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2014-tcc-vcsluz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE DIREITO 
DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO 
 
 
 
 
 
 
VIVIANA CRISTINA DOS SANTOS DA LUZ 
 
 
 
 
 
A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE 
LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FORTALEZA 
 2014 
 
 
VIVIANA CRISTINA DOS SANTOS DA LUZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA 
OFICIAL PORTUGUESA 
 
 
 
 
 
 
 
 Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
 Universidade Federal do Ceará como requesito 
 Parcial para obtenção do título de Bacharel em 
 Direito. Áreas de concentração: Direito 
 Constitucional e Internacional Público. 
 
 Orientador: Prof. Msc. William Paiva Marques 
 Júnior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca Setorial da Faculdade de Direito 
 
 
L979n Luz, Viviana Cristina dos Santos da. 
A nacionalidade nos sistemas constitucionais dos países de língua oficial portuguesa / Viviana 
Cristina dos Santos da Luz. – 2014. 
73 f. : enc. ; 30 cm. 
 
Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Direito, Curso de 
Direito, Fortaleza, 2014. 
Área de Concentração: Direito Constitucional e Internacional Público. 
Orientação: Prof. Me. William Paiva Marques Júnior. 
 
 
1. Nacionalidade. 2. Direito constitucional. 3. Países de língua portuguesa. 4. Direito 
internacional público. 5. Naturalização. I. Marques Júnior, William Paiva (orient.). II. 
Universidade Federal do Ceará – Graduação em Direito. III. Título. 
 
 CDD 341.2712 
 
 
 
VIVIANA CRISTINA DOS SANTOS DA LUZ 
 
 
A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA 
OFICIAL PORTUGUESA 
 
 
 
 
 Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
 Universidade Federal do Ceará como requesito 
 Parcial para obtenção do título de Bacharel em 
 Direito. Áreas de concentração: Direito 
 Constitucional e Internacional Público. 
 
 
Aprovada em __/__/____. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
__________________________________________________ 
 Porf. Msc. William Paiva Marques Júnior (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
__________________________________________________ 
 Profª. Drª Theresa Rachel Couto Correia 
Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
______________________________________________________ 
Porfª. Msc. Janaína Soares Noleto Castelo Branco 
Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 A Deus, em primeiro lugar, por tudo o que tem vindo acontecer na minha vida, 
suas bênçãos e todas as oportunidades e as pessoas que me cercam. 
 
 Aos meus pais que sempre apoiaram-me, a educação que me deram, todo o amor, 
carinho, e sei que apesar da distância estão sempre me abençoando e da qual deixam muita 
falta nesse momento da minha vida. 
 
 
 A minha filha, minha Princesinha que amo por demais, que é a única da família 
presente em todos esses momentos no Brasil, longe do meu país e da minha família querida, 
aos meus irmãos, Ivanilda, Camila e Stiven, por tudo o que tenham feito por mim. 
 
 
 A todas as minhas grandes amigas, Zaú, Lígia Miriam, Samira, Romina, Lucy, 
Mircia, cujas companhias me fazem muita falta e a minha comadre Aida, por tudo o que tem 
feito por mim e minha filha, por torna-se uma pessoa de grande importância nas nossas vidas, 
por todo o carinho, todos os momentos passados juntos. 
 
 
 À Universidade Federal do Ceará, a CAI (Coordenadoria de Assuntos 
Estudantis), que me proporcionaram uma boa formação, e aos seus professores, especialmente 
aos Professores, Theresa Rachel, Janaína, Mazé, Tarin e Yuri, e aos servidores dessa 
faculdade. 
 
 
 Ao meu Orientador, Prof, Me. William Paiva Marques Júnior, por toda atenção 
durante esse trabalho, por todo o carinho, por toda a paciência e pela sua grande dedicação à 
Faculdade. 
 
 
 Aos componentes da Banca Examinadora, Prof,ª Drª Theresa Rachel Couto 
Correia e a Profª, Me. Janaína Soares Noleto Castelo, pela disponibilidade, gentileza e 
colaborações. 
 
 
RESUMO 
 
 Procurou-se, na confecção deste trabalho, demonstrar de forma concisa, dada o ínfimo tempo 
disponível, a evolução normativa nessa área, bem como os aspectos universais, oriundos do 
direito internacional e constitucional, demonstrando a nacionalidade nos sistemas 
constitucionais dos países de Língua Oficial Portuguesa, como Angola, Brasil, Cabo Verde, 
Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Desde a 
conceituação geral, à pátria, à perda e à aquisição, a condição de apátrida e polipátrida, 
buscou-se apresentar um panorama geral e peculiar do tema em foco. Neste ínterim de 
estudo, resume-se que a legislação pátria vigente, é uma das mais liberais e inovadoras já 
postas em prática. Inovadora por tratar o nacional de outro país como igual, desde que haja 
reciprocidade, e mesmo esta não existindo, servindo de exemplo para outros Estados o 
tratamento respeitoso. 
 
 
Palavras-chave: A Nacionalidade. Os sistemas constitucionais dos países de Língua Oficial 
Portuguesa. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Were made, in making this work, demonstrate concisely, given the smallest available time, 
the normative developments in this area, as well as universal aspects arising in the 
international and constitutional law, demonstrating the national constitutional systems of the 
countries of Official Language Portuguese, like Angola, Brazil, Cape Verde, Guinea-Bissau, 
Mozambique, Portugal, Sao Tome and Principe and East Timor. Since the general concept, 
the homeland, the loss and acquisition, statelessness and polipátrida, we attempted to present 
a general overview and quirky theme in focus. Meanwhile the study, we summarized the 
current legislation homeland, is one of the most liberal and innovative implemented already. 
Innovative to treat a national of another country as equal, provided there is reciprocity, and 
even this does not exist, setting an example for other states to respectful treatment. 
 
 
 
Keywords: The Nationality. The constitutional systems of the Portuguese-speaking countries. 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa 
UE- União Europeia 
CRM- Constituição da República de Moçambique 
CRP- Constituição da República Portuguesa 
S.Tomé e Príncipe- São Tomé e Príncipe 
UNTAET – United Nations Transitional Administration in East Timor/ 
Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste 
SEF- Serviço de Estrangeiros e Fronteiras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................82. A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE 
LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA.......................................................................................10 
 2.1 Evolução histórica........................................................................................................10 
 2.2 Delimitação conceitual da nacionalidade.....................................................................11 
 2.3 Aquisição da nacionalidade......................................................................................... 12 
 2.3.1 A nacionalidade originária...................................................................................14 
 2.3.2 A nacionalidade derivada ...................................................................................16 
 2.3.3 A naturalização e a nova lei portuguesa.............................................................18 
 2.4 A perda da Nacionalidade .........................................................................................20 
 2.5 A reaquisição da nacionalidade .................................................................................22 
3. O PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO NO BRASIL...................................................24 
 3.1 Conceitos .................................................................................................................. .24 
 3.2 O brasileiro nato e o naturalizado ..............................................................................25 
 3.2.1Brasileiro nato.......................................................................................................25 
 3.2.2 Brasileiro naturalizado ........................................................................................27 
 3.3 A naturalização comum ordinária .............................................................................29 
 3.4 A naturalização extraordinária...................................................................................30 
 3.5 A naturalização especial.............................................................................................31 
 3.6 A naturalização provisória..........................................................................................31 
 3.7 Naturalização definitiva ou simples............................................................................32 
 3.8 Caducidade e invalidade ...........................................................................................33 
 
 
 
4. NATURALIZAÇÃO E O DIREITO INTERNACIONAL...............................................34 
 4.1 Plurinacionalidade ou polipatridia ...............................................................................35 
 4.1.1 Dupla nacionalidade no Brasil .............................................................................36 
 4.2 A nacionalidade ou apátrida ........................................................................................37 
5. A NACIONALIDADE DOS OUTROS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL 
PORTUGUESA (ANGOLA, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE, 
PORTUGAL, SÃO TOMÉ EPRÍNCIPE E TIMOR-LESTE)...............................................41 
 5.1 A nacionalidade no sistema constitucional angolana ..................................................41 
 5.2 A nacionalidade no sistema constitucional de Cabo Verde ........................................46 
 5.3 A nacionalidade no sistema constitucional da Guiné- Bissau .....................................48 
 5.4 A nacionalidade no sistema constitucional de Moçambique ......................................49 
 5.6 A nacionalidade no sistema constitucional de Portugal ..............................................53 
 5.7 A nacionalidade no sistema constitucional de São Tomé e Príncipe ..........................58 
 5.8 A nacionalidade no sistema constitucional de Timor-Leste .......................................61 
 5.8.1 A definição constitucional da cidadania originária .............................................62 
 5.8.2 A Lei nº 9/2002, de 5 de Novembro ( Lei da nacionalidade Timorense) ............ 63 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................69 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................71 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Em função das diferenças existentes há séculos entre o nacional e o estrangeiro, 
que não desfrutavam dos mesmos direitos dos cidadãos, fez com que essa busca constante 
através das gerações, trouxe com o avançar do tempo e a era da globalização, novos ares 
para esse discutível e tão pouco explicado assunto. 
 São estas razões que fizeram com que este trabalho busca-se adentrar acerca de 
um assunto pertinente ao Direito Constitucional e Internacional Público merecedor de toda 
atenção. 
 A finalidade deste trabalho é buscar um entendimento maior acerca do tema, 
uma definição adequada para a nacionalidade e seus conceitos, definindo também a 
naturalização e suas espécies, expondo a visão de diversos autores e textos relacionados ao 
assunto. 
 Neste trabalho, o Direito de Nacionalidade será abordado em seus mais diversos 
aspectos, tratando inicialmente de sua conceituação jurídica e suas espécies 
compreendidas entre primária e secundária. 
 Serão comentados ainda os sistemas e as formas de aquisição de nacionalidade, 
apresentando, inclusive, variantes modos existentes de aquisição no Direito 
Constitucional, e a perda desta, que pode ser caracterizada através da naturalização. 
Finalizando o primeiro capítulo, falar-se-á a respeito da reaquisição da nacionalidade e 
como ela pode ser conquistada dentro do âmbito constitucional. 
 No segundo capítulo, será discutido a respeito do brasileiro nato e do brasileiro 
naturalizado, e as diferenças em suas condições jurídicas, abrangendo também os meios 
precisos para a naturalização. Posteriormente serão abordadas as diferentes formas de 
naturalização no direito interno brasileiro e sua caducidade e invalidade em que consiste a 
perda e a reaquisição da nacionalidade brasileira. 
9 
 
 Em seu terceiro capítulo, serão destacados alguns tratados, que procuram 
reduzir os problemas e dificuldades da apátrida e polipatridia, ora trazendo a ordem geral, 
Estados excessivamente absorventes, ora pelo contrário. Trazendo assim, pequenas 
referências à Convenção de Haia, à Assembleia Geral das Nações Unidas, à Convenção 
Americana, celebrada em Sam José da Costa Rica, todas acentuando o direito à 
nacionalidade de acordo como ela ocorrer. 
 Ainda neste mesmo capítulo serão abordados os conflitos da apátrida ou a 
ausência da nacionalidade, e a polipatridia ou a dupla-nacionalidade, como forma de 
podermos observar suas características no Direito Constitucional Brasileiro e no Direito 
Internacional Público. 
 No quarto capítulo analisaremos a nacionalidade como também a sua aquisição nos 
outros países de Língua Oficial Portuguesa como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, 
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
2. A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE 
LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA 
 A nacionalidade, sabe-se, deve ser o direito adquirido do cidadão a partir do 
momento de seu nascimento, seja como este tiver ocorrido, dentro do sistema jus solis ou 
jus sanguinis , sendo um direito universal oferecido em todas as nações do mundo. 
 Procurou-se, na confecção deste trabalho, demonstrar de forma concisa, dada o 
ínfimo tempo disponível, a evolução normativa nessa área, bem como os aspectosuniversais, oriundos do direito internacional e constitucional, ora trazendo convenções e 
legislações pertinentes ao Brasil e os outros países de Língua Oficial Portuguesa, 
apresentando conceitos e pensamentos de grandes internacionalistas. 
 
2.1 Evolução histórica 
 Nas primeiras civilizações a religião era importante fator de coesão social, 
como o estrangeiro em geral, possuía religião diferente, não lhes eram reconhecidos 
direito tal como ocorreu na Antiguidade Oriental e Clássica, sendo assim, eles não tinha 
direito a uma nacionalidade local. 
 Já no feudalismo, o estrangeiro deveria jurar lealdade ao senhor feudal, sob 
pena de ser reduzido a servo. Nessa época, os judeus, símbolos de estrangeiros, eram 
bastante discriminados. 
 E gradativamente, os estrangeiros passaram a adquirir alguns direitos, 
sobretudo em razão do estreitamento das relações comerciais entre os povos. 
 Mas com o Iluminismo e a Revolução Francesa, as ideias de liberdade, 
igualdade e fraternidade, ligadas ao Racionalismo da época, contribuiriam para melhorar a 
situação jurídica do estrangeiro. Conforme esclarece a citação seguinte: 
 A interferência dos ideais religiosos introduzidos no Direito Internacional pela 
Igreja Católica, trazendo a liberdade, a igualdade e a fraternidade, contribuiu para 
a nova concepção do nacional. Com o advento da Revolução Francesa, da 
Constituição Americana e das declarações dos Direitos do Homem, a 
11 
 
nacionalidade consolidou-se em novas bases, deixando para trás as valorações 
pejorativas atribuídas aos estrangeiros. Nesse contexto, movidos pelo 
nacionalismo, muitos Estados promoveram a sua unificação, como França, a 
Itália e a Alemanha (...) (RUBEN; 1987 p 28). 
 
 Já no século XIX, os direitos privados são reconhecidos aos estrangeiros. 
 E por fim no século XX, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do 
cidadão serviu para assentar a ideia de respeito de um padrão mínimo de direitos aos 
estrangeiros, em razão de serem pessoas humanas. 
 
2.2. Delimitação conceitual da nacionalidade 
 A palavra nacionalidade é derivada do vocabulário latino nátio, que significa 
nascer (GAMA, 2002, p. 104). Segundo Aurélio Buarque de Holanda, (1986, p. 1175), 
nacionalidade é: 
 condição ou qualidade de quem ou do que é nacional...País de 
nascimento...Condição própria de cidadão de um país, quer por 
naturalidade...quer por naturalização...O complexo dos caracteres que distinguem 
uma nação, como a mesma história, as mesmas tradições comuns, etc... 
 A definição de nacionalidade está vinculada ao conceito de povo, que consiste 
no aglomerado de indivíduos ou comunidades e a nação que provêm do acumulado de 
territórios e comunidades, ligados por valores culturais e morais ao território em que vivem, 
e a um Estado, embora este, não seja necessariamente obrigatório. Este conceito foi criado 
recentemente, nos sécs. XVIII e XIX, pela burguesia, com a finalidade de substituir a 
relação arcaica do povo, do território e do Estado. 
 Anteriormente a noção de “nação” e até mesmo ao termo “súdito” o conceito 
existente vinculado aos homens da comunidade e aos direitos e valores encontravam-se 
englobados na “cidadania”. O cidadão era o indivíduo nascido e oriundo nas cidades-
estados, como Atenas e Roma, por exemplo, ligado aos valores, crenças e costumes desta 
cidade. 
12 
 
 Então cidadania é o direito de intervir no processo governamental, sobretudo 
pelo voto, diferindo da nacionalidade, que é um status individual cujo conteúdo só se 
esclarece por contraposição ao do estrangeiro. 
 E dentro da visão jurídica atual a cidadania vincula-se ao gozo dos direitos 
políticos e institucionais em um país - a nação que é a somatória do povo mais o território 
- exercidos pelos indivíduos que tenham nacionalidade vinculada ao determinado país, ou 
seja, o conceito moderno de cidadania está implícito no conceito de nacionalidade que tem 
como base o ideal de nação. 
 Segundo Pontes de Miranda, "nacionalidade é o vínculo jurídico-político de 
Direito Público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão 
pessoal do Estado". (PONTES MIRANDA, 1935, p. 53.) 
 Porém Aluísio Dardeau de Carvalho nota a falta de juridicidade do termo 
nacionalidade, que partindo da ideia de nação, englobaria somente os indivíduos, que 
pertencessem a determinado grupo ligado pela raça, religião, hábitos e costumes. 
(GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA, 2000, p. 83) 
 E para José Francisco Rezek, “Nacionalidade é o vinculo político entre Estado 
soberano e o indivíduo, que faz deste um membro da comunidade constitutiva da 
dimensão pessoal do Estado. Importante, portanto no direito das gentes, esse vínculo 
político recebe, entretanto uma disciplina jurídica de direito interno (...)”. 
 Então o direito de nacionalidade, ou seja, a possibilidade do indivíduo estar 
inserido em um Estado significa a ligação, de caráter jurídico e político, que une a pessoa 
a este Estado determinado colocando-a, dentro da sua dimensão pessoal, lhe conferindo os 
direitos de proteção e impondo-lhe os deveres advindos desta ordem estatal. 
 
2.3. Aquisição da nacionalidade 
 A nacionalidade pode ser adquirida por diferentes formas. Levando-se em 
consideração o tempo, pode-se classificar a nacionalidade em duas categorias: 
13 
 
nacionalidade originária e nacionalidade derivada, também chamada de secundária ou, 
impropriamente, adquirida. 
 Para a atribuição da nacionalidade originária, aquela se alcança pelo 
nascimento, pode-se apontar dois sistemas legislativos: jus soli e jus sanguinis. Ressalte-
se, contudo, que esses sistemas não são adotados de forma inflexível, admitindo-se 
temperamentos. 
 O sistema do jus soli, é outro grande princípio de atribuição da nacionalidade 
embasado nos ordenamentos jurídicos. Consiste na concessão da nacionalidade em função 
do local do nascimento, é o direito do solo. ”Quem Nasce no território do Estado, desse 
Estado é nacional” (DEL’OLMO, 2002, p. 229). Logo, não importa a nacionalidade dos 
pais. Trata-se de sistema largamente usado durante a Idade Média, mais certamente no 
período feudal, época em que a terra,( o solo), era o centro de gravidade da economia, e da 
sociedade, senhores feudais e servos, da época. 
 Afirma GARCIA: Analisando o problema sem paixão, chega-se a uma 
conclusão lógica: o sistema jus soli é o mais justo, porque permite ao ser humano, 
desde que nasce, identificar-se com o meio ambiente em que nasceu, se criou, foi 
educado e vive com seus compatriotas ou concidadãos, trabalhando e 
perseguindo os mesmos ideais de engrandecimento da terra que o viu nascer. 
Ademais, livre da influência ideológica, política ou religiosa de seus 
antepassados, converte-se em verdadeiro cidadão, solidário com o destino de sua 
pátria, a terra em que nasceu, estudou, trabalhou e prosperou. ( GARCIA, 2002 p. 
271.) 
 Pelo sistema do jus sanguinis, a nacionalidade originária obtém-se de acordo 
com a dos pais, à época do nascimento. Trata-se de nacionalidade obtida de acordo com a 
filiação. Se os pais tiverem nacionalidades diferentes, prevalecerá a do pai. Se o filho for 
natural, ou de pai desconhecido, seguirá a nacionalidade da mãe. Se ambos os pais forem 
desconhecidos, não será possível a adoção do jus sanguinis, fixando-se a nacionalidade 
pelo critério do jus soli. O critério do jus sanguinis foi adotado na Antiguidade Clássica e 
Oriental. Posteriormente, com a Revolução Francesa, movimento que pôs fim ao AntigoRegime e, com ele, lembranças do feudalismo, passou a ser mais utilizado. 
Simetricamente ao que acontece com o sistema do jus soli, o jus sanguinis é adotado pelos 
países de emigração, sobretudo os europeus, que desejam manter vínculos com seus 
14 
 
nacionais. Destaca Del’Olmo:(...) que não se conhece caso atualmente de Estado que 
esteja adotando o jus sanguinis de forma absoluta”. (DEL’OLMO, 2002, p.229.) 
 Acerca do jus soli, afirma Del’Olmo ainda que este surgiu, ou pelo menos se 
consagrou, no período feudal, no qual a ideia dominante era manter o indivíduo preso à 
terra. 
 (...) o sistema jus soli é mais justo, porque permite ao ser humano, desde que 
nasce, identificar-se com o meio ambiente em que nasceu, se criou, foi educado e 
vive com seus compatriotas ou cidadãos, trabalhando e perseguindo os mesmos 
ideais de engrandecimento da terra que viu nascer. Ademais, livre da influência 
ideológica, política ou religiosa de seus antepassados, converte-se em um 
verdadeiro cidadão, solidário com o destino de sua pátria, a terra em que nasceu, 
estudou e prosperou. (GARCIA apud DEL’ OLMO, 2002, p.230). 
 Pode-se depreender que a nacionalidade é o elo do indivíduo com a sua nação 
de origem, tendo em vista a sua identificação histórico-cultural. É por meio da 
nacionalidade que o indivíduo exerce seus direitos como cidadão, oriundos da Constituição 
de um determinado Estado. 
 
2.3.1. A nacionalidade originária 
 No Brasil em relação às hipóteses de aquisição da nacionalidade originária 
previstas pelo Texto Constitucional o legislador constituinte adotou como regra o critério 
do "jus soli" e, no entretanto, previu hipóteses em que adotou o critério do "jus sanguinis" 
mitigado. 
 Outra possibilidade de aquisição da nacionalidade originária prevista na Carta 
Maior (art.12, inciso I, c), é a chamada nacionalidade potestativa, consistente em considerar 
nacionais os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro, desde que venham a residir 
na República Federativa do Brasil e optem, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
Imperioso notar que neste dispositivo as exigências para a aquisição do direito de ser 
nacional são maiores. Com efeito, exige-se além do aspecto da consanguinidade, a 
residência no território brasileiro e, ainda, a declaração unilateral de vontade, a qualquer 
tempo, confirmativa da opção pela nacionalidade originária brasileira. 
15 
 
 O conceito da aquisição originária de nacionalidade segundo o critério jus soli, 
são elencados na Constituição de 1988 em seu artigo 12, da seguinte forma: 
 São brasileiros :I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, 
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu 
país;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil II - 
naturalizados: c) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um 
ano ininterrupto e idoneidade moral; §1° - Aos portugueses com residência 
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta 
Constituição. § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos 
e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.§ 3º - São privativos 
de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - 
de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - 
de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa. § 4º - Será 
declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelado sua 
naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos :a) de reconhecimento 
de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, 
pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como 
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civil; 
 Os titulares da nacionalidade originária também chamada, primária ou de 
origem, são os brasileiros natos. As formas de aquisição originária de nacionalidade são de 
competência do legislador constitucional, não se admitindo que lei infraconstitucional 
constitua novas hipóteses de sua ocorrência. 
 O critério de atribuição da nacionalidade pelo jus sanguinis reinou quase que 
absolutamente na maior parte da história. 
 Criou-se, portanto, ao arrepio do art. XV, 1º da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem e do cidadão, uma possibilidade de filhos de brasileiros no exterior 
serem considerados heimatlos, apátridas. Tal ocorreria, por exemplo, quando um casal de 
brasileiros tivesse um filho na Itália, pais que adota o jus sanguinis. Tendo em vista essa 
situação, tramita, no Congresso Nacional, proposta de emenda constitucional que visa 
impedi-la. Para que o filho de brasileiro ou brasileira, nascido no exterior, possa adquirir a 
nacionalidade brasileira, deverá vir a residir no Brasil e optar, a qualquer tempo, por ela. 
No caso, adota-se o critério da filiação, acrescido de mais dois requisitos: residência no 
Brasil e opção pela nacionalidade, a qualquer tempo. 
16 
 
 Manifestada a opção, não se pode recusar o reconhecimento da nacionalidade, 
por isso que se trata de nacionalidade potestativa. A aquisição da nacionalidade depende 
apenas da vontade do interessado, amparada por direito subjetivo público. 
 Interessante discussão gira em torno de se saber como deve ser tratado o 
nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, que venha a residir no Brasil, 
enquanto não opte, o que pode fazer a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
 Com efeito, havendo prazo, a opção não é constitutiva da nacionalidade, porém 
atesta sua definitividade, a opção teria efeitos retroativos. Nesse caso, a nacionalidade 
ficaria suspensa, enquanto o optante não se definisse. Expirando o prazo, não incidiria mais 
a nacionalidade potestativa. 
 
2.3.2 A nacionalidade derivada 
 A nacionalidade derivada é comumente chamada de naturalização. Sua 
concessão, em regra, é feita discricionariamente pelo Estado, segundo suas conveniências. 
Desse modo, ainda que preenchidos determinados requisitos, por não haver, em princípio, 
direito público subjetivo à naturalização, pode ao estrangeiro ser negada a aquisição da 
nacionalidade brasileira. No Brasil, a concessão da naturalização é de competência 
exclusiva do Poder Executivo, na esfera administrativa. 
 Quando a naturalização ocorre de forma voluntária, o naturalizado perde a 
nacionalidade anterior, constituindo-se manifestação do direito de renúncia, que, em 
algumas legislações, pode ser tácita. Para a concessão pelo Estado da naturalização, além 
da vontade daquele que busca outra nacionalidade, influem o jus domicilii e o jus laboris. 
(Lei nº 6.815/80 do Estatuto do Estrangeiro, art. 113, III e art. 114, II). 
 A nacionalidade originária depende da vontade do Estado, e a nacionalidade 
derivada, depende da vontade do homem: a primeira é uma nacionalidade de atribuição, a 
segunda uma nacionalidade de eleição. 
17 
 
 Num aspecto mais global pode-se citar alguns países e suas características neste 
aspecto, da naturalização: 
 Encontramos o casamentocomo um modo de aquisição da nacionalidade para a 
mulher na Alemanha, Bélgica, Bulgária, Costa Rica, Finlândia, Grã-Bretanha, Grécia, 
Guatemala, Haiti, Espanha, Holanda, Hungria, Mônaco, Nicarágua, Portugal, Peru, 
Romênia, Suíça, Turquia e Venezuela. 
 Há, ainda, os Estados em que à nacionalidade pode, além dos modos acima 
mencionados, ser adquirida: 
a) Por efeitos da naturalização do chefe de família, como na Inglaterra, Bélgica, Bulgária, 
Estados Unidos, China, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Hungria, Itália, Japão e 
Noruega; 
b) Por legitimação, como na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Finlândia, 
Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Noruega, Romênia e Suíça; 
c) Por adoção, como na China, Japão e Polônia; 
d) Pelo jus laboris ou atividade profissional, acompanhada de residência durante um certo 
tempo, como no Haiti, Panamá, Rússia e Uruguai; 
e) Por aceitação de emprego público ou pensão do Governo, como na Alemanha, 
Guatemala, Haiti, Itália, El Salvador e Sri Lanka; 
f) Por prestação de serviço militar, como na Alemanha, Argentina e Itália; 
g) Por prestação de serviços relevantes ao país em que o estrangeiro está domiciliado, como 
na Argentina, Egito e Uruguai; 
h) Por meio de reaquisição da nacionalidade perdida, como na Bélgica, Bolívia, Brasil, 
Bulgária, Chile, China, costa Rica, Cuba, Dinamarca, Equador, Espanha, Estados Unidos, 
França, Grécia, Guatemala, Haiti, Itália, Nicarágua, Noruega, Paraguai, Panamá, Irã, El 
Salvador, Suécia, Turquia, Uruguai e Venezuela. 
18 
 
 A legislação de Israel também é bastante curiosa, estabelecendo que a 
nacionalidade israelense pode ser adquirida: 
- Pelo simples retorno do imigrante judeu a Israel; 
- Pela residência do ex-súdito palestino em Israel, observadas certas condições;- Pela 
filiação: filhos de país ou mãe israelita; 
- Por naturalização, uma vez preenchidas as condições da lei; 
- Por efeito da aquisição da nacionalidade do pai, em relação aos filhos menores de 18 anos. 
 Na Itália adquire-se a cidadania italiana pela filiação (filizione), jus sanguinis, 
pelo nascimento em território italiano, jus solis, mediante o casamento, jus conubii 
(MARKY, 1995, p. 34), por meio de concessão, ato específico do Estado (Decreto do 
Presidente da República), jus publicum (MARKY,1995, p. 34). 
 
2.3.3 A Naturalização e a nova lei Portuguesa 
 A nova lei da Nacionalidade de Portugal, aprovada dia 16 de Fevereiro de 2006 
em votação final global vem reforçar o "jus solis" como critério de atribuição da 
nacionalidade. Em pequeno resumo, segue suas principais alterações e características. 
 1. Principal alteração: reforço do jus soli como critério de atribuição e aquisição 
da nacionalidade: 
a) Atribui-se nacionalidade originária aos imigrantes de terceira geração (nascidos em 
Portugal, filhos de estrangeiros que também já nasceram em Portugal); 
b) Atribui-se a nacionalidade originária aos imigrantes de segunda geração (nascidos em 
Portugal, filhos de estrangeiros), quando pelo menos um dos progenitores resida legalmente 
em Portugal há 5 anos (era 6 anos para os da CPLP e 10 anos para os outros – e todos 
tinham que ter autorização de residência, agora é qualquer título válido); 
19 
 
c) Concede-se um direito à nacionalidade por naturalização aos menores imigrantes de 
segunda geração (crianças nascidas em Portugal) cujos pais se legalizem e estejam legais há 
5 anos ou que concluam aqui o primeiro ciclo do ensino básico; 
d) Admite-se a aquisição da nacionalidade por naturalização aos imigrantes de segunda 
geração (que aqui tenham nascido) quando atinjam a maioridade, tendo aqui permanecido 
nos últimos 10 anos (ainda que em situação irregular). 
 2. É uma lei justa e equilibrada, contra a exclusão social. Não é um 
procedimento alternativo para a legalização extraordinária de imigrantes. 
 A nova lei não confere a nacionalidade automaticamente a todos os que nasçam em 
Portugal, ainda que de pais ilegais – nenhum País europeu o faz. Seria um incentivo à 
imigração clandestina e uma irresponsabilidade na gestão de uma fronteira Global. 
 O sistema continua a privilegiar o jus sanguini (na aquisição originária por filiação 
não há, praticamente, outros requisitos, enquanto que para o jus soli há normalmente a 
regra da legalidade dos pais), mas há um reforço significativo do jus soli, retomando uma 
tradição legislativa abandonada em 1981. 
 3. Podem ser ressaltados outras alterações relevantes na legislação 
a) limitação da discricionariedade nos processos de naturalização, admitindo, em certos 
casos, um direito subjetivo à nacionalidade por naturalização; 
b) redução das exigências burocráticas (o conceito de residência legal, condição para certos 
casos de atribuição originária e de naturalização, passa a preencher-se com qualquer título 
válido e não só com a autorização de residência); 
c) a competência para os processos de naturalização sai de uma autoridade policial, o SEF, 
e passa para o Ministério da Justiça; 
d) a união de fato com português, judicialmente reconhecido, é equiparada ao casamento; 
e) há inversão do ônus da prova: o Ministério Público é que tem de fundamentar a oposição 
à aquisição da nacionalidade por casamento ou adoção; 
20 
 
f) o contencioso da nacionalidade transita dos tribunais judiciais para os tribunais 
administrativos; 
g) deixa de haver discriminação em razão do país de origem, como manda a Convenção 
Europeia da Nacionalidade (mas com as novas regras todos ganham, incluindo os 
imigrantes oriundos da CPLP); 
h) os emigrantes em Portugal de segunda geração, netos de portugueses, têm acesso mais 
fácil à naturalização. 
 
2.4 A Perda da nacionalidade 
 A perda da nacionalidade consiste no rompimento do vínculo jurídico- político 
existente entre o indivíduo e o Estado, uma situação de Apátrida, ou seja uma pessoa que 
não tem qualquer nacionalidade de um Estado e não adquiriu a de outro, é um conflito de 
nacionalidade. 
 Salienta-se que esta perda gera efeitos personalíssimos, não atingindo os 
ascendentes nem os descendentes da pessoa que perdeu a nacionalidade. 
 Ricardo Gama classifica a perda da nacionalidade em dois tipos: 
 (...) A voluntária é marcada pelo ato da pessoa em não mais querer manter a 
nacionalidade, enquanto a involuntária conta sempre com o decreto estatal 
determinando a perda. Motivadamente, como é mais comum ocorrer, o Estado 
extingue a sua ligação com a pessoa. Mas, é possível que a pessoa decida por não 
mais manter determinada nacionalidade, ensejando a ruptura do vínculo 
.(GAMA, 2002, p. 147-148). 
 Via de regra portanto, seriam apenas dois casos de perda de nacionalidade: 
 Cancelamento da naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade 
nociva ao interesse social (também chamada de perda-punição); Aquisição de outra 
nacionalidade por naturalização voluntária (perda-mudança). Como regulamenta o 
instituto disposto no art. 12 §4° da Constituição Federal de 1988. 
21 
 
 Ambos os casos remetem a situações específicas, encontrando ainda aquelas em 
que a nacionalidade perdida não é substituída por nenhuma outra. 
 Em suma, a nacionalidade pode ser perdida: 
- por mudança de nacionalidade, como consequência do benefício da Lei; 
- pelo casamento; 
- pela naturalização; 
- por cessões ou anexações territoriais; 
- por algum ato julgado incompatível com a qualidade de nacional ou considerado como 
falta, e, que por isso, acarrete perda da nacionalidade; 
- pela presunção de renúncia, em consequência de residência, mais ou menos prolongada, 
em país estrangeiro, sem intençãode regresso. 
 Para o caso da perda-punição de nacionalidade é prevista no Brasil, uma Ação 
de Cancelamento de Naturalização proposta pelo Ministério Público Federal, e que uma 
vez perdida a nacionalidade mediante sentença transitada em julgado, somente será 
possível readquiri-la por meio de ação rescisória e nunca por novo processo de 
naturalização. 
 Exceções constitucionais nas alíneas a e b do inciso II do artigo 12, §4° da 
CF/88, respectivamente, resguardando aquele adquirente de outra nacionalidade por 
aquisição originária e protegendo o constrangimento de brasileiros que, por força de 
contratos, tinham que exercer atividade profissional em países que requeiram 
naturalização para trabalhar em seu território; ou quando norma de outro Estado impõe a 
naturalização do brasileiro nele residente, como condição de permanência em seu 
território ou do exercício de direitos civis. 
 A perda da nacionalidade ocorre pelos mesmos motivos que prevêem a 
aquisição, pois uma é consequência da outra em relação ao Estado que perdeu o nacional e 
a obtenção da nacionalidade pode vir a gerar a extinção da nacionalidade anterior. 
22 
 
 
2.5 A Reaquisição da nacionalidade 
 No Brasil, reaquisição da nacionalidade é prevista na Lei de estrangeiros (Lei 
n.º 818/49) segundo o disposto no art. 36, tendo sua origem na Constituição de 1946. 
"Art. 36. O brasileiro que, por qualquer das causas do art. 22, nº I e II desta lei, houver 
perdido a nacionalidade, poderá readquiri-la por decreto, se estiver domiciliado no Brasil." 
 Art.22. I - que, por naturalização voluntária, adquirir outra nacionalidade; II - 
que, sem licença do Presidente da República, aceitar, de governo estrangeiro, 
comissão, emprego ou pensão;§ 1º O pedido de reaquisição, dirigido a Presidente 
da República, será processado no Ministério da Justiça e Negócios Interiores, ao 
qual será encaminhado por intermédio dos respectivos Governadores, se o 
requerente residir nos Estados ou Territórios. § 2º A reaquisição, no caso do art. 
22, nº I, não será concedida, se apurar que o brasileiro, ao eleger outra 
nacionalidade, o fez para se eximir de deveres a cujo cumprimento estaria 
obrigado, se conservasse brasileiro. § 3º No caso do art. 22, nº II, é necessário 
tenha renunciado à comissão, ao emprego ou pensão de Governo estrangeiro. Art. 
37 - A verificação do disposto nos § 2º e 3º, do artigo anterior, quando necessária, 
será efetuada por intermédio do Ministério das Relações Exteriores. 
 A condição básica para tal preposto, é a residência e domicílio do ex-nacional 
no Brasil, isto é, respectivamente, o indivíduo deve deter o ânimo definitivo de residir no 
território nacional e o ânimo de permanecer num determinado local. 
 Aqueles que tiverem perdido a nacionalidade por motivos inexistentes na 
Constituição de 1988 poderão, desde logo, recuperá-la, vez que hoje não são considerados, 
pelo ordenamento jurídico-constitucional, como causadores da perda da nacionalidade 
brasileira. 
 A reaquisição da nacionalidade tem efeitos ex nunc, compreendendo o status 
anterior. Assim, se brasileiro nato era, volta a ser; se era naturalizado, readquire a 
nacionalidade brasileira como naturalizado. 
 Mas fica impossibilitada a reaquisição de nacionalidade quando esta for fruto 
de sentença judicial não tendo sido cancelada. 
23 
 
 A hipótese em que é cancelada a nacionalidade do estrangeiro por sentença 
judicial nos termos do art. 22, III, da Lei nº 818/94: ”Art. 22. Perde a nacionalidade o 
brasileiro que”: (...) III - que, por sentença judiciária, tiver cancelada a naturalização, por 
exercer atividade nociva ao interesse nacional”. 
 Sobre tal tema nos contempla Pontes de Miranda com uma bela explicação: 
 Os efeitos da reintegração ou os da reaquisição, de ordinário, são os das 
naturalizações comuns. A reintegração absoluta no tempo, ex tunc, aberraria dos 
princípios: seria conferência de efeitos retroativos e não só atribuição a partir do 
presente; porque, por definição, houve lapso de não-nacionalidade. 
 Mas bem observa Guimarães no assunto: “... não se confundir, de modo algum, 
com nulidade do ato de desnacionalização, isto é, com a nulidade do ato em virtude do qual 
foi perdida a nacionalidade." (GUIMARÃES, 1995, p. 109) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
3. O PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO NO BRASIL 
 A naturalização é forma derivada de aquisição da nacionalidade. Sua 
concessão, em regra, é feita discricionariamente pelo Estado, segundo suas conveniências 
ou oportunidade . Desse modo, ainda que preenchidos determinados requisitos, por não 
haver, em princípio, direito público subjetivo à naturalização, pode ao estrangeiro ser 
negada a aquisição da nacionalidade brasileira. 
 
3.1 Conceitos 
 No Brasil, a concessão da naturalização é de competência exclusiva do Poder 
Executivo, da esfera administrativa. 
 “Assim a naturalização é um ato unilateral e discricionário do Estado no 
exercício de sua soberania”. (DELINGER, 2001, p.175) 
 Em sede teórica, reconhecem-se no solo pátrio duas espécies de naturalização: 
tácita ou expressa. 
 Como exemplo de naturalização tácita, pode-se apontar aquela que ficou 
conhecida como "ampla naturalização". Trata-se de cláusula constitucional de 1891 (art. 69, 
§4º) reproduzida em várias constituições subsequentes, segundo a qual: 
 São cidadãos brasileiros os estrangeiros que, achando-se no Brasil aos 15 de 
novembro de 1889, não declarem, dentre em seis meses depois de entrar em vigor 
a Constituição, o animo de conservar a nacionalidade de origem. 
 Não houve após 1891, nenhum outro caso de naturalização tácita na ordem 
jurídica brasileira e ficou conhecida por alguns autores como um momento de 
confraternização generosa. 
 A naturalização expressa adotada pelo Brasil tem seu tratamento na lei 
ordinária, que é competência privativa da União (art. 22, XIII, da Constituição) 
25 
 
 “Art.22. Compete privativamente à União legislar sobre: XII – Nacionalidade, 
cidadania, e naturalização; (...)” 
3.2 O brasileiro nato e o naturalizado 
 Os brasileiros se classificam em natos e naturalizados. Dentro da divisão dos 
brasileiros natos, encontra-se uma outra subdivisão que classificará os brasileiros natos de 
acordo com a paternidade e o lugar em que nasceram. 
 
3.2.1 Brasileiro nato 
 Segundo explica CELSO RIBEIRO BASTOS, os brasileiros natos se 
classificam e se conceituam em relação ao jus solis e jus sanguinis: 
 a) jus sanguinis: Será brasileiro nato todo aquele que for filho de nacionais. 
Tal critério leva em conta a paternidade e, mais especificamente, a nacionalidade 
dos pais; b) jus soli: Será brasileiro nato todo aquele nascido no território 
brasileiro. Tal critério leva em consideração o lugar do nascimento. 
 De acordo com os critérios dados acima, podemos classificar ainda mais cada 
um dos tipos de brasileiros natos: 
 1) Os nascidos na República Federativa do Brasil: 
 Aplica-se aqui o critério jus soli, que se fundamenta no local em que a pessoa 
nasceu. Neste contexto, importante se faz a definição do que é o território brasileiro: 
a) Primeiramente, as terras delimitadas pelas fronteiras geográficas, com rios, baías, lagos, 
golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial, que forma o território 
propriamente dito; 
b) Os navios e asaeronaves de guerra brasileiras, onde quer que se encontrem, também são 
considerados territórios nacionais; 
c) Os navios mercantes brasileiros em alto mar ou em passagem em mar territorial 
estrangeiro; 
26 
 
d) As aeronaves civis brasileiras em voo sobre alto mar ou de passagem sobre águas 
territoriais ou espaços aéreos estrangeiros. 
 Todas as pessoas que nascer em um destes lugares acima citados para efeitos 
jurídicos serão consideradas brasileiras natos. A exceção, quanto ao lugar em que nasceu, 
cabe nos casos em que os pais sejam estrangeiros a serviço de seus países. 
 2) Os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil: 
 Esta classificação esta embasada no critério jus sanguinis, levando-se em conta 
a nacionalidade dos pais. 
 Outrossim, o brasileiro nato em nenhuma hipótese pode ser extraditado, o que 
já não ocorre com o naturalizado, que poderá ser entregue à Justiça de outro país, 
competente para julgá-lo e puni-lo, em caso de crime comum, cometido antes da 
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes ou 
drogas afins, na forma da lei. 
 A Constituição, no art.12, § 3º, reserva também alguns cargos aos brasileiros 
natos, em atenção à linha sucessória (art. 79 e 80) e à segurança nacional. Dessa forma, são 
privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, de 
Presidente da Câmara dos Deputados, de Presidente do Senado Federal, de Ministro do 
Supremo Tribunal Federal, da carreira diplomática e de Ministro de Estado da Defesa. 
 O art. 89, ao tratar do Conselho da República, órgão superior de consulta do 
Presidente da República, reserva seis vagas (art. 89, VII) para brasileiros natos. Como o 
Conselho da República é integrado, também, pelo Ministro da Justiça e pelos líderes da 
maioria e da minoria na Câmara ou no Senado, que podem ser brasileiros naturalizados, não 
lhes está vedada à participação no órgão referido. 
 A Constituição ainda prescreve em seu Art. 222, que a propriedade de empresa 
jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou 
naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a responsabilidade por sua 
27 
 
administração e orientação intelectual. Não se trata de impedir, de forma absoluta, aos 
naturalizado tais propriedades, mas de condicioná-la a prazo de dez anos de naturalização. 
 Tendo em vista a notável influência na formação da opinião pública, andou bem 
o Constituinte nesse passo, pois não seria compatível com o interesse. (CF/ 88, art. 222). 
 
3.2.2 Brasileiro naturalizado 
 A forma de atribuição de nacionalidade secundária é, basicamente, a 
naturalização, o único meio derivado de aquisição de nacionalidade pelo qual se permite ao 
estrangeiro que detém outra nacionalidade, ou ao apátrida, destituído de qualquer 
nacionalidade, assumir a do país em que se encontra mediante a satisfação de requisitos 
constitucionais e legais. 
 No que se refere à concessão da naturalização brasileira, que mais é do que a 
aquisição da nacionalidade em que narra o art.7°da lei n° 818/49: “A concessão da 
naturalização é faculdade exclusiva do presidente da República, em decreto referendado 
pelo ministro da Justiça e Negócios Interiores”. 
 No Brasil, sua concessão é faculdade do Poder Executivo, é ato unilateral em 
que à parte ao preencher os requisitos previstos em lei, devem manifestar expressamente à 
vontade de tornar-se nacional brasileiro; além do que esta se tornou ato discricionário do 
Estado, melhor ainda, do poder executivo, no exercício de sua soberania, podendo negar ou 
conceder a nacionalidade brasileira ao estrangeiro. 
 Conforme o disposto no art. 12, §2º da CF/88: “A lei não poderá estabelecer 
distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta 
Constituição”. 
 Também é vedado ao brasileiro naturalizado, a função de membro do Conselho da 
República (art.89, VII, CF/88). 
28 
 
 O brasileiro naturalizado ao contrário do brasileiro nato poderá ser extraditado, 
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou comprovado envolvimento 
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas ilícitas, na forma da lei (art. 5º, LI, CF/88), o 
que não poderá ocorrer com o brasileiro nato.¹ 
 Nem sempre é tão simples o processo de Naturalização, considerando-se a 
existência de diversos tramites burocráticos a serem atendidos. 
 As regras para obter nacionalidade dentro da União Europeia (UE) variam de 
acordo com o país. Em alguns lugares, os imigrantes só podem ser naturalizados se 
comprovarem que têm emprego e renda suficiente para se manter. Mais recentemente, 
foram implementados "testes de conhecimento" sobre sociedade, história e cultura para os 
que se candidatam a receber a nacionalidade em alguns Estados da UE. 
 A situação é diferente nos três Estados bálticos, Estônia, Letônia e Lituânia. O 
teste para obtenção da naturalidade engloba não somente conhecimentos de história, mas 
também sobre a constituição do país. 
 Na Dinamarca, os candidatos precisam ter morado oito anos no país e 
comprovar conhecimentos da língua em um nível correspondente ao ensino fundamental 
completo e sobre a sociedade dinamarquesa. 
 Na França, é exigido o mínimo de cinco anos de residência no país e também 
aplicam testes de conhecimento. E Paris dá ainda um passo adiante com a seleção criteriosa 
de quem recebe a naturalização: somente trabalhadores altamente qualificados são 
desejados. 
 
 
______________________ 
¹Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e a propriedade, 
nos termos seguintes: (...) LI – Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes 
e de drogas afins, na forma da lei; (...) ( CF/88, art. 5°, LI ). 
29 
 
 Na Espanha ou Itália, quem quiser se tornar cidadão espanhol ou italiano 
precisa ter morado pelo menos dez anos no país. Enquanto a Itália não exige nenhum teste 
de conhecimento, a Espanha testa seus candidatos em uma entrevista. 
 Na Holanda, tornem-se mais complicado o processo de naturalização de 
estrangeiros. Os candidatos que não vêm de outros países da UE precisam fazer um teste na 
embaixada holandesa de seu próprio país antes mesmo da viagem. O teste aplicado pelas 
embaixadas holandesas é composto por questões sobre língua e sociedade. Para passar no 
exame, são necessárias 300 horas de aulas preparatórias, ficando a cargo do candidato a sua 
preparação. 
 Na Alemanha, para melhor integração, os candidatos à nacionalidade alemã 
devem comprovar conhecimento da língua e estar familiarizados com o sistema político e 
legal. Essas condições também valem na Áustria – onde o conjunto de leis para 
naturalização foi agravado recentemente. Os imigrantes precisam fazer um teste de 
geografia. É possível que mesmo alemães e austríacos não consigam responder a muitas das 
perguntas. 
3.3 A naturalização comum ordinária 
 O Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) também define os procedimentos 
que devem ser seguidos no caso de estrangeiros que residam no território brasileiros há 
mais de quatro anos ininterruptos, desde que o naturalizando requeira expressamente ao 
Ministro da Justiçasua vontade de tornar-se um nacional deste país. 
 De acordo com o art. 111 da Lei nº 6.815/80, pode-se observar as condições 
necessárias para a naturalização, segue abaixo: 
Art. 111- São condições para a concessão da naturalização: Capacidade civil, 
segundo a lei brasileira; Ser registrado como permanente no Brasil; Ter residência 
contínua no território brasileiro pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente 
anteriores ao pedido de naturalização; Ler e escrever a língua portuguesa, 
consideradas as condições do naturalizando; Exercício de profissão ou posse de 
bens suficientes à manutenção própria e da família; Bom procedimento; 
Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por 
crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente 
considerada, superior a um ano; e boa saúde. (...) 
 
30 
 
 Quanto ao art. 112 da Lei nº 6.815/80, observa-se a redução do prazo de 
residência fixado no art. 111, inciso III da mesma, caso o naturalizando preencha quaisquer 
das seguintes condições: 
 (...) I- Ter filho ou cônjuge brasileiro; II- Ser filho de brasileiro; III- Haver 
prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, ajuízo do Ministro da 
Justiça; IV- Recomenda-se por sua capacidade profissional, científica ou artística; 
(...) Parágrafo único: A residência será, no mínimo, de um ano, nos casos dos 
itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três anos, no item V. 
 Observa-se portanto a existência de diversos requisitos a serem observados pelo 
requerente. 
 
3.4 A naturalização extraordinária 
 Já a naturalização extraordinária atinge os estrangeiros de qualquer 
nacionalidade residente no Brasil, exigindo-se deles o domicílio no país por mais de 15 
anos ininterruptos e sem condenação penal. O prazo anterior, que era de 30 anos, foi 
alterado pela ECR nº 03/94, sendo justa tal medida, pois, 15 anos, é tempo suficiente para 
se fazer opção pela naturalização. 
 A previsão legal encontra-se no art.12, inciso II, alínea b da CF/88. 
 Tanto nesta espécie de naturalização quanto na naturalização ordinária, chama-
se de brasileiro naturalizado aquele que adquire a nacionalidade brasileira. 
 Art. II - Naturalizados: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes 
na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
 Nesse caso, que, com a exigência do prazo maior de residência no território 
nacional, as exigências são um pouco menores e, conforme relata GAMA: “(...) é assim que 
deve ser, pois há um período considerável no qual a pessoa assimilou a língua e os 
costumes nacionais”. (GAMA, 2002 p. 134).” 
 
 
31 
 
3.5 A naturalização especial 
 Esta naturalização está prevista nos dois últimos casos do art. 113, inciso I e II e 
art. 114 da Lei nº 6.815/80, o qual dispõe o seguinte: 
 Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-se apenas a permanência no 
Brasil por trinta dias, quando se tratar: I. de cônjuge estrangeiro casado há mais de 
cinco anos com diplomata brasileiro em atividade; ou II. de estrangeiro que, 
empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil, contar 
mais de dez anos ininterruptos. 
 
 Segue a apresentação do art.114 da mesma lei: 
 O estrangeiro que pretender a naturalização deverá requerê-la ao Ministro da 
justiça, declarando: nome por extenso, naturalidade nacionalidade, Filiação, sexo, 
estado civil, dia mês, ano de nascimento, profissão, lugares ande haja residido 
anteriormente no Brasil e no exterior, se satisfaz o requisito a que alude o art. 
111, inciso VII e se deseja ou não traduzir ou adaptar o nome à língua portuguesa 
(...). 
 É necessário para que seja concedida a naturalização que não haja denúncia, 
pronúncia ou condenação de crime doloso no Brasil ou no exterior. 
 
3.6 A naturalização provisória 
 ″É deferida em favor do estrangeiro fixado de forma definitiva no território 
durante os primeiros cinco anos de vida″. (GAMA, 2002, p. 135)”. 
 Este tipo de naturalização possui previsão legal no art. 115 do Estatuto do 
Estrangeiro, o qual menciona: 
 O estrangeiro admitido no Brasil durante os cinco primeiros anos de vida, 
estabelecido definitivamente no território brasileiro, poderá, enquanto menor, 
requerer ao Mistério da Justiça, por intermédio de seu representante legal, a 
emissão de certificado provisório de naturalização, que valerá como prova de 
nacionalidade brasileira até dois anos depois de atingida a maioridade. 
 Esta emissão do certificado provisório de naturalização é requisito essencial 
para a confirmação da nacionalidade brasileira, que se dá através da naturalização 
32 
 
definitiva; sem esse documento a pessoa não pode promover a naturalização no prazo limite 
de até dois anos depois de atingir a maioridade. 
 
3.7. Naturalização definitiva ou simples 
 Essa modalidade se expressa como opção do menor em confirmar a 
naturalização provisória, tornando-a portanto, definitiva. 
 A previsão encontra-se no parágrafo único do artigo 115 da Lei nº 6.815∕80 que 
prevê: 
 A naturalização se tornará definitiva se o titular do certificado provisório, até 
dois anos após atingir a maioridade, confirmar expressamente a intenção de 
continuar brasileiro, em requerimento ao Ministro da Justiça. 
 Sendo assim se constata que, para ser concedida a naturalização definitiva, 
deve-se primeiramente ter adquirido a naturalização provisória, e esta confirmação da 
nacionalidade brasileira é um processo mais simples, já que a complexidade do 
procedimento para a obtenção do certificado provisório de naturalização, envolve uma série 
de exigências para sua aquisição. 
 
3.8 Caducidade e invalidade 
 A caducidade ocorrerá a partir do momento que o naturalizado não solicita a 
entrega do certificado de naturalização no prazo limite que esta fixado no parágrafo único 
do artigo 118 da Lei n◦ 6.815∕80 que prevê: 
 A naturalização ficará sem efeito se o certificado não for solicitado pelo 
naturalizando, no prazo de doze meses, contados da publicação do ato, salvo 
motivo de força maior devidamente comprovado. 
 A invalidação será declarada quando se fizer presente qualquer vício que a 
autorize e não incidirão sobre ela os efeitos da prescrição ou da decadência. Nesse caso, ao 
apresentar algum documento falso ou equivocado, uma informação inverídica, para obter 
33 
 
alguns dos requisitos exigidos, o naturalizando, estará praticando ato criminoso, e viciando 
o Estado a caracterizar a perda da nacionalidade, mesmo que ela tenha existido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
4. A NATURALIZAÇÃO E O DIREITO INTERNACIONAL 
 Destaca-se, de início, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que 
dispõe, em seu art.15, que “Todo o homem tem direito a uma nacionalidade”. E em seu art. 
2º, serem os direitos por ela enunciados comuns a todas as pessoas, sem distinção quanto à 
origem nacional. 
 O Código Bustamante, no art. 1º, prescreve que: 
 (...) os estrangeiros que pertençam a qualquer dos Estados contratantes gozam, 
no território dos demais, dos mesmos direitos civis que se concedem aos 
nacionais. CadaEstado contratante pode, por motivos de ordem pública, recusar 
ou sujeitar a condições especiais o exercício de determinados direitos civis aos 
nacionais dos outros, e qualquer desses Estados pode, em caos idênticos, recusar 
ou sujeitar a condições especiais o mesmo exercício dos nacionais do primeiro. 
 Nesse trabalho, estão presentes o princípio da igualdade entre nacionais e 
estrangeiros quanto aos direitos civis, e o princípio da reciprocidade, que pode assumir 
feições negativas, de represália. A reciprocidade, quando negativa, não é adotada pelo 
direito brasileiro. 
 O art. 2º do Código Bustamante reforça o anterior, estabelecendo igualdade 
entre nacionais e estrangeiros quanto às garantias individuais, "salvo as restrições que em 
cada um estabeleçam a Constituição e as leis". Em relação ao acesso às funções públicas e 
ao exercício de direitos políticos, o diploma admite o tratamento desigual entre indígenas e 
alienígenas. 
 Já a Convenção de Havana, 1928, estabelece, em seu art. 5º, o dever de todos os 
Estados "concederem aos estrangeiros domiciliados ou de passagem em seu território todas 
as garantias individuais que concedem a seus próprios nacionais e o gozo dos direitos civis 
essenciais". 
 A Convenção de Haia, de 12 de abril de 1930, proclama, de início, a liberdade 
do Estado para determinar através do direito interno quais são seus nacionais, no mais se 
limita o texto de Haia a condenar a repercussão de pleno direito sobre a mulher, na 
constância do casamento, da eventual mudança de nacionalidade do marido, e a determinar 
aos Estados, cuja lei subtrai a nacionalidade da mulher que vem por razão do casamento 
35 
 
com estrangeiro ter direito a adquiri-la, que se certifiquem da aquisição pela mulher, da 
nacionalidade do marido. “prevenindo destarte a perda não compensada, vale dizer, a 
apatria”. (REZEK, 2000, p. 174). 
 Além dos diplomas referidos, que procuram estabelecer tratamento semelhante 
a nacionais e estrangeiros, pode-se citar o Pacto Internacional de Direitos Econômicos 
Sociais e Culturais, Nova Iorque, 19.12.1996, art. 2º, o Pacto Internacional de Direitos 
Civis e Políticos, Nova Iorque, 19.12.1966, arts. 2º e 26, ambos realizados sob a égide da 
ONU, e a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, de São José da Costa Rica, 
22.11.1969, art. 1º, que inovou uma terceira: “Toda a pessoa tem direito a nacionalidade do 
Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra”. 
 Inobstante o esforço que se verifica na formação de acordos internacionais que 
procuram estabelecer, na medida do possível, igualdade de tratamento entre nacionais e 
estrangeiros, a situação jurídica do estrangeiro, sobretudo daquele originário dos países 
menos desenvolvidos, continua deixando a desejar. 
 
4.1 Plurinacionalidade ou polipatridia 
 A adoção de critérios distintos de atribuição de nacionalidade pelos Estados 
pode suscitar inúmeras situações em que a pessoa nasce legalmente investida de mais de 
uma nacionalidade. 
 Também chamada de polipatridia (conflito positivo), a dupla nacionalidade 
ocorrerá sempre que uma criança nascida em país que adota o jus soli seja filho de pais 
estrangeiros nacionais de um Estado que admite o jus sanguinis. Assim, na hipótese de um 
casal caboverdianos que visitasse o Brasil e nessa ocasião nascesse seu filho, estar-se-ia 
diante de um caso de dupla nacionalidade, a criança seria caboverdiano, por seus pais 
possuírem essa nacionalidade, já que a Cabo Verde adota o jus sanguinis, e brasileira, pois 
o Brasil admite o jus soli. Ainda se fossemos adiante neste simulado, e contando que esses 
pais tivessem dupla nacionalidade, esta criança também herdaria as mesmas. 
36 
 
 No âmbito do Direito Internacional Público surge problema com pessoas 
detentoras de dupla ou múltipla nacionalidade quando elas tiverem que invocar somente 
uma delas. Neste caso, tem-se observado que cada Estado reconhece, como o Brasil, a sua 
própria nacionalidade, desde que o binacional a possui. 
 Sobre a temática em questão, pertinente aos ensinamentos de DEL´OLMO 
afirma que: 
 A tendência moderna é o abrandamento da repulsa, tão acentuada em outros 
tempos, ao instituto da múltipla nacionalidade ou plurinacionalidade, ou, ainda, 
polipatridia”. (DEL’OLMO,2002, p. 234). 
 
4.1.1 Dupla nacionalidade no Brasil 
 Até 1994, o Brasil não admitia a dupla nacionalidade para os seus cidadãos e 
decretava a perda da nacionalidade brasileira sempre que alguém se naturalizasse em outro 
país. No entanto jamais era arguida a "voluntariedade" dessas naturalizações. O que 
determinava o desaparecimento da nacionalidade originária era a decisão da pessoa de 
estabelecer vínculo político-jurídico com outra nação, ainda que não tivesse intenção de 
abdicar de sua cidadania brasileira. 
 A postura adotada, até então, era paradoxal. Enquanto se cancelava a 
nacionalidade dos brasileiros, houve sempre a preocupação da lei de garantir aos filhos de 
imigrantes, aqui nascidos, o direito de ser nacionais. Essa política vigorou por longos anos, 
já que, o Brasil é um país de intensos fluxos migratórios, a formação desse povo foi 
fortemente vinculada aos movimentos migratórios. 
 Não poderia, no entanto, o país continuar a fechar as portas a esses filhos que, 
muitas vezes em situações-limite, migraram à procura de oportunidades aqui inexistentes. 
Até porque é de todo o interesse para o Brasil manter o vínculo político-jurídico da 
nacionalidade com esses brasileiros, senão por outro motivo, ao menos para facilitar-lhes o 
retorno, quando lhes for conveniente. 
37 
 
 Outro não foi o objetivo da mudança empreendida na Constituição Federal de 
1988, pela Emenda revisional nº 03/94, que inovou ao inserir no texto da Lei Maior 
dispositivo destinado a preservar a nacionalidade brasileira dos que se naturalizassem no 
estrangeiro. Houve o entendimento, de que, embora a legislação estrangeira normalmente 
não impusesse a naturalização, em algumas circunstâncias cerceava suas atividades ou 
direitos, induzindo-os à naturalização. 
 O Ministério da Justiça encontrou também solução para aqueles que, sob a lei 
anterior, já haviam perdido a cidadania brasileira: os residentes no Brasil poderão solicitar 
sua reaquisição, de acordo com a Lei nº 818/49. Já aos que permanecem no exterior será 
facultado pedir a revogação do decreto que declarou a cassação de sua nacionalidade. O 
elemento volitivo não mais é aferido quanto à aquisição da nacionalidade estrangeira, mas 
sim no que tange à brasileira - um tratamento mais consentâneo com a realidade 
contemporâneo. 
 Ao implantar essas modificações, partiu-se do pressuposto de que o Direito 
deve sempre tentar acompanhar as mudanças na sociedade, e a legislação, adequar-se aos 
acontecimentos sociais. O Brasil, finalmente, flexibilizou o superado conceito de soberania 
absoluta, adequando-se às injunções desta nova era de abertura de fronteiras e de integração 
de nações. 
4.2 A nacionalidade ou apátrida 
 Apátrida ou heimatlos é o indivíduo que não tem nacionalidade. Fenômeno este 
causado pela lacuna constitucional na solução do problema para aqueles filhos de 
brasileiros ou oriundos de outros Estados, que geralmente adotam o jus solis como 
parâmetro que nascerem fora do território nacional ou serão apátridas ou polipátridas, 
dependendo da situação apresentada. O legislador constituinte estabeleceu que serão 
brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pelanacionalidade brasileira, 
ou seja, adotou o critério do jus sanguinis somado, agora, a dois requisitos, quais sejam, a 
residência no Brasil e a opção pela nacionalidade brasileira. 
38 
 
 Diante da adoção desse último critério, surge a possibilidade de filhos de 
brasileiros serem apátridas, caso tenham nascido no território de um Estado que adote como 
critério de atribuição de nacionalidade apenas o jus sanguinis, e, seus pais, ambos 
brasileiros, não estejam a serviço da República Federativa do Brasil. 
 Tal possibilidade surgiu com a supressão, pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº 3, de 07/06/1994, da hipótese de aquisição originária da nacionalidade para os 
nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que fossem registrados 
em repartição brasileira competente. 
 Tratava-se da adoção do critério do jus sanguinis somado ao requisito do 
registro do nascimento perante repartição brasileira competente, ou seja, Embaixada ou 
Consulado, independentemente de qualquer outro procedimento posterior. 
 Com a alteração constitucional, não há mais possibilidade de filho de 
brasileiros, nascido no estrangeiro, vir a ser registrado em repartição brasileira competente, 
para fins de aquisição de nacionalidade. Desse modo, o registro realizado em solo 
estrangeiro opera efeitos, tão-somente, de identificação civil. 
 Esse entendimento é constatado na praxe dos Consulados pátrios, que, ao 
registrarem filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro, mencionam no corpo do 
respectivo documento, em atenção à Emenda Constitucional de Revisão n. 3/94, que a 
aquisição da nacionalidade condiciona-se à verificação de dois eventos: residência no 
Brasil e opção pela nacionalidade brasileira. 
 Assim, será apátrida o filho de brasileiros nascido em Estado que adota apenas 
o jus sanguinis como critério de atribuição de nacionalidade, caso não venha, por qualquer 
motivo, a residir no Brasil e não faça a referida opção. 
 Diante das críticas ao dispositivo constitucional ora em vigor, foi elaborada 
uma Proposta de Emenda Constitucional que pretende restabelecer a possibilidade de 
aquisição de nacionalidade brasileira aos nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente. 
39 
 
 Com efeito, o atual regime jurídico é intolerável, pois pode impor a 
determinada pessoa, por circunstâncias alheias à sua vontade, uma situação de apátrida, que 
lhe cria enormes dificuldades por gerar restrições jurídicas em qualquer Estado em que 
viva. 
 Fato é que, pela divergência de conceitos utilizados para a aquisição de 
nacionalidade originária, a apátrida fere o assegurado no artigo 15 da Declaração Universal 
dos Direitos do Homem, onde a nacionalidade é direito fundamento do ser humano, 
tornando-se intolerável esse fenômeno, tendo sido redigido da seguinte forma: 
 Diversos fatores podem originar a apátrida, conflito negativo de nacionalidade: 
1) conflito de legislações entre o jus soli e o jus sanguinis; 
2) o indivíduo se naturaliza nacional de um Estado, perde sua nacionalidade originária e, 
posteriormente, a naturalização que lhe foi concedida é retirada; 
3) fatores políticos, como a legislação da revolução comunista, que retirava a nacionalidade 
russa dos emigrados. 
 Observa-se que o filho de brasileiro nascido em território que adote o jus 
sanguinis, outro caminho não há que registrá-lo em repartição brasileira competente, sob 
pena dele ser um apátrida. Enquanto que se ele nascer em país que adote o jus solis, poderá 
vir a ter dupla nacionalidade, dependendo do que dispuser a legislação existente nos 
Estados envolvidos. 
 Celso MELLO, reforça conceituando que: 
 O apátrida está submetido à legislação do Estado onde se encontra. Ele é regido 
pela lei do domicílio; em falta deste, pela da residência. Em 1954, em Nova 
Iorque, foi concluída uma convenção que deu aos apátridas os mesmos direitos e 
tratamento que recebem os estrangeiros no território do Estado." (MELLO, 2000, 
p. 929). 
 Na óptica de PENNA MARINHO, essa pessoa é na verdade: 
 Um indíviduo nacionalmente desprotegido, tal qual mendigo, que sem teto, sem 
família e sem amigos, só pode invocar o vago e impreciso apoio da caridade 
pública”. (PENNA MARINHO, p. 131.) 
40 
 
 Referência nobre, ao observar que sem nacionalidade o indivíduo se torna 
incapaz de certa forma de exigir do Estado uma situação, na expectativa de que algo 
aconteça, contrariando os princípios dos direitos do cidadão, e permanecendo a mercê da 
vontade e não da responsabilidade do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
5. A NACIONALIDADE DOS OUTROS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL 
PORTUGUESA (ANGOLA, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE, 
PORTUGAL, SÃO TOMÉ EPRÍNCIPE E TIMOR-LESTE). 
 Em direito, nacionalidade é o vínculo jurídico de direito público interno entre 
uma pessoa e um Estado. A nacionalidade pressupõe que a pessoa tenha determinados 
direitos frente ao Estado de que é nacional, como o direito de residir e trabalhar no 
território do Estado, o direito de votar e ser votado (este, conhecido como cidadania), o 
direito de não ser expulso ou extraditado e o direito à proteção do Estado (inclusive a 
proteção diplomática e a assistência consular, quando o nacional se encontra no exterior), 
dentre outros. 
 
5.1 A Nacionalidade no sistema constitucional angolana 
 Tornando-se necessário proceder às alterações das principais regras sobre a 
atribuição, aquisição e perda da nacionalidade aprovadas pela Lei nº 13/91, de 11 de Maio – 
Lei da Nacionalidade, por forma a fazer corresponder a situação desse instituto às novas 
condições políticas e sociais que decorrem das transformações em curso no país; 
 Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea b) do artigo 88.o da Lei 
Constitucional, a Assembleia Nacional aprova a seguinte: 
 A nacionalidade angolana subdivide-se em duas modalidade: a) de origem; b) 
adquirida. 
 A atribuição da nacionalidade angolana produz efeitos desde o nascimento e 
não prejudica a validade das relações jurídicas anteriormente estabelecidas com 
fundamento em outra nacionalidade. 
 1. Os efeitos da perda da nacionalidade angolana produzem-se a partir da data 
da verificação dos atos ou fato que, nos termos da presente lei, lhe deram origem. 
42 
 
 2. Excetuam-se do disposto no número anterior, os efeitos em relação a 
terceiros no domínio das relações entre particulares, que só se produzem a partir da data do 
registro. 
 É cidadão angolano de origem: a) o filho de pai ou mãe de nacionalidade 
angolana nascido em Angola; b) o filho de pai ou mãe de nacionalidade angolana nascido 
no estrangeiro. 
 Presume-se cidadão angolano de origem, salvo prova em contrário, o recém-
nascido exposto em território angolano. 
 A nacionalidade angolana pode ser concedida aos filhos menores ou incapazes 
de pai ou mãe que adquire a nacionalidade angolana e que tal solicitem, podendo aqueles 
optar por outra nacionalidade quando atingirem a maioridade. 
- O adotado plenamente por nacional angolano adquire a nacionalidade angolana. Entende-
se por adoção plena aquela que extingue totalmente os anteriores vínculos com a família 
natural, salvo para efeito de constituir impedimento para casamento ou reconhecimento da 
união de fato. 
 - O estrangeiro casado com nacional, por mais de cinco anos, pode na constância

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