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Resumos_FILOSOFIA- Argumentos da existência DEUS

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Existência de Deus- Argumentos e Problemas
Todos os povos e culturas apresentam manifestações de religiosidade. 
As religiões são formas de explicação; a religião tem que ver com o ligar o unir das pessoas. O homem religioso assume que as crenças veiculadas pela sua religião são verdadeiras. A crença mais comum é a da existência de um mundo sagrado, que se distingue radicalmente do mundo profano. O mundo profano está fora do sagrado, é basicamente a nossa visão do dia a dia. 
As principais religiões do mundo são o islamismo, o judaísmo, o cristianismo e o budismo. Apesar de darem todas um nome diferente no Deus em que acreditam, têm todas um aspeto em comum: referem-se a um Deus teísta, à conceção Teísta: 
1. Teísmo: conceção religiosa que concebe um Deus único, Deus este que é sumamente bom, omnisciente, omnipotente, omnipresente e sumamente bom. Para além de tudo isto é um Deus que intervém no mundo. Para um teísta é um absurdo termos uma imagem de Deus. Ele é transcendente; 
2. Deísmo: Deus nesta conceção religiosa tem exatamente as mesmas características do Teísmo, mas a grande diferença é que após o mundo estar criado, Deus não intervém mais no mundo; 
3. Panteísmo: Deus manifesta-se na natureza. Deus coincide com a Natureza- relação eminente. 
Mas a questão de Deus é racionalmente argumentável?
Filósofos e teólogos discutiram durante séculos a natureza de Deus, as suas características e a possibilidade de Deus ser conhecido racionalmente. Existem assim vários argumentos a favor da existência de Deus: 
· Argumento Ontológico: A um ser mais grandioso do que o qual nada pode ser pensado. Tal ser não pode existir apenas no pensamento pois nesse caso poderíamos pensar noutro ser ainda mais grandioso (em termos morais, em termos de conhecimento, em termos de poder). Logo esse ser (Deus) tem de existir na realidade. (“Existir em pensamento e para além do pensamento é uma perfeição maior do que existir apenas em pensamento. Se Deus existir apenas como ideia, não seria o mais perfeito de todos os seres. Logo, Deus tem de existir tanto no pensamento como na realidade.”). Objeções ao argumento: Para se poder atribuir uma qualidade a um ser a existência é uma qualidade prévia. Assim, para se considerar omnipotente, omnipresente, entre todas as perfeições que lhe são atribuíveis, a existência de Deus é uma condição prévia e não uma qualidade que deve ser necessariamente a crescentada à perfeição. Logo, a existência não pode inferida da perfeição. Pelo contrário, a perfeição implica a existência.
· Argumento Cosmológico: É um argumento empírico: Deus existe porque de outro modo não se consegue explicar a existência do Universo. Tudo o que começa tem que ter uma causa e nada se causa a si próprio. Se o Universo existe também tem uma causa. A causa primeira é Deus, logo Deus existe. (Por exemplo, o Big Bang não se pode causar a si mesmo). Objeções ao argumento: A primeira objeção é que o argumento é contraditório, se S. Tomás de Aquino começa por afirmar que tudo tem uma causa e que nada existe por si, não pode afirmar a seguir sem justificação, que Deus é uma causa não causada. A segunda objeção é que ao encontrar a causa primeira, a busca de S. Tomás de Aquino cessa, no entanto esta poderia continuar até ao infinito. 
· Argumento Teleológico: Assim como o argumento cosmológico é um argumento empírico. Neste argumento é feita uma analogia entre um relógio e o mundo. Defende que ambos são perfeitos e assim como o relógio teve um criador o mundo também teve e só pode ser Deus, pois para criar um mundo tão perfeito só poderia ser alguém grandioso. Não se compreende a finalidade do universo se Deus não existir. Objeções ao argumento: Esta analogia é fraca pois partindo de semelhanças conhecidas (mecanismo do relógio e universo) inferimos conclusões vagas (ambos têm criadores), mas o criador do universo é um ser que não é detetável empiricamente ao contrário do criador do relógio. 
Como referi anteriormente, houve vários filósofos e pensadores que questionaram a existência de Deus. Um destes foi Pascal que criou o argumento do apostador. O fideísmo de Pascal: 
· Pascal começa por questionar se é irracional acreditar em Deus; 
· Ele usa então o chamado argumento do apostador que se baseia no seguinte: se Deus existir e eu acreditar nele tenho tudo a ganhar; se Deus existir e eu não acreditar nele tenho tudo a perder
· Assim, é mais racional acreditar em Deus. 
(“Não é racional correr riscos quando a probabilidade de as coisas correrem mal é elevada. É razoável arriscar dois euros por semana no Euromilhões apesar de ganhar o primeiro prémio ser altamente improvável. Mas não é razoável apostar toda a nossa fortuna na roleta sabendo o prejuízo que isso comporta e quão improvável é alguém sair a ganhar de um casino.”)
· Temos algumas objeções a fazer a este argumento: 
· Há uma diferença entre o agir e o acreditar: rezar e assistir a cerimónias religiosas só faz sentido se já acreditarmos em Deus. 
· Como é que Pascal sabe que Deus recompensa aqueles que acreditam e pune os que não acreditam? Será que Deus, se é que este existe, reserva para os que nele não creem o sofrimento eterno? MAIS, se Deus é sumamente bom, porque não perdoa os não crentes? 
No entanto apesar de todos estes argumentos sobre a existência de Deus, existe um argumento que é considerado o mais importante desafio intelectual à conceção teísta de Deus: o argumento do mal! 
· Se Deus é sumamente bom (omnipotente, omnisciente e omnipresente), como é que se aceita que haja tanto mal no mundo? 
Foram elaborados três contra-argumentos a este argumento do mal: 
1. Deus criou o melhor dos mundos possíveis, não poderia ter criado um mundo mais perfeito! Objeção: Mas um mundo sem guerra, por exemplo, não seria muito melhor? 
2. Todo o mal que passamos torna-nos pessoas melhores. Objeção: Isto é um contra-argumento bastante perverso (exemplo: uma criança que fique órfã de ambos os pais aos 3 anos, vá para uma família de acolhimento onde é mal acolhida e maltratada, foge de casa e é recolhida por um homem que abusa dela e assim sucessivamente, como é que é concebível que esta criança que cresceu vítima de maus tratos seja uma pessoa melhor por causa disso?)
3. (argumento mais forte) O mal que o humano cria é justificável pelo livre-arbítrio. Objeção: Apesar deste ser um bom argumento, as catástrofes naturais, como os terramotos ou os maremotos, não podem ser explicados com o livre-arbítrio. O mal natural não é causado pelo livre-arbítrio. 
· Argumento de Leibniz: Leibniz considera que o mundo existe desta maneira por uma certa razão. O ser humano tem limites e não consegue compreender os desígnios divinos. Leibniz acha que Deus teve uma razão para criar o mundo com mal. Objeção: Se o ser humano é limitado para entender a finalidade do mal também é limitado para entender a ideia de Deus. Ou se é limitado nas duas coisas ou não se é limitado em nenhuma.
· TEODÍSSEIA: É uma narrativa que procura conciliar a existência de Deus com a existência do mal. Esta narrativa fundamenta o argumento de Leibniz. 
	
	
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