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Intelectuais na Idade Média

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- -1
HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA OCIDENTAL
INTELECTUAIS NA IDADE MÉDIA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Conhecer a historiografia que trata do papel do Intelectual na Idade Média;
2. saber que as universidades são uma criação medieval;
3. visualizar como as cidades são um terreno fértil para heresias.
1 Os intelectuais na Idade Média
O assunto desse ensaio, de acordo com o autor, é a emergência e o triunfo de um novo tipo socioprofissional nos
séculos XII e XIII, sendo que a Alta Idade Média só foi invocada como uma pré--história de seu assunto, a qual ele
classifica como sendo bárbara, balbuciante e uma traição ao modelo anterior.
Para o autor,
"na monarquia dos tempos carolíngios, a natureza e a função das escolas e dos pensadores e
produtores de ideias eram muito diferentes do que foram no tempo da predominância da cultura
urbana e que sua difusão não ultrapassa círculos aristocráticos - eclesiásticos e leigos - restritos." (LE
GOFF, 2003, p.17), sendo necessário um estudo mais próximo ao funcionamento das escolas urbanas
dos séculos X e XI na sociedade da época.
Nos séculos XIV e XV, ocorre uma grande mudança, a qual não modifica o quadro institucional, e os estudos de Le
Goff, segundo ele mesmo, são totalmente ineficientes e precários de correção. Houve uma crise universitária no
período referente à chamada crise dos séculos XIV e XV, anterior à Peste Negra em 1348, desde 1270-77 com as
condenações doutrinais levadas a efeito pelo bispo em Paris.Étienne Tempier
Nesse período aparece um novo tipo de intelectual humanista que substituiria o universitário medieval indo, ao
mesmo tempo, contra ele, sem renegar o molde de onde saíra a sinopse do livro , deIntelectuais na Idade Média
Le Goff, que nos serve para pensar no espaço em que estamos trabalhando nesta aula.
- -3
2 Como nasce o intelectual
Normalmente imaginamos uma hegemonia da Igreja, como algo unívoco, sendo rompido somente no século XVI
com a figura de Martin Lutero e o Protestantismo. Esta imagem é falsa, uma vez que contestações sempre
existiram no seio da Igreja, como por exemplos com as ordens monacais mais tradicionais, como beneditinos e
dominicanos x ordens monacais que propunham releituras como franciscanos e cistercienses. Ficou com dúvida?
Pesquisa sobre estas ordens. Temos documentos nos séculos XII que representam o Pentateuco (Primeiros cinco
livros bíblicos) traduzido em português arcaico. Em outras palavras a dominadora, que utilizava o latim não
conseguia nem mesmo em seus quadros mais tradicionais evitar uma variedade de formas, até mesmo no texto
bíblico. A Igreja já está extremamente disseminada, urbana. As pregações não seriam mais em latim. Não
podemos imaginar o pregador beneditino querendo arrumar a cidade, pregando para prostitutas, judeus,
mendigos, e em latim, ninguém entenderia nada: a pregação deveria ser na língua local e o mais simples possível.
É claro que os cistercienses, dominicanos e beneditinos conheciam o latim. Eram capazes de ler textos
herméticos, reflexões filosóficas profundas, e é clara uma velha de lição de Agostinho - "O discurso deve ser
adequado ao público." - então o latim está na formalidade, na pregação ele já fora abandonado antes mesmo de
entrar na cidade.
Estamos acostumados a ver uma Idade Média dos filmes, castelos, princesas, príncipes, a Igreja cruel e
sanguinária, não aceitando aquele que não é fiel, condenando as pessoas a fogueira, com reis sendo meros
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joguetes de sua vontade. Tudo gira na ordem da Igreja. Será? Não dá para imaginar uma sociedade onde haja um
controle desses no medievo, separemos discurso e práticas.
Este modelo que existe em nossa mente é muito novo, vem da ideia de Estado-Nação, em que o governo vira uma
figura que é responsável pelo bem da sociedade. Caros, com todos os instrumentos modernos, sabemos que isso
é quase impossível, agora imagine na Idade Média. Um decreto real da Idade Média que levava muito tempo para
que todos soubessem. Uma decisão conciliar era confirmada dezenas de vezes em concílios menores para que os
padres descobrissem as determinações da Igreja.
Aquela cena que vemos nos filmes em que o carrasco, em praça pública, decapita alguém e o público aplaude
realmente acontecia, existe uma série de relatos sobre isso. Mas são punições públicas, para marcar o poder
local, afinal uma das maiores características dos poderes laicos é o controle da justiça.
Sua intensificação acontece no entanto nos século XV e XVI, momento de fortalecimento destes senhores como
vemos por exemplo na trova -Para saber mais, leia o texto Balada dos Enforcados disponível na Biblioteca
Virtual:
Se nas cidades os intelectuais assumem um papel específico, o entretenimento também ganha outros valores. É
algo fundamental para as cidades, basta ver os torneios de lutas, onde dois homens montados em seu cavalo se
enfrentam com lanças, esses e outros torneios tornam-se famosos nesse período.
Não podemos imaginar que a vida não era valorizada - se isso acontecesse não teríamos tantos elementos
criticando essa sociedade, tantos clérigos e tantos grupos, alguns reclamando da carnificina das batalhas.
Temos um discurso criticando esse momento, essa agilidade da morte, mas certamente se usarmos nossa visão
contemporânea para entender a relação da morte com aquele grupo, estaria errado. O carpe diem é um elemento
imediatamente contemporâneo à peste negra e, quando falamos "aproveite o dia" é justamente o seguinte: "vou
morrer", e esse discurso perde esse papel dentro dessa sociedade.
Vamos ao contexto
Poderíamos resumir o contexto de maneira mais simples: a partir do século XIII/XIV começamos a notar
esforços de reunificação, observamos, por exemplo, tanto aliados da França quanto o governo alcançarem
legitimidade tal para que seus monarcas fossem reconhecidos como reis - uns defendem a ideia de república,
outros a ideia de microrreinos, a organização de governo dentro de cada cidade, mas vamos mais devagar....
Espaços como o da Península Ibérica são marcados por um novo modelo de reino, unificado no princípio de
batalha, no princípio de organização militar. Temos portugueses se organizando com senhores feudais de
Castela. Depois rompendo com Castela, organizando um reino em Portugal a partir do século XIII e temos uma
série de reinos na Península Ibérica que se tornavam importantes, Castela, Aragão, Navarra etc. Reinos que, dois
séculos depois, vão se unificar, se aproximar, construindo o reino da Espanha.
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Quando no espaço da Península Ibérica os reinos cristãos se organizam e combatem ao sul, temos uma
organização com um reino paralelo, com Afonso Henriques de Portugal e vários reinos se organizando nesse
espaço, chamado Espanha.
Os árabes se reúnem e se fortalecem evitando que os cristãos continuem o avanço em direção à África. Eles
começam a buscar caminhos para que, sem passar pelos protetorados árabes, recuperem o caminho das rotas
saarianas, das rotas que tinham descoberto e estavam negociando com esses grupos.
Os turcos otomanos no século XV fazem uma série de acordos com Roma, Gênova e Veneza, fazendo o comércio
ficar restrito somente a esses grupos, criando problemas para o espaço francês e para a Península Ibérica recém-
conquistada.
No século XIII podemos falar no auge econômico de alguns reinos que se organizam, entre eles, os reinos da
França e da Inglaterra. Eles vivem o momento de maior poder instituído naquele momento. O enriquecimento, as
vitórias, as cobranças de impostos, passam a ser muito fortes. No entanto, cada espaço é um espaço.
Ricardo Coração de Leão, ao retornar das Cruzadas, retorna com legitimidade, com uma áurea. Ele traz escritos
que colocam a Inglaterra dentro de novas linhas, dentro das novas possibilidades. Ele é apresentado como um
salvador por ter vencido todas as adversidades, apesar de não ter vencido Jerusalém, conquistou outros reinos
cristãos.
No caminho, quando voltava para a Inglaterra, é capturadoe salvo por um árabe Avicena. Quando chega, institui
uma escola de tradução no espaço inglês. Quando ele morre o seu sucessor é seu primo João Sem-Terra, que foi
aclamado como o pior monarca.
João Sem-Terra começa a confiscar territórios da Igreja e de nobres, entra em disputa como os franceses e inicia
uma série de batalhas para conquistar territórios do outro lado do Canal da Mancha. Obviamente perde apoio da
Igreja, dos nobres, começa a gastar demais e, com isso, oprime o povo.
Ele enfrenta uma revolta de nobres, apoiados pela Igreja que condiciona para que ele permaneça como rei. Sua
assinatura em um documento, a "Magna Santoro", diz que ele está abaixo da lei, que não existe condição
diferente por ele ser monarca. Essa carta é a Carta Magna, com a influência tanto da igreja quanto dos nobres.
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A França, no mesmo século XIII, vive seu século de ouro, é o século de São Luiz, período em que o monarca não
apenas se torna o chefe militar, como passa a ideia de que todo o rei tem dois corpos, um político e um divino.
Como divino, as suas atuações estão apenas submetidas a Deus.
Como a Igreja, é em seu discurso a representação de Deus, ela manda no rei.
O monarca francês diz que ele é o escolhido e representa Deus na terra e que, como a Igreja, deve seguir a Cristo,
ela é submissa ao rei.
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São Luiz é taumaturgo, ele cura as escrófulas e as doenças. Na ideia desse toque, há a ideia de se organizar como
um poder singular.
O poder fica tão forte que o monarca francês vai para a disputa com o papa a ponto de escolher o anti-papa.
São duas figuras eclesiásticas se autodenominando papas e monarca francês, garantindo a um deles a própria
existência como papa.
O papado é tirado de Roma e levado a uma cidade francesa, muitos defendem que é o novo cativeiro da
Babilônia.
É a ideia do poder político atuando de maneira direta.
É aqui que tem origem a Guerra dos Cem anos, quando em torno de disputas territoriais Henrique III e Luís X
entram em disputas. Jaime de Castela, filho de Afonso X, organizador do reino de Castela, inicia uma batalha não
contra cristãos ou mulçumanos, mas sobre os domínios dos territórios de Narbona.
Portugal não existia até o século XII, era apenas uma região conhecida por Portocale, em meio as disputas da
chamada Reconquista. Os poderes locais eram marcadamente militares, com a Igreja estando envolta das
batalhas, mas sem uma função intelectual.
Sua unificação vem da seguinte forma: Afonso Henrique assina um acordo de fidelidade com o rei de Castela,
nobre da região. Sua função era vencer os "mouros" e ter o direito sobre as terras, mas reconhecendo a
soberania de Castela.
Após dominar as margens do Tejo, conquistando uma vitória que funda a própria origem de Portugal, pois, conta
a crônica de exaltação, seus guerreiros exaltados e aclamados com sua bravura dominam e os colocam dentro da
Igreja, elevado em uma fila de escudos, e lá o clérigo o reconhece como Rei, conforme tradições germânicas da
região.
O líder deste movimento é Alfonso Henriques, o Primeiro Rei de Portugal.
Na realidade, não basta o bispo local dizer que ele era rei, ele manda uma carta ao papa, dizendo que consagrou-
se cristão e que pelo bem dessa terra ele se propunha a defendê-la em nome do Senhor e solicita ao papa que o
reconheça como digno mandatário daquela região.
As disputas contra os Castelanos, pelo reconhecimento de seu poder, é vencido em duas etapas: primeiro na
batalha de Aljubarrota.
Neste momento a Igreja além de reconhecer o reino de Portugal, passa a auxilia-lo em sua administração e
organização política, formando os novos nobres e participando do crescimento das cidades portuguesas. Logo é
fundado uma universidade de Portugal, participando de suas decisões políticas.
Em compensação nesse mesmo momento o monarca, o apoio contra os ingleses, ou contra os normandos como
os franceses gostavam de chamar.
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O papa diz que não pode interceder entre dois "filhos."
O bispo de Roma aliás precisa se equilibrar entre os poderes talcos, fundando universidades próprias, como por
exemplo faz o Rei Francês que manda expulsar todos os clérigos da universidade de Paris, contrata professores e
estrutura uma universidade laica no local.
3 A Guerra dos Cem anos
No espaço inglês, na ocupação dos normandos temos um quadro de disputas entre os senhores locais. Nesse
quadro , a disputa tem influência dos franceses, que consideravam os senhores Guilherme, o conquistador,
Normando, que dominou a região fruto de acordos com a dinastia dos Capetos, senhores do Norte da Europa.
Esses grupos, ao entrarem em conflito, só terão uma reunificação estruturada quando no século XVI a França
começa a exigir o aumento dos impostos dessa região. Em um primeiro momento o Reino inglês se vê como
herdeiro legítimo de um trono vago no norte da França, organizando seus homens para incursões e fazer
cumprir seu direito como senhor de territórios ingleses. A disputa que se alonga até o século XVI marca a
unificação política dos dois reinos.
Um dos fatos marcantes dessas batalhas é que são resultado de anos de rivalidade e conflitos, fundamentais para
a especialização da força militar, para as forças do papado e marcarem nomes na História, como o de Joana D’arc.
O Sacro Império é marcado pelas disputas com novos reinos como a Polônia, Romênia e o separatismo exaltado
pelos seus príncipes, que esvaziam cada vez mais o poder político da monarquia germânica. Ao inverso do que
observamos em França e Inglaterra, a região da Germânia passa a ser marcada pela sua desestruturação política.
Como comparação devemos entender que as possessões mais ao sul, como Itália, Portugal, Espanha e mesmo
França, ligados ao Mediterrâneo passaram por transformações econômicas e sociais, fruto do intenso comércio
dos séculos XII - XIV, com o crescimento intenso de suas cidades.
Não é só o modelo feudal que vai existir e ele não desaparece, mas ele não é capaz de suprir plenamente toda
essa sociedade, temos o excesso de contingente em algumas regiões, diminuição de pessoas em maior número de
espaços de monocultura.
O sul da ainda é muito por isso, devido ao desenvolvimento econômico profundamente atrasado porque todo
direcionamento ficou com o mar asiático e, naquela região do Mediterrâneo Ocidental, uma vez que França,
Espanha e Portugal direcionavam sua saída de comércio para o interior, uma vez que o norte da África se retrai e
se opõe à expansão europeia, o espaço da tende ser, onde já tinha sido um dos principais portos do império
romano, passa a ser um porto de segunda mão.
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4 A bolsa ou a vida! Um olhar para a Economia.
Este é o título de uma das obras mais famosas de Le Goff, propondo repensar a cidade a partir do papel que as
moedas assumem neste espaço. Sem dúvida, um dos grandes transformadores da cidade medieval é a moeda.
Antes ela já existia, havia uma estrutura de pouca circulação de moedas negras, metais menos valorosos, e
somente nobres possuíam prata, padrão durante o governo de Carlos Magno e o ouro, utilizado para grandes
transações.
Cuidado com esses termos, toda sociedade troca, mas precisa de sistemas que permitam esse balanço.
Na cidade, o novo senhor determinados serviços sob sua responsabilidade. Por exemplo, um determinado grupo
assume o direito sobre um salina, consegue do rei oi do senhor o direito de explorar uma salina, e isso significa
que ele abre toda uma frente comercial e se torna alguém com capacidade direta de acumular capital, pois sua
venda lhe permite acumular metais preciosos, dentro dessa sociedade
Com a casa da fundição de moedas é a mesma coisa, quem garante o metal, a moeda, são casas especializadas de
senhores que buscam esse direito de monarca.
Muitos nobres, e depois burgueses, vão tomando conta desse direito e estabelecendo essa prática dentro da
estrutura social, não existe como entendemos o lastro, o valor da moeda vale em si, e neste sistema os impostos
ficam facilitados!
Professor, me perdi. Estávamosfalando de intelectuais e agora falamos de comércio e moedas. Caro, é nesse
processo é que notamos a organização não mais uma sociedade que desvaloriza ou que só tem concentrado a
função da valorização da educação, mas uma sociedade de novos senhores, com novos bens, mais múltipla.
Vamos exemplificar: Agostinho é o último nome emprestado à educação em sua essência pelos não especialistas,
depois dele é como se a intelectualidade morresse, ou mais estranho, colocam ao seu lado Tomás de Aquino. O
problema é que decorrem aproximadamente 900 anos entre esses dois autores. Agostinho foi realmente uma das
principais referências na Idade Média, pregava uma educação para edificação moral, para a formação de novos
clérigos. Houveram outros: Bernardo de Claraval, por exemplo, que falava que não se alcança Deus pelo
conhecimento, mas pelo amor, Bernardo de Chartres, Isidoro de Sevilha, dentre outros.
Tomás de Aquino é um dos lideres do movimento escolástico, e defende a razão como forma de alcançar a Deus.
Seguindo um neoaristotelismo, defende que Deus é a essência do homem, está em cada um de nós.
Levando as duas visões para economia: enquanto Agostinho tinha uma fórmula tradicional, repetida,
reconhecida por boa parte dos clérigos, de um mundo dualista em que a salvação estava na verdade, no outro
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mundo. A mensagem de Tomás de Aquino tem sentido em um mundo que circula, compra, vende, viaja, compra
livros, lê e tudo mais o que seja necessário. Os novos senhores, vão utilizar suas novas riquezas para acumular
riquezas, conseguir reconhecimento além do financeiro. É um novo mundo e seus elementos se misturam.
A Igreja faz comércio, bispos que são responsáveis pelo direito da casa de fundição, por exemplo, não existe uma
separação completa de funções. O mosteiro tem uma produção mais interna, mas leva tecnologia, pois é um lugar
de pouso para as grandes viagens. É um mundo trocando. Imagens de Agostinho, Tomás de Anquino, de
mosteiros medievais.
Nessa cidade, quem tem o dinheiro são os nobres, a Igreja e os judeus que ficaram fora dos cargos políticos e,
muito diretamente, ligados à estrutura comercial.
Nesse momento a Igreja já está proibida de cobrar juros. O templo é divino e não se pode cobrar por ele.
Os judeus crescem como grandes financiadores desse grupo, segundo modelos eclesiásticos que já tinham sido
estruturados pelos templários no período das Cruzadas.
É um crescimento que gera uma série de perseguições, muitas vezes aleatórias. As inúmeras universidades
surgem no final do século XII e elas se tornam um fenômeno no final do século XIII.
Quem cria essas universidades é a Igreja, a noção de que são os dominadores do saber, que estão acima dos
intelectuais.
Vão estudar nessas universidades os membros da nobreza e, principalmente, os escolhidos entre os clérigos.
5 Cinco Sacramentos
No século XVI/XV a Igreja vem de uma série de reformas passando pelos quatro Concílios de Latrão, nos quais
ficou determinada que a sede principal da Igreja seria a Igreja Romana e os cincos sacramentos, que antes não
estavam configurados (o batismo, casamento, comunhão e extrema unção). A confissão é obrigação também
desse momento e torna um instrumento obrigatório.
A ideia da confissão é de que ali deve ser o espaço mais íntimo, onde pode-se expor os maiores erros, sem risco
de ser condenado e se arrepender dos seus pecados.
Toda religião estruturada na venda da salvação, quer dizer, cristianismo, Judaísmo, Islamismo, pode pensar a
salvação como um capital, quer dizer um bem que só os portadores do discurso religioso possuem, e para que os
demais possam alcançá-lo devem segui-los. É uma lógica muito atual se entendemos venda, tal qual Bordieu
defende, como sendo qualquer relação de grupo em que um busque uma relação ao outro, além da questão de
termos a valorização de quem dá a penitência para alguém se salvar. Temos uma estrutura ideológica de que
aquela função é importante, a função de ser absolvido é importante.
- -11
No momento do século XII, começamos a ver vários atores novos dentro da sociedade. Um deles enriquece e
passa a ter respeito da sociedade, se transformando em um novo condutor, misturado ao antigo papel de clérigo,
ou muitas vezes descolado dessa função para aparecer somente como professor.
O professor é aquele que foi, muito provavelmente, educado no seio da Igreja e, aos 18 anos, tem o direito de
escolher se segue na Igreja ou vai para o século (o mundo cotidiano). Como há um interesse de aprender
bastante grande de vários grupos na intelectualidade, ele passa a ter remuneração pelo conhecimento e ser um
professor particular.
Começam a circular naquela cidade também a burguesia, os artesãos, buscando valorizar a sua forma de poder.
Vão ser educados por esse professor. Com esse elemento muitos autores do século XII e XIII começam a falar em
escolástica.
A escolástica não surge como um movimento intelectual, no primeiro momento é um termo primitivo, escolinha,
escola inferior, uma escola que acaba trazendo para dentro da própria Igreja uma série de movimentos de
transformações do mundo da leitura. Notamos a organização da Igreja com uma nova concepção filosófica de se
pensar a própria Igreja, de entender o mundo que estava sendo organizado.
6 Vamos relembrar a discussão sobre as linhas 
intelectuais.
Nesses materiais um filósofo chega com bastante força e é definido por Tomás de Aquino, Aristóteles. O
aristotelismo propõe, dentro da sua prática metafísica, um elemento interessante. O princípio que estava sendo
utilizado era o do neoplatonismo.
A ideia de Platão é que nós vivemos em um mundo de sombras, que tudo que vemos é arremedo de uma
verdade. A verdade estava além das visões do próprio homem, por isso, a estrutura do mito.
Sabemos da dificuldade do homem compreender a sua prática. O filósofo é aquele que questiona e permite ao
homem alcançar ou se aproximar dessa realidade. O neoplatonismo transforma isso numa dualidade, existem
dois mundos, o divino e o humano. O humano é uma sombra do divino.
Saiba mais
Para relembrarmos a discussão sobre as linhas intelectuais, leia o texto Representações
Medievais a Ideia de Pecado, Morte e Vida Eterna nas Iluminuras, disponível na Biblioteca
Virtual.
- -12
Agostinho é o grande organizador nesse sentido, quando ele cria a ideia de que existe uma Jerusalém celeste. Se
as falhas acontecem, se a Jerusalém tal como todos os impérios cai, é chegado o momento em que os reinos se
unirão e que o homem alcançará essa verdade, esse momento é o juízo.
Dentro dessa concepção, a Idade Média trabalhou muito fortemente a ideia do episódio da salvação relacionada à
morte. A partir do momento em que se morre, alcança-se o divino.
A palavra religião é religare, é a ideia de uma ponte entre o que há de humano e o divino. A religião é a ideia de
ligação do homem com o divino, qualquer uma delas que tenha o princípio de que a vitória está fora desse
mundo vai falar de religare, vendendo a ideia de salvação, isso não é exclusividade cristã.
Aristóteles em sua origem faz uma leitura diferente, ele defende que não podemos imaginar uma dualidade, ou
melhor, não podemos imaginar que vivemos nas sombras e que existe uma realidade para além das sombras.
Ele defende que cada elemento, cada prática, cada conjunto, na verdade possui o que é certo, possui verdade na
essência.
A ideia de Aristóteles é que pela hermenêutica ou por esse constante questionar, se é capaz de chegar à essência
das coisas. Em uma construção como essa, isso permite entender que Deus existe.
Esse questionamento deve começar pelo homem, porque ele existe.
O elemento fundamental que fica presente na escolástica é que a essência do homem é divina. Se a essência do
homem é divina, Deus está em cada um de nós e é alcançado por uma operação racional, não se alcança Deus
pelo que está fora, mas pela razão.
Tomás de Aquino é claramente aristotélico, mas ele muda de lado quando os anti-intelectualistas começam a
combatê-lo.Ele tem um movimento enorme da sua própria história, o final dele seria de que o homem
racionalmente não pode alcançar Deus.
Muitos grupos utilizando a mesma razão começam a propor que se pelo questionamento não se chega a Deus, é
sinal de que Deus não existe. Essa prática é que cria esse embate. O fundamento da escolástica é aristotélico, o
desenvolvimento intelectual que valoriza a razão como forma de entender a sociedade, a religião e Deus é
aristotélico.
A racionalidade serve para dar sentido, para que se sinta a força da proposição aristotélica no sentido de uma
operação racional, dentro das disputas que as cidades estão envolvidas, devemos lembrar o momento da cidade:
de um lado os bispos acusados de corrupção, de manter bordéis, de construir grandes edificações, de ,nicolaísmo
até de serem bispos (para os cátaros bastava este fato para estarem condenados, afirmando que o maior defeito
que um homem pode ter é ser bispo.)
- -13
Devemos ver o crescimento que a igreja que já tinha um discurso forte, tem com a reorganização institucional,
entre os séculos XII e XIII, um forte arcabouço intelectual, linhas poderosas de pregadores. Sua "salvação" e seus
ritos eram práticas presentes na sociedade.
No século XIII e XIV, não há dúvida de que a instituição amedronta, ter problemas com a igreja é algo que gera
grande problemático. Ele tem massa de manobra com a população tem um discurso reconhecido e homens
importantes nos principais cargos, não há uma instituição qualquer e tem uma força enorme. O herege é aquele
que se opõe internamente à estrutura da Igreja tal qual é uma cidade que tem de viver uma dicotomia, um
problema, uma disputa, porque temos a necessidade de novos investimentos, para ter crescimento, organizar a
cidade, fazer uma batalha.
7 A Universidade medieval
As universidades não foram criadas de uma hora para outra, não é a prática de um sujeito, mas sim a sofisticação
de um sistema que já existe. A Educação eclesiástica sempre existiu, a diferença é a relação da educação e seu
crescimento, que tem grande relação com as cidades, mais busca por conhecer, busca pela posição que o aluno
formado alcança. Como diria Foucault: Saber é Poder.
Universidade não é um espaço em que se estuda generalidade. Constituem-se as primeiras universidades a de
direito, medicina, teologia, gramática (letras), cirurgião, matemática e filosofia. Os mestres dessa universidade
são os mestres que se formaram na universidade. São aqueles que vão valorizar cada vez mais esse movimento
da valorização intelectual durante a Idade Média, são os membros da Igreja, bispos, intelectuais, beneditinos em
especial.
A figura do livro proibido não existe até o século XII, eles existiam, mas aqueles que liam era tão poucos, que não
existia essa preocupação. Um livro que não deveria ter sido passado à frente, não era copiado, ele acabava por si.
Quando falamos em universidade humanista são duas que surgem juntas, frutos do mesmo movimento.
O professor, o médico, o cirurgião, têm um papel importante na cidade. Eles vieram da universidade e esse
mesmo grupo vai ter como sua marca a ideia de trazer também a valorização do homem, o espaço de humanismo
que está dentro do coração da razão, porque a partir do momento em que existe Deus dentro de cada homem,
revemos a própria figura de Jesus, não como divino, mas como homem nascendo.
Pensamos na ideia de grupo, dentro da Igreja, grupos de estudantes que vão ser tratados, pela Igreja, como os
foliados da Itália. Os foliados eram estudantes pobres, mantidos por nossas universidades. Os mecenas
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bancavam esses estudantes nessas universidades, porque era alguém para defendê-los, era alguém para atuar
junto nesse espaço social. Teoricamente a universidade não era permissiva para determinados grupos, mas isso
dependia da universidade, do grupo, de quem pagava.
Os burgueses vão buscar proximidade com essas universidades, porque isso favorece a sua estrutura, favorece a
organização.
Passa-se a ter a partir desse fenômeno a preocupação em demarcar a dominação, a organização política, não só
por uma ideia local. Por um grupo a dominação passa a ter uma segmentação divina, passa-se a defender a
hereditariedade, entre os nobres, o direito a continuação do domínio feudal. Não era obrigatório que fosse para
seus descendentes, esses tinham que jurar e o rei poderia retirar aquela terra, porque o juramento era com o
nobre.
No século XIII isso muda. A valorização fica muito marcada pela constituição da aristocracia, grupo especial. Há a
figura do cavaleiro, que ainda é o dono do cavalo, e depois vai virar o cavaleiro dos modos, das práticas, da forma
e da moral.
É justamente uma aristocracia a manutenção de domínios, da valorização daquela prática política. Não é uma
aristocracia que não pode ser iletrada, ela vai para universidade e pertence a esses centros intelectuais. Michel
Foucault defende que saber é poder.
Dentro desse contexto, a ideia do saber, o domínio vai se tornar fundamental.
Há uma mudança de paradigma na Baixa Idade Média: o que é buscado passa por modificações. O que era algo
eclesiástico, pouco importante para a nobreza ganha conotações vitais ao poder.
A universidade laica não perde força em relação à eclesiástica, são professores reconhecidos, é uma universidade
em que burgueses vão buscar apoio. Temos vários grupos, burguesia ascendendo, uma nobreza estruturada, uma
universidade continuando a crescer, e cada vez mais sociedade em transformação. Não é uma sociedade
moderna, é uma sociedade medieval, o problema é que imaginamos um mundo de trevas, era uma sociedade que
se modificava como qualquer outra, marcada por continuidades e rupturas.
Com isso podemos entender por que, dentro da Igreja, vemos surgir esse movimento, que o próprio Tomás de
Aquino, que no fim da vida se aproxima, nunca negou completamente, mas negou Aristóteles e muitos outros.
Esse movimento é o anti-intelectualista, a partir do século XIII e, especialmente, XIV. Temos uma série de
clérigos que começam a defender que a razão enfraqueceu a Igreja.
No século XIII, uma das maiores marcas desse movimento está na disputa de Abelardo e Bernard. Abelardo,
claramente seguidor da escolástica e bebendo dos escritos de Tomás de Aquino, e Bernard, um monge
tradicional considerado um dos principais autores daquele momento.
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Abelardo escreve uma obra, em que ele escolhe um conceito, vai ao velho testamento e pega passagens onde
aquele mesmo conceito se contradiz no velho testamento.
Isso é quebrar a própria ideia de inspiração divina da Bíblia, ele estrutura determinada prática.
Bernard diz que toda retórica realizada pela busca do conhecimento é uma tentativa de afastar o homem de
Deus. Ele afirma que a razão não é capaz de alcançar o divino, o divino deve ser sentido e a partir do momento
que se prega, se aumenta o conhecimento, mais difícil é sentir o que há de divino no mundo.
Dentro de uma estrutura de valorização da razão, há uma preocupação com a contestação em que essa razão tira
a divindade do centro da questão para colocar o homem, aí o surgimento do humanista.
O próprio não é uma estrutura prática, ele é fruto de um processo, de uma série de reflexões dorenascimento
próprio período medieval. Esse movimento é de dentro da Igreja mesmo, não é de fora dela tal qual a Laicização
vai ser defendida por determinados grupos. É só tirarmos a ideia da Igreja como algo muito único, aquela
personalização da Igreja e notar que estamos em um quadro de disputas.
Por que Michelangelo foi chamado quando ele, claramente, dentro daquela construção de abertura, valoriza a
figura do homem e constrói a Capela Sistina daquela forma? A Igreja sabia o caminho que ele iria seguir, que era
defendido por determinados grupos, defendido porque a razão seria necessária.
O problema é o vício de nosso olhar, insistimos em tentar entender a Igreja medieval com o olhar que temos para
a Igreja Católica hoje, e não queremos identificar heróisou vilões, mas entender as disputas e as organizações
sociais em que aquela Igreja se envolveu. A Igreja anti-intelectualista do século XIV, não é o padrão é um
momento, como a Inquisição e o Tribunal do Santo Ofício o será no século XVI.
A santa era uma porção da escolástica, ou seja, ela decorre da escolástica como uma reação.
O auge econômico do século XIII.
Magna Inglaterra
Magna carta, Limite do poder absoluto, João e contestação da Igreja e dos nobres. ai 
França
Século de ouro de São Luiz, O poder e as disputas papais, Disputas políticas com Henrique III e Jaime de Castela.
Saiba mais
Conheça mais sobre o assunto clicando nos artigos disponíveis na biblioteca virtual
Origem e memória das universidades medievais, a preservação de uma instituição
educacional
Artigos disponíveis no cite Google books:
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O que vem na próxima aula
Crise da Idade Média.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu que existem muitas formas de estudar um mesmo objeto;
• aprendeu um pouco mais sobre o que é intelectualidade e suas formas de manifestação;
• analisou a relação entre as heresias e as cidades medievais.
Artigos disponíveis no cite Google books:
Uma história do Corpo na Idade Média - Jacques Le Goff e Nicolas Truong
Pensar na Idade Média - Alain de Libera
Filosofia Medieval - Luis Alberto de Boni
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	Olá!
	1 Os intelectuais na Idade Média
	2 Como nasce o intelectual
	3 A Guerra dos Cem anos
	4 A bolsa ou a vida! Um olhar para a Economia.
	5 Cinco Sacramentos
	6 Vamos relembrar a discussão sobre as linhas intelectuais.
	7 A Universidade medieval
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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