Prévia do material em texto
Atendimento do RN em sala de parto 1 Atendimento do RN em sala de parto O preparo para atender o RN na sala de parto inclui necessariamente: Realização de anamnese materna; Disponibilidade do material para atendimento; Presença de equipe treinada em reanimação neonatal. Anamnese materna As condições perinatais descritas abaixo estão associadas à necessidade de reanimação: Atendimento do RN em sala de parto 2 Material para atendimento Todo material necessário para reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, antes do nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações. A temperatura ambiente na sala de parto deve ser, no mínimo, de 26 ºC para que se mantenha com maior facilidade a temperatura corpórea normal do RN. O quadro abaixo apresenta os materiais apropriados para a assistência ao RN na sala de parto: Atendimento do RN em sala de parto 3 Atendimento do RN em sala de parto 4 Avaliação da vitalidade ao nascer Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas: Gestação a termo? Ausência de mecônio? Respirando ou chorando? Tônus muscular bom? Se a resposta é sim a todas as perguntas, considera-se que o RN está com boa vitalidade e não necessita de manobras de reanimação. ⚠ A determinação da necessidade de reanimação e a avaliação de sua eficácia dependem da avaliação simultânea de dois sinais: Respiração e Frequência Cardíaca (FC). Atendimento do RN em sala de parto 5 A FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve respirar de maneira regular e suficiente para manter a FC acima de 100bpm. A FC é avaliada por meio da ausculta do precórdio com estetoscópio, podendo eventualmente ser verificada pela palpação do pulso na base do cordão umbilical. Tanto a ausculta precordial quanto a palpação do cordão podem subestimar a FC. O boletim de Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aferição longitudinal permite avaliar a resposta do RN às manobras realizadas e a eficácia dessas manobras. Se o escore é inferior a sete no quinto minuto, recomenda- se sua aplicação a cada cinco minutos, até 20 minutos de vida. Atendimento do RN em sala de parto 6 Assistência ao RN a termo com boa vitalidade ao nascer Se, ao nascimento, verifica-se que o RN é a termo, está respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, sem a presença de líquido amniótico meconial, a criança apresenta boa vitalidade e não necessita de qualquer manobra de reanimação. O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da mãe ou ao nível da placenta por, no mínimo, um minuto, até o cordão umbilical parar de Atendimento do RN em sala de parto 7 pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar-se o clampeamento. Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o posicionamento da criança permita movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a pele imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 26ºC, reduz o risco de hipotermia em RNs a termo que nascem com respiração espontânea e que não necessitam de ventilação, desde que cobertos com campos preaquecidos. Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. 📢 A Organização Mundial da Saúde recomenda que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora de vida, pois está associado à menor mortalidade neonatal, ao maior período de amamentação, à melhor interação mãe-bebê e ao menor risco de hemorragia materna. Para o primeiro exame físico do RN, o bebê deve estar sob fonte de calor radiante a fim de prevenir a perda de calor. Deve estar posicionado em decúbito dorsal com leve extensão do pescoço para facilitar a entrada de ar. Secar e desprezar campos úmidos com movimentos em fomato de X, da cabeça até os pés. Se necessário, aspirar narinas e boca. Com essas medidas inicias, procede-se o exame físico do RN na sala de parto: Avaliação da cabeça (forma do crânio, acavalgamento de suturas, bossa, hidrocefalias, microcefalias, cefalohematomas, fontanelas); Avaliação da face (atípica, olhos, ouvidos, implantação das orelhas, permeabilidade das narinas, cavidade oral); Avaliação da pele; Atendimento do RN em sala de parto 8 Avaliação do tórax (ausculta cárdio-pulmonar, deformidades, glândula mamária, clavículas); Avaliação do abdome e ânus (palpação, coto umbilical, permeabilidade anal); Avaliação da genitália masculina (pênis, testículos tópicos, fimose, uretra, hérnias e hidroceles); Avaliação da genitália feminina (secreção, sinéquia vaginal, genitália ambígua); Avaliação da coluna vertebral e quadril (pele, integridade da coluna, mielomeningoceles, cisto pilonidal, simetria dos MMII). Realizar manobra de Ortolani e Barlow. Cuidados de rotina após estabilização clínica do RN em sala de parto Quando as condições do RN forem satisfatórias, os seguintes procedimentos devem ser realizados: Laqueadura do cordão umbilical Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. Atendimento do RN em sala de parto 9 Antropometria Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e os perímetros cefálico, torácico e abdominal. Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K Administrar 1mg de vitamina K1por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. Realização da sorologia para sífilis e HIV Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no último trimestre da gravidez ou o resultado não estiver disponível no dia do parto, deve-se fazer o teste rápido para anti-HIV o mais breve possível, e administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo. Identificação do RN O Estatuto da Criança e do Adolescente regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. � Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. Casohaja a necessidade de transporte do RN para outra unidade neonatal, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente, antes do transporte.