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1 CONTINUOUS BENEFIT (BPC): ITS IMPACTS ON BENEFICIARIES' LIFE UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA-(BPC): SEUS IMPACTOS NA VIDA DOS BENEFICIÁRIOS JACQUELINE DE FREITAS SOARES FERRAZ DO AMARAL Graduando do Curso de Serviço Social da Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (UNEF) – Polo Itambé-BA EDUARDO ANTONIO PEDREIRA PAIVA A.S. Me. Orientador, Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (UNEF) RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar, mediante pesquisa bibliográfica, os impactos do Benefício de Prestação Continuada na vida dos beneficiários, toda a sua trajetória desde seu surgimento, e uma breve retrospectiva aos fatos que antecederam o seu surgimento. Aspectos sobre os direitos que assistem o público alvo desse benefício, que é a população idosa e as pessoas com deficiência também serão analisados. Deste modo, buscou evidenciar o debate sobre as dificuldades de acesso e os impactos na vida do beneficiário, adotando método de pesquisa qualitativa, com base na Constituição Federal, leis e normativos pertinentes, livros e obras publicadas até chegar à discussão da problemática do estudo que é o BPC. Palavras- chave: Seguridade Social, Assistência Social, Benefício de Prestação Continuada. ABSTRACT The present work aims to analyze, through bibliographical research, the impacts of the Benefit of Continued Provision in the lives of beneficiaries, its entire trajectory since its inception, as well as a brief retrospective of the facts that preceded its emergence. Aspects about the rights that assist the target public of this benefit, which is the elderly population and people with disabilities will also be analyzed. In this way, it sought to highlight the debate on the difficulties of access and the impacts on the life of the beneficiary, adopting a qualitative research method, based on the Federal Constitution, relevant laws and regulations, books and published works, until reaching the discussion of the problem of the study that is the BPC. Keywords: Social Security, Social Assistance, Continuous Cash Benefit. 2 1 INTRODUÇÃO A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social (BRASIL, 1988). Parte do trinômio da seguridade social no Brasil, a assistência social é considerada um direito social, será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (BRASIL, 1988; 1993; BOSCHETTI, 2002). A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade social não contributiva, que deve prover os mínimos sociais, realizadapor meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas (BRASIL, 1993). É a partir desse marco regulatório que todas as legislações que fundamentam as principais políticas de assistência social do Brasil vão se basear (BOSCHETTI, 2002; 2006). A instituição do BPC no Brasil foi realizada pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988), artigo 203, inciso V, regulamentada em 1993 pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei n 0 . 8.742, de 07 de dezembro de 1993), complementada e retificada pelo Decreto Federal n 0 . 1.744, de 08 de dezembro de 1995, pela Medida Provisória n 0 . 1.426/1996, posteriormente Lei n 0 . 9.720, de 30 de novembro de 1998 (BRASIL, 2007d). Hoje, o BPC está regulamentado pelos Decretos n 0 . 6.214, de 26 de setembro de 2007, e n 0 . 6.564, de 12 de setembro de 2008. O BPC substituiu a Renda Mensal Vitalícia (RMV) que, no âmbito da previdência social, concedeu entre 1975 e 1996 uma renda a pessoas idosas e com deficiência que comprovassem sua incapacidade para o trabalho. É um benefício operacionalizado pelo INSS e financiado com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS (BOSCHETTI, 2006). O presente trabalho científico terá por finalidade a realização de um estudo sobre o Benefício de Prestação Continuada e seus impactos na vida dos beneficiários. Nesse sentido, o problema desse estudo se propôs conhecer os impactos do BPC na vida dos beneficiários. O BPC será a solução dos problemas financeiros dos idosos e deficientes, ou apenas um paliativo. Sendo considerado um direito individual, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) encontra previsto nas leis que determinam as políticas de assistência social. Desse modo, além de estar previsto no Artigo 203 da Carta Magna de 1988, tem sua regulamentação descrita na Lei 8.742/93 conhecida como Lei Orgânica da 3 Assistência Social (LOAS). Presumindo teoricamente uma possível resposta ao problema enumerou-se como pressuposto: O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema único de Assistência Social-SUAS e para acessá-lo não é necessário ter contribuído com a Previdência Social. É um benefício individual, não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 1(um) salário mínimo ao idoso, com 65(sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Concordantemente, o objetivo geral selecionado foi: Analisar e dissertar sobre o Benefício de Prestação Continuada e seus impactos na vida dos beneficiários. Nos objetivos específicos foram determinadas as fases de investigação, sendo elas: Pesquisar como os beneficiários acessam e obtém conhecimento sobre o benefício, identificar como o benefício está sendo utilizado pelo beneficiário e investigar se o benefício vem oferecendo mudanças na vida dos beneficiários. Assim sendo, o presente artigo será dividido em 4 unidades temáticas. Na primeira unidade observará questões conjunturais, tais como a Assistência Social, a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e a Norma Operacional Básica- NOB/SUAS, onde o Benefício de Prestação Continuada está previsto como benefício assistencial, que compreende a provisão de 1 (um) salário mínimo destinado ao idoso, a partir dos 65 anos e a pessoa portadora de deficiência que não tenha condições de prover sua sobrevivência. A segundo unidade temática consiste em reflexões sobre BPC, esclarecendo sua origem e fazendo um levantamento da trajetória da operacionalização do BPC, com o intuito de recuperar a construção das orientações normativas do caminho operativo do benefício desde a sua origem até o ano de 2010 e, dessa forma, poder traçar os elementos constitutivos da lógica sustentadora deste caminho. O capítulo dois também verifica o requisito de miserabilidade em relação ao BPC presente na LOAS, e procura identificar quais são os benefícios assistenciais na Lei 8.742/93. A terceira unidade temática explicita-se a seguridade social no que compete nos seus 4 desdobramentos em assistência social, previdência social e saúde, apresentando rapidamente as características de cada elemento, como histórico, conceito e princípios. Nesse capítulo, apresentamos um breve histórico da SeguridadeSocial e Previdência Social nas contribuições brasileiras, ao longo do tempo, até a atual Constituição Federal de 1988, o amplo conceito de seguridade social e os princípios adotados por ela e que até então a regem. Na quarta unidade temática busca conhecer o trabalho do/a assistente socialno âmbito do INSS. Inicialmente, acordaremos sobre Serviço Social Previdenciário a partir da década de 1940, em seguida abordaremos quais as principais mudanças provocadas no processo de acesso ao BPC com a utilização da avaliação social realizada pelo Serviço Social nas agências do INSS, discutiremos as dificuldades e os desafios postos aos assistentes sociais no processo de avaliação social em relação as questões éticas, materiais e técnicas do trabalho profissional, considerando as condições de trabalho, os princípios ético-políticos do Serviço Social. Pondere-se, que a pesquisa em questão aprecia um tema relevante para as ciências sociais aplicadas com o objetivo de tornar mais evidente as questões que dizem respeito aos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada, o instrumento de pesquisa foi primordial, uma vez que possibilitou conhecer e observar as diferentes realidades que se apresentam. Esta pesquisa tem uma importância justificada, até mesmo pelo tema escolhido Benefício de Prestação Continuada e seus impactos na vida dos beneficiários. Aliado ao crescimento do número de pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada em todo o Brasil, este benefício constitui-se no único benefício assistencial previsto na Constituição Federal de 1988, sendo que o maior aporte de recurso do FNAS (Fundação Nacional de Assistência Social) é destinado ao pagamento do Benefício de Prestação Continuada. Este estudo tem ainda relevância social, uma vez que consegue atingir uma parcela da população brasileira que se encontra desprovida de direitos, pois vários brasileiros não possuem condições de contribuir com o sistema previdenciário, e com o Benefício de Prestação Continuada uma vez que atendam aos critérios de concessão podem acessar facilmente o mesmo e assim ter acesso a renda. 5 A causa da escolha desta temática definiu-se por meio da prática de estágio curricular realizado no CRAS Felipe Achy na cidade de Itambé-BA, no período de 14 de setembro a 09 de novembro de 2021 e posteriormente de 04 de abril a 30 de maio de 2022. As atividades desenvolvidas no CRAS, dentre elas, a de orientação e encaminhamento do BPC, despertou-me para o estudo da trajetória histórica do referido benefício e suas contradições. Na obsernação empírica constatou-se que o BPC possui caráter extremamente focalista e se restringe as pessoas de extrema vulnerabilidade social, sendo assim, negando o direito universal assegurado através da Constituição Cidadã e ferindo a concepção de direito em sua plenitude. Para alcançar o desiderato científico proposto, será utilizada a metodologia de ampla pesquisa bibliográfica, adotando o método de pesquisa qualitativa, com base na Constituição Federal, Leis, Decretos, Portarias, Instruções Normativas, também foram coletados dados de artigos, livros e obras publicadas relacionadas ao tema para explanar entendimentos, pareceres e interpretações sobre a metodologia de análise e conceitos que norteiam a LOAS, e suas mudanças no decorrer dos anos. A metodologia é o “caminho pelo qual o pesquisador se guia para ter aproximações sucessivas da realidade” (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 42), com a intenção de compreendê-la e desvendá-la. Este trabalho parte desta concepção de metodologia que é orientada pela “contribuição da tradição marxista” (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 36) para a abordagem da política social, que promoveu uma guinada do ponto de vista da relação sujeito-objeto: uma perspectiva relacional, numa análise das políticas sociais como processo e resultado de relações complexas e contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e luta de classes que envolvem o capitalismo e recusa a utilização de enfoques restritivos ou unilaterais, comumente presentes para explicar sua emergência, funções ou implicações (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 36). Para realizar esta pesquisa, buscamos seguir os passos de Netto (2009) que aponta três momentos importantes no processo de pesquisa. Em primeiro lugar, o profissional necessita possuir uma visão global da dinâmica social concreta, precisa conjugar o conhecimento do modo de produção capitalista com a sua particularização na nossa sociedade. Após, o autor afirma que é preciso encontrar as principais mediações que vinculam o problema específico que se ocupa com as expressões gerais assumidas pela 6 “Questão Social” no Brasil contemporâneo e com as várias políticas sociais que se propõem a enfrentá-las. E por fim, o autor afirma que o profissional deve apropriar-se criticamente do conhecimento existente sobre o problema específico com o qual se ocupa, sendo necessário dominar a bibliografia teórica, a documentação legal, a sistematização de experiências, as modalidades das intervenções institucionais e instituintes, as formas e organizações de controle social, o papel e o interesse dos usuários e dos sujeitos coletivos envolvidos. Ademais, nas fases dessa pesquisa utilizou-se as Técnicas da Pesquisa Bibliográfica, conservando-se as palavras e idéias dos autores por meio da citação direta e da paráfrase. O resultado desse trabalho cientifíco contribuíu para dar maior visibilidade aos beneficiários, a fim de que toda população possa saber da existência desse benefício. Sensibilizando os leitores de que toda política social precisa ser acompanhada desde sua formulação, prevendo a avaliação do processo de implantação, compreendendo suas dificuldades e potencialidades. A perspectiva principal desta pesquisa é a valorização dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada. 7 2. A ASSISTÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA E SEU PERCURSO HISTÓRICO Durante longos anos, a assistência social no Brasil e no mundo, teve sua origem marcada por um caráter assistencialista, aliando seu percurso a filantropia, a caridade, e solidariedade religiosa. Fortemente ligado a Igreja, tinha suas atividades de assistência social ligadas ao recolhimento de esmolas, tutelando e controlando determinados grupos assistidos pautando seus atendimentos nas questões de higiene e saúde (BRASIL, 2010).É a parte mais extensa do trabalho e pode ser organizada em seções e subseções. Neste item, o pesquisador, discorre acerca da fundamentação teórica e a discussão. Na humanidade a prática da assistência é antiga. No Brasil, até 1930, não havia nenhum entendimento ou compreensão de que a pobreza se constituía em uma expressão da questão social, quando esta aparecia na sociedade era tratada como caso de polícia, considerada ainda como uma disfunção individual (BRASIL, 2010). Emergindo como profissão a partir do background acumulado na organização da filantropia própria a sociedade burguesa, o Serviço Social desborda o acervo das suas protoformas ao se desenvolver como um produto típico da divisão social e técnica do trabalho da ordem monopolística. Originalmente parametrado e dinamizado pelo pensamento conservado, adequou-se ao tratamento dos problemas sociais tomados nas suas refrações individualizadas (NETTO, 1996, p.5). Com o fortalecimento das lutas sociais e trabalhistas, e o grande crescimento da classe operária, o Estado se vê obrigado a dar uma resposta àpopulação. Donde após esse embate o Estado chama para si a responsabilidade, e inicia-se a ampliação da área social preferencialmente nas relações trabalhistas. Constatou-se que era preciso controlar este movimento, sendo esta a primeira missão do Serviço Social brasileiro (BRASIL, 2010). O Serviço Social brasileiro teve forte influencia européia. Assim, iniciou a construção de um sistema público de proteção social. A Constituição Federal de 1988 impulsionou uma significativa reorganização da agenda social brasileira, posicionando o cidadão no centro desse processo como sujeito de direitos. Além disso, a participação e a descentralização à condição de diretrizes para a organização das políticas públicas (BRASIL, 2010). Este modelo de proteção social, de base contributiva excluía os trabalhadores informais, pois somente estavam assegurados aqueles trabalhadores que tinham carteira de trabalho assinada, ou seja, que contribuíam com a Previdência Social. Aos desamparados, 8 impossibilitados de acessar o mercado de trabalho, era necessário buscar auxílio junto as entidades e organizações não governamentais, ficando assim rotulados de pobres, carentes, desempregados, incapazes; sendo responsabilizados pela situação em que se encontravam, percebidos como desprovidos de direitos (BRASIL, 2010). Historicamente o Serviço Social surgiu no Brasil na década de 1930. Nesse período, o país passava por um período turbulento, com diversas manifestações da classe trabalhadora, que reivindicava por melhores condições de trabalho e justiça social. Em meio a essa pressão, o governo decide controlar através da criação de organismos normalizadores e disciplinares das relações de trabalho, como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Foi nesse período então, que a Igreja Católica passou a oferecer uma formação específica para moças de famílias tradicionais com intuito de exercer ações sociais. Surgindo assim, em 1936 a primeira Escola de Serviço Social, em São Paulo, vinculado a Igreja Católica. Aldaíza Sposati (2007) define assistência social como “política de garantia de direitos de prevenção e proteção social através de serviços, benefícios, programas, projetos, monitoramento e trabalhos sociais” (p.449). Entretanto, no interior da sociedade há uma grande confusão na definição do que é assistência social, se é prática assistencialista ou política pública garantida pela Constituição Federal. Segundo Sposati (2007), isso se configura a partir da cultura política brasileira que enxerga a assistência social como “ajuda aos mais pobres” ou, como bem coloca a autora, ajuda aos “pobres envergonhados”. Essa parcela da população não é reconhecida como cidadã, ao contrário, é vitimizada e privada de seus direitos, visto que o Estado negligencia o seu papel de provedor da proteção social, que 18 não deve ser “nem compensatória, nem residual, nem caritativa, nem assistencialista, mas sim política pública de direitos” (p.447). Portanto, apesar desses direitos que compõem a seguridade social estarem normatizados e garantidos na Carta Magna do Brasil, o exercício desses direitos está condicionado a processos sociais, que segundo Fernandes (2000) “não estão subordinados a estatutos legais, mas às relações de forças entre as classes” (p. 43). Nesse sentido, Mota (2000) afirma que a seguridade social brasileira está longe de formar um amplo e articulado mecanismo de proteção. Pelo contrário, com os avanços da privatização e da mercantilização das políticas de saúde e previdência, restringindo o 9 acesso da população a essas políticas, a assistência social vem se ampliando e servindo como instrumento de legitimação da burguesia brasileira, que vem fazendo uso desses mecanismos de expansão de medidas relacionadas à proteção social desde a era Vargas, e que se potencializou na década de 1990, onde a privatização e a assistencialização da proteção social eram as tendências para o futuro da seguridade social e que vem se concretizando progressivamente. O pensamento liberal não reconhece a proteção social como um direito desatrelado do direito ao trabalho, por isso qualquer tipo de assistência aos indivíduos “excluídos”1 do mercado, é ideologicamente visto como amparo, favor, filantropia, etc. (MESTRINER, 2005, p. 287). A proteção social dos anos 1930 a 1964 concentrou-se basicamente na regulamentação das relações entre capital e trabalho através de um Estado autoritário que buscava legitimar-se por meio de medidas regulatórias e assistencialistas. O que aponta para formação de “um sistema de proteção social de tipo conservador ou meritocráticoparticularista, com fortes marcas corporativas e clientelistas na consagração de privilégios e na concessão de benefícios” (COUTO, 2008, p.96). Já o período de 1964 a 1985, no que diz respeito aos direitos civis, políticos e sociais, caracteriza-se pela aniquilação dos dois primeiros e pela restrição das ações do governo na área social, cuja proteção social era baseada no mérito, cerceando qualquer participação popular, e cuja finalidade era tão somente a sustentação política do regime autoritário. Neste sentido, vemos que o Estado sempre buscou atuar sobre a contradição entre capital e trabalho de maneira paliativa, por meio da “assistência” e da filantropia, através de práticas educativas e de ajustamento. Uma maneira manter a ordem e de amenizar os conflitos e tensões sociais, impedindo o protagonismo dos sujeitos. (MESTRINER, 2005, p. 290) O Estado também contribui para difusão deste equivocado conceito de assistência social quando vincula o termo a ações de cunho emergencial, voltadas apenas ao atendimento das carências mais extremas das populações em pobreza absoluta sem, no entanto, garantir o acesso desta população às políticas de seguridade social, onde por conta disso, muitos desempregados e idosos sem possibilidade de acesso a previdência social, e 10 os demais “excluídos” do mercado de trabalho, recorrem a programas de transferência de renda e de assistência social, que ocupam uma parcela cada vez maior no orçamento público (MOTA, 2009, p. 135-144). Foi na década de 90, que o Serviço Social começou a tomar grandes dimensões no mundo e no Brasil, especialmente em relação a questões sociais e que ferem os direitos a cidadania, moral e ética. Com a ampliação de seus campos de atuação, ele passou a atuar no chamado terceiro setor, nos conselhos de direitos e a ocupar funções de assessoria. Nessa mesma época, devido às mudanças ocorridas tanto na sociedade, quanto na categoria, a profissão foi regulamentadapela Lei 8662, de 7 de junho de 1993, que legitima o Conselho Federal de Serviço Social e os Conselhos Regionais. Diante de toda a trajetória de afirmação da Assistência Social como política social, demonstra que as inovações legais estabelecidas na Constituição Federal, na LOAS, na Política Nacional de AssistênciaSocial e na Norma Operacional Básica (SUAS), por si sós, são incapazes de modificar de imediato o legado das práticas de assistência social sedimentadas na ajuda, na filantropia e no clientelismo. As mudanças propostas precisam ser compreendidas, debatidas, incorporadas e assumidas por todos os envolvidos no processo de gestão da Política de Assistência Social, em todos os níveis da federação. Considerando a atual conjuntura política, social e econômica em que se insere a Política de Assistência Social é necessário compreender os limites e constrangimentos de ordem estrutural, que comprometem asua efetividade. Apesar de todos os esforços e avanços, ainda permanece um abismo entre os direitos garantidos constitucionalmente e a sua efetiva afirmação. A investigação do processo de execução da Política de Assistência Social é uma medida importante, na perspectiva de implementação do Sistema Único de Assistência Social, capaz de analisar, avaliar e construir conhecimentos sobre a área. Rumo a concretização dos pressupostos contidos na CF/88 e na LOAS, em 1997 foi aprovada a primeira Norma Operacional Básica que conceituou o sistema descentralizado e participativo da política de Assistência Social. Em dezembro de 1998, foi definido o primeiro texto da Política Nacional de Assistência Social. No mesmo ano, foi editada uma Norma Operacional Básica de conformidade com o disposto na Política Nacional de Assistência Social. Esses instrumentos normativos estabelecem as condições de gestão, de financiamento, de controle social, de competências dos níveis de governo com a gestão da política, de comissões de pactuação e negociação e de avaliação. Criam, por exemplo, 11 conselhos deliberativos e controladores da Política de Assistência Social, Fundos Especiais para alocaçãode recursos financeiros específicos da Assistência Social e órgãos gestores da Política de Assistência Social, em todos os níveis de governo, além de Comissões Intergestoras Bipartites e Tripartites. Em 2004, após um movimento de discussão nacional, foi aprovada uma nova Política Nacional de Assistência Social na perspectiva de implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Consequentemente, em 2005, fez-se necessário a edição de uma Norma Operacional Básica que definisse as bases para a implantação do Sistema Único de Assistência Social. Os instrumentos de regulação da Política de Assistência Social em vigor são, portanto, a CF/88, a LOAS/93, a Política Nacional de Assistência Social/2004 e a Norma Operacional Básica/ SUAS/2005. Atualmente, a implementação do Sistema Único de Assistência Social no Brasil, é meta assumida conjuntamente por todos os entes federados, num Plano de Estratégias e Metas Decenais, deliberado na Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em dezembro de 2.005. Na mesma Conferência, foi aprovado o Decálogo de Direitos Socioassistenciais. Todos os municípios e estados brasileiros elaboraram relatórios das Conferências Municipais e Estaduais, contendo um álbum de fotografias (assim denominado porque registra a condição atual de gestão da Política de Assistência Social nos municípios, nos estados e no Distrito Federal) e o plano de metas para implementação do SUAS. Disso se verifica que a Política de Assistência Social vem avançando muito rapidamente em sua regulação pelo Estado, na definição de seus parâmetros, padrões, prioridades. Resta o imenso desafio de operacionalizar os benefícios, serviços e projetos de acordo com os parâmetros, padrões e critérios do Sistema Único de Assistência Social, sob a lógica da proteção social. A Legião Brasileira de Assistência- LBA foi uma das primeiras instituições responsáveis pela assistência social brasileira, criada para dar apoio às famílias dos militares combatentes da segunda guerra mundial. Foi fundada por iniciativa das senhoras da elite da sociedade onde o objetivo era “prover as necessidades das famílias cujos chefes hajam sido mobilizados, e, ainda prestar decidido concurso ao governo em tudo que se relaciona ao esforço de guerra” (IAMAMOTO, 2007, p.250). Desta maneira a assistência social era vista pelo viés do dever moral da sociedade, reforçando a idéia do não direito. Mais tarde a LBA torna-se uma fundação e seus serviços são ampliados para aqueles que não possuíam nenhum tipo de proteção social vinculada ao trabalho formal, 12 passando a atender a essas famílias em situações emergenciais e a gerir e executar a política nacional de assistência. Como visto anteriormente, o início da década de 1980 foi registrado por uma série de mudanças na economia do Brasil, nesse período o país passou por grandes turbulências devido à elevação dos preços internacionais. Essas transformações colocaram o Brasil em um posicionamento de alta restrição externa, decorrente do aceleramento das importações petrolíferas, que resultaram á elevação dos preços internacionais, e a expansão da dívida em moeda estrangeira. Teixeira aponta “a raiz da aceleração inflacionária crescente estava à crise cambial vivida pela economia brasileira”, que era captado como algo improvável de elevar o nível de reservas (TEIXEIRA, 1992 p. 88-89). Em decorrência das crises e o aumento da dívida externa houve grandes transformações no campo político do Brasil. Conforme Amorim, A Crise da Dívida acaba por tornar insustentável o modelo de desenvolvimento anterior, guia, até então, do crescimento econômico do Brasil. Ali, quando as fontes de financiamento desapareceram, todo o arranjo vivido ruiu de uma só vez e determinou o surgimento de duas impossibilidades fundamentais por parte do moderno Estado brasileiro, nascido a partir de 1930: I. A impossibilidade de continuar administrando a aliança heterogênea entre elites com poder econômico e/ou político-regional no plano interno; II. A impossibilidade de este Estado manter unido o tripé (capital estrangeiro,capital privado nacional e recursos estatais) que, desde os anos 1950, sustentou o país na rota daindustrialização acelerada, embora desigual e socialmente injusta. A primeira impossibilidade surgiu devido ao Estado brasileiro, após o processo de estatização da dívida e a alta internacional dos juros,ter visto seu programa de intervenção econômica tornar-se inviável, impedindo a administração de conflitos em sua base de sustentação política (AMORIM, 2009, p.16). Reafirmando ainda Amorim, no plano interno; II. A impossibilidade de este Estado manter unido o tripé (capital estrangeiro, capital privado nacional e recursos estatais) que, desde os anos 1950, sustentou o país na rota da industrialização acelerada, embora desigual e socialmente injusta. A primeira impossibilidade surgiu devido ao Estado brasileiro, apóso processo de estatização da dívida e a 13 alta internacional dos juros, ter visto seu programa de intervençãoeconômica tornar-se inviável, impedindo a administração de conflitos em sua base de sustentação política (AMORIM, 2009, p.16). Com a danificação do padrão de financiamento estabelecido e a sequente incapacidade de manter as altas taxas de crescimento econômico, ficou complicada a execução das alianças heterogêneas que envolviam as elites econômicas e político regionais. Dessa forma, o começo dos anos 80 foi caracterizado por deterioração econômica e política. Durante a redemocratização ocorrida no Brasil na década de 80, posteriormente a ditadura militar, instigou distintos segmentos sociais e políticos da sociedade unificando trabalhadores, movimentos sociais, entidades de toda ordemna luta pela hegemonia, democracia, justiça social e pela constituição de uma carta cidadã. Como afirma Sposati, “que fosse capaz de afiançar os direitos humanos e sociais como responsabilidade pública e estatal” (SPOSATI, 2009, p.13). Conforme a Constituição, A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção daintegração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser alei (BRASIL, 1988, Art. 203). De acordo com a Constituição Federal “a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988, Art.194). Concomitante Lei Federal nº 8.742, A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizadaatravés de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o 14 atendimento às necessidades básicas (BRASIL, 1993, Art. 1º). Portanto, após cinco anos da Constituição Federal, o primeiro avanço foi sancionado no Brasil: a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (Lei Federal nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993), que introduziu um novo sentido para assistência social. A LOAS substitui a visão centralizada e caritativa, sendo um avanço naconstrução da cidadania, promovendo novos critérios, rompendo com as benesses,e legitimando uma nova era na formulação e implementação da política de assistência social aos excluídos e vulnerabilizados da população. Sendo um instrumento legal regulamentador dos artigos 203 e 204 da Constituição Federal1988 que preconiza, As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento daseguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político- administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e nocontrole das ações em todos os níveis (BRASIL, 1988, Art. 204). Aprovada em 07 de dezembro de 1993, a Lei Orgânica da Assistência Social, regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição, e: “definindo claramente os objetivos e diretrizes da assistência social, a forma de organizações e a gestão das ações socioassistenciais, reforçando a assistência social como sistema descentralizado, com participação popular e financiado pelo poder público, conforme prescreve a Constituição Federal . A LOAS avança na distribuição de competências da assistência social entre as esferas de governo, define o caráter, a composição e as atribuições das instâncias deliberativas, bem como a estrutura de financiamento da área.” (BRASIL, 2010, p. 39). Fica ainda evidente a primazia do Estado no financiamento, gestão e execução da assistência social. A Lei Orgânica da Assistência Social organiza ainda a assistência social na forma de um sistema descentralizado e participativo. “Descentralizado porque passa a ser responsabilidade das três esferas de governo,respeitado, em cada nível, o comando único das ações. Isso implica a co- responsabilidade no financiamento dos serviços, benefícios, programas e projetos socioassistenciais pelos três níveis de governo (BRASIL, 2010). A Lei Orgânica da Assistência Social também prevê que Estado, municípios e 15 Distrito Federal deve instituir seus conselhos. Para fins de financiamento da política de assistênciasocial, é necessário que estes entes tenham formalizadosos conselhos, os planos de assistência social e os fundos municipais. Os repasses de recursos se dão através do Fundo Nacional de Assistência Social, sendo a responsabilidade de cada órgão competente pela gestão da política, sendo submetidos ao controle e fiscalizaçãodos conselhos de assistência social (BRASIL, 2010). 16 2.1 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC COMO DIREITO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) se configura como um direito materializado na garantia de um salário mínimo em caráter mensal aos que possuem deficiência e ou é classificado como idoso que, comprovadamente, não possuem condições deprover à própria manutenção ou de ter provimento por meio do seu núcleo família consoante no art. 238 da CF/88. (BRASIL, 1998). A temática referida é pauta recorrente em discussões que envolvem a assistência socialno Brasil, como também para os operadores do direito. O que fazque a pauta transite entre todos os agentes envolvidos nesta política. De modo que o Benefício de Prestação Continuada se configura como uma importante ferramenta no sistema de assistência no país. Sendo uma garantia assegurada constitucionalmente conforme disposto no art. 203, inciso V, da Constituição Federal de 1988. A partir daí, a pessoa com deficiência e ou idosa segundo os critérios dispostos pelo IGBE, isto é acima de 65 anos, são eleitos para receber o benefício em regime mensal de um salário mínimo. Para esse fim, é imprescindível que se comprove a não posse de renda, como também a obtenção de provimento pela família. Ainda, sobre os comandos de assistência social, o art. 203 da CF/1988 dispõe sobre objetivos para prestações, serviços, programas e projetos concernentes à assistência no Brasil. Claramente o inciso V da Constituição Federal prevê o pagamento de benefício de assistência social. O dispositivo apresenta em seu teor o conceito constitucional de BPC: A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária. V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (BRASIL, 1988, ART. 203) Adivindo dessa previsão constitucional, o Benefício de Prestação Continuada ainda 17 é mencionado pelos arts. 20 e 21 da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), sendo regulamentado pelo Decreto n. 6.214, de 26.09.2007, tendo a redação dada pelo Decreto n. 7.617/2011. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) operacionalizado pelo direito previdenciário é uma importante ferramenta de debate e dialogo que objetiva a efetivação e cumprimento das políticas de assistência social no Brasil para proporcionar a transformação social. Em resumo a aplicabilidade da Lei Orgânica de Assistência Social não deve ser entendida como um mero aspecto assistencialista, mas um importante e potente instrumento de integração e do beneficiário a vida em comunidade. Assim, essa máxima também é conceituada pela autora Marisa Ferreira Santos: Assistência Social é instrumento de transformação social, e não meramente assistencialista. As prestações da assistência social devempromover a integração e a inclusão do assistido na vida comunitária, fazer com que, a partir do recebimento das prestações assistenciais, seja “menos desigual‟ e possa exercer atividades que lhe garantam a subsistência. (FERREIRA, Marisa, 2021, p.69) Publicada no dia 02/04/2020 a Lei nº 13.982/20, que trouxe o intuito de promover alterações no beneficio assistencial previsto na Lei 8.742/93 abreviadamente conhecida como LOAS. De modo geral, a lei citada inicialmente modificou a mudança no critério de miserabilidade com previsão no paragrafo 3º, art. 20 da lei de 8.742/93; excluiu do beneficio assistencial ou previdenciário de 1 (um) salario mínimo do cálculo da renda mensal per capita; e ampliou o critério de miserabilidade no período de pandemia do Coronavírus (Covid-19). Iniciando as explanações de maneira sucinta, a primeira mudança baseada no critério de miserabilidade, nota-se que Antes da Lei nº 13.981/2020, a Lei nº 8.742/93 previa o seguinte: “Art. 20 (...) § 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.” No entanto o STJ ao analisar tal dispositivo afirmou que não deveria ser usado como absoluto, apontando perante julgado a seguir: (...) A Terceira Seção do STJ, ao apreciar o REsp 1.112.557/MG, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC/1973, firmou a compreensão de que o critério objetivo de renda per capita mensal inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo - previsto no art. 20, § 3°, da Lei 8.742/93 - não é o único parâmetro para aferir hipossuficiência,podendo tal condição ser constatada por outros meios 18 de prova. (STJ. 2ª Turma. REsp 1797465/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/03/2019). Com isso a lei vigente alterou o texto para tal forma: “Art. 20 (...) § 3º Considera- se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosaa família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/2 (meio) salário-mínimo.”(lei 13.981/20), mas somente deverá ser aplicado no período de calamidade pandêmica referente ao Covid-19. Sobre a exclusão do benefício assistencial ou previdenciário, a legislaçãoem conjunto com os tribunais judiciais entrou em conformidade, assim, a Lei nº 13.982/2020 acrescentou o § 14 ao art. 20 da Lei nº 8.742/93. Ficando da seguinte forma: Art. 20 (...) § 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício previdenciáriono valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com deficiência não será computado, para fins de concessão do benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família, no cálculo da renda a que se refere o § 3º deste artigo. Finalmente, houve a ampliação do critério de miserabilidade no período pandêmico do Covid-19, em outras palavras, esse novo artigo afirma que, durante o período de pandemia do Covid-19, o INSS poderá conceder o BPC mesmo que fique demonstrado que a renda mensal per capita é superior a 1/4 do salário- mínimo, desde que seja de até 1/2 salário-mínimo e se cumpram determinados requisitos. Ficando assim inserido: Art. 20-A. Em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (Covid-19), o critério de aferição da renda familiar mensal per capitaprevisto no inciso I do § 3º do art. 20 poderá ser ampliado para até 1/2 (meio) salário-mínimo. De acordo com a Constituição Federal vigente no Brasil, a pessoa com deficiência ou idoso que comprovem não possuir recursos financeiros para o seu próprio sustento, deve ser apta a receber a garantia de um salário mínimo de benefício mensal. O que foi dito está presente no artigo 203, inciso V, da CF/88, que diz: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir 19 meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (BRASIL,1988, ART 203) Desse modo é entendido que a teoria do BPC (Benefício da Prestação Continuada), deve ser compreendida e aplicada a uma pessoa com deficiência ou idosa, e o critério de miserabilidade significa a hipossuficiência econômica em que a pessoa apresenta para fins de concessão do benefício assistencial situado na Lei 8.742/93, presente no artigo 20, parágrafo 3º. Para além, o Decreto 6.214/17, apresenta uma conceituação para o cálculo da renda per capita em que a família deve ter. Essa exigência legal encontra no artigo 4°, inciso IV, do decreto citado acima, em que estabelece que a família do idoso ou deficiente para que a solicitação do benefício seja aferida positivamente, a renda mensal bruta da família seja dividida entre o número de integrantes e dê o percentual inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Por fim, esse rendimento inclui-se pensões alimentícias, comissões, pró-labore, do trabalho não assalariado, entre outros de mesma natureza. Convém ressaltar que o requisito da miserabilidade presente na Lei 8.742/93 é considerado um tema controverso, justamente pela idealização por parte do poder judiciário de que esse critério seja algo defasado, principalmente por entender que sujeito assistido seja idoso e ou deficiente deve comprovar de forma total a sua situação de hipossuficiência econômica. No entanto, quando a renda per capita familiar é superior a ¼ do salário mínimo desemboca em uma ilegibilidade dando margem a uma possível desassistência. Sobre a discordância, Ivan Kertzman afirmar que: Não poderíamos deixar de comentar a forte polêmica jurisprudencial acerca da possibilidade de flexibilização do critério objetivo de definição de pessoa incapaz deprover o próprio sustento ou de tê-lo provido pela família trazido pelo §3º, do art. 20, da Lei 8.742/93 (renda familiar per capita inferior a ¼ de salário mínimo). O STF havia pacificado o entendimento com base em diversos julgados fundamentados na decisão proferida em sede de ADI 1.232/98 de que é inadmissível a concessão do benefício assistencial a necessitado quando a renda familiar per capita for superior ao estabelecido na Lei - Em recentes decisões, o Supremo Tribunal começou a alterar o entendimentoanteriormente consolidado, julgando ser possível a flexibilização do critério estabelecido pela lei. Porem deve-se provar em tese a falta de condição de sustento. Já o Superior Tribunal de Justiça, de forma majoritária tem entendido que a comprovação do requisito da renda familiar per capita não superior a ¼ do salário mínimo 20 não exclui outros fatores que tenham o condão de aferir a condição de miserabilidade da parte autora e de sua família, necessária à concessão do benefício assistencial corroborando com a lógica que não deve-se privar o benefícioassistencial somente em pela renda familiar per capita inferior a ¼ de salário mínimo. Somando força a isso, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais chegou até a redigir uma a Súmula 11 em que é disposto: “A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, §3º, da Lei n. 8.742de 1993, desde que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante” (KERTZMAN, Ivan,2012, p. 467). Atualmente, perante os termos da Lei nº 12.435/ 11, compõe a família para aferição do beneficio, além do requerente, os pais, o cônjuge ou companheiro, e caso haja ausência de um deles, inclui-se a madrasta ou padrasto, irmãos solteiros, enteados ou filhos solteiros, desde que vivam sob o mesmo teto. Sendo assim, o conceito de deficiência previsto na lei vigente não se confunde somente aos que portam deficiência física, sobre isso segue o entendimento do seguinte julgado: Previdenciário. Benefício de prestação continuada. Art. 20, § 2o da lei 8.742/93. Portador do vírus hiv. Incapacidade para o trabalho e paraprover o próprio sustento ou de tê-lo provido pela família. Laudo pericial que atesta a capacidade para a vida independente baseado apenas nas atividades rotineiras do ser humano. Impropriedade do óbice à percepção do benefício. Recurso desprovido. I – A pessoa portadora do vírus HIV, que necessita de cuidados frequentes de médico e psicólogo e que se encontra incapacitada, tanto para o trabalho, quanto de prover o seu próprio sustento ou de tê- lo provido por sua família – tem direito à percepção do benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei 8.742/93, ainda que haja laudo médico-pericial atestando a capacidade para a vida independente. II – O laudo pericial que atesta a incapacidade para a vida laboral e a capacidade para a vida independente, pelo simples fato da pessoa não necessitar da ajuda de outros para se alimentar, fazer sua higiene ou se vestir, não pode obstar a percepção do benefício, pois, se esta fosse a conceituação de vida independente, o benefício de prestação continuada só seria devido aos portadores de deficiência tal que su- primisse a capacidade de locomoção do indivíduo –o que não parece ser o intuito dolegislador. III – Recurso desprovido. (REsp. nº 360202. DJ 1º julho. 2002) Deve ser registrado que o Supremo Tribunal Federal sustentou esse entendimento mesmo após a edição de legislação que adentrou novos critérios para aferição da pobreza, tal qual a Lei no 10.836/04. Nesse sentido, decidiu o Tribunal que “leis que disciplinem outros benefícios 21 não tem o condão de alterar as disposições da Lei no 8.742/93, que tem como fim especifica regulamentar aquele beneficio constitucionalmente previsto”. (Rcl n. 2323/05). A posição do Tribunal experimentou compassiva alteração a partir do julgamento da Rcl nº 4.374, onde restou decidido: [...] Portanto, mantendo-se firme o posicionamento do Tribunal em relação à consti- tucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei no 8.742/93, tal como esposado no julgamento da ADI 1.232, o mesmo não se poderia afirmar em relação ao que decidido na Rcl – AgR 2.303/RS, Rel. Min. EllenGracie (DJ 1.4.2005). O Tribunal parece caminhar no sentido de se admitir que o critério de 1/4 do salário-mínimo pode ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduo e de sua família para concessão do benefício assistencial de que trata o art. 203, inciso V, da Constituição. Entendimento contrário, ou seja, no sentido damanutenção da decisão proferida na Rcl 2.303/RS, ressaltaria ao menos a inconstitucionalidade por omissão do § 3o do art. 20 da Leino 8.742/93, diante da insuficiência de critérios para se aferir se o deficiente ou o idoso não possuem meiosde prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, como exige o art. 203, inciso V, da Constituição. A meu ver, toda essa reinterpretação do art. 203 da Constituição, que vem sendo realizada tanto pelo legislador como por esta Corte, pode ser reveladora de um processo de inconstitucionalizaçãodo § 3o do art. 20 da Lei no 8.742/93. Diante de todas essas perplexidades sobre o tema, é certo que o Plenário do Tribunal terá que enfrentá-lo novamente. Ademais, o próprio caráter alimentar do benefício em referência torna injustificada a alegada urgência da pretensão cautelarem casos como este. Ante o exposto, indefiro o pedido de medida liminar. (Rcl. Nº 4374, DJ 6 fev. 2007, decisão singular Min. Gilmar Mendes). Com isso, finalizam-se as alterações previstas sobre o tema, abarcando outro entendimento fático referente à aferição do BCP (Benefício da Prestação Continuada) por onde o Supremo Tribunal de Justiça e Superior Tribunal Federal trazem ajustes por meio de casos práticos para que o tema esteja sempre acompanhando os preceitos da sociedade que se altera com o tempo. Como já foi mensionado anteriormente o critério de miserabilidade inserido na LOAS, é encontrado no parágrafo 3º do artigo 20, considerando-se incapaz de prover à manutenção da pessoa idosa ou deficiente a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto)do salário mínimo. Como visto, a Lei 8.742/93 abarca dois tipos de modalidades de benefícios assistenciais, sendo eles: Benefício Eventual em casos de excepcionalidade quese configura uma modalidade de provisão e proteção social básica com caráter suplementar e temporário, que integra organicamente as garantias do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), objetivando os princípios da cidadania edireitos sociais humanos e o 22 Benefício continuado, ora já supracitado. Disserto aqui, sobre os benefícios eventuais que tem amparo através da legislação legal presente tanto na LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) quanto no decreto nº 6.307, de 14 de dezembro de 2007, ambas se complementam e colarobora para assegurar o direito a proteção social básica. Conforme é preconizado pelo o Sistema Único de Assistência Social (Suas), de provimento municipal e estadual. Sobre os benefícios eventuais é transcrito que: Embora não estejam explicitamente definidos na Loas, os Benefícios Eventuais constituem, na história da política social moderna, a distribuição pública de pro-visões materiais ou financeiras a grupos específicos que não podem, com recursos próprios, satisfazerem suas necessidades básicas. Trata-se de um instrumento protetor diferenciado sob a responsabilidade do Estado que, nos termos da Loas, não tem um fim em si mesmo, posto que inscreve em um espectro mais amplo e duradouro de proteção social, do qual constitui a providência mais urgente. (Pereira, 2010, p. 11) Trata-se de um benefício socioassistencial, em que a responsabilidade deve ser dividida entre os municípios e os estados federados, isso possibilita que uma responsabilidade subjetiva ganhe espaço em que se materializa na transferência de responsabilidades entre os órgãos superiores. Concernente à concessão de benefícios eventuais é disposto que: Em decorrência, não é casual que a prática da concessão dos benefícios eventuais venha apresentando as seguintes tendências: cada governo municipal os concedem, denominam provêem e administram, de acordo com o seu entendimento, valendo-se quase sempre, do senso comum para, dentro de suas possibilidades financeiras gerenciais, atender contingências sociais prementes. Têm-se, assim, Os benefícios eventuais junto à política de assistência social: algumas considerações O Social em Questão - Ano XVII - nº 30 - 2013 277 pg 273 - 286 num espaço não desprezível de participação da Assistência Social como política pública e direito de cidadania a condenável prática do assistencialismo que, além de desafiar os recentes avanços no campo assistencial, vem se afirmando como um não-direito social. (PEREIRA, 2010, p.20). Conquanto, ainda tem alguns benefícios eventuais e publico assistido, presente no Decreto 6.307 de 2007. De inicio,tem-se o auxílio por natalidade, presente no artigo 3°, que tem finalidade de atender, assegurar e conferir suporte as necessidades do neonato e sua 23 progenitora no contexto puerperal e materno infantil como também, existe desfecho de óbito intrauterino e pós-parto materno ou neonatal. Este auxílio visa diminuir as vulnerabilidades e debilidades decorrentes do desfecho obstétrico onde as limitações fisiológicas e psicológicas impossibilitam o exercício de atividades laborais. A partir disso a lei Estadual, discorre: O auxilio natalidade deve ser realizado até noventa dias após o nascimento. Parágrafo Único. O auxilio natalidade deve ser pago até trinsta dias após o requerimento, e a morte da criança não inabilita a família de receber o benefício. (Espírito Santo, 2007) O auxilio por morte, presente no artigo 4°, que em regra consiste a partir do procedimento de preparação e conservação do corpo, seguindo até o momento do translado e sepultamento. Com fulcro artigo 7°, o necessitado contará com o benéfico eventual na modalidade de vulnerabilidade temporária com intuito de enfrentamento de ocorrências de riscos, perdas e danos à integridade da pessoa de sua família e outras ocasiões sociais que afetem a sobrevivência. “O benefício eventual, na forma de auxilio funeral, constitui-se em uma prestação temporária, não contributiva da assistência social, em pecúnia, por uma única parcela, ou em bens de consumo, para reduzir a vulnerabilidade provocada por morte de membro da família”. (Espírito Santo, 2009) Por fim, é amparada no artigo 8°, para atendimento a vitimas de calamidade pública, essa máxima apresenta a ideia de garantir os meios imprescindíveis à sobrevivência da famíliae/ou da pessoa, com o escopo de garantir a dignidade e a reconstrução da autonomia das pessoas e famílias atingidas. Como descrito no texto essa premissa permite incluir qualquer evento ou ocorrência que inviabilize a sobrevivência. Em suma, o benefício de ordem eventual confere a diminuição de marcadores e determinantes sócias que ameace a dignidade da pessoa humana. Para, além disso, o beneficiode ordem continua conta com Benefício da Prestação Continuada (BPC), uma política pública previsto no art.203, inciso V da CF/88 disciplinado pela LOAS, nos arts. 20, 21 e 38. Os usuários do BPC são portadores de deficiência, sem possibilidade de trabalhar e pessoas idosas (a partir dos 65 anos de idade) que vivem em estado de pobreza, cujos rendimentos da família são ínfimos, não lhes dando condições de prover suas 24 necessidades básicas. De acordo com Santos (2011, p.2): As pessoas portadoras de deficiência e as pessoas idosas são segmentos historicamente excluídos do padrão, principalmente depois que o capital inseriu ideologicamente a subdivisão dos seres humanos entre “produtivos” e “improdutivos”. Nas últimas décadas, as discussões em torno da possibilidade de inclusão destas pessoas em ambientes até então tidos comoprivilégio e espaço das pessoas “produtivas”, ou seja, cujo trabalho possa ser explorado pelo capital, revertendo-os em cidadãos ativos na sociedade, adquiriu muita importância na atuação de profissionais comprometidos com os direitos de indivíduos e de grupos sociais excluídos, inclusive o Serviço Social. Estas pessoas que se enquadram nas exigências normativas do Benefício da Prestação Continuada (BPC) conseguiram um pouco de justiça social, que lhes foram negados por séculos. O Beneficio de Prestação Continuada – BPC é uma das maneiras de assegurar a inclusão das pessoas portadoras de deficiência e dos idosos na sociedade, na medida em que se propõe a suprir as carências econômicas da pessoa com deficiência e idosas, com o objetivo de garantir uma renda que venha assegurar o acesso aos meios de prover sua sobrevivência com dignidade (SANTOS, 2011). A LOAS conceitua pessoa com deficiência aquela que é incapacitada para a vida independente e para o trabalho, permitindo, assim, identificar qual a pessoa comdeficiência possui o direito do BPC. O Decreto nº 1.744/1995, que regulamentou o BPC, definiu como pessoa com deficiência “aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho em razão de anomalias ou lesões irreversíveis, de natureza hereditária, congênita ou adquirida que impeçam o desempenho das atividades da vida diária e do trabalho” (BRASIL, 2015). Coincidentemente, a Resolução nº 48/1996 da Organização das Nações Unidas (ONU), vem corroborar com a definição dada pela Loas sobre o que é pessoa deficiente. Assim, para a ONU, no seu artigo 17 considera como deficiência a perda ou limitação de oportunidades de participar da vida comunitária em condições de igualdade com as demais pessoas (ONU, 1996). Em 2009 foi promulgado o Decreto nº 6.949 que afirma: 25 Art. 1º - Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longoprazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2009). Em resumo, todas as definições sobre o que é pessoa deficiente são convergentes, apesar de tudo. Para ficar bastante claro, a seguir estão descritos os princípios básicos para se chegar ao termo pessoas com deficiência Segundo Teles da Silva (2010, p. 24): 1) não esconder ou camuflar a deficiência; 2) não aceitar o consolo da falsa ideia de que todo mundo tem deficiência; 3) 3) mostrar a realidade da deficiência; 4) valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência; 5) combater neologismos e expressões que tentam diluir as diferenças, tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com deficiências diferentes”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”. “É desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós somos imperfeitos”; 6) defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e necessidades especiais, que não devem ser ignoradas; 7) identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoascom deficiência). 26 2.2 – A SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL, ASSISTÊNCIA SOCIAL E SAÚDE Não se pode falar em seguridade social sem saber como surgiu esse importante instituto ao longo do tempo, sua realidade histórica e seu conceito e interpretar seus vários princípios, já que, a partir dessas informações, poderemos nos aprofundar no tema ‘Benefício de Prestação Continuada’. Segundo Pinto Martins (2018, p. 35), e “ao examinar o Direito da Seguridade Social, há a necessidade de lembrar de sua gênese e de seu desenvolvimento no decorrer do tempo, entendendo novos conceitos e instituições que foram surgindo com o passar dos lustros”. Não é de hoje que há essa preocupação com as adversidades da vida, pois, desde os primórdios, a sociedadeprocurava se assegurar de certos acontecimentos. Na Grécia antiga, por exemplo, havia sociedades chamadas de Hetairas eEranos, que visavam assegurar a sepultura e, para isso, estabeleciam uma assistência mútua. De acordo com Pinto Martins (2016), as Guildas ou Confrarias, que surgiram na Idade Média, eram associações que tinham características ou até mesmo fins religiosos, que englobavam pessoas de uma mesma profissão ou categoria, fazendo com que seus associados pagassem taxas anuais para, depois, poderem dispor desses valores em caso de ser acometidos por alguma doença, se ficassem pobres ou até mesmo para utilizar na idade senil. Na Inglaterra, foi publicada a Lei de Amparo aos Pobres (Poor Relief Act), noano de 1601, por causa do grande aumento da população inglesa, visando também evitar que acontecessem problemas sociais futuros. Essa lei estabelecia que pessoas que tinham posses (a elite) deveriam dar uma contribuição que era obrigatória, para que os pobres, que não dispunham do mínimo para se sustentar, recebessem um auxílio. Assim, quem era indigente poderia ser auxiliado pela paróquia. Cada paróquia tinha um inspetor dos pobres, que auxiliavam os pobres, recebiam as contribuições e as aplicava, fazendo com que as igrejas fizessem o papel de instituições religiosas e de Estado ao mesmo tempo. Já na Alemanha, segundo Ivan Kertzman (2014), criaram-se vários seguros sociais, instituídos por Otto Von Bismarck, para ter o apoio popular, mas que era 11 obrigatório 27 para os trabalhadores que recebiam, na época, até dois mil marcos, por ano se filiarem a essas sociedades seguradoras. Foi criado, por exemplo, o segurodoença, instituído no ano de 1883 e que era custeado pelo Estado, pelos empregadores e pelos empregados. Em 1884, foi criado um seguro custeado pelos empresários, caso acontecesse algum acidente de trabalho; e no ano de 1889, o seguro contra velhice e invalidez custeado pelo Estado, pelos empregados e pelos empregadores. No ano de 1917, surgiu a primeira Constituição que incluiu uma série de direitos sociais, como o seguro social - a Constituição do México - que estabelecia, por exemplo, que os empresários eram encarregados de pagar uma indenização correspondente ao dano sofrido pelo trabalhador em caso de alguma moléstia ou acidente decorrente do trabalho que exerciam. Essa constituição mexicana foi bastante significativa para uma nova fase que estava surgindo na época, chamadade constitucionalismo social, que iniciou por volta do Século XX, quando vários países começaram a elaborar Constituições que tratavam de diversos direitos sociais e, até, previdenciários. Depois da Constituição do México, vieram várias outras constituições, como a soviética, em 1918 e a Constituição de Weimar, em 1919, que tratavam dos direitos sociais e previdenciários. No mesmo ano de 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), visando notabilizar a previdência social. Apareceram também muitas outras leis internacionais sobre o assunto. Aqui no Brasil, na Constituição de 1824, só havia um artigo relacionado à seguridade social, que constituía os socorros públicos, no artigo 179, XXXI, como se vê a seguir: Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte. XXXI. A Constituição tambem garante os soccorros publicos. A primeira instituição privada a funcionar em 1835 chamava-se Mongeral (Montepio Geral dos Servidores do Estado), que estabelecia o mutualismo. Trata-se de um sistema ao qual as pessoas aderem e se associam e pagam cotas para se amparar em casos de risco. De acordo com Ivan Kertzman (2014), na Constituição de 1891, pela primeira vez, foi estipulada uma aposentadoria, já que não havia fonte de contribuição para financiar esse tipo de benefício, que era concedida aos 12 funcionários públicos, caso ficassem inválidos no serviço da Nação. Porém não pôde ser um marco previdenciário 28 mundial e estava presente no artigo 75: Art. 75 - A aposentadoria só poderá ser dada aos funcionários públicos em caso de invalidez no serviço da Nação. A Constituição de 1937 não evoluiu em relação à questão da previdência social, como as constituições anteriores, e só se referiu a ela em duas alíneas do artigo 137, uma das quais (a alínea m) instituía seguros contra velhice, invalidez, acidente de trabalho e vida, enquanto a outra (a alínea n) estabelecia que as associações dos trabalhadores deveriam prestar auxílio ou assistência a seus associados, no que se referia às práticas judiciais ou administrativas concernentes aos seguros sociais e de acidentes de trabalho. A primeira norma brasileira a estabelecer a previdência social foi o Decreto nº4.682/1923, mais comumente chamado de Lei Eloy Chaves, que criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões, em nível nacional, para os ferroviários e para os próprios funcionários das Caixas, além de professores que lecionavam em escolas que eram mantidas pelas empresas ligadas às Caixas de Aposentadorias e Pensões. A Lei Eloy Chavesvisava conceder estabilidade ao ferroviário que trabalhasse durante, pelo menos,dez anos na mesma empresa. Então, ao se tornar um trabalhador estável, elecontinuava trabalhando na empresa e ia acumulando contribuições para que, no futuro, conseguisse uma quantia para se aposentar, segundo Sérgio Pinto Martins (2016). Na Constituição de 1834, já havia o custeio por parte do empregado, do empregador e do ente público e já se tratava sobre a assistência médica e sanitária para a gestante e para o trabalhador. À gestante era assegurado o direito de descansar, antes e depois do parto, sem que seu emprego e seu salário fossem prejudicados, assim como instituição da Previdência, por meio de contribuições igualitárias entre o empregado, o empregador e a União, para amparos em caso de invalidez ou, até, de morte, por exemplo. Na Constituição de 1946, a matéria previdenciária foi inserida no mesmo artigo que se referia ao Direito do Trabalho - o artigo 157. No entanto, a expressão seguro social deu lugar à expressão previdência social e se manteve a tríplice forma de custeio (entre a União, o empregador e o empregado) presente nas constituições anteriores. A Constituição de 1967 também não se modernizou em relação à 13 anterior, segundo Sérgio Pinto Martins (2016), reiterando os preceitos do artigo 157 da Constituição de 1946. Além disso, ela assegurava aposentadoria com salário integral para a mulher que alcançasse trinta anos de trabalho, por exemplo. 29 Na Emenda Constitucional de 1969, também não houve alterações consideráveis em relação às duas constituições anteriores, pois se repetiu a ideia de manter o conteúdo previdenciário no mesmo artigo que tratava do Direito do Trabalho - o artigo 165 - como a Constituição de 1967 versava, porém em artigos diferentes. Nesse mesmo artigo citado, vários eram os incisos que falavam sobre a previdência social, como por exemplo, o salário- família para dependentes, no inciso II, ou a aposentadoria depois de trinta anos de trabalho da mulher, no inciso XIX. Por fim, veio a Constituição de 1988, que vigora até os dias de hoje, que traz um capítulo só para tratar da Seguridade Social, presente entre os artigos 194 e 204, e que se subdivide em três gêneros: a Saúde, a Previdência Social e a Assistência Social, a respeito dos quais falaremos brevemente mais adiante. Segundo Ivan Kertzman (2014, p. 27), “o legislador constituinte agregou essas três áreas na seguridade social, devidoà inter-relação que pode ser facilmente observada entre elas”. De acordo com Pinto Martins (2016, p. 58), “o Direito da Seguridade Social é o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Desse modo o Estado é que se encarrega de todo o sistema de seguridade social, organiza seu custeio e oferece serviços e benefícios. O órgão subordinado ao Ministério da Previdência Social que é encarregado de realizar essas funções é o Instituto Nacional do Seguro Social - o INSS. O objetivo da Seguridade Social é de atender às necessidades da sociedade, se acontecer alguma adversidade com alguma pessoa, como invalidez ou tratamento médico, por exemplo, seja ela contribuinte ou não do sistema, nos casos em que não possa prover seu sustento e o de sua família. A Seguridade Social também é um conjunto de princípios. Pinto Martins (2016, p. 91) assevera que o termo “princípio vem do latim principium, princippi, que significa origem, começo, base”, como o Princípio da Igualdade, segundo o qual todos são iguais perante a lei, sem que haja qualquer distinção. Esse é um princípio geral, mas aplicável à Seguridade Social. Outro princípio geral que pode se aplicar é o Princípio da Igualdade, 30 que determina que o Estado só é obrigado a pagar certo benefício se houver previsão legal ou alguma contribuição se também existir lei prévia. Já a Previdência Social é definida como um seguro social que é garantido aos trabalhadores, com o propósito de lhes assegurar a subsistência quando estiver submetido a uma incapacidade ou quando se aposentar. Esse seguro é de caráterpúblico e limitado. Previdência Social também é o nome dado ao órgão do Estado que tem a competência para administrar a concessão dos benefícios aos trabalhadores. É administrado pelo Ministério da Previdência Social. De acordo com Pinto Martins (2016, p. 413), “a Previdência Social é um segmento da Seguridade Social, composto de um conjunto de princípios, de regras ede instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediantecontribuição do segurado, que tem por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, contra contingências de perda ouredução da sua remuneração, de forma temporária ou permanente, de acordo com a previsão da lei”. Presente no artigo 6° da Constituição Federal de 1988 como um dos direitos fundamentais sociais, a Previdência Social tem seu alicerce voltado para adignidade humana, o que consta nos princípios constitucionais, e no que tange aosobjetivos da República, mais especificamente, o de erradicar a pobreza e de reduzir as desigualdades sociais. Tendo em vista seu caráter público, institucional econtributivo, o trabalhador beneficiário, chamado de segurado, deve se inscrever na previdência, onde receberá um número de identificação do trabalhador (NIT), paraque possa contribuir e, em casos de impossibilidade de trabalho e aposentadoria, receber o benefício. A Previdência Social pode conceder benefícios em casos de morte, doença, invalidez e desemprego do segurado. Existe também a responsabilidade para efetuar o pagamento de valores do salário-família, auxílio reclusão e pensão por morte, por exemplo, o que envolve três diferentes tipos de regime: o geral, o próprio e o complementar. O regime geral é aquele que concede benefícios da previdência e funciona com contribuições mensais de empregadores, empregados, trabalhadores autônomos e os que trabalham no meio rural, bem como os contribuintes individuais. Já o regime próprio é voltado para os servidores públicos e obrigatório para servidores públicos dos entes federativos que os tenham adotado como regime de previdência. Por fim, tem-se o regime complementar, que é um 31 tipo específico de previdência complementar, de caráter não vinculativo e não obrigatório ao regime geral, que pode ser usado de forma individual ou pelas entidades que têm previdência complementar. Segundo o art. 201 da Constituição Federal dispõe: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. § 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar- lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: 32 I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comproveexclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistériona educação infantil e no ensino fundamental e médio. § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdênciasocial e pelo setor privado. § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e naforma da lei. § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias debaixa renda, garantindo- lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. Cabe ressaltar, que a previdência social possui princípios e diretrizes próprias que regem seu sistema como um todo, atenta-se para o art. 3º da Leinº 8.212 e o art. 2º da Lei nº 8.213/1991, que juntos compõem uma numerosa quantidadede princípios, no que se cita: [...] a. universalidade de participação nos planos previdenciários, mediante contribuição. Qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários desde que contribua; b. valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do salário-de- contribuição ou de rendimento do trabalho do segurado, não 33 inferior ao do salário mínimo; c. cálculo dos benefícios, considerando-se os salários-de- contribuição, corrigidos monetariamente; d. preservação do valor real dos benefícios (§ 4º do art. 201 da Constituição); e. previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional; f. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (inciso II do art. 2º da Lei nº 8.213); g. seletividade e distributividade na prestação dos benefícios (inciso III do art. 2º da Lei nº 8.213). h. irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar- lhes o poder aquisitivo; i. caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados. j. solidariedade. Os ativos contribuem para financiar os benefícios dos inativos. A solidariedade social, até um certo valor, deve ser obrigatória, pois, do contrário, não se pode falar na manutenção do sistema de Previdência Social. A baixa renda do trabalhador o impediria de contribuir se o sistema fosse voluntário, pois iria usar todo o numerário para honrar seus compromissos. k. a contrapartida é um princípio da Previdência Social, pois não há beneficio sem custeio. Deve haver o custeio para o pagamento do beneficio. Não pode haver contribuição sem benefício, nem benefício sem contribuição. A contrapartida visa observar o equilíbrio econômico- financeiro do sistema. Segundo João Ernesto Aragonês Vianna, não há que se confundir inscrição com filiação. De acordo com o art. 20 do Decreto nº 3.038/1999 filiação é uma relação jurídica que ocorre entre os contribuintes e a previdência social, tendo ambos direitos e obrigações recíprocas. O segurado obrigatório tem sua filiação automática diante do trabalho remunerado, e o segurado facultativo acontece com opagamento da primeira contribuição. Sobre a inscrição é o registro no cadastro da previdênciasocial. Desta feita, o art. 18 do Decreto anteriormente citado dita as linhas mestras da inscrição do segurado da previdência social, havendo necessidade de Segundo João Ernesto Aragonês Vianna, não há que se confundir inscrição com filiação. De acordo com o art. 20 do Decreto nº 3.038/1999 filiação é uma relação jurídica que ocorre entre os contribuintes e a previdência social, tendo ambos direitos e obrigações recíprocas. O 34 segurado obrigatório tem sua filiação automática diante do trabalho remunerado, e o segurado facultativo acontece com opagamento da primeira contribuição. Sobre a inscrição é o registro no cadastro da previdênciasocial. Desta feita, o art. 18 do Decreto anteriormente citado dita as linhas mestras da inscrição do segurado da previdência social, havendo necessidade de: A inscrição do segurado empregado e trabalhador avulso será efetuada diretamente na empresa, sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra e a dos demais no INSS. Deve ser observada a idade mínima de 16 anos para a inscrição do segurado em qualquer categoria. Nesse ponto, uma observação é importante. A consideração da idade mínima deve levar em conta a legislação de regência à época da prestação do serviço. Assim, para período anterior, é possível a computação de tempo de serviço em função de idade menor do que 16 anos. Para finalizar este tópico sobre a Previdência Social, é importante que falar de alguns benefícios existentes que serão concedidos aos beneficiários citados acima. Temos como benefícios da Previdência Social, por exemplo, a aposentadoria portempo de contribuição, um benefício que é concedido aos trabalhadores desde que comprovem 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, mulher. Outro benefício que pode ser concedido é a aposentadoria especial, devida ao trabalhador que exerce atividades com exposição a agentes nocivos a sua saúde. A aposentadoria por idade é para o trabalhador que comprova o período mínimo de 180 meses de contribuição, com idade mínima de 65 anos, se for homem, e 60 anos, se mulher. Já a aposentadoria por invalidez é a que é cedida ao indivíduo que tenha incapacidade para o trabalho e que não tenha havido reabilitação para exercer outra atividade. Além desses benefícios, existem outros que podem ser concedidos ao segurado, a depender da adversidade que aconteceu em sua vida. Nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, e seu objetivo é de diminuir riscos de doenças. Isso é garantido com políticas sociais e econômicas que visem reduzir os riscos de doenças e proporcionar acesso universal e igual para todos nos serviços e nas ações que abrangem três categorias - a prevenção, a recuperação e a promoção. Dito isso, podemos afirmar que todas as pessoas, das mais diversas classes sociais e independentemente do status que ocupam, terão direito à saúde prevista em nossa 35 Lei Maior. De acordo com Ivan Kertzman (2014, p. 28), “o acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estrangeiros que não residam no país”. Seguindo nessa mesma linha de raciocínio, o artigo 197 da Constituição Federal de 1988 trata da grande relevância das ações e dos serviços de saúde citados no parágrafo anterior, em que consta que cabe ao Poder Público regulamentar, fiscalizar e controlar tudo e garantir sua execução também pelo setor privado de saúde, como podemos ver a seguir: Art. 197 – São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendoao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre a regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direitoprivado As atividades de saúde são extremamente relevantes, e toda a sua organização obedece a princípios, que são vários, de acordo com Sérgio Pinto Martins (2016), como o princípio do acesso universal e igualitário, em que a saúde é um direito de todos e cabe ao Estado assegurar esse direito, independentemente de posições sociais e de pessoas, com o objetivo de diminuir as desigualdades. No princípio do provimento das ações e dos serviços, a atuação acontece por meio de rede hierarquizada e regionalizada, incorporadas a um sistema único, que visa organizaros serviços em níveis crescentes de complexidade e com a visão de comando unificado. Já o princípio da descentralização visa redistribuir poder e responsabilidades entre os três níveis de governo, que, no que diz respeito à saúde, têm o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços de saúde e de garantir que haja controle e fiscalização por parte dos cidadãos, tendo também a concepção constitucional do mando único em que cada esfera de governo tem autonomia e soberania em suas decisões. Outro princípio que rege a saúde é o princípio do atendimento integral, cuja atenção deve ser tanto individual quanto coletiva, e as necessidades de saúde das pessoas ou de alguns grupos devem ser levadas em consideração, mesmo que não sejam iguais às da maioria, ou seja, deve propiciar um atendimento pleno, com tratamento digno para todos. Por último, o princípio da participação da iniciativa privada na assistência à saúde, observados os preceitos constitucionais, essa participação deve ser em caráter complementar, quando for comprovado que os recursos são insuficientes na rede pública de saúde para atender integralmente à população. Assim como as ações e os serviços de saúde 36 obedecem a princípios, existem também diretrizes a erem seguidas, que são nada mais do que um direcionamento a ser seguido. O artigo 198 da Constituição Federal elenca as diretrizes que devem ser seguidas, como podemos ver a seguir: Art. 198 – As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. Quanto ao financiamento e ao custeamento do Sistema Único de Saúde, é eito com recursos do orçamento da Seguridade Social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de outras fontes, conforme consta no artigo 198, §1° da Constituição Federal. Fábio Zambitte Ibrahim (2014, p. 9) assevera que “tal orçamento destina ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (art. 31 da Lei nº 8.080/90)”. Com a criação da Lei Complementar nº 141 de 2012, foi instituído um valor mínimo e se adotaram normas de cálculo do mínimo que deve ser aplicado anualmente pela União, nas ações e nos serviços públicos de saúde, bem como os percentuais mínimos, que foram estipulados em 15% do produto da arrecadação de impostos que são aplicados pelos entes federativos nas ações e nos serviços voltados para a saúde. Também foi estabelecido um critério de rateio dos recursos e instituídas normas voltadas para fiscalizar, avaliar e controlar as despesas efetuadas em todas as esferas. As diretrizes mencionadas no parágrafo anterior sobre as despesas ordenam que elas sejam destinadas às ações e aos serviços públicos de saúde, para que se tenha acesso universal, de forma igual e gratuita, que estejam nos conformes quanto aos objetivos e às metas traçadas dos planos de saúde de cada ente federativo. Essas despesas devem ser específicas para a saúde e não podem ser aplicadas em outras políticas públicas, mesmo que tenham incidência na saúde das pessoas. Por isso é importante falar sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), que, 37 segundo Sérgio Pinto Martins (2016), é um conjunto de ações e serviços voltados para a saúde, prestados por diversas instituições, pela Administração direta e indireta e por fundações públicas em todas as esferas, em nível federal, estadual e municipal. Nesse sistema, também se incluem as instituições federais, estaduais e municipais no que tange ao controle de qualidade de medicamentos e insumos e à participação da iniciativa privada de forma suplementar. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 200, trata da competência do Sistema Único de Saúde (SUS), além de outras atribuições que lhe cabem, como podemos observar: Art. 200 – Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V – incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nete compreendido o do trabalho. Entende-se que a Assistência Social é uma política pública para os hipossuficientes, um conjunto de vários princípios, de instituições e normas, que aprovisionam as necessidades básicas das pessoas que precisam e protegem a família e os portadores de deficiências, por exemplo, sem que haja qualquer tipo de contribuição por parte do beneficiário, como afirma Pinto Martins (2016). A Assistência Social, atualmente, é um gênero da Seguridade Social, em conjunto com a Previdência Social e a Saúde, e não faz mais parte do Direito do Trabalho como antigamente era correlacionado. Assim, pode ser conceituada como uma política social destinada aos que são hipossuficientes e prestada a alguém que necessite. Fábio Zambitte Ibrahim (2014, p.12) diz que, “nesse caso, a pessoa dotada de recursos para a sua manutenção, logicamente, não será destinatária das ações estatais na área assistencial, não sendo possível o fornecimento de benefício assistencial pecuniário a essa pessoa”. Como dito no capítulo anterior, trata-se de um conjunto de vários princípios, 38 instituições e regras, que funcionam em conjunto no sistema, que é a assistência social, para que várias pessoas necessitadas, que não consigam prover o próprio sustento e o de sua família, sejam alcançadas, segundo Sérgio Pinto Martins (2016). Assim, as necessidades básicas dessas pessoas devem ser atendidas para proteger a família, por exemplo, por meio da atuação estatal ou até de particulares, como as instituições de assistência social e de beneficência, com serviços e benefícios, sem que haja qualquer contribuição da pessoa necessitada, diferentemente do que acontece na Previdência Social, em que se precisa contribuir para obter benefícios ou serviços. A Assistência Social se originou justamente na assistência pública, quando o Estado se responsabilizava por oferecer condições mínimas de subsistência aos necessitados, e passou a ser um serviço de fornecimento de primeiros socorros, quando necessário, e suporte em casos em que haja perigo. Outro ponto importante a se falar que se interliga com o que foi é sobre o assistencialismo – o ato de atender às populações menos favorecidas através de políticaspúblicas. Assim, o primeiro artigo da Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742/93) retrata bem o que foi dito sobre o fato de ser uma política não contributiva, um direito de todo cidadão, para prover suas necessidades básicas, referido abaixo: Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. Além da Lei nº 8.742/93, a Declaração dos Direitos do Homem, em seu artigo 25º.1, determina que todo cidadão tem o direito de ter um nível de vida suficiente para se manter e manter sua família, assegurando o bem-estar e a saúde no tocanteao vestuário, à alimentação, à assistência médica e à habitação, assim como odireito à segurança na invalidez, na velhice, entre outros serviços sociais que são fundamentais. Os benefícios concedidos por meio da Assistência Social devem ser previstos em lei, como adverte Pinto Martins (2016). O artigo 203 da Constituição Federal de 1988, em conjunto com o artigo 2º da Lei Orgânica da Assistência Social, prevê que a prestação de benefícios ou serviços para quem necessitar, mesmo que não haja contribuição, deve ser feita de modo que respeite certos objetivos, como podemos ver nos artigos a seguir: 39 Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadorade deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser alei. Art. 2 o A assistência social tem por objetivos: I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção desua integração à vida comunitária; e e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. [...] O primeiro dos três objetivos elencados no artigo 2º da Lei Orgânica da Assistência Social, que é o de promover a proteção social, subdivide-se em cinco itens. O primeiro deles, promovido pelo Estado, é a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, pois a família é considerada a base da sociedade e reconhecida explicitamente no artigo 226 da ConstituiçãoFederal de 1988. A proteção à maternidade se justifica porque a mãe passa a ter condições 40 psicológicas e financeiras para criar seu filho, para que ele se torne um cidadão íntegro. A proteção à infância e à adolescência diz respeito à máxima de que eles são o futuro e estão formando suas personalidades como pessoas, o que requer do Estado uma atenção especial para que possam crescer de forma sadia e evitar que haja qualquer disparidade, o que já envolve a segunda alínea (artigo 2º, I, b do LOAS). Já o último é sobre a proteção à velhice, porquanto as pessoas idosas são mais vulneráveis e merecem mais atenção. A terceira alínea é sobre a promoção da integração no mercado de trabalho. Nesse sentido, o Estado deve ter o cuidado de garantir proteção adequada às pessoas mais vulneráveis, dando-lhes a chance de alcançar a autonomia social e financeira por meio de várias políticas públicas. Já a quarta alínea versa sobre a habilitação e a reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração na vida comunitária, com uma boa qualidade de vida, para que tenham autonomia e sejam incluídas no cotidiano. A última alínea do referido artigo se refere ao Benefício de Prestação Continuada, cujos detalhes serão mostrados mais à frente, já que se trata do tema central deste trabalho. O segundo objetivo é o de promover a vigilância socioassistencial, que pode ser resumida no ato em que o Estado reúne informações sobre as circunstâncias da vulnerabilidade em certo local, para determinar como irá agir, para evitar que aconteçam mais situações de riscos e de danos. O último objetivo é o de defender os direitos. As organizações de Assistência Social são responsáveis por propiciar programas e serviços pensados para defender os direitos socioassistenciais, para que os beneficiários os conheçam e encontrem meios para exercê-los. Esclarecidos os objetivos da Assistência Social, também é importante que se fale sobre os princípios que a regem, que são a base e devem conduzir a construção e a execução das políticas públicas da Assistência Social, como enuncia Sérgio Pinto Martins (2016), e está presente no artigo 4º da Lei Orgânica da Assistência Social, como vemos a seguir: Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigênciasde rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a 41 benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação dequalquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas erurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. O primeiro princípio elencado no artigo 4º é a supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica, cujas políticas que são prestadas devem observar quais são as necessidades básicas da pessoa vulnerável para poder supri-la, mas não por motivos econômicos, já que até mesmo o beneficiário não precisa ter contribuído para utilizar os serviços ou os benefícios. O princípio da Universalização dos Direitos Sociais tem o propósito de fazer com que as políticas públicas alcancem todas as pessoas vulneráveis, de modo que firme todas as políticas setoriais com a Assistência Social. Já o princípio do Respeito à Dignidade do Cidadão, presente no inciso III, preconiza que é necessário haver eficiência e um alto grau de qualidade em todas as ações e que se respeite, sobretudo, a convivência comunitária e familiar do beneficiário. Também é obrigação do Estado encarregar-se para que a família continue unida.Todavia, ele não pode impor que alguém comprove que precisa daquele serviço ou benefício se isso implicar uma situação constrangedora. O princípio da Igualdade de Direitos no Acesso ao Atendimento propõe que seja respeitado o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que reforça a ideia de que todos são iguais perante a lei, sem que haja qualquer diferenciação, e o atendimento às pessoas devem ser executados sem qualquer preconceito ou discriminação, igualmente, tanto para as pessoas que moram na zona rural, quanto para as que moram na zona urbana. O último princípio é o da Divulgação Ampla, segundo o qual os serviços, os programas, os benefícios e os projetos que são oferecidos pela Assistência Social devem ser amplamente divulgados, e os requisitos para a concessão deles e os recursos que são ofertados pelo Poder Público propagado, visando preservar o conhecimento das ações disponíveis para os cidadãos, para que eles saibam qual será a melhor ação para o seu caso. 42 3 SERVIÇO SOCIAL E OS DESAFIOS DA AVALIAÇÃO SOCIAL A compreensão da trajetória do Serviço Social previdenciário nesse trabalho justifica- se porque são os/as assistentes sociais do INSS que realizam a avaliação social para acesso ao BPC. A partir da análise dos projetos profissionais orientadores do trabalho dos assistentes sociais em diferentes momentos históricos, queremos recuperar um pouco dessa trajetória do Serviço Social na previdência social. Para realizarmos essa análise, tomamos como referência os projetos profissionais dos Planos de Ação do Serviço Social dos anos de 1972 e de 1978 e a Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social no INSS publicada em 1994 (SILVA, 2008). Na intenção de entendermos melhor a trajetória do Serviço Social na política previdenciária, apresentamos um quadro esquemático a partir da década de 1940. Quadro 1 – Cronologia do Serviço Social na previdência social 1942 Seção de Estudos e Assistência Social no IAPC. 1944 Autorização para a implantação de Serviço Social nos IAPs e CAPs – Portaria n 0 . 52 do Conselho Nacional do Trabalho (CNT). 1945 Organização de cursos intensivos de Serviço Social para os funcionários dos IAPse CAPs – Portaria do DNPS/MT. 1948 Adoção do Serviço Social nas instituições de previdência: assistência complementar – Ofício n 0 . 250/DNPS. 1948 Oficialização do Serviço Social no IAPC em São Paulo. 1950 Seções ou turma de Serviço Social nas Delegacias Regionais dos IAPs. 1960 Definição da assistência complementar na Lei Orgânica da Previdência Social. 43 1965 Concepção do Serviço Social como assistência complementar. 1972 Plano Básico de Ação do Serviço Social – Resolução INPS n 0 . 401.4. 1976 Assistência complementar por meio do Serviço Social – Art. 71 da Consolidação das Leis da Previdência Social. 1978 Plano Básico de Ação do Serviço Social – Resolução INPS n 0 . 064.2. 1991 Competência do Serviço Social: esclarecimento quanto aos direitos sociais e meios de exercê-los; ações intra e extra-institucionais – Art. 88 da Lei n 0 . 8.213 de 24/07/1991. Fonte: Silva, 2008, p. 20-1. A primeira experiência oficial de implantação do Serviço Social na previdência social ocorreu por meio da Seção de Estudos e Assistência Social no Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Trabalhadores do Comércio (IAPC) em 1942. São, então, 68 anos de história do chamado Serviço Social previdenciário (SILVA, 2008). Foi, então, a partir do governo de Getúlio Vargas que o Serviço Social previdenciário recebeu um sopro de vida, em um momento em que a previdência social passava a ter importância como expressão da ofensiva do governo autoritário, populista, corporativo e gestor das relações de trabalho, tendo como marcos a criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) (ABREU e LOPES, 2008; BOSCHETTI, 2006). O Serviço Social na previdência social só foi institucionalizado seis anos após sua primeira experiência no IAPC por meio do Ofício Circular n 0 . 250/1948, expedido pelo então diretor-geral do Departamento Nacional de Previdência Social, Moacir Veloso Cardoso de Oliveira. Esse Ofício orientava para adoção das seguintes medidas que deveriam ser adotadas pelas instituições da previdência: 1. organização de seções de Serviço Social; 2. lotação nas seções dos servidores com curso regular de assistência social ou com curso intensivo de “auxiliar social”; 3. controle do registro de entrada e saída dos 44 servidores, observadas as necessidades dos “trabalhos de serviço social”; 4. colaboração dos diversos órgãos da instituição; 5. não aumento de despesa quanto a pessoal pelo aproveitamento dos servidores já disponíveis; 6. concessão de bolsas de estudo para o preparo de novos servidores (SILVA, 2008). O Serviço Social previdenciário historicamente parece ser reduzido a uma mera assistência complementar importante tanto para o futuro da previdência social quanto no sentido da individualização do benefício a fim de poder prestar apoio à solução dos problemas dos desajustamentos sociais no Brasil. Essa afirmação encontra fundamento nas atividades que foram atribuídas ao Serviço Social na previdência no final da década de 1940: 1. orientação quanto aos benefícios e à obtenção de documentos, tutelas, registros de nascimento, etc.; 2. orientação social nas casas dos segurados; 3. encaminhamento de segurados a outras instituições públicas ou privadas quando uma demanda não esteja no âmbito da previdência social; 4. estudo e exame dos casos individuais de desajustamento dos segurados e beneficiários e seu acompanhamento por meio de visitas periódicas e registro em fichas reservadas, uma função de ajuda, quando identificada a dificuldade ou impossibilidade de agir do segurado (SILVA, 2008; NEVES e SILVA, 2008; IAMAMOTO e CARVALHO, 2005). Essas atividades contribuíram para ratificar a configuração da individualização dos benefícios e a humanização da ação educativa a ser desenvolvida pelos assistentes sociais (IAMAMOTO e CARVALHO, 2005). Durante décadas, o Serviço Social previdenciário seguiu a orientação “complementar, supletiva, individualizante, humanizante, educativa em torno da previdência social, tendo como objeto o ajustamento social” (SILVA, 2008, p. 22). O termo complementar, que parece caracterizar certo status de estigma ao Serviço Social previdenciário, tem diferentes significados: o de satisfação de necessidades que o mercado não satisfaz; o de que as necessidades, no caso, são realmente residuais no âmbito da reprodução social; o de provisão de necessidades que o trabalhador e sua família não são capazes de prover por si mesmos (PEREIRA, 2006). O entendimento de Serviço Social como algo complementar na previdência social foi confirmado por meio da Lei n 0 . 3.807/1960 – Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) – que, então, definiu a assistência complementar: 45 Art. 22. As prestações asseguradas pela previdência social consistem em benefícios e serviços, a saber: I – Quanto aos segurados: a) auxílio- doença; b) aposentadoria por invalidez; c) aposentadoria por velhice: d) aposentadoria especial; e) aposentadoria por tempo de serviço; f) auxílio- natalidade; g) pecúlio; h) assistência financeira. II – Quanto aos dependentes: a) pensão; b) auxílio- reclusão; c) auxílio- funeral; d) pecúlio. III – Quanto aos beneficiários em geral: a) assistência médica; b) assistênciaalimentar; c) assistência habitacional; d) assistência complementar; e e) assistência reeducativa e de readaptação profissional. Art. 52. A assistência complementar compreenderá a ação pessoal junto aos beneficiários, quer individualmente, quer em grupo, por meio da técnica do Serviço Social, visando à melhoria de suas condições de vida. § 1 0 . A assistência complementar será prestada diretamente ou mediante acordo com os serviços e associações especializadas. § 2 0 . Compreende-se na prestação da assistência complementar a de natureza jurídica, a pedido dos beneficiários ou “ex-oficio” para a habilitação aos benefícios deque trata esta lei e que deverá ser ministrada, em juízo ou fora dele, com isenção de selos, taxas, custas e emolumentos de qualquer espécie (BRASIL, 1960). Muito embora o Serviço Social já se fizesse presente de alguma forma na previdência social há dezoito anos (1942-1960), ainda existia uma ausência em termos jurídicos do que seria o Serviço Social na previdência, um ranço, que já podemos anunciar, ainda presente no Serviço Social previdenciário hoje que veremos mais adiante como um dos desafios da avaliação social para acesso ao BPC. Cinco anos após a promulgação da LOPS/1960, foram detalhadas as Normas Gerais para o Serviço Social na previdência. Para os que tinham alguma dúvida, a Resolução de 1965 formalizou o Serviço Social na previdência como: assistência complementar que através de métodos, instrumentos e técnicas próprias: I – atende os beneficiários carentes de ajuda, individualizando e tornando humanas as relações com a Instituição na concessão e manutenção das prestações asseguradas pela Lei; II – contribui pela atuação junto aos setores da Instituição incumbidos das prestações, para que estas não tenham apenas caráter paliativo, mas sejam rela fator de ajustamento social; III – previne e corrige desajustamentos através de atuação direta na família, no trabalho e na comunidade (MTPS, 1965, Art.3º.). A resolução 1.081/1965 não conseguiu ultrapassar a noção de prevenção e correção de desajustamentos por meio da atuação direta na família, no trabalho e na comunidade. 46 Aos profissionais que ainda precisavam de um instrumento jurídico mais explícito da perspectiva funcionalista, foi lançado o Regulamento Geral da Previdência Social, em 1973, que reiterou a ajuda pessoal nos desajustamentos individuais e do grupo familiar em seu artigo 180 (FALEIROS, 2008). O Serviço Social previdenciário da década de 1970 não conseguiu ir além da mera reprodução das ideias de seu tempo histórico. As práticas tradicionais continuaram sem qualquer tipo de questionamento. O trabalho, totalmente orientado pelo Movimento de Reconceituação do Serviço Social 3 , era descobrir instrumentos de acordo com a realidade sem chegar a um questionamento das estruturas sociais vigentes e continuando a ter como referencial teórico o funcionalismo. Embora o Movimento de Reconceituação do Serviço Social tenha surgido como um movimento de revisão e crítica na década de 1960, com pretensões a romper com o metodologismo tradicional que caracterizava o Serviço Social de origem norte-americana anacrônico à realidade histórica, social, econômica e política latinoamericana (MACEDO, 1986), a crítica de Netto (2007) identifica tal movimento como A perspectiva modernizadora, um esforço no sentido de adequar o Serviço Social, enquanto instrumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a ser operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, às exigências postas pelos processos sociopolíticos emergentes no pós-64. Trata-se de uma linha de desenvolvimento profissional que, se encontra o auge da sua formulação exatamente na segunda metade dos anos sessenta, sem dúvidas, são os textos dos seminários de Araxá e Teresópolis, revelar-se-á um eixo de extrema densidade na reflexão profissional: não só continuará mobilizando energias nos anosseguintes, como, especialmente, mostrar- se-á aquele vetor de renovação que mais fundamente vincou a massa da categoria profissional (NETTO, 2007, p. 154). A expressão do Movimento de Reconceituação no Serviço Social previdenciário, então, foi marcada pela ilusão e integração social. O desenvolvimento não passou de interpelação ideológica, representou não mais que uma ilusão. O Plano Básico de Ação do Serviço Social no então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foi aprovado por meio da Resolução INPS n 0 . 401.4, de 07/02/1972, seguido da Padronização de Documentação Técnica – Sistema Básico de Registro de Dados. O Plano de 1972 é uma das mais significativas expressões da perspectiva modernizadora no exercício da prática profissional de então (FALEIROS, 47 2008). O plano pressupõe a capacidade para tomada de decisões, com o fim de selecionar e nortear as atividades do Serviço Social no INPS, construindo-se, no seu todo, uma tentativa de unificar teorias emanadas da prática. É, outrossim, fundamental que ele represente junto às demais linhas de atividades do INPS, a interpretação do papel do Serviço Social na instituição considerando-se como papel o conjunto de expectativas em torno de determinada função no sistema social. Essas expectativas devem corresponder aos objetivos do Instituto, às finalidades do Serviço Social e às necessidades da clientela (INPS, 1972, p. 6). A função do Serviço Social vai se expressar na racionalidade técnica e administrativado enfoque assistencialista da política previdenciária. O projeto profissional que se define nesses marcos reafirma-se como ação político-pedagógica com orientação individualista e psicossocial, tendo a prestação e administração de serviços como a principal referência material, ao mesmo tempo em que reforça e contribui para o ocultamento dos processos de racionalização desses serviços nos limites do padrão burocrático do assistencialismo implantado pela ditadura militar (FALEIROS, 2008; ABREU e LOPES, 2008). O Serviço Social previdenciário, então, com o Plano de 1972, foi reduzido a uma “ação educativa individualizada, subalternizante, centrada na necessidade de manutenção do trabalhador e sua família em permanente estado de necessidade em relação aos meios de sua subsistência física” (INPS, 1972, p. 15). A partir de 1977, a “assistência social previdenciária” foi definida como atividade autônoma, exigindo (re)estruturação no âmbito nacional em face da extensão e peculiaridade dos serviços que deverá prestar. O final da década de 1970 ocorreu uma valorização da assistência social do MPAS e superestimou as possibilidades profissionais do Serviço Social: há apenas um reduzido contingente da população, em termos percentuais, permanecendo marginalizada no tocante à proteção social, mas mesmo esse contingente de pessoas carentes deverá ser um dia redimido graças à programação prevista pra o setor de assistência social do MPAS (SILVA, 2008, p. 27). A ilusão integradora continuou a sobreviver com o lançamento do Plano Básico de Ação do Serviço Social de 1978 que, conforme assinalado por Pereira (1978), apresenta ainda um Serviço Social 48 selecionado para seu sistema cliente, não apenas a pessoa do beneficiário, mas também o seu meio ambiente […] nossa prática no INPS é orientada na busca da integração social do beneficiário e reconhece as implicações da interação (pessoa em situação), e que esta prática se situa no “social abrangente”, que compreende a realidade social através da identificação decategorias de fenômenos que são: psicossociais, socioculturais, socioeconômicos, etc., e que esses fenômenos são tomados na dimensão da interação social das relações sociais (PEREIRA, 1978, p. 304). Na década de 1990, de acordo com Moreira (2008), o Serviço Social previdenciário passa a expressar os avanços consubstanciados na CF/1988 em torno dos direitos sociais e da participação dos usuários na gestão das políticas sociais. A Lei n 0 . 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, foi capaz de revelar a competência do Serviço Social no âmbito da política previdenciária. Art. 88. Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a previdência social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. § 1 0 . Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção especial aos aposentados e pensionistas. § 2 0 . Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários, serão utilizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênio, acordos ou contratos. § 3 0 . O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e no fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de classe. § 4 0 . O Serviço Social, considerando a universalização da previdência social, prestará assessoramento técnico aos Estados e Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de trabalho (BRASIL, 1991). A partir de 1991, na análise de Silva (2008), as atividades do Serviço Social ganham espaço nos âmbitos internos e externos. No interno, ficaram destinadas as seguintes ações para o Serviço Social: prestação e socialização das informações previdenciárias, articulação com os setores da Instituição, prestação de recursos materiais e emissão de laudo e parecer social. No âmbito externo, o Serviço Social do INSS ficou responsável pela articulação com as associações, entidades de classe, sindicatos, empresas, obras sociais e outros recursos, por meio da criação de canais contínuos que possibilitem a discussão e análise dos direitos sociais e da política previdenciária, a inclusão dos trabalhadores na participação, implementação e fortalecimento da mesma. 49 Essa guinada na principal atividade no Serviço Social previdenciário a partir da década de 1990 aponta para um avanço do projeto de profissão na previdência social ancorado a uma concepção de projeto societário com uma perspectiva voltada para os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora (MOREIRA, 2008; CARTAXO e CABRAL, 2008). A concepção de projeto profissional articulada a um projeto societário emancipatório tem no Código de Ética do Assistente Social (1993), na Lei de Regulamentação da Profissão(1993) e nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996), uma nova legalidade reafirmada na década de 1990, orientada por uma nova direção social hegemônica do Serviço Social nos anos de 1980. O projeto profissional e sua direção sociopolítica têm sua influência decisiva nas lutas e movimentos sociais em uma perspectiva classista em que o trabalho profissional vai perfilando uma nova configuração no interior da contradição capital-trabalho (IAMAMOTO e CARVALHO, 2005; CARTAXO e CABRAL, 2008). A Matriz de 1994 apresentou um novo paradigma para o Serviço Social na área da previdência social que reestrutura o fazer profissional do Serviço Social na área e vai se constituir um marco na história da profissão na previdência, revelando “uma opção clara e fundamentada pelos princípios democráticos que buscam recuperar e resgatar o exercício da cidadania e do direito” (INSS, 1994, p. 7). A Matriz trouxe muitas mudanças para o Serviço Social previdenciário e afirmou que a ação prioritária do Serviço Social, a partir de 1994, se voltou para assegurar o direito, quer pelo acesso aos benefícios e serviços previdenciários, quer pela contribuição para a formação de uma consciência cidadã de proteção social ao trabalho, que leve os usuários a participar da implementação da política previdenciária (SILVA, 1999, p. 19). Silva (1999) informa que essa competência foi concretizada por meio de ações profissionais coordenadas pela Divisão de Serviço Social (DSS) extinta em junho de 1999 pelo decreto n 0 . 3.081/1999. Foi no contexto da “contrarreforma do Estado” (BEHRING, 2003) que a cobertura e o acesso aos direitos da política previdenciária sofreram grave queda, momento também que foi posta em discussão a existência do Serviço Social no INSS. 50 A mobilização da categoria dos assistentes sociais em relação à permanência do Serviço Social na previdência repercutiu no Ministério da Previdência e Assistência Social que recuou da extinção definitiva do Serviço Social, conforme pretendeu com a MP 1.729/1998, mantendo-o como atividade no âmbito do INSS (LOPES, 1999). A luta do Serviço Social previdenciário, conforme Cartaxo e Cabral (2008), também está na recomposição do espaço sócio-ocupacional em face da publicação da Portaria Interministerial n 0 . 01/2007 – MPS/MDS, de 20/03/2007, que constituiu um grupo de trabalhopara reestruturar este serviço, com a participação de representações do Ministério da Previdência, MDS e do CFESS. Outra luta dos assistentes sociais da previdência e também do conjunto CFESS/CRESS, está no combate ao Projeto de Lei que regulamenta os fundos privados de previdência complementar criados com a Reforma Previdenciária de 2003 na perspectiva dofortalecimento da previdência privada e a Lei 11.457, que regulamenta o funcionamento da Receita Federal, com a fusão das Secretarias da Receita Previdenciária e da Receita Federal, o que implica injetar recursos da seguridade social no caixa único da União, quetem priorizado o pagamento da dívida pública. É nesse cenário de incertezas que se inscreve a reestruturação do Serviço Social previdenciário. O Conjunto CFESS/CRESS vem sendo um dos protagonistas na defesa desseespaço sócio-ocupacional. Na gestão 2005/2008 do CFESS, foram realizadas duas audiências com o Ministério da Previdência Social, para tratar sobre o concurso público, que resultou na criação do Grupo de Trabalho (GT) pela Portaria Conjunta nº. 1, de 28/03/07, do Ministério da Previdência Social e do MDS, com a participação do CFESS, conforme já anunciado (CFESS, 2010a). Esse GT teve como objetivos: a) apresentar proposta de reestruturação do Serviço Social do INSS de modo a contemplar as novas exigências quanto aos serviços específicos a serem prestados à população previdenciária e àquela necessitada dos benefícios assistenciais de modo a subsidiar a realização de concurso público para profissionais da área; b) definir atribuições, competências, funções dos profissionais de Serviço Social no âmbito da previdência social a fim de readequar a estrutura existente às demandas atuais; c) propor alterações que se fizerem necessárias no que diz respeito às condições de trabalho dos assistentes sociais no INSS (CFESS, 2010a). 51 A publicação do Decreto 6.214/2007, que estabelece a obrigatoriedade da avaliação social como parte integrante do processo de avaliação da incapacidade para a vida independente e para o trabalho das pessoascom deficiência para acesso ao BPC a partir de 2009, reforçou a necessidade do concurso público para assistentes sociais no âmbito do INSS. Em resposta à exigência expressa pelo Decreto de 2007, inicialmente, o MPOG autorizou 600 vagas para o concurso público, insuficientes para a necessária recomposição do quadro. Foram realizadas diversas articulações e dessa forma conseguiu-se a concordância do MPOG em aumentar o número de vagas (CFESS, 2010a). Após anos de lutas para (re)estabelecer o quadro de assistentes sociais no INSS, foi publicado no D.O.U. o Edital nº. 1, de 6 de novembro de 2008, concurso público para provimento de 900 vagas no cargo de Analista de Seguro Social com formação em Serviço Social para todo o Brasil. O concurso realizado foi para assistente social, no âmbito do INSS, tendo como objetivo principal atender a demanda de realizar a avaliação social da deficiência e do grau de incapacidade para a vida independente e para o trabalho das pessoas com deficiência que buscam o BPC (CFESS, 2010). Uma grande conquista, a Portaria 450 sobre o concurso, do MPOG, admite a possibilidade de nomeação de candidatos aprovados até o limite de 50% a mais do quantitativo original de vagas, o que implica dizer que ainda existe a oportunidade de 450 assistentes sociais serem nomeados, podendo chegar ao patamar de 1.350 nomeações em todo o Brasil, número mais próximo da necessidade de profissionais apontado pelo GT (CFESS, 2010a). O processo de trabalho do assistente social na avaliação social está repleto de desafios colocados à categoria profissional conforme alerta Cartaxo (2010): 1. Discussão com um novo olhar na forma de avaliação da incapacidade para o trabalho baseada na CIF; 2. rigoroso trato teórico-metodológico para apreensão crítica da realidade social; 3. constante pesquisa como fundamento do exercício profissional em seus programas e projetos – numa relação dialética entre a teoria- prática profissional; 4. permanente capacitação profissional qualificada às demandas dos usuários e as requisições institucionais de acordo com o Código de Ética da profissão; 5. reafirmação da Matriz 52 Teórico-Metodológica do Serviço Social; 8. articulação da política previdenciária com a saúde e assistência social. Moreira (2010) também coloca alguns desafios a serem problematizados e superados entre os assistentes sociais que realizam a avaliação social: 1. defesa da ampliação da renda per capita dos membros da família do requerente considerado no cálculo da renda familiar; 2. realizar estudos e pesquisas sobre os resultados alcançados com a adoção do novo modelo; 3. intensificar o debate junto à sociedades sobre o novo modelo; 4. identificar necessidades e demandas e propor soluções de aperfeiçoamento do instrumento; 5. agilizar a implementação das ações necessárias ao aperfeiçoamento do instrumento e da avaliação; 8. ampliação o acompanhamento dos beneficiários do BPC na rede de serviços socioassistenciais. Iamamoto (2005) nos lembra que o Serviço Social é regido por normas próprias, ou seja, qualquer alteração no que se refere às suas competências e atribuições privativas deve estar de acordo com a regulamentação vigente e submeter-se a discussão da categoria profissional nos seus mecanismos representativos, CRESS e CFESS. Sobre competências e atribuições privativas do assistente social, a Lei 8.662/1993 determina que: Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - (Vetado); V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às 53 matérias relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social: I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social; IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social; IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras deconcursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira emórgãos e entidades representativas da categoria profissional (BRASIL, 1993). Diante disso, pode-se afirmar que a realização de habilitação de benefícios é uma 54 prática contraditória às competências e atribuições privativas do profissional de Serviço Social, da mesma forma que, forçar os assistentes sociais a tal prática se torna uma ilegalidade, ferindo toda a legislação que regulamenta a atuação profissional no INSS, o Código de Ética Profissional (1993) e a Lei que regulamenta a profissão (8.662/1993). Em relação ao BPC, o assistente social atua na realização da avaliação da deficiência e do grau de incapacidade das pessoas com deficiência que buscam o BPC, juntamente com a perícia médica, conforme determina o Decreto 6.214/2007. Além disso, realiza ações de socialização das informações junto aos usuários e à sociedade civil, por meio de abordagens individuais e grupais viabilizandoarticulações com instituições e os poderes públicos. A exigência da pobreza familiar como critério de acesso ao BPC transforma o benefício em uma garantia de renda destinada à família e não somente à pessoa com deficiência. O critério de ¼ de salário mínimo per capita familiar de renda que permite o acesso ao BPC aliado à pobreza das famílias das pessoas com deficiência configuram o alcance do benefício como restrito para promover mudanças significativas nos padrões de consumo das pessoas com deficiências atendidas (SPOSATI, 2008; GOMES, 2008). 55 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Antes dos avanços na área da seguridade e da assistência social, que ocorreram nas últimas décadas, principalmente com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a condição dos idosos pobres e deficientes era realmente lamentável, praticamente abandonados, sem assistência e, praticamente, desamparados pelo Estado. De acordo com Augusto (2021) no início do século XX a política social vigente era utilizada como manobra do governo para acalmar os protestos e os conflitos resultantes da insatisfação popular. As políticas públicas destinadas para os idosos e deficintes, antes da promulgação da Constituição de 1988 tinham caráter filantrópico e de caridade, tratando os idosos e deficientes com humilhação. Mas com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que se tornou um “divisor de águas” dos direitos sociais no Brasil, em virtude dos alcances que possibilitaram avanços importantíssimos nessa área, a situação de desprezo e desamparo dos deficientes e idosos passou a melhorar significamente. Logo após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o governo, por força de lei começou a implementar, com mais afinco, políticas públicas voltadas para os idosos e pessoas com deficiência, incapazes de trabalhar. A assistência social passou a ter mais prestígio e merecer mais atenção do governo, até que em 1993 foram criados o Estatuto do Idoso e a Lei Orgânica de Assistência Social- LOAS, e criou-se também o Benefício de Prestação Continuada (BPC), trazendo melhorias na qualidade de vida dos idosos e deficientes. Para que esse tipo de benefício seja concedido, é preciso provar que a pessoa tem algum tipo de deficiência, que tem, no mínimo, sessenta e cinco anos e que se encontra em estado de miserabilidade, e que a renda per capta da família não seja superior a ¼ do salário mínimo. Com propósito de reduzir à desigualdade social e garantir o mínimo possível a dignidade humana e aos que vivem em vulnerabilidade e risco social, o Estado Brasileiro tem avançado, especificamente na organização assistencial através de um conjunto de ações de prestação material dos direitos fundamentais, prestados aos cidadãos que necessitam, independente de verterem contribuições como forma de garantir o seu direito. Importa, que o estado está em busca de servir, assistir e garantir a dignidade da pessoa 56 humana, prevista no art. 1º, inciso III, da Constituição Federal, e, a Previdência Social, levando em conta a importância de sua operacionalização enquanto organização pública prestadora de serviços previdenciários. No que compete a seguridade social, tem-se o conjunto de iniciativa do poder público e privado, que segue as diretrizes da universalidade na cobertura e no atendimento, uniformidade dos benefícios e serviços para a população, assim como irredutibilidade do valor dos benefícios, financiamento pelo setor público e pela sociedade e gestão administrativa democrática e descentralizada. Os estudos realizados, demostraram que o Benefício da Prestação Continuada se configura como uma transferência de renda assegurada pelo art. 203 da Constituição e regulamentada pelos arts. 20 e 21 da Lei nº 8.742/1993, na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Essa lei ampara todos àqueles que se encontram impossibilitada de exercer um trabalho que requeira dispêndio de força física e mental, bem como os idosos com 65 ou mais anos de idade. Este benefício não tem caráter de contribuição, mas assistencial. Mesmo diante de toda uma gama de regras e requisitos o beneficiário em dois em dois anos tem que voltar a provar sua condição de miserabilidade. Interessante é observar que o valor do Benefício de Prestação Continuada serve apenas para a sobrevivência do beneficiário, uma vez que não garante vestuários, alimentação, moradia entre outros requisitos constitucionais que o salário mínimo deveria suprir. O BPC, na maioria dos casos, representa a única renda de famílias que vivem em verdadeiro estado de miséria, desprovidas de outros recursos financeiros. Em situações especiais, essas famílias recebem também uma simbólica ajuda do programa Auxilio Brasil, criado em 2021 para substituir o Bolsa Família como programa social de transferência direta e indireta de renda do Governo Federal. O Benefício da Prestação Continuada, portanto, modificou profundamente o cenário de miséria e abandono em que viviam milhares de pessoas deficientes impossibilitadas de trabalhar e de idosos reconhecidamente incluídos na faixa da miséria social. Diante de todo o exposto, percebeu-se que o BPC como discorrido têm em sua essencialidade caráter puramente assistencial, sendo a verdadeira política pública inerente ao campo dos direitos fundamentais, com uma parcela significativa do estado em propiciar o mínimo necessário aos que se encontram em situações vulnerabilidade econômica, tendo o básico para que não padeçam independente de sua contraprestação, assim o estado 57 cumpre o seu dever de proteção e amparosocial da dignidade da pessoa humana. Vê-se assim, que o pagamento do benefício de prestação continuada, tem o condão de amenizar as condições de vida dos beneficiários, uma vez que não enfrenta o problema da hipossuficiência, apenas o ameniza, servindo como um mecanismo que tenta melhorar a situação de vida dos beneficiários, ou seja, do idoso e do deficiente físico. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Marina M.; LOPES, Josefa B. O Plano Básico de Ação do Serviço Social no INPS – 1972: racionalidade técnica modernizadora no serviço assistencial da política previdenciária. In: BRAGA; CABRAL (Org.). Serviço social na Previdência: trajetória, projetos profissionais e saberes. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008. ACANDA, Jorge Luis. Política social, sociedad civil y crisis económica: retos del futuro. In: Revista SER Social, v. 1, n. 2. Brasília: SER Social UnB, 2010. pp. 13-30 AGUIAR, Antônio Geraldo de. Serviço Social e Filosofia: das origens a Araxá. São Paulo, Cortez, 1982. ALBRECHT, G. L.; SEELMAN, K. D.; BURY, M. (Eds.). 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