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DIREITO INTERNACIONAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Conceituar nacionalidade. > Definir as formas de aquisição da nacionalidade. > Explicar a nacionalidade na ordem jurídica nacional. Introdução A nacionalidade é um conceito que vincula questões político-jurídicas e socio- lógicas entre o indivíduo e um determinado Estado soberano, fazendo daquela pessoa um componente do povo, no âmbito pessoal desse Estado, orientando-a a exigir sua proteção e sujeitando-a ao cumprimento de obrigações impostas. A ideia de nacionalidade surgiu ainda na antiguidade e está presente tal qual direito fundamental até a atualidade, logo, adquirir a nacionalidade de um determinado Estado soberano é essencial para o sentimento de pertencimento, mas também para ter o direito de desfrutar da esfera política e social de determinado local. No Brasil, a nacionalidade é matéria constitucional, regida, em especial, pelo artigo 12 da Carta Magna, a qual admite o reconhecimento da nacionalidade tanto pelo critério originário quanto pelo derivado. Embora a nacionalidade pareça algo simples e prático, ainda representa um ideário para milhões de pessoas ao redor do mundo, as quais, por diversas razões, sejam elas normativas, étnicas ou territoriais, não são consideradas como nacionais de nenhum país e recebem a designação de apátridas. Por outro lado, uma parcela de indivíduos, pelo conflito positivo entre os critérios do jus soli e do jus sanguinis, Elementos de nacionalidade Karoline Freire bem como em função da naturalização, têm o direito a diferentes nacionalidades ao mesmo tempo em razão do nascimento, os chamados polipátridas. A condição de polipatridia também apresenta questões divergentes como, por exemplo, a proclamação de direitos e deveres por Estados diferentes. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de nacionalidade, conhecer as diferentes maneiras de aquisição da nacionalidade e ver como a nacionalidade é trabalhada no ordenamento jurídico pátrio. O conceito de nacionalidade A nacionalidade é indicada como sendo o vínculo mais antigo das relações internacionais, que está presente desde as civilizações do mundo antigo, muito embora a expressão “nacionalidade” esteja vinculada com a emergência do Estado moderno, a partir do século XVI (SOARES, 2004). A afirmação de que a ideia de nacionalidade advém das antigas civilizações, nesse sentido, deve ser lida de forma desatrelada das relações internacionais na concepção do Estado moderno, mas vinculada com entidades autônomas ou células políticas, que se diferenciavam entre si por distintos traços cul- turais (SOARES, 2004). Na Grécia antiga, durante o período helênico, considerava-se como grego aquele que fosse filho de um grego, e que se distinguia dos barbarophonóis, ou seja, daqueles que falavam com voz rouca, uma vez que não dominavam o idioma grego. Assim, compreender e se comunicar na língua grega significava muito mais do que uma forma de interação social, mas era a própria expressão de pertencimento à civilização grega (SOARES, 2004). Durante o auge do expansionismo do Império Romano, detinha status de civis romani, ou seja, de cidadão civil romano, aquele que fosse filho de um romano, ou seja, na Roma Antiga, o critério para aquisição de nacionalidade utilizado era o do jus sanguinis, ou seja, aquele que é passado do genitor ao filho pelos laços de sangue. O detentor de nacionalidade romana, à época, o legitimava a ter direitos e obrigações, além de conceder-lhe a posição de indivíduo livre (SOARES, 2004). A história aponta que nas civilizações gregas e romanas antigas, o estrangeiro era um indivíduo hostil e com pouquíssimos direitos, por vezes sem direito algum de participação na vida social ou diante da res publica (SOARES, 2004). Foi apenas durante o período da Idade Média que emergiu um segundo requisito para aquisição da nacionalidade: o jus soli, o qual passou a ser o instrumento de vinculação de um indivíduo a determinado ordenamento jurídico. Isto porque o local de nascimento, a terra, era considerado o maior Elementos de nacionalidade2 símbolo de riqueza e poder, independendo dos lastros familiares ou do critério do jus sanguinis para determinação da nacionalidade (SOARES, 2004). Durante o século XV, começou a emergir a ideia do Estado moderno, e a nacionalidade passou a ganhar cada vez mais importância à composição das sociedades, passando a ser elemento determinante de submissão do indivíduo e um determinado ordenamento jurídico, circunscrito a um ter- ritório e dominado pelo incontestável poder do soberano. Nesse período, se objetivava a submissão total e absoluta à vontade do rei, em especial nos períodos de crise, como durante as guerras. Aliás, as guerras também foram elementos importantes à edificação da ideia de nacionalidade, uma vez que a formação dos exércitos dependia de submissão dos indivíduos a um determinado local, para um soberano e, portanto, começou a emergir a ideia de exércitos nacionais, os quais foram essenciais à construção dos Estados modernos, em especial porque, quanto mais forte era o soberano, maior era a contingência militar submetida a ele (SOARES, 2004). A nacionalidade passou a desempenhar papel fundamental à ideia de pertencimento, visto que, já na Idade Média, de forma mais assertiva que nas civilizações antigas, havia relados das diferentes ordens sociais e dos regra- mentos de cada uma delas. Assim, situada na pessoa do dirigente absoluto, a legitimidade do ordenamento jurídico dos Estados fortificava o conceito de nacionalidade, inclusive criando mecanismos de devoção, como a obrigação ao serviço militar (SOARES, 2004). Com o surgimento dos Estados absolutistas, a concepção de nacionali- dade passou a ser representada pela submissão dos súditos e a auxiliar na unificação das pessoas para que, então, o soberano pudesse impor seu poder sobre elas (SOARES, 2004). Por meio da emergência dos Estados modernos, a existência de uma nacionalidade delineada passou a servir como elemento de afirmação da existência do próprio Estado e dos motivos que justificariam o essencial dos seus comportamentos, primeiramente, ao legitimar as pessoas que têm direito de participação na formação da vontade política nacional, às quais são reservados direitos exclusivos e, no que se refere à proteção dos indivíduos, nas próprias relações transnacionais (SOARES, 2004). Nesse modelo de Estado soberano, já se desenvolvendo desde o século XVII, a partir da Paz de Vestfália, e que agora veio a ser tomado pela nação, o indivíduo era essencial diante da comunidade internacional enquanto membro de um determinado Estado. Diante de outras comunidades políticas, somente o próprio Estado passou a ter capacidade, ou personalidade, jurídica. O indivíduo, entretanto, apenas tem direitos e obrigações com aquela comu- Elementos de nacionalidade 3 nidade com a qual tem vínculo formal, a chamada nacionalidade (LISOWSKI, 2012). Neste sentido, cabe destaque às lições de Franca Filho (2006) que relata que a Paz de Vestefália (1648), conjunto de tratados que colocaram fim à Guerra dos Trinta Anos, determinou dentre outras medidas, a criação do Estado Soberano, definindo os princípios básicos de sua existência: território, povo e autoridade interna do governo. Ainda para Franca Filho (2006), sendo o Estado considerado o principal ator nas relações internacionais, a sua criação estabelece junto com o conceito de nacionalidade, uma relação pautada em grande dependência entre indivíduos, território e poder político. A associação a um Estado Soberano passa a ser, concretamente, o maior instrumento de reconhecimento, direitos e proteção para um indivíduo. O atual sistema internacional que é organizado em Estados soberanos mostra a nacionalidade como um direito indispensável ao homem, uma vez que é um requisito essencial para o acesso aos demais direitos e obrigações de determinado Estados. Dessa medida, direitos econômicos e políticos, porexemplo, passam a ser permitidos apenas àqueles que detêm a nacionalidade daquele local. Ou seja, a falta da nacionalidade é um fator impeditivo ao acesso à saúde pública, educação, trabalho, emissão de documentos oficiais, entre outros. Além disso, impossibilita que as pessoas possam manifestar sua existência, as retirar o direito de serem representadas e reconhecidas, prejudicando-as tanto na esfera legal, quanto em relação à dignidade humana (COUTO; BRASIL, 2020). A nacionalidade também se estende diante da esfera protetiva dos indi- víduos, uma vez que garante proteção tanto em seu país de origem quanto internacionalmente. De acordo com Weissbrodt e Collins (2006), quando reconhecidos como nacionais em algum Estado, os indivíduos podem fazer uso dos mecanismos do direito internacional de proteção diplomática, posto que estão ameaçados na esfera internacional. Inserida nesse contexto, a nacionalidade é considerada por inúmeros autores como “o direito a se ter direitos”, levando pessoas que não têm nacionalidade, denominados de apátridas, a serem visualizados na esfera internacional tal qual indivíduos desprovidos de direitos, aos quais nenhum Estado tem o dever de oferecer proteção (COUTO; BRASIL, 2020). Nesse diapasão, a nacionalidade pode ser conceituada sob dois pilares diferentes: a posição jurídico-política e a posição sociológica. Na percepção jurídico-política, significa nacionalidade o status conferido ao indivíduo, vinculado a um Estado por laços de fidelidade (THE LAW..., 1929). A partir dessa concepção, apenas pessoas físicas têm essa titularidade e gozam desse vínculo, o qual gera direitos e obrigações, bem como a necessidade de Elementos de nacionalidade4 reconhecimento formal por parte do Estado. De outro viés está a acepção sociológica, por meio da qual a nacionalidade é o sentimento de pertencimento a um grupo determinado. Via de regra, esses grupos têm características con- vergentes, para além da origem, falam o mesmo idioma, vivem em um mesmo território, têm as mesmas instituições políticas e costumes (TIBURCIO, 2014). Logo, “a ideia de nacionalidade, [...], não compreende apenas a noção de um grupo homogêneo, animado por atributos comuns. Requer, também, a busca de sua expressão no que é considerado a maior forma de atividade organizada, o Estado soberano” (TIBURCIO, 2014, p. 132). Pela concepção sociológica, é perceptível o fundamental papel do indivíduo na relação, uma vez que se admite a existência do sentimento de nacionalidade antes mesmo da criação formal do Estado (TIBURCIO, 2014). De outro vértice, a concepção jurídico-política, a qual é adotada pela revista Harvard Research in International Law, se necessita, como pressuposto à existência da nacionalidade, que a relação entre o indivíduo e o Estado seja reconhecida de maneira formal (TIBURCIO, 2014). Nesse sentido, são importantes as lições trazidas por Carmen Tiburcio: Paul Lagarde funde ambas as definições, atribuindo duas dimensões ao conceito de nacionalidade. Na dimensão vertical figura a ligação entre o indivíduo e o Estado ao qual ele pertence, pela qual o indivíduo tem deveres (lealdade, serviço militar, etc.) e direitos (por exemplo, proteção diplomática). A dimensão horizontal compreende o indivíduo na qualidade de membro de determinada comunidade, integrante do povo que forma o Estado (TIBURCIO, 2014, p. 133). Ademais, diante da concepção político-jurídica de nacionalidade, faz-se mister indicar que apenas o Estado pode dar ao indivíduo a condição de pertencimento, ou seja, de ser seu nacional. Os documentos legais de cada Estado estabelecerão quem poderá ser reconhecido como seu nacional, podendo realizar a exclusão de todos os demais, relativamente à criação de vínculos com aquele Estado (TIBURCIO, 2014). A coexistência dos conceitos político-jurídicos e sociológicos de nacio- nalidade é completamente compreensível, uma vez que, nos casos em que o indivíduo se sente vinculado ao Estado do qual é nacional, tem-se uma concepção fortalecendo a outra e ambas se sustentando conjuntamente. Quando há um povo unido, há um Estado mais forte, tanto pela submissão, quanto pela aprovação de suas regras (TIBURCIO, 2014). Finalmente, diante de um sistema organizacional que traz a nacionalidade como requisito basilar à existência do Estado soberano, a caracterização do ser humano sob as normativas do direito internacional dificulta, em certa Elementos de nacionalidade 5 medida, a aplicação do direito à nacionalidade para todos os indivíduos. Logo, de modo internacional, faz-se um enorme esforço para a minimização de pessoas não reconhecidas por nenhum Estado, visando a ampliar a nacio- nalidade, o sentido de pertencimento e o poder do Estado no acolhimento dos indivíduos que passam a ter direitos e obrigações (COUTO; BRASIL, 2020). Nacionalidade, naturalidade e cidadania É de sumária importância compreender que nacionalidade, naturalidade e cidadania não têm conceitos idênticos, devendo ser compreendidos para não causar confusão. A ideia de naturalidade está vinculada a um conceito territorial, ou seja, quando um indivíduo nasce em uma cidade, diz-se que ele é natural dessa cidade e do país em que ela está localizada, “sem que se possa inferir que este indivíduo seja necessariamente nacional daquele país” (TIBURCIO, 2014, p. 134). No entanto, para os países que se regem pela hipótese do jus solis, em seus efeitos, estão os conceitos de naturalidade e nacionalidade. O Brasil adota esse critério para conceder a nacionalidade brasileira, coincidindo, portanto, os conceitos de naturalidade brasileira e nacionalidade brasileira (TIBURCIO, 2014). De outro diapasão, está o conceito de cidadania, que permite a todos os nacionais de um determinado país a gozar de direitos políticos. Logo, para participar ativamente da vida pública do Estado e ter direitos e obrigações, o indivíduo, além de nacional, precisa ter a condição de cidadão. No Brasil, a ideia não é distinta, sendo que o cidadão brasileiro também é nacional (TIBURCIO, 2014). A nacionalidade compreende, de forma mais abrangente, aqueles indivíduos que possuem lealdade a determinado Estado, e se encontram, em vários níveis, sob o manto de sua proteção. Objetivamente, os nacionais têm uma ligação especial e per- manente com o Estado de sua nacionalidade, envolvendo obrigações e vantagens, como a proteção em nível internacional e o direito de residência. Nacionalidade é, portanto, uma relação bilateral (TIBURCIO, 2014, p. 135). A distinção entre cidadania e nacionalidade é complicada de ser delineada, uma vez que ambos os conceitos enfatizam diferentes aspectos do mesmo fenômeno: ser membro do Estado. No entanto, pode-se afirmar que a na- cionalidade destaca o âmbito internacional; e a cidadania, a esfera interna. Assim, “todo cidadão é um nacional, o caminho inverso não é necessariamente verdadeiro” (TIBURCIO, 2014, p. 136). Elementos de nacionalidade6 Assim, a verificação da nacionalidade é anterior, na lógica temporal, à aquisição dos direitos políticos. Dessa maneira, ainda que a nacionalidade seja indicativa para a concessão do status de cidadão, a concessão de nacio- nalidade não depende da caracterização do indivíduo como cidadão. Essa, além disso, é a razão típica para a restrição de estrangeiros ao usufruto de direitos políticos, que implica que o indivíduo seja titular de nacionalidade. No Brasil, a regra é que um estrangeiro não tem direito de desfrutar de direitos políticos (TIBURCIO, 2014). A nacionalidade como direito humano Couto e Brasil (2020) apontam que a nacionalidade é um conceito absolutamente antigo, tanto quando a ideia de Estado Moderno, e, hoje, con- figura-se como um dos principais direitos do homem, vinculado a diversos outros direitos e sendo indispensável para que qualquer indivíduo desfrute de uma vida digna. Entretanto, ainda de acordo com Couto e Brasil (2020), embora a nacionalidade seja fundamental, esse direito enfrentainúmeras barreiras para ser conquistado, visto que depende de regras estabelecidas pelos Estados na seara doméstica. Ademais, questões territoriais, leis discriminatórias, entre outros, ajudam para que milhões de pessoas não sejam reconhecidas por nenhum Estado. Essas pessoas, denominadas apátridas, segundo levantamento de dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), representam mais de quatro milhões de habitantes no mundo. Em um sistema internacional organizado em Estados Soberanos, possuir uma nacionalidade é de extrema importância. A ligação a uma autoridade soberana é o principal meio de garantia de direitos básicos aos indivíduos, como educação, voto e trabalho (COUTO; BRASIL, 2020). As formas de aquisição da nacionalidade Um dos elementos que constituem o Estado soberano é o povo, ou seja, os indivíduos que têm vínculos jurídico-políticos e sociológicos com determinado Estado. O Brasil aderiu a um critério territorial de forma conjunta ao critério sanguíneo para delimitar as formas de aquisição da nacionalidade, e tem nos instrumentos legislativos infraconstitucionais, como a Lei de Migrações, e na Constituição Federal de 1988, de maneira expressa, as formas de aquisição da nacionalidade brasileira. Elementos de nacionalidade 7 O povo, que no Brasil se vincula com a ideia de nacional, compreende todos os indivíduos que possuem vínculo jurídico-político com o Estado e podem desfrutar dos direitos políticos, por exemplo, possuindo documentação brasileira, como o passaporte. Esse estreito vínculo com o Estado pode ou não ser adquirido desde o nascimento. Assim, aqueles que têm nacionalidade recebem proteção jurídica do Estado ao qual pertencem, ao mesmo tempo em que se sujeitam às obrigações oriundas desse liame, como pagar tributos e, no caso do Brasil, votar. A nacionalidade pode ser adquirida de duas formas diferentes: (a) primária ou originária; e (b) secundária ou derivada. A nacionalidade primária está vinculada com o nascimento e, genericamente, é automática, a depender dos critérios de aquisição de nacionalidade adotados por cada Estado, sem depender da expressão de vontade do indivíduo pela aquisição de determi- nada nacionalidade (REZEK, 2016). Dois são os critérios de aquisição da nacionalidade originária que podem ser adotados pelos Estados, o jus soli e o jus sanguinis. O Brasil adota ambos os critérios, como se pode visualizar por meio do artigo 12, I e II, da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Para além da nacionalidade originária, há também uma segunda hipótese de aquisição da nacionalidade, a denominada nacionalidade adquirida ou secundária, que ocorre após o nascimento e ocorre por meio da expressão da vontade de um indivíduo de adquirir a nacionalidade de um Estado, valendo- -se pelos critérios de elegibilidade para que possa alcançar a condição de naturalizado (REZEK, 2016). Faz-se mister salientar que cada Estado tem autonomia para determinar os critérios a serem utilizados para a definição de quem serão considerados seus nacionais, valendo-se, especialmente, de três princípios do direito internacional público com anuência da Organização das Nações Unidas. Tal regra procede do princípio da atribuição estatal da nacionalidade, por meio da qual, pela soberania dos Estados, cada um têm competência exclusiva para legislar sobre as normativas relacionadas à nacionalidade (MARCO, 2015). Em conjunto com esse princípio estão o princípio da inconstrangibilidade e o da optabilidade. O primeiro ensina que nenhum indivíduo pode ser cons- trangido a obter uma nacionalidade, inclusive os apátridas. Já o princípio da optabilidade indica que os indivíduos são livres para requerer a mudança ou adição de nacionalidade, de acordo com a regra de cada Estado (MARCO, 2015). Assim, de acordo com a determinação de cada Estado, podem ser admitidos os critérios do jus sanguinis e do jus soli juntos, como é o caso do Brasil, que Elementos de nacionalidade8 abraça ambas as possibilidades, ou de maneira separada, como é o caso do Líbano, que só admite ser libanês aquele filho de libanês, ou seja, apenas adota o critério do jus sanguinis. O critério do jus sanguinis está vinculado com a filiação, que é a aqui- sição de nacionalidade transmitida pelo sangue. Assim, o que determina a nacionalidade dos filhos é a origem dos genitores, da sorte que em alguns países, por exemplo, é aceita que sejam transmitidas ambas as nacionali- dades dos pais, caso estas sejam de diferentes países, e sejam transferidas aos seus descendentes, resultando em casos de polipatridia, popularmente conhecida como dupla nacionalidade ou plurinacionalidade. Já outros países estabelecem que somente se transmite uma das nacionalidades, ou a do pai ou a da mãe (REZEK, 2016). Esse regramento pode gerar alguns entraves, visto que, pela concessão estatal, um Estado pode optar por um critério e o indivíduo não ser contem- plado por ele. A Alemanha e o Japão, por exemplo, são países que utilizam o critério do jus sanguinis para o reconhecimento da nacionalidade. Logo, nascer em algum desses países e ser filho de pais estrangeiros residentes permanentes não é critério de aquisição da nacionalidade alemã ou japonesa. Assim, para o reconhecimento da nacionalidade nesses países, é necessária a comprovação da nacionalidade dos ascendentes, bem como demonstrar que os genitores não abdicaram de sua nacionalidade originária, dentre outras questões (GUERRA, 2017). Inúmeros outros países da Europa adotam a regra do jus sanguinis como forma de aquisição da nacionalidade, uma vez que, desde o período das colonizações, estão sujeitos a um fluxo migratório expressivo, assim, a trans- missão da nacionalidade pelo sangue acaba por preservar os laços dos filhos e netos de europeus, ainda que fora do território destes. Um exemplo bastante significativo no Brasil são filhos e netos de italianos que imigraram no início do século XX para a América do Sul e que hoje têm direito à dupla cidadania (GUERRA, 2017). De outro aspecto, interessante a anotação de Marcus Cláudio Acquaviva em relação à matéria: Há uma linha tênue entre realçar o vínculo sociológico da nacionalidade e a xe- nofobia, ilustrando o cenário pós-primeira guerra mundial no qual os governos totalitários, tal qual a Alemanha nazista, disseminavam a ideia de que “para ser um bom alemão, o importante era o sangue, não importava o local de nascimento”, tendo como lema que os “povos do mesmo sangue devem pertencer ao mesmo Estado” (ACQUAVIVA, 2010, p. 26–27). Elementos de nacionalidade 9 Hoje, percebe-se o regresso e o fortalecimento desse vínculo subjetivo de nacionalidade, em sua maioria entre os países europeus, os quais registra- ram maior comportamento de repulsão ao fluxo migratório desde o ano de 2015 aos refugiados de países como Líbia e Síria para entrada em território europeu, situação preocupante, uma vez que a ACNUR, agência da ONU para refugiados, busca, incansavelmente, desenvolver programas para acolhimento de indivíduos, evitando a apatridia (GUERRA, 2017). O segundo critério que pode ser adotado pelos Estados com determinante à aquisição da nacionalidade primária está vinculado com questões territo- riais, ou seja, o local de nascimento dos indivíduos, sem depender dos laços sanguíneos de seus genitores. Este é o denominado critério jus soli, pelo qual se concede a nacionalidade ao sujeito por onde veio a nascer (GUERRA, 2017). Majoritariamente, o jus soli é a hipótese adotada pelos Estados soberanos que têm grande contingente imigratório. Isso acontece, por exemplo, nos países americanos em função de sua formação histórica, marcada pela co- lonização de imigrantes, vindos de todos os cantos do mundo, como maneira de aumentar o número de habitantes, fortalecendo a constituição do Estado (GUERRA, 2017). O Brasil adota esse modelo de aquisição da nacionalidade, o qual foi inserido no ordenamento pátrio desde a Constituição Imperial de 1824.No entanto, é importante restar claro que a Constituição Federal de 1988 adota um modelo misto, ou seja, admitindo tanto a aplicação do critério do jus soli como o do jus sanguinis. Polipatridia e apatridia Cada Estado tem a liberdade para adotar parâmetros distintos para a aquisição da nacionalidade, originária ou derivada, sendo este um ato de soberania que está vinculado com o princípio da atribuição estatal da nacionalidade, que, conforme mencionado, é aceito pelo Direito Internacional Público. Devido a essa autonomia que os Estados têm para adotar formas de aquisição de nacionalidade, muitas vezes, os critérios se chocam, gerando conflitos negativos e positivos de nacionalidade (KUROCE, 2019). A doutrina denomina como conflito positivo os casos em que há acúmulo de mais de um critério para a aquisição da nacionalidade sobre o indivíduo, o que, por consequência, oferece à pessoa mais de uma nacionalidade — como nos casos de dupla nacionalidade, multinacionalidade, plurinacionalidade ou polipatridia (KUROCE, 2019). Elementos de nacionalidade10 A polipatridia ocorre, substancialmente, quando um sujeito nasce em um local que adota o critério do jus solis e seus genitores são nacionais de um Estado que tem o jus sanguinis como critério de determinação da nacionali- dade. Nesses casos, há um conflito positivo, uma vez que, pelo nascimento, o sujeito passa a ter direito a duas nacionalidades, sem a necessidade de perder uma em razão de ser contemplado com a outra (KUROCE, 2019). Esse conflito positivo é bastante comum entre filhos de italianos que nascem no Brasil. A Itália adota o critério do jus sanguinis, ou seja, bastando que um dos genitores seja italiano, a criança também é considerada italiana, ainda que nasça em país estrangeiro. Já o Brasil utiliza o critério do jus soli, assim, mesmo sendo filha de italianos, uma criança que venha a nascer em território brasileiro é considerada brasileira nata. Logo, a partir desse exemplo, percebe-se que o indivíduo passa a acumular duas nacionalidades concomitantemente: a brasileira, por nascimento; e a italiana, por consan- guinidade (KUROCE, 2019). Como visto, o direito à nacionalidade é imposto como preceito de que todo indivíduo deve ter sua nacionalidade, entretanto, pelas regras internacio- nais, é preferível que os sujeitos adotem apenas uma nacionalidade quando forem polipátridas, com o objetivo de evitar conflitos que advenham dessa polipatridia (PORTELA, 2009). Assim é que o Direito Internacional estabelece princípios que são anexos impor- tantes em não modificar a soberania do Estado que determinam quem são os seus indivíduos, limitando a proteção e a estabilidade destes perante a sociedade internacional. É o que se ratifica na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que determina que “Toda pessoa tem direito uma nacionalidade” (art. XV, § 1.º), secundada pelo Pacto dos Direitos Civis e Políticos, que dispõe que “Toda criança tem direito de adquirir uma nacionalidade” (art. 24, §1°), e pelo Pacto de San José da Costa Rica, em seu art. 20, § 2° “Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido se não tiver direito a outra”. Em matéria de polipatridia, vigorava anteriormente o princípio de que a nacionalidade tinha que ser una. Ou seja, ainda que o indivíduo fosse binacional, ele seria conside- rado como tendo somente uma das nacionalidades em questão. Nessa linha, a Comissão de Direito Internacional da ONU, em 1954, estabeleceu a seguinte regra: “Toda pessoa tem o direito a uma nacionalidade – mas somente a uma”. Porém, essa tendência está sendo revista. Um exemplo disso é a Convenção Europeia sobre Nacionalidade, de 1997, que admite a dupla nacionalidade em alguns casos (ALVES; ROCHA, 2016, p. 346). A condição do polipátrida faz que com ambos os Estados de que o sujeito seja nacional tenham o dever de proteção diplomática contra terceiro Estado. Dessa maneira, no caso de um ítalo-brasileiro que fosse preso na África do Sul, tanto Brasil como Itália poderiam endossar proteção. Entretanto, o endosso Elementos de nacionalidade 11 não é possível no caso de um indivíduo querer realizar reclamação contra um dos seus Estados patriais. Essa questão resulta do princípio da igualdade soberana. Logo, um ítalo-brasileiro não pode opor a nacionalidade brasileira para o governo italiano a fim de se escusar de algum dever. Portanto, o entrave existente na condição de polipátrida está na proteção diplomática, pois não se é possível invocar proteção diplomática de um país do qual é nacional contra outro Estado soberano de quem também é nacional (ALVES; ROCHA, 2016). No viés contrário aos polipátridas, estão os denominados apátridas, os quais estão diante de um critério negativo de nacionalidade e das razões de nascimento do indivíduo, uma vez que não têm nacionalidade alguma, não gozando de proteção de qualquer Estado (KUROCE, 2019). O fenômeno da apatridia é compreendido como uma debilidade do sistema que procura vincular Estado e Nação. Neste sentido, é importante compre- ender o contexto histórico para compreender a dimensão da preocupação em relação à apatridia: A Primeira Guerra Mundial, contudo, evidenciou as fragilidades desse ideário, ou seja, revelou as dificuldades em se compartilhar uma nacionalidade, em seu sentido sociológico, por vários grupos distintos. Nesse sentido, a Primeira Guerra Mundial, juntamente com a disseminação de três grandes Estados compostos por populações intensamente distintas (Áustria-Hungria, Rússia e Turquia), acar- retou a expatriação de milhões de pessoas, disputas políticas e o surgimento de indivíduos mais ainda marginalizados, que não se inseriam e não eram repre- sentados por nenhum dos grupos politicamente dominantes. Tal episódio ilustra com clareza a fragilidade do sistema Estado-nação, e principalmente do indivíduo nessa estrutura. É nesse contexto pós-guerras mundiais que o mundo evidencia uma primeira grande onda de pessoas perdendo a nacionalidade, do surgimento de novos apátridas e o início de uma preocupação em resguardá-la como direito humano (COUTO; BRASIL, 2020, p. 124). A apatridia é conceituada pelo ACNUR como a situação posta a “homens e mulheres [...] que não possuem vínculo de nacionalidade com qualquer Estado” (ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS, 2012, p. 3), assim sendo, os que não são reconhecidos como nacionais por quaisquer Estados. Nesse sentido, muito embora a nacionalidade seja descrita tal qual direito humano, é negada para milhões de pessoas e por diversas razões. Segundo a ACNUR, normas regulatórias nacionais são a principal razão para a condição de apátrida entre os indivíduos. São as leis de cada Estado que conceituam se as pessoas têm ou não direito à aquisição da nacionalidade e, diversas vezes, as legislações acabam por excluir inúmeras pessoas, tanto pelo aspecto do jus sanguinis, quanto pelo jus soli (COUTO; BRASIL, 2020). Elementos de nacionalidade12 Nos países que baseiam as regras de nacionalidade no jus sanguinis, pode acontecer de crianças órfãs ou abandonadas, cujos pais são desconheci- dos, terem a nacionalidade negada. Outra situação que aumenta o número de situação de apatridia no mundo é a constituição de Estados novos e a alteração de fronteiras. Os apátridas também podem estar vinculados às leis discriminatórias para determinados grupos, como no caso dos judeus na Alemanha nazista, ou no caso de Estados em que há discriminação legal contra mulheres, em que somente se reconhece a nacionalidade de crianças quando identificado o pai (NO MARCO..., 2018). Dessa forma, verifica-se que documentos legislativos baseados no jus sanguinis podem apresentar obs- táculos na luta contra a apatridia (COUTO; BRASIL, 2020). Diante dessas e outras situações, tratados internacionais foram surgindo em meados do século XX com o objetivo de combater a apatridia e garantir o amplo direito à nacionalidade para os indivíduos. Em 1954,a condição dos apátridas ganha fomento internacional, na Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas. Essa inaugural convenção trabalhou com a proteção dos apátridas, revalidando direitos fundamentais aos indivíduos em situação de apatridia vivendo sob a jurisdição dos Estados partes, como, por exemplo, os direitos à liberdade religiosa e ao acesso à educação e moradia (COUTO; BRASIL, 2020). No Brasil, até 2017, adotava-se de forma extensiva o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 8.615 de 1980), o qual equiparava o apátrida ao status de refugiado ou asilado. Inexistia qualquer garantia de direitos fundamentais para indivíduos nessa situação, assim, o acesso à saúde, à educação e à assistência social não era permitido (BICHARA, 2017). Foi apenas com o advento da nova Lei de Migração (Lei nº 13.445 de 2017) que os apátridas passaram a ser reconhecidos e expressamente protegidos por regulamentação nacional. Primeiro, a legislação do Brasil define que o Estado considera apátrida a “pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro” (BRASIL, 2017a). Para além disso, direitos concedidos a outros migrantes também são garantidos aos apátridas, conforme as disposições do artigo 26, §4º, da Lei de Migrações, englobando direitos sociais e civis. O documento legal brasileiro também permite que, pela expressa vontade do apátrida residente no país, este possa ser naturalizado brasileiro, de acordo com o artigo 26, §6º da Lei 13.445 de 2017 (BRASIL, 2017a). Elementos de nacionalidade 13 Ainda assim, mesmo após a Convenção de 1954, o direito à nacionalidade continua sendo negado para milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com o ACNUR, no ano de 2017 se somavam, estatisticamente, cerca de quatro milhões de apátridas. Entretanto, como a identificação dessas pessoas é difícil, uma vez que elas não detêm documento ou registro, estima-se que seriam mais de dez milhões de pessoas em condição de apatridia no mundo (NO MARCO..., 2018). Logo, o ACNUR, além de ser um dos principais órgãos na atuação para questões de apatridia, desenvolve políticas no âmbito internacional com vistas ao combate a essa condição e ao amplo reconhecimento da nacionalidade e da aquisição desse direito fundamental (COUTO; BRASIL, 2020). A perda da nacionalidade brasileira e seus efeitos em casos de ex- tradição: o caso Claudia Cristina Sobral O artigo que apresentamos aqui buscou realizar análise relacionada com as normas sobre perda da nacionalidade brasileiro no caso de aquisição de uma nova. O estudo trouxe à baila a narrativa do caso sobre a Extradição nº 1.462, julgada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2017, que teve retirada do território nacional Claudia Cristina Sobral, após a entrada em vigor da Lei de Migração (VEDOVATO, 2020). O pedido de extradição foi apresentado pelo Governo dos Estados Unidos da América, por meio de Nota Verbal nº 436 de 2016, contra Claudia Sobral, ou Claudia Hoerig, uma vez que a extraditanda tinha tido sua prisão decretada pelas autoridades norte-americanas pela prática, em tese, de homicídio doloso contra seu marido, o norte-americano Karl Hoerig (BRASIL, 2017b). Claudia Sobral, que havia adquirido nacionalidade norte-americana, havia fugido para o Brasil dias após o assassinato de seu esposo, quando pegou um voo da cidade de Pittsburgh para Nova York e, logo após, deu entrada em solo brasileiro (BRASIL, 2017b). Após o pedido de extradição, o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal no Brasil, por meio da Extradição nº 1.462, de relatoria do Ministro Roberto Barroso. A Corte Superior do Brasil entendeu que a extraditanda não ostentava a nacionalidade brasileira, uma vez que adquiriu nacionalidade norte-americana, como decorrência da aquisição de nacionalidade estrangeira por naturalização. A relatoria do caso indicou que os requisitos formais da Lei nº 6.815 de 1980 e do Tratado de Extradição Brasil-Estados Unidos tinham os pressupostos materiais presentes: a dupla tipicidade e a punibilidade de um delito comum praticado por estrangeiro (BRASIL, 2017b). O STF decidiu por deferir a extradição, devendo os Estados Unidos assumir os compromissos de: (a) não executar pena vedada pelo ordenamento brasileiro, pena de morte ou pena perpétua, conforme determina o artigo 5º, XLVII, “a” e “b”, da CF/88; (b) observar o tempo máximo de pena possível no Brasil, 30 anos Elementos de nacionalidade14 (artigo 75, Código Penal); e (c) detrair do cumprimento da pena eventualmente imposta o tempo de prisão para fins de extradição (BRASIL, 2017b). A perda da nacionalidade da extraditada poderia ter sido evitada por meio da aplicação do artigo 76 da Lei 13.445 de 2017. Ademais, a norma constitucional que determina a perda de nacionalidade não é autoaplicável, o que exige com- plemento, o qual não foi trazido por meio da Lei de Migrações (VEDOVATO, 2020). Devido ao fato de a perda de nacionalidade ser efetivada por meio de portaria ministerial, a retroatividade dos atos administrativos e impactos da possibilidade de reaquisição da nacionalidade originária brasileira foi objeto de estudo do artigo científico. Ademais, não seria possível se efetivar a perda da nacionalidade sem a existência de uma lei regulamentadora, sendo possível a reaquisição se a perda tivesse ocorrido pela aplicação de lei anterior (VEDOVATO, 2020). A nacionalidade na ordem jurídica nacional O ordenamento constitucional brasileiro admite duas formas de aquisição da nacionalidade. O legislador constituinte trouxe a possibilidade da nacionali- dade adquirida no nascimento, a qual é denominada primária ou originária e está baseada, de modo geral, no critério do jus soli, ou seja, a regra pela qual um indivíduo passa a ter nacionalidade de acordo com o país em que nasce. Ademais a esse critério, o documento constitucional também admite a regra do jus sanguinis, que ocorre quando o indivíduo adquire a nacionalidade de seus pais, não importando o local de nascimento (TIBURCIO, 2014). Hoje a tendência entre uma parcela significativa de países é pela adoção de um sistema que admite as duas possibilidades: jus soli e jus sanguinis. A razão para isso é a necessidade de evitar casos de apatridia (PAIVA; HEEMANN, 2017). Na interpretação constitucional, tanto para os casos em que a nacionali- dade está baseada no local de nascimento, quanto para os casos em que está vinculada com a nacionalidade dos genitores, o indivíduo recebe a condição de nacional nato brasileiro. Quando a aquisição da nacionalidade acontece posteriormente, em geral se dá por meio de processo de naturalização, quando, preenchidos os requisitos legais, concede-se a denominada nacionalidade derivada ou secundária (TIBURCIO, 2014). Partindo da análise do artigo 12, inciso I, da Constituição Federal de 1988, a nacionalidade brasileira por aquisição originária, ou seja, a adquirida no momento do nascimento, é “matéria formal e materialmente constitucional, já que se trata de definir um dos elementos do Estado. Nessa linha, todas as Constituições brasileiras trataram em sede constitucional da aquisição da nacionalidade brasileira originária” (TIBURCIO, 2014, p. 140). Elementos de nacionalidade 15 Segundo a Carta Magna, há quatro possibilidades para a aquisição da na- cionalidade originária. A primeira delas, prevista no artigo 12, I, “a”, da Cons- tituição Federal de 1988, informa que são brasileiros natos aqueles “nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país” (BRASIL, 1988, documento on-line). Tal alínea trabalha com o critério do jus soli, indicando que a nacionalidade brasileira é adquirida em razão do nascimento em território nacional — ainda que a pessoa seja filha de pais estrangeiros, é considerada brasileira nata(TIBURCIO, 2014). Passando a análise da segunda hipótese de atribuição de nacionalidade primária, está o disposto no artigo 12, I, “b”, da Constituição Federal, o qual está baseado no critério do jus sanguinis, conjugado com o exercício de função no exterior, prevendo que é brasileiro quem é filho de genitor brasileiro que esteja representando o Brasil no exterior. Nessa alínea, o legislador constituinte abraçou interpretação extensiva para a atribuição da nacionalidade brasileira, uma vez que indicou que basta que o pai ou a mãe seja brasileiro a serviço do país para que a criança seja considerada brasileira nata (BRASIL, 1988). Da interpretação desse artigo constitucional, levantou-se a questão em relação à natureza do serviço no exterior. Questionou-se se a aplicação do artigo dar-se-ia ao serviço da administração direta unicamente, ou seria extensivo a serviços vinculados com a administração indireta, como nos casos de empresas públicas e sociedades de economia mista. Outros doutrinadores passaram a questionar se a regra de nacionalidade seria aplicada para tra- balhos permanentes ou também para os brasileiros prestando serviço para a nação de forma temporária. Muito embora a Constituição Federal não traga expressamente em seus artigos tais questões, vale a regra mais favorável para a aquisição da nacionalidade brasileira. Desse modo, a aquisição se dará para os filhos cujos genitores estejam a serviço da administração indireta e tam- bém àqueles que exerçam trabalho temporário no exterior (TIBURCIO, 2014). Seguidamente, o legislador constituinte traz a terceira hipótese de aquisi- ção da nacionalidade originária, na interpretação do artigo 12, I, “c”, primeira parte, da Carta Magna. Tal hipótese também está baseada no jus sanguinis e indica que é brasileiro nato o filho de brasileira ou brasileiro, que não esteja a serviço do Brasil, porém que seja registrado em repartição brasileira competente no exterior (BRASIL, 1988). Faz-se mister salientar que o legislador adotou o mesmo critério estabele- cido para o artigo 12, I, “b”, da Constituição Federal de 1988, ou seja, basta que o pai ou a mãe seja brasileiro, para que o filho possa ser registrado e adquira a nacionalidade brasileira. Ademais, vale indicar que o genitor não precisa Elementos de nacionalidade16 ter nacionalidade primária, podendo o filho de pai ou mãe naturalizado ser beneficiado com a nacionalidade brasileira, desde que a naturalização seja anterior ao nascimento da criança no exterior (TIBURCIO, 2014). A quarta hipótese de aquisição de nacionalidade brasileira primária, a qual também está vinculada com a aplicação do critério do jus sanguinis, está na regra do artigo 12, I, “c”, parte final, da Constituição Federal de 1988, a qual indica que é possível ser brasileiro nato aquele nascido no exterior, filho de pai ou mãe brasileira, que não venha a ser registrado no exterior em repartição competente. Nesses casos, a Carta Magna indica que é possível a aquisição primária da nacionalidade, caso o indivíduo venha a morar no Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- sileira. Tal opção deve ser realizada no Brasil, perante juiz federal, de acordo com o que dispõe o artigo 109, X da Constituição Federal (BRASIL, 1988). A redação da parte final da alínea “c”, do artigo 12, I, da Carta Maior, a qual foi dada por força da Emenda Constitucional 54 de 2007, é, por parte da doutrina, questionada em relação à natureza da opção e do status daquele que ainda não optou pela nacionalidade brasileira, bem como as consequências jurídicas no caso de não ser adquirida a nacionalidade originária. Sobre a temática, é importante a análise trazida por Carmen Tiburcio: Quanto à natureza da opção, parece ser orientação da doutrina e da jurisprudência classificá-la como condição suspensiva. Assim, até que a opção seja feita o indivíduo é estrangeiro. Obviamente, se a opção jamais for feita, o indivíduo permanecerá com o status de estrangeiro. Nessa linha, não subsiste a possibilidade prevista no art. 32 da Lei dos Registros Públicos de registro provisório da nacionalida- de brasileira. Como a opção pode ser feita a qualquer tempo, não faria sentido admitir-se o registro temporário, pois o indivíduo poderia ficar indefinidamente com esse status e a opção se tornaria desnecessária. Todavia, uma vez feita a opção, esta retroage à data do nascimento, produzindo efeitos ex tunc, eis que se trata de hipótese de nacionalidade brasileira originária, ou seja, existente desde o nascimento. Assim, uma vez implementada a condição suspensiva (pela via da opção), o indivíduo passa a ser considerado brasileiro desde o seu nascimento. Há importantes consequências dessa conclusão, pois o filho ou filha desse indi- víduo que tenha nascido no exterior, antes da opção do seu genitor, não poderá fazer a sua opção, pois será filho ou filha de estrangeiro. Porém, uma vez feita a opção pelo genitor, que é retroativa, a mesma oportunidade abre-se para o seu filho ou filha, que poderá comprovar o status de brasileiro do seu genitor à época do seu nascimento (TIBURCIO, 2014, p. 145–146). Finalmente, cabe ressaltar que, para aquisição da nacionalidade originária, de acordo com o artigo 12, I, “c”, parte final, da Constituição Federal, deve a opção ser realizada perante juiz federal, tal o que impõe a norma constitu- Elementos de nacionalidade 17 cional, uma vez que o juiz estadual, para análise de matéria vinculada com a nacionalidade, é absolutamente incapaz (BRASIL, 1988). Realizada análise relativa à aquisição da nacionalidade primária, passa-se a descrever a outra hipótese de se adquirir a nacionalidade brasileira, chamada de aquisição secundária ou derivada, a qual acontece por meio do processo de naturalização do indivíduo. A matéria está disposta no texto constitucional, em seu artigo 12, II, e considera como brasileiros naturalizados aqueles que, “na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral” ou para estrangeiros de quaisquer nacionalidades que residam há mais de quinze anos ininterruptos e não tenham condenação penal, desde que requeiram a naturalização brasileira perante autoridade competente (BRASIL, 1988). Assim, a aquisição derivada ou secundária pode ocorrer de duas manei- ras diferentes: (a) ordinária e (b) extraordinária. Na aquisição de nacionali- dade secundária ordinária, era aplicada a Lei nº 6.815 de 1980, hoje Lei das Migrações, a qual traz os requisitos e procedimentos para tal solicitação, salientando-se que o Ministro da Justiça, do mencionado documento legal, poderá negar o pedido de ofício, ainda que apresentados todos os requisitos legais, uma vez que se trata de poder discricionário do Executivo (BRASIL, 2017a). No entanto, para a aquisição de nacionalidade secundária voltada no procedimento extraordinário, presentes os requisitos legais, quais sejam, residência do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e inexistência de condenação penal no Brasil e no exterior, conforme determina o artigo 12, II, “b”, da Constituição Federal, a naturalização é necessariamente concedida, desde que solicitada pelo interessado (BRASIL, 1988). É importante indicar que os cargos de Presidente da República, Vice- -presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa são privativos de brasileiros natos, conforme imposição constitucional trazida no artigo 12 , §3º. Ademais, a Carta Magna determina que, salvo nos casos trazidos na Constituição Federal, não poderá haver diferença de tratamento de brasileiros natos e naturalizados, conforme dispõe o artigo 12, §2º (BRASIL, 1988). Perda e reaquisição da nacionalidade A Constituição Federal de 1988traz em seu artigo 12, §4º, as hipóteses de perda da nacionalidade brasileira, sendo a mais notável, especialmente por estar Elementos de nacionalidade18 presente em todas as Constituições já existentes no ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade descrita no §4º, II, do artigo 12, qual seja, a perda da nacionalidade do brasileiro que vier a adquirir outra nacionalidade. Ou seja, brasileiros que, por vontade própria, obtiverem outra nacionalidade, perdem o direito à nacionalidade brasileira (BRASIL, 1988). No entanto, o legislador constituinte abre exceções à regra geral, as quais vêm descritas no artigo, 12, §4º, alíneas “a” e “b”. Assim, por força da Emenda nº 3 de 1994, passou-se a evidenciar que, ainda na hipótese de naturalização em país estrangeiro, o brasileiro não perderá sua nacionalidade originária, caso a aquisição decorra de situações que o obrigaram a adquirir a naciona- lidade estrangeira, como, por exemplo, nos casos em que o indivíduo precise se naturalizar para exercer direitos civis no país onde vive (BRASIL, 1988). Acontece nos casos de naturalização para exercício de profissão, aquisição de bem imóvel ou situação similar. A aplicação do artigo 12, §4º, “b”, dar-se-á por meio da verificação singular de cada caso, sempre devendo ser adotada a interpretação que mais favoreça à manutenção da nacionalidade brasileira. Já nos casos em que o brasileiro perde a nacionalidade, importante salientar, é declaratória, retroagindo à data da aquisição da nacionalidade estrangeira (TIBURCIO, 2014). Nos casos de aplicação de perda da nacionalidade por força do artigo 12, §4º, “a”, da Constituição Federal, hipótese que acontece quando a perda ocorre pelo exercício de atividade nociva ao interesse nacional, aplica-se apenas para o naturalizado, sendo exigida sentença judicial para esse can- celamento. A decisão é de competência de um juiz federal e produz efeitos ex nunc (TIBURCIO, 2014). Apátridas: quem são? Uma publicação no Pelotas Model United Nations, da Universidade Federal de Pelotas, em 2020, trouxe a seguinte situação: “Você é filha de sírios, seu pai é cristão e sua mãe muçulmana. Na Síria, não é permitido o casamento entre duas religiões, e se o matrimônio não é legal, o filho não é reconhecido como nacional. Cientes de que o casamento não seria legal, seus pais decidem fugir para o Líbano e se casar. Você acaba nascendo no Líbano, onde você só é libanesa se o seu pai for libanês. O que acontece? Sem cidadania síria e tampouco libanesa, você acaba nascendo sem uma pátria” (MEINE, 2020, documento on-line). Essa é uma história real e pertence a Maha Mamo, que até o ano de 2018 viveu como apátrida e conseguiu a naturalização brasileira por reconhecimento das autoridades competentes do Brasil. Elementos de nacionalidade 19 Segundo relatos de Maha Mano, por mais de uma década tentou ter uma nacionalidade reconhecida. Entre muitas negativas, em 2014 o Brasil foi o único país que a acolheu, não pela condição de apartidia, mas porque naquele ano o Brasil aceitou receber refugiados sírios. Foi depois de 2017, quando entrou em vigor a Lei de Migração, com o reconhecimento e proteção dos apátridas, que Maha Mamo e sua irmã conseguiram, em outubro de 2018, a naturalização como brasileiras. Ainda de acordo com a publicação na plataforma digital gaúcha, em 2014, o ACNUR lançou a campanha #IBelong para erradicar a apatridia no mundo até 2024 e, desde então, houve diversas conquistas. Quase 350 mil apátridas adquiriram nacionalidade em países como Quênia, Quirguistão, Vietnã, Tailândia e Filipinas; mais países aderiram às duas Convenções da ONU que dizem respeito aos apátridas; Madagascar e Serra Leoa passaram a permitir que as mulheres transmitam sua nacionalidade aos filhos; outros países facilitaram o processo de obtenção da cidadania a cidadania, entre outras. Ainda assim, é importante esclarecer que o número de apátridas no mundo segue sendo muito alto, e a maioria se concentra em regiões da Ásia e África (MEINE, 2020). Referências ACQUAVIVA, M. C. Teoria geral do estado. 3. ed. Barueri: Manole, 2010. 372 p. ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Apatridia: toda pessoa tem direito a uma nacionalidade: artigo XV da Declaração Universal dos Direitos Humanos. São Paulo: ACNUR Brasil, 2012. 8 p. Disponível em: http://www.acnur.org/ portugues/wpcontent/uploads/2018/02/Apatridia_Cartilha-informativa_ACNUR-2012. pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. ALVES, R. 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