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||FUB13_024_43N622325|| CESPE/UnB – FUB/2013 PROVA DISCURSIVA • Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não será avaliado fragmento de texto escrito em local indevido. • Qualquer fragmento de texto que ultrapassar a extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. • Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. • Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 20,00 pontos, dos quais até 1,00 ponto será atribuído ao quesito apresentação (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos) e estrutura textual (organização das ideias em texto estruturado). Ao longo da interpretação de uma palestra, periodicamente se troca o intérprete, porque chega uma hora em que, devido ao cansaço mental, não dá para o intérprete continuar trabalhando. Na escola não é assim: eu ficava o dia inteiro ali, cinco horas! Aquele tanto de criança falando, gritando, berrando, correndo; por fim eu já estava falando, em vez de só gesticular, o que a professora falava, tendo de dar conta, entre aspas, das coisas que a professora fazia com a sala... Não é fácil! (...). Para mim, intérprete não deveria ter papel de professor, entende? Mas ele acaba tendo... Por quê? Por que ele quer ser professor? Não... Porque aquele ambiente te propicia isso, ou melhor, te empurra para isso, te exige... Porque você conhece o surdo, você conhece língua de sinais, você conhece da surdez, você conhece as dificuldades... então, talvez pra escola seja difícil, mas... "- Ah! Ele tem uma intérprete, então ela dá conta disso -, você entende?" Cristina B. F. Lacerda e Juliana E. Poletti. A escola inclusiva para surdos: a situação singular do intérprete de língua de sinais. Anais da 27.ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pesquisa em Educação, 2004, Caxambu. Internet: <www.anped.org.br> (com adaptações). Considerando que o fragmento de texto acima — um pequeno desabafo profissional de uma intérprete da LIBRAS —, tem caráter exclusivamente motivador, redija um texto dissertativo acerca das atribuições do intérprete-tradutor da LIBRAS no contexto educacional. Ao elaborar seu texto, atenda, necessariamente, às seguintes determinações: < comente sobre as atribuições e a postura do intérprete-tradutor segundo o Código de Ética do Intérprete da LIBRAS; [valor: 6,00 pontos] < descreva os aspectos formativos do profissional intérprete-tradutor da LIBRAS, segundo a legislação e as diretrizes educacionais nacionais vigentes; [valor: 6,00 pontos] < comente sobre a importância da fluência linguística tanto na língua-fonte quanto na língua-alvo para a eficiência da atuação do intérprete-tradutor da LIBRAS no contexto educacional. [valor: 7,00 pontos] – 9 – Universidade de Brasília FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CARGO 24: TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LINGUAGEM DE SINAIS Prova Discursiva Aplicação: 13/10/2013 ||FUB13_024_43N622325|| CESPE/UnB – FUB/2013 RASCUNHO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 – 10 – Universidade de Brasília FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CARGO 24: TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LINGUAGEM DE SINAIS Prova Discursiva Aplicação: 13/10/2013 PADRÃO DE RESPOSTA A existência do intérprete-tradutor da LIBRAS, em uma perspectiva profissional, é algo ainda muito recente na sociedade brasileira, embora sua presença nos espaços sociais de que os surdos participam não seja nenhuma novidade. Apenas a partir dos movimentos e lutas das comunidades surdas pelo reconhecimento da língua de sinais como seu meio oficial e legal de comunicação, o intérprete ganhou visibilidade. Antes disso, sua atuação, embora extremamente necessária, situava-se na instância do amadorismo e da subjetividade, sem normas, regras ou diretrizes, nem exigência de conhecimento linguístico mínimo. A qualquer indivíduo, com qualquer conhecimento lexical e com pouca ou nenhuma técnica, poderia ser atribuída a função de intérprete, para atuação em eventos diversos, em espaços públicos ou restritos. Em geral, tal papel era delegado a parentes de pessoas surdas usuárias da língua de sinais. O desconhecimento da LIBRAS pela sociedade majoritária funcionava como um facilitador à atuação acrítica. Entretanto, a partir da Lei n.º 12.319/2010, que instituiu e regulamentou a profissão de intérprete-tradutor da LIBRAS, esse cenário mudou drasticamente. A legislação instituiu a profissionalização, a partir da formação mínima em nível médio, bem como estabeleceu as obrigações e atribuições do profissional. Os avanços legais, contudo, não dão conta das dimensões que envolvem uma profissão tão complexa quanto a de um intérprete da língua de sinais e seu universo de atuação. O desconhecimento, ainda grande, da língua de sinais por parte das pessoas ouvintes acarreta desconfiança para as relações intérprete-clientes (surdos e não-surdos que precisam da mediação para comunicar-se), causando desconforto entre estes e fragilizando a acessibilidade da pessoa surda a conhecimentos socialmente relevantes. Nesse contexto, estabeleceu-se o Código de Ética do Intérprete da LIBRAS. Esse código norteia tanto aos profissionais e usuários desses serviços quanto à sociedade ouvinte acerca dos aspectos relacionais entre os diversos atores, dentro de uma postura ética, discreta e imparcial. Além disso, estabelece parâmetros de proficiência linguística e de postura profissional, tornando-os de conhecimento público e garantindo maior transparência às ações. De acordo com o Código de Ética, a proficiência linguística, tanto na língua-fonte quanto na língua-alvo, e a eficiência nas técnicas de tradução, sobretudo para a tradução simultânea, são parâmetros básicos para a profissionalização do intérprete. Mas isso não é o suficiente. A legislação brasileira, na perspectiva de construção de uma escola e educação verdadeiramente inclusivas, determina que a formação desse profissional seja realizada por instituições e organismos vinculados a instituições de ensino superior. Tal determinação visa a uma atuação cada vez mais qualificada e eficiente na promoção da acessibilidade e inclusão social dos surdos. Mas a lei, por si só, não garante o pensamento e o desenvolvimento inclusivos. Os direitos civis e sociais dos surdos sempre estarão em risco, se a sociedade não mudar sua concepção de homem e de sociedade, se ela não compreender que a surdez, por exemplo, longe de ser uma deficiência, é uma diferença; que surdos, como quaisquer indivíduos, têm fragilidades e potencialidades. Mais que isso, que LIBRAS é uma língua, a primeira língua da comunidade surda brasileira.
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