Buscar

Fluorita parte escrita

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
ENGENHARIA DE MINAS
MINERAIS E ROCHAS ORNAMENTAIS
FLUORITA
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………4
2 USOS E ESPECIFICAÇÕES……………………………………………………………………...5
3 MINERALOGIA E GEOLOGIA………………………………………………………………….7
 3.1 MINERALOGIA……………………………………………………………………………….8
 3.2 GEOLOGIA…………………………………………………………………………………….9
4 MÉTODOS DE LAVRA E BENEFICIAMENTO………………………………………………...9
 4.1 LAVRA………………………………………………………………………………………....9
 4.2 BENEFICIAMENTO………….………………………………………………………………10
5 RESERVAS MUNDIAIS E BRASILEIRAS…………………………………………………….11
6 ÍNDICE DE PRODUÇÃO, CONSUMO E COMERCIO EXTERIOR………………………….15
7 CONCLUSÕES………………………………………………………………………………......17
8 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………….....18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANM Agência Nacional de Mineração 
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 
UTM Universal Transversa de Mercato
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
DIDEM Departamento Internacional de Exploração Mineral
INTRODUÇÃO
A fluorita é a maior fonte comercial do elemento flúor, descoberto por SCHEELE, em 1771, e isolado pela primeira vez em 1886, por H. MOISSAN (Fulton e Montgomery, 1994). O nome fluorita deriva do latim fluere (que significa fluxo). 
A fluorita foi usada pelos antigos gregos e romanos para fins ornamentais como vasos, taças de bebidas e tampos de mesas. Vários povos antigos, incluindo os chineses e índios americanos, produziam esculturas ornamentais e figuras em grandes cristais de fluorita. A utilidade do mineral, como fundente, foi mencionada por Agrícola, na Europa, apenas no século XVI. 
A mineração de fluorita iniciou-se em 1775, na Inglaterra. No entanto, a sua produção só teve impulso com o progresso da indústria siderúrgica, na qual o mineral é usado até hoje como fundente. O uso comercial da fluorita foi consagrado após sua utilização nas indústrias química, siderúrgica e cerâmica, durante a Segunda Guerra Mundial
A fluorita é um haloide bastante comum, um minério estratégico, essencial em siderurgia e metalurgia como fundente, na indústria química (fabricação de HF) e para muitas outras aplicações. A principal fonte da
fluorita grau metalúrgico são os minérios sulfetados de chumbo e zinco com ganga de fluorita. Além disso, em função da grande diversidade de cores e de formas cúbicas combinadas que pode exibir, a fluorita tem
enorme aceitação no mercado de minerais de coleção, alcançando preços elevadíssimos.
A fluorita é a principal fonte comercial de flúor. Sua composição
química é CaF 2 (Fluoreto de Cálcio) correspondendo, quando pura, com
51,2% de Ca (cálcio) e 48,8% de F (flúor). A densidade oscila entre
3,0 a 3,6, dureza 4 na escala de Mohs, clivagem perfeita, hábito pre-
dominantemente cúbico, traço incolor, brilho vítreo e cores variando
entre incolor, branco, amarelo, verde, azul, violeta, e roxo.
A fluorita é comercializada, basicamente, em duas especificações:
a) Grau Ácido: teor mínimo de 97% de CaF2 contido, máximos de
1,5% de sílica e 0,1% de enxofre livre, granulometria de 100 mesh.
b) Grau Metalúrgico: teor de 80% a 85% de CaF 2, sílica menor
que 15%, enxofre menor que 0,3%, granulometria entre 5 cm a 15 cm
(graúda) e 0,6 cm a 2,5 cm (miúda). As partículas inferiores a 0,6 cm
são usadas no processo de briquetagem (pelotização), sendo comercializadas com diâmetro de uma polegada (2,5 cm).
USOS E ESPECIFICAÇÕES
A fluorita possui um amplo espectro na utilização industrial. Os principais usos são na indústria química e na siderurgia/metalurgia.
A indústria química utiliza a fluorita para a obtenção do flúor
elementar, de diversos produtos químicos designados genericamente de fluoroquímicos e do ácido fluorídrico (HF). Este por sua vez
é utilizado para a fabricação de criolita (Na3AlF6) e do fluoreto de
alumínio (AlF3), vitais na indústria do alumínio. Na produção de uma
tonelada de alumínio metálico são consumidos 12 kg de criolita.
Normalmente na produção de uma tonelada de HF são consumidas
2,2 toneladas de fluorita grau ácido. O ácido fluorídrico é usado
também na fabricação do hexafluoreto de urânio utilizado na preparação do U 235, na produção de gasolinas de alta octanagem, detergentes, teflon, na purificação de minérios, na alquilação de petróleo e de clorofluorcarbonos (CFCs), que são usados em aerosóis, refrigerantes, plásticos, solventes, lubrificantes, agentes refrigeradores, extintores de incêndio etc. O ácido fluorídrico (HF) é obtido pela reação entre o ácido sulfúrico e a fluorita seca. Na indústria química a fluorita não tem concorrente no processo de obtenção do ácido fluorídrico e compostos derivados. A Cia Nitro Química (Grupo Vontorantin) e a única produtora do ácido fluorídrico da América do sul. Outros usos são na indústria cerâmica (vidros e esmaltes), fluoretação de águas como agente preventivo das cáries dentárias, na fabricação de cimento Portland e como fundente especial nas indústrias
de refratários e soldas. Na siderurgia/metalurgia é utilizada na fabricação do aço como fluidificante de escórias, na fundição de ligas especiais e na fundição de zinco, magnésio e outros metais. Na produção do aço é consumido de 1 a 10 Kg de concentrado de fluorita grau metalúrgico por tonelada de aço produzido, dependendo do tipo de forno utilizado.
A criolita, um hexafluoralumínio de sódio (Na3AlF6), é outro
mineral importante como fonte de flúor; entretanto, é extremamente
escassa e ocorre raramente em jazidas economicamente explotáveis.
As rochas fosfatadas, que são abundantes, possuem teor de 2% a 3%
de flúor. Na fase de acidulação na produção de ácido fosfórico parte
do flúor é recuperado.
A olivina e/ou calcário dolomítico são usados, em alguns casos,
como substitutos da fluorita. A wollastonita substitui as vulgarmente
conhecidas “fritas” usadas como agente fluidificante, que é um conjunto
de matérias-primas pré-fundidas na qual está inserida a fluorita.
Em 1974 o cloro presente nos fluorclorocarbonos (CFCs) foi considerado a causa da redução da camada de ozônio na estratosfera.
Consequentemente 68 países se reuniram e assinaram o Protocolo de
Montreal em 1987. Este protocolo propôs uma redução imediata nos
usos não essenciais dos CFCs combinado com a redução da produção.
Os clorofluorcarbonos que contém hidrogênio (HCFCs) possuem uma
grande proporção de flúor por unidade de peso e foram introduzidos
como substitutos temporários para os CFCs. Por sua vez, estes também devem ser substituídos pelos hidrofluorcarbonos (HFCs) que não
contém cloro, mas possui uma quantidade maior de flúor tornando o
custo mais elevado. Embora os HFCs não afetem a camada de ozônio,
contribuem para o efeito estufa. Futura demanda por HF depende do
sucesso dessas alternativas. 
Existe um potencial competição para substituir produtos químicos baseados no flúor por produtos com base em hidrocarbonos na refrigeração (butano, propano etc.) que serviriam a este propósito. Muitas indústrias como por exemplo, o grupo Eletrolux, empenhou-se em utilizar hidrocarbonos na refrigeração apesar de serem mais inflamáveis e menos eficientes. 
Novos usos do flúor vêm se mostrando importantes na indústria de plásticos e eletrônicos, principalmente nesta última década. Os fluorpolímeros, como por exemplo Teflon ®, possuem uma considerável
estabilidade térmica, alta inércia química, forte isolamento
elétrico e baixo coeficiente de ficção. Consequentemente é usado no
isolamento de fios elétricos e cabos, bem como na indústria aeroespacial, revestimentos e produtos eletrônicos. Como resultado existe
uma gama de produtos e aplicações para os quais o mercado está
continuamente se desenvolvendo. Outro mercado com crescimento
rápido é de trifluoreto de azoto (NF3), o qual é largamente utilizado
como gás de limpeza na fabricação de semicondutores de telas LCD
(liquid crystal display).
		
MINERALOGIA E GEOLOGIA
Mineralogia
Fluorita (fluoreto de cálcio, CaF2) é um mineral de cor muito variável, uma clivagem perfeita, hábito predominantementecúbico, traço incolor e brilho vítreo (Harben, 1995). Teoricamente, a fluorita pura (CaF2) contém 51,1% de cálcio e 48,9% de flúor. Todavia, há sempre alterações na sua rede cristalina, onde o cálcio pode ser substituído por outros elementos, com mais frequência por cério e ítrio. Também podem ocorrer inclusões mecânicas, fluidas e sólidas. Vários minerais, tais como calcita, barita, quartzo, celestita, sulfetos e fosfatos são impurezas comuns em ocorrências de fluorita. A fluorita ocorre com maior frequência em cristais isométricos bem desenvolvidos, formando cubos e octaedros. A forma cristalina do mineral exibe uma variação de cores tais como: verde, violeta, azul, amarelo, roxo, branco e incolor, possui uma densidade entre 3,0 a 3,6 e dureza 4 na escala de Mohs. Quando a fluorita ocorre em outras formas, a dureza varia entre 3,01 e 3,6 na mesma escala. Outros minerais, criolita, fluorapatita, salaita (MgF) e vilialmita (NaF), contêm quantidades significativas de flúor. Entretanto, apenas os dois primeiros são passíveis de serem aproveitados economicamente como fonte natural de flúor. A criolita, um hexafluoralumínio de sódio (Na3AlF6), é um mineral raro encontrado em quantidades comerciais somente na Groenlândia. No Brasil, ocorre associada à cassiterita na mina de Pitinga, no estado do Amazonas; entretanto não há notícias do seu aproveitamento econômico como subproduto da cassiterita. Devido à sua escassez na forma natural, o complemento para atender à sua demanda provém da criolita sintética, usada basicamente na produção de alumínio metálico por meio do processo Hall-Réroult. A fluoroapatita Ca5F(PO3)2 constitui-se em uma fonte natural de fosfato para produção de fertilizante e contém flúor na proporção de 10:1 (P2O5:F). Visto que a quantidade de P2O5 no fosfato comercial varia de 28 a 38%, o flúor contido pode ser de 3 a 4%. Como a quantidade de rocha fosfática produzida no mundo é superior a 100 milhões de toneladas, teoricamente cerca de 4 milhões de toneladas de flúor estão disponíveis em toda rocha minerada. Ao contrário da criolita, esta é uma fonte potencial de flúor. No entanto, a obtenção desse elemento com base em concentrados de fluorita ainda é a prática usada em todo o mundo (Harben, 1996).
Geologia
A fluorita ocorre segundo uma multiplicidade de ambientes geológicos, evidenciando que as deposições aconteceram sob condições físicas e químicas diversas. Em consonância com a perspectiva econômica, as mais importantes formas de ocorrência do mineral são: 
• filões em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares; 
• depósitos estratiformes em rochas carbonatadas; 
• substituindo rochas carbonatadas ao longo dos contatos com rochas ígneas intrusivas; 
• depósitos marginais em rochas carbonatíticas e alcalinas; 
• concentrações residuais resultantes do intemperismo de depósitos primários. 
No Brasil, as principais minas de fluorita em operação encontram-se no distrito fluorítico de Santa Catarina, compreendendo uma área da ordem de 2.000 km2. A geologia da área é constituída de granitos recortados por diques de riolito. Sobre essa estrutura estão depositados os sedimentos da Bacia do Paraná, caracterizados por arenitos, siltitos e folhelhos. Toda a sequência está recoberta por basaltos e recortada por diques de diabásio. As mineralizações de fluorita ocorrem em forma de filões, formados pelo preenchimento de falhas preexistentes. Esses filões apresentam-se, geralmente, inclinados, com possanças e comprimentos variados cortando todas as litologias, encaixando-se preferencialmente nos granitos e estreitando-se ao penetrarem as rochas sedimentares e os basaltos. Os filões de fluorita são caracterizados por uma variação de tonalidade que vai desde o verde escuro, nas laterais, passando para o verde claro, roxo, amarelo e incolor até o centro. Essa variação de cores é determinada pela composição química e temperatura do fluido mineralizante de origem hidrotermal (Bourne, 1994).
MÉTODOS DE LAVRA E BENEFICIAMENTO
Lavra
A fluorita é muito resistente ao intemperismo químico, o que contribui para uma maior estabilidade das condições de superfície. Paradoxalmente, suas características de maciez e clivagem favorecem o processo de decomposição em solos úmidos ou quando exposta à ação da água de superfície, em geral corrente. Como resultado, são encontradas jazidas constituídas de fragmentos de fluorita, misturados com argila, cuja lavra torna-se possível mediante uso de dragas ou scrapers. Assim, algumas jazidas de fluorita possibilitam a lavra a céu aberto. Nas jazidas profundas e em filões, situações mais comuns, utiliza-se a lavra subterrânea, segundo o método shrinkage. O índice de mecanização depende do método de lavra e das dimensões do empreendimento mineiro. No Brasil, todas as minas de fluorita fazem lavras subterrâneas, utilizando os métodos shrinkage e rebaixo de câmaras. Nas minas onde a encaixante não apresenta resistência mecânica, após o escoramento das galerias a lavra é feita pelo método de “corte e enchimento”. Em geral, a cada 50 m de profundidade são desenvolvidas galerias horizontais que acompanham a direção do filão de fluorita. Essas galerias servem para o trânsito de pessoal, escoamento de minério, instalação de redes de ar comprimido, água e energia elétrica, além de circulação da ventilação no subsolo. Após o desenvolvimento da galeria horizontal, a cada 80 m é preparado um bloco de lavra que se constitui em uma unidade de desmonte de minério, individualizada por duas chaminés. O desmonte do minério é feito de maneira ascendente, entre os dois níveis que delimitam o bloco, finalizado ao aproximar-se do nível superior. Mantém-se um pilar do minério in situ entre a face do desmonte e o nível superior, com 2,0 m de espessura. Após o desmonte do minério, procede-se ao transporte de 30% em volume dele, correspondente ao empolamento. Esse procedimento cria um espaço vazio, no topo do bloco, que é utilizado para circulação do pessoal. O volume residual do minério desmontado permanece estocado no interior do bloco, servindo de piso. Ao concluir o desmonte do minério no bloco de lavra, o material estocado é transportado para a superfície. Esse transporte é feito, horizontalmente, no nível da lavra, pelos comboios tradicionais de locomotiva a diesel e, verticalmente, por um guincho no poço.
Beneficiamento
O processo, geralmente, utilizado em usinas de beneficiamento de fluorita consiste em duas etapas. A primeira tem de pôr fim a produção de concentrado de grau metalúrgico e consta, basicamente, das operações de britagem, separação granulométrica (visando um produto com granulometria que atenda às especificações para o uso metalúrgico) e separação gravítica em meio denso. Essa operação é realizada com auxílio de equipamentos do tipo tambores de meio denso, hidrociclones de meio denso (equipamentos versáteis, usados no processamento das frações mais finas) ou o dyna-whirlpool. O meio denso utilizado é uma suspensão de ferro silício, preparada de modo a apresentar uma densidade intermediária entre a fluorita (3,0 a 3,6) e os minerais de ganga (em torno de 2,7). A densidade da polpa deve ser controlada de modo a proporcionar um concentrado com o teor adequado ao uso na metalurgia. Em países com abundância de mão-de-obra e, portanto, de baixo custo, a fluorita grau metalúrgico pode ser obtido por catação manual. No passado, em Santa Catarina, esse método era utilizado para uma pré-concentração do minério, antecedendo a separação em meio denso (Klippel, 1999). A etapa seguinte, para obtenção do concentrado grau ácido, consta de moagem, separação granulométrica e flotação. A alimentação da flotação tem, em geral, granulometria inferior a 150 µm. Quando há lama no minério, sobrevém a necessidade de deslamagem prévia do mesmo. No caso dos minérios com ganga silicatada, o processo é bastante simples. Usa-se um coletor derivado de ácidos carboxílicos e, geralmente, o silicato de sódio como dispersante e depressor para a ganga. Situação mais delicada acontece quando surgem minerais comocalcita e barita. Esses minerais também flotam com coletores carboxílicos, dificultando a seletividade. Para a depressão da calcita, costuma-se usar amido ou quebracho. Para deprimir a barita, a solução é o aquecimento da polpa a temperaturas de até 90o C. Assim, é possível solubilizar os sais carboxílicos de bário formados na superfície do mineral (Fulton e Montgomery, 1994).
Quando há sulfetos no minério, a sua remoção é levada a efeito também por flotação, utilizando xantato como coletor, em uma etapa que antecede a concentração da fluorita. A princípio, procede-se à remoção dos sulfetos de chumbo e em seguida a do zinco, que pode ser deprimido com cianeto ou dicromato de potássio. Entre os reagentes complementares do processo destacam-se: 
• quebracho, utilizado como depressor dos minerais calcita e dolomita; 
• silicato de sódio, para promover a dispersão da polpa e deprimir os óxidos de ferro e sílica; 
• cromatos, amido e dextrina, em geral, para deprimir a barita; 
• cianeto, empregado para deprimir os sulfetos residuais; 
• óxido de cálcio, hidróxido de sódio ou carbonato de sódio, reagentes mais utilizados no controle do pH. 
A barita pode ser obtida como subproduto comercial, no processamento de fluorita por flotação. Isso acontece em poucas unidades industriais, em virtude do baixo teor de barita nos minérios de fluorita. Com a escassez no suprimento do concentrado natural de fluorita, tipo compacto, os processos de aglomeração, pelotização e briquetagem dos concentrados de flotação tornaram-se mais empregados. Hoje são aglomerados tanto os concentrados finos da flotação, como também as frações mais finas, oriundas do peneiramento nas diversas etapas do processo de beneficiamento dos minérios de fluorita. Esse procedimento viabiliza o aproveitamento de finos desse mineral, para fins metalúrgicos. Nas unidades industriais de processamento por flotação de minérios de fluorita, utilizam-se tanto células mecânicas convencionais como colunas de flotação, gerando concentrados de fluorita com teores elevados de CaF2.
RESERVAS MUNDIAIS E BRASILEIRA
Em 2008 as reservas mundiais de fluorita são estimadas em
230 milhões de toneladas de CaF2 (MINERAL COMMODITY SUMMARIES
2009). Estão distribuídas em diversos países e os mais representativos
apresentam as seguintes distribuições percentuais das reservas mundiais: África do Sul (17,1%), México (13,3%), China (8,8%) e Mongólia (5,0%). As reservas brasileiras contribuem com somente 0,4%. No Brasil, em 2008 a reserva base (reservas medida e indicada aprovadas) de CaF2 contido é estimada em 2.732.262 t. Este valor corresponde às reservas aprovadas “in situ”, não sendo consideradas as perdas na lavra e mesmo as inviáveis economicamente (teores abaixo do teor de corte, baixo volume de reserva na jazida, dificuldades tecnológicas no beneficiamento etc.), não diferenciando, portanto, os recursos minerais das reservas mineráveis. Os teores de CaF2 no minério variam de 15% a 68%, sendo representados na tabela 1 os valores médios ponderados das jazidas em cada Estado da Federação. Ressaltamos que os maiores teores (47% a 60%) se encontram no Estado de Santa Catarina. O teor mínimo para que uma jazida seja considerada econômica (cut-off grade) é de 25% de CaF2 contido.
Reservas atualmente aprovadas de fluorita 2008 (unidade: tonelada)
As maiores reservas brasileiras encontram-se nos Estados de
Santa Catarina e do Paraná, e correspondem respectivamente a 40,2%
e 29,8% do total das reservas base. Em Santa Catarina as reservas
distribuem-se por vários municípios, sendo os mais importantes os de
Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, Pedras Grandes e Morro da Fumaça.
No Estado do Paraná localizam-se nos municípios de Cerro Azul e
Adrianópolis. Das reservas localizadas em Adrianópolis, 414.338 t são
de fluorita microcristalina que, além de possuir diminutos cristais,
apresentam película de sílica envolvente, não permitindo baixar o
teor de sílica do minério flotado no beneficiamento. Testes tecno-
lógicos estão sendo executados, mas até o momento ainda não foi
encontrada solução viável economicamente. 
Na tabela 1 não consta a reserva de 7.953.000 t de criolita
(Na3AlF6) contida, localizada no Complexo Mineiro do Pitinga, no Es-
tado do Amazonas, apresentada no Anuário Mineral Brasileiro. Esta
reserva foi determinada num corpo de “greisen”, onde existem níveis
de criolita massiva a 150m de profundidade, sendo até o momento
antieconômica.
No período de 1990 a 2008, a evolução líquida das reservas
decresceu em 42,58% e a taxa líquida de crescimento anual para o
período analisado foi negativa em 3,21%. 
O crescimento verificado de 1991 a 1992 foi devido a intensa
campanha de prospecção ocorrida nos anos anteriores, contribuindo
para o incremento das reservas do Paraná e de Santa Catarina. O
gráfico 1 mostra leve incremento das reservas em 1996, devido à
descoberta da jazida de Apiaí, SP. O forte decréscimo verificado em
2001 deveu-se a supressão das reservas com teores abaixo de 25%
de CaF 2 nas estatísticas por se tratar de recursos. A partir de 2002
o gráfico mostra a redução das reservas em função da produção. O
crescimento verificado em 2007 deveu-se ao estudo de reavaliação de
reservas implementados pela empresa Mineração Tanguá no estado do
Rio de Janeiro 
Não há perspectivas de aumento significativo das reservas,
pois as empresas estão se dedicando somente à produção e pesquisas
eventuais nas próprias jazidas conhecidas
Evolução das reservas base de fluorita (1990-2008)
Considerando-se as definições dos termos utilizados para recursos e reservas de minérios na Classificação das Nações Unidas (The United Nations International Framework Classification for Reserves/Resources – Solid Fuels and Mineral Commodities – abreviated: UM Framework Classification) a reserva mineral provada (classificação 111) é a parcela economicamente lavrável do recurso mineral medido, incluindo perdas (e diluição) com a lavra e o beneficiamento, para a qual a viabilidade técnica e econômica encontra-se tão bem estabelecida que há alto grau de confiabilidade nas conclusões. Os estudos abrangem análises dos diversos elementos modificadores tais como: lavra, beneficiamento, metalurgia, economia, mercado, fatores legais, ambientais e sociais. E demonstram que, na época em que se reportaram as reservas, sua extração era claramente justificável, bem como adequadas as hipóteses adotadas para investimentos. 
A reserva provável (classificação 121) é a parcela economicamente lavrável do recurso mineral Indicado e, mais raramente, do recurso mineral medido, para a qual a viabilidade técnica e econômica foi demonstrada. Inclui perdas (e diluição) com a lavra e o beneficiamento. Avaliações apropriadas, além da viabilidade técnica e econômica, são efetuadas compreendendo elementos modificadores, tais como fatores legais, ambientais e sociais. As avaliações são demonstradas para a época em que se reportam as reservas e razoavelmente justificadas.
Utilizando-se esta classificação, a tabela 2 relaciona a reserva provada e provável de fluorita no Brasil.
 Reservas economicamente explotáveis de fluorita – 2008
6. ÍNDICE DE PRODUÇÃO, CONSUMO E COMERCIO EXTERIOR
Em 1994 a produção mundial de fluorita reduziu-se a 3,6 Mt como consequência das restrições impostas pelo Protocolo de Montreal ocorrido em 1987, sobre o uso de fluorcarbonos, particularmente CFC nos gases de refrigeração e propelentes de aerossóis. O mercado tem se recuperado do impacto da retirada dos clorofluorcarbonos (CFCs) que está sendo substituído por substâncias que não agridem a camada de ozônio. 
Desde o início da década de 2000 ocorre um gradual crescimento da demanda mundial de fluorita, acompanhando o crescimento da produção de ferro e alumínio, onde a fluorita é utilizada. A produção mundial ultrapassou a marca histórica de 5,48 Mt ocorrida em 1989, culminando com uma produção de 5,84 Mt em 2008. 
A recente queda nas exportações chinesas e o crescimento da demanda mundial resultou no aumento da produção do México e Mongólia. Além disso,projetos de desenvolvimento de novas minas estão sendo executados no Vietnan e oeste da Austrália, e na reabertura da mina Burin no Canadá. Os maiores produtores mundiais são: China (53,1%), México (14,8%), Mongólia (6,9%) e África do Sul (5,4%). A posição do Brasil na produção mundial é pouco relevante, correspondendo a 1,0% da produção. 
No Vietnan a empresa canadense Tiberon Minerals Ltda concluiu o estudo de viabilidade econômica do projeto de Nui Phao (minério contendo tungstênio, fluorita, cobre, ouro, bismuto) e demonstrou que pode ter sucesso na produção de mais de 210.000 t/ano de fluorita e 4.700 t/ano de tungstênio. A reserva base é estimada em 53 milhões de t de minério. O custo de produção é estimado em US$ 13/t de fluorita grau ácido. Esta é uma das maiores jazidas de tungstênio e fluorita fora da China. É uma boa notícia para as perspectivas de demanda daquele país, que vem produzindo e consumindo aço a um ritmo recorde. 
No Brasil a produção total de fluorita no período 1995/2008 apresentou uma taxa de crescimento anual negativa de 2,84%, significando uma redução de 29,23% (grau ácido apresentou taxa anual de crescimento negativa de 3,89% e redução de 37,89% no período, e grau metalúrgico taxa anual de crescimento de 0,64% com crescimento de 8,0% no período). 
A queda da produção verificada em 1996, em cerca de 34% em relação a 1995, foi razão direta do recuo dos principais mercados consumidores (Ind. Química, 35,6% e Ind. Siderúrgica, 26,8%), ainda agravada pelo uso de estoques de fluorita grau ácido importada em 1995 e pelas importações de grau metalúrgicos praticados nos mesmos níveis de 1995, grande parte estimulada pelo câmbio altamente favorável às importações.
Em 1997 houve crescimento de 37% em relação a 1996. A recuperação foi devida ao crescimento da produção de grau ácido (43,8%); a produção de grau metalúrgico apresentou queda de 6,9%. O aumento da produção foi decorrência da recuperação do mercado pela Min. Del Rey Ltda e o retorno da produção da Min. Floral Ltda, após a aquisição pela Companhia Brasileira de Alumínio (grupo Votorantim), retomando os níveis normais de produção. As razões principais para a contínua queda da produção de grau metalúrgico foi a acentuada oferta no mercado internacional e a dificuldade dos produtores nacionais concorrerem com os preços praticados, em especial pelo México, face aos condicionantes geológicos e a ausência de uma política tarifária que permitisse uma concorrência em igualdade de condições.
Consumo setorial de fluorita – Brasil
7. 
7 CONCLUSÕES
Com essa pesquisa pudemos concluir que a fluorita representa um minério não-metálico de extrema importância a partir da sua diversidade de aplicações nas indústrias e em diversos segmentos industriais. Seu mercado de maneira geral sofre significativas influências da indústria química e em menor proporção dos setores siderúrgico e metalúrgico. Assim o investimento nesses setores pode alavancar a demanda por fluorita e aquecer os níveis produtivos atuais, marcado nos últimos anos por relativa estabilidade em patamares inferiores ao da década de 1990.
No Brasil é tipicamente consumidor dado que as reservas totais nacionais frente ao mercado mundial são de baixa expressividade, tal como a produção nacional, consumida em sua totalidade, e que requer complementação para as duas categorias comerciais, nomeadamente para a fluorita grau ácido. Pela importância como recurso estratégico e base para segmentos diversos que suportam parte considerável da economia nacional, é desejável que se tenha a médio e longo prazos planos de atuação focados nas descobertas de novas reservas, visando proteger a indústria nacional em cenários de desvalorização cambial do Real ou de aumento expressivo da demanda. As poucas ocorrências economicamente viáveis atualmente conhecidas fazem com que o mercado fique centralizado em poucas empresas, dificultando a competitividade empresarial no sentido de abertura de novos mercados de exportação, a despeito da tendência de exportação dos produtos obtidos com a fluorita com maior valor agregado, como os compostos químicos fluoretados (ácido fluorídrico, fluoretos e fluorácidos). Os patamares de consumo de fluorita projetados para o período 2010 e 2030, caso se concretizem, forçarão naturalmente a prospecção de novas ocorrências em médio prazo visando com isso assegurar a independência do mercado mundial. 
8. REFERÊNCIAS
ANUÁRIO DA INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA. São Paulo, Associação Brasileira da Indústria Química – ABIQUIM, 2008 
ARCOVERDE, Walter L. Fluorita. in: Sumário Mineral – Departamento
Nacional de Produção Mineral. Brasília: DNPM, 1997 
BEVILACQUA, Clovis T. Perfil Analítico da fluorita. Departamento
Nacional de Produção Mineral. Rio de Janeiro: DNPM, Boletim 14,
40p. il. 1973. 
BICCA, Victor H.F. e ARCOVERDE, Walter L. Fluorita. in: Sumário Mineral – Departamento Nacional de Produção Mineral. Brasília: DNPM,
1998 e 1999 BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Anuário mineral brasileiro. Brasília: DNPM, Anos 1995 a 2006. 
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Bases Técnicas de um Sistema de Quantificação do Patrimônio Mineral Brasileiro. In: Estudos de Política e Economia Mineral. vol. 5. Brasília: DNPM, 1992. 
BRASIL. Secretaria de Minas e Metalurgia. Anuário Estatístico: Setor
Metalúrgico. Brasília: MME, 2008. 
BRASIL. Secretaria de Minas e Metalurgia. Mineração no Brasil: Previsão de Demanda e Necessidade de Investimentos. Brasília: MME, 2000
	
	
	
17

Continue navegando