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DIREITO 
INTERNACIONAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Conceituar nacionalidade. 
 > Definir as formas de aquisição da nacionalidade. 
 > Explicar a nacionalidade na ordem jurídica nacional. 
Introdução
A nacionalidade é um conceito que vincula questões político-jurídicas e socio-
lógicas entre o indivíduo e um determinado Estado soberano, fazendo daquela 
pessoa um componente do povo, no âmbito pessoal desse Estado, orientando-a 
a exigir sua proteção e sujeitando-a ao cumprimento de obrigações impostas. 
A ideia de nacionalidade surgiu ainda na antiguidade e está presente tal qual direito 
fundamental até a atualidade, logo, adquirir a nacionalidade de um determinado 
Estado soberano é essencial para o sentimento de pertencimento, mas também 
para ter o direito de desfrutar da esfera política e social de determinado local. 
No Brasil, a nacionalidade é matéria constitucional, regida, em especial, pelo artigo 
12 da Carta Magna, a qual admite o reconhecimento da nacionalidade tanto pelo 
critério originário quanto pelo derivado.
Embora a nacionalidade pareça algo simples e prático, ainda representa um 
ideário para milhões de pessoas ao redor do mundo, as quais, por diversas razões, 
sejam elas normativas, étnicas ou territoriais, não são consideradas como nacionais 
de nenhum país e recebem a designação de apátridas. Por outro lado, uma parcela 
de indivíduos, pelo conflito positivo entre os critérios do jus soli e do jus sanguinis, 
Elementos de 
nacionalidade
Karoline Freire 
bem como em função da naturalização, têm o direito a diferentes nacionalidades 
ao mesmo tempo em razão do nascimento, os chamados polipátridas. A condição 
de polipatridia também apresenta questões divergentes como, por exemplo, 
a proclamação de direitos e deveres por Estados diferentes.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de nacionalidade, conhecer as 
diferentes maneiras de aquisição da nacionalidade e ver como a nacionalidade é 
trabalhada no ordenamento jurídico pátrio.
O conceito de nacionalidade
A nacionalidade é indicada como sendo o vínculo mais antigo das relações 
internacionais, que está presente desde as civilizações do mundo antigo, muito 
embora a expressão “nacionalidade” esteja vinculada com a emergência do 
Estado moderno, a partir do século XVI (SOARES, 2004).
A afirmação de que a ideia de nacionalidade advém das antigas civilizações, 
nesse sentido, deve ser lida de forma desatrelada das relações internacionais 
na concepção do Estado moderno, mas vinculada com entidades autônomas 
ou células políticas, que se diferenciavam entre si por distintos traços cul-
turais (SOARES, 2004). 
Na Grécia antiga, durante o período helênico, considerava-se como grego 
aquele que fosse filho de um grego, e que se distinguia dos barbarophonóis, 
ou seja, daqueles que falavam com voz rouca, uma vez que não dominavam o 
idioma grego. Assim, compreender e se comunicar na língua grega significava 
muito mais do que uma forma de interação social, mas era a própria expressão 
de pertencimento à civilização grega (SOARES, 2004).
Durante o auge do expansionismo do Império Romano, detinha status de 
civis romani, ou seja, de cidadão civil romano, aquele que fosse filho de um 
romano, ou seja, na Roma Antiga, o critério para aquisição de nacionalidade 
utilizado era o do jus sanguinis, ou seja, aquele que é passado do genitor ao 
filho pelos laços de sangue. O detentor de nacionalidade romana, à época, 
o legitimava a ter direitos e obrigações, além de conceder-lhe a posição de 
indivíduo livre (SOARES, 2004).
A história aponta que nas civilizações gregas e romanas antigas, o estrangeiro 
era um indivíduo hostil e com pouquíssimos direitos, por vezes sem direito 
algum de participação na vida social ou diante da res publica (SOARES, 2004).
Foi apenas durante o período da Idade Média que emergiu um segundo 
requisito para aquisição da nacionalidade: o jus soli, o qual passou a ser o 
instrumento de vinculação de um indivíduo a determinado ordenamento 
jurídico. Isto porque o local de nascimento, a terra, era considerado o maior 
Elementos de nacionalidade2
símbolo de riqueza e poder, independendo dos lastros familiares ou do critério 
do jus sanguinis para determinação da nacionalidade (SOARES, 2004).
Durante o século XV, começou a emergir a ideia do Estado moderno, 
e a nacionalidade passou a ganhar cada vez mais importância à composição 
das sociedades, passando a ser elemento determinante de submissão do 
indivíduo e um determinado ordenamento jurídico, circunscrito a um ter-
ritório e dominado pelo incontestável poder do soberano. Nesse período, 
se objetivava a submissão total e absoluta à vontade do rei, em especial nos 
períodos de crise, como durante as guerras. Aliás, as guerras também foram 
elementos importantes à edificação da ideia de nacionalidade, uma vez 
que a formação dos exércitos dependia de submissão dos indivíduos a um 
determinado local, para um soberano e, portanto, começou a emergir a ideia 
de exércitos nacionais, os quais foram essenciais à construção dos Estados 
modernos, em especial porque, quanto mais forte era o soberano, maior era 
a contingência militar submetida a ele (SOARES, 2004).
A nacionalidade passou a desempenhar papel fundamental à ideia de 
pertencimento, visto que, já na Idade Média, de forma mais assertiva que nas 
civilizações antigas, havia relados das diferentes ordens sociais e dos regra-
mentos de cada uma delas. Assim, situada na pessoa do dirigente absoluto, 
a legitimidade do ordenamento jurídico dos Estados fortificava o conceito de 
nacionalidade, inclusive criando mecanismos de devoção, como a obrigação 
ao serviço militar (SOARES, 2004).
Com o surgimento dos Estados absolutistas, a concepção de nacionali-
dade passou a ser representada pela submissão dos súditos e a auxiliar na 
unificação das pessoas para que, então, o soberano pudesse impor seu poder 
sobre elas (SOARES, 2004).
Por meio da emergência dos Estados modernos, a existência de uma 
nacionalidade delineada passou a servir como elemento de afirmação da 
existência do próprio Estado e dos motivos que justificariam o essencial 
dos seus comportamentos, primeiramente, ao legitimar as pessoas que têm 
direito de participação na formação da vontade política nacional, às quais são 
reservados direitos exclusivos e, no que se refere à proteção dos indivíduos, 
nas próprias relações transnacionais (SOARES, 2004).
Nesse modelo de Estado soberano, já se desenvolvendo desde o século 
XVII, a partir da Paz de Vestfália, e que agora veio a ser tomado pela nação, 
o indivíduo era essencial diante da comunidade internacional enquanto 
membro de um determinado Estado. Diante de outras comunidades políticas, 
somente o próprio Estado passou a ter capacidade, ou personalidade, jurídica. 
O indivíduo, entretanto, apenas tem direitos e obrigações com aquela comu-
Elementos de nacionalidade 3
nidade com a qual tem vínculo formal, a chamada nacionalidade (LISOWSKI, 
2012). Neste sentido, cabe destaque às lições de Franca Filho (2006) que 
relata que a Paz de Vestefália (1648), conjunto de tratados que colocaram fim 
à Guerra dos Trinta Anos, determinou dentre outras medidas, a criação do 
Estado Soberano, definindo os princípios básicos de sua existência: território, 
povo e autoridade interna do governo. Ainda para Franca Filho (2006), sendo o 
Estado considerado o principal ator nas relações internacionais, a sua criação 
estabelece junto com o conceito de nacionalidade, uma relação pautada em 
grande dependência entre indivíduos, território e poder político. A associação 
a um Estado Soberano passa a ser, concretamente, o maior instrumento de 
reconhecimento, direitos e proteção para um indivíduo.
O atual sistema internacional que é organizado em Estados soberanos 
mostra a nacionalidade como um direito indispensável ao homem, uma vez 
que é um requisito essencial para o acesso aos demais direitos e obrigações 
de determinado Estados. Dessa medida, direitos econômicos e políticos, porexemplo, passam a ser permitidos apenas àqueles que detêm a nacionalidade 
daquele local. Ou seja, a falta da nacionalidade é um fator impeditivo ao 
acesso à saúde pública, educação, trabalho, emissão de documentos oficiais, 
entre outros. Além disso, impossibilita que as pessoas possam manifestar 
sua existência, as retirar o direito de serem representadas e reconhecidas, 
prejudicando-as tanto na esfera legal, quanto em relação à dignidade humana 
(COUTO; BRASIL, 2020).
A nacionalidade também se estende diante da esfera protetiva dos indi-
víduos, uma vez que garante proteção tanto em seu país de origem quanto 
internacionalmente. De acordo com Weissbrodt e Collins (2006), quando 
reconhecidos como nacionais em algum Estado, os indivíduos podem fazer 
uso dos mecanismos do direito internacional de proteção diplomática, posto 
que estão ameaçados na esfera internacional.
Inserida nesse contexto, a nacionalidade é considerada por inúmeros 
autores como “o direito a se ter direitos”, levando pessoas que não têm 
nacionalidade, denominados de apátridas, a serem visualizados na esfera 
internacional tal qual indivíduos desprovidos de direitos, aos quais nenhum 
Estado tem o dever de oferecer proteção (COUTO; BRASIL, 2020).
Nesse diapasão, a nacionalidade pode ser conceituada sob dois pilares 
diferentes: a posição jurídico-política e a posição sociológica. Na percepção 
jurídico-política, significa nacionalidade o status conferido ao indivíduo, 
vinculado a um Estado por laços de fidelidade (THE LAW..., 1929). A partir 
dessa concepção, apenas pessoas físicas têm essa titularidade e gozam 
desse vínculo, o qual gera direitos e obrigações, bem como a necessidade de 
Elementos de nacionalidade4
reconhecimento formal por parte do Estado. De outro viés está a acepção 
sociológica, por meio da qual a nacionalidade é o sentimento de pertencimento 
a um grupo determinado. Via de regra, esses grupos têm características con-
vergentes, para além da origem, falam o mesmo idioma, vivem em um mesmo 
território, têm as mesmas instituições políticas e costumes (TIBURCIO, 2014).
Logo, “a ideia de nacionalidade, [...], não compreende apenas a noção 
de um grupo homogêneo, animado por atributos comuns. Requer, também, 
a busca de sua expressão no que é considerado a maior forma de atividade 
organizada, o Estado soberano” (TIBURCIO, 2014, p. 132).
Pela concepção sociológica, é perceptível o fundamental papel do indivíduo 
na relação, uma vez que se admite a existência do sentimento de nacionalidade 
antes mesmo da criação formal do Estado (TIBURCIO, 2014).
De outro vértice, a concepção jurídico-política, a qual é adotada pela revista 
Harvard Research in International Law, se necessita, como pressuposto à 
existência da nacionalidade, que a relação entre o indivíduo e o Estado seja 
reconhecida de maneira formal (TIBURCIO, 2014).
Nesse sentido, são importantes as lições trazidas por Carmen Tiburcio:
Paul Lagarde funde ambas as definições, atribuindo duas dimensões ao conceito 
de nacionalidade. Na dimensão vertical figura a ligação entre o indivíduo e o 
Estado ao qual ele pertence, pela qual o indivíduo tem deveres (lealdade, serviço 
militar, etc.) e direitos (por exemplo, proteção diplomática). A dimensão horizontal 
compreende o indivíduo na qualidade de membro de determinada comunidade, 
integrante do povo que forma o Estado (TIBURCIO, 2014, p. 133).
Ademais, diante da concepção político-jurídica de nacionalidade, faz-se 
mister indicar que apenas o Estado pode dar ao indivíduo a condição de 
pertencimento, ou seja, de ser seu nacional. Os documentos legais de cada 
Estado estabelecerão quem poderá ser reconhecido como seu nacional, 
podendo realizar a exclusão de todos os demais, relativamente à criação de 
vínculos com aquele Estado (TIBURCIO, 2014).
A coexistência dos conceitos político-jurídicos e sociológicos de nacio-
nalidade é completamente compreensível, uma vez que, nos casos em que 
o indivíduo se sente vinculado ao Estado do qual é nacional, tem-se uma 
concepção fortalecendo a outra e ambas se sustentando conjuntamente. 
Quando há um povo unido, há um Estado mais forte, tanto pela submissão, 
quanto pela aprovação de suas regras (TIBURCIO, 2014).
Finalmente, diante de um sistema organizacional que traz a nacionalidade 
como requisito basilar à existência do Estado soberano, a caracterização do 
ser humano sob as normativas do direito internacional dificulta, em certa 
Elementos de nacionalidade 5
medida, a aplicação do direito à nacionalidade para todos os indivíduos. 
Logo, de modo internacional, faz-se um enorme esforço para a minimização 
de pessoas não reconhecidas por nenhum Estado, visando a ampliar a nacio-
nalidade, o sentido de pertencimento e o poder do Estado no acolhimento 
dos indivíduos que passam a ter direitos e obrigações (COUTO; BRASIL, 2020).
Nacionalidade, naturalidade e cidadania
É de sumária importância compreender que nacionalidade, naturalidade e 
cidadania não têm conceitos idênticos, devendo ser compreendidos para 
não causar confusão.
A ideia de naturalidade está vinculada a um conceito territorial, ou seja, 
quando um indivíduo nasce em uma cidade, diz-se que ele é natural dessa 
cidade e do país em que ela está localizada, “sem que se possa inferir que este 
indivíduo seja necessariamente nacional daquele país” (TIBURCIO, 2014, p. 134).
No entanto, para os países que se regem pela hipótese do jus solis, 
em seus efeitos, estão os conceitos de naturalidade e nacionalidade. O Brasil 
adota esse critério para conceder a nacionalidade brasileira, coincidindo, 
portanto, os conceitos de naturalidade brasileira e nacionalidade brasileira 
(TIBURCIO, 2014).
De outro diapasão, está o conceito de cidadania, que permite a todos os 
nacionais de um determinado país a gozar de direitos políticos. Logo, para 
participar ativamente da vida pública do Estado e ter direitos e obrigações, 
o indivíduo, além de nacional, precisa ter a condição de cidadão. No Brasil, 
a ideia não é distinta, sendo que o cidadão brasileiro também é nacional 
(TIBURCIO, 2014).
A nacionalidade compreende, de forma mais abrangente, aqueles indivíduos que 
possuem lealdade a determinado Estado, e se encontram, em vários níveis, sob o 
manto de sua proteção. Objetivamente, os nacionais têm uma ligação especial e per-
manente com o Estado de sua nacionalidade, envolvendo obrigações e vantagens, 
como a proteção em nível internacional e o direito de residência. Nacionalidade é, 
portanto, uma relação bilateral (TIBURCIO, 2014, p. 135).
A distinção entre cidadania e nacionalidade é complicada de ser delineada, 
uma vez que ambos os conceitos enfatizam diferentes aspectos do mesmo 
fenômeno: ser membro do Estado. No entanto, pode-se afirmar que a na-
cionalidade destaca o âmbito internacional; e a cidadania, a esfera interna. 
Assim, “todo cidadão é um nacional, o caminho inverso não é necessariamente 
verdadeiro” (TIBURCIO, 2014, p. 136).
Elementos de nacionalidade6
Assim, a verificação da nacionalidade é anterior, na lógica temporal, 
à aquisição dos direitos políticos. Dessa maneira, ainda que a nacionalidade 
seja indicativa para a concessão do status de cidadão, a concessão de nacio-
nalidade não depende da caracterização do indivíduo como cidadão. Essa, 
além disso, é a razão típica para a restrição de estrangeiros ao usufruto de 
direitos políticos, que implica que o indivíduo seja titular de nacionalidade. 
No Brasil, a regra é que um estrangeiro não tem direito de desfrutar de direitos 
políticos (TIBURCIO, 2014).
A nacionalidade como direito humano
Couto e Brasil (2020) apontam que a nacionalidade é um conceito 
absolutamente antigo, tanto quando a ideia de Estado Moderno, e, hoje, con-
figura-se como um dos principais direitos do homem, vinculado a diversos 
outros direitos e sendo indispensável para que qualquer indivíduo desfrute 
de uma vida digna.
Entretanto, ainda de acordo com Couto e Brasil (2020), embora a nacionalidade 
seja fundamental, esse direito enfrentainúmeras barreiras para ser conquistado, 
visto que depende de regras estabelecidas pelos Estados na seara doméstica. 
Ademais, questões territoriais, leis discriminatórias, entre outros, ajudam para 
que milhões de pessoas não sejam reconhecidas por nenhum Estado. Essas 
pessoas, denominadas apátridas, segundo levantamento de dados do Alto 
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), representam mais 
de quatro milhões de habitantes no mundo.
Em um sistema internacional organizado em Estados Soberanos, possuir uma 
nacionalidade é de extrema importância. A ligação a uma autoridade soberana é 
o principal meio de garantia de direitos básicos aos indivíduos, como educação, 
voto e trabalho (COUTO; BRASIL, 2020).
As formas de aquisição da nacionalidade
Um dos elementos que constituem o Estado soberano é o povo, ou seja, os 
indivíduos que têm vínculos jurídico-políticos e sociológicos com determinado 
Estado. O Brasil aderiu a um critério territorial de forma conjunta ao critério 
sanguíneo para delimitar as formas de aquisição da nacionalidade, e tem nos 
instrumentos legislativos infraconstitucionais, como a Lei de Migrações, e na 
Constituição Federal de 1988, de maneira expressa, as formas de aquisição 
da nacionalidade brasileira.
Elementos de nacionalidade 7
O povo, que no Brasil se vincula com a ideia de nacional, compreende 
todos os indivíduos que possuem vínculo jurídico-político com o Estado e 
podem desfrutar dos direitos políticos, por exemplo, possuindo documentação 
brasileira, como o passaporte. Esse estreito vínculo com o Estado pode ou 
não ser adquirido desde o nascimento. Assim, aqueles que têm nacionalidade 
recebem proteção jurídica do Estado ao qual pertencem, ao mesmo tempo 
em que se sujeitam às obrigações oriundas desse liame, como pagar tributos 
e, no caso do Brasil, votar.
A nacionalidade pode ser adquirida de duas formas diferentes: (a) primária 
ou originária; e (b) secundária ou derivada. A nacionalidade primária está 
vinculada com o nascimento e, genericamente, é automática, a depender 
dos critérios de aquisição de nacionalidade adotados por cada Estado, sem 
depender da expressão de vontade do indivíduo pela aquisição de determi-
nada nacionalidade (REZEK, 2016).
Dois são os critérios de aquisição da nacionalidade originária que podem 
ser adotados pelos Estados, o jus soli e o jus sanguinis. O Brasil adota ambos os 
critérios, como se pode visualizar por meio do artigo 12, I e II, da Constituição 
Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
Para além da nacionalidade originária, há também uma segunda hipótese 
de aquisição da nacionalidade, a denominada nacionalidade adquirida ou 
secundária, que ocorre após o nascimento e ocorre por meio da expressão da 
vontade de um indivíduo de adquirir a nacionalidade de um Estado, valendo-
-se pelos critérios de elegibilidade para que possa alcançar a condição de 
naturalizado (REZEK, 2016).
Faz-se mister salientar que cada Estado tem autonomia para determinar 
os critérios a serem utilizados para a definição de quem serão considerados 
seus nacionais, valendo-se, especialmente, de três princípios do direito 
internacional público com anuência da Organização das Nações Unidas. Tal 
regra procede do princípio da atribuição estatal da nacionalidade, por meio 
da qual, pela soberania dos Estados, cada um têm competência exclusiva 
para legislar sobre as normativas relacionadas à nacionalidade (MARCO, 2015).
Em conjunto com esse princípio estão o princípio da inconstrangibilidade 
e o da optabilidade. O primeiro ensina que nenhum indivíduo pode ser cons-
trangido a obter uma nacionalidade, inclusive os apátridas. Já o princípio da 
optabilidade indica que os indivíduos são livres para requerer a mudança ou 
adição de nacionalidade, de acordo com a regra de cada Estado (MARCO, 2015).
Assim, de acordo com a determinação de cada Estado, podem ser admitidos 
os critérios do jus sanguinis e do jus soli juntos, como é o caso do Brasil, que 
Elementos de nacionalidade8
abraça ambas as possibilidades, ou de maneira separada, como é o caso do 
Líbano, que só admite ser libanês aquele filho de libanês, ou seja, apenas 
adota o critério do jus sanguinis.
O critério do jus sanguinis está vinculado com a filiação, que é a aqui-
sição de nacionalidade transmitida pelo sangue. Assim, o que determina a 
nacionalidade dos filhos é a origem dos genitores, da sorte que em alguns 
países, por exemplo, é aceita que sejam transmitidas ambas as nacionali-
dades dos pais, caso estas sejam de diferentes países, e sejam transferidas 
aos seus descendentes, resultando em casos de polipatridia, popularmente 
conhecida como dupla nacionalidade ou plurinacionalidade. Já outros países 
estabelecem que somente se transmite uma das nacionalidades, ou a do pai 
ou a da mãe (REZEK, 2016).
Esse regramento pode gerar alguns entraves, visto que, pela concessão 
estatal, um Estado pode optar por um critério e o indivíduo não ser contem-
plado por ele. A Alemanha e o Japão, por exemplo, são países que utilizam 
o critério do jus sanguinis para o reconhecimento da nacionalidade. Logo, 
nascer em algum desses países e ser filho de pais estrangeiros residentes 
permanentes não é critério de aquisição da nacionalidade alemã ou japonesa. 
Assim, para o reconhecimento da nacionalidade nesses países, é necessária a 
comprovação da nacionalidade dos ascendentes, bem como demonstrar que 
os genitores não abdicaram de sua nacionalidade originária, dentre outras 
questões (GUERRA, 2017).
Inúmeros outros países da Europa adotam a regra do jus sanguinis como 
forma de aquisição da nacionalidade, uma vez que, desde o período das 
colonizações, estão sujeitos a um fluxo migratório expressivo, assim, a trans-
missão da nacionalidade pelo sangue acaba por preservar os laços dos filhos e 
netos de europeus, ainda que fora do território destes. Um exemplo bastante 
significativo no Brasil são filhos e netos de italianos que imigraram no início 
do século XX para a América do Sul e que hoje têm direito à dupla cidadania 
(GUERRA, 2017).
De outro aspecto, interessante a anotação de Marcus Cláudio Acquaviva 
em relação à matéria:
Há uma linha tênue entre realçar o vínculo sociológico da nacionalidade e a xe-
nofobia, ilustrando o cenário pós-primeira guerra mundial no qual os governos 
totalitários, tal qual a Alemanha nazista, disseminavam a ideia de que “para ser 
um bom alemão, o importante era o sangue, não importava o local de nascimento”, 
tendo como lema que os “povos do mesmo sangue devem pertencer ao mesmo 
Estado” (ACQUAVIVA, 2010, p. 26–27).
Elementos de nacionalidade 9
Hoje, percebe-se o regresso e o fortalecimento desse vínculo subjetivo de 
nacionalidade, em sua maioria entre os países europeus, os quais registra-
ram maior comportamento de repulsão ao fluxo migratório desde o ano de 
2015 aos refugiados de países como Líbia e Síria para entrada em território 
europeu, situação preocupante, uma vez que a ACNUR, agência da ONU para 
refugiados, busca, incansavelmente, desenvolver programas para acolhimento 
de indivíduos, evitando a apatridia (GUERRA, 2017).
O segundo critério que pode ser adotado pelos Estados com determinante 
à aquisição da nacionalidade primária está vinculado com questões territo-
riais, ou seja, o local de nascimento dos indivíduos, sem depender dos laços 
sanguíneos de seus genitores. Este é o denominado critério jus soli, pelo qual 
se concede a nacionalidade ao sujeito por onde veio a nascer (GUERRA, 2017).
Majoritariamente, o jus soli é a hipótese adotada pelos Estados soberanos 
que têm grande contingente imigratório. Isso acontece, por exemplo, nos 
países americanos em função de sua formação histórica, marcada pela co-
lonização de imigrantes, vindos de todos os cantos do mundo, como maneira 
de aumentar o número de habitantes, fortalecendo a constituição do Estado 
(GUERRA, 2017).
O Brasil adota esse modelo de aquisição da nacionalidade, o qual foi 
inserido no ordenamento pátrio desde a Constituição Imperial de 1824.No entanto, é importante restar claro que a Constituição Federal de 1988 
adota um modelo misto, ou seja, admitindo tanto a aplicação do critério do 
jus soli como o do jus sanguinis.
Polipatridia e apatridia 
Cada Estado tem a liberdade para adotar parâmetros distintos para a aquisição 
da nacionalidade, originária ou derivada, sendo este um ato de soberania 
que está vinculado com o princípio da atribuição estatal da nacionalidade, 
que, conforme mencionado, é aceito pelo Direito Internacional Público. 
Devido a essa autonomia que os Estados têm para adotar formas de aquisição 
de nacionalidade, muitas vezes, os critérios se chocam, gerando conflitos 
negativos e positivos de nacionalidade (KUROCE, 2019).
A doutrina denomina como conflito positivo os casos em que há acúmulo 
de mais de um critério para a aquisição da nacionalidade sobre o indivíduo, 
o que, por consequência, oferece à pessoa mais de uma nacionalidade — como 
nos casos de dupla nacionalidade, multinacionalidade, plurinacionalidade ou 
polipatridia (KUROCE, 2019).
Elementos de nacionalidade10
A polipatridia ocorre, substancialmente, quando um sujeito nasce em um 
local que adota o critério do jus solis e seus genitores são nacionais de um 
Estado que tem o jus sanguinis como critério de determinação da nacionali-
dade. Nesses casos, há um conflito positivo, uma vez que, pelo nascimento, 
o sujeito passa a ter direito a duas nacionalidades, sem a necessidade de 
perder uma em razão de ser contemplado com a outra (KUROCE, 2019).
Esse conflito positivo é bastante comum entre filhos de italianos que 
nascem no Brasil. A Itália adota o critério do jus sanguinis, ou seja, bastando 
que um dos genitores seja italiano, a criança também é considerada italiana, 
ainda que nasça em país estrangeiro. Já o Brasil utiliza o critério do jus soli, 
assim, mesmo sendo filha de italianos, uma criança que venha a nascer 
em território brasileiro é considerada brasileira nata. Logo, a partir desse 
exemplo, percebe-se que o indivíduo passa a acumular duas nacionalidades 
concomitantemente: a brasileira, por nascimento; e a italiana, por consan-
guinidade (KUROCE, 2019).
Como visto, o direito à nacionalidade é imposto como preceito de que todo 
indivíduo deve ter sua nacionalidade, entretanto, pelas regras internacio-
nais, é preferível que os sujeitos adotem apenas uma nacionalidade quando 
forem polipátridas, com o objetivo de evitar conflitos que advenham dessa 
polipatridia (PORTELA, 2009).
Assim é que o Direito Internacional estabelece princípios que são anexos impor-
tantes em não modificar a soberania do Estado que determinam quem são os 
seus indivíduos, limitando a proteção e a estabilidade destes perante a sociedade 
internacional. É o que se ratifica na Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
que determina que “Toda pessoa tem direito uma nacionalidade” (art. XV, § 1.º), 
secundada pelo Pacto dos Direitos Civis e Políticos, que dispõe que “Toda criança 
tem direito de adquirir uma nacionalidade” (art. 24, §1°), e pelo Pacto de San José 
da Costa Rica, em seu art. 20, § 2° “Toda pessoa tem direito à nacionalidade do 
Estado em cujo território houver nascido se não tiver direito a outra”. Em matéria 
de polipatridia, vigorava anteriormente o princípio de que a nacionalidade tinha 
que ser una. Ou seja, ainda que o indivíduo fosse binacional, ele seria conside-
rado como tendo somente uma das nacionalidades em questão. Nessa linha, 
a Comissão de Direito Internacional da ONU, em 1954, estabeleceu a seguinte regra: 
“Toda pessoa tem o direito a uma nacionalidade – mas somente a uma”. Porém, 
essa tendência está sendo revista. Um exemplo disso é a Convenção Europeia 
sobre Nacionalidade, de 1997, que admite a dupla nacionalidade em alguns casos 
(ALVES; ROCHA, 2016, p. 346).
A condição do polipátrida faz que com ambos os Estados de que o sujeito 
seja nacional tenham o dever de proteção diplomática contra terceiro Estado. 
Dessa maneira, no caso de um ítalo-brasileiro que fosse preso na África do Sul, 
tanto Brasil como Itália poderiam endossar proteção. Entretanto, o endosso 
Elementos de nacionalidade 11
não é possível no caso de um indivíduo querer realizar reclamação contra 
um dos seus Estados patriais. Essa questão resulta do princípio da igualdade 
soberana. Logo, um ítalo-brasileiro não pode opor a nacionalidade brasileira 
para o governo italiano a fim de se escusar de algum dever. Portanto, o entrave 
existente na condição de polipátrida está na proteção diplomática, pois não se 
é possível invocar proteção diplomática de um país do qual é nacional contra 
outro Estado soberano de quem também é nacional (ALVES; ROCHA, 2016).
No viés contrário aos polipátridas, estão os denominados apátridas, os 
quais estão diante de um critério negativo de nacionalidade e das razões de 
nascimento do indivíduo, uma vez que não têm nacionalidade alguma, não 
gozando de proteção de qualquer Estado (KUROCE, 2019).
O fenômeno da apatridia é compreendido como uma debilidade do sistema 
que procura vincular Estado e Nação. Neste sentido, é importante compre-
ender o contexto histórico para compreender a dimensão da preocupação 
em relação à apatridia:
A Primeira Guerra Mundial, contudo, evidenciou as fragilidades desse ideário, 
ou seja, revelou as dificuldades em se compartilhar uma nacionalidade, em seu 
sentido sociológico, por vários grupos distintos. Nesse sentido, a Primeira Guerra 
Mundial, juntamente com a disseminação de três grandes Estados compostos 
por populações intensamente distintas (Áustria-Hungria, Rússia e Turquia), acar-
retou a expatriação de milhões de pessoas, disputas políticas e o surgimento de 
indivíduos mais ainda marginalizados, que não se inseriam e não eram repre-
sentados por nenhum dos grupos politicamente dominantes. Tal episódio ilustra 
com clareza a fragilidade do sistema Estado-nação, e principalmente do indivíduo 
nessa estrutura. É nesse contexto pós-guerras mundiais que o mundo evidencia 
uma primeira grande onda de pessoas perdendo a nacionalidade, do surgimento 
de novos apátridas e o início de uma preocupação em resguardá-la como direito 
humano (COUTO; BRASIL, 2020, p. 124).
A apatridia é conceituada pelo ACNUR como a situação posta a “homens 
e mulheres [...] que não possuem vínculo de nacionalidade com qualquer 
Estado” (ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS, 2012, 
p. 3), assim sendo, os que não são reconhecidos como nacionais por quaisquer 
Estados. Nesse sentido, muito embora a nacionalidade seja descrita tal qual 
direito humano, é negada para milhões de pessoas e por diversas razões. 
Segundo a ACNUR, normas regulatórias nacionais são a principal razão para 
a condição de apátrida entre os indivíduos. São as leis de cada Estado que 
conceituam se as pessoas têm ou não direito à aquisição da nacionalidade 
e, diversas vezes, as legislações acabam por excluir inúmeras pessoas, tanto 
pelo aspecto do jus sanguinis, quanto pelo jus soli (COUTO; BRASIL, 2020).
Elementos de nacionalidade12
Nos países que baseiam as regras de nacionalidade no jus sanguinis, pode 
acontecer de crianças órfãs ou abandonadas, cujos pais são desconheci-
dos, terem a nacionalidade negada. Outra situação que aumenta o número 
de situação de apatridia no mundo é a constituição de Estados novos e a 
alteração de fronteiras. Os apátridas também podem estar vinculados às 
leis discriminatórias para determinados grupos, como no caso dos judeus 
na Alemanha nazista, ou no caso de Estados em que há discriminação legal 
contra mulheres, em que somente se reconhece a nacionalidade de crianças 
quando identificado o pai (NO MARCO..., 2018). Dessa forma, verifica-se que 
documentos legislativos baseados no jus sanguinis podem apresentar obs-
táculos na luta contra a apatridia (COUTO; BRASIL, 2020).
Diante dessas e outras situações, tratados internacionais foram surgindo 
em meados do século XX com o objetivo de combater a apatridia e garantir 
o amplo direito à nacionalidade para os indivíduos. Em 1954,a condição dos 
apátridas ganha fomento internacional, na Convenção sobre o Estatuto dos 
Apátridas. Essa inaugural convenção trabalhou com a proteção dos apátridas, 
revalidando direitos fundamentais aos indivíduos em situação de apatridia 
vivendo sob a jurisdição dos Estados partes, como, por exemplo, os direitos à 
liberdade religiosa e ao acesso à educação e moradia (COUTO; BRASIL, 2020).
No Brasil, até 2017, adotava-se de forma extensiva o Estatuto do Estrangeiro 
(Lei nº 8.615 de 1980), o qual equiparava o apátrida ao status de refugiado ou 
asilado. Inexistia qualquer garantia de direitos fundamentais para indivíduos 
nessa situação, assim, o acesso à saúde, à educação e à assistência social 
não era permitido (BICHARA, 2017).
Foi apenas com o advento da nova Lei de Migração (Lei nº 13.445 de 2017) 
que os apátridas passaram a ser reconhecidos e expressamente protegidos 
por regulamentação nacional. Primeiro, a legislação do Brasil define que o 
Estado considera apátrida a “pessoa que não seja considerada como nacional 
por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre 
o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de 
maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro” (BRASIL, 2017a).
Para além disso, direitos concedidos a outros migrantes também são 
garantidos aos apátridas, conforme as disposições do artigo 26, §4º, da Lei de 
Migrações, englobando direitos sociais e civis. O documento legal brasileiro 
também permite que, pela expressa vontade do apátrida residente no país, 
este possa ser naturalizado brasileiro, de acordo com o artigo 26, §6º da Lei 
13.445 de 2017 (BRASIL, 2017a).
Elementos de nacionalidade 13
Ainda assim, mesmo após a Convenção de 1954, o direito à nacionalidade 
continua sendo negado para milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo 
com o ACNUR, no ano de 2017 se somavam, estatisticamente, cerca de quatro 
milhões de apátridas. Entretanto, como a identificação dessas pessoas é 
difícil, uma vez que elas não detêm documento ou registro, estima-se que 
seriam mais de dez milhões de pessoas em condição de apatridia no mundo 
(NO MARCO..., 2018).
Logo, o ACNUR, além de ser um dos principais órgãos na atuação para 
questões de apatridia, desenvolve políticas no âmbito internacional com vistas 
ao combate a essa condição e ao amplo reconhecimento da nacionalidade e 
da aquisição desse direito fundamental (COUTO; BRASIL, 2020).
A perda da nacionalidade brasileira e seus efeitos em casos de ex-
tradição: o caso Claudia Cristina Sobral
O artigo que apresentamos aqui buscou realizar análise relacionada com as 
normas sobre perda da nacionalidade brasileiro no caso de aquisição de uma 
nova. O estudo trouxe à baila a narrativa do caso sobre a Extradição nº 1.462, 
julgada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2017, que teve retirada do território 
nacional Claudia Cristina Sobral, após a entrada em vigor da Lei de Migração 
(VEDOVATO, 2020).
O pedido de extradição foi apresentado pelo Governo dos Estados Unidos 
da América, por meio de Nota Verbal nº 436 de 2016, contra Claudia Sobral, ou 
Claudia Hoerig, uma vez que a extraditanda tinha tido sua prisão decretada 
pelas autoridades norte-americanas pela prática, em tese, de homicídio doloso 
contra seu marido, o norte-americano Karl Hoerig (BRASIL, 2017b).
Claudia Sobral, que havia adquirido nacionalidade norte-americana, havia 
fugido para o Brasil dias após o assassinato de seu esposo, quando pegou um 
voo da cidade de Pittsburgh para Nova York e, logo após, deu entrada em solo 
brasileiro (BRASIL, 2017b).
Após o pedido de extradição, o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal 
no Brasil, por meio da Extradição nº 1.462, de relatoria do Ministro Roberto 
Barroso. A Corte Superior do Brasil entendeu que a extraditanda não ostentava a 
nacionalidade brasileira, uma vez que adquiriu nacionalidade norte-americana, 
como decorrência da aquisição de nacionalidade estrangeira por naturalização. 
A relatoria do caso indicou que os requisitos formais da Lei nº 6.815 de 1980 e do 
Tratado de Extradição Brasil-Estados Unidos tinham os pressupostos materiais 
presentes: a dupla tipicidade e a punibilidade de um delito comum praticado 
por estrangeiro (BRASIL, 2017b).
O STF decidiu por deferir a extradição, devendo os Estados Unidos assumir 
os compromissos de: (a) não executar pena vedada pelo ordenamento brasileiro, 
pena de morte ou pena perpétua, conforme determina o artigo 5º, XLVII, “a” e 
“b”, da CF/88; (b) observar o tempo máximo de pena possível no Brasil, 30 anos 
Elementos de nacionalidade14
(artigo 75, Código Penal); e (c) detrair do cumprimento da pena eventualmente 
imposta o tempo de prisão para fins de extradição (BRASIL, 2017b).
A perda da nacionalidade da extraditada poderia ter sido evitada por meio 
da aplicação do artigo 76 da Lei 13.445 de 2017. Ademais, a norma constitucional 
que determina a perda de nacionalidade não é autoaplicável, o que exige com-
plemento, o qual não foi trazido por meio da Lei de Migrações (VEDOVATO, 2020).
Devido ao fato de a perda de nacionalidade ser efetivada por meio de portaria 
ministerial, a retroatividade dos atos administrativos e impactos da possibilidade 
de reaquisição da nacionalidade originária brasileira foi objeto de estudo do 
artigo científico. Ademais, não seria possível se efetivar a perda da nacionalidade 
sem a existência de uma lei regulamentadora, sendo possível a reaquisição se 
a perda tivesse ocorrido pela aplicação de lei anterior (VEDOVATO, 2020).
A nacionalidade na ordem jurídica nacional
O ordenamento constitucional brasileiro admite duas formas de aquisição da 
nacionalidade. O legislador constituinte trouxe a possibilidade da nacionali-
dade adquirida no nascimento, a qual é denominada primária ou originária e 
está baseada, de modo geral, no critério do jus soli, ou seja, a regra pela qual 
um indivíduo passa a ter nacionalidade de acordo com o país em que nasce. 
Ademais a esse critério, o documento constitucional também admite a regra 
do jus sanguinis, que ocorre quando o indivíduo adquire a nacionalidade de 
seus pais, não importando o local de nascimento (TIBURCIO, 2014).
Hoje a tendência entre uma parcela significativa de países é pela adoção de 
um sistema que admite as duas possibilidades: jus soli e jus sanguinis. A razão 
para isso é a necessidade de evitar casos de apatridia (PAIVA; HEEMANN, 2017).
Na interpretação constitucional, tanto para os casos em que a nacionali-
dade está baseada no local de nascimento, quanto para os casos em que está 
vinculada com a nacionalidade dos genitores, o indivíduo recebe a condição 
de nacional nato brasileiro. Quando a aquisição da nacionalidade acontece 
posteriormente, em geral se dá por meio de processo de naturalização, quando, 
preenchidos os requisitos legais, concede-se a denominada nacionalidade 
derivada ou secundária (TIBURCIO, 2014).
Partindo da análise do artigo 12, inciso I, da Constituição Federal de 1988, 
a nacionalidade brasileira por aquisição originária, ou seja, a adquirida no 
momento do nascimento, é “matéria formal e materialmente constitucional, 
já que se trata de definir um dos elementos do Estado. Nessa linha, todas as 
Constituições brasileiras trataram em sede constitucional da aquisição da 
nacionalidade brasileira originária” (TIBURCIO, 2014, p. 140).
Elementos de nacionalidade 15
Segundo a Carta Magna, há quatro possibilidades para a aquisição da na-
cionalidade originária. A primeira delas, prevista no artigo 12, I, “a”, da Cons-
tituição Federal de 1988, informa que são brasileiros natos aqueles “nascidos 
na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que 
estes não estejam a serviço de seu país” (BRASIL, 1988, documento on-line). 
Tal alínea trabalha com o critério do jus soli, indicando que a nacionalidade 
brasileira é adquirida em razão do nascimento em território nacional — ainda 
que a pessoa seja filha de pais estrangeiros, é considerada brasileira nata(TIBURCIO, 2014).
Passando a análise da segunda hipótese de atribuição de nacionalidade 
primária, está o disposto no artigo 12, I, “b”, da Constituição Federal, o qual está 
baseado no critério do jus sanguinis, conjugado com o exercício de função no 
exterior, prevendo que é brasileiro quem é filho de genitor brasileiro que esteja 
representando o Brasil no exterior. Nessa alínea, o legislador constituinte 
abraçou interpretação extensiva para a atribuição da nacionalidade brasileira, 
uma vez que indicou que basta que o pai ou a mãe seja brasileiro a serviço 
do país para que a criança seja considerada brasileira nata (BRASIL, 1988).
Da interpretação desse artigo constitucional, levantou-se a questão em 
relação à natureza do serviço no exterior. Questionou-se se a aplicação do 
artigo dar-se-ia ao serviço da administração direta unicamente, ou seria 
extensivo a serviços vinculados com a administração indireta, como nos casos 
de empresas públicas e sociedades de economia mista. Outros doutrinadores 
passaram a questionar se a regra de nacionalidade seria aplicada para tra-
balhos permanentes ou também para os brasileiros prestando serviço para 
a nação de forma temporária. Muito embora a Constituição Federal não traga 
expressamente em seus artigos tais questões, vale a regra mais favorável para 
a aquisição da nacionalidade brasileira. Desse modo, a aquisição se dará para 
os filhos cujos genitores estejam a serviço da administração indireta e tam-
bém àqueles que exerçam trabalho temporário no exterior (TIBURCIO, 2014).
Seguidamente, o legislador constituinte traz a terceira hipótese de aquisi-
ção da nacionalidade originária, na interpretação do artigo 12, I, “c”, primeira 
parte, da Carta Magna. Tal hipótese também está baseada no jus sanguinis 
e indica que é brasileiro nato o filho de brasileira ou brasileiro, que não 
esteja a serviço do Brasil, porém que seja registrado em repartição brasileira 
competente no exterior (BRASIL, 1988).
Faz-se mister salientar que o legislador adotou o mesmo critério estabele-
cido para o artigo 12, I, “b”, da Constituição Federal de 1988, ou seja, basta que 
o pai ou a mãe seja brasileiro, para que o filho possa ser registrado e adquira 
a nacionalidade brasileira. Ademais, vale indicar que o genitor não precisa 
Elementos de nacionalidade16
ter nacionalidade primária, podendo o filho de pai ou mãe naturalizado ser 
beneficiado com a nacionalidade brasileira, desde que a naturalização seja 
anterior ao nascimento da criança no exterior (TIBURCIO, 2014).
A quarta hipótese de aquisição de nacionalidade brasileira primária, a qual 
também está vinculada com a aplicação do critério do jus sanguinis, está na 
regra do artigo 12, I, “c”, parte final, da Constituição Federal de 1988, a qual 
indica que é possível ser brasileiro nato aquele nascido no exterior, filho de 
pai ou mãe brasileira, que não venha a ser registrado no exterior em repartição 
competente. Nesses casos, a Carta Magna indica que é possível a aquisição 
primária da nacionalidade, caso o indivíduo venha a morar no Brasil e opte, 
em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
sileira. Tal opção deve ser realizada no Brasil, perante juiz federal, de acordo 
com o que dispõe o artigo 109, X da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
A redação da parte final da alínea “c”, do artigo 12, I, da Carta Maior, 
a qual foi dada por força da Emenda Constitucional 54 de 2007, é, por parte da 
doutrina, questionada em relação à natureza da opção e do status daquele que 
ainda não optou pela nacionalidade brasileira, bem como as consequências 
jurídicas no caso de não ser adquirida a nacionalidade originária. Sobre a 
temática, é importante a análise trazida por Carmen Tiburcio:
Quanto à natureza da opção, parece ser orientação da doutrina e da jurisprudência 
classificá-la como condição suspensiva. Assim, até que a opção seja feita o indivíduo 
é estrangeiro. Obviamente, se a opção jamais for feita, o indivíduo permanecerá 
com o status de estrangeiro. Nessa linha, não subsiste a possibilidade prevista 
no art. 32 da Lei dos Registros Públicos de registro provisório da nacionalida-
de brasileira. Como a opção pode ser feita a qualquer tempo, não faria sentido 
admitir-se o registro temporário, pois o indivíduo poderia ficar indefinidamente 
com esse status e a opção se tornaria desnecessária. Todavia, uma vez feita a 
opção, esta retroage à data do nascimento, produzindo efeitos ex tunc, eis que se 
trata de hipótese de nacionalidade brasileira originária, ou seja, existente desde 
o nascimento. Assim, uma vez implementada a condição suspensiva (pela via da 
opção), o indivíduo passa a ser considerado brasileiro desde o seu nascimento. 
Há importantes consequências dessa conclusão, pois o filho ou filha desse indi-
víduo que tenha nascido no exterior, antes da opção do seu genitor, não poderá 
fazer a sua opção, pois será filho ou filha de estrangeiro. Porém, uma vez feita a 
opção pelo genitor, que é retroativa, a mesma oportunidade abre-se para o seu 
filho ou filha, que poderá comprovar o status de brasileiro do seu genitor à época 
do seu nascimento (TIBURCIO, 2014, p. 145–146).
Finalmente, cabe ressaltar que, para aquisição da nacionalidade originária, 
de acordo com o artigo 12, I, “c”, parte final, da Constituição Federal, deve a 
opção ser realizada perante juiz federal, tal o que impõe a norma constitu-
Elementos de nacionalidade 17
cional, uma vez que o juiz estadual, para análise de matéria vinculada com a 
nacionalidade, é absolutamente incapaz (BRASIL, 1988).
Realizada análise relativa à aquisição da nacionalidade primária, passa-se a 
descrever a outra hipótese de se adquirir a nacionalidade brasileira, chamada 
de aquisição secundária ou derivada, a qual acontece por meio do processo de 
naturalização do indivíduo. A matéria está disposta no texto constitucional, 
em seu artigo 12, II, e considera como brasileiros naturalizados aqueles que, 
“na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários 
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto 
e idoneidade moral” ou para estrangeiros de quaisquer nacionalidades que 
residam há mais de quinze anos ininterruptos e não tenham condenação 
penal, desde que requeiram a naturalização brasileira perante autoridade 
competente (BRASIL, 1988).
Assim, a aquisição derivada ou secundária pode ocorrer de duas manei-
ras diferentes: (a) ordinária e (b) extraordinária. Na aquisição de nacionali-
dade secundária ordinária, era aplicada a Lei nº 6.815 de 1980, hoje Lei das 
Migrações, a qual traz os requisitos e procedimentos para tal solicitação, 
salientando-se que o Ministro da Justiça, do mencionado documento legal, 
poderá negar o pedido de ofício, ainda que apresentados todos os requisitos 
legais, uma vez que se trata de poder discricionário do Executivo (BRASIL, 
2017a). No entanto, para a aquisição de nacionalidade secundária voltada no 
procedimento extraordinário, presentes os requisitos legais, quais sejam, 
residência do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e inexistência de 
condenação penal no Brasil e no exterior, conforme determina o artigo 12, II, 
“b”, da Constituição Federal, a naturalização é necessariamente concedida, 
desde que solicitada pelo interessado (BRASIL, 1988).
É importante indicar que os cargos de Presidente da República, Vice-
-presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do 
Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, 
oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa são privativos 
de brasileiros natos, conforme imposição constitucional trazida no artigo 
12 , §3º. Ademais, a Carta Magna determina que, salvo nos casos trazidos na 
Constituição Federal, não poderá haver diferença de tratamento de brasileiros 
natos e naturalizados, conforme dispõe o artigo 12, §2º (BRASIL, 1988).
Perda e reaquisição da nacionalidade
A Constituição Federal de 1988traz em seu artigo 12, §4º, as hipóteses de perda 
da nacionalidade brasileira, sendo a mais notável, especialmente por estar 
Elementos de nacionalidade18
presente em todas as Constituições já existentes no ordenamento jurídico 
pátrio, a possibilidade descrita no §4º, II, do artigo 12, qual seja, a perda da 
nacionalidade do brasileiro que vier a adquirir outra nacionalidade. Ou seja, 
brasileiros que, por vontade própria, obtiverem outra nacionalidade, perdem 
o direito à nacionalidade brasileira (BRASIL, 1988).
No entanto, o legislador constituinte abre exceções à regra geral, as quais 
vêm descritas no artigo, 12, §4º, alíneas “a” e “b”. Assim, por força da Emenda 
nº 3 de 1994, passou-se a evidenciar que, ainda na hipótese de naturalização 
em país estrangeiro, o brasileiro não perderá sua nacionalidade originária, 
caso a aquisição decorra de situações que o obrigaram a adquirir a naciona-
lidade estrangeira, como, por exemplo, nos casos em que o indivíduo precise 
se naturalizar para exercer direitos civis no país onde vive (BRASIL, 1988). 
Acontece nos casos de naturalização para exercício de profissão, aquisição 
de bem imóvel ou situação similar. A aplicação do artigo 12, §4º, “b”, dar-se-á 
por meio da verificação singular de cada caso, sempre devendo ser adotada 
a interpretação que mais favoreça à manutenção da nacionalidade brasileira. 
Já nos casos em que o brasileiro perde a nacionalidade, importante salientar, 
é declaratória, retroagindo à data da aquisição da nacionalidade estrangeira 
(TIBURCIO, 2014).
Nos casos de aplicação de perda da nacionalidade por força do artigo 12, 
§4º, “a”, da Constituição Federal, hipótese que acontece quando a perda 
ocorre pelo exercício de atividade nociva ao interesse nacional, aplica-se 
apenas para o naturalizado, sendo exigida sentença judicial para esse can-
celamento. A decisão é de competência de um juiz federal e produz efeitos 
ex nunc (TIBURCIO, 2014).
Apátridas: quem são?
Uma publicação no Pelotas Model United Nations, da Universidade 
Federal de Pelotas, em 2020, trouxe a seguinte situação: “Você é filha de sírios, 
seu pai é cristão e sua mãe muçulmana. Na Síria, não é permitido o casamento 
entre duas religiões, e se o matrimônio não é legal, o filho não é reconhecido 
como nacional. Cientes de que o casamento não seria legal, seus pais decidem 
fugir para o Líbano e se casar. Você acaba nascendo no Líbano, onde você só é 
libanesa se o seu pai for libanês. O que acontece? Sem cidadania síria e tampouco 
libanesa, você acaba nascendo sem uma pátria” (MEINE, 2020, documento on-line). 
Essa é uma história real e pertence a Maha Mamo, que até o ano de 2018 viveu 
como apátrida e conseguiu a naturalização brasileira por reconhecimento das 
autoridades competentes do Brasil.
Elementos de nacionalidade 19
Segundo relatos de Maha Mano, por mais de uma década tentou ter uma 
nacionalidade reconhecida. Entre muitas negativas, em 2014 o Brasil foi o único 
país que a acolheu, não pela condição de apartidia, mas porque naquele ano 
o Brasil aceitou receber refugiados sírios. Foi depois de 2017, quando entrou 
em vigor a Lei de Migração, com o reconhecimento e proteção dos apátridas, 
que Maha Mamo e sua irmã conseguiram, em outubro de 2018, a naturalização 
como brasileiras.
Ainda de acordo com a publicação na plataforma digital gaúcha, em 2014, 
o ACNUR lançou a campanha #IBelong para erradicar a apatridia no mundo 
até 2024 e, desde então, houve diversas conquistas. Quase 350 mil apátridas 
adquiriram nacionalidade em países como Quênia, Quirguistão, Vietnã, Tailândia 
e Filipinas; mais países aderiram às duas Convenções da ONU que dizem respeito 
aos apátridas; Madagascar e Serra Leoa passaram a permitir que as mulheres 
transmitam sua nacionalidade aos filhos; outros países facilitaram o processo 
de obtenção da cidadania a cidadania, entre outras. Ainda assim, é importante 
esclarecer que o número de apátridas no mundo segue sendo muito alto, e a 
maioria se concentra em regiões da Ásia e África (MEINE, 2020).
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