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Resenha Crítica - Documentário Netflix - Estou me guardando para quando o carnaval chegar Aluno: Rafaela Freitas Dos Santos Matrícula: 19.1.3393 ______________________________________________________________________ O documentário “Estou me guardando para quando o carnaval chegar” retrata a pequena cidade do interior de Pernambuco, Toritama. A cidade que no passado vivia da agricultura rural, atualmente se tornou um centro ativo do capitalismo local, que produz cerca de 20 milhões de jeans anualmente nas chamadas “facções”, as fábricas caseiras. O documentário em questão, busca contar a história daqueles que trabalham em condições precárias, pessoas que se denominam autônomas, e praticamente todos nesse ramo demonstram alegria pelo fato de serem “donos do próprio nariz”, forçados apenas pela necessidade de produzir em larga escala. Entretanto, encaram jornadas desumanadas, assim permanecendo falsamente contentes por uma autonomia, no mínimo, bastante relativa e desprovida de valor. Os habitantes de Toritama são vítimas do capitalismo, pessoas que vivem as suas existências de maneira mecanizada, com um trabalho gerado dentro de casa, incansável e sempre em busca de lucrar cada vez mais. As pessoas trabalham por 16 horas ou mais por dia, se dizem satisfeitos em trabalhar muito, justificando uma autonomia, de ser o próprio patrão, sem perceber que estão sendo escravizadas por elas mesmas. Uma cidade sem ambição, sem fome de conhecimento, sem teatro, biblioteca, cinema ou qualquer outro ambiente de lazer que não seja as praças para brincadeiras infantis e o espaço natural em si. No entanto, no carnaval, as pessoas deixam tudo que economizaram e “acumularam” para trás, e vendem tudo que conquistaram a partir do trabalho duro, para aproveitar a folga de alguns dias e viajar. Para eles, é mais do que apenas viajar, é encontrar a felicidade por uma semana. E o único meio que eles encontram de conseguir bancar a viagem é vendendo tudo. Por fim, esse documentário conseguiu ir muito mais além, foi possível gerar críticas sobre o trabalho dito “autônomo”, que se transforma numa espécie de auto escravidão, assim como no lazer interpretado como luxo. Além disso, o documentário revela a crescente desumanização do mercado de trabalho brasileiro, trabalhadores sem direitos trabalhistas e ganhando apenas por produção, e ainda precisam sacrificar qualquer espaço de lazer para alcançarem uma renda digna, e vivem com a ilusão de estarem inseridos num sistema justo.
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