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O olhar de internautas sobre a Mídia Ninja: 
recepção e reflexos no público 
 
Guilherme Augusto Campos Costa - RA 155592 
Instituto de Artes 
Universidade Estadual de Campinas 
Disciplina CS 101 – Métodos e técnicas de pesquisa em Midialogia 
Prof. Dr. José Armando Valente 
 
Resumo: 
 Mídias independentes como a Mídia NINJA, objeto de estudo desta pesquisa, 
ganham força no atual contexto sociopolítico brasileiro. Por meio de questionários di-
vulgados a internautas universitários e busca de referências ao modo de trabalho da 
NINJA dentro deste contexto, este estudo elaborado buscou entender melhor as implica-
ções e impactos desse veículo midiático dentre estudantes, bem como refletir sobre a 
opinião do que é veiculado e questões de legitimação de ação dos repórteres “ninjas”. 
Os resultados delimitaram que a parte conhecedora desse veículo possui um abrangente 
pensamento crítico sobre essas formas de atuação, mesmo reproduzindo em partes o 
consumo de produtos midiáticos tradicionais. 
 
Palavras-chave: 
mídia independente, midiativismo, mídia e sociedade, mídia alternativa, internet, fora 
do eixo 
 
Introdução: 
 Nascido e crescido na cidade de São Paulo, o meio urbano e grande parte de toda 
significação que ele adquire dentro da sociedade foi uma constante em minha vida. Nes-
se meio passei por diversas experiências de vida que implicaram na geração de questões 
e dúvidas sobre como agem os indivíduos com relação a problemas internos à constru-
ção histórica, estrutural e social da cidade. 
Recentemente o mundo tem presenciado diversas ondas de protestos em diferen-
tes regiões do planeta. Essas manifestações que mexeram com questões sociopolíticas e 
culturais também aconteceram no Brasil e despertaram profundos debates sobre tópicos 
que muito me interessam e mexeram com minha forma de pensar e interpretar a socie-
dade. Cresci em um circundado por indivíduos com pouco envolvimento em causas 
sociais e muito mudou vivendo dentro desse grande debate que ocorreu em meados de 
2013. Durante esses acontecimentos participei de discussões e vivi em meio a dúvidas 
sobre qual seriam as implicações deles. Tudo isso serviu de estimulo para estudar uma 
polêmica figura que ganhou projeção em meio a esse período e também estimulou con-
flitos de ideias entre diversas pessoas, inclusive a mim: o coletivo NINJA. 
NINJA, Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação, é um veículo que está 
apenas na internet, mais especificamente nas redes sociais Twitter e Facebook e popu-
larmente é referenciada como Mídia Ninja. Ela cobre manifestações protestos nos gran-
des centros urbanos brasileiros e constrói críticas à valores de determinados grupos so-
ciais, por meio de fotos, vídeos, áudio e texto. Como o próprio titulo diz, ele se coloca 
como independente, mas gera polêmicas nessa declaração, devido a ligações com outro 
coletivo, o Fora do Eixo. Declarações de integrantes desses coletivos, Bruno Torturra e 
Pablo Capilé, em um programa de televisão de 2013 explicitam que existe uma clara 
2 
 
ligação entre eles. Primeiramente surgiu a Mídia Fora do Eixo, que cobria eventos cul-
turais organizados pelo Fora do Eixo. Visando uma maior autonomia e abordagem de 
outros tópicos, surge então o coletivo Mídia NINJA, financiado em parte pelo Fora do 
Eixo e por editais públicos. (MÍDIA NINJA, 2013; NINJA, 2014) 
A NINJA foi duramente criticada nesse aspecto pelo Centro de Mídia Indepen-
dente, um grande veículo midiático independente surgido no início da década passada, 
pois sua configuração não é vista como midiativismo e a problemática do financiamento 
da NINJA ainda é constante (CMI, 2013). Há também grandes críticas de veículos mi-
diáticos corporativistas, estes vistos em grande parte como uma resposta à possível 
ameaça que a NINJA representa como oposição às formas midiáticas tradicionais, tanto 
pelo numero de leitores que a acompanha quanto pela abordagem alternativa a diversos 
temas (KRIEGER, 2013). 
 Além do Fora do Eixo, a NINJA dialoga com a iniciativa Pós TV, que também 
surgiu da Fora do Eixo e realiza transmissões ao vivo de programas e acontecimentos 
urbanos (PÓS TV, 2014). As imagens feitas pelos “repórteres ninjas” e seus associados 
da Pós TV ganharam grande projeção, sendo reproduzidas inclusive em veículos de 
mídia corporativista e servindo como fontes de provas contra as ações da polícia militar 
em meio a protestos (MENEZES, 2013). A estética dessas imagens e a forma de divul-
gação aparentou suscitar uma reação bastante parecida à de produtos midiáticos sobre a 
Primavera Árabe (SILVA, 2013). Uma dessas imagens pode ser vista a seguir: 
 
 
Figura 1: exemplo de foto publicada pela NINJA mostrando confronto entre policiais militares e manifes-
tantes. 
Fonte: MACIEL (2013) 
 
 Por ser um tema bastante recente, pouquíssimos são os trabalhos publicados so-
bre ele, sendo que dentro de teses acadêmicas, somente duas das encontradas no acervo 
a que tive acesso foram úteis. Um desses trabalhos, publicado em 2010, trata do Centro 
de Mídia Independente, um outro coletivo produtor de material midiático independente 
que possui algumas similaridades com a NINJA, mas que atua de forma diferente frente 
aos protestos, especialmente nos que ocorreram do início até meados da década passada. 
O Centro de Mídia Independente também possui diversas limitações técnicas e financei-
ras, ao contrário da NINJA que recebe financiamentos proporcionalmente maiores em 
comparação aos do CMI. (BATALHA, 2010) 
 Outro trabalho acadêmico que muito me auxiliou foi uma tese sobre a estética 
política do midiativismo recente, usando como exemplo o caso da chamada Primavera 
3 
 
Árabe. Nele, Silva estuda a força política que a mídia popular possui e quais são os tó-
picos e formas de abordar determinadas questões mais comuns e que possuem maior 
força. (SILVA, 2013) 
 O ponto de realizar comparações nesse artigo com as conclusões expostas por 
essas teses e os resultados obtidos do meu estudo será de elaborar uma visão que deter-
minado público, o de internautas universitários, possui sobre o que é veiculado pela 
NINJA e quais são as diferentes implicações da mesma dentro da sociedade brasileira 
atual. Frente aos pouquíssimos estudos realizados sobre esse coletivo, vejo que é de 
grande interesse traçar-se um panorama, antes bastante incerto, sobre a visão do perfil 
da polêmica rede Mídia Ninja. 
O tópico principal deste estudo foi de traçar pontos de o quão satisfeitos estão os 
internautas com relação à esse personagem midiático de grande força político-social 
atualmente e qual é a visão dos mesmos sobre o caráter. Ainda mesmo, objetivei avaliar 
quantas dessas pessoas questionadas tem conhecimento da existência da NINJA e quan-
tas entendem e fazem um julgamento crítico sobre os produtos por ela veiculados, bem 
como de seu caráter. 
 
Metodologia: 
 O tipo de pesquisa realizada foi um estudo de campo, este tendo caráter quantita-
tivo e qualitativo. Quantitativo pois busca um parecer sobre quantas pessoas envolvidas 
com estudos voltados para a sociedade tem conhecimento ou são impactadas pelo mate-
rial midiático produzido e veiculado pela Mídia Ninja e qualitativo pois busca delimitar 
a razão de determinado envolvimento bem como o tipo de juízo de valor atribuído a 
esse coletivo expresso pela população. 
 O estudo foi feito completamente online, dentro de grupos na rede social Face-
book. Essa escolha foi feita pois o principal meio usado para veiculação de material 
midiático da NINJA é uma pagina pública presente nessa mesma rede social (NINJA, 
2014), portanto supõe-se que as pessoas que conhecem esse coletivo sejam mais facil-
mente encontradas nesses grupos online. Esse também foi um fator limitante da popula-
ção, que é composta de graduandos nos cursos de Comunicação Social e de Ciências 
Sociais da Universidade Estadual de Campinas, independente de gênero, idadeou se-
mestre que estivessem cursando. Outro dado importante é que necessariamente só foram 
estudados indivíduos que tinham uma conta na rede social Facebook quando o questio-
nário foi divulgado. Essa população foi delimitada de modo que pessoas envolvidas 
com estudos sobre sociedade e comunicação pudessem dar vasão a opiniões mais emba-
sadas sobre aspectos sociais e políticos da veiculação de produtos midiáticos da Mídia 
Ninja. 
 A amostra foi determinada fazendo uma estimativa da quantidade de indivíduos 
da população, estimativa essa de aproximadamente 420 indivíduos (aproximadamente 
120 indivíduos graduandos de Comunicação Social e 300 indivíduos graduandos de 
Ciências Sociais). O erro máximo permitido foi de 7%, o nível de confiança foi de 95% 
e a porcentagem de verificação do fenômeno foi de 15%. Dada a formula de cálculo de 
amostras para populações finitas (GIL, 1999; SANTOS, 2014) e os dados aqui coloca-
dos, determinou-se que a amostra foi de 81 indivíduos. 
 Primeiramente busquei coletar fontes bibliográficas para um melhor embasa-
mento e elaboração de conclusões a partir da análise das posteriormente respostas cole-
tadas. Após essa coleta e leitura de materiais publicados que versassem sobre a Mídia 
Ninja e algumas questões relativas à si, elaborei um questionário que buscasse encontrar 
respostas às minhas indagações sobre o tema, como quantas pessoas da população deli-
mitada conhecessem o coletivo NINJA, quais seriam suas opiniões sobre o material 
4 
 
publicado e sua apresentação, a avaliação por parte do quesito independência como veí-
culo midiático, o índice de compartilhamento de produtos da Mídia Ninja por esses in-
divíduos e a quantidade dos mesmos interessada em participar da elaboração desse ma-
terial. 
O questionário elaborado foi hospedado na internet por meio da ferramenta Go-
ogle Docs e testado em alguns dos indivíduos da população delimitada. Perguntados 
sobre a clareza com a qual as perguntas foram feitas, esses indivíduos me forneceram 
um parecer que resultou no questionário final, este também hospedado no Google Docs, 
porém dessa vez divulgado dentro dos grupos compostos por indivíduos da população 
delimitada na rede social Facebook. O questionário possuía duas partes: na primeira o 
individuo parte da população deveria declarar o curso em que estudava e se ele sabia do 
que o tema se tratava. Respondendo positivamente a segunda pergunta, o indivíduo pas-
saria a responder a segunda parte, focando em perguntas envolvendo o tipo de envolvi-
mento com o tema. Essa decisão visou possibilitar uma discriminação da população 
para um estudo mais fácil dos resultados dos que realmente tinham conhecimento sobre 
o tema da pesquisa. Durante determinado período o questionário pode ser acessado e 
respondido por quaisquer pessoas que estivessem nesses grupos. Alcançada a amostra 
determinada anteriormente, o questionário não pode mais ser acessado. 
As respostas foram agrupadas e lidas. Essa leitura criteriosa possibilitou a elabo-
ração de gráficos e tabelas para uma melhor exposição dos dados obtidos. Junto dessa 
elaboração, me foi permitido fazer uma análise crítica sobre esses dados, comparando-
os com os resultados obtidos por outros estudos e concatenando-os com as visões for-
madas a partir da leitura de trabalhos e obras publicadas sobre o tema. Todas estas eta-
pas culminaram na elaboração deste artigo para a exposição das conclusões obtidas so-
bre o tema. 
 
Resultados: 
 Obtive o número mínimo de amostra, constando 81 respostas, sendo 48 respostas 
de cursistas de Comunicação Social e 33 respostas de cursistas de Ciências Sociais, co-
mo pode ser observado na Figura 2. Essa diferença percentual a princípio me surpreen-
deu, mas notei que os grupos de Comunicação Social em que os questionários foram 
pendurados eram muito mais movimentados que os de Ciências Sociais, possivelmente 
justificando essa diferença apesar de estudantes de Ciências Sociais serem muito mais 
numerosos que os de Comunicação Social dentro da Universidade Estadual de Campi-
nas. 
48; 
59% 
33; 
41% 
Total: 81 respostas 
Comunicação
Social
Ciências
Sociais
Figura 2: gráfico referente à discriminação entre 
os cursistas de Ciências Sociais e Comunicação 
Social 
28; 34% 
24; 30% 
29; 36% 
Total: 81 respostas 
Não conhece
Conhece,
Ciências Sociais
Conhece,
Comunicação
Social
Figura 3: gráfico referente à quantidade de indivíduos que 
sabe do que o tema se trata, com os conhecedores discri-
minados por curso. 
5 
 
 Ainda na primeira parte do questionário, perguntados se sabiam do que se trata-
va a Mídia Ninja, 53 indivíduos responderam que conheciam a Mídia Ninja e 28 indiví-
duos responderam que não sabiam do que a pesquisa se tratava. Os questionados que 
sabiam, representando 65,4% da amostra passaram para a segunda parte do questioná-
rio, sendo esses 29 cursistas de Comunicação Social e 24 cursistas de Ciências Sociais, 
como pode ser observado na Figura 3. Essa diferença percentual que ocorre ao avaliar a 
quantidade de indivíduos conhecedores do tema (60,4% de Comunicação Social e 
72,7% de Ciências Sociais) pode ser interpretada como um reflexo de um enfoque de 
cada curso. A Mídia Ninja provavelmente é estudada em Comunicação Social majorita-
riamente devido à veiculação e formato, enquanto que para Ciências Sociais os temas 
abordados pelo coletivo midiático aparentam maior importância que o meio em si. 
 Passando para a segunda parte do questionário, pude a princípio avaliar de que 
forma essas pessoas tomaram conhecimento da existência de NINJA, independente do 
curso que estivessem se graduando. Em uma pergunta de possibilidade de mais de uma 
resposta, a maior parte dos 53 indivíduos (28 deles) responderam que souberam da exis-
tência desse veículo online por via de outras páginas ou perfis públicos compartilhando 
postagens, como evidenciado na Figura 4. 15 pessoas responderam que conheceram a 
Mídia Ninja por meio de conhecidos fora da internet, enquanto 10 responderam que 
tiveram seu contato primordial por conhecidos que estavam na internet. Sete pessoas 
responderam que encontraram informações ligadas à NINJA fazendo algum tipo de 
pesquisa e uma pessoa respondeu que encontrou de outra forma, mas não explicitou 
qual foi essa. Esses dados podem confirmar a hipótese de que o compartilhamento onli-
ne de informações sobre uma figura que também está online é muito mais forte do que o 
compartilhamento por outras formas de comunicação, formais ou informais. 
10 
15 
28 
7 
1 
0 5 10 15 20 25 30
Por um conhecido na internet
Por um conhecido fora da internet
Por compartilhamento público online
Pesquisando por algo relacionado a ela
Outros
Figura 4: Gráfico referente à forma que os entrevistados tomaram conhecimento da NINJA. 
8; 15% 
4; 7% 
21; 40% 
20; 38% 
Total: 53 respostas 
Não viu produtos da NINJA, Comunicação Social.
Não viu produtos da NINJA, Ciências Sociais
Viu produtos da NINJA, Comunicação Social
Viu produtos da NINJA, Ciências Sociais
Figura 5: gráfico referente à quantidade de indivíduos que já viram produtos midiáticos veiculados pela Mídia Ninja. 
6 
 
 A seguir, foi perguntado se os questionados se, apesar de conhecendo a Mídia 
Ninja, eles já tinham visto qualquer forma de produto midiático veiculado pelo coletivo. 
Essa pergunta visou estabelecer uma segunda discriminação para as duas perguntas se-
guintes, estas perguntando especificamente sobre a impressão da apresentação e do con-
teúdo destes produtos e obteve 41 respostas positiva, como consta na Figura 5. 
Esses estudantes que responderam positivamente majoritariamente à pergunta 
anterior afirmaram que a apresentação do conteúdo é clara, com os cursos concordando 
entre si nas respostas, como é bem visto na Figura 6. Entretanto quando perguntados 
sobre o conteúdo desses produtos, estando as respostas expressas na Figura 7, os alunos 
de ComunicaçãoSocial deram pareceres que em sua maioria faziam críticas tanto boas 
quanto ruins, enquanto que para alunos do outro curso a grande maioria simplesmente 
fazia um bom juízo de valor do que era apresentado. Um dos questionados citou que 
acreditava que a Mídia Ninja era um veículo de “jornalismo Gonzo”, referência interes-
sante de notação que existe uma boa noção por parte dos entrevistados de jornalismo 
misturado à ação. Outra diferença notável é de que nenhum dos alunos de Comunicação 
achavam o conteúdo totalmente ruim, enquanto que duas pessoas de Ciências Sociais 
fizeram críticas duras e bastante negativas nesse aspecto. Um desses alunos inclusive 
afirmou que o que a Mídia Ninja fazia não poderia ser caracterizado como jornalismo, 
como já fora inferido por setores de estudiosos de comunicação brasileiros, devido ao 
forte envolvimento com o ativismo. (MALIN, 2013) O grande problema é de que, por 
falta de um melhor desenvolvimento dessa resposta em especial, não é possível inferir 
se a discordância com o termo “jornalismo” usado no próprio nome do coletivo está de 
acordo com esses setores ou se é uma ideia desconexa desse conceito. 
 Voltando às perguntas feitas para todos que haviam passado para a segunda par-
te do questionário, notou-se outra grande diferença entre os números sobre o grau de 
acompanhamento que os alunos apresentavam. Observando os dados absolutos, mostra-
dos na Figura 8, a maioria dos internautas perguntados nunca acompanhou a Mídia Nin-
ja, mas realizando discriminações internas aos dados absolutos pude notar um padrão de 
respostas por parte de alunos de diferentes cursos. A maior parte dos cursistas de Co-
municação Social nunca acompanhou ou já deixou de acompanhar a NINJA (respecti-
vamente 13 e 8 indivíduos), enquanto que a maior parte dos cursistas de Ciências Soci-
ais acompanham frequentemente ou às vezes (respectivamente 7 e 9 indivíduos). Esse 
dado se relaciona bastante com o inferido anteriormente sobre o interesse dentro da área 
5; 12% 
5; 12% 
31; 76% 
Acreditam que a apresentação é confusa
Acreditam que somente ás vezes a
apresentação é clara
Acreditam que a apresentação é clara
Total: 41 
respostas 
Figura 6: Gráfico referente à impressão dos 
questionados quanto à apresentação dos produtos 
midiáticos da NINJA. 
18; 44% 
7; 17% 
2; 5% 
14; 34% 
Impressão boa sobre o conteúdo
Impressão parcialmente boa sobre o
conteúdo
Impressão ruim sobre o conteúdo
Não responderam/Não souberam responder
Total: 41 
respostas 
Figura 7: Gráfico referente à impressão dos questio-
nados quanto ao conteúdo dos produtos midiáticos da 
NINJA. 
7 
 
de Ciências Sociais pelos temas abordados pela Mídia Ninja, enquanto que pro outro 
curso aparentemente o estudo do meio em si tem mais importância que os temas e pro-
dutos propriamente apresentados. 
Para tanto, também foi perguntado sobre a polêmica da independência da Mídia 
Ninja como veículo midiático. Segundo as respostas absolutas expressas na Figura 9 
bem como suas discriminações internas, ambos os cursos obtiveram concordância. A 
maioria dos indivíduos (33 pessoas) afirmou que consideravam a rede NINJA como 
independente. Aqueles que discordaram ou que não sabiam responder obtiveram uma 
boa porcentagem também, mas essas bem menores que as que concordavam. É bom 
ressaltar que quase todas as respostas discordando da Mídia Ninja como veículo inde-
pendente citam as ligações dela com o coletivo Fora do Eixo bem como suas formas de 
financeamento e uma inclusive faz menção ao Fora do Eixo Card, citado em entrevista 
ao programa Roda Viva da TV Cultura em agosto de 2013. (MÍDIA NINJA, 2013) 
Quanto ao juízo de valor dos entrevistados sobre o interesse aos temas abordados (co-
mumente manifestações e protestos) a concordância foi ainda maior, como mostrado na 
Figura 10. Apenas 3 indivíduos aparentaram não saber responder se os temas abordados 
eram interessantes e 1 indivíduo negou o interesse, afirmando inclusive que o interesse 
era uma falácia midiática auto-gerada pelo corporativismo no ambiente da editoração. 
9; 17% 
15; 28% 
11; 21% 
18; 34% 
Total: 53 respostas 
Acompanha frequentemente
Acompanha, mas não frequentemente
Já acompanhou, mas não acompanha mais
Nunca acompanhou
Figura 8: Gráfico referente à quantidade de indivíduos que acompanham, já acompanharam ou não acompanham 
o coletivo NINJA. 
33; 62% 9; 17% 
11; 21% 
Acredita que o
veículo é
independente
Acredita que o
veículo não é
independente
Não souberam
responder
Total: 53 respostas 
48; 90% 
1; 2% 1; 2% 3; 6% Acham os temas
abordados
interessantes
Não acham os temas
abordados
interessantes
Negou o interesse
afirmando o veículo ser
falacioso
Não souberam
responderTotal: 53 respostas 
Figura 9: Gráfico referente à quantidade de questio-
nados sobre suas impressões sobre a independência 
da Mídia Ninja. 
Figura 10: Gráfico referente à quesitonados e suas impres-
sões de interesse pelos temas cobertos pela Mídia Ninja. 
8 
 
 Perguntados sobre a confiança investida na Mídia Ninja, uma maior parte de 
ambos os cursos também confirmou acreditar que as informações veiculadas eram verí-
dicas, como pode ser visto na Figura 11. Apesar disso, uma porcentagem menor, mas 
bastante próxima da das respostas mencionadas anteriormente, respondeu que só confia 
parcialmente nas informações veiculadas. Apenas uma minoria negou que as informa-
ções veiculadas eram verídicas ou que não sabiam o que responder. Nessa pergunta, 
notou-se que mais da metade das respostas ou versavam sobre a apresentação de um 
ponto de vista parcial apesar da confiança na veracidade dos fatos apresentados, ou 
comparavam o conceito de mídia independente e alternativa com a de mídia corporati-
vista. Isso se liga à hipótese de que uma disputa real de “poder midiático” acontece atu-
almente, fazendo com que conflitos de ideologias e de público ocorram no cenário atual 
da comunicação brasileira. (MALINI, 2013) Esse contraste observado pelo público faz 
aparentar que muitos entendem a mídia tradicional como arcaica e de pouca confiança, 
enquanto que a novidade de novas formas de obter informações configura uma espécie 
de culto de que muito provavelmente estas não serão falaciosas, delimitando o conflito 
anteriormente citado e causando mudanças na forma de atuação da mídia tradicional 
pelo medo de perda de força. (COSTA, 2013) 
 No trecho final da segunda parte do questionário, os indivíduos foram indagados 
sobre fatores de interação com a Mídia Ninja e o resto do público. A penúltima pergunta 
pedia que eles delimitassem o quanto compartilhavam produtos da Mídia Ninja, online 
ou informalmente fora da internet. A Figura 12 mostra que uma porcentagem maior, 
para ambos os cursos, compartilhavam das informações veiculadas, em sua maior parte 
online publicamente (19 indivíduos) e fora da internet informalmente (12 indivíduos). 
Próximo desses dados, 22 pessoas afirmaram nunca terem compartilhado qualquer for-
ma de informação ou produto veiculado pela NINJA. A última pergunta, complemen-
tando a anterior, pediu respostas sobre o interesse em participar da criação desse materi-
al. Contrariando a tendência apresentada na pergunta anterior, a maior parte negou ter 
interesse em se envolver com a criação de conteúdo para veiculação, com 35 indivíduos 
de ambos os cursos, em similares porcentagens, negando quererem participar, como é 
mostrado Figura 13. Para a minha surpresa, entretanto, um dos indivíduos, aluno de 
Comunicação Social, confirmou já ter participado da elaboração de conteúdo para a 
Mídia Ninja. Apesar dele, esses dados mostram que os internautas aparentam estar mais 
interessados em consumir e reproduzir as informações que gera-las, apesar da possibili-
dade de abertura oferecida por veículos independentes e que possuem canais abertos de 
comunicação, a exemplo do coletivo NINJA. (NINJA, 2014) Essa configuração ainda 
carrega grandes cargas de consumode informação da mídia tradicional, mas já adaptada 
25; 47% 
20; 38% 
3; 6% 5; 9% 
Total: 53 respostas 
Confiam no que é veículado pela Mídia Ninja
Confiam parcialmente no que é veículado pela Mídia
Ninja
Não confiam no que é veículado pela Mídia Ninja
Não souberam responder
Figura 11: Gráfico referente à impressão dos questionados sobre a confiança que eles depositam nos produtos midiá-
ticos veículados pela Mídia Ninja. 
9 
 
à internet e sua crescente democratização interna de geração de conteúdo. (PRINCI, 
2012) 
 Vistos esses dados, é possível inferir que os resultados levantam outros tópicos 
de estudos, mas em geral boa parte das referências feitas por diversos veículos online se 
assemelham ao esperado. 
 
Conclusões: 
 Ao final dessa pesquisa, me dou como satisfeito ao afirmar que os objetivos de 
estudo foram atingidos, gerando resultados bastante conclusivos. Especificamente, o 
estudo me possibilitou adquirir uma visão mais crítica sobre a recepção que é dada ao 
coletivo Mídia Ninja por internautas estudiosos de temas ligados à sociedade e refletir 
sobre relações entre geradores e consumidores de informação. Foi também bastante 
interessante avaliar alguns reflexos sociais implicados por realidades dos indivíduos e 
sua dissonância em pontos de vista de um mesmo referente. 
 Dos pontos levantados, foi notável que aproximadamente um terço dos pergun-
tados não fazia ideia do que se tratava o tema que aqui foi estudado, sendo que para 
muitos a Mídia Ninja foi um dos mais importantes personagens nos protestos de meados 
de 2013. Dos que conheciam, foi bastante interessante entender a relevância das impli-
cações desse veículo para cada um dos grupos, bem como algumas visões destoavam 
bastante, à exemplo de exceções que reproduziram discursos diferentes dos comuns e 
esperados. Pode-se concluir que a visão comum atribuída a esse veículo é de que ele é 
confiável, independente, apresentando conteúdo de qualidade e de forma inovadora. 
 Termino por deixar indagações à pesquisas futuras, como um estudo mais apro-
fundado das relações entre o CMI e NINJA, bem como suas implicações de indepen-
dência, e acredito que seja necessário no atual contexto sociocultural brasileiro um estu-
do mais profundo sobre as relações de mídias digitais e mídias sociais, visto a força que 
elas manifestam no cenário urbano e social contemporâneo. 
 
Referências: 
BATALHA, Marcelo da Luz. Novas fronteiras para a comunicação ativista em rede: 
um olhar sobre o centro da mídia independente. 2010. 73 f.. Dissertação (Mestrado em 
Ciência Política) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de 
Campinas, Campinas, 2010. 
 
19; 
36% 
12; 
23% 
22; 
41% 
Já compartilhou online
Já compartilhou fora da internet
Nunca compartilhou
Total: 53 
respostas 
1; 2% 
17; 
32% 
35; 66% 
Já mandou material para a Mídia Ninja
Tem interesse em mandar material para a Mídia Ninja
Não tem interesse em mandar material para a Mídia
Ninja
Total: 53 
respostas 
Figura 12: Gráfico referente ao índice de com-
partilhamento de material midiático veiculado 
pela Mídia Ninja. 
Figura 13: Gráfico referente ao índice de interesse por parte dos 
questionados em participar da criação de produtos midiáticos para 
a Mídia Ninja. 
10 
 
CMI. Mídia NINJA, jornalismo e mídia independente. Centro de Mídia Independente, 
22 ago. 2013. Disponível em: 
<http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2013/08/523371.shtml> Acesso em: 27 abr. 
2014. 
 
COSTA, Luciano Martins. Por que as redes assustam a imprensa. Observatório da Im-
prensa, 20 ago. 2013. Disponível em: 
<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/por_que_as_redes_assustam_a
_imprensa>. Acesso em: 29 abr. 2014. 
 
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 
1999. 
 
KRIEGER, Renate. Ascensão da Mídia Ninja põe em questão imprensa tradicional no 
Brasil. Deutsche Welle, 01 ago. 2013. Disponível em: 
<http://www.dw.de/ascens%C3%A3o-da-m%C3%ADdia-ninja-p%C3%B5e-em-
quest%C3%A3o-imprensa-tradicional-no-brasil/a-16989948>. Acesso em: 27 abr. 
2014. 
 
MACIEL, Camila. Associação de jornais condena ação policial em protesto contra 
reajuste de passagens em SP. Pressenza, 15 jun. 2013. Disponível em: 
<https://www.pressenza.com/pt-pt/2013/06/associacao-de-jornais-condena-acao-
policial-em-protesto-contra-reajuste-de-passagens-em-sp/>. Acesso em: 23 abr. 2014. 
 
MALIN, Mauro. Não é livre, não é jornalismo, mas vai ficar. Observatório da 
Imprensa, 20 ago. 2013. Disponível em: 
<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed760_nao_e_livre_nao_e_jo
rnalismo_mas_vai_ficar>. Acesso em: 29 abr. 2014. 
 
MALINI, F. Mídia Ninja: “A disputa pelo poder midiático’’: depoimento. [10 ago. 
2013]. São Leopoldo: IHU On-line. Entrevista concedida a IHU On-line. Disponível 
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