Sadiku 10.7) Consideramos inicialmente um meio sem perdas e calculamos o vetor de Poynting para a solução de onda plana: 𝐏 = 1 2 𝐄 × 𝐇∗ = 1 2𝜂 𝐄 × (𝐚𝑘 × 𝐄∗) = |𝐄|2 2𝜂 𝐚𝑘 𝐏𝑚 = ℜ{𝐏} = |𝐄|2 2𝜂 𝐚𝑘 O vetor de Poynting tem a mesma direção do vetor de onda 𝐤, ou seja, a potência é transmitida na mesma direção da propagação de fase. Qual é a potência total transmitida por uma onda plana? Qual o significado desse resultado? Potência: meios com perdas Analisamos agora o caso em que há perdas no meio considerando apenas a onda que se propaga no sentido de 𝐚𝑧: 𝐄 = 𝐄+0 𝑒 −𝛼𝑧𝑒−𝑖𝛽𝑧 e escrevendo a impedância do meio como 𝜂 = |𝜂|𝑒𝑖𝜃, uma vez que ela será complexa. 𝐏 = 1 2 𝐄 × 𝐇∗ = |𝐄| 2 2𝜂∗ 𝐚𝑧 = |𝐄+0 | 2 2|𝜂| 𝑒−2𝛼𝑧𝑒𝑖𝜃𝐚𝑧 𝐏𝑚 = ℜ{𝐏} = |𝐄+0 | 2 2|𝜂| 𝑒−2𝛼𝑧 cos(𝜃)𝐚𝑧 Neste caso é importante notar que a densidade de potência transmitida decai ao longo do sentido de propagação com o dobro da constante de atenuação em decorrência das perdas. Exemplo: determinar o vetor de Poynting para bons condutores e gases ionizados acima e abaixo do corte. Bel É comum utilizarmos uma escala logarítmica para trabalhar com potência, que transformam as relações de perdas (ou ganhos) de produtos para somas. Dada uma relação entre potências 𝑃2𝑃1 , que pode representar uma perda ou ganho no sistema, definimos a unidade Bel que mede essa relação em escala logarítmica: 𝐿 = 10 log10 𝑃2 𝑃1 [dB] (Note que utilizamos a unidade mais comum decibel: 1 dB = 10−1B.) Também utiliza-se unidades logarítmicas de potência relativa para casos particulares de 𝑃1: 𝑃dBW = 10 log10 𝑃 1 W [dBW] 𝑃dBm = 10 log10 𝑃 1 mW [dBm] 𝑃dBμ = 10 log10 𝑃 1 µW [dB𝜇] Atenuação Podemos então transformar a constante de atenuação de Np/m para dB/m através da seguinte relação: 𝑃𝑚(𝑧) = 𝑃0𝑒−2𝛼𝑧 ⇒ ⇒ 𝑃𝑚(𝑧0 + Δ𝑧) = 𝑃𝑚(𝑧0)𝑒−2𝛼Δ𝑧 ⇒ ⇒ 𝐿 = 10 log10 𝑃𝑚(𝑧0 + Δ𝑧) 𝑃𝑚(𝑧0) = 10 log10 (𝑒 −2𝛼Δ𝑧) ⇒ ⇒ 𝛼dB/m = − 𝐿 Δ𝑧 = 20𝛼 log10 𝑒 ≅ 8.686𝛼 Podemos então escrever a densidade de potência transmitida em 𝑧 = 𝑧0 + Δ𝑧 a partir de 𝑧 = 𝑧0 como: 𝑃dBm(𝑧0 + Δ𝑧) = 𝑃dBm(𝑧0) − 𝛼dB/mΔ𝑧 Exercícios sugeridos Cheng: • P.8-2 • P.8-5 • P.8-6 • P.8-10 • P.8-11 • P.8-13 • P.8-16 • P.8-17 Sadiku: • P 10.24 • P 10.26 • P 10.37 • P 10.42
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