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GENOTIPAGEM DE Cryptosporidium DE ISOLADOS CLÍNICOS DE CRIANÇAS 
E DE PACIENTES HIV+ DE TRÊS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
Ana Julia Urias Santos Araújo 
Herminia Yohko Kanamura 
 
 
 A importância de Cryptosporidium spp como agente causal de diarréia severa 
e prolongada, constituindo importante causa de morbidade e mortalidade em 
crianças mal-nutridas e nos indivíduos com imunodeficiência, como nos casos de 
infecção pelo virus HIV ou em pacientes transplantados, está largamente discutida 
na literatura. Das 15 espécies aceitas atualmente, Cryptosporidium hominis e 
Cryptosporidium parvum, são as mais freqüentemente relatadas, no entanto, outras 
espécies, tais como C. meleagridis, C. felis e C. canis, além de diferentes genótipos 
de C. parvum adaptados a animais, têm sido relatadas e foram isolados de material 
clínico de pacientes com criptosporidíase e evidenciados por métodos moleculares. 
No estudo que se apresenta, objetivou-se verificar a ocorrência de 
Cryptosporidium spp entre crianças do município de Taubaté-SP e realizar a 
genotipagem de isolados clínicos do parasito. Foram selecionadas 13 creches 
municipais, que atendiam crianças de 4 a 72 meses de idade, realizando-se trabalho 
educativo para a implantação de um programa para busca ativa de casos de 
diarréia, com acompanhamento da população durante o ano de 2002. Para se 
conhecer o perfil coproparasitológico, realizou-se estudo transversal em quatro das 
13 creches selecionadas. Foram examinadas 483 amostras fecais processadas pelo 
método de concentração em formalina-acetato de etila e, para a visualização de 
oocistos, esfregaços fecais foram corados pelo método de Kinyoun. No estudo 
prospectivo, Cryptosporidium spp foi encontrado em 11,1% (3/27) das amostras, não 
se evidenciando outras espécies parasitárias. No estudo transversal, foram 
detectados oocistos em 0,2% (1/456) das amostras e a freqüencia para outras 
espécies entéricas foi de 30,5% (139/456). 
Quando à genotipagem, foram analisadas 14 amostras de humanos, uma de 
bovino e uma de cão. Dentre os isolados de humanos, quatro eram de crianças de 
Taubaté-SP, cinco foram detectados em crianças de uma favela de São Paulo-SP e 
cinco foram diagnosticados em pacientes HIV positivos, de Sorocaba-SP. O DNA 
 
 
 
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extraído a partir das amostras fecais foi submetido a Nested-PCR, amplificando-se 
um segmento de 553pb de um gene que codifica proteína de parede de 
Cryptosporidium (COWP). Os produtos amplificados foram submetidos a processo 
de digestão enzimática (RPLP-PCR), e os perfis obtidos por eletroforese 
evidenciaram três espécies: Cryptosporidium hominis em oito amostras, 
Cryptosporidium parvum em quatro e Cryptosporidium meleagridis em duas. Dos 
isolados de Taubaté, dois foram correspondentes a C. hominis e dois a C. parvum. 
As amostras de bovino e de cão foram positivas para C. parvum. O genótipo dos 
isolados de Taubaté, humanos e de animais, foram confirmados por análise da 
seqüência do fragmento de 553pb do gene COWP, comparando-se com as 
seqüências disponíveis no GenBank. 
Esses achados trazem evidências de que diferentes espécies de 
Cryptosporidium circulam no ambiente, traduzindo-se em risco tanto para homens 
como para animais, o que justifica a aplicação de técnicas moleculares para 
identificação das espécies e conhecimento do modelo epidemiológico da 
criptosporidíase na área em estudo.

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